135 Márcia Cecília Silva Passerini Benefícios da Comunicação Interna para Empregador e Empregado Márcia Cecília Silva Passerini1 Resumo A comunicação é um objeto de sobrevivência e desenvolvimento entre os seres humanos. Ela se torna obrigatória na vida em sociedade, uma ferramenta necessária para se partilhar informações e conhecimentos. Nesse sentido, é preciso compreender a importância, desenvolvermos essa habilidade e nos capacitarmos diante da velocidade das mudanças no campo político, econômico e social, considerando os progressos tecnológicos. Ainda nessa perspectiva, as organizações estão reestruturando a forma de se relacionarem com seu público interno, para atender a necessidade do mercado, buscando na comunicação uma aliada infalível para alcançar seus objetivos. Neste sentido, este trabalho foi elaborado a partir de uma pesquisa bibliográfica em livros e artigos científicos e faz menção a comunicação interna nas organizações tendo como objetivo demonstrar as ferramentas e estratégias para o desenvolvimento e estreitamento no relacionamento de empregador para empregado, apontando possibilidades de descobertas, através de experiências bem sucedidas de algumas empresas, sobre um assunto aparentemente simples mas de amplo sentido. Palavra-chave: Comunicação. Organização. Público Interno. Abstract Communication is an object of survival and development in humans. It becomes mandatory in society, a necessary tool to share information and knowledge. Therefore, it is necessary to understand the importance, develop this skill and empower front of the speed of change in the political, economic and social, considering the technological advances. Yet this perspective, organizations are restructuring the way they relate to their internal audience, To meet the market need, seeking an ally in communication foolproof to achieve their goals. Thus, this study was drawn from a literature search in books and scientific articles and makes mention of internal communication in organizations aiming to demonstrate the tools and strategies for developing and deepening the relationship of employer to employee, pointing out possibilities of discoveries through successful experiences of some companies, on a subject seemingly simple but broad sense. Keyword: Communication. Organization. Workforce. 1 Introdução O comportamento e as relações humanas estão ligados a comunicação, portanto é impossível o homem deixar de comunicar-se vivendo em sociedade. Diariamente uma avalanche de informações nos sobrevém na mesma velocidade das mudanças de um mundo globalizado. 1 Bacharel em Ciências Contábeis pelas Faculdades Integradas Rui Barbosa (2008); Pós-graduação em Gestão de Pessoas e Finanças pelas Faculdades Integradas Rui Barbosa. E-mail: [email protected] Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 136 Márcia Cecília Silva Passerini Diante deste cenário de competitividade as empresas além da preocupação e dedicação com novo perfil do consumidor, estão ampliando e aperfeiçoando a comunicação interna, dando atenção também ao seu público interno com intuito de garantir maior produtividade e colaboração para se manterem no mercado. Funcionários descontentes e mal informados geram prejuízos imensos às organizações porque podem expressar, com mais autenticidade do que outros públicos, os valores positivos ou negativos da cultura organizacional. Fica fácil acreditar no que eles dizem, porque afinal de contas, eles estão vivendo lá dentro (BUENO, 2007, p.32). Por essa razão as empresas estão adotando a comunicação interna como uma ferramenta estratégica para promover mudanças, ajustamento e qualificação de seus funcionários a fim de melhorar o desempenho, aumentar a produtividade e a lucratividade. O artigo apresenta a importância e a necessidade da comunicação interna, demonstrando que é possível algo intangível como a comunicação trazer benefícios aos que dela se utilizam. Como forma de coleta de dados foi feita pesquisa bibliográfica através de livros e artigos científicos relacionados ao assunto buscando discriminar os conceitos e métodos de comunicação interna. E para mostrar na prática foi pesquisado três empresas que desenvolveram a comunicação interna descrevendo seus resultados e a importância de sua aplicação. As empresas pesquisadas de início priorizaram analisar as falhas e assim buscar o aperfeiçoamento na comunicação com seus colaboradores de forma criativa, inovadora e estratégica proporcionando educação, valorizando a cultura da empresa. 2 Comunicação A origem etimológica de comunicação é tornar “comum”, assim, o comum é participar, trocar informações, sentimento, experiências causando sempre uma reação diante da ação. A comunicação tem o poder de influenciar o comportamento das pessoas. Na comunicação, a informação e compreensão são atos que caminham em paralelo só há comunicação se houver compreensão da mensagem e por outro lado uma informação não comunicada torna-se inválida. Segundo Pimenta (2007, p.20) “a comunicação é o reflexo da cultura humana, é através da comunicação que costumes, crenças, valores, são construídos e disseminados” ou seja a comunicação existe pela necessidade de partilhar informações, conhecimentos, experiências, sentimentos e é um processo pelo qual se constrói as relações humanas, e tem como pretensão a compreensão mútua. Devido a evolução humana meios de comunicação foram surgindo e sendo aprimorados. Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 137 Márcia Cecília Silva Passerini Acredita-se que os primeiros meios de comunicação foram Símbolos e Sinais, evoluindo para Fala. Aliás, esta é um dos principais meios, senão o mais utilizado, para se comunicar, passando para a escrita, e caminhando até a era atual que é a da Informação tecnológica, onde tudo e todos podem estar ligados e conectados dando espaço a novas perspectivas para um mundo globalizado que só é e foi possível pelo fenômeno da comunicação. O termo Comunicação tem sentido amplo e definições variadas já que está inserido em tudo que fazemos, sentimos, vemos, e ouvimos, continuamente está conduzida a atingir um ou mais indivíduos e para tornar a comunicação eficiente é necessário entender e desenvolver essa habilidade humana. A comunicação é capaz de influenciar o comportamento das pessoas, persuadindo ou sensibilizando a tomarem atitudes para conquistar objetivos desejados. Desta forma a comunicação é poderosa em seus efeitos como Matos a descreve, A comunicação informa, motiva ensina, emociona, vende, distrai, entusiasma, dá status, constrói mitos, destrói reputações, forma opiniões, deforma pensamentos, distorce fatos orienta, desorienta, faz rir, faz chorar, inspira, narcotiza, reduz a solidão e - num paradoxo que confirma a grande magnitude do seu potencial produz até mesmo a incomunicação. (MATOS, 2009, p. 29). 3 Comunicação Empresarial no Brasil Segundo Torquato, (1985, p.13) “empresa é um sistema que reúne capital, trabalho, normas, políticas, natureza técnica.” Contudo, uma empresa, além da busca por melhores resultados econômicos, procura também projetar um imagem expressiva diante da sociedade e para isso é necessário contar com a participação dos funcionários tornando-os porta-vozes, mantendo-os atuantes, informados do que acontece no ambiente empresarial. O abrir dos olhos para a Comunicação Organizacional no Brasil aconteceu em meados dos anos 60, diante dos acontecimentos e mudanças no cenário político, econômico e social no Brasil, motivando o interesse das empresas em estabelecerem um relacionamento onde pudessem ver e serem vistas pela sociedade. Isso aconteceu de forma lenta e, aos poucos, as organizações perceberam que o público interno, ou seja, seus colaboradores, teriam importante papel para disseminar uma imagem positiva da empresa atraindo olhares e credibilidade do público externo. Segundo Pimenta, (2006, p. 58) “a Comunicação dentro da empresa contribui para a definição e concretização de metas e objetivos, além de possibilitar a integração e equilíbrio entre seus componentes (departamentos, áreas etc.)”. Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 138 Márcia Cecília Silva Passerini 3.1 Comunicação Interna A Comunicação Interna é definida por Curvello como: O conjunto de ações que a organização coordena com o objetivo de ouvir, informar, mobilizar, educar e manter coesão interna em torno de valores que precisam ser reconhecidos e compartilhados por todos e que podem contribuir para a construção de boa imagem pública. (CURVELLO, 2012 p.22). Diante disto, ainda existem empresas que não valorizam ou não se preocupam com algo que não é a saída para todas as dificuldades enfrentadas pelas empresas, mas pode ser através da comunicação interna que as empresas tenham a oportunidade de ampliar o relacionamento de empregado e empregador. E quando realizada de forma coerente traz um diferencial de visibilidade, concorrência e sustentabilidade no mercado. A atualidade demanda-se melhores condições que aprecie o papel dos funcionários que ajudam a conduzir uma empresa. As empresas devem buscar melhores resultados através do aumento da produção, melhorar qualidade, sem desprezar o papel daqueles que trabalham direto na construção e elaboração de seus produtos e serviços. A partir do momento que empresas permitem que os funcionários participem e que se envolvam nas transformações da empresa, tornando-os parte do conjunto, isso fará que tenham mais perspectiva do negócio e possibilitará o alcance de melhores resultados refletindo em melhores condições de trabalho e tornando aliados a conquistar os objetivos da empresa. Através da comunicação uma empresa pode ser sustentavelmente competitiva, o que vai depender diretamente do relacionamento, da comunicação com seu principal capital, que é o intelectual, ou seja, saber usar a criatividade para ofertar informações da empresa, do mercado em que atua, de sua história, num esforço contínuo para manter um diálogo com seus colaboradores garantindo a atenção e o engajamento dos mesmos em ajudar a organização, avaliar seus problemas, confrontá-los considerar sua participação no negócio, além de fortalecer a imagem da empresa com seu público interno e externo. O benefício mais convincente da comunicação interna é o fato de que ela produz resultados para empresas e sociedade. De acordo com o ditado popular “A Beleza vem de dentro pra fora”, assim é no âmbito empresarial o sucesso vem de dentro para fora, o sucesso é o reflexo do desempenho em motivar, e conseguir o engajamento dos colaboradores, fazendo saber do papel e importância dos mesmos na organização. Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 139 Márcia Cecília Silva Passerini Mesmo porque “Quem faz acontecer as coisas são pessoas- não planos- e apenas planejar não basta, pois é necessário fazer com que as pessoas executem sua parte no planejamento.” (CAHEN, 1990, p. 98) Peter Druker (1992) diz que, pelo menos 60% de todos os problemas administrativos são originados por deficiência de Comunicação. Já Chiavenato (1999) afirma, sem exagero, que cerca de 90% dos problemas das organizações giram em torno da ausência de comunicação. Desta forma, é importante que o intercâmbio de informações seja constante, que a comunicação seja clara, verdadeira e respeite as diferenças já que o ambiente empresarial acolhe uma diversidade de pessoas com um conjunto próprio de idéias, crenças, valores conhecimentos, experiências ocasionando no ato da comunicação possíveis distorções de interpretação ao da mensagem enviada. No processo da comunicação as informações devem estar fundamentadas na veracidade, confiança, no aperfeiçoamento, na pertinência e na coerência do seu conteúdo. A veracidade estabelece que as informações ao se tornarem “comum” não contenham falhas, aperfeiçoando a compreensão dos dados importantes e significativos sobre o que se pretende divulgar sobre a empresa, como metas, planos, políticas e etc. A comunicação interna deve ser oportuna, as informações precisam chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, para que possa ter validade e ser utilizada para seus devidos fins. É necessário que o contato, o dialogo a troca de informações no ambiente de trabalho entre gestores e equipes, sejam periodicamente mantidos. Assim as organizações e os envolvidos nela estão em processo contínuo de aproximação o que potencializa a utilização da comunicação para se relacionarem e serem mais competitivas. A má comunicação pode gerar conseqüências, já que só há comunicação se houver compreensão, é importante que a transmissão de informações seja mais clara possível ao usuário que se destina. Por isso a necessidade do contato produtivo já citado acima, através deste contato que relacionamentos são estreitados, tendo melhor visão para que a comunicação flua e seja eficiente. Mas para isso acontecer, as empresas tem se voltado para a melhoria e desenvolvimento dessa habilidade, os funcionários ao se comunicarem melhor há interação, há maior aproveitamento nas relações interpessoais, podendo evitar possíveis conflitos. 3.2 Como aplicar a comunicação interna A comunicação interna deve apontar os sucessos, valorizar os aspectos positivos, reconhecer os esforços individuais e coletivos. (KUNSCH, 1997) Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 140 Márcia Cecília Silva Passerini Considerando o comprometimento de todos com os objetivos da empresa, para que a comunicação com o público interno se estabeleça de maneira adequada e obtenha resultados desejados, é fundamental e necessário entender que cada veículo de comunicação são distintos e com características específicas, sendo que para cada assunto a ser comunicado e ao publico que se destina deve-se usar o meio adequado.. A implantação ou melhoria na comunicação interna conforme Pequenas e Médias Empresas Negócios ( PME Negócios) deve apresentar os seguintes passos: O Primeiro passo é fazer um diagnostico interno ouvindo os funcionários de diferentes níveis hierárquicos, idade e sexo, através de questionários, entrevistas para conhecer as perspectivas dos mesmos em relação a empresa a fim de analisar como flui a política de comunicação, verificando se os veículos existentes são eficazes, para assim promover mudanças e criar um plano de comunicação de acordo com demanda e a necessidade da empresa. Com o diagnóstico em mãos, o Segundo passo é Organizar o Plano de comunicação determinando a quem e como se comunicar, pois, as empresas são constituídas por uma diversidade de pessoas, e assim definir o objetivo de política da comunicação interna respeitando a transparência, a simplicidade e a realidade. O comprometimento dos envolvidos e o uso dos meios apropriados garantem o sucesso do plano de comunicação interna. Organizado e definido os objetivos do Plano de Comunicação vem o Terceiro e último passo que é identificar os suportes mais eficazes para tornar a comunicação uma ferramenta do dia-a-dia adequados ao perfil e realidade da empresa. Podem ser utilizados: Meios orais; Meios escritos; Meios audiovisuais; Novas tecnologias. Para dar início ao projeto de comunicação interna é importante verificar e conhecer as vantagens e desvantagens que cada meio contém, aplicando-os baseado no diagnóstico e nos objetivos da política de comunicação de forma favorável à compreensão dos funcionários e respeitando os recursos oferecidos pela empresa para implantação do plano de comunicação interna. Assim, abaixo estão alguns veículos de comunicação com suas respectivas vantagens e desvantagens elencados pela PME NEGOCIOS . Reunião Vantagens: É um dos meios mais eficazes para comunicar de forma ativa nas PME. É imediato e transmite informação de referência. Desvantagens: Excesso de reuniões acaba por provocar desinteresse. Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 141 Márcia Cecília Silva Passerini Nota de serviço Vantagens: Transmite uma informação muito precisa. Envolve as chefias e permite uma comunicação mais dirigida. Desvantagens: Custo de redação e reprodução. Flash de informação Vantagens: Ideal para dar a conhecer um resultado ou uma mudança. Desvantagens: Reprodução. Placard Vantagens: Simples, fácil gestão e adequado para todo tipo de mensagens. Indicado para informar aspectos legais e ações da empresa. Desvantagens: Custo variável (depende se utiliza designers ou placards luminosos por exemplo). Folheto Vantagens: Dá a conhecer as novidades da empresa e todas as ações. Chega a toda equipa. Desvantagens: Dispendioso. Manual de acolhimento Vantagens: Apresentação da empresa e dos seus procedimentos. Facilita a integração. Desvantagens: Leva tempo a sistematizar. Carta ao pessoal Vantagens: Documento assinado pelo administrador ou diretor focando aspectos importantes da vida da empresa. Dirigida e personalizada. Eficiente no combate aos rumores. Desvantagens: Pode ter interpretações erradas, se não for objetiva. Inquéritos Vantagens: Diagnóstico do clima da empresa. Permite a expressão das opiniões dos colaboradores. Desvantagens: Tempo na realização e análise. Caixa de sugestões Vantagens: Encoraja o espírito de iniciativa, a criatividade e a participação. Possibilidade de todos os colaboradores darem sugestões. Desvantagens: Custo da aquisição da caixa e consulta das sugestões regularmente. Jornal da empresa Vantagens: Pode ser distribuído na empresa e para o domicílio de todos os colaboradores. Considerado por muitos como um canal de comunicação interno de referência. Numa PME, a sua dimensão pode não justificar, sobretudo pelos encargos financeiros. Mas, uma versão "caseira" de algumas folhas A4 com notícias, fotocopiadas e distribuídas na empresa, já é possível fazer. O mais importante é quem escreve e a capacidade que tem de captar a atenção dos leitores. Desvantagens: Dispendioso. Envolvimento de recursos humanos especializados (jornalistas ou assessor de imprensa). Tempo de redação, paginação, impressão e distribuição. Intranet Vantagens: Adapta-se facilmente a empresas de pequenas, médias e grandes dimensões. Permite a circulação rápida de informação e pode facilitar os processos burocráticos. Uma ferramenta do século XXI. Desvantagens: Variam consoante o grau de informatização da empresa. E-mail Vantagens: É uma ferramenta que pode ser utilizada por empresas de várias dimensões, sobretudo por aquelas que não têm uma Intranet. É um meio rápido e barato de envio de uma newsletter interna ou uma informação flash. Desvantagens: É necessário a existência de um programa informática que permita o acesso a toda a empresa. Tendo consciência da necessidade que se estabeleça a comunicação dentro da empresa e para aprimorar, Chiavenato (1999, p.530) estabeleceu como dica Os Dez Mandamentos da Boa Comunicação. Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 142 Márcia Cecília Silva Passerini 1. Esclarecer idéias antes de comunicá-las. Analisar o problema ou idéia a ser comunicado. Este é o primeiro passo para a comunicação eficaz. Muitas comunicações falham por falta de planejamento. Considere os objetivos e atitudes daquele que receberá a mensagem e como ele poderá ser afetado pela comunicação. 2. Examinar o propósito de cada comunicação. Antes de comunicar, verifique o que realmente pretende com a sua mensagem – obter informação , iniciar ação, mudar atitudes de outra pessoa? Identifique os objetivos principais e então adapte a linguagem, tonalidade e abordagem para entender esses objetivos. Não tente alcançar muito com cada comunicação. Quanto mais específico for o foco da mensagem, maior a chance de sucesso. 3. Considerar o conjunto físico e humano onde vai comunicar. Significado e intenção são importantes, mas outros fatores influenciam o impacto de uma comunicação. O administrador deve ser sensível ao ambiente onde deverá comunicar, atentando para o senso de oportunidade, o clima social, as práticas e costumes, as expectativas dos outros. A comunicação deve adaptar-se e ajustar-se ao ambiente. 4. Consultar outras pessoas para planejar as comunicações. Desenvolva com elas os fatos sobre os quais a comunicação se baseará. A consulta proporciona uma visão adicional e objetividade às suas mensagens. 5. A maneira de comunicar é tão importante quanto o conteúdo da mensagem. O tom de voz, a expressão o humor, a receptividade às perguntas têm um efeito significativo e afetam a reação do ouvinte tanto quanto o conteúdo da mensagem. Tanto a forma como o conteúdo são importantes na comunicação. 6. Aproveite a oportunidade , quando surgir , para ajudar ou valorizar o ouvinte. A consideração pelos interesses e necessidades das pessoas (ver as coisas sob o ponto de vista do ouvinte) produz benefícios imediatos ou agrega valor às outras pessoas. Leve em cota os interesses dos subordinados. 7. Acompanhe a comunicação. O melhor esforço para comunicar pode ser desperdiçado se não souber se foi bem-sucedido na mensagem. Perguntar, encorajar o ouvinte a expressar suas reações, contatos de acompanhamento, ouvir sugestões, verificar o desempenho posterior. Assegurar, através da retroação, de que houve entendimento e ação resultante adequada. 8. Comunicar para o amanhã tão bem como para o hoje. A comunicação não deve se restringir às demandas da situação atual, mas deve ser planejada de modo a manter consistência com objetivos a longo prazo.è como falar apenas do desempenho atual fraco a um funcionário leal e dedicado à empresa. 9. Assegure-se de que ações suportam comunicação. O tipo mais persuasivo de comunicação não é aquilo que diz, mas o que faz. Quando as ações ou atitudes contradizem as palavras, as pessoas tendem a fazer descontos. Boas práticas administrativas – como atribuição clara de autoridade e responsabilidade, recompensas pelo esforço e reforço do bom desempenho comunicam mais do que todas as pérolas do dicionários. Na comunicação, o discurso e a prática devem ser congruentes. 10. Procurar fazer ser compreendido, mas compreender também, como um bom ouvinte. Enquanto falar, ouvir também e analisar as reações e atitudes das pessoas. Ouvir é mais importante, a mais difícil e a mais negligenciada das habilidades na comunicação. Ela requer que se concentre nos significados, nas palavras não-ditas e nas expressões das pessoas. Isso ajuda a compreender melhor as coisas. 4 Experiências de sucesso com comunicação interna Promover a comunicação interna parece ser uma tarefa fácil de realizar, talvez seja fácil com poucos colaboradores, o difícil é quando se tem mais de dez mil funcionários onde nem todos se conhecem. Como forma de pesquisa foram selecionados alguns casos de sucesso em Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 143 Márcia Cecília Silva Passerini comunicação interna. Um caso interessante foi o da mineradora Vale, que é a maior empresa multinacional brasileira. Segue trecho retirado do site Inovando em Comunicação que ilustra esse caso: A empresa Vale para fazer uma integração com seus funcionários desenvolveu um álbum de figurinhas corporativo sendo distribuído para os seus colaboradores gratuitamente. Ele é dividido por área de negócios da companhia e explica, por meio de legendas, a complexa cadeia de mineração do país. O álbum foi oferecido aos seus empregados para que presenteassem seus filhos. Além disso, os funcionários passariam a entender um pouco mais dos produtos e negócios da empresa. O álbum de figurinhas Vale foi composto de 16 páginas, contendo curiosidades, imagens, além de importantes itens formadores da cultura da empresa, como sua missão visão e valores. Além de ampliar o conhecimento sobre a companhia, o projeto aumentou em seu público interno o sentimento de orgulho de pertencer a Vale, de ser parte integrante do processo. A iniciativa integrou os funcionários, criando inúmeras redes de relacionamento entre eles, já que a troca de figurinhas, com o intuito de completar o álbum, tornou-se um verdadeiro ritual entre os colaboradores. Resultado: mais de 33 mil exemplares, 5 milhões de figurinhas impressas, 4 mil álbuns completados e, dentre eles, 15 viagens sorteadas para funcionários e suas famílias. Existe forma mais criativa e eficiente de comunicação interna do que esta? (INOVANDO NA COMUNICAÇÃO, 2011, on line). Outro caso de sucesso foi o da maior empresa do ramo fast-food McDonalds contado no site Comunicação Interna e Sustentabilidade que relata o caso: O McDonald's passou por uma crise onde foi atacado por vender produtos não saudáveis para a população, assim os executivos da empresa chegaram à conclusão de que a estratégia da rede de fast-food estava ultrapassada e decidiram realizar uma série de mudanças para oferecer uma comida mais saudável como frutas, saladas e iogurtes, a empresa também apostou nos cafés da manhã. Após a crise o McDonald’s começou a investi mais na comunicação, acreditando que o cliente interno é tão importante quanto seus consumidores. Sendo assim o McDonald’s vêm sempre investindo na utilização de ferramentas que ajudam a promover a comunicação com seus funcionários, e regularmente são feito pesquisas de satisfação interna. Ela considera que uma boa comunicação interna é fundamental para incentivar os funcionários a terem uma melhor produtividade em também consumir seus produtos. O McDonald’s investe em comunicação escrita e oral, tendo reuniões feitas diariamente nos restaurantes para discutir com a equipe a distribuição de tarefas do dia e avaliar o desempenho do dia anterior. A empresa no Brasil lançou uma portal chamado Gente McDonald's, uma espécie de Orkut particular, onde os empregados trocam opiniões sobre as coisas que fazem fora do ambiente de trabalho, como música, dança, pintura, esportes e gastronomia. Sendo assim a empresa ganha a oportunidade de conhecer melhor os funcionários e ouvir suas queixas e expectativas. (COMUNICAÇÃO INTERNA E SUSTENTABILIDADE,2011, on line) A Renault foi mais uma empresa que apostou na comunicação interna, onde o Site Comunicação nas Empresas descreve o caso: De acordo com Adriane Tombesi, gerente de Desenvolvimento na Renault do Brasil, trabalhar as competências técnicas e comportamentais dos talentos, inclusive dos líderes é uma ação estratégica que impacta no negócio. A Renault possui onze anos no Brasil e nos primeiros dez anos, a companhia não obteve o desenvolvimento que esperava. Diante desse fato, em 2006, houve uma mudança estratégica na gestão e Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 144 Márcia Cecília Silva Passerini foram divulgados a todos os colaboradores os desafios a serem superados até 2009. Foi nesse momento que todos que faziam parte do Grupo Renault tomaram ciência o que se era esperado em termos de lucratividade, volume de venda e qualidade. Essa etapa foi muito importante para todos os profissionais porque a empresa forneceu uma causa, onde todos puderam se unir e fazer um trabalho para alcançar os resultados esperados. Na oportunidade, criou-se a equipe denominada de Gestão de Mudança e a partir dela começou-se a trabalhar um conjunto de estratégias para conduzir as transformações. Em seguida, foram desenhados novos critérios homogêneos para a promoção de profissionais que assumiriam a função de gestores. Dessa forma, todos conheceram a regras e as competências necessárias para assumir cargos de lideranças e, consequentemente, se prepararem para assumirem esses papéis na companhia, sintetiza a gerente de Desenvolvimento. Isso, segundo ela, permitiu que fossem elaborados planos de desenvolvimento dentro de um determinado período e isso minimizou a possibilidade de se imaginar que as pessoas eram promovidas ou não de forma injusta, mas sim como fruto individual dos profissionais. Toda essa mudança trouxe consigo várias inovações e dentre elas, o Programa de Desenvolvimento Gerencial. Essa experiência trouxe resultados positivos. Traçamos dez princípios a serem seguidos pelas nossas lideranças, para que pudéssemos ter uma prática gerencial mais uniforme e alinhada desde o presidente até os níveis de supervisão da empresa. (COMUNICAÇÃO NAS EMPRESAS, 2010, on line) As empresas Vale, o McDonald's e a Renault, citadas nos casos acima, estão entre as empresas mais bem sucedidas no mercado em que atuam, sob a influência acirrada do mercado foram levadas a buscar novas alternativas para sobreviverem no contexto corporativo. Através das dificuldades, crises e também por cautela diante da necessidade de mudanças e reestruturação no relacionamento com seus colaboradores, fez com que a Vale, o McDonald's e a Renault concebessem a comunicação Interna como uma ferramenta a ser utilizada para superar obstáculos, motivar e educar seus funcionários. Trazendo-os, assim, mais próximos à realidade do ambiente empresarial, tornando-os autores e peças importantes da mudança. A comunicação, nos casos citados, foi importante para produzir confiança e credibilidade, mobilizando os funcionários, em todos níveis hierárquicos, para a adesão dos objetivos do negócio, inclusive por meio de estímulo e incentivos proporcionando qualidade e aperfeiçoamento no relacionamento interno entre os colaboradores. Isso permitiu que colhessem os frutos de um trabalho que com certeza não foi fácil de ser implantado, pois, mudanças nem sempre são bem aceitas, mas com criatividade e inovação alcançaram resultados satisfatórios, refletindo em maior produtividade, permitindo que a Vale, o McDonald's e a Renault se mantivessem e acompanhassem o crescimento do mercado competitivo. Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 145 Márcia Cecília Silva Passerini Considerações finais As empresas estão buscando na comunicação interna, ainda que timidamente, o equilíbrio, liderança e reconhecimento num mercado tão competitivo. Sem sombra de dúvidas, a comunicação e sua diversidade de meios deve fazer parte do repertório dos gestores para assim envolver e levar o comprometimento de todos, de todos os setores e níveis hierárquicos e isso significa que a comunicação não é destinada somente a um determinado público e sim para todos que fazem parte da organização. Como ferramenta estratégica a comunicação interna é um requisito para se alcançar a eficácia e contribuir com o sucesso de uma empresa, é um processo para obter os objetivos corporativos permitindo sair do presente para projetar o futuro, despertando nos envolvidos a confiança, onde valorizados se sintam motivados a colaborar com mudanças e transformações colocadas pela empresa. Diante desses pressupostos, pode-se concluir que para se comunicarem internamente as empresas precisam desejar essa ação, tornar a comunicação que já faz parte do cotidiano em algo necessário e assim torná-la útil e aprimorada para o desenvolvimento e gerenciamento de pessoas e do próprio negócio. Revista InterAtividade, Andradina, SP, v.1, n. 2, 2º sem. 2013 146 Márcia Cecília Silva Passerini Referências CHIAVENATO, Idalberto. Administração dos Novos Tempos. 2 ed. Campus, 1999. Rio de Janeiro: CAHEN, Roger. Comunicação Empresarial. São Paulo: Best Seller, 1990. CUREVELLO, João José Azevedo. Comunicação Interna e Cultura Organizacional. 2 ed. rev. e atual. Brasília: Casa das Musas, 2012. DRUCKER, Peter. Administrando o para o Futuro: Os anos 90 e a virada do século. São Paulo: Enio Mateus e Cia Ltda, 1992. INOVANDO na Comunicação. Vale e IBM: cases de sucesso em Comunicação Interna, 2011. 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