Desenho de Páginas Web Desenho de Páginas Web Alguns aspectos de funcionalidade Manuel Meirinhos 2001 A bibliografia sobre o tema é bastante vasta e diversificada. Grande parte dessa bibliografia está relacionada com linguagens de programação para a Web, ou com tutorias de aplicações para desenho gráfico de páginas Web. Este documento não pretende abarcar toda a informação disponível sobre o tema, mas está mais dirigido para alguns aspectos a ter em atenção na organização, e estruturação de páginas Web agradáveis e funcionais. É difícil conseguir uma receita mágica capaz de assegurar que um Web site1 vá agradar a todos os utilizadores. Existem contudo, algumas orientações e princípios, que podem contribuir para a concepção de Web sites eficazes. Alguns dos aspectos a ter em conta especificam-se a seguir. 1 – Definição: 1.1 – Tema: identificação do assunto e da ideia principal do site. 1.2 – Objectivos: identificação da função que o site vai desempenhar. Pretende-se dar resposta a questão: para quê? Como em qualquer projecto temos de ter em mente determinados objectivos a atingir. 1.3 – Destinatários: Identificação e caracterização da "audiência" (utilizadores), que idade, que experiência possuem, porque razões podem visitar o site. Pretende-se dar resposta à questão: para quem? Deve fazer-se com que os visitantes da nossa página não se sintam defraudados, para tal a página deve conter conteúdo significativo. Temos de ter consciência que quem visita a nossa página, procura alguma informação. É fundamental que o visitante localize essa informação. Se a página não a possuir, deve orientar no sentido de ser localizada. 1 - Web site, é um espaço da rede, com uma localização administrada por uma pessoa ou entidade, que pode fornecer informação em várias linguagens de comunicação. Pode ser constituído por várias páginas Web, organizadas numa base de informação hipertexto/hipermedia. A página principal desse conjunto tem o nome de homepage. Neste Documento as designações de Página Pessoal e site são utilizadas com o mesmo significado que Web site. Manuel Meirinhos 1 Desenho de Páginas Web 2 – A estruturação da informação: A estrutura deve permitir visualizar de forma fácil e clara, os conteúdos de um conjunto de páginas Web. Uma estrutura deficiente, pode produzir no espectador a sensação de estar perdido e incapacidade de encontrar a informação procurada, o que conduzirá ao abandono da página. A estrutura deve dar uma ideia geral da organização da informação e consequentemente situar melhor os utilizadores. Uma boa estrutura, facilitar a navegação, porque requer menos esforço cognitivo e ajuda a uma melhor assimilação da informação. A estruturação da informação pode depender muito do conteúdo do site, das finalidades e do tipo de utilizadores (deficiências, experiência, etc.) São várias as estruturas para organização da apresentação. A seguir apresentam-se algumas: Linear: Este tipo de organização é a forma que tradicionalmente tem sido usada, desde as inscrições em pedra, até ao vídeo dos nossos dias. O hipertexto/hipermedia é intrinsecamente não linear, o que não é sinónimo de incapacidade para suportar a sequencialidade. A informação linear está organizada de forma a que, para ser recuperada, não necessita referências a si mesma ou outras informações externas. Só existem duas possibilidades de navegação: para a frente ou para trás (fig. 1). É perfeitamente fiável, mas monotonamente previsível, seguindo a lógica tradicional da transmissão da informação. Figura 1 Manuel Meirinhos 2 Desenho de Páginas Web Hierárquica Este tipo de estrutura é também bastante familiar. Esta estrutura simples é a base da classificação, da organização administrativa ou das árvores genealógicas. A organização do conteúdo, na base hipertexto faz-se de forma hierárquica, com a informação mais geral no topo, e a mais detalhada, em níveis mais baixos, submetida à mais geral (fig. 2). Todos os nós descendem de uma raiz comum. De cada nó podem sair múltiplas ligações para outros nós de nível inferior na hierarquia. Figura 2 A organização hierárquica resultante, ajuda o utilizador a criar um modelo mental coerente da base da informação. Estrela/radial Estas estruturas caracterizam-se por possuírem um nó central e principal, e um conjunto de nós ligados a este (fig. 3). A passagem de um nó a outro requer sempre o regresso ao "local central". Adapta-se a conteúdos, onde, por exemplo, existe um tópico principal, do qual fazem parte vários sub-tópicos. Ícones nesse nó principal, podem estabelecer ligações a conteúdos mais específicos desse assunto, regressando de novo ao local central para o estabelecimento de uma nova ligação. Manuel Meirinhos 3 Desenho de Páginas Web Figura 3 Rede A essência do hipertexto reside na liberdade deixada ao utilizador para seguir as ligações que desejar. Isto é, o utilizador tem um completo controlo sobre o seu caminho a seguir. Esta situação só é possível numa base de informação organizada em rede (fig 4), de navegação totalmente livre, a que Jonassen (1989), chamou de hipertexto não estruturado. Nesta rede, um nó está sempre ligado a todos os outros nós. Tudo pode ser ligado com tudo. Não existe por essa razão nenhuma estrutura conceptual geral. As associações não estão delimitadas por regras estritas como em outras estruturas. Figura 4 Manuel Meirinhos 4 Desenho de Páginas Web Composta O hipertexto/hipermedia em conjuntos de nós, ficando cada conjunto acessível a outro conjunto (fig. 5). Cada conjunto estará explicitamente organizado para representar em desenho a estrutura da informação. A estrutura geral é constituída por vário modelos conceptuais. Figura 5 Se a estrutura não tiver uma organização lógica, não é facilmente compreensível, o que consequentemente vai dificultar a formação de modelos mentais de representação da informação. A navegação livre, potencialmente mais expressiva, apresenta-se também potencialmente mais confusa (fig. 6). Ao aumentar a autonomia, aumenta também a possibilidade do utilizador se desorientar e sofrer sobrecarga cognitiva. Por outro lado, estruturas muito previsíveis, limitam a iniciativa do utilizador. Manuel Meirinhos 5 Desenho de Páginas Web Alta Capacidade Expressiva Grade Rede Baixa Capacidade Expressiva Árvore Sequencial Previsível Baixo risco Imprevisível Potencialmente confuso Alto risco Figura 6 3 – A Interface: O desenho visual da interface, descrevendo as ferramentas que o utilizador possui para aceder e navegar ao longo do documento hipermedia, consiste nos elementos gráficos, como a organização do ecrã, a apresentação da informação e os comandos do ecrã. A sua concepção deve obedecer a alguns princípios da comunicação visual, tendo em conta factores de percepção, legibilidade, unidade organizacional, códigos de cor e estruturas de acesso á informação. Conseguir assim, boas ideias para o desenho de interfaces é algo que se reveste de certa complexidade, pois são vários os aspectos a ter em conta. O que se pretende com uma boa interface é tornar a interacção do homem com o documento hipermedia, fácil, agradável, intuitiva, numa palavra – amigável -. Manuel Meirinhos 6 Desenho de Páginas Web A organização do ecrã: A estruturação da informação e a organização do ecrã é a chave para uma boa usabilidade e uma navegação mais fluida e consistente. A organização do ecrã requer a atenção de alguns princípios: - O ecrã deve conter informação sobre o conteúdo da página; - O ecrã deve conter informação sobre a localização do utilizador; - O ecrã não deve estar sobrecarregado com objectos; - Os objectos que se repetem devem ocupar a mesma posição relativa no ecrã; - Os ícones devem ser escolhidos de forma a fornecerem uma indicação clara da função que desempenham; - As zonas de informação devem aparecer sempre na mesma posição; - A informação na página deve estar reduzida ao essencial. Deve evitar-se a necessidade de recorrer às barras de rolagem, excepção para as páginas de documentos (artigos, por exemplo); - Evite páginas com imagens grandes e pesadas, que demorem em ser carregadas. A cor: É necessário entender o relacionamento entre as cores: - Para unificar um documento deverá usar a mesma cor, variando-a, tornando-a mais clara e escura. - Para criar harmonia deverá utilizar cores próximas (na roda das cores). - Para efeitos de contraste devem-se utilizar cores mais apagadas ou neutras em segundo plano e cores mais vivas no primeiro plano. devem evitar-se cores de fundo que sejam demasiado altas em brilho e saturação - As cores devem ser compatíveis. Não é muito aconselhável utilizar cores complementares como o azul/laranja, vermelho/verde. Manuel Meirinhos 7 Desenho de Páginas Web - Deve haver coerência na utilização das cores ao longo de toda a apresentação, isto é, se uma cor se utiliza com determinado significado, deve manter sempre esse valor conotativo. É necessário respeitar o princípio da uniformidade. O texto O texto da interface deve ser pensado em termos da sua uniformidade e legibilidade, de acordo com os princípios da percepção humana: - Se utilizamos determinadas características de texto para desempenhar uma função, essas características devem manter-se, sempre que o texto desempenha essa função; - Os parágrafos devem ser curtos e reduzidos à informação nuclear; - O texto em letra minúscula oferece melhores níveis de legibilidade; - quanto mais elaborado for o contorno da letra, mais difícil é a leitura; - Não é aconselhável muitos tipos de letra e tamanhos no mesmo ecrã. Procure evitar mais de 3 tipos de letra no mesmo ecrã; - Elementos de realce podem dirigir a atenção (negritos, texto de cor diferente, brilhos, texto animado, etc.). Mas não se deve abusar; - Um método de embelezamento é a utilização de uma letra grande no início de texto; - O espaço entre as palavras da mesma linha não deve ser muito grande; - Para facilitar a leitura de textos, deve pensar-se que a cor da escrita deve estar em contraste com o fundo. 4 – O sistema de navegação: Uma etapa importante na concepção do Web site é a concepção do sistema de navegação. É um componente da interface, muito dependente da estruturação da informação e é constituído por todas as ligações e hiperligações. É o sistema de Manuel Meirinhos 8 Desenho de Páginas Web navegação que permite mover-nos através das diferentes páginas, criando as condições e estilos de interactividade. Por isso deve ser dada grande importância. Os sistemas de navegação podem ser constituídos por: - Sequências utilizadas para ir para a página seguinte e anterior, também utilizadas pelos browsers; - Barras de navegação (botões ou menus), podendo ser constituídas por itens de texto, itens gráficos, ou as duas coisas. Contém apenas as ligações principais. As barras de navegação podem estar sempre presentes em todas as páginas, estar apenas na principal, ou nos níveis fundamentais. As barras ou menus não devem ser muito extensas, isto é, não devem possuir demasiadas opções. - Ligações de deslocação para o início e fim de página , no caso desta necessitar de barra de rolagem vertical. - Ligação de deslocação, em todas as páginas, para a página principal. Existem outras estruturas de navegação que se podem usar, como os índices, formulários de pesquisa, mapas ou esquemas do site, que podem ser utilizadas para que o utilizador recupere rapidamente a informação e não se desoriente no site. Depois de concebido o sistema de navegação, devem ser testados todas as ligações e verificar se funcionam como se esperava. Verifique que todas as ligações fazem sentido, isto é existem por uma razão lógica. Não coloque ligações que conduzam a mensagens de erro (404 File Not Found). Evite estabelecer ligações que conduzam a páginas em construção. Não coloque a página na Internet sem tudo estar funcional. Deve convidar-se alguém, outra pessoa (ou pessoas) para fazer o teste da funcionalidade, verificar as dificuldades encontradas, a correcção ortográfica, e se tudo funcionar correctamente considera-se o Web site validado. Manuel Meirinhos 9 Desenho de Páginas Web Bibliografia: Fernández-Coca, A. (1998): Producción y diseño gráfico para la World Wide Web. Paidos. Barcelona. Guia de estilo http://www.webestilo.com/ McClelland, D. et al (2001): Diseño de páginas Web. Anaya Multimedia. Madrid Meirinhos, M: (1995): Estruturação de Ambientes Educativos Hipermedia (Tese de Mestrado, não publicada). Muñoz, A. (2000): Diseño ergonómico de aplicaciones hipermedia. Paidos barcelona. Patrick J. Lynch, Sarah Horton. (1999): Web Style Guide. http://www.info.med.yale.edu/caim/manual/contents.html Manuel Meirinhos 10