alergia alimentar: uma visão panorâmica

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Dr. Luiz Carlos Bertoni - CRM-PR 5779
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ALERGIA ALIMENTAR: UMA VISÃO PANORÂMICA
No dia-a-dia de um consultório de alergia é muito comum o cliente chegar
achando que seu problema alérgico está relacionado à alergia alimentar, principalmente
quando se trata de lesões de pele.
As alergias alimentares podem ocorrer imediatamente após a ingestão de um
alimento, o que é comum na alergia por camarão. Assim, o cliente estabelece a relação
de causa e efeito, pois a reação é mediada por anticorpos da alergia (IgE) e imediata.
A grande maioria das reações alérgicas a alimentos geralmente está relacionada a
reações tardias, portanto é difícil correlacioná-las com o alimento que as provoca.
Geralmente ocorrem sintomas no aparelho digestivo como náusea, vômito, diarréia, gases
e dores abdominais. Nessas ocasiões os médicos procurados são o pediatra ou o
gastroenterologista. Os sintomas que acometem as alergias são muitas vezes parecidos
com aqueles de infecções intestinais, intoxicações alimentares, intolerâncias alimentares,
verminoses e outras doenças que afetam o aparelho digestivo.
A alergia alimentar pode ser uma reação a um alimento ou a um aditivo
alimentar. Em torno de 1-2% dos adultos apresentam alergia a alimentos ou a aditivos
alimentares. Outro dado importante: 8% das crianças abaixo de 6 anos apresentam
reações adversas ao ingerirem alimentos e entre 2-5% apresentam alergia alimentar.
SINTOMAS
As reações alérgicas a alimentos se iniciam em poucos minutos até várias horas
após a ingestão de um alimento ao qual a pessoa é sensível. A freqüência e a gravidade
dos sintomas variam amplamente de pessoa para pessoa. Alguém com reação alérgica
discreta pode apresentar espirros, coriza aquosa, coceira de nariz e nariz entupido,
enquanto uma pessoa gravemente alérgica pode apresentar reação que ameace sua vida,
tais como asma ou edema de glote ou de língua.
Os sintomas mais comuns da alergia alimentar envolvem a pele e os intestinos. As
lesões cutâneas são a urticária ou eczema. Alergia alimentar muito grave, como o
choque anafilático, é rara, mas, quando ocorre, é uma ameaça à vida.
Os mesmos sintomas que ocorrem na alergia alimentar podem ocorrer em um
grande número de doenças, o que dificulta o diagnóstico.
O QUE CAUSA OS SINTOMAS
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A alergia alimentar é o resultado de como o sistema imune reage com as
proteínas dos alimentos chamados de alérgenos.
É importante ressaltar que a função principal do sistema imune e de outros
sistemas de defesa do organismo é manter a saúde e a vida, evitando as infecções e
inativando as proteínas que potencialmente podem causar reações alérgicas. É por isso
que nosso sistema digestivo desenvolveu tolerância a uma ampla variedade de diferentes
alimentos de nosso consumo.
Uma pessoa alérgica a um alimento leva seu sistema imune a produzir aumento
do anticorpo IgE específico contra esse alimento. Quando os alérgenos do alimento
reagem com o anticorpo, várias substâncias químicas são liberadas (entre elas a
histamina) e provocam a reação alérgica. Tais elementos provocam aumento dos vasos
sangüíneos periféricos, e assim a musculatura lisa se contrai e afeta áreas da pele, que se
tornam vermelhas e coçam, originando a urticária.
Os anticorpos IgE podem ser encontrados em diferentes partes do corpo, como na
pele, onde provocam urticária ou eczema; no aparelho digestivo, onde provocam
vômitos e diarréia; e nos pulmões, onde causam crises de asma (chiado de peito).
Nem todas as reações adversas a alimentos são provocadas por alergias. É o caso
das crianças suspeitas de “alergia ao leite de vaca”. Em algumas crianças realmente
pode haver a deficiência de uma enzima (lactase) que normalmente desmembra a
molécula do açúcar do leite (a lactose) em glicose. A glicose é o único açúcar utilizado
como fonte de obtenção de energia pelo corpo humano. Quando a criança tem deficiência
da enzima (lactase) e toma leite ou come produtos derivados do leite (iogurte, doce,
queijo...), a lactose que não pode ser utilizada pelo organismo e fica nos intestinos, onde
fermenta e provoca sintomas intestinais como cólicas, gases e diarréia. E isso é mal
interpretado como alergia alimentar ao leite de vaca, o que não é verdadeiro.
POR QUE EU?
A hereditariedade parece ser a razão principal razão para algumas pessoas terem
alergia e outras não. Alguns dados estatísticos para avaliação do leitor:
Risco de alergia
Ambos os pais alérgicos
75%
Se um dos pais for alérgico ou se houver parentes alérgicos
30-40%
Parentes sem alergia
10-15%
A alergia alimentar frequentemente ocorre nas crianças, mas pode aparecer em
qualquer idade e com alimentos que o paciente já comeu anteriormente sem problemas.
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A excessiva exposição de um alimento pode aumentar o risco de alguém ser
alérgico, como entre os escandinavos, onde há alta prevalência de alergia a peixe; entre
os japoneses, onde o arroz é a principal causa, e entre os americanos, onde o vilão é o
amendoim.
QUAIS ALIMENTOS CAUSAM ALERGIA?
Os alimentos que mais comumente provocam alergias são ovos de galinha, leite
de vaca, trigo, soja, peixes, camarão e marisco, porém todos os alimentos têm potencial
para sensibilizar e provocar alergia. Os alimentos que provocam choque anafilático mais
freqüentemente são camarão e nozes, embora possam ocorrer com outros.
Devemos ter em mente também que, quando uma pessoa é alérgica a um
alimento, pode apresentar reações a alimentos da mesma família. Exemplos:
• 1) O alérgico a nozes pode apresentar alergia à noz pecã;
• 2) O alérgico a camarão pode não tolerar caranguejo e lagosta;
• 3) O alérgico a amendoim pode não tolerar soja e certos feijões;
Entre os indivíduos alérgicos a alimentos, a maioria é alérgica a um ou dois
alimentos.
COMO O ALERGISTA DETERMINA OS ALIMENTOS QUE PROVOCAM A
ALERGIA?
Algumas pessoas sabem exatamente qual alimento causa os sintomas alérgicos. Já
citamos os alérgicos a camarão.
A maioria das pessoas, porém, necessita de ajuda profissional para descobrir o
alimento responsável pelos seus sintomas, principalmente se estes aparecem muitas horas
depois da ingestão dos alimentos.
O alergista levantará os dados sobre a historia alérgica alimentar do cliente. Fará
perguntas sobre os sintomas que ocorrem quando ingere alimentos, quanto tempo depois
ocorrem os sintomas, o tipo de reação que ocorreu e quais os medicamentos tomados.
Fará perguntas sobre a alimentação do cliente, a história familiar de alergia, os usos e
costumes caseiros.
Esse rol de perguntas é necessário e importante para eliminar possibilidade de
outros problemas (além do alérgico) que podem causar ou piorar os sintomas. Uma
pessoa alérgica ao látex (produto da seringueira), por exemplo, pode ter sintomas na boca
ou na garganta quando come kiwi, manga ou cajamanga.
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TESTES ALERGICOS EM ALERGIA ALIMENTAR
O alergista utiliza os testes alérgicos cutâneos feitos com o extrato do alimento
diluído em quantidade apropriada, que é colocado na pele do braço, onde se faz uma
pequena escarificação com o puntor. Dentro de 15-20 minutos faz-se a leitura do teste: se
for positivo, aparece no local da puntura uma pápula e ao redor uma vermelhidão. O teste
alérgico, muito parecido com uma picada de pernilongo, indica a presença de
sensibilidade ao alérgeno testado.
Geralmente os testes alérgicos cutâneos podem ser feitos com muitos alimentos
ao mesmo tempo, o que facilita reconhecer os alimentos aos quais a pessoa é sensível. O
teste alérgico cutâneo é seguro e geralmente indolor.
Quanto aos exames de sangue, hoje dispomos do RAST, um teste de laboratório
que serve para detectar os alérgenos aos quais a pessoa é sensível. Os resultados desses
exames, mais dispendiosos que o teste cutâneo, demoram de 1-2 semanas.
Os dois testes servem como triagem e não apresentam riscos maiores. É
importante fazer o teste de provocação para confirmar se a pessoa é alérgica ou não ao
alimento suspeito.
COMO UMA DIETA ESPECIAL ATINGE O ALVO?
Com as informações obtidas por meio da história clinica, da avaliação física e dos
resultados dos testes alérgicos, pode-se elaborar uma dieta especial livre do alimento ao
qual a pessoa está sensibilizada.
Nos casos em que os sintomas ocorrem ocasionalmente e o alimento suspeito é
ingerido de quando em quando, é necessário fazer uma lista dos alimentos consumidos
diariamente e da medicação usada para aliviar os sintomas. Ao avaliar o consumo dos
alimentos ao longo do dia e durante o período de tempo necessário, podem-se comparar
os dias em que não aconteceu nada com os dias em que apareceram os sintomas da
alergia, e assim será possível identificar o(s) alimento(s) responsável(is) pela sua alergia.
Quando a reação alérgica parece ser provocada por 2 alimentos, faz-se a dieta de
eliminação. O alimento suspeito pode ser completamente eliminado da dieta por 1-2
semanas. Se os sintomas desaparecerem durante o período de abstinência e retornarem
quando o alimento for ingerido novamente, confirma-se a suspeita de que o alimento
provocou a alergia alimentar.
No caso em que vários alimentos parecem ser os responsáveis pela causa do
problema alérgico ou o diagnóstico da alergia alimentar é equivocado, pode ser
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necessário confirmar o papel de cada alimento na dieta do paciente com o teste de
provocação oral.
Devemos ter em mente que os testes cutâneos positivos e o RAST não definem a
alergia alimentar. O teste de provocação alimentar é o melhor meio para determinar a
alergia é alimentar.
O teste de provocação oral deve ser feito sob supervisão de médico treinado para
realizá-lo. O teste é feito com pequena porção do alimento, que será gradualmente
aumentada durante certo período de tempo. O médico deve estar preparado para intervir
se ocorrerem reações alérgicas.
COMO PROCEDER QUANDO A ALERGIA É CONFIRMADA
Quando um alimento é responsável pela alergia alimentar, o tratamento efetivo é
não comer tal alimento de maneira nenhuma. É muito comum o cliente reclamar: “Puxa!
Não poderei comer mais isso?”. E eu digo: “Você vai ter que escolher entre você e o
alimento. Quem é o mais importante?”.
A partir desse ponto o cliente deve ficar vigilante: verificar rótulos dos produtos
que irá consumir para identificar o alimento ou o aditivo alimentar responsável pela sua
alergia.
Quando comer fora de sua residência, o indivíduo deve saber o que irá consumir.
Os garçons e os cozinheiros, por exemplo, nem sempre sabem os ingredientes exatos que
utilizam no preparo dos alimentos. Leve com você a medicação específica para seu caso,
pois isso é muito importante.
A família e os pacientes com alergia alimentar devem fazer as modificações
necessárias para manter a saúde do afetado. Informe-se!
INGERIR ACIDENTALMENTE O ALIMENTO QUE CAUSA A ALERGIA
Quem tem alergia alimentar deve ter um plano de ação para lidar com situações
em que o alimento ao qual é sensível é ingerido. Ter as instruções do seu médico
disponíveis e de conhecimento de familiares ou dos colegas que possam ajudar numa
emergência também é essencial, assim como são imprescindíveis os medicamentos para
tratar os sintomas iniciais da reação alérgica enquanto o paciente se dirige ao hospital.
Pessoa com história de grave alergia deve ser instruída para aplicar em si mesma a
dose de adrenalina 1/1000 ou dispor de Epipen (pequeno equipamento com dose certa de
adrenalina) quando ocorrer a reação alérgica. Em Londrina (PR) existe um serviço de
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emergência chamado SIATE, que é o anjo da guarda da cidade, pois cuida dessas
emergências.
Dispor de braceletes e correntes que possam ser lidos rapidamente pode alertar o
pessoal do resgate e facilitar seu atendimento de emergência no caso de alergia alimentar.
NUNCA MAIS PODEREI COMER ESSE ALIMENTO?
No caso das crianças, os pais devem observar a estrita aderência à dieta de
eliminação para superar o problema de alergia alimentar.
A maioria dos pacientes com reações alérgicas a ovo de galinha ou a leite de vaca
ou de soja eventualmente torna-se tolerante a esses alimentos, mas alergias a amendoim,
nozes, peixe e camarão podem durar a vida inteira.
Aproximadamente 1/3 dos clientes alérgicos a alimentos eventualmente podem
ficar livres de suas reações alérgicas com dieta apropriada e rigorosa, e retirada do
alimento agressor.
Depois de 6 meses de eliminação do alimento responsável, o alergista pode fazer
o teste de provocação oral e verificar se os sintomas ressurgem. Se não surgir novamente
a reação alérgica, pode-se reintroduzir gradualmente o alimento na alimentação. Se
ocorrerem quaisquer sintomas da reação alérgica, a dieta de restrição deve continuar.
Se o cliente tem uma reação do tipo imediato quando come camarão, esse
alimento deve ser retirado para sempre da sua alimentação.
Os adultos e os pais de crianças alérgicas devem seguir cuidadosamente as
advertências do médico para evitar ingerir o alimento que provoca a alergia, ou seja,
manter a criança sob controle.
AS DÚVIDAS E PERGUNTAS DEVERÃO SER LEVADAS AO SEU ALERGISTA PARA ESCLARECIMENTO.
IMPORTANTE
As informações disponíveis no site www.alergiarespiratoria.com.br possui
caráter informativo e educativo. No caso de consulta procurar seu médico de
confiança para diagnóstico e tratamento.
Dr. Luiz Carlos Bertoni
Alergista - Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI)
Membro - World Allergy Organization (WAO)
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