Doenças fúngicas

Propaganda
Patologia das doenças
infecciosas e parasitárias
Adriano de Carvalho Nascimento
Patologia das doenças infecciosas e
parasitárias
São doenças causadas por agentes
biológicos com diferentes naturezas
(priônica, viral, bacteriana, fúngica,
protozoários ou helmintos).
Patologia das doenças infecciosas e
parasitárias
Principais grupos de agentes infecciosos humanos:
Prions
São proteínas dotadas de infecciosidade.
• Constituídos por formas anormais de proteínas do hospedeiro
chamadas proteínas priônicas (PrP).
•
São normalmente encontradas nos neurônios.
•
Elas ganham mudanças conformacionais que as tornam resistentes
a proteases e induzem as formas normais (sensíveis a protease) a
se tornarem mutantes.
•
São causas de encefalite espongiforme transmissível (acumulam
nos neurônios levando ao dano cerebral).
•
Exemplos:
•
Kuru (doença associada ao canibalismo humano) Descrita em algumas
tribos que tem o hábito de ingerir o encéfalo de outros seres humanos.
•
Doença de Creutzfeldt Jakob variante transmitida a humanos da
Encefalopatia espongiforme bovina (doença da vaca louca).
Vírus
Parasitas intracelulares obrigatórios.
• Usam o metabolismo da célula hospedeira para replicar sua
estrutura.
• Consistem de genoma (DNA ou RNA) e uma cápsula
proteica (capsídeo).
• Alguns vírus são envelopados (estrutura derivada da
membrana plasmática da célula hospedeira, o envelope
viral).
Doenças
virais
Ciclo viral e patologia:
Ciclo lisogênico:
• O vírus insere seu material genético na célula e o DNA
viral incorpora-se ao DNA da célula infectada.
• Durante cada divisão celular, o material genético do vírus
sofre duplicação e o vírus passa para as células filhas.
• Tendem a ser doenças crônicas incuráveis.
• Exemplos.: HIV, hepatite B (HBV), HPV.
Ciclo viral e patologia:
Ciclo lisogênico (HPV)
Ciclo viral e patologia:
Ciclo lisogênico (HPV)
Neoplasia intra-epitelial cervical
Ciclo viral e patologia:
O vírus reprograma
Hibridização in situ
HE
Ki67
p16
a célula para se
 Biomarcadores relacionados ao ciclo celular:
dividir acima da
camada basal
 Ki67 - marcador de proliferação celular (localização
(causa instabilidade
anormal como acima da camada basal).
 p16 – inibe o ciclo celular (inibidor da ciclina quinase).
genômica e
Apesar dos níveis elevados, as células infectadas
predispõe ao
continuam a proliferar porque, o alvo do p16 (RB) é
câncer).
inativado pela oncoproteína E7 do HPV.
Ciclo viral e patologia:
Ciclo lítico:
• O vírus promove intensa duplicação do próprio
material genético e a produção de novos
capsídios.
• Novos vírus são montados e ocorre ruptura (lise)
da célula, liberando uma imensa quantidade de
vírus aptos a reiniciar um novo processo de
infecção.
• Tendem a ser doenças agudas.
• Exemplos.: Influenza, raiva, dengue, febre
amarela.
Ciclo viral e patologia:
Latência viral:
• Podem permanecer em estado latente,
sobrevivem em uma forma não replicativa com
potencial de reativação tardia.
• Exemplo.: Herpes-Zoster.
Morfologia nas doenças virais:
• Processo inflamatório agudo ou crônico inespecífico.
• Lesões celulares:
– Efeito citopático viral ou corpúsculos de inclusão viral.
• Alguns vírus não produzem
inclusões celulares:
O Epstein-Barr (EBV) na
mononucleose infecciosa,
produz linfócitos atípicos no
sangue e linfonodos
lembrando as células de Reed
Sternberg.
Diagnóstico diferencial com
linfoma de Hodgkin.
Morfologia nas doenças virais:
Efeito citopático viral causado
pelo HPV nas células do
epitélio escamoso do colo
uterino (coilócitos).
Morfologia nas doenças virais:
Células gigantes do sarampo com inclusões nucleares e
citoplasmáticas eosinofílicas em vidro fosco (células de
Warthin-Finkeldey). São patognomônicas do sarampo
encontradas no pulmão e escarro.
Morfologia nas doenças virais:
Catapora e Varicela Zoster:
Lesões cutâneas (vesículas intraepiteliais)
Varicela-Zoster (fica latente nos gânglios sensitivos e
quando ativada afeta a pele no dermátomo
correspondente) Na fase ativa vemos necrose das células
ganglionares com inflamação.
Morfologia nas doenças virais:
Corpúsculos de inclusão viral intracitoplasmáticos
eosinofílicos causado pelo vírus da raiva nos neurônios
(corpúsculos de Negri).
Morfologia nas doenças virais:
Corpúsculos de inclusão
viral intranucleares
causado pelo vírus herpes
(núcleos amoldados,
eosinofílicos em vidro
fosco).
Vesícula produzida na lesão herpética.
Morfologia nas doenças virais:
Corpúsculos de inclusão viral intranucleares causado
pelo citomegalovírus (grupo herpes).
Grandes incusões eosinofílicas nuclares e pequenas
inclusões nucleares basofílicas.
Hepatócito infectado
Pneumócito infectado
Tropismo viral:
As diferentes espécies de vírus tem afinidade
por determinados tecidos:
• Vírus hepatotrópicos (vírus das hepatites são
hepatotrópicos por excelência embora outros
vírus também possam ter tropismo pelos
hepatócitos).
• Vírus neurotrópicos.
• Vírus pneumotrópicos.
• Vírus enterotrópicos.
• Vírus pantrópicos.
Doenças bacterianas
• Procariotas
– Apresentam membrana plasmática mas sem membrana nuclear.
– Presença de parede celular de peptideoglicana.
– Sintetizam DNA, RNA e proteínas.
• Bactérias de vida livre (dependem do hospedeiro como
condições favoráveis para o crescimento).
• Parasitas intracelulares obrigatórios (Chlamydia e Rickettsia).
– Replicam em vacúolos envoltos por membranas nas células epiteliais
e endoteliais. O ATP tem que vir da célula hospedeira.
– Chlamydia trachomatis (causa frequente de esterilidade feminina por
fibrose tubária e cegueira por opacidade da córnea em RN).
– Rickettsia rickettsi (Febre maculosa das montanhas rochosas) lesão
nas células endoteliais onde replicam causando vasculite
hemorrágica. Rickettsias são transmitidas por um vetor artropode.
• Vida livre sem parede celular (Micoplasma e Ureaplasma).
Doenças bacterianas
• Parasitas intracelulares
obrigatórios
– Ehrlichia (Rickettsia) inclusões no
citoplasma de um neutrófilo
bastão (mórula).
– Rickettsia rickettsi (Febre
maculosa das montanhas
rochosas) vasculite hemorrágica
e trombose de vasos.
Doenças bacterianas
Morfologia nas doenças bacterianas:
• Podem ser demonstradas nos tecidos pela técnica de Gram ou
impregnação pela prata (espirilos).
• Variam com a forma (cocos, bacilos, espirilos, vibriões) e arranjo
(estafilococos e estreptococos).
Doenças bacterianas
Bacilos álcool-ácido resistentes:
Tuberculose (Mycobacterium tuberculosis)
Tuberculose primária:
•
•
O agente aspirado faz uma lesão focal pulmonar e linfadenite satélite (chamado
complexo de Ghon).
Geralmente assintomática. Considerada lesão normal no pulmão do adulto brasileiro.
Tuberculose secundária:
•
Imunossupressão (corticosteroides) e reativação do foco de Ghon.
Tuberculose progressiva (quando não tratada, grave):
•
Tuberculose fibrocaseosa cavitária: forma cavidades com ar, reação granulomatosa
e caseo). Pode haver hemorragia e infecção secundária por fungos.
•
Tuberculose miliar: disseminação linfohematogênica, forma múltiplos nódulos (mílio)
em vários órgãos.
•
Broncopneumonia tuberculosa e tuberculose intestinal: disseminação para os
brônquios (traqueíte, laringite) e intestinal (deglutição) principalmente íleo terminal
(placas de Peyer).
Doenças bacterianas
Bacilos álcool-ácido resistentes:
Tuberculose
Doenças bacterianas
Tuberculose
– Granuloma imunogênico com necrose caseosa e células gigantes
do tipo Langhans.
– Bacilos álcool ácido resistentes (coloração de Ziehl-Neelsen).
Doenças bacterianas
Bacilos álcool-ácido resistentes:
Hanseníase (Mycobacterium leprae)
• Afeta a pele e nervos periféricos.
• O tipo de resposta e a quantidade do agente
dependem da imunidade do paciente.
• Resposta imunonógica adequada
(granulomas tuberculoides e paucibacilar).
• Resposta imunonógica pobre (infiltrado
inflamatório crônico com macrófagos
xantomatosos ricos em microrganismos).
Multibacilar com formação de massas
bacilares ou globias.
• Formas indeterminadas.
Doenças fúngicas
• Eucariotas
– Apresentam membrana plasmática e membrana nuclear.
– Presença de parede celular de quitina.
– Membrana plasmática rica em ergosterol.
• Espécies podem ter morfologia variável com as
condições ambientais (temperatura).
– Leveduriforme (células redondas isoladas), temperatura corporal.
– Hifas (longas cadeias de células que podem ser septadas ou não
septadas), temperatura ambiente.
– Esporos sexuais
– Esporos assexuais (conídeos, produzidos em corpos de frutificação).
A morfologia é importante na identificação do agente em cortes
de tecidos.
Os fungos são demonstrados nos tecidos através de técnicas
especiais de coloração como impregnação pela prata ou PAS
Doenças fúngicas
Infeccões fúngicas:
• Micoses superficiais:
– Infecção da pele cabelo e unhas (dermatofitoses). Ex.: tíneas
– Invasão do tecido subcutâneo (causam abscessos ou granulomas).
Ex.: esporotricose.
• Micoses profundas:
–
–
–
–
Disseminam sistemicamente e invadem tecidos.
Ocorrem principalmente em doentes imunocomprometidos.
Oportunistas (Candida, Mucor, Cryptococcus, Pneumocystis jiroveci).
Restritos a uma região geográfica em particular (Coccidioides,
Paracoccidioides brasiliensis, Histoplasma capsulatum).
Doenças fúngicas
Infeccões fúngicas:
• Morfologia:
– A resposta do hospedeiro pode variar desde um
processo inflamatório agudo e crônico inespecífico até
reação granulomatosa com formação de granulomas
imunogênicos ou tuberculóides.
– Em pacientes imunocomprometidos podem produzir
necrose tecidual, hemorragia e oclusão vascular, com
resposta inflamatória pequena ou ausente.
Doenças fúngicas
Morfologia:
• Histoplasmose pulmonar:
– Granulomas imunogênicos ou tuberculóides com necrose caseosa.
– Macrófagos contendo estruturas fúngicas.
Doenças fúngicas
Morfologia:
• Histoplasmose pulmonar:
– Impregnação pela prata evidencia melhor as estruturas fúngicas
permitindo a classificação.
– Fungos pequenos, menores ou do tamanho de hemácias com
brotamentos simples, membrana fina sem duplo contorno.
Doenças fúngicas
Morfologia:
• Paracoccidioidomicose:
– Lesões moriformes na cavidade oral.
– Granulomas imunogênicos.
Doenças fúngicas
Morfologia:
• Paracoccidioidomicose:
– Fungos maiores, com membrana externa espessa, e
brotamento duplo (cabeça de Mickey) ou múltiplo (roda de
leme).
Doenças fúngicas
Morfologia:
• Pneumocistose:
– Microrganismos em meio a material proteináceo na luz dos
alvéolos.
– Pode ser demonstrado em lavado broncoalveolar
(impregnação pela prata).
Doenças fúngicas
Morfologia:
• Candidíase:
– Placas esbranquiçadas nas mucosas (oral, esofágica, genital)
que podem ser removidas.
– Presença de pseudohifas nos tecidos (coloração pelo PAS).
Doenças fúngicas
Morfologia:
• Candidíase do esôfago distal:
– Presença de pseudohifas e blastoconídios nos tecidos
(coloração pela prata).
Doenças fúngicas
Morfologia:
• Criptococose (Cryptococcus neoformans):
– Coloração especial pelo mucicarmin (cora a cápsula mucoide do
criptococo).
– Teste de coloração negativa no líquor pela tinta da china (nankin).
Doenças fúngicas
Morfologia:
• Aspergilose (formas infecciosas): Existe a forma alérgica
– Aspergiloma (coloniza cavidades pulmonares pré existentes sem
invasão ou com um mínimo de invasão). É saprófita coloniza cavernas
da tuberculose, bronquiectasias, infartos antigos ou abscessos.
– Aspergilose invasiva: broncopneumonia em imunocomprometidos.
Invasão vascular e disseminação hematogênica.
Doenças causadas por
protozoários
• Eucariotos unicelulares (podem parasitar diferentes
localizações).
Doenças causadas por
helmintos
• Eucariotos pluricelulares (podem parasitar diferentes
localizações).
Strongyloides stercoralis (demonstrados através da coloração por hematoxilina e eosina)
Principais técnicas usadas pelos
patologistas para determinar agentes
infecciosos nos tecidos.
Download