FACULDADE ASSIS GURGACZ INFECÇÃO URINÁRIA: ETIOLOGIA E PERFIL DE SENSIBILIDADE ANTIMICROBIANA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS CASCAVEL 2015 KAMILA SANTOS OTANI INFECÇÃO URINÁRIA: ETIOLOGIA E PERFIL DE SENSIBILIDADE ANTIMICROBIANA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito de avaliação da disciplina de TCC II do curso de Farmácia da Faculdade Assis Gurgacz. Prof. Orientador: Claudinei Mesquita da Silva Profa. Co-Orientadora:Leyde Peder CASCAVEL 2015 D. de KAMILA SANTOS OTANI INFECÇÃO URINÁRIA: ETIOLOGIA E PERFIL DE SENSIBILIDADE ANTIMICROBIANA EM PACIENTES HOSPITALIZADOS Trabalho apresentado no Curso de Farmácia da FAG, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia, sob a orientação do Professor Claudinei Mesquita da Silva. BANCA EXAMINADORA _______________________________ Claudinei Mesquita da Silva - Mestre em Ciências- UNIFESP _______________________________ Emerson da Silva Machado – Especialista em Ciências da Saúde -UEM _______________________________ Jacqueline Godinho – Mestre em Ciências Farmacêuticas-UEM Cascavel, 20de Junho de 2015 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu Esposo Emerson Biava, e aos meus pais Marlene e Agenor Otani peloapoio e incentivo e compreensão de mais uma etapa em minha vida. A vocês destino esta conquista. SUMÁRIO 1. REVISÃO DA LITERATURA.................................................................. 06 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 19 2. ARTIGO....................................................................................................... 23 REFERÊNCIAS................................................................................................ 36 ANEXO 1 – NORMAS DA REVISTA UNICESUMAR - REVISTA DE SAÚDE E PESQUISA....................................................................................................... 38 1. REVISÃO DE LITERATURA 1.1 SISTEMA RENAL O sistema urinário, responsável pela produção, coleta e eliminação da urinaestá localizado no espaço retroperitonial, de cada lado da coluna vertebral dorsolombar. É constituído pelos rins direito e esquerdo, a pelve renal, que recebe os coletores de urina do parênquima renal, os uretéres, a bexiga e a uretra (SOUZA & ELIAS, 2006). O sistema renal normalmente é composto por dois rins presentes na região lombar. Cada rim dispõe de um ureter, que drena a urina da área coletora central do rim (pelve renal) para a bexiga. Da bexiga, a urina drena através da uretra e é eliminada do organismo (Figura 1) (BAILet al, 2006). FONTE: http://biologia.ifsc.usp.br/bio2/apostila/apost-fisiol-parte5.pdf Em pessoas saudáveis, a urina presente na bexiga é estéril. A mesma não apresenta bactérias ou qualquer outro microrganismo infeccioso. A uretra, canal que conduz a urina da bexiga para fora do corpo, não contém microrganismos infecciosos ou contém uma quantidade insuficiente para causar uma infecção. No entanto, qualquer parte do trato urinário pode tornarse infectada. Essas infecções são classificadas dependendo do local de acometimento do sistema urinário, como infecções do trato urinário inferior ou do trato urinário superior. Inferior refere-se a infecções da uretra ou da bexiga e superior refere-se a infecções dos rins ou dos uretéres (TORTORA, 2012). 7 A principal função dos rins é filtrar os produtos da degradação metabólica e o excesso de sódio e de água do sangue a fimde auxiliar na sua eliminação do organismo. Estes também ajudam a regular a pressão arterial e a produção de eritrócitos (glóbulos vermelhos) (MAZILI, 2011). São muitas as funções atribuídas ao rim, entre elas destacamos a regulação do volume e composição do sangue, regulação da pressão arterial, contribuição para o metabolismo (gliconeogênese, secreção de eritropoietina e participação na síntese de vitamina D), participação da formação do sistema renina-angiotensina periférico, para posterior conversão em Angiotensina I e II que auxilia na formação de Aldosterona, o transporte, armazenamento e eliminação da urina, que é o produto final do intenso trabalho da depuração sanguínea. Cabe enfatizar que qualquer deformação ou desequilíbrio no funcionamento das estruturas pré, intra e pós-renais, podem desencadear sérios problemas renais, cardíacos, vasculares, hemodinâmicos e cerebrais, que se não forem diagnosticados e tratados a tempo podem se tornar irreversíveis, dificultando a qualidade de vida caso estes indivíduos venham a apresentar alguma nefropatologia (MORAES & COLICIGNO, 2007). Cada rim contém cerca de um milhão de unidades filtradoras (néfrons). O néfron é constituído por uma estrutura redonda e oca (cápsula de Bowman), que contém uma rede de vasos sanguíneos (glomérulo). O conjunto dessas duas estruturas é denominado corpúsculo renal (Figura 2) (BEERS et al, 2010). 8 Figura 2. Rim e unidades filtradoras (LUIZ EDUARDO. Biologia integrada. São Paulo. Ed. FTD, 2002). O sangue entra no glomérulo com uma alta pressão. Muito da porção líquida do sangue é filtrada por pequenos poros das paredes dos vasos sanguíneos do glomérulo e da camada interna da cápsula de Bowman, deixando para trás células sanguíneas e a maioria das moléculas grandes (p.ex., proteínas). O líquido filtrado e transparente (filtrado) penetra no espaço de Bowman (área localizada entre as camadas interna e externa da cápsula de Bowman) e passa para o interior do tubo que sai da mesma. Na primeira parte do tubo (túbulo contornado proximal), a maior parte do sódio, da água, da glicose e de outras substâncias filtradas é reabsorvida e, em última instância, retorna ao sangue. O rim também consome energia para mobilizar algumas moléculas grandes, incluindo drogas como a penicilina (mas não as proteínas), para o interior do túbulo. Mesmo sendo grandes para passar através dos poros do filtro glomerular, essas moléculas são excretadas na urina (TORTORA, 2012). A parte seguinte do néfron é a alça de Henle. À medida que o líquido passa pela alça de Henle, o sódio e vários outros eletrólitos são bombeados para o interior do rim e o restante torna-se cada vez mais diluído. O líquido diluído avança até a próxima parte do néfron (túbulo contornado distal), onde mais sódio é bombeado para fora, sendo trocado por potássio (BRUNTON,2012). O líquido de vários néfrons passa para o interior de um ducto coletor. Nos ductos coletores, o líquido pode continuar através do rim como urina diluída ou a água pode ser absorvida da urina e retornar ao sangue, tornando a urina mais concentrada. Os hormônios que afetam a função renal controlam a concentração da urina de acordo com a sua necessidade de água (BRUNTON, 2012). A urina formada nos rins flui através dos uretéres até a bexiga, mas ela não flui passivamente como a água através de um cano. Os uretéres são tubos musculares que empurram cada pequena quantidade de urina através de 9 ondas de contração. Na bexiga, o ureter passa através de um esfíncter, uma estrutura muscular circular que se abre e permite a passagem da urina e, em seguida, fecha hermeticamente, como o diafragma de uma câmera fotográfica (DRAKE, 2011). À medida que a urina chega regularmente de cada ureter, ela vai se acumulando na bexiga. A bexiga, que é expansível, aumenta gradualmente de tamanho para acomodar o volume crescente de urina. Quando a bexiga finalmente enche, estímulos nervosos são enviados ao cérebro, transmitindo a necessidade de urinar. Durante a micção, ocorre a abertura de um outro esfíncter, localizado entre a bexiga e a uretra (na saída da bexiga), permitindo que a urina flua. Simultaneamente, a parede da bexiga contrai, criando uma pressão que força a urina a fluir através da uretra. A contração dos músculos da parede abdominal aumenta essa pressão. Os esfíncteres, através dos quais os ureteres entram na bexiga, permanecem hermeticamente fechados, evitando o refluxo da urina para o interior dos ureteres (DRAKE, 2011). 1.2 EPIDEMIOLOGIA A infecção do trato urinário é bacteriana mais frequente e corresponde por grande procura aos serviços de emergência, representando 1,2% das consultas de mulheres e 0,6% das consultas de homens nos EUA. (SCHAPPERT,1997). A prevalência total de ITU em mulheres é de 3,5%, aumentado de forma linear com a idade. Aproximadamente 30% das mulheres terão uma ITU sintomática, necessitando tratamento com antibiótico até os 24 anos de idade, e por volta de a metade das mulheres vai apresentar ao menos um episódio de ITU ao longa da vida. Além disso, 25% das mulheres que apresentam cistite bacteriana evoluem com quadro de cistite recorrente (EVANS et al., 1978). A presença de bacteriúria é mais comum após os 65 anos de idade, com uma incidência de 10% entre homens e de 20% entre as mulheres (BOSCIA, 1987). 10 A quase totalidade dos micro-organismos que infectam o trato urinário derivam principalmente da flora intestinal. A Escherichia coli, uma bactéria gramnegativa, é responsável por cerca de 85% dos casos de infecção urinária adquirida na comunidade e 50% das infecções hospitalares. Por outro lado, em pacientes institucionalizados ou com doenças associadas existem uma distribuição mais equitativadas diferentes enterobactérias, com aumento da prevalência de Pseudomonas infecções sp., causadas por Enterobacter sp. e Klebsiella por sp., Proteus gram-positivos, sp., como o Enterococcus sp., e o Staphylococcus saprophyticus. Este último coloniza a mucosa vaginal, sendo causa comum de infecção em mulheres jovens com vida sexual ativa, em uso de contracepção oral ou agentes tópicos espermicidas, que são reconhecidos fatores de risco de infecção urinária. De maneira incomum outros patógenos podem causar ITU como micobactérias, anaeróbios e fungos, sendo estes últimos encontrados em pacientes cateterizados ou com imunossupressão.(MAZILI et al, 2011). 1.3 AGENTES ETIOLÓGICOS Existem três vias de disseminação para os agentes etiológicos causadores de ITUs. A via ascendente, a via hematogênica e a via linfática. A principal via de infecção do trato urinário é a via ascendente, e, as bactérias patogênicas encontram facilidades especiais no sexo feminino, já que as bactérias colonizadoras do introito vaginal e periuretral estão bastante próximas da uretra (PIRES et al, 2007). A uretra feminina possui menor comprimento o que facilita a ascensão de bactérias como E. coli. A via hematogênica é uma via menos importante de infecção, entretanto, assume importância especial nos casos de sepse, condição na qual as bactérias (S. Aureus, Mycobacterium tuberculosis e Histoplasma spp.) atingem o parênquima renal. A via linfática é demonstrada experimentalmente através de conexões linfáticas existentes entre os uretéres e os rins (PIRES et al, 2007). As infecções do trato urinário são resultado da interação entre os patógenos e o hospedeiro. Para a ocorrência da infecção do trato urinário é necessária uma combinação entre fatores inerentes ao patógeno, como alta 11 virulência, associados a déficits nos mecanismos de defesa do hospedeiro (MAZILI et al, 2011). A maior parte dos patógenos tem reservatório no trato gastrointestinal e acabam colonizando o períneo. Estas bactérias possuem fímbrias ou pilis capazes de aderir ao urotélio, facilitando sua ascendência pela uretra. Não há necessidade da existência de refluxo vesico ureteral para a colonização do trato urinário superior; fatores relacionados a cistite como edema da mucosa vesical são suficientes para a ocorrência de passagem de bactérias ao ureter. Fatores que alterem a peristalse ureteral também podem contribuir para a infecção do trato urinário superior, como gravidez, cálculos ureterais ou mesmo toxinas produzidas por bactérias gram-negativas (MAZILI et al, 2011). Os agentes etiológicos mais freqüentemente envolvidos com ITU adquirida na comunidade são, em ordem de frequência: a Escherichia coli, o Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteus e de Klebsiella e o Enterococcusfaecalis.(BISHARA, 2007). A E. coli, sozinha, responsabiliza-se por 70% a 85% das infecções do trato urinário adquiridas na comunidade, e por 50% a 60% em pacientes idosos admitidos em instituições. Contudo, quando a ITU é adquirida no hospital, em paciente internado, os agentes etiológicos estão diversificados, predominando as enterobactérias, com redução na frequência de E. coli (embora ainda permaneça habitualmente como a primeira causa), e um crescimento de Proteus sp, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella sp, Enterobactersp, Enterococcusfaecalis. (BISHARA, 2007). 1.4 INFECÇÃO URINÁRIA A infecção do trato urinário é uma das infecções bacterianas mais incidentes no adulto, podendo envolver tanto o trato urinário baixo quanto o alto ou ainda ambos. Mais de 50% das mulheres apresentarão um episódio de infecção do trato urinário durante a vida. Aproximadamente 15% das mulheres desenvolvem infecções do trato urinário a cada ano e pelo menos 25% terão uma ou mais recorrências. (CAR, 2006). Outras enterobactérias, como Proteus mirabilis e Klebsiella pneumoniae, contam com aproximadamente 4% dos casos. Dentre as bactérias Gram- 12 positivas, são mais frequentes o Staphylococcus saprophyticus, o estreptococos β-hemolítico do Grupo B e o Enterococcus faecalis (NABER et al, 2008). As Infecções do Trato Urinário (ITUs) equivalem ao crescimento e multiplicação de bactérias dentro do trato urinário provocando lesões de graus variáveis. Essas infecções podem ser agrupadas em quatro entidades clínicas diferentes, de acordo com a localização anatômica do agravo, mantendo, todavia, relações entre elas: bacteriúria assintomática, uretrite, cistite e pielonefrite (DUARTE et al., 2008). A infecção urinária caracteriza-se pela presença de agentes infecciosos e invasão dos tecidos urinários, sendo classificada segundo sua localização em infecção urinária baixa e alta (SMAILL, 2011). A bacteriúria assintomática é definida como o isolamento de bactérias na urina em quantidade maior ou igual a 105 unidades formadoras de colônias por mililitros (UFC/mL), sem sinais ou sintomas locais ou sistêmicos de infecção. Entre mulheres, gestantes ou não, sua prevalência é de 2 a 10%, e encontra-se associada ao nível socio-econômico, história de infecção urinária recorrente, diabetes e anormalidades anatômicas do sistema urinário (SMAILL, 2011). O exame mais utilizado para o diagnóstico de bacteriúria e infecção urinária é o exame simples de urina, também conhecido como sumário de urina e urinálise. Neste, analisa-se a urina quanto a cor, densidade, aspecto, presença de leucócitos, bactérias, sangue, glicose, urobilinogênio, bilirrubina, proteínas, nitrito e sedimentos urinários. Para um diagnóstico provável, a literatura sugere que a presença de leucócitos, hemácias e nitrito são bons indicativos de infecção urinária. Entretanto, esses elementos são apenas sinais indiretos de inflamação, não sendo precisos para o diagnóstico definitivo de bacteriúria significativa. Para a confirmação de infecção urinária exige-se a cultura de urina, na qual o patógeno em crescimento é isolado e quantificado (FEITOSA et al, 2009). A infecção do trato urinário é uma patologia frequente, que ocorre em todas as idades, do neonato ao idoso, mas durante o primeiro ano de vida é mais frequente, devido ao maior número de malformações congênitas, especialmente válvula de uretra posterior; acomete preferencialmente o sexo masculino. A partir deste período, durante toda a infância e principalmente na 13 fase pré-escolar, as meninas são acometidas por ITU 10 a 20 vezes mais, do que os meninos (FEITOSA et al, 2009). Na vida adulta, a ocorrência de ITU se eleva e o predomínio no sexo feminino se mantém, com picos de maior acometimento no início ou relacionado à atividade sexual, durante a gestação ou na menopausa, de forma que 48% das mulheres apresentam pelo menos um episódio de ITU ao longo da vida. Na mulher, a susceptibilidade à ITU se deve à uretra mais curta e a maior proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e uretra. No homem, o maior comprimento uretral, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático são protetores. O papel da circuncisão é controverso, mas a menor ligação de enterobactérias à mucosa do prepúcio pode exercer proteção contra ITU. A partir da 5ª a 6ª década, a presença do prostatismo torna o homem mais suscetível à ITU (NICOLLE, 2001). A frequência das bactérias causadoras de ITU varia na dependência de onde foi adquirida a infecção, intra ou extra-hospitalar e também difere em cada ambiente hospitalar considerado. Os maiores responsáveis pela ITU em ambiente hospitalar, são as bactériasgram-negativos entéricos, como já citado a E. coli, que é o mais frequente, seguido dos demais gram-negativos como Klebsiella sp, Enterobacter sp, Acinetobacter sp, Proteus sp, Pseudomonas sp, etc. Além destes, o Staphylococcus saprophyticus, um germe gram-positivo, tem sido apontado como segunda causa mais frequente de ITU não complicada. (NICOLLE, 2001). A pesquisa de ITU por S. saprophyticus é por vezes difícil, pelo fato de apresentar um crescimento muito lento em urocultura, e também porque este agente pode ser confundido com outro Estafilococos coagulase e DNAsenegativo, saprófita da flora comensal do trato urinário, mucosas e pele, como o Staphylococcus epidermidis. O que o diferencia deste último é a resistência ao antibiótico Novobiocina e ao Ácido Nalidíxico. Nas ITU complicadas, a incidência de Pseudomonas sp é maior e de gram-positivos resistentes como Enterococcus sp (NICOLLE, 2001). 1.4 DIAGNOSTICO LABORATORIAL 14 A infecção urinária é evidenciada pelo crescimento bacteriano de pelo menos 105 unidades formadoras de colônias por ml de urina (100.000 ufc/ml) colhida em jato médio e de maneira asséptica. Em determinadas circunstâncias (paciente idoso, infecção crônica, uso de antimicrobianos) pode ser valorizado crescimento bacteriano igual ou acima de 104 colônias (10.000 ufc/ml). (LOPES & TAVARES, 2005). A bacteriúria assintomática é definida como a presença de, no mínimo, 105 colônias/ml da mesma bactéria em pelo menos duas amostras de urina em paciente, habitualmente mulher, que não apresenta os sintomas de infecção urinária habituais. 1. Exame de urina I com sedimento urinário. Esta analise fornece quando associado à anamnese e ao quadro clínico, os dados que praticamente confirmam o diagnóstico de ITU: presença de piúria (leucocitúria), de hematúria e de bacteriúria. Os valores encontrados são, habitualmente, proporcionais à intensidade da infecção. (WARREN, 1999). 2. Urocultura. A cultura de urina quantitativa, avaliada em amostra de urina colhida assepticamente, jato médio, poderá fornecer, na maioria dos casos, o agente etiológico causador da infecção e trazer aporte para a conduta terapêutica. Sua importância crescerá quando, diante de falha da terapia empírica, possibilitará a realização do teste de sensibilidade in vitro (antibiograma) que orientará uma nova conduta terapêutica. Um fator limitante à importância da cultura de urina é a demora habitualmente exigida para a obtenção do seu resultado. Na grande maioria das vezes, a paciente com cistite não complicada, tratada empiricamente, já está clínica ou mesmo microbiologicamente curada quando o resultado da cultura é fornecido; nestas situações este exame torna-se inútil, além de dispendioso. (WARREN, 1999). 3. Teste de sensibilidade in vitro a antimicrobianos (TSA). O antibiograma, como é habitualmente reconhecido este exame, atua complementarmente à cultura de urina. Na rotina das cistites não complicadas, sua serventia é pequena, haja vista a predominância maciça e resolutiva da terapia empírica. No entanto, naqueles casos em que ocorre falha desse tipo de terapia, nas pielonefrites e nas infecções urinárias hospitalares, a presença do antibiograma é de grande utilidade. Igualmente sua importância cresce nas cistites complicadas, quando o risco de insucesso da terapia empírica aumenta. O 15 antibiograma fornecerá os antimicrobianos potencialmente úteis a serem prescritos.(HOOTON, 1997). 4. Hemocultura. Este exame não tem nenhum valor em pacientes com cistite. Entretanto, diante de um quadro de pielonefrite, tornasse potencialmente valioso; sua positividade, nesta infecção, situa-se entre 25% a 60% e, além da informação do agente etiológico (nem sempre identificável na urocultura), indica para o risco de uma sepse, sugerindo uma potencial gravidade. (HOOTON, 1997). 5. Exames de imagem. A ultra-sonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética têm indicação restrita àqueles casos de cistite/pielonefrite não resolvidos com terapia empírica; assumem maior importância para o diagnóstico de complicações e, também, para evidenciar alterações estruturais e/ou funcionais do sistema urinário.(HOOTON, 1997). 1.5 RESISTENCIA ANTIMICROBIANA A resistência bacteriana a antimicrobianos tem sido largamente registrada na literatura como um importante problema nas unidades de terapia intensiva em âmbito mundial. Atualmente, 10 anos depois, drogas anteriormente efetivas são altamente inúteis na batalha para conter a disseminação dos microrganismos (Vincent, 2003). Assim a emergência de cepas microbianas com variáveis e crescentes níveis de resistência aos antimicrobianos tem sido objeto de preocupação. (ARNOLD, 1996). Alguns estudos têm sido realizados com o intuito de caracterizar a resistência e estabelecer fatores de risco para sua ocorrência. O fenômeno é complexo e tem múltiplas causas, algumas já bem determinadas, outras ainda a serem esclarecidas. Dentre os fenômenos que estão definitivamente vinculados à emergência de resistência está o uso abusivo e indiscriminado de drogas antimicrobianas. Elas representam hoje um terço das prescrições médicas; dois terços das prescrições de antimicrobianos em pediatria restringem-se a cinco afecções do trato respiratório – otites, sinusites, faringoamigdalites, bronquites e pneumonias. Apesar de inúmeros trabalhos na literatura internacional terem demonstrado o pouco ou nenhum benefício do 16 uso de antimicrobianos para muitas dessas morbidades, essa continua sendo uma prática comum nas diversas modalidades de atendimento ambulatorial. (MACFARLANE, 1993) O surgimento de bactérias resistentes a antibióticos pode ser considerado como uma manifestação natural regida pelo princípio evolutivo da adaptação genética de organismos a mudanças no seu meio ambiente. Como o tempo de duplicação das bactérias pode ser de apenas 20 min, existe a possibilidade de serem produzidas muitas gerações em apenas algumas horas, havendo, portanto, inúmeras oportunidades para uma adaptação evolutiva (SILVEIRA et al., 2006). A associação entre o uso de antimicrobianos e o desenvolvimento de resistência bacteriana é conhecida desde a introdução da penicilina, tendo sido, a partir de então, sistematicamente confirmada após o lançamento de diversos representantes de cada uma das diferentes classes farmacológicas (GOTTESMAN, 2009). O período necessário para a ocorrência desse fenômeno mostrou-se surpreendentemente curto para muitos fármacos, enfatizando a imensa capacidade de adaptação dos micro-organismos a ambientes hostis, artificialmente criados pelo homem (PATERSON & BONOMO, 2005). Embora essas observações devessem intuitivamente soar como um sinal de alerta para a necessidade de se promover emprego terapêutico mais racional desses insumos, o que tem ocorrido, na verdade, é exatamente o oposto. Em alguns países, antimicrobianos são utilizados sem receita médica em até dois terços das ocasiões. Mesmo quando formalmente prescritos, sua indicação pode ser desnecessária em até 50% dos casos (WANNMACHER, 2004). 1.6 TRATAMENTO Desde a introdução das sulfonamidas na década de 1940, os antimicrobianos são utilizados para tratar ITU, porém o tratamento desta infecção tem sido dificultada pelo surgimento da resistência aos antibióticos mais usados, tornando-se necessária a evolução gradual na utilização de antibióticos para tratar infecções do trato urinário (GUNEYSEL et al., 2009). 17 Até 1990, beta-lactâmicos foram amplamente prescritos na terapia para ITU, mas as altas taxas de resistência de Escherichia coli contra este grupo de antibióticos, normalmente resultante de expressão de betalactamase, alertou para utilização de sulfametoxazol/ trimetoprim (SMX /TMP), que foram posteriormente considerado o tratamento de primeira linha para estas infecções. Atualmente, a utilização de sulfametoxazol/ trimetoprim élimitado, devido ao aumento da resistência que pode estar relacionado ao seu uso excessivo (GUNEYSEL et al., 2009). O teste de suscetibilidade aos antimicrobianos é uma das provas mais importantes do laboratório de microbiologia clínica, pois avalia a suscetibilidade dos microrganismos contra diferentes agentes antimicrobianos. Os resultados desses testes influenciam diretamente na escolha da terapêutica antimicrobiana (SEJAS et al., 2003). O desenvolvimento da resistência bacteriana pode ser diminuído, evitando o uso indiscriminado de antimicrobianos (CHAVES et al., 2003). Inúmeros métodos laboratoriais podem ser utilizados para medir a sensibilidade in vitro das bactérias aos agentes antimicrobianos. Em muitos laboratórios de microbiologia clínica, utiliza-se rotineiramente o método de discodifusão em ágar para testar os patógenos mais comuns, de crescimento rápido e determinadas bactérias fastidiosas (NCCLS, 2003). Os testes de disco-difusão baseados apenas na presença ou ausência de um halo de inibição, sem consideração do tamanho do halo, não são aceitáveis. Só podem ser obtidos resultados confiáveis com testes de discodifusão que usam o princípio de metodologia padronizada e medidas do diâmetro do halo de inibição correlacionados às concentrações inibitórias mínimas (CIMs) com cepas reconhecidamente sensíveis e resistentes a diversos agentes antimicrobianos (NCCLS, 2003). Em 2001, estudo mostrou que os fatores de risco para aquisição de ITU com Escherichia coli resistente a ciprofloxacino foram uso de ciprofloxacino, uso prévio de fluoroquinolonas, uso prévio de qualquer antimicrobiano, ITU recorrente. (MAZILI, et al 2011). Nos Estados Unidos, de 1998 a 2001, Karlowsky e cols. encontraram taxas de resistência em E. coli isoladas de urina de 38%, 17,5% e 2,3% para ampicilina, SMX-TMP e ciprofloxacino, respectivamente. O estudo também mostrou que 18 9,5% e 4,7% das cepas de E. coli resistentes ao SMX-TMP e ampicilina também se mostraram resistentes ao ciprofloxacino. Em estudo anterior foi demonstrado que entre ampicilina, nitrofurantoína, SMX-TMP e ciprofloxacino, somente o último possui taxas de resistência que vem aumentando anualmente.(MAZILI, et al 2011). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNOLD K. Risk factors for carriage of drug-ressistant Streptococcus pneumoniae among 1996;128:757-64 children in Menphis,Tennessee. J Pediatr 19 BAIL, L.; ITO, C. A. S.; ESMERINO, L. A. Infecção do trato urinário: comparação entre o perfil de susceptibilidade e a terapia empírica com antimicrobianos. RBAC, vol. 38(1): 51-56, 2006. BEERS et al ,2010http://mmspf.msdonline.com.br/pacientes/manual_merck/ secao_11/cap_122.html BISHARA J , L LEIBOVICI , HUMINER D , DRUCKER M , Z SAMRA , KONISBERGER H , ET AL . Cinco anos de estudo prospectivo de infecção do trato urinário bacteremia em uma única instituição . 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ARTIGO 23 INFECÇÃO URINÁRIA: ETIOLOGIA E PERFIL DE SENSIBILIDADE ANTIMICROBIANA EM HOSPITAIS PRIVADOS NA CIDADE DE CASCAVELPR Kamila Santos Otani1, Leyde Dayane de Peder2, Claudinei Mesquita da Silva3 1 Discente do Curso de Farmácia, Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Cascavel–PR 2 Docente Mestre do Curso de Farmácia, Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Cascavel– PR 3 Docente Mestre do Curso de Farmácia, Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Cascavel– PR Endereço para correspondência: Rua Paraná, 6117, Apto 34, Coqueiral, 85.807-040, Cascavel – PR. E-mail: [email protected] RESUMO Introdução: A infecção do trato urinário (ITU) é uma das infecções mais frequentes nos Serviços de Saúde, principalmente hospitais, possuindo etiologia variável. A severidade e recorrência das ITU está diretamente relacionado ao tipo e virulência do microrganismo invasor. Objetivos: Determinar a prevalência bacteriana em seis hospitais privados na cidade de Cascavel– PR, bem como verificar a sensibilidade dos microrganismos aos antibióticos disponíveis para a terapia. Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, com análises de laudos laboratoriais de pacientes submetidos a urinocultura, internados em hospitais privados na cidade de Cascavel- PR,no período 1° de janeiro de 2012 a 31 de dezembro de 2014. Resultados e discussões: Neste período, foram analisados 6865laudos de pacientes submetidos a urinocultura nos seis hospitais analisados, onde constatou-se a presença de Escherichia coli, Staphylococcus saprophyticus, Klebsiella spp., Enterobacter spp.,Proteus spp., Citrobacter spp., Serratia spp., Enterococcus spp., Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumanniieMorganella morganni como as mais prevalentes. A Escherichia coli, de todas as bactérias, foi a bactéria mais prevalente em todos os hospitais analisados. A sensibilidade a antimicrobianos foi considerada somente 100 % para os carbapenêmicos.Conclusão:Baseado nos resultados obtidos, concluiu-se que aEscherichia coli foi o principal agente etiológico das ITU nos hospitais privados na cidade de Cascavel-PR, e o sexo feminino foi o mais acometido. As taxas de resistência antimicrobiana comparada com o perfil de sensibilidade são relativamente altas. Quando o tratamento, é primordial o conhecimento do agente infeccioso e seu perfil de sensibilidade, antes de optar por antibióticos de espectro estendido. Palavras chaves: Infecção;Antimicrobianos; Hospitais. ABSTRACT Introduction: Urinary tract infection (UTI) is one of the most common infections in health services, especially hospitals, possessing variable etiology. The 24 severity and recurrence of UTI is directly related to the type and virulence of the invading organism. Objectives: To determine the bacterial prevalence in six private hospitals in the city of Cascavel- PR and determining the sensitivity of microorganisms to antibiotics available for therapy. Methods: This was a retrospective study, with laboratory analyzes reports of patients undergoing urine culture, admitted to private hospitals in the city of Cascavel- PR in the period 1 January 2012 to 31 December 2014. Results and discussion: In this period we were analyzed 6865 reports of patients undergoing urine culture analyzed within six hospitals, where it was found the presence of Escherichia coli, Staphylococcus saprophyticus, Klebsiellaspp, Enterobacterspp, Proteus spp, Citrobacterspp, Serratia spp., Enterococcus spp., Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacterbaumannii and Morganellamorganni as the most prevalent. Escherichia coli, bacteria of all was the most common bacteria in all hospitals analyzed. The antimicrobial susceptibility was considered only 100% for carbapenems. Conclusion: Based on these results, it was concluded that the Escherichia coli was the main agent of the ITU in private hospitals in the city of Cascavel, PR, and the female was the most affected. The antimicrobial resistance rates compared to the sensitivity profile are relatively high. When treatment is primordial knowledge of the infectious agent and its sensitivity profile, before opting for extended-spectrum antibiotics. Keywords:infection; antimicrobials; Hospitals. INTRODUÇÃO Infecção hospitalar é um sério problema de saúde pública, responsável pelo aumento da morbidade e mortalidade, bem como do período de internação, elevando substancialmente os custos assistenciais11. A Infecção do Trato Urinário (ITU) esta entre as principais causas de infecção nosocomial e a presença de catéter urinário é a principal fator de risco para esses pacientes hospitalizados. Outros fatores de risco associados a bacteriúria em pacientes cateterizados incluem: duração do procedimento, tipo de cateterização e do sistema de drenagem, terapia antimicrobiana, severidade do quadro que induziu a internação e doença de base4,5. Em infecções comunitárias, Escherichia coli é o agente mais frequente, seguido por Staphylococcus saprophyticus, Klebsiella spp., Enterobacter spp. e Proteus spp. De maneira similar, as bacteriúrias hospitalares são causadas em sua maioria, por microrganismos de origem endógena podendo também ser originadas por microrganismos do ambiente hospitalar1. Dentre os agentes mais comuns de bacteriúrias hospitalares estão E. coli, K. pneumoniae, 25 Enterobacter spp., Citrobacter spp., Serratia spp., Providencia spp. e Enterococcus spp., sendo E. coli o mais frequente7. O conhecimento do agente etiológico e da sensibilidade antimicrobiana é importante na decisão da terapia inicial. Uropatógenos como Proteus mirabilis e Staphylococcus saprophyticus podem também ser agentes etiológicos frequentes em determinadas faixas etárias e sexo. O conhecimento da prevalência destes agentes é fundamental na escolha da terapia antimicrobiana, pois podem ter perfil de sensibilidade muito diferente de Escherichia coli, que é um dos principais agentes causadores de ITU6. O conhecimento da prevalência dos principais agentes etiológicos da ITU e o perfil de sensibilidade antimicrobiana desses agentes são fundamentais na escolha do antimicrobiano empírico inicial. Com isso, o objetivo do estudo foi estabelecer o perfil etiológico em urinocultura realizadas em seis hospitais privados da cidade de Cascavel – PR, bem como verificar a sensibilidade dos microrganismos aos antibióticos disponíveis para terapia. MATERIAIS E MÉTODOS A pesquisa foi realizada a partir da análise de laudos laboratoriais de urinoculturas, realizadas por um Laboratório de Análises Clínicas privado no município de Cascavel – PR, de pacientes internados em hospitais privados do mesmo município, no período de janeiro de 2012 a dezembro de 2014. A coleta de dados consistiu em dois momentos. No primeiro, junto ao laboratório, na qual quantificaram-se as amostras de urinas positivas realizadas no período determinado e seus resultados foram avaliados. Após detecção dos exame, fez-se então análise das ordem de serviços positivas através do perfil de sensibilidade antimicrobiana para quantificação e explicação dos dados. Na segunda ação, os laudos foram todos analisados para o perfil etiológico das bactérias e seu perfil de sensibilidade. Após o término de todas as análises, os dados coletados foram tabulados e analisados estatisticamente para posterior publicação através do software Microsoft Office Excel® 2013 no Laboratório de Análises Clínicas da FAG. O estudo foi iniciado após a aprovação pelo Comitê de Ética da Faculdade Assis Gurgacz e encontra-se registrado na Plataforma Brasil sob o número 857.540. 26 RESULTADOS E DISCUSSÕES A pesquisa foi composta a partir do levantamento de todos os laudosdos anos de 2012 à 2014, de pacientes submetidos a urinocultura nos seis hospitais privados na cidade de Cascavel-PR,com seus respectivos perfis de sensibilidade antimicrobiana. Analisou-se 6865laudos de pacientes, dos quais 1252 (18,24%) apresentaram urinocultura positiva e 5613 (81,76%) urinocultura negativa.A tabela 1 demostra a prevalência bacteriana nos 6 hospitais, analisados e separados pelo sexo dos pacientes Tabela 1. Resultados das urinoculturanos seis hospitais privados analisados, de acordo com os anos analisados. Hospital A Masculino Feminino TOTAL 2012 0 0 0 2013 0 1 1/21 (4,76%) 2014 0 4 4/21 (19,04%) Hospital B Masculino Feminino TOTAL 2012 0 0 0 2013 0 2 2/20 (10,0%) 2014 0 3 3/9 (33,33%) Hospital C Masculino Feminino TOTAL 2012 4 4 8/111 (7,20%) 2013 6 15 21/125 (16,8%) 2014 17 18 35/133 (26,32%) Hospital D Masculino Feminino TOTAL 2012 25 205 230/999 (23,02%) 2013 27 60 87/484 (16,98%) 2014 3 6 9/215 (4,19%) Hospital E Masculino Feminino TOTAL 2012 30 60 90/384 (23,44%) 2013 47 67 114/489 (23,31%) 2014 39 64 103/670 (15,37%) Hospital F Masculino Feminino TOTAL 2012 37 85 122/901 (13,54%) 2013 55 139 194/1114 (17,41%) 2014 54 175 229/1164 (19,67%) 27 O hospital A apresentou urinocultura positiva em 11,90% [5/42] e o hospital B em 14,70% [5/34]. Todos os pacientes com urinocultura positiva, tanto para o hospital A como o hospital B, eram do sexo feminino. O hospital C apresentou positividade em 17,34% [64/369], sendo 27 pacientes do sexo masculino e 37 para o sexo feminino. O hospital D apresentou positividade de 19,19% [326/1698] das culturas de urinas, sendo 55 do sexo masculino e 271 do sexo feminino.O hospital E apresentou urinocultura positiva em 18,87%[307/1627], sendo 116 do sexo masculino e 191 do sexo feminino e por último o hospital F apresentou 17,14% [545/3179]de positividade nas culturas de urina, sendo 146 do sexo masculino e 399 do sexo feminino. Essa maior prevalência de ITU no sexo feminino, deve-se provavelmente à anatomia da uretra, que na mulher é mais curta do que a do homem, e sua proximidade com o ânus também é maior. O ato sexual, a gestação e higiene deficiente, são outros fatores que aumentam o risco de ITU em mulheres. (LOPES, 2005). A partir dos dados analisados observou-se que cada hospital apresenta um perfil de prevalência bacteriana. O hospital Efoi o que apresentou maior prevalência de urinoculturas positivas, isso se deve ao fato que, diariamente, o hospital uma elevada taxa de ocupação e atendimentos de urgência, o que pode explicar a maior prevalência nesse hospital. Conforme estudo realizado em pacientes internados no Hospital e Maternidade Marieta Konder Bornhausen, de Itajaí– SC,verificou-se diferença significativa na análise estatística, com maior predominância no sexo feminino. Foi observado que esta diferença se manteve, mesmo em ambiente hospitalar, pois em geral são altas as razões de ITUs entre mulheres e homens, sendo que até 20% das mulheres já sofreram algum episódio de infecção urinária ao atingir 30 anos de idade. (BLATT, 2005). A tabela 2, esta demostrado as oito espécies mais prevalentes nas urinoculturas positivas nos hospitais privados na cidade de Cascavel-PR, revelando que a espécie mais prevalente foi a Escherichia coli. Esta bactéria, assim como outras enterobactérias, é proveniente do trato intestinal e seu crescimento na urina é promovido por nutrientes, como glicose e aminoácidos. As bactérias Klebsiella pneumoniae e as do gênero Proteussp também já foram descritas em diversos trabalhos como responsáveis pela ITU (MOURA, 2009). 28 Tabela 2:Prevalência dos principais microrganismos detectados pelas urinoculturas nos diferentes hospital da Cidade de Cascavel – PR. HOSPITAL A Microrganismo Enterobacter sp. Enterococcus sp. Escherichia coli Klebsiella sp. Proteus sp. Pseudomonas sp Serratia sp. Staphylococcus sp. TOTAL POR SEXO: HOSPITAL B Microrganismo Enterobacter sp. Enterococcus sp. Escherichia coli Klebsiella sp. Proteus sp. Pseudomonas sp Serratia sp. Staphylococcus sp. TOTAL POR SEXO: SEXO Feminino 0 0 5 0 0 0 0 0 5/42 (11,90%) SEXO Masculino 0 0 0 0 0 0 0 0 SEXO Feminino 0 2 2 1 0 0 0 0 5/34 (14,70%) SEXO Masculino 0 0 0 0 0 0 0 0 HOSPITAL C Microrganismo Enterobacter sp. SEXO Feminino SEXO Masculino 2 1 Enterococcus sp. 3 3 Escherichia coli 25 15 Klebsiella sp. 4 13 Proteus sp. 1 2 Pseudomonas sp 0 1 Serratia sp. 0 0 Staphylococcus sp. 0 0 Outros 4 Total por sexo: Total: 39/369 (10,56%) 369 35/369 (9,48%) 29 SEXO Feminino SEXO Masculino Enterobacter sp. 7 5 Enterococcus sp. 8 3 218 11 Klebsiella sp. 17 12 Proteus sp. 14 2 HOSPITAL D MICRORGANISMO Escherichia coli Pseudomonas sp 0 6 Serratia sp. 0 0 Staphylococcus sp. 18 0 Outros Total por sexo: Total: 3 285/1698 (16,78) 1698 39/1698 (2,30%) HOSPITAL E SEXO SEXO Microrganismo Enterobacter sp. Feminino Masculino 5 15 Enterococcus sp. 4 7 Escherichia coli 144 54 Klebsiella sp. 13 23 Proteus sp. 8 5 Pseudomonas sp 1 10 Serratia sp. 0 0 Staphylococcus sp. 22 10 Outros 5 Total por sexo: Total: 202/1627 (12,42%) 1627 103/1627 (6,33%) HOSPITAL F Microrganismo SEXO Feminino SEXO2 Masculino Enterobacter sp. 10 8 Enterococcus sp. 4 7 Escherichia coli 291 69 Klebsiella sp. 43 24 Proteus sp. 21 18 Pseudomonas sp 7 7 Serratia sp. 0 0 Staphylococcus sp. 18 4 10 384/3179 (12,08%) 4 141/3179 (4,44%) Outros Total por sexo: Total: 3179 30 O hospital A apresentou a prevalência somente do microrganismo Escherichia coli11,90% [5/42] e o hospital B apresentou 14,70% [5/34] de urinoculturas nos três anos analisados, sendo todos os pacientes com urinocultura positiva, tanto para o hospital A como o hospital B, eram do sexo feminino. O hospital C apresentou 20,05% [74/369]de positividade. O sexo feminino 39/369 (10,56%)e do sexo masculino35/369 (9,48%)revelando três espécies de microrganismos Enterobacter sp, Enterococcus spe Escherichia coli. O hospital D apresentou 285/1698 (16,78%) do sexo feminino e 39/1698 (2,30%) do sexo masculino revelando microrganismos como Enterobacter sp, Enterococcus spe Escherichia coli, Klebsiella sp, Proteus sp., Staphylococcus sp, Streptococcus agalactiae, Serratia marcescens e Providencia rettgeri. O hospital E apresentou 202/1627 (12,42%), do sexo feminino e 103/1627 (6,33%) do sexo masculino revelando microrganismos como Enterobacter sp, Enterococcus spe Escherichia coli, Klebsiella sp., Proteus sp., Staphylococcus sp., Pseudomonas sp, Citrobacter freundii, Acinetobacter baumannii e Morganella morganni e o hospital F apresentou 384/3179 (12,08%) do sexo feminino e 141/3179 (4,44%) do sexo masculino revelando Enterobacter sp, Enterococcus spe Escherichia coli, Klebsiella sp., Proteus sp., Staphylococcus sp., Pseudomonas sp, Citrobacterkoseri, Acinetobacterbaumannii, Morganellamorganni e Serratiafonticola. Dados recentes confirmam que a Escherichia coli, uma bactéria gramnegativa, é responsável por cerca de 85% dos casos de infecção urinária adquirida na comunidade e 50% das infecções hospitalares (MAZILI et al, 2011). Os agentes etiológicos mais frequentemente envolvidos com ITU adquirida na comunidade são, em ordem de frequência: a Escherichia coli, o Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteussp e de Klebsiellasp e o Enterococcus faecalis. A E. coli, sozinha, responsabiliza-se por 70% a 85% das infecções do trato urinário adquiridas na comunidade e por 50% a 60% em pacientes idosos admitidos em instituições (LOPES,2005). A relação dos agentes etiológicos isolados das urinoculturas apresentados na tabela 2, demonstrou resultados similares aos do Programa de Vigilância à Resistência SENTRY (SENTRY antimicrobial Surveillance 31 Program), realizado por Sader e colaboradores12, sobre a resistência da maioria dos patógenos isolados de 12 hospitais brasileiros, localizados em quatro Estados, num período de três anos. Seus resultados mostraram que as ITUs foram 47,6% causadas por E. coli; 9,8% por Klebsiella pneumoniae; 12,6% por P. aeruginosa; 5,8% por Enterobacter spp. e 3,5% por Proteus spp12. O estudo etiológico dos uropatógenos e o estabelecimento do perfil da sensibilidade aos antimicrobianos são aspectos de relevância, pois podem ser significativamente diferentes por estarem associados a perfis de hospitais totalmente diferentes do perfil de paciente atendidos.A tabela 3 demonstra o perfil de sensibilidade das diferentes espécies bacterianas nos seis hospitais analisados. Tabela 3:Perfil de sensibilidade das diferentes espécies bacterianas encontradas de acordo com seu perfil de sensibilidadedetectados pelas urinoculturas nos diferentes hospital da Cidade de Cascavel – PR. Hospital A Antibióticos Amica Amox./Clav Amp Cefalosporinas Cipro Genta Carbapenemicos Levo Norflo Sulfa Tobra Microrganismo Escherichia coli 100% 100% 60% 60% 100% 60% 100% 100% 100% 60% 60% Hospital B Microrganismo Antibióticos Amica Amox./Clav Amp Cefalosporinas Cipro Genta Carbapenemicos Levo Norflo Sulfa Tobra Escherichia coli 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Klebisiela pneumoniae 50% 50% 50% 50% 50% 50% 50% 50% 50% 50% 50% Enterococcus faecalis 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 32 C as icos Microrganismo Escherichia coli 100% 100% 8% 33% 28% 48% 73% 28% 28% 25% 40% Klebisielapneumoniae Enterobactercloacae Enterococcusfaecalis Proteusmirabilis Pseudomonas 12% 67% 0% 100% 100 12% 0% 0% 100% 100 0% 0% 0% 0% 83,33% 12% 0% 0% 100% 100 18% 100% 0% 0% 0% 18% 0% 0% 66,66% 0% 100% 0% 0% 100% 100 18% 100% 0% 0% 0% 18% 100% 0% 0% 0% 12% 0% 0% 0% 0% 18% 0% 0% 66,66% 0% HOSPITAL D MICRORGANISMOS Klebisiela Enterobacter Enterococcus Escherichia pneumoniae Proteus Pseudomonas Staphylococcus cloacae faecalis coli e oxytoca mirabilis aeruginosas saprophyticus Antibióticos Amica Amox./clav. Amp. Cefalosporinas Cipro Genta Carbapenemicos Levo Norflo 100% 100% 91.66% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 90,9% 100% 100% 90,9% 100% 100% 100% Sulfa 100% Tobra 100% HOSPITAL E Antibióticos 100% 0% 99,12% 100% 98,25% 100% 100% 98,25% 98,25% 96,55% 0% 0% 100% 96,55% 96,55% 100% 96,55% 0% 100% 0% 0% 100% 87,5% 100% 100% 87,5% 87,5% 100% 100% 0% 0% 0% 66,6% 66,6% 0% 0% 100% 100% 0% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 0% 96,55% 0% 0% 0% 100% 99,12% 96,55% 100% 83,3% 100% Klebisiela pneumoniae e oxytoca Proteus mirabilis MICRORGANISMOS Enterobacter cloacae Enterococcus faecalis Escherichia coli Pseudomonas aeruginosas 90,90 % Staphylococcus saprophyticus Amica 0% 100% 95,95% 100% 100% Amox./clav. 0% 0% 100% 0% 0% 0% Amp. 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% Cefalosporinas 0% 0% 100% 0% 100% 0% 100% Cpro 0% 0% 100% 0% 100% 0% 100% 0% 0% 100% 0% 100% 0% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 0% 100% Genta Carbapenemicos 100% 100% 100% Levo 0% 0% 100% 0% Norflo 0% 0% 100% 0% 100% 0% 100% Sulfa 0% 0% 0% 0% 76,92% 0% 0% Tobra 0% 0% 100% 0% 100% 0% 100% s 33 Microrganismo Escherichia coli 100% 100% Klebisielapneumoniae Enterobactercloacae Enterococcusfaecalis Proteusmirabilis Pseudomonasaeruginosa 90% 100% 100% 100% 50% 90% 100% 100% 100% 50% 78% 88% 0% 0% 90% 50% 68% 0% 67% 50% 100% 50% 50% 67% 100% 100% 82.05% 50% 89% 100% 94% 89% 100% 50% 100% 100% 100% 100% 100% 50% 50% 67% 100% 100% 82.05% 50% 50% 67% 100% 100% 82.05% 50% 50% 51% 94% 0% 91.66% 50% 40% 91% 56% 0% 100,00% 50% Legenda: Cefalosporinas: Cefazolina, Cefepima, Cefotaxime, Ceftriaxona, Cefuroxima. Carbapenemicos: Ertapenenm, Imipinem, Meropenem. A partir dos perfil de sensibilidade de cada hospital,verificou-se que o hospital Aapresentasomente uma urinocultura positiva paraEscherichia coli sensível a Amicacina, Amoxicilina + Clavulanato, as fluorquinolonas (ciprofloxacino, norfloxacino e levofloxacino). Osdemais antibióticos citados a mesma apresentou um determinado percentual de resistência. O Hospital B apresentou três espécies de microrganismos diferentes. A Escherichia colieEnterococcus faecalisapresentaram perfil de 100% de sensibilidade aos antibióticos testados eKlebisiela pneumoniae apresentou 50 % de sensibilidade aos mesmos antibióticos. O Hospital C apresentou várias espécies de microrganismos, no qual a E.coli apresentou 100% de sensibilidade aos antibióticos Amicacina e Amoxicilina + Clavulanato. AKlebisiela pneumoniae apresentouperfil de sensibilidade Ertapenem 100% e somente Imipinem), para os Enterobacter Carbapenemicos cloacae (Meropenem, apresentou 100% de sensibilidade as Fluorquinolonas e Enterococcus faecalis apresentou 83,33 de sensibilidade a Ampicilina, sendo resistente a outros antibióticos testados. Já o Proteus mirabilis apresentou 100% de sensibilidade aos antibióticos Amicacina, Amoxicilina + Clavulanato, Cefalosporinas (Cefazolina, Cefepima, Cefotaxime, Stap 34 Ceftriaxona, Cefuroxima) e Psedomonas aeruginosa apresentou 100 % de sensibilidade para Amicacina, Amoxicilina + Clavulanato, Cefalosporinas e Carbapenemicos. O Hospital D apresentou varias espécies de microrganismos como Escherichia coli, Klebisiela pneumoniae, Enterobacter cloacae, Enterococcus faecalis, Proteus mirabilis, saprophyticus, onde na Psedomonas aeruginosa maioria os mesmo e Staphylococcus apresentaram 100% de sensibilidade para Amicacina, Amoxicilina + Clavulanato, Cefalosporinas e Carbapenemicos. O Hospital E apresentou as mesmas espécies de microrganismos que o Hospital D, onde a maioria apresentou somente 100% de sensibilidade aos Carbapenêmicos (Meropenem, Ertapenem e Imipinem). E o Hospital F apresentou varias espécies de microrganismos como Escherichia coli, Klebisiela pneumoniae, Enterobacter cloacae, Enterococcus faecalis, Proteus mirabilis, Psedomonas aeruginosa e Staphylococcus saprophyticus, onde a maioria das espécies apresentou somente 100% de sensibilidade aos antibióticos testados para Amicacina, Amoxicilina + Clavulanato e Carbapenemicos (Meropenem, Ertapenem e Imipinem). Sendo assim, verificou-se que a maioria dos microrganismos identificados eram Gram Negativos. Especificamente, E. Coli,deste modo a principal causadora de Infecção do Trato Urinário. As elevadas taxas de resistência as Cefalosporinas e Sulfametoxazol+Trimetoprima reforçam os conhecimentos prévios a respeito do uso empírico dessas drogas. A relação observada entre o uso de antibióticoterapia e isolamento de microrganismos resistente a Cefalosporinas e Sulfametoxazol+Trimetoprima reforça o uso indiscriminado de antibióticos, com ou sem receita medica, sendo assim responsável pelos níveis crescentes de resistência bacteriana mesmo no contexto hospitalar, sendo necessário implementar medidas para o uso racional dos antimicrobianos. A infecção do trato urinário é uma condição frequente e associada a morbimortalidade em pacientes pediátricos, adultos e geriátricos. Reconhecer os microrganismos mais comuns envolvidos e seu perfil de sensibilidade antimicrobiana é de fundamental importância para o manejo. CONCLUSÃO 35 É importante a participação de todos os profissionais da área da saúde na adoção de medidas preventivas com relação às infecções urinárias de origem hospitalar, bem como em campanhas que estejam sempre voltadas para o uso racional de sonda vesical de demora ou, pelo menos, redução do tempo de sua utilização, além dos cuidados técnicos com o cateter, visto que esse dispositivo, constitui o principal fator de risco para ocorrência dessas infecções. Baseado nos resultados obtidos concluiu-se que, nos pacientes estudados, E. coli foi o principal agente etiológico das ITUs nos seis hospitais analizados. O sexo feminino foi o sexo mais acometidos nos hospitais analizados. As taxas de resistência antimicrobiana comparada com o perfil de sensibilidade são alarmantes. Quando o tratamento, é primordial o conhecimento do agente infeccioso e seu perfil de sensibilidade, antes de optar por antibióticos de espectro estendido. AGRADECIMENTOS Os autores gostariam de agradecer a Farmacêutica Denise Indras e ao Laboratório Biovel, estabelecido na cidade de Cascavel-PR, por todos os dados fornecidos para essa pesquisa. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 1. BLATT, Jucelene Marchi, Miranda, Maria do Carmo. Perfil dos microrganismos causadores de infecções do trato urinário em pacientes internados. Rev Panam Infectol 2005;7(4):10-14. 2. DALLACORTE RR, Schneider RH, Benjamin WW. Perfil das infecções do trato urinário em idosos hospitalizados na Unidade de Geriatria do Hospital São Lucas da PUCRS. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 17, n. 4, p. 197-204, out./dez. 2007. 3.DASH N, Mansour AZ, Nor AK, Fatma AS, Jalila NA, Abiola S et al. Distribution and resistance trends of community associated urinary tract 36 pathogens in Sharjah, UAE. Microbiol Insights. [periódico online]. 2008 [acesso 16 maio 2015];1:41-5. Disponível em: http://www. la- press.com/distribution-and-resistance-trends-of-communityassociated-urinarytra-article-a936. 4. Denise Swei, Lo,Huei Hsin,Shieh , Selma Lopes Betta Ragazzi, Vera Hermina Kalika Koch, Marina Baquerizo Martinez, Alfredo Elias Gilio. Infecção urinária comunitária: etiologia segundo idade e sexo. J Bras Nefrol 2013;35(2):93-98) 5. Hochreiter WW, Bushman W. Urinary tract infection: a moving target. World J Urol 1999; 17:364-71. 6. Kalsi J, Arya M, Wilson P, Mundy A. Hospital-acquired urinary tract infection. Int J Clin Pract 2003; 57:388-91. 7. Leone M, Albanese J, Garnier F, Sapin C, Barrau K, Bimar MC, Martin C. Risk factors of nosocomial catheter- associated urinary tract infection in a polyvalent intensive care unit. Intensive Care Medi 2003; 29:1077-80. 8. LOPES H, Tavares W. Diagnóstico das infecções do trato urinário. Rev Assoc Med Bras. 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Pathogen Frequency and Resistence Patterns in Brazilian hospitals: Sumary of results from three years of de SENTRY Antimicrobial Surveillence Program. The Brazilian Journal of Infectious Desease 2001;5(4):200-214. 38 1 – NORMAS DA REVISTA - REVISTA DE SAÚDE E PESQUISA Diretrizes para os autores Todos os autores devem ser cadastrados corretamente, com nome, afiliação e endereço para correspondência. Uma vez submetido o artigo, não será possível cadastrar autores adicionais. Elaboração do artigo Idioma: Serão aceitos artigos escritos em português ou inglês. Formato do arquivo: O artigo deve ser enviado no formato de arquivo do programa Microsoft Office Word. Formatação: O artigo deve conter a seguinte formatação: - Deve ser elaborado em folha tamanho A4 (210 mm x 297 mm), com margens superior e direita de 2 cm e inferior e esquerda de 3 cm. - A fonte deve ser Arial tamanho 12 e espaço entre linhas de 1,5 cm em todo o trabalho. - A numeração das páginas deve figurar no canto superior direito, iniciando pela página de título. - Todas as referências devem ser citadas no texto em formato numérico. - Os títulos das seções devem estar escritos em letra maiúscula, enquanto os subtítulos devem conter apenas as letras iniciais maiúsculas. - Unidades e abreviações: Utilize o System International (SI) de unidades métricas para as unidades e abreviações de unidades. No texto as abreviações devem ser utilizadas apenas após terem sido citadas por extenso. Apresentação: Deve abranger os seguintes tópicos: -Título (em inglês e português) curto e informativo sem conter abreviações, escrito em letras maiúsculas e negritadas. 39 - Nome(s) completo(s) do(s) autor(es). Todos os nomes devem ser seguidos de números sobrescritos identificando as instituições. - Instituição(ões) de cada autor (Departamento, Faculdade, Universidade), precedida dos números indicativos sobrescritos. - Nome, endereço completo para correspondência, incluindo o código postal, o número do telefone, o número do fax e o e-mail do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Esses dados devem ser precedidos do termo: Endereço para correspondência. - Subtítulo a ser utilizado como cabeçalho de página, não deve exceder 40 caracteres. Deve ser precedido do termo: Subtítulo. - Resumo (em inglês e português): deve apresentar claramente os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões. Sua extensão deve ser de 100 a 250 palavras, ser escrito em parágrafo único (NBR 6028). - Palavras-chave (em inglês e português): indicar de três a cinco palavras que expressem o conteúdo do artigo de forma objetiva. Devem ser precedidas do termo: Palavras-chave. - Texto: deve obedecer aos critérios de cada categoria, de acordo com as instruções disponíveis em foco e escopo. - Agradecimentos: devem ser breves e relacionados a assistência técnica, opiniões, bem como ao apoio financeiro para a pesquisa e bolsas de estudo. Tabelas e Quadros: devem ser inseridos o mais próximo possível do texto em que foram mencionados. O título deve figurar acima da tabela e/ou quadro e ser precedido da palavra Tabela e de seu número de ordem no texto (em algarismos arábicos). As tabelas devem ser compreensíveis e autoexplicativas. As abreviações devem ser definidas nas legendas. Ilustrações e fotos: devem ser inseridas o mais próximo possível do texto em que foram mencionados. O título deve estar localizado abaixo das figuras, precedido da palavra Figura e de seu número de ordem no texto (em algarismos arábicos). Defina todas as abreviações e símbolos usados na figura, mesmo se eles estiverem definidos no texto. As ilustrações e fotos devem ser coladas no texto com resolução de boa qualidade, e também enviadas em arquivos separados, em formato .jpg. As49 fotomicrografias 40 devem incluir dados sobre a coloração e a ampliação no fim da legenda para cada parte da figura. Uma barra de ampliação deve ser adicionada a cada fotomicrografia. Caso não apareça nenhum marcador com escala na figura, a ampliação original deve ser informada na legenda. Referências: As referências bibliográficas devem ser digitadas em ordem numérica após a seção de agradecimentos. Numere as referências na ordem em que elas são citadas no texto pela primeira vez, usando algarismos arábicos entre parênteses. Duas ou mais referências devem ser separadas por vírgula sem espaço (1,5,7), três ou mais referências consecutivas devem ser separadas por um hífen (4-9) e duas ou mais referências consecutivas devem ser separadas por ponto e vírgula sem espaço (4-9;13-16). As referências devem ser elaboradas de acordo com a NBR 6023. Exemplos: - Artigo de Periódico: ABESSA, D.M.S.; SOUSA, E.C.P.M.; TOMMASI, L.R. Utilização de testes de toxicidade na avaliação da qualidade de sedimentos marinhos. Revista de Geologia, Fortaleza, v. 19, n. 2, p. 253-261, jul./dez. 2006. -Livro: TAVARES, M. C. G. C. Imagem corporal: conceito e desenvolvimento. São Paulo: Manole, 2003. -Capítulo de livro com autoria própria: MOREIRA, A. A profissionalização da enfermagem. In: OGUISSO, T. (Org.). Trajetória histórica e legal da enfermagem. São Paulo: Manole, 2005. p. 98119. -Trabalho apresentado em evento: SIMÕES, G. S.; SILVA, J.; TOLEDO, A. S. Micobactérias não tuberculosas isoladas de pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA, 17. Santos. Anais... Santos: EDITORA, 1993. p.41. - Teses e Dissertações: 41 SILVA, M.A.B. Sistema de Classificação Fuzzy para áreas contaminadas. 2005. 221f. Tese (Doutorado em Engenharia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. -Documento em meio eletrônico: SLATER, P. J. B.; JOANES, A. E. Timing of songs and distance call learning in zebra finches. Disponível em: . Acesso em: 22 jul. 2004. -Artigo ou livro ainda não publicado: Ao citar um artigo ou livro aceito para publicação mas ainda não publicado, inclua todos os dados necessários e ao final da referência escreva entre parênteses, o termo: no prelo. -Comunicações informais (Informação verbal): Mencionar em nota os dados disponíveis, e indicar entre parênteses, a expressão: informação verbal. Condições para submissão Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores. 1.Termo de Responsabilidade para Submissão de Artigo: O autor comprometese de que o artigo enviado para avaliação é inédito, e não será submetido à outra revista durante o processo de análise e em caso de deferimento para a publicação. Os direitos autorais do artigo, caso publicado, ficam automaticamente cedidos à - Revista de Saúde e Pesquisa que está autorizada a publicá-lo em meio impresso, digital, ou outro existente, sem retribuição financeira para os autores. 2. Formato do arquivo: O autor deve certificar-se de que o artigo será enviado no formato de arquivo do programa Microsoft Office Word. 42 3.Os trabalhos serão publicados na ordem de aceitação e não de seu recebimento pela revista. O artigo será avaliado pelo corpo editorial da revista e submetido para avaliação à dois membros do corpo editorial de localidades diferentes. Após o recebimento do artigo pela revista, o autor poderá acompanhar o trâmite do mesmo pelo endereço eletrônico da revista. 4. Todos os endereços "URL" no texto (ex.: http://pkp.ubc.ca) devem estar ativos. 5. Os Artigos submetidos por alunos (graduação, especialização, mestrado e doutorado) devem obrigatoriamente possuir a co-autoria de um professor orientador, responsável pela coordenação da pesquisa realizada. 6. Todos os autores devem estar cientes e de acordo com a submissão do artigo para -Revista de Saúde e Pequisa. Declaração de Direito Autoral Direitos Autorais para artigos publicados nesta revista são cedidos pelo autor à -Revista de Saúde e Pequisa, que está autorizada a publicá-lo em meio impresso, digital, ou outro existente, sem retribuição financeira para os autores. 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