Visualização do documento História da Igreja Sec XII.doc (120 KB) Baixar Eleição do papa Gelásio II. Gelásio II (no século, Giovanni di Gaeta, papa; ? ca. 1058 - Cluny, 1119), sucessor de Pascoal II, foi papa de 1118 a 1119. O imperador Henrique V contrapôs a Gelásio II o antipapa Gregório VIII. Nasce S. Thomas Becket. Thomas Becket (santo; Londres, 1118 Cantuária, 1170), depois de completar os estudos em Paris e em Londres e depois em Bolonha, foi nomeado arcediago em 1154, por intercessão do arcebispo de Cantuária, Teobaldo. Designado chanceler de Henrique II no ano seguinte e ordenado sacerdote em 1161, o próprio rei confiou-lhe a sé primacial de Cantuária em 1162, com a morte de Teobaldo. Como bispo, foi ferrenho defensor das prerrogativas do clero perante o Estado, a ponto de renunciar à chancelaria e recusar-se a aceitar os 16 artigos de Clarendon (1164), por serem lesivos à liberdade da Igreja, impedindo, com sua atitude firme, que as negociações com o papa Alexandre III pudessem chegar a um acordo. Tendo-se tornado inimigo do rei por causa de sua postura, fugiu para a França naquele mesmo ano, encontrando refúgio primeiro na abadia de Pontigny, depois na beneditina de Sens, e pôde voltar à Inglaterra em 1170 por uma ardilosa intervenção do próprio Henrique II, que mandou matá-lo em 22 de dezembro daquele ano na catedral de Cantuária durante uma função religiosa. O episódio de sua morte violenta teve tal repercussão na Europa que sua figura foi objeto de devoção especial, sendo canonizado pelo papa Alexandre III poucos anos após a sua morte (1173). Eleição do papa Calisto II. Calisto II (no século Guy de Borgonha, papa; ? ca. 1060 - Roma, 1124), filho do conde de Borgonha, nomeado arcebispo de Vienne, no Delfinado, durante a querela das investiduras voltou-se contra o imperador Henrique V e presidiu o Concílio de Vienne (1112), que excomungou o imperador. Foi eleito papa em 1119, após a morte de Gelásio II, embora não pertencesse ao colégio cardinalício. Eliminado o antipapa Gregório VIII, eleito por Henrique V, em 1120 Calisto II retomou as negociações para chegar a um acordo com o imperador; a concordata de Worms, em 1122, sancionou o acordo que pôs fim à longa luta entre império e papado. Calisto II restituiu poder e prestígio à Igreja romana. Hugo de Payns funda a Ordem dos templários. Em 1119, Hugo de Payns funda a Ordem monástico-guerreira dos templários, juntamente com sete companheiros, com a finalidade de proteger dos ataques muçulmanos os peregrinos que se dirigiam à Terra Santa. Num primeiro momento, os cavaleiros, que haviam adotado a regra dos cônegos agostinianos, adotaram o nome de "Christi milites", depois, quando se estabeleceram em sua sede no palácio do rei de Jerusalém, perto das ruínas do Templo de Salomão, foram tradicionalmente denominados "militia Templi". Favorecidos por S. Bernardo de Claraval, os templários logo se tornaram numerosos e adotaram uma nova regra, de inspiração cisterciense, aprovada pelo Concílio de Troyes em 1128. Vinculados aos três votos monásticos de obediência, pobreza e castidade, eram constituídos por cavaleiros (os únicos que tinham o direito de participar do capítulo, em que se elegia o Grão-Mestre, autoridade soberana da Ordem), escudeiros, servos e capelães. A Ordem, à qual o papa Inocêncio II concedera privilégios especiais (isenção de taxas ou dízimos, direito de asilo, inviolabilidade eclesiástica), tornou-se o corpo escolhido dos exércitos cruzados, recebeu acolhida entusiástica e grandes doações (casas, terrenos, feudos) e assumiu vastas proporções, adquirindo posses em toda a Europa ocidental e aumentando a própria riqueza graças a atividades bancárias e financeiras. Em 13 de outubro de 1307, o Grão-Mestre da Ordem, Jacques de Molay, foi preso em Paris, juntamente com os maiores dignitários e inúmeros membros da Ordem, por determinação do rei Filipe, o Belo, que iniciava assim um inquérito pontifício. As principais acusações movidas aos templários eram de ultraje ao Crucifixo e apostasia, de idolatria (teriam venerado um misterioso ídolo de nome Baphomet) e de comportamento licencioso e práticas contrárias à natureza. De início, a maior parte dos prisioneiros, submetidos a tortura, confessou, mas quando o inquérito foi transferido para a autoridade eclesiástica, muitos templários, subtraídos ao controle do rei da França, se retrataram. Depois de uma série de pressões de Filipe, o Belo, perante o papa Clemente V, em 1312, no Concílio de Vienne, o pontífice suprimiu a Ordem, transferindo seus bens para os hospitalários. Os templários que haviam confirmado as confissões perante os comissários pontifícios foram libertados, enquanto os que se retrataram foram considerados relapsos (isto é, reincidentes na heresia) e condenados à fogueira. O Grão-Mestre Jacques de Molay subiu ao patíbulo em 19 de março de 1314, depois de ter recusado publicamente a confissão feita sete anos antes e reivindicado a absoluta santidade e ortodoxia da Ordem. O problema da legitimidade das acusações feitas aos templários é bastante controvertido. A maior parte dos historiadores, embora não exclua totalmente a presença de certo número de heréticos entre os templários, tende a considerar as acusações substancialmente falsas ou absurdas, ressaltando que as confissões foram obtidas sob tortura e enfatizando o elevado número de retratações: Filipe IV teria agido por ambição, com a finalidade de apropriar-se das imensas riquezas da Ordem, e Clemente V teria cedido por fraqueza. Outros, ao contrário, destacando que algumas confissões foram obtidas espontaneamente, consideram que os templários realmente praticaram ritos secretos, marcados por uma ideologia gnóstica, que penetrara na Ordem por meio da influência de doutrinas cátaras ou mediante o contato, ocorrido na Terra Santa, com seitas ismaelitas (sobretudo os fida'i). A obscuridade que circunda o caso dos templários fez com que numerosas sociedades secretas (dentre as quais alguns ritos maçônicos, como o da "estrita observância dos templários", fundado em 1751 pelo barão von Hund) e conventículos esotéricos se autodenominassem herdeiros dos templários ou até filiados a eles. Estabelecimento da concordata de Worms, que põe fim à querela das investiduras. A concordata de Worms é o compromisso firmado em setembro de 1122 pelo papa Calisto II e o imperador Henrique V, mediante o qual se regulamentou a questão da "querela das investiduras" de acordo com as doutrinas já formuladas pelo canonista Ivo de Chartres. Este separava nitidamente os dois tipos de investidura: a eclesiástica, que concedia a função espiritual ao bispo eleito pelo clero local, com a consignação do anel e do pastoral por parte do papa ou de um enviado deste; e a laica, feita com a espada e o cetro, em que o imperador conferia ao bispo os poderes condais, ou seja, um governo de caráter temporal com os respectivos benefícios. Henrique V fez com que, na Alemanha, a investidura condal precedesse a consagração episcopal e fosse feita em sua presença. Em essência, com a concordata de Worms, na função daqueles bispos que também eram condes, o ofício espiritual - que só a Igreja podia conceder mediante formas normais pouco a pouco separa-se do exercício de direitos e poderes públicos que a autoridade laica conferia mediante o título condal. I Concílio Lateranense: confirmação da concordata de Worms. O I Concílio Lateranense (reconhecido como o IX ecumênico) foi convocado pelo papa Calisto II, em 1123, para ratificar a concordata de Worms (1122), que pôs fim à querela das investiduras. Ao contrário da maior parte dos antigos concílios, não possuímos as atas protocolares dos debates nem sequer as listas dos participantes deste concílio. Fontes isoladas e algumas crônicas confiáveis levam- nos a concluir que deve ter contado com a presença de cerca de 300 bispos. A aprovação da concordata foi acompanhada pela promulgação de 25 cânones, que reiteravam deliberações canônicas anteriores ou se inspiravam na reforma gregoriana (cânones contra a simonia e a clerogamia). Durante o concílio, em 27 de março, Conrado, bispo de Constança, foi canonizado. Eleição do papa Honório II. Honório II (no século, Lamberto Scannabecchi, papa; Fagnano, Ímola ? Roma, 1130), eclesiástico de origem modesta, ocupou as mais elevadas funções da hierarquia durante os pontificados de Pascoal II e de Calisto II. Cardeal, bispo de Óstia, signatário da concordata de Worms entre a Igreja e o império (1122), membro influente do nono concílio de Latrão (1123), foi eleito papa em 1124 graças ao apoio da família Frangipane, de Roma. Em 1125, com a morte do imperador Henrique V, Honório II apoiou a candidatura ao império de Lotário de Suplimburgo contra os partidários de Conrado de Hohenstaufen, dentre os quais se destacava o arcebispo de Milão, Anselmo. Excomungado por Honório em 1128, Conrado foi obrigado a se submeter. O pontificado de Honório II foi marcado pela consolidação da autoridade do papa perante as Igrejas da Inglaterra, na qual os bispos tiveram de se curvar à vontade da cúria romana, e da França, onde os conflitos entre a coroa e o episcopado resolveram-se, por determinação de Honório II, em favor deste último. O papa teve mais dificuldade para se impor no sul da Itália e em Roma. No Ducado da Puglia, por exemplo, a sucessão de Guilherme (m. 1127), sobrinho de Robert Guiscard, passou, contra a vontade de Honório II, a Rogério II, futuro rei da Sicília; o conflito posterior entre o papa e Rogério foi vencido por este último, graças também à malograda intervenção armada do imperador que Honório solicitara em vão. Também em Roma, os últimos meses do pontificado de Honório II foram conturbados pelo acirramento das lutas de facção entre Frangipane e Pierleoni, que levou o papa a se refugiar no convento de S. Gregorio al Celio, onde morreu. Eleição do papa Inocêncio II. Inocêncio II (no século Gregório Papareschi, papa; Roma ? - ? 1143), cardeal desde 1116, sucedeu (1130) o papa Honório II, em circunstâncias muito difíceis. Sua eleição derivou efetivamente da reunião secreta de apenas uma parte dos cardeais, a pertencente à facção dos Frangipane, ao passo que a parte adversária, da facção dos Pierleoni, opunha a ele, no dia seguinte, o cardeal Piero Pierleoni, com o nome de Anacleto II. Como os Pierleoni eram mais poderosos em Roma, Inocêncio II teve de fugir e refugiou-se na França, onde conseguiu conquistar o rei da Inglaterra e o imperador Lotário II. Este último deu-lhe apoio direto, permitindo-lhe que voltasse a Roma, depois de ter derrotado, em 1136, Rogério II de Altavilla, que reconhecera Anacleto II e, por sua vez, havia sido reconhecido como rei da Sicília por este último. A morte de Anacleto II (1138) e a renúncia de seu sucessor Vítor IV (1139) permitiram-lhe ser por fim reconhecido como único pontífice. O segundo Concílio Lateranense, realizado em 1139, ratificou a sua eleição; restava-lhe apenas vencer Rogério II, mas, derrotado, teve de reconhecer-lhe o título de rei da Sicília. As contínuas lutas políticoreligiosas impediram-no de continuar a obra de reforma da Igreja iniciada por seus predecessores. Eleição do antipapa Anacleto II. Anacleto II (no século Pietro Pierleoni, antipapa; ? - ? 1138), monge de Cluny, foi eleito cardeal pelo papa Pascoal II. Com a morte de Honório II, desencadeou-se uma luta entre as duas poderosas famílias romanas dos Pierleoni e dos Frangipane. Um grupo de 14 cardeais elegeu (1130) Gregório de Sant'Angelo, apoiado pelos Frangipane, que tomou o nome de Inocêncio II. A nomeação foi impugnada por 24 cardeais que, poucas horas depois, elegeram Pietro Pierleoni com o nome de Anacleto. Inocêncio teve a ajuda do imperador Lotário III e de são Bernardo; Anacleto foi apoiado por Rogério II, duque da Sicília, a quem prometeu a coroa real. O conflito terminou com a morte de Anacleto. II Concílio Lateranense, convocado para pôr fim ao cisma romano do antipapa Anacleto II. O II Concílio Lateranense (reconhecido como o X ecumênico) foi convocado pelo papa Inocêncio II em 1139 para pôr fim ao cisma romano produzido pela dupla eleição papal de 1130, em que alguns cardeais opuseram ao papa legítimo, Inocêncio II, o antipapa Anacleto II. Dele participaram representantes provenientes de todos os países da cristandade da época. Dos 30 cânones do concílio, o de n. 7 declarava nulo o matrimônio contraído por clérigos; o cânon 23 excluía da Igreja, como hereges, alguns sectários que recusavam a Eucaristia, o batismo das crianças, o sacerdócio e o matrimônio; o cânon 28 confirmava o direito dos capítulos das catedrais de eleger os bispos, direito este que conferiu aos capítulos uma notável autoridade ao longo de toda a Baixa Idade Média. Durante o II Lateranense foi canonizado o primeiro abade de Fulda, Sturmi, discípulo de são Bonifácio. Compilação do "Decretum Gratiani". Graciano (Chiusi ou Ficulle, fim do séc. XI - 1151 ou ca. 1158-59), monge camaldulense, lecionou Direito no mosteiro dos santos Nábor e Félix de Bolonha. É considerado o principal canonista da Igreja: o seu "Decretum", coletânea de fragmentos jurídicos de várias procedências e tendências (precisamente "Concordia discordantium canonum", 1139-42, Concórdia dos cânones discordantes), constituiu o núcleo do "Corpus iuris canonici". Eleição do papa Celestino II. Celestino II (no século Guido de Città de Castello, papa; ? - Roma, 1144), sucessor de Inocêncio II, foi papa de 1143 a 1144. Eleição do papa Lúcio II. Lúcio II (no século Gerardo Caccianemici, papa; Bolonha ? - Roma, 1145), sucessor de Celestino II, foi papa de 1144 a 1145. Eugênio III anuncia a II Cruzada, pregada por S. Bernardo. Eugênio III (no século Bernardo dei Paganelli di Montemagno; Pisa ? - Tívoli, 1153), abade do monastério romano de santo Anastácio, foi eleito papa em 1145, para suceder Lúcio II. Naquele mesmo ano, anunciou a segunda cruzada, pregada por são Bernardo, que preparou durante sua permanência na França em 1147-48, onde, entre outras coisas, realizou o Concílio de Reims (março de 1148). As agitações, provocadas pelo conflito entre papado e Senado romano e pela pregação de Arnaldo de Brescia, obrigaram Eugênio III a deixar Roma várias vezes, tendo residido em Viterbo e em outras cidades do Lácio. Só retornou a Roma no fim de 1152. A cruzada seguiu à risca a pregação de são Bernardo de Claraval. Os reis Luís VII, da França, e Conrado III, da Alemanha, participaram da expedição militar. Esta, contudo, não teve êxito, e Jerusalém voltou (1187) às mãos dos turcos. Nasce Sto. Alberto, bispo de Vercelli e primeiro legislador dos carmelitas. Alberto (santo), bispo de Vercelli e patriarca de Jerusalém (Castrum Gualterii, diocese de Parma, ca. 1149 - São João de Acre, 1214), era cônego regular do convento de Santa Cruz, em Mântua, onde foi eleito prior por volta de 1180. Em 1184, foi bispo de Bobbio e, no ano seguinte, de Vercelli. Exerceu intensa atividade pastoral e também política, concluindo a paz entre Milão e Pavia em 1194 e entre Parma e Piacenza em 1199. Eleito patriarca de Jerusalém pelos cônegos regulares do Santo Sepulcro, aceitou o cargo, atendendo ao pedido de Inocêncio III. Chegou à Palestina em 1206, quando Jerusalém era dominada pelos muçulmanos, e residiu em São João de Acre, desenvolvendo intensa atividade diplomática para garantir a paz entre os príncipes cruzados. Entre 1207 e 1209, redigiu a regra dos eremitas do monte Carmelo e por isso é venerado pelos carmelitas como seu primeiro legislador. Foi apunhalado por um clérigo destituído por ele. Eleição do papa Anastácio IV. Anastácio IV (papa; ? - ? 1154), romano, cardeal e bispo de Sabina (1126), durante o cisma provocado no seio da Igreja pela eleição de Inocêncio II, apoiado pela facção dos Frangipane, em oposição a Anacleto II, antipapa sustentado pelos Pierleoni, apoiou o primeiro e foi nomeado vigário para a Itália (1130-1131) quando Inocêncio estava na França. Eleito papa apesar da avançada idade, em 1153, como sucessor de Eugênio III, em seu breve pontificado mostrou-se benevolente para com o povo romano, então em agitação, e tomou uma atitude conciliadora em relação a Frederico Barba-Ruiva, a quem prometeu coroar em troca da proteção. Eleição do papa Adriano IV. Adriano IV (no século Nicholas Breakspear, papa; Langley, Hertfordshire, ca. 1100 - Anagni, Frosinone, 1159), abade (1137) de Saint-Ruf (Avignon), foi nomeado cardeal e arcebispo de Albano pelo papa Eugênio III. Ao retornar (1154) de uma missão na Escandinávia, foi eleito papa (o único de nacionalidade inglesa da história) poucos meses depois, como sucessor de Anastácio IV. Para reprimir o espírito de autonomia de Roma, lançou a interdição sobre a cidade e a excomunhão sobre Arnaldo de Brescia. Tendo-se encontrado com o imperador Frederico Barba-Ruiva em Sutri, acompanhou-o a Roma, onde Frederico, para cativar o pontífice, ordenou a captura de Arnaldo, que foi condenado à fogueira (1154). Em 18-6-1155, Frederico foi coroado imperador pelo papa. Em guerra contra Guilherme, denominado o Mau, rei da Sicília, Adriano IV foi vencido, sitiado em Benevento (1156) e obrigado a renunciar a vários territórios. Quando, na dieta de Roncaglia (1158), Frederico Barba-Ruiva proclamou os direitos imperiais sobre Roma e seus Estados, Adriano IV, apoiado pelo imperador do Oriente, Manuel Comneno, aliouse às Comunas lombardas contra ele, mas morreu antes de excomungá-lo. Eleição do papa Alexandre III. Alexandre III (no século Orlando Bandinelli; papa, Siena ? - Civita Castellana, Viterbo, 1181), cardeal em 1150, depois legado papal na dieta de Besançon em 1157, defendeu, contra o imperador Frederico Barba-Ruiva, os direitos da Igreja em relação ao império. Eleito papa após a morte de Adriano IV (1159), foi reconhecido pela França, Inglaterra, Espanha e boa parte da Itália, ao passo que a Alemanha e os cardeais dissidentes italianos opuseram a ele Vítor IV (o cardeal Otávio de Monticelli), apoiado por Barba-Ruiva. Alexandre, sentindo-se ameaçado, refugiou-se na França, onde presidiu o Concílio de Tours (1163). Retornando à Itália, apoiou e dirigiu a luta das Comunas lombardas contra o imperador, que, após a morte de Vítor IV, contrapôs a ele os antipapas Pascoal III e Calisto III. A ação de Alexandre, entretanto, contribuía para fortalecer as Comunas lombardas que se uniam em uma liga, reconstruíam Milão, fortaleciam Alexandria (que recebeu esse nome em homenagem ao papa) e finalmente venciam o imperador em Legnano (1176). Depois dessa derrota, Barba-Ruiva reconheceu Alexandre prostrando-se aos seus pés em Veneza (1177). Alguns anos mais tarde, no III Concílio Lateranense (1179), Alexandre, entre outras coisas, estabeleceu que, para a eleição do papa, era necessária a maioria de dois terços dos votantes. Alexandre também saiu em defesa de Thomas Becket, arcebispo de Cantuária, que fez canonizar (1173 Morre Sta. Rosália. Rosália (santa; ? - perto de Palermo, ca. 1160), segundo a tradição, filha do duque Sinibaldo, teria deixado ainda muito jovem a casa paterna para dedicar-se, na solidão, à oração e à penitência. Seu culto foi muito popular em Palermo e em toda a Sicília depois de seus despojos serem encontrados, em julho de 1614, em uma caverna do monte Pellegrino, onde Rosária teria vivido isolada até a morte; nesse local, foi erigido um grande santuário à santa, que se tornou padroeira de Palermo. Em 1630, o papa Urbano VIII determinou a inserção do nome de Rosália no Martirológio romano. No aniversário da descoberta dos despojos de Rosália (15 de julho), uma solene procissão percorre as ruas de Palermo. Começa a construção da catedral de Notre-Dame, em Paris. O gótico nasce no norte da França, para depois difundir-se por toda a Europa. A catedral de Notre-Dame, em Paris, um dos primeiros exemplos do novo estilo, contém alguns elementos típicos da arquitetura gótica: o predomínio de linhas de construção vertical, que deixam amplos espaços nas paredes decoradas com vitrais, os arcos dobrados e os contrafortes e a exuberância decorativa, evidente no portal de entrada, inteiramente coberto por esculturas. Nasce em Caleruega, Velha Castela, na Espanha, Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos dominicanos. Domingos de Gusmão (santo; Caleruega, Burgos, 1170 - Bolonha, 1221), de família nobre, foi primeiramente educado pelo tio materno; depois completou os estudos em Palencia, perto de Valladolid (1184-94). Ordenado sacerdote, ingressou no capítulo dos cônegos regulares da catedral de Osma, que seguiam a regra de santo Agostinho. Codificação mensural da Polifonia. A escola de Notre-Dame realiza a codificação da Polifonia, tendência praticada também por outras escolas européias, como a escola de São Marcial de Limouges, na França, e de Santiago de Compostela, na Espanha. A polifonia predominará sobre o canto gregoriano, monódico, que decai progressivamente. Nasce S. Silvestre, fundador da congregação dos silvestrinos. Silvestre Gozzolini ou Guzzolini (santo; Osimo, ca. 1177 - Montefano, perto de Fabriano, 1267), depois de abandonar o curso de Direito para estudar teologia, ordenou-se sacerdote em sua cidade natal, tornando-se em seguida cônego da catedral. Retirando-se para a vida eremítica em Montefano (1230), fundou em 1231 uma congregação beneditina, mais tarde denominada dos silvestrinos. Convocação do III Concílio Lateranense: regulamenta-se a eleição papal. O III Concílio Lateranense (o XI ecumênico) foi convocado por Alexandre III em 1179. Segundo as listas que chegaram até nós, dele participaram cerca de 300 bispos de todas as províncias eclesiásticas. Dos 27 capítulos do Concílio, os dois primeiros estabelecem que, para a eleição de um papa, é necessária a maioria de dois terços. Tal decisão era um reflexo do cisma de 1159-1178, que se encerrara havia pouco e durante o qual, além do legítimo papa Alexandre III, haviam sido eleitos também os antipapas Vítor IV ou V (1159-64), Pascoal III (1164-68) e Calisto III (1168-78). O Concílio também se pronunciou sobre problemas disciplinares relativos à idade permitida para a eleição para bispo e para os diversos cargos eclesiásticos, além de condenar os albigenses (cátaros que se difundiram no sul da França). Eleição do papa Lúcio III. Lúcio III (no século Ubaldo Allucingoli, papa; Lucca ? - Verona, 1185), sucessor de Alexandre III, foi papa de 1181 a 1185. Nasce Francisco de Assis. Francisco de Assis (Assis, Perúgia, ca. 1181 1226), filho de Pietro di Bernardone, rico mercador de tecidos, e da senhora Pica, foi batizado com o nome de Giovanni, que o pai logo mudou para Francesco (ou seja, francês), em homenagem à França, terra natal da esposa e destino de suas freqüentes viagens comerciais. Dedicado primeiramente à atividade do pai, teve uma adolescência despreocupada: hábil negociante de tecidos e pródigo esbanjador, foi um espírito aventureiro e ávido de glória. Foi alfabetizado na escola paroquial de São Jorge em Assis, aprendendo, além do latim, alguns elementos de francês (sobretudo o provençal). Em 1202, participou das lutas entre Perúgia e Assis; aprisionado pelos perusinos, foi libertado no ano seguinte. Nasce Francisco de Assis. Francisco de Assis (Assis, Perúgia, ca. 1181 1226), filho de Pietro di Bernardone, rico mercador de tecidos, e ... 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