Características específicas de um transístor Para melhor se perceber o funcionamento de um transístor, torna-se essencial o estudo de algumas características importantes, de modo a que o seu comportamento possa ser entendido. Característica de Base Como será a curva representativa de IB em função de UBE? Assemelha-se à característica de um díodo vulgar, tal como se vê na figura 1. E porque não? Trata-se de um díodo emissor polarizado directamente, pelo que será de esperar que se veja a característica normal de um díodo com a corrente em função da tensão. Isto significa que se pode usar qualquer das aproximações dos díodos anteriormente analisadas. Com um díodo ideal será UBE = 0. Na segunda aproximação usa-se UBE = 0,7V. Usando o díodo ideal verifica-se, na maior parte das vezes, que a segunda aproximação corresponde ao melhor compromisso entre a rapidez de cálculo e a exactidão de aproximações superiores. Basta recordar que na segunda aproximação o valor de UBE é 0,7V, como mostra a Figura 1. Fig.1 – Curva característica de IB em função de VBE. Características de Colector Já se sabe como calcular a corrente de base aplicando a lei de ohm (Figura 2a). Como UBB polariza directamente o díodo emissor, basta determinar a corrente na resistência de base RB. Presta-se agora atenção ao anel do colector. Notas: Pode-se variar UBB e UCC para se ter diferentes tensões e correntes no transístor. Medindo IC e UCE obtêm-se os dados necessários ao traçado da curva característica de IC em função de UCE (Figura 2b). Fig.2 – a) Esquema básico do transístor; b) Característica de colector. Zonas de operação do transístor A característica da figura 2b) tem diferentes zonas de comportamento do transístor. A primeira é a zona média, com UCE entre 1V e 40V, que representa a operação normal do transístor. Nesta zona, o díodo emissor está polarizado directamente e o díodo colector encontra-se polarizado inversamente. Além disso, o colector recolhe quase todos os electrões que o emissor tinha enviado para a base. É por isso que as variações na tensão do colector não têm efeito na corrente do colector. Tal zona designa-se por Zona Activa. Graficamente, a zona activa preenche a parte horizontal da característica, o que significa que a corrente do colector é constante nessa zona. Notas: Outra zona de operação é a Zona de Disrupção. O transístor nunca opera nesta zona, porque seria danificado. Ao contrário do díodo Zener, que é optimizado para operar na disrupção, um transístor não tem operação na zona de disrupção. Ainda há a subida inicial da característica, com UCE a variar entre 0V e alguns décimos de volt. Esta parte da característica chama-se Zona de Saturação. Nesta zona, o díodo colector tem uma tensão positiva insuficiente para recolher todos os electrões livres injectados na base. Em tal zona, a corrente da base IB é maior que o valor normal e o ganho da corrente βdc é menor que o normal. Fig.3 – Família de características de colector. Se se medir IC e UCE para IB = 20µA, a representação gráfica corresponde à segunda curva da Figura 3. Esta característica é semelhante à anterior, salvo a corrente do colector que é de 2mA na zona activa. A corrente do colector aparece novamente constante na zona activa. A representação gráfica de várias características para diferentes correntes de base origina uma família de características de colector como as da Figura 3. A primeira curva característica de colector corresponde à 4ª zona de operação possível, onde a corrente de base é igual a zero, mas ainda existe uma pequena corrente de colector. Notas: Esta curva define a chamada zona de corte do transístor. Na Tabela 1 encontra-se um resumo dos modos de operação de um transístor, bem como alguns exemplos de aplicações práticas. Tabela 1 – Pontos de operação de um transístor. Ponto de operação de um transístor Cada circuito transistorizado tem uma recta de carga. Dado um circuito qualquer, determinam-se os valores da corrente de saturação e da tensão de corte. Depois, representam-se estes valores, respectivamente, nos eixos vertical e horizontal. Então, traça-se uma linha recta entre os dois pontos correspondentes e obtém-se a recta de carga (Figura 4). Fig.4 – Cálculo do ponto de funcionamento de um transístor. PFR indica o ponto de funcionamento em repouso. Notas: