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Protocolo de tratamento fisioterapêutico para síndrome do imobilismo
em pós fratura transtrocanteriana
Zeneida Laborda Passos1
[email protected]
Dayana Priscila Maia Mejia2
Pós-graduação em Fisioterapia em Reabilitação na Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia
Manual - Faculdade Ávila
Resumo
Fratura transtrocanteriana define-se por um traço de fratura entre o trocânter maior e o
trocânter menor do fêmur, ocorre em maior incidência em idosos acima de 65 anos, sexo
feminino com presença de osteoporose. A fratura transtrocanteriana é um problema público
pelo alto índice de morbidade e mortalidade, principalmente no 1.º mês após fratura,
variando de 6% a 11% de ocorrência. O estudo foi realizado em um indivíduo de 93 anos,
sexo feminino, com diagnóstico clínico de fratura transtrocanteriana. A pesquisa transcorreu
pós alta hospitalar, no período de 10-04 a 10-05-2009, em seu domicílio, com aplicação de
um tratamento fisioterapêutico 1 vez por dia, todos os dias da semana, duração média de 45
minutos cada atendimento. O tratamento fisioterapêutico consistiu de técnicas direcionadas
para as necessidades próprias decorrente da fratura transtrocanteriana e das complicações
decorrente do imobilismo. O estudo de caso iniciou com a 1.ª avaliação do indivíduo,
contendo anamnese e exame físico, ocorrendo uma 2.ª avaliação em 15 dias e uma 3.ª
avaliação em 30 dias após a 1.ª avaliação. O paciente ao término do estudo de caso
apresentava-se sem complicações respiratória, circulatória, digestiva e muscular, mostrando
ganho de amplitude articular, força muscular e ausência de úlcera de pressão.
Palavra – Chave: Fratura Transtrocanteriana; Prevenção; Complicações do Imobilismo.
1. Introdução
As fraturas transtrocanterianas, conforme Apley (2002) são definidas: como um traço de
fratura que ocorre entre o trocânter maior e o trocânter menor do fêmur, na área extracapsular
da articulação do quadril. Para Schwartsmann; Lech; Teloken (2003), a fratura
transtrocanteriana é classificada de acordo com o traço apresentado, a intensidade do trauma e
a resistência do osso, sendo que também a apresentação da fratura a classifica como estável
ou instável.
Conforme Lojudice, (2010), as quedas são causadas por fatores multifatoriais envolvendo
elementos intrínsecos e extrínsecos. Os fatores intrínsecos assim como os extrínsecos
propiciam as quedas em diferentes graus de gravidade, que variam de escoriações leves a
fraturas.
De acordo com Muniz, Arnaut; Yoshida (2007), devido o alto índice de ocorrência de fraturas
transtrocanterianas em pacientes idosos, de predomínio no sexo feminino com média entre 66
a 76 anos com incidência de 2:1 a 8:1 sobre o sexo masculino, essas fraturas tornaram-se um
________________________
1 Pós-graduando em Fisioterapia em Reabilitação na Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual.
2 Orientadora: Fisioterapeuta. Especialista em Metodologia do Ensino Superior. Mestranda em Bioética e Direito
em Saúde.
2
problema de saúde pública.
Para Schwartsmann; Lech; Teloken (2003), os pacientes idosos femininos por apresentarem
osteoporose pós-menopausa e também deficiências pré-existentes do envelhecimento
biológico normal como: diminuição dos reflexos, visão e equilíbrio, tornam-se mais
susceptíveis às fraturas transtrocanterianas. Esses pacientes têm um prognóstico incerto,
apresentando uma recuperação de forma mais lenta, mantendo-os por mais tempo
imobilizados e com prognóstico incerto em relação a sua recuperação.
Para Anjos et al (2012), a osteoporose como é uma doença silenciosa progressiva e sem
sintomas até que ocorra uma fratura, faz-se necessário a criação de um programa de educação
para com os jovens no sentido de se atingir o máximo de massa óssea no final da maturação
do esqueleto, com isso reduzir o risco de fraturas e perda óssea, além desse programa de
educação poderia também criar uma outra campanha nacional para diagnosticar e tratar
precocemente a osteoporose afim de prevenir as futuras complicações da mesma, deve constar
de um programa multidisciplinar, tanto na área medica quanto como também a social, dando
ênfase a moradia desse idoso, por esse ser o local onde mais ocorrem as fraturas, que são as
fraturas domesticas, relacionadas aos fatores intrínsecos.
Para Machado et al (2012), a literatura confirma a predominância do sexo feminino, ela
apresenta mais risco de fratura de colo do fêmur devido a longevidade, um tempo maior de
climatério e a osteoporose. No entanto elas apresentam melhores índices no quesito Saúde
Mental, apesar de maior idade, elas conseguem manter uma boa qualidade psíquica, mesmo
durante as intercorrências como internação, o trauma ósseo e as cirurgias.
Para Ricci et al (2012), confirmam a predominância das fraturas proximal do fêmur no sexo
feminino da raça branca no pós menopausa, e uma baixa frequência em negros.
O tratamento das fraturas transtrocanterianas, de acordo com Rocha (2009), é cirúrgico ou
conservador. O conservador é indicado quando o paciente apresenta co-morbidades, ou
quando as fraturas são incompletas ou sem desvio.
Para Canto et al (2007) o tratamento cirúrgico depende do estado clínico do paciente,
necessitando este estar compensado, e que a realização da cirurgia não é fator determinante
em relação à morbidade, sendo esta determinada por presença de três ou mais co-morbidades.
E diante da impossibilidade da cirurgia, o tratamento conservador é indicado com repouso no
leito e mobilização precoce, devido à alta taxa de mortalidade ocorrer nos primeiros 30 dias.
Para Nunes (2012), o mais importante no pós operatório é posicionar o paciente em pé e em
movimento o mais rápido possível, para que ele retorne a sua função anterior a lesão. O
protocolo fisioterapêutico se faz necessário, para acelerar a reabilitação principalmente para o
alivio da dor, reduzir o edema, manter e restabelecer a amplitude de movimento das
articulações, força e resistência muscular, ganhando flexibilidade e mobilidade,
propriocepção, com cuidado de preservar a velocidade de consolidação dessa fratura, com
propósito desse paciente retornar as suas funções o mais breve possível.
Em estudo realizado por Muniz, Arnaut, Yoshida (2007), 14,61% dos pacientes em estudo
foram a óbito pouco tempo após a fratura, não sendo possível a intervenção cirúrgica. Como
fatores determinantes para a mortalidade foram às complicações respiratórias e
cardiovasculares.
Em estudo realizado por Sakaki (2004), as doenças pré-existentes são determinantes para o
prognóstico dos pacientes pós-fraturas.
3
Para Cunha et al (2008), as complicações mais frequentes encontradas nas literaturas no pós
operatório de fraturas em idosos são: as infecções urinárias, pneumonias, delirium, úlceras de
pressão, insuficiência cardíaca, AVC - acidente vascular cerebral, tromboembolismo, pico
hipertensivo, arritmias cardíacas e infarto agudo do miocárdio.
Segundo Maciel et al (20120, estudos mostram que os gastos são elevados com internações
decorrentes de fraturas femorais e outros ossos, verificou-se também que os gastos é muito
maior com o tratamento das vítimas do que com a prevenção.
Segundo Canto et al (2007), há um alto índice de morbidade e mortalidade dos pacientes que
sofrem fraturas transtrocanterianas, pois no decorrer do 1º mês após a fratura a mortalidade
varia de 6% a 11%, e no decorrer do 1º ano a mortalidade é representada por 14% a 36%.
Sendo que 20% dos pacientes que sofreram a fratura não readquirem independência para
realização de suas atividades de vida diária e não retornam à sua vida social em um ano após
fratura.
Sendo assim faz-se necessário à ação do fisioterapeuta e do cuidador do paciente para que este
receba um tratamento domiciliar direcionado às suas necessidades, visando-o de forma tanto
individual quanto global, para que este paciente tenha um tratamento fisioterapêutico
adequado e eficaz, diminuindo assim o seu tempo de imobilização e as complicações trazidas
pelo imobilismo como: alterações respiratórias, circulatórias, problemas vesicais e úlceras de
pressão.
Nesse estudo de caso foi aplicado um tratamento fisioterapêutico em um paciente com fratura
transtrocanteriana, por meio de um protocolo fisioterapêutico, o qual continha condutas
selecionadas e direcionadas para a necessidade do paciente de acordo com seu estado clínico e
cinesiológico.
O tratamento fisioterapêutico domiciliar, mediante sua abrangência em relação a sua
aplicação direcionada para as necessidades próprias decorrente das fraturas
transtrocanterianas, como também das complicações produzidas pelo longo tempo de
imobilismo possibilita a redução do desconforto do paciente traumatizado, como também a
redução do tempo do imobilismo.
Este estudo de caso teve por objetivo verificar a aplicação do atendimento fisioterapêutico
domiciliar, direcionado de forma globalizada e individualizada de acordo com a necessidade
do paciente com fratura transtrocanteriana, reduzir o desconforto do paciente, do seu tempo de
imobilização e das complicações trazidas pelo imobilismo.
2. Materiais e Métodos
O presente estudo de caso foi realizado em um indivíduo com fratura transtrocanteriana do
fêmur direito, impossibilitado de realizar o método cirúrgico para redução da fratura,
necessitando do tratamento conservador domiciliar.
A pesquisa transcorreu no período 10/04 à 10/05 de 2009, após alta hospitalar. O início da
pesquisa ocorreu com a primeira avaliação do indivíduo, em seu domicílio, através da
anamnese que coletou informações sobre os dados pessoais e a história pregressa (HPD) e
atual (HDA) e a história do trauma ocorrido. Exame físico com inspeção e palpação. Houve
uma avaliação fisioterapêutica a cada 10 dias observando e registrando a evolução do
paciente.
4
No exame físico, em inspeção foi verificado o posicionamento do paciente ao leito, presença
de edema, avaliação da presença de dor por meio da escala visual analógica (EVA), fig. 5,
classificada por escore de 0 a 10.
Em palpação foi realizada a cirtometria por meio de fita métrica, para verificação da presença
de edema em membro inferior direito (MID) em comparação com o esquerdo. Em amplitude
de movimento ativo (ADMA) e passivo (ADMP), foi avaliado com utilização do goniômetro
determinando as amplitudes de movimento por graus. Para avaliação da força muscular dos
grupos musculares: Flexores, abdutores e adutores do quadril, foi utilizado a escala de
Oxford, por escore de 0 a 5. Na avaliação para a verificação de encurtamento do membro
inferior, foi realizada a medida real e medida aparente com a utilização da fita métrica.
O atendimento fisioterapêutico foi aplicado 1 vez por dia, todos os dias da semana com
duração média de 45 minutos cada atendimento. O atendimento foi realizado com a aplicação
do protocolo fisioterapêutico com condutas direcionadas para as necessidades apresentadas
pelo paciente, apresentado no quadro I.
Objetivo
Diminuir quadro álgico
Reduzir Edema
Conduta
Crioterapia por 20 minutos
Crioterapia por 20 minutos
Isometria dos grupos musculares flexores e extensores do joelho
Posicionamento adequado para evitar Apoiando o membro fraturado com uma almofada na região
fixação em varo do fêmur
lateral da coxa corrigindo a posição em varo do membro
fraturado.
Prevenir comprometimentos
Exercícios passivos no membro fraturado.
Cardiovasculares
Exercícios ativos e ativos resistidos em MI contra lateral e MMSS
Prevenir comprometimentos circulatórios Exercícios metabólicos de extremidade e exercícios passivos nas
articulações não comprometidas do membro inferior direito.
Prevenir comprometimentos respiratórios Mobilização torácica e escapular
Técnicas reexpansivas respiratória associadas à cinesioterapia
motora de membros superiores.
Prevenir complicações vesicais
Manobras vesicais.
Prevenção de úlceras de decúbito
Posicionamento em decúbito dorsal e apoio de coxins sob
proeminências ósseas.
Quadro I: apresentação dos objetivos do tratamento fisioterapêutico e as técnicas correspondentes.
No início e no final de cada atendimento foram verificados os sinais vitais, com: pressão
arterial sistêmica (PA), freqüência cardíaca (FC), Respiratória (FR) temperatura (T) e ausculta
pulmonar (AP).
A análise estatística ocorreu por meio de uma avaliação comparativa quali-quantitativa
realizada no início de estudo com uma primeira avaliação anteriormente a aplicação do
primeiro atendimento fisioterapêutico e após o último atendimento domiciliar.
Esse estudo de caso respeitou a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, a qual
assegura a confidencialidade e a privacidade, proteção da imagem e a não estigmatização do
paciente.
3. Resultados
Descrição do caso: IMS 93 anos, sexo feminino, raça branca. No dia 01 de abril de 2009, caiu
da própria altura quando estendia roupa, foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de
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Urgência (SAMU), sendo encaminhada ao Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, na cidade
de Manaus-AM. Foi admitida na emergência e por meio de RX foi constatado fratura
transtrocanteriana no Membro Inferior Direito (MID), foi encaminhada para o centro
cirúrgico, sendo submetida à tração transesquelética (TTE) em MID. Foi transferida para
enfermaria feminina do mesmo hospital, na mesma data, permanecendo internada por 7 dias,
recebendo alta hospitalar, por opção de seus familiares que não permitiram a realização da
redução da fratura por método cirúrgico. No 10º dia após a fratura teve início o tratamento
domiciliar com a realização de avaliação fisioterapêutica, contendo anamnese para coleta de
dados Historia Pregressa (HDP) e Historia Atual da Doença (HAD), exame físico com
inspeção e palpação. Em HDP a paciente não apresentava comprometimento
cardiorespiratório. Utilizava de auxilio de bengala para deambulação, por algia em joelho
direito derivado de osteoartrite. Apresentava osteoporose a qual foi diagnosticada após
trauma. Em HDA paciente em bom estado geral, colaborativa e com o cognitivo preservado.
Hipertensa, com uso de medicamento, apresenta sinais vitais de: PA: 140 X 80 mmhg, FC: 78
bpm, FR 24 irpm, temperatura 36º. Ausculta Pulmonar MV (+) sem ruídos adventícios. Em
exame complementar: RX com apresentação de fratura transtrocanteriana do fêmur direito, do
tipo estável. (ver figura I e II).
Para Almeida, (2012), o diagnóstico radiológico destas fraturas são feitos através de
radiografias convencionais. Já o diagnóstico clínico apresentam dor juntamente com
incapacidade de deambulação logo após a fratura, os traumas de baixa energia, acometem
principalmente os idosos, já os traumas de grande energia acometem mais os jovens com
quadros mais graves de fraturas, o tratamento indicado é o cirúrgico, não existindo outra
modalidade de tratamento não cirúrgico, salvo quando o paciente encontra-se incapacitado de
realizar a cirurgia, neste caso é indicado o tratamento concervador.
Fonte: Passos, 2009
Fonte: Passos, 2009
Figura I e II Demonstrando a fratura transtrocanteriana no Membro Inferior Direito
À palpação foi verificada presença de algia ao movimento passivo no terço proximal do fêmur
direito, classificado a nível 8, por meio da escala visual analógica (EVA). A EVA é
representada por uma escala de 0 a 10. O escore 0 representa a ausência de dor enquanto que
10 representa a maior dor possível. (ver tabela I).
6
A Escala visual analógica foi usada pois, a paciente encontrava-se com o cognitivo
preservado podendo responder qual o seu nível de dor.
Fonte: www.eletroterapia.com.br/
Ao exame físico em inspeção apresentava edema em região terço superior do fêmur direito.
Pele hidratada com presença de hematoma sobre o trocânter maior, sem presença de úlcera de
pressão. Adotava postura característica da própria fratura com abdução e rotação externa do
quadril, joelho mantido em semi-flexão e tornozelo em eversão, mantendo o maléolo lateral
em apoio à cama, como mostra a figura III.
Fonte: Passos, 2009
Figura III: Posicionamento característico da fratura
Fonte: Passos, 2009
Figura IV = Posicionamento final após 30 dias
A amplitude de movimentos ativos (ADMA) e passivos (ADMP) em quadril direito em 1.ª
avaliação encontravam-se em 0, pois a paciente estava impossibilitada de realizar os
movimentos, com limitação por dor. A amplitude de movimento de flexão máxima,
decorrente da própria contra indicação após fratura para prevenir novos traumas, é de 30º, não
podendo criar expectativas para realização de graus maiores. (ver tabela II).
O grau de força do MID, teve por base a escala de Oxford com escore de 0 a 5. Os grupos
musculares avaliados foram: flexores, abdutores e adutores do quadril, flexores e extensores
de joelhos (ver tabela III).
Para a verificação do edema foi realizado a cirtometria em membros inferiores com referência
da linha do trocânter maior de proximal para distal com intervalo de 10 cm para cada medida
com posicionamento da fita métrica infra-trocanteriana. (ver tabela IV).
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Na realização de medida aparente e real em 1.a avaliação, com uso da perimetria foi verificado
o encurtamento do membro inferior direito (MID) de 4 cm em relação ao MIE. Em 2.ª
avaliação o encurtamento reduziu para 3 cm., mantendo-se em 3.ª avaliação.
Após 15 dias da 1.ª avaliação, foi realizada uma 2.ª avaliação e após 30 dias uma nova
avaliação, com os mesmos itens abordados na 1.ª avaliação, constando os resultados nas
tabelas I, II, III e IV.
Dor ao mov.
1.ª Aval.
2.ª aval.
3.ª aval.
Escore
8
4
0
Tabela I: Representa a Escala Visual Analógica – EVA, nas três avaliações realizadas
Legenda: Mov. = Movimento; Aval.= Avaliação.
Movimentos
Flexão
Extensão
Abdução
Adução
1.ª Aval.
D
E
0
70
0
0
0
20
0
30
2.ª Aval.
D
E
10 70
0
0
10 30
10 40
3ª. Aval.
D
E
20 70
0
0
20 30
20 40
Tabela II: Representando a ADM ativa do quadril direito e esquerdo nas três avaliações realizadas
Legenda: Aval.= Avaliação
Grupos
Musculares
Flexores
Abdutores
Adutores
1.ª Aval.
D
E
1
4
1
4
1
4
2.ª Aval.
D
E
2
4
2
4
2
4
3ª. Aval.
D
E
2
4
2
4
2
4
Tabela III: Representando o Grau de Força do MID e MIE (escala de Oxford)
Legenda: Aval.= Avaliação.
Troc.
1.ª Aval.
2.ª Aval.
3.ª Aval.
Maior
D
E
D
E
D
E
10 cm
44
38
42
38 39
38
20 cm
39
33
34
33 34
33
30 cm
32
30
30
30 30
30
Tabela IV= Representando a Cirtometria realizada nas três avaliações
Legenda: Troc=Trocânter, Aval.=Avaliação.
4. Discussão
O tratamento fisioterapêutico consistiu de condutas para prevenção das complicações do
imobilismo, o qual foi inicialmente aplicado com a paciente em decúbito dorsal (DD).
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A eleição das condutas desse estudo de caso no tratamento conservador domiciliar após
fratura transtrocanteriana foi: crioterapia, exercícios isométricos e mobilização passiva do
MID.
A crioterapia aplicada na região trocantérica por 20 minutos, teve por objetivo a abolição do
edema e da algia. De acordo com Sandoval (2005) a crioterapia diminui o metabolismo
devido a vaso constricção, o qual diminui o processo inflamatório e todos os acometimentos
deste, como o aumento da permeabilidade vascular o que ocasiona o edema e as reações
bioquímicas com a ativação de substâncias inflamatórias as quais produzem dor.
A crioterapia foi aplicada 20 minutos antes da realização do tratamento fisioterapêutico. A
aplicação era realizada pelo cuidador do paciente sobre a orientação do fisioterapeuta. O
edema e a algia da articulação do quadril foram abolidos em duas semanas.
O posicionamento da paciente no leito baseou-se na retirada da posição característica da
fratura, na qual os pacientes adotam, para evitar fixação em varo do fêmur. O posicionamento
do MID era em posição neutra com leve flexão do quadril, com apoio de um travesseiro
abaixo desse, para redução de algia nessa região, e com a extremidade elevada, com o
objetivo de favorecimento do retorno venoso e aumento da circulação evitando trombose
venosa profunda (TVP).
Stadnick (2002), explica que na fase precoce do tratamento conservador após fratura deve-se
somente posicionar o paciente adequadamente no leito, com elevação da extremidade do
membro inferior acometido para favorecimento do retorno venoso e a diminuição do edema,
podendo também ser usado técnicas de isometria.
Para Koberle (2001), o tratamento conservador da fratura transtrocanteriana, consiste na
mobilização precoce, sentando o paciente fora da cama no segundo dia após fratura para
evitar complicações do imobilismo.
Os exercícios isométricos realizados no MID, nos grupos musculares flexores, extensores,
abdutores e adutores do quadril, também proporcionaram a diminuição do edema e
conseqüentemente a abolição da algia, e a prevenção da hipotrofia muscular dessa região.
De acordo com Stadinick, (2002), o exercício isométrico muscular é o resultado da tensão e
força produzido pelo músculo que se contrai sem alterar o comprimento do músculo. O
exercício isométrico é indicado quando o movimento articular é doloroso ou contra indicado.
Para manter a integridade articular e muscular do MID, foi realizado cinesioterapia com
exercícios passivos nas articulações do joelho e tornozelo, evoluindo para exercícios ativos
assistidos.
Após 7 dias ao início do tratamento a paciente foi transferida da posição deitada para sentada
na cadeira. A paciente sentia-se confortável e sua autoestima melhorou.
Em relação ao resultado do ganho de ADMA e ADMP do MID foi pouco significativa, pois a
paciente além do comprometimento da fratura, apresentou quadro álgico, o qual era
exacerbado ao mínimo movimento realizado no MID. Esse quadro álgico era derivado de
osteoartrite presente em joelho direito. Na última semana do atendimento fisioterapêutico com
aplicação da crioterapia, micro-mobilização patelar e liberação de fundo de saco, o quadro
álgico do joelho foi reduzido.
As condutas utilizadas para prevenção das complicações do imobilismo foram aplicadas
simultaneamente às do MID. Foi realizado a cinesioterapia com alongamento global,
exercícios ativos de MIE e mobilização escapular, prevenindo encurtamento muscular,
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manutenção de ADMA, força muscular e aumento da circulação, prevenindo complicações
cardiovasculares e circulatórias
De acordo com Vojvodic (2004), a imobilidade provoca redução na capacidade funcional dos
sistemas osteomuscular, tecido conjuntivo, articular, respiratório e metabólico, entre outros.
Para prevenção dessas complicações provenientes do imobilismo é necessário a estimulação
da movimentação no leito com exercícios metabólicos, passivos e ativos resistidos.
Para prevenção de comprometimentos respiratórios foi utilizado exercícios respiratórios de
reexpansão, associado à cinesioterapia motora de MMSS com intuito do aumento do fluxo
inspiratório e expiratório. De acordo com Vojvodic (2004) o sistema respiratório é deprimido
pelo longo tempo de imobilização, diminuindo sua capacidade funcional entre 25 a 50%. O
aumento do volume respiratório favorece a higiene brônquica, evitando acumulo de secreção
comum em pacientes imobilizados. Ao término do estudo de caso a paciente mantinha o seu
sistema respiratório normal com ausculta pulmonar igual ao início do estudo.
As massagens vesicais foram aplicadas com leve pressão sobre o abdome da paciente em
sentido horário, auxiliando o movimento peristáltico, proporcionando a função normal
gastrointestinal, evitando a constipação, pois de acordo com Vojvodic, (2004), o repouso no
leito com falta de movimentos e estimulação altera o trato gastrointestinal, resultando em falta
de apetite, redução do peristaltismo e a constipação intestinal.
A paciente ao término do estudo de caso não apresentou úlceras de pressão, devido à
utilização de coxins sob as proeminências ósseas. O cuidador do paciente foi orientado a
manter esses coxins posicionados e no intervalo de 2 em 2 horas diminuir a pressão de
determinadas regiões corporais sobre o leito com auxílio de travesseiros, também foi
orientado ao cuidador para com os cuidados com a pele e a higiene da paciente.
Nogueira, (2002), através de estudos sobre fatores de risco e medidas preventivas para úlcera
de pressão, afirma que são necessários cuidados com a pele, redução da carga, mecânica,
reposicionamento com almofadas, educação do paciente e cuidador, para que haja prevenção
da úlcera de pressão.Os resultados favoráveis apresentados pela paciente ao término de
estudo, foi decorrente da utilização do protocolo fisioterapêutico domiciliar, direcionado para
os possíveis problemas causados pelo imobilismo.
Antunes, (2010), Através de estudos mostram que as consequências nãos são só físicas, mas
também funcionais e psicossociais que são de extrema relevância, pois o medo de cair de
novo, a vergonha, a impotência, a depressão e baixa da autoestima, sendo assim a qualidade
de vida desse idoso estará comprometida.
5. Conclusão
De acordo com os resultados obtidos após a aplicação do protocolo fisioterapêutico
domiciliar, os quais mostram que houve a prevenção dos comprometimentos do imobilismo,
pois o paciente apresentava-se sem complicações cardiorrespiratória, circulatória, digestiva e
muscular, mostrando ganho de amplitude articular, força muscular e ausência de úlcera de
pressão, conclui-se que se obteve o resultado proposto pelo objetivo do estudo de caso, visto
que a morbidade e mortalidade são de alto índice dos pacientes após fratura transtrocanteriana
principalmente no 1º. Mês. Todavia, por a amostra ter sido pequena, sugere-se que outros
profissionais tenham interesse em realizar mais pesquisas sobre síndrome do imobilismo
10
relacionado ao idoso com este tipo de fratura, visto que o índice dessas afecções é
considerado muito alto devido tais complicações, decorrentes do imobilismo.
Além das complicações físicas há também as complicações funcionais e psicossociais que são
de extrema relevância, pois este idoso necessitará de retorno as suas atividades de vida diária
e a sua vida social restabelecida. Por isso ha a necessidade de uma equipe multidisciplinar
sem esquecermos da importância do cuidador, que se faz necessária para que esse idoso tenha
um atendimento globalizado tendo uma redução do tempo do imobilismo, o seu retorno as
suas atividades diárias e vida social seja o mais breve possível.
Faz-se necessário também à criação de um programa de educação para com os jovens no
sentido de se atingir o máximo de massa óssea no final da maturação do esqueleto, com isso
reduzir o risco de fraturas e perda óssea, além desse programa de educação poderia também
criar uma outra campanha nacional para diagnosticar e tratar precocemente a osteoporose a
fim de prevenir as futuras complicações da mesma, deve constar de um programa
multidisciplinar, tanto na área medica quanto como também a social, dando ênfase a moradia
desse idoso, por esse ser o local onde mais ocorrem as fraturas, que são as fraturas
domesticas, relacionadas aos fatores extrínsecos.
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