A U N ID DE Karl Weatherly/Getty Images 2 Transportes, esportes e outros movimentos COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 137 18/05/10 11:57 1 Abrindo o jogo Nos esportes, nos transportes ou em outras atividades, é interessante saber como os movimentos são produzidos, mantidos, modificados ou cessados. Na astronomia, por exemplo, essa compreensão permite descrever e prever a evolução de planetas e outros astros; nos esportes e na construção e condução de veículos, permite gerar e controlar movimentos. Para sistematizar esse conhecimento, é preciso observar movimentos de diferentes tipos, identificar suas regularidades e diferenças, entender o que acontece quando surge um movimento e descobrir as razões de suas mudanças. Este é o tema desta unidade. ram a compreensão humana, inspirando crenças e cultos, e recebendo interpretações muito diferentes em diversas épocas e sociedades. De certa forma, a história da cultura humana, desde tempos imemoriais até a ciência moderna, pode ser acompanhada conhecendo as diversas interpretações do movimento dos corpos celestes que foram desenvolvidas em cada período por sociedades distintas. Não apenas no céu os movimentos da natureza chamam a atenção. Nos rios e mares, os peixes movem- se com agilidade, grandes quantidades de água formam cachoeiras, ondas e marés. Na terra, enquanto a zoologia se ocupa das modalidades de locomoção dos muitos animais terrestres, desde mínimos insetos a enormes mamíferos, a geologia estuda os movimentos que ocorrem na crosta terrestre, como terremotos, avalanches e vulcões. Todas as formas de matéria, com ou sem vida, estão em permanente movimento, caindo como a chuva, rolando como pedras, crescendo como árvores, enfim, transformando-se. Mesmo uma ilha, uma montanha ou um continente inteiro podem ser pensados como entidades em movimento, dependendo da escala de tempo considerada. Para uma escala de milhões de anos, em todo o planeta e, mesmo, em todo o Universo nenhuma estrutura pode ser considerada estática, sob qualquer ponto de vista. Nesse sentido, pode-se afirmar que tudo que existe se move. OS MOVIMENTOS NA NATUREZA E OS PRODUZIDOS PELO HOMEM Hoje, em plena sociedade tecnológica, ou há milênios, no início da cultura humana, o ser humano tem se encantado com movimentos no céu, como o voo das andorinhas, seus incríveis mergulhos e sua dança coletiva. Mas, o voo das aves ou das nuvens levadas pelos ventos, não são os únicos movimentos no céu a provocar admiração e curiosidade. Um universo em movimento Fabio Colombini Os movimentos aparentemente eternos do Sol e da Lua, dos planetas e das estrelas, atualmente estudados pela astronomia e astrofísica, sempre desafia- Carlos F.S.Borges/Kino CAPÍTULO Sobre a superfície da Terra, no solo, no ar, na água, os seres vivos estão em contínuo movimento. Os astros, como a Lua, também se movem, no espaço em torno da Terra. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 138 18/05/10 11:57 Capítulo 1 •Abrindo o jogo Faça parte 139 1 MOVIMENTOS DE HOJE 1. Procure lembrar-se de todos os movimentos que você observou ou de que participou desde o momento em que despertou, hoje, até este instante. Além dos movimentos que você de fato observou, pense nos que você sabe que estão ocorrendo, ou que pode imaginar, de objetos ou de suas imagens em telas, de microrganismos, de fluidos que existem em seu próprio corpo ou no meio ambiente em que você vive e se move. 2. Registre esses movimentos em forma de lista e, em seguida, compare-a com as listas dos colegas. a) Há movimentos comuns citados em todas as listas? Quais? Por que, em sua opinião, foram os mais lembrados? b) Há movimentos citados em apenas algumas listas? Quais? Por que, em sua opinião, nem todos lembraram deles? Chad McDermott/Alamy/Other Images Os seres humanos não se limitam a admirar e a procurar compreender os movimentos da natureza, sejam eles em solo firme, na água, no ar, ou mesmo no espaço, mas também aprendem a mover-se em todos esses meios, assim como a controlar e a fazer uso de vários desses movimentos. Há muito tempo, usam os animais – por exemplo, o cavalo e o boi – como meios de transporte e de tração; o vento para propelir barcos e moinhos; as cachoeiras para tocar rodas-d’água. Ao longo do último século, foram inventados veículos terrestres, como automóveis, caminhões, elevadores e tratores; veículos aquáticos, como navios e submarinos; veículos aéreos, como aviões, helicópteros. Com esses equipamentos, é possível promover movimentos com maior alcance e velocidade do que os de qualquer outro ser vivo, e, com foguetes tripulados ou não, já se explora o espaço extraterrestre. Para o ser humano, a compreensão dos movimentos não é só uma atividade teórica, mas também uma necessidade. O estudo dos movimentos, denominado mecânica, tem importância prática nos transportes, nos esportes, na indústria e em muitas outras atividades humanas. O conhecimento mecânico é essencial para o desenvolvimento dos transportes e para as práticas desportivas, especialmente nos esportes competitivos. Daniel Augusto Jr./Olhar Imagem A mecânica e o desenvolvimento de transportes e esportes A natação, o automobilismo e outros esportes competitivos têm se desenvolvido com a contribuição de conhecimentos científicos e, particularmente, com os que estudam os movimentos. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 139 18/05/10 11:57 UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos são permitidos ou não e estabelecem-se penalidades quando essas regras não são obedecidas, fazendo uso de termos e conhecimentos da mecânica. Os códigos dos transportes, ao estabelecerem limites de velocidade ou de carga de veículos, também se valem da linguagem e dos conceitos da mecânica. Paul Souders/Corbis/LatinStock Há esportes terrestres e aquáticos, com e sem equipamentos, de tradição milenar. Em todas as especialidades olímpicas, nos jogos individuais e coletivos, assim como nas corridas de automóveis, de cavalos, de motos ou de bicicletas, as regras desportivas definem quais desenvolvimentos tecnológicos Chang W. Lee/NYT/LatinStock 140 Usain Bolt, o homem mais veloz do mundo em 2008, vencedor da corrida dos 200 m nas Olimpíadas de Pequim. Equipe Globaltec Guepardo, o animal mais veloz do mundo, correndo atrás de suas presas, alcança mais de 100 km/h. 6 25.000 5 11.000 10.000 9.000 4 8.000 7.000 3 6.000 5.000 2 4.000 3.000 1 10 População (bilhões) Velocidade (km/h) 2.000 Consumo deenergia percapita (kWh) 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 os An 1800 1900 2000 (Adaptado de: Atlas de Gaia. Norman Myers. Bologna: Ed. Zanicchelli, 1987.) O ser humano, ao longo do tempo, foi adquirindo conhecimentos cada vez mais amplos sobre os movimentos e, com isso, um domínio cada vez maior do espaço. Os gráficos mostram também que junto com o crescimento da população e o desenvolvimento dos transportes cresceu, ainda, o consumo de energia. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 140 18/05/10 11:57 Capítulo 1 •Abrindo o jogo Faça parte 141 2 TECNOLOGIA VERSUS COMPETITIVIDADE Para tornar as corridas automobilísticas de Fórmula 1 mais competitivas e seguras, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) atualiza constantemente os regulamentos quanto à tecnologia utilizada nos carros. 1. Faça uma pesquisa em revistas de automobilismo ou pela internet sobre as alterações de segurança que a FIA tem promovido nas competições e como as equipes têm recorrido às inovações tecnológicas, procurando velocidade crescente para os carros. 2. Troque informações sobre os dados que você encontrou com seus colegas e proponha explicações para regulamentos e inovações tecnológicas. Movimento e transformação Jacek/Kino Um objeto que se move modifica sua posição no espaço. Assim, podemos dizer que movimento é transformação, embora seja apenas uma das formas mais simples de transformação que ocorrem na natureza. A enorme árvore, há dezenas de anos, era uma pequena semente; o pássaro que nela constrói um ninho era um pequeno ovo no ano anterior; a borboleta que visita suas flores, há alguns dias ainda estava em seu casulo. A natureza viva é um fluxo permanente, em que a borboleta difunde o pólen das flores, permitindo a reprodução da árvore, enquanto seus frutos e ramos alimentam e abrigam os pássaros. A vida é um dinâmico sistema de interrelações, em que nada existe de maneira autônoma ou independente. Não apenas as coisas vivas, mas todas as coisas da natureza são interdependentes, tomando parte em processos às vezes notáveis, como uma cachoeira, às vezes quase imperceptíveis, como uma oxidação. Varia o tempo ou o período, com duração de milênios, décadas, anos, semanas ou horas, mas nada parece ser permanente ou imutável; tudo se transforma. Nesta paisagem, podemos imaginar o que está se transformando? O que está se movendo? Há algo estático e imutável? COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 141 18/05/10 11:57 142 UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos A diversidade de movimentos e as dimensões de tempo A emissão de luz por partículas de uma substância aquecida e o trajeto dessa luz até o olho de um observador são processos tão rápidos que é difícil imaginar os intervalos de tempo. O surgimento e a evolução das espécies vivas ou de estrelas, assim como a formação e transformação de rios e montanhas, ao contrário, são processos que ocorrem em grandes intervalos de tempo, às vezes também difíceis de ima- Faça parte ginar, pois são muito mais longos que o ciclo de uma vida humana e de toda a história da humanidade. Há ciclos de transformação tão duradouros e regulares que são tomados como se fossem eternos e imutáveis, tornando-se referências para medir todos os outros movimentos. Os dias, por exemplo, que correspondem ao período de rotação da Terra sobre si mesma, e os anos, tempo necessário para a Terra dar um giro completo em torno do Sol, são tomados como unidades de tempo, ainda que se saiba da existência de um tempo em que não havia nem a Terra nem o Sol. 3 MEDINDO TEMPOS Em outras épocas, os dias podiam ser contados em “luas”, e as horas podiam ser medidas com relógios de sol. Porém, na vida moderna, a medida do tempo tem de ser mais precisa. Com as ampulhetas, marcava-se o tempo de duração da passagem da areia da parte superior para a parte inferior. Com o relógio de sol, dependendo da época do ano, o dia tinha diferente duração. Gabor Nemes/Kino Ricardo Azoury/Olhar Imagem Getty Images Relógios de pulso e calendários controlam nossa vida: o horário de aulas, os prazos de pagamento, a duração das partidas, o tempo de cozimento dos alimentos. Atualmente, os recordes desportivos são decididos por frações de segundo. Atualmente, os relógios digitais, nas ruas das cidades, fornecem a precisão de dezenas de segundos. O segundo (s) é a unidade adotada como padrão pelo Sistema Internacional de Unidades (SI), sendo definido como 9.192.631.770 vezes a duração de certo processo atômico do isótopo 133 do césio! Os demais padrões de tempo decorrem deste: o minuto corresponde a 60 segundos; a hora corresponde a 60 minutos e, portanto a 3.600 segundos. 1. Descubra quantos segundos há em uma semana, um mês e um ano. Qual é a utilidade de expressar os resultados que você encontrou em potências de 10? COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 142 18/05/10 11:57 Capítulo 1 •Abrindo o jogo 143 2. Por meio de pesquisas ou fazendo suas próprias estimativas, descubra o tempo de evolução de processos como: o crescimento dos cabelos e das unhas, a digestão de refeições, o batimento cardíaco, o piscar de olhos, uma inspiração e expiração. 3. Investigue, também, os tempos relacionados a processos naturais ou tecnológicos, como: os períodos de circulação de planetas e cometas; o tempo em que um esqueitista permanece no ar, em campeonatos, ao girar no alto da pista; a duração da implosão de um edifício. 4. Organize seus dados em tabelas e compare-os com os de seus colegas. Sua parte 1 Estima-se que o Universo tenha surgido há 15 bilhões de anos; o planeta Terra, há 4,5 bilhões de anos; as primeiras formas de vida na Terra, há 3 bilhões de anos; os primeiros animais, há 700 milhões de anos; os primeiros hominídeos, há 4 milhões de anos; a espécie humana, há 100 mil anos; as primeiras civilizações, há 4 mil anos; e há cerca de 15 anos quem surgiu foi você. a) Expressando todos os valores em potências de 10, descubra a quantos segundos corresponde cada um dos intervalos de tempo. b) A reta numérica a seguir tem escala crescente de potências de 10. Copie-a em seu caderno e utilize-a para representar os valores encontrados no item anterior; a origem da reta representa o momento atual. Do submicroscópico ao astronômico, tudo se move A variedade das transformações não está só na amplitude das escalas de tempo, mas também nas dimensões espaciais envolvidas. Para compreender como ocorreu um chute a gol ou um acidente automobilístico pode ser necessário observar como ocorreu o movimento ao longo de dezenas de metros. Um piscar de olhos não é apenas um movimento rápido, é também um movimento da pálpebra limitado a pouco mais de um centímetro. No entanto, no mesmo período de duração de um piscar de olhos, a luz da Lua percorre milhares de quilômetros até chegar na Terra. Os movimentos podem ocorrer em um espaço microscópico, como os dos componentes de uma COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 143 Com isso, você vai poder comparar visualmente os intervalos de tempo que nos separam dos eventos já descritos. Hoje 1 Tempo decorrido (s) 102 104 106 108 1010 1012 1014 1016 1018 c) Agora, imagine que o tempo transcorresse de forma muito mais rápida, de tal modo que, desde o surgimento do Universo até hoje, tivesse se passado apenas um ano terrestre (365 dias). Se assim fosse, quanto tempo teria decorrido desde cada um dos outros eventos descritos? Em sua resposta, utilize as unidades de tempo comuns em nosso dia a dia: meses, dias, horas, minutos e segundos. célula viva, e submicroscópico, como aquele em que se armazena cada bit de informação em um chip de calculadoras ou de computadores, ou, ainda, no espaço em que se dá uma reação química entre duas moléculas. Milhões de quilômetros podem ser considerados uma distância desprezível para certos processos astronômicos, em que se usa o ano-luz como unidade de medida de distância. Um ano-luz é a distância percorrida pela luz em um ano. Por exemplo, o diâmetro de nossa galáxia, a Via-Láctea, é de cerca 150.000 anos-luz. Por outro lado, um milionésimo de metro pode ser considerada uma distância enorme, para certos processos no núcleo atômico, cujo diâmetro é da ordem de um fermi, unidade medida de distância mil vezes menor que o milionésimo do metro. 18/05/10 11:57 Nasa/SPL/LatinStock UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos Omikron / Photo Researchers/LatinStock 144 Micrografia de transmissão eletrônica (TEM) de célula do pâncreas de morcego, mostrando mitocôndrias e retículo endoplasmático (colorida artificialmente). Aumento de cerca de 23 mil vezes. lmagem da Galáxia NGC1672 obtida por meio do telescópio espacial Hubble. Está a 60 milhões de anos-luz de distância da Terra. CONEXÃO MEDINDO DISTÂNCIAS Assim como as medidas de tempo, as medidas de distância desempenham importante papel em nossas vidas. O Sistema Internacional de Unidades (SI) também adota uma unidade padrão de medida de distância, o metro (m). Durante o processo de criação desse padrão, por volta de 1800, na França, a primeira tentativa foi a de construir uma barra com o comprimento que correspondesse a certo submúltiplo da circunferência terrestre; para servir como definição do metro-padrão, essa barra deveria ser feita de um material que não deteriorasse com o tempo. Depois de muitas outras regulamentações, chegou-se, em 1983, à atual definição de que o metro é a distância percorrida pela luz no vácuo no tempo de 1/299792458 de segundo. Veja na tabela a seguir os múltiplos e submúltiplos do metro. MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO METRO Unidade Ano-luz COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 144 Símbolo Relação com o metro al 9,6 · 1015 m Quilômetro km 1 km = 1.000 m Metro m Centímetro cm 1 cm = 10–2 m Milímetro mm 1 mm = 10–3 m Micrômetro µm 1 µm = 10–6 m Angström Å 1 Å = 10–10 m Fermi fm 1 fm = 10–15 m 18/05/10 11:57 Capítulo 1 •Abrindo o jogo Sua parte 2 1. A ordem de grandeza do diâmetro de um átomo é metro, a que distâncias do Sol estariam os demais planetas? de 10–10 m, e a do núcleo atômico, 10–14 m. Se imaginarmos o núcleo do átomo como tendo o diâmetro de uma bola de futebol, qual seria o diâmetro do átomo, mantidas as proporções atômicas? b) Copie a reta numérica em seu caderno. Utilize-a com o Sol colocado em seu ponto zero, para representar as posições de cada planeta conforme os valores encontrados no item (a) desta questão. 2. A tabela a seguir descreve as distâncias médias aproximadas de cada planeta do Sistema Solar em relação ao Sol: Planeta Distância média do Sol (m) Mercúrio 5,79 · 1010 Vênus 1,08 · 1011 Terra 1,5 · 1011 Marte 2,28 · 1011 Júpiter 7,178 · 1011 Saturno 1,43 · 1012 Urano 2,87 · 1012 Netuno 4,5 · 1012 a) Se utilizarmos uma escala em que a distância entre Mercúrio e o Sol corresponda a 1 milí- Velocidade média e instantânea O movimento de um objeto é caracterizado relacionando a variação de sua posição, também denominado, deslocamento: ∆s, com o tempo de percurso ∆t. A razão: deslocamento dividido pelo tempo é denominada velocidade média do objeto: Vm = ∆s ∆t Para especificar com exatidão a velocidade de um objeto, seriam necessárias outras informações, além do espaço percorrido e do tempo de percurso, como a direção (horizontal ou vertical, por exemplo) e o sentido (norte, sul, leste, oeste, por exemplo) do movimento. Mas, inicialmente, vamos considerar apenas o s valor absoluto da velocidade, que é a razão: . t COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 145 145 Sol 1 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 Distância (mm) c) Observe que na construção da reta numérica do item (b) desta questão foi usada uma técnica diferente da utilizada na reta numérica do item (b) da questão 1. Na questão 1, escolheu-se identificar cada marco da reta com uma nova potência de 10, de maneira a tornar cada vez maior o intervalo de tempo entre dois marcos consecutivos da reta. Aqui, na questão 2, escolheu-se a escala fixa de 1 mm de distância entre dois marcos consecutivos. Elabore uma hipótese que justifique tais escolhas e discuta as vantagens e desvantagens de cada técnica. As unidades de medida de velocidade podem ser: metro por segundo (m/s), quilômetro por hora (km/h) ou qualquer medida de distância dividida por uma medida de tempo. Procure lembrar-se de velocidades mencionadas ou mostradas em competições desportivas. Dependendo do esporte e das circunstâncias, a velocidade das bolas pode chegar a dezenas de metros por segundo, o que corresponde a mais de 100 quilômetros por hora. O cálculo feito nesses casos, em geral, é o do valor médio da velocidade da bola durante seu percurso. Mas, às vezes, é importante calcular o valor da velocidade instantânea. Quando um automóvel é multado em uma estrada, não é pela velocidade média que manteve durante toda a viagem, mas pela velocidade que tinha no instante em que passou pelo radar detector. 18/05/10 11:57 146 UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos muito curto: por exemplo, verificando em quantos segundos um carro cruza duas marcas na estrada, separadas por uns poucos metros. Iara Venanzi/Kino Pode-se calcular o valor aproximado da velocidade instantânea, em torno de certo instante, medindo o espaço percorrido em um intervalo de tempo Nas estradas, as placas informam o limite de velocidade instantânea permitida. Faça parte 4 VELOCIDADES 1. Trocando informações com seus colegas, ou por meio de pesquisa em manuais desportivos, enciclopédias ou na internet, descubra a velocidade média típica que caracteriza alguns esportes e transportes. 2. Utilize como exemplo a tabela abaixo para representar os valores encontrados na questão 1, tanto em quilômetro por hora (km/h), quanto em metro por segundo (m/s). Lembre-se de que cada quilômetro corresponde a 1.000 m, e cada hora, a 3.600 s, o que resulta no núme1.000 m 1 = m/s. ro 3,6 como fator de conversão entre essas unidades, pois: 1 km/h = 3.600 s 3,6 72.000 m 72 = = 20 m/s. Por exemplo, 72 km/h, corresponde a 20 m/s, pois: 3.600 s 3,6 s Esporte/Transporte Velocidades médias típicas km/h m/s Bola de tênis (saque) Corridas dos 100 m rasos Nado livre Carro de passeio Nave espacial Navio COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 146 18/05/10 11:57 147 A descrição dos movimentos 2. Corpo e móvel É muito comum nas explicações ou no enunciado de um exercício falar-se no movimento de um corpo, seja ele o corpo humano, de outro animal ou simplesmente uma referência a um objeto qualquer e, até mesmo, a uma porção de água ou fluido. Além disso, quando não há necessidade de se especificar qual é o objeto ou o corpo em movimento, se é uma moto, um carro ou uma bicicleta, é comum chamá-lo genericamente de móvel. Equipe Globaltec Uma das formas de estudar os movimentos é descrevendo-os. A descrição dos movimentos é feita por um tópico da mecânica denominado cinemática. A cinemática procura identificar a posição ocupada por um objeto em movimento, em cada instante, ao longo de sua trajetória, independentemente dos motivos que o levam a mover-se dessa ou daquela maneira. Veja, abaixo, alguns conceitos e termos técnicos normalmente utilizados nesse tipo de análise. 1. Ponto material e corpo extenso Quando se estuda o movimento de um objeto, muitas vezes é necessário considerar suas dimensões: comprimento, largura e altura. Porém, em certos casos, essas dimensões são muito pequenas em relação ao percurso que esse objeto descreve; então, podemos desprezá-las e considerar o objeto como um ponto material. Imagine um automóvel em duas situações de movimento (I e II). Se ele faz manobras dentro de uma garagem (I), não pode ser considerado um ponto material, porque, durante as manobras, é preciso levar em conta seu comprimento, largura e altura para que não haja colisões. Entretanto, se esse carro fizer um percurso de 20 km, por exemplo, entre duas cidades A e B (II), como mostra a figura, ele pode ser considerado um ponto material, porque seus 4 m de comprimento se tornam desprezíveis se comparados aos 20.000 m de percurso. Móvel 3. Referencial Para descrever um movimento, o observador deve definir um sistema de referência, também denominado referencial, em relação ao qual o móvel é analisado. Referencial é, portanto, o lugar onde um observador fixa um sistema de referência para, a partir dele, estudar o movimento ou o repouso de objetos. C 1,2 m 4 m I Equipe Globaltec 4. Movimento e repouso 1 ,5 Cidade A m Cidade B C II 20 km COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 147 Ro d o v i a Um corpo encontra-se em movimento sempre que sua posição se modificar, no decorrer do tempo, em relação a um certo referencial. Por outro lado, um corpo encontra-se em repouso quando sua posição se mantiver a mesma, no decorrer do tempo, em relação a um certo referencial. Note que em determinado instante, um corpo pode estar em repouso em relação a um certo referencial e, em movimento, em relação a outro referencial. Um exemplo é dado na figura a seguir, em que o passageiro no interior do ônibus está em repouso em relação ao ônibus e ao motorista, porque sua posição em relação a eles é sempre a mesma. Mas, em relação ao observador fixo na Terra, esse passageiro está em movimento, porque sua posição (x, x1, x2) muda com o decorrer do tempo. 18/05/10 11:57 UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos Ricardo Paonessa 148 x x1 x2 O ônibus está em repouso para que observadores? Sol Referencial: Sol Referencial: Terra P1 P3 P4 P5 P6 P7 Equipe Globaltec Considere um móvel que esteja em movimento em relação a um dado referencial. Isso significa que a posição desse móvel, em relação ao referencial, altera-se no decorrer do tempo. Unindo sucessivas posições do móvel por uma linha contínua, obtém-se a trajetória descrita pelo móvel para o referencial adotado. P1, P2, P3, ... representam as sucessivas posições ocupadas pelo móvel, correspondentes aos instantes t1, t2, t3, ... . A curva obtida com a união das sucessivas posições ocupadas pelo móvel é denominada trajetória. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 148 A lâmpada que cai do teto de um vagão (em movimento uniforme nos trilhos) tem trajetória retilínea em relação ao vagão e, ao mesmo tempo, apresenta trajetória parabólica em relação aos trilhos. 6. Localização Para definir a localização de um móvel em um determinado instante, é preciso estabelecer um sistema de referência. No caso de um movimento retilíneo, um único eixo cartesiano é suficiente para localizar o automóvel em certo instante. C 0 x Equipe Globaltec 5. Trajetória P2 Equipe Globaltec Terra Trajetória é, portanto, o caminho determinado por uma sucessão de pontos, por onde o móvel passa, em relação a um certo referencial. Em determinadas situações, considerando dois referenciais diferentes, pode-se ter duas trajetórias diferentes. Observe na figura a seguir: Equipe Globaltec Também devemos definir qual referencial estamos considerando quando imaginamos a Terra girando em torno do Sol, ou o Sol girando em torno da Terra. Se nos imaginássemos fora do sistema solar, veríamos a Terra girando em torno do Sol; se o referencial é a própria Terra, vemos o Sol mudando de posição em relação ao lugar onde estamos. xC Posição do móvel: xc 18/05/10 11:58 Capítulo 1 •Abrindo o jogo Mas para localizar um endereço em um guia de ruas, por exemplo, precisamos de um sistema cartesiano com dois eixos. Para determinar a localização de um apartamento no endereço do prédio, é preciso localizar o andar em que se encontra. Nesse caso, pode-se utilizar um sistema cartesiano com três eixos, x, y, z. trajetória orientada escala + 1m s=0 s = +2 m ORIGEM dos espaços REFERÊNCIA Para situar os veículos em uma rodovia utilizam-se marcos de indicação de quilometragem. Quando se diz que um carro está no km 32, significa que ele se posiciona a 32 km da origem convencionada da rodovia. x z y 7. Espaço Quando conhecemos a trajetória descrita por um móvel, segundo um referencial, podemos dispensar o uso de eixos cartesianos e definir a posição do móvel ao longo da trajetória, tomando um ponto como referência. Esse ponto de referência é denominado origem (O) e a posição do móvel é designada por S, que representa a distância do móvel, sobre a trajetória, desde a origem. O sinal de S é convencionado de acordo com a orientação da trajetória. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 149 Equipe Globaltec Equipe Globaltec Equipe Globaltec s = –2 m Equipe Globaltec 149 8. Deslocamento escalar, intervalo de tempo e velocidade média Neste e em outros textos de física, a letra do alfabeto grego D (delta) representa a variação de alguma grandeza física. Por exemplo, para expressar o intervalo de duração de uma viagem que começou às 2h00 (ti) e terminou às 2h50 (tf) escrevemos Dt = tf – ti = 50 min. Da mesma forma, se nessa viagem o carro foi de uma cidade situada na posição km 200 de uma rodovia para outra cidade localizada na posição km 300, representamos seu deslocamento escalar, ou variação de posição, como: Ds = s­f – si = 100 km. ∆s A velocidade média: vm = expressa a rapidez ∆t com que a posição de um móvel varia. Pelos dados acima, naquela viagem, o carro teria, uma velocidade média de 2 km/min. Isso não quer dizer que em todos os instantes da viagem sua velocidade foi essa. Provavelmente, o velocímetro indicou uma velocidade maior em uma ultrapassagem, e menor nas curvas. Mas, se o motorista durante toda a viagem mantivesse a velocidade constante de 2 km/min chegaria no destino no mesmo instante em que chegou com as diversas variações de velocidade que naturalmente ocorreram ao longo da trajetória. 18/05/10 11:58 150 Física UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos Sua parte 3 1. Segundo a Teoria da Relatividade publicada por Albert Einstein, em 1905, nada pode ser mais rápido do que a luz no vácuo, que percorre 300.000 km em apenas um segundo. primeira parte dele, determine o valor da velocidade média que ele deve ter desenvolvido na segunda parte do trajeto. 6. (PUC-SP) Leia com atenção a tira da Turma da Mônica mostrada abaixo e analise as afirmativas que se seguem, considerando os princípios da Mecânica Clássica. 3. A sonda Spirit lançada pela Nasa, em 2003, pousou ao skate e também em relação ao amigo Cebolinha. Mauricio de Souza Produções a) Utilizando os valores das distâncias médias de cada planeta ao Sol, apresentados em questão anterior, descubra quanto tempo a luz do Sol leva para chegar a cada planeta. b) A estrela mais próxima do Sistema Solar é a Alfa Centauro, distante cerca de 4,2 anos-luz da Terra – ou seja, a luz que essa estela emite demora 4,2 anos para chegar até nós. A que distância, em quilômetros, está a Alfa Centauro da Terra? c) A observação de estrelas e de seus aglomerados mais distantes permite aos astrofísicos elaborar hipóteses sobre a origem do Universo. Proponha uma explicação para isso. 2. A velocidade da Terra em seu movimento de translação em torno do Sol é de aproximados 30 km/s. Assim, quantos quilômetros viajamos por dia em meio ao espaço sideral em razão desse movimento da nossa nave-mãe? I. Cascão encontra-se em movimento em relação em Marte após cerca de sete meses de viagem. Considerando o trajeto como uma linha reta entre os dois planetas, qual foi a velocidade média aproximada dessa sonda em sua viagem da Terra a Marte? II. Cascão encontra-se em repouso em relação ao 4. Uma lesma percorre cerca de um milímetro a cada III.Em relação a um referencial fixo fora da Terra, segundo. Supondo que ela se movimente sem parar, até finalizar a tarefa, quanto tempo levaria a lesma para percorrer 100 m? 5. Um automóvel percorreu um trecho de sentido único com velocidade média de 7 m/s. Na primeira parte do trajeto sua velocidade média foi de 5 m/s. a) Levando em conta apenas as informações do enunciado, que alternativas representam um possível valor coerente para a velocidade média desenvolvida por esse automóvel no restante do percurso? Justifique sua resposta no caderno. I. 2 m/s II. 6 m/s III. 12 m/s IV. 72 km/h V. 36 km/h b) Supondo que, além das informações dadas no enunciado, seja informado também que o trecho todo tenha 350 m de extensão e que o automóvel tenha levado 40 s para percorrer a COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 150 skate, mas em movimento em relação ao amigo Cebolinha. Cascão jamais pode estar em repouso. Estão corretas: a) Apenas I d) II e III b) I e II e) I, II e III c) I e III 7. (Fuvest) Uma jovem viaja de uma cidade A para uma cidade B, dirigindo um automóvel por uma estrada muito estreita. Em um certo trecho, em que a estrada é reta e horizontal, ela percebe que seu carro está entre dois caminhões-tanque bidirecionais e iguais, como mostra a figura. A jovem observa que os dois caminhões, um visto através do espelho retrovisor plano, e o outro, através do para-brisa, parecem aproximar-se dela com a mesma velocidade. Como o automóvel e o caminhão de trás estão viajando no mesmo sentido, 18/05/10 11:58 Capítulo 1 •Abrindo o jogo 40 km/h ?? B 120 km a) 50 km/h com sentido de A para B b) 50 km/h com sentido de B para A BOLAS Deformações e forças de contato b) uma ponte de 100 m de comprimento? Após serem impelidos por força muscular, mãos ou pés, as raquetes ou os tacos transferem certa quantidade de movimento para as bolas. Em outros esportes, como boliche, bocha ou lançamento de peso, as bolas não são golpeadas, mas lançadas, exercendo-se um esforço muscular contínuo diretamente sobre elas, com a intenção de atribuir-lhes certa quantidade de movimento. Matthias Kulka/zefa/Corbis/LatinStock Christof Koepsel/Bongarts/Getty Images Everett Kennedy Brown/epa/Corbis/LatinStock Conhecemos muitos movimentos que envolvem bolas, como os que vemos nos jogos e esportes: futebol, vôlei, basquetebol, polo aquático, tênis, pingue-pongue, golfe ou sinuca. Em cada um deles, coloca-se a bola em jogo golpeando-a, com os pés, as mãos, raquetes ou tacos. a) um sinaleiro? Giuseppe Cacace/AFP/Getty Images 50 km/h c) 40 km/h com sentido de A para B d) 30 km/h com sentido de B para A e) 30 km/h com sentido de A para B 8. (Fuvest) Uma composição ferroviária com 19 vagões e uma locomotiva deslocam-se a 20 m/s. Sendo o comprimento de cada elemento da composição 10 m, qual é o intervalo de tempo que o trem gasta para ultrapassar completamente: Index Stock Imagery/LatinStock A 160 km Equipe Globaltec com velocidades de 40 km/h e 50 km/h, respectivamente, pode-se concluir que a velocidade do caminhão que está à frente é: 151 São diversos os esportes e jogos em que se utilizam bolas. Em todos os casos, há transferência de certa quantidade de movimento para elas por meio de forças de contato. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 151 18/05/10 11:58 152 UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos Faça parte 5 TROCANDO AS BOLAS O tipo de bola utilizada, sua elasticidade, sua massa, seu tamanho e a maneira como ela é golpeada ou lançada estão relacionados. Por exemplo, você consegue imaginar um jogo de futebol em que a bola fosse mais leve, como as de tênis ou de vôlei? Uma das consequências mais prováveis seria que as bolas, quando chutadas, teriam menor alcance. Imagine, então, um jogo de sinuca utilizando uma bola de golfe! E há jogos que não poderiam acontecer: vôlei ou futebol, usando bolas de boliche, ou tênis usando bolas de sinuca. 1. Procure imaginar que jogos poderiam ter suas bolas trocadas e o que isso causaria para o transcurso do jogo. 2. Identifique também que bolas não poderiam, nem de brincadeira, ser usadas em certos jogos e por qual razão. 3. Em seu caderno, faça uma tabela segundo o modelo abaixo. Complete-a, colocando outros jogos e tipos de bolas. Informe se é ou não possível jogar com as bolas trocadas em cada caso. Para cada situação, construa argumentações que justifiquem o preenchimento da tabela e apresente suas conclusões para o conjunto de seus colegas. Jogos Bolas de Futebol Fut-vôl Sim Futebol Vôlei Vôlei Basquete ... Boliche Fut-boli Não Vôl-fut Sim Basquete ... Boli-fut Sim Muitos objetos são postos em movimento por forças de contato, que deformam o corpo no impacto do chute ou do golpe inicial. Quando essa deformação se dá em corpos elásticos, como bolas de futebol e de vôlei, é transitória, pois após frações de segundo, eles voltam à sua forma original. Mas, quando os objetos são menos elásticos, a colisão pode provocar deformações definitivas, como acontece na colisão entre um taco de golfe e uma bola de sinuca, por exemplo. Sempre que se tratar de contato entre objetos elásticos, a deformação transitória sofrida por esses objetos cresce quando a força de contato cresce. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 152 Equipe Globaltec Boliche Uma bola de tênis sofre deformação ao chocar-se com a raquete. 18/05/10 11:58 Capítulo 1 •Abrindo o jogo A ação da força gravitacional a distância esfolada que se leva ao cair de uma motocicleta ilustra dolorosamente a perda de energia no contato com o chão. A diferença é que a bola é mais elástica do que nós: ela rola, e nós não; por isso, paramos mais depressa e sofremos deformações nada transitórias! Assim, ainda que tanto as forças de campo como as de contato possam iniciar ou modificar um movimento, somente as forças de contato promovem dissipação de energia do movimento. Ao observar uma bola durante um pequeno trecho de seu trajeto, frequentemente percebemos a ação da gravidade que a puxa para baixo; apenas essa ação faz com que a trajetória seja reta ou parabólica dependendo de seu movimento inicial. Se acompanhássemos o movimento da bola por mais tempo, poderíamos ver as colisões de que ela toma parte, durante as quais forças de contato agem. Se continuássemos a observação, perceberíamos que a bola, a cada novo contato com o chão, perde velocidade alcançando uma altura menor no topo de cada arco, por causa do efeito dissipativo do contato contínuo com o ar e com o chão. Equipe Globaltec Equipe Globaltec Além das forças de contato, existem forças que agem a distância por meio de um campo. Um exemplo é o campo gravitacional por meio do qual a Terra aplica a força peso em bolas e jogadores, puxando-os para o chão. Forças de campo impelem os objetos sem deformá-los, pois atuam de modo uniforme e contínuo, sendo, assim, muito diferentes das forças de contato que deixam de existir quando cessa o contato, como em um chute ou lançamento, por exemplo. Ao ser lançada, a bola adquire um movimento inicial que é alterado tanto pela força gravitacional como pela interação da bola com o ar, enquanto ela “voa”, ou com o chão, quando quica. A força gravitacional está, no entanto, sempre presente, mesmo se a bola fosse lançada na Lua onde não existe ar para interagir com ela e diminuir a velocidade com que ela avança. 153 A altura máxima atingida pela bola diminui a cada novo toque no chão. O campo gravitacional age verticalmente para baixo em ambas as bolas, provocando um contínuo aumento em suas velocidades. Sem contato não há dissipação O “vento” que se sente andando de moto ou de bicicleta exemplifica essa resistência do ar que a bola sente ao deslocar-se no ar com grande velocidade. A COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 153 No movimento de queda vertical da bola, no ponto mais alto, a velocidade é nula, e máxima, no instante anterior ao toque com o chão. Durante a queda, a força peso faz a velocidade da bola crescer continuamente até tocar o chão. No contato com o chão, a bola deforma-se dando origem à força elástica que tem sentido oposto ao da força peso e aumenta de valor conforme a deformação aumenta. 18/05/10 11:58 UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos Vamos analisar isso, como se estivéssemos assistindo à colisão da bola contra o chão em câmara lenta. Acompanhe na figura: • O toque com o chão produz deformação na bola, a qual passa a receber a ação da força elástica em sentido oposto à força peso. (3). • No início, essa força é pequena e insuficiente para interromper o movimento da bola, que continua “caindo” e se comprimindo mais e mais contra o solo, provocando um contínuo aumento da força de deformação elástica. • Em certo momento, a força elástica passa a ser maior que a força peso e começa a brecar a bola. (3 e 4). • Tão logo a bola pare, atingindo seu achatamento máximo, a força elástica, agora em seu máximo valor possível, impulsiona a bola de volta para cima. (5). • Conforme “sobe”, ainda em contato com o chão, a deformação e a força elástica diminuem progres- Faça parte 6 P 1 P 2 3 Fe Fe Fe P P P 4 5 P P 6 Equipe Globaltec 154 7 Ao chocar-se contra o chão, uma bola se deforma, com força elástica atingindo seu máximo valor na posição de máxima deformação. sivamente até o ponto em que cessa o contato com o solo, momento em que a bola começa a ganhar altura e fica sujeita apenas à ação da força peso, que em pouco tempo a fará cair novamente. (6). • A altura máxima atingida não será, no entanto, a mesma com que foi inicialmente largada. No contato com o chão, sempre há dissipações energéticas, e nunca é plena a devolução do movimento em cada quicar. EXPERIMENTO BOLAS PINGANDO NO CHÃO Ricardo Paonessa Apesar da grande elasticidade apresentada por muitas bolas desportivas, é variada a capacidade de devolução do movimento após uma colisão com o chão. Compare, na figura, as alturas atingidas no retorno de bolas que caíram de uma mesma altura. 56 cm 40 cm 32 cm 36 cm 15 cm bola de tênis de mesa bola de beisebol bola de golfe bola de futebol bola de tênis bola de basquete Fonte: <www.exploratorium.edu/baseball/bouncing.balls.html>. Apesar de todas essas bolas terem sido largadas de uma altura de 1 m, cada uma tem capacidade própria de devolução do movimento, atingindo diferentes alturas após o toque com o chão. 1. Verifique, utilizando bolas de que dispuser (por exemplo, de futebol, tênis de mesa ou de gude) e deixando-as cair sobre piso de cimento liso, as alturas que atingem após baterem no chão. Registre os resultados no caderno por meio de uma figura. 2. Em conjunto com seus colegas, elabore hipóteses para explicar por que algumas bolas quicam atingindo altura maior do que outras. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 154 18/05/10 11:58 Capítulo 1 •Abrindo o jogo Força nessa massa! poderia ser dito tanto aos atletas de arremesso quanto a um padeiro ou a um pizzaiolo, que usam sua força muscular para preparar a massa do pão ou a da pizza. Da mesma forma que é preciso força muscular para arremessar um disco olímpico e força de contato com o ar e com o solo para freá-lo, a massa de pão arremessada pelo padeiro sobre a mesa só para porque é contida pela mesa. Quanto maior a massa a ser empurrada ou contida e quanto maior for a variação que se quer impor à velocidade dessa massa tanto maior será a força necessária. Já vimos como definir e medir a velocidade, que é a relação entre distância e tempo. Vamos, agora, Faça parte ver como relacionar a força aplicada em um corpo com sua massa. StockFood/Latinstock FORÇA NESSA MASSA! 155 A preparação da massa de uma pizza exige força muscular. 7 MASSA DE BOLAS E DE VEÍCULOS Omikron/Photo Researchers/LatinStock Dennis Sabang/ epa/Corbis/LatinStock A unidade de massa adotada como padrão no Sistema Internacional de Unidades (SI) é o quilograma (kg), originalmente associado à massa de um litro de água e padronizado como a massa de certo bloco feito de platina e irídio. O padrão da unidade de massa no SI, é um cilindro de platina. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 155 Qual é a massa de uma bola de tênis de mesa? Peter Widmann / Alamy/Other Images A tonelada (t) corresponde à massa mil vezes maior que a do quilograma, assim como o grama (g) é um milésimo do quilograma. 1 t = 1.000 kg 1 kg = 1.000 g A massa das bolas oficiais utilizadas nos esportes nos mais diferentes tipos de jogos varia desde alguns gramas, como a de tênis de mesa, até vários quilogramas, como a de boliche. A massa dos veículos varia desde aquela de bicicletas desportivas, de alguns quilogramas, até a de navios de milhares de toneladas. • Faça uma ampla pesquisa sobre as massas de bolas e de veículos e, para facilitar a comparação com os dados de seus colegas, represente os valores encontrados em uma tabela, expressando todos em quilograma e em ordem crescente. E de uma bola de boliche? 18/05/10 11:58 156 UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos Sua parte 4 1. Organize os valores de massa apresentados na tabela a seguir em uma lista crescente de ordem de grandeza, expressando-os todos na unidade oficial do Sistema Internacional de Unidades (SI). Objeto ou corpo Massa Via-Láctea 7,0 · 1038 t Terra 6,0 · 1021 t Mosquito 10 mg Bactéria 10–15 kg Elétron 9,11 · 10–28 g Asa de mosca 50 mg Bola oficial de futebol de campo 450 g Bola oficial de boliche 10 lb Carro de passeio 1t Baleia azul 1,2 · 108 g O famoso transatlântico Titanic 5 · 104 t Limite inferior para um boxeador peso-pesado 190 lb Limite máximo de carga para um contêiner 45.600 lb Sol 2,0 · 1030 kg Avião de grande porte 365 t Glóbulo vermelho 10 mg –4 Lua 7,0 · 1022 kg Um dólar de prata 25 g Bola oficial de tênis de mesa 2,7 g Luva para um boxeador peso-pesado 10 oz Átomo de hidrogênio 1,67 · 10–27 kg Obs.: 1 t = 1 tonelada = 10 kg; 1 mg = 1 miligrama = 10–3 g; 1 kg = 1 micrograma = 10–6 g; 1 lb = 1 libra = 453,6 g; 1 oz = 1 onça = 28,35 g. 3 2. Copie a reta numérica a seguir em seu caderno e represente nela os valores de massa da tabela do exercício anterior. 10–40 10–30 10–20 10–10 1 1010 1020 1030 1040 1050 Força elástica Sendo a força elástica crescente com a deformação de um objeto elástico, como uma bola, podemos usar deformação para medir forças. Em uma mola espiral de aço longa, deformações pequenas, com relação ao comprimento original da COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 156 mola, são proporcionais às forças que as produzem. Assim como as bolas podem ser mais ou menos elásticas, as molas também podem ser mais ou menos flexíveis, e a proporção entre força F aplicada e estiramento x da mola é dada pela constante elástica K. 18/05/10 11:58 157 A expressão da força é usualmente escrita como F = – K x, em que o sinal (–) representa a característica restauradora da força elástica da mola que sempre atua no sentido oposto à força que produz o estiramento. A constante elástica K é expressa na unidade N/m (newton por metro). Se K = 200 N/m, para a mola ser esticada em 1 cm (0,01 m), a força que precisa ser aplicada sobre ela é de 200 N/m · 0,01 m = 2 N, ou seja, duas unidades de força, segundo o SI. Pode-se utilizar uma mola de aço para calibrar uma escala de unidades de força e, assim, construir um dinamômetro para medir forças. Lawrence Migdale/Photo Researchers/LatinStock Equipe Globaltec Capítulo 1 •Abrindo o jogo 12N f Atrito 12N 1 divisão = 3N Dinamômetro de mola Sua parte 5 1. O gráfico a seguir representa o valor da força elástica (F) em função do estiramento (x) que caracteriza três molas diferentes A, B e C. Qual delas é a mola mais dura? Por quê? F (N) A B C 0 COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 157 x (m) 18/05/10 11:58 UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos 158 Força peso O dinamômetro pode também ser utilizado para fazer uma medida indireta da massa de um objeto. Para tanto, é necessário conhecer a relação entre a massa de um objeto e seu peso. Se um pacote com massa de 1 kg de açúcar é dependurado em um dinamômetro, a escala aponta uma força de valor 9,8 N. Sabendo disso, se um objeto dependurado no dinamômetro (por exemplo, uma garrafa de refrigerante de 1,5 litro) indicar uma força de 14,7 N, pode-se saber que sua massa é de 1,5 kg. A força indicada pelo dinamômetro é a força peso. Em outras palavras, a força peso é Fp = mg, onde m é a massa, e g = 9,8 N/kg é o valor do campo gravitacional na superfície da Terra. Sua parte 6 1. Um objeto de 1 kg, como um pacote pequeno de açúcar, pesa na Terra 9,8 N, pois o campo gravitacional de nosso planeta é de 9,8 N/kg. Em cada planeta, o campo gravitacional é diferente. Em Júpiter, por exemplo, onde o campo gravitacional é de 25 N/kg, o mesmo pacote pesaria 25 N. A tabela a seguir apresenta os valores do campo gravitacional da Lua, nosso satélite natural, e dos demais planetas que compõem o Sistema Solar com a Terra. Determine qual seria o peso em cada um desses astros de uma pessoa que na Terra pesa 686 N. Astro Campo gravitacional (N/kg) Lua 1,7 Mercúrio 2,8 Vênus 8,9 Marte 3,9 Júpiter 25 Saturno 10,9 Urano 11 Netuno 10,6 Fonte: GREF (Grupo de Reelaboração do Ensino de Física). Leituras de Física. Mecânica. página 52. São Paulo: USP/MEC-FNDE, CAPES, FAPESP/MEC, CENP - Programa Pró-Ciência, 1998. 3v 2. A tabela a seguir apresenta alguns valores típicos de forças. Com esses dados, pode-se realizar comparações de semelhança, como entre a força desferida em um golpe de caratê de 1.000 N e o peso de uma pessoa de 102 kg, por exemplo. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 158 Percebe-se, assim, que 1 N é a força necessária para suspender uma massa de 1/9,8 kg, ou, aproximadamente, 0,1 kg ou 100 g (correspondente à massa de cerca de meio copo de água). Assim, para saber que força é necessária para erguer um objeto, basta multiplicar sua massa pelo valor do campo gravitacional. Uma bola de boliche, por exemplo, de 3 kg é erguida por uma força de 29,4 N. As massas dos objetos que se movem, as velocidades desses objetos e suas variações e as forças neles aplicadas, sejam elas de contato ou de campo, são elementos importantes para a compreensão dos movimentos. É preciso identificar esses elementos em todos os movimentos. Que objetos ou corpos teriam, na Terra, um peso comparável ao dos outros valores da tabela? Forças Força de atração entre o elétron e o núcleo do átomo de hidrogênio Força média exercida pelo coração sobre o sangue entrando na aorta Valores (N) 8 · 10–8 4 Golpe de caratê 103 Força de repulsão entre dois prótons num núcleo atômico 104 Força média desenvolvida em uma colisão de um automóvel com a traseira de um caminhão a uma velocidade de aproximação de 50 km/h 2 · 105 Força aplicada pelas turbinas de um avião de grande porte 8 · 105 Força aplicada pelo motor de um foguete espacial 108 3. Como no caso de todas as grandezas físicas, para força também há outras unidades além daquela aceita oficialmente pelo Sistema Internacional de Unidades. Dois exemplos são o quilograma-força (kgf) e a dina (dyn): 1 kgf = 9,8 N; 1 dyn = 10–5 N. Expresse nessas duas unidades cada um dos valores apresentados na tabela da questão 2. 18/05/10 11:58 Capítulo 1 •Abrindo o jogo seu comprimento de 12 cm para 17 cm quando penduramos em sua extremidade um corpo A (em repouso) de peso 10 N. Equipe Globaltec 4. A mola ideal representada na figura ao lado varia 159 12 cm 17 cm a) Qual a constante elástica da mola em N/m? b) Qual o comprimento dessa mola quando ela sustentar, em repouso, um corpo B de peso 20 N? Faça parte 8 10 N EXPERIMENTO CONSTRUA SEU DINAMÔMETRO Você pode construir seu próprio dinamômetro e sair medindo forças por aí. Para isso, utilize uma mola espiral (em geral, feita de um fio de aço), dois parafusos em formato de gancho, uma rolha, uma tira de madeira e um cano ou tubo plástico. 1. Observe com atenção as figuras A, B e C, procurando entender o papel de cada peça e o funcionamento do aparelho. Ao puxar o gancho externo, ou pendurar algum objeto nele, a tira sairá do cano, mostrando o quanto a mola foi esticada no interior dele. Desenhada na madeira, uma escala mede a força com que o gancho foi puxado. B C Ricardo Paonessa A valor da força Representação esquemática de um dinamômetro (A), seu funcionamento (B) e sua calibragem (C). 2. Separe o material para montar seu dinamômetro. Não há medidas predeterminadas para suas peças, pois elas dependem da mola e da madeira que estiverem disponíveis. Lembre-se apenas que quanto mais dura for a mola, menos precisão seu dinamômetro vai ter para pequenas variações de forças. Por outro lado, quanto mais mole for a mola, menor será a força máxima que você poderá medir sem estragar a mola. 3. O procedimento de calibragem do dinamômetro é bastante simples: Com seu dinamômetro colocado na posição vertical, pendure um objeto de massa conhecida, como um pacote de 1 kg de açúcar, e, com uma caneta, faça uma marca na madeira ou em um papel colado sobre ela, na altura da saída do cano (figura C). Repetindo esse procedimento em outros objetos, maiores e menores que a medida anterior, seu dinamômetro já poderá ser calibrado. Para isso, basta que você escreva ao lado de cada marca o valor em newton (N) correspondente ao peso de cada objeto que foi pendurado. Lembre-se de que cada quilograma pesa 9,8 N na superfície de nosso planeta. COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 159 18/05/10 11:58 UNIDADE 2 • Transportes, esportes e outros movimentos 160 4. Agora você pode medir qualquer peso que sua mola aguentar, como o peso de um estojo, de um caderno Ricardo Paonessa e de seus livros. Pode também medir qualquer força, como, por exemplo, a força mínima necessária para arrastar seu fichário sobre uma mesa horizontal, ou para evitar que ele deslize sobre uma mesa em diferentes inclinações, ou simplesmente a força muscular necessária para deformar a mola, por exemplo, em um centímetro, o que permite calcular a constante elástica (K) de sua mola. 5. Compare seu dinamômetro com os de seus colegas, identifique os mais precisos e discuta com seu professor e demais colegas as possíveis razões para essa melhor precisão. Sua parte 7 1. Certa mola possui uma constante elástica de 1 N/cm, ou seja, é necessário aplicar-lhe uma força de 1 N para cada centímetro que se deseje estirar. a) Qual o estiramento produzido ao aplicar-lhe uma força de 10 kgf? b) Qual o valor da força necessária para estirar a mola em 1 m? c) Qual o valor da constante elástica (K) que uma mola deve ter para produzir um estiramento de 1 m ao ser puxada por uma força de 10 kgf? 2. Suponha que um dinamômetro, com mola de constante elástica de 4 N/cm, tenha sido calibrado na Terra de forma a expressar em kg os valores das massas nele penduradas. a) Que leitura indicará esse dinamômetro na Terra quando um objeto de 98 N de peso terrestre for pendurado nele? Qual o estiramento produzido na mola nesse caso? b) Suponha que esse mesmo dinamômetro seja levado à Lua (força da gravidade na Lua = 1,7 N/kg) e que o mesmo objeto seja pendurado nele. Qual novo valor do estiramento produzido na mola e da massa aparente será indicado pelo COC_FIS_ANO1_Un2_Cap1.indd 160 aparelho? Por que a massa indicada não corresponde ao seu real valor? Que fator de conversão corrige a indicação? c) Queremos utilizar um outro dinamômetro de mesma escala, mas com outra mola, que sofra o mesmo estiramento calculado no item (a) e que indique de forma correta a massa do objeto na Lua. Qual deveria ser o valor da constante elástica (K) da nova mola do dinamômetro? Esse outro dinamômetro forneceria o valor correto para massas se utilizado na Terra? d) Pelos resultados encontrados nos itens anteriores você deve ter percebido que um dinamômetro não é útil para medir massas fora do local de sua fabricação, sem que se faça nova calibração. Isso acontece na própria Terra, uma vez que o campo gravitacional terrestre sofre pequenas alterações conforme a altitude e longitude do local. Então, já que é impossível calibrar um dinamômetro que possa medir massas em qualquer local de qualquer planeta com a mesma precisão, que tipo de balança pode fornecer a massa correta sem a necessidade de recalibração? 18/05/10 11:58