UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MANEJO DA DOR CAPACITAÇÃO DO ENFERMEIRO Monografia de conclusão do Curso de Docência do Ensino Superior. Por:Elvira Maria Martins Siqueira de Carvalho Orientador:Nelsom José Veiga de Magalhães Rio de Janeiro Julho de 2004 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MANEJO DA DOR CAPACITAÇÃO DO ENFERMEIRO OBJETIVOS: Objetivo Geral: • Capacitar o profissional de Enfermagem no Manejo da Dor. Objetivos Específicos: • Identificar a existência de disciplinas na grade curricular do curso de Graduação em Enfermagem sobre o Manejo da Dor. • Investigar os métodos de manejos da dor e a importância do enfermeiro no controle da mesma. 3 AGRADECIMENTOS A todos que direta e indiretamente, contribuíram para confecção desse trabalho paciente. acadêmico. Em especial ao 4 DEDICATÓRIA “É possível crescer na prática do cuidado em cada circunstância, no tempo e no contratempo. Tal atitude gera discreta alegria e confere leveza à gravidade da vida”. BOFF (1999, P.160) 5 RESUMO Educação é um processo contínuo, dinâmico e ideológico. A Dor é um sintoma presente no dia a dia na assistência de enfermagem, independentemente do local de atuação do enfermeiro.É impossível falar em controle de uma enfermidade, qualidade de vida, conforto e até paz espiritual se a dor estiver presente. O alívio inadequado da sintomatologia dolorosa pela subprescrição de medicamento provoca um sofrimento desnecessário ao paciente. A presença de fatores fisiológicos, psicológicos e culturais produz influência na intensidade dolorosa. O Enfermeiro é a peça fundamental no Manejo da Dor aguda ou crônica, pois permanece mais tempo junto ao paciente. Nas instituições de saúde, observa se que há um despreparo de profissionais ao lidar com a Dor. A maioria das faculdades relacionadas à área de saúde deixa a desejar na abordagem da dor. É imprescindível haver a conscientização desses profissionais sobre a importância de seu controle. Faz–se necessária a Capacitação de Enfermeiros no estudo da Dor, humanizando o máximo possível a sua assistência. Com o desenvolvimento da pesquisa, observei que o tema Dor não é geralmente incluído no currículo do ensino básico, aplicado e de aperfeiçoamento de profissionais de nível superior envolvidos na organização e na execução da assistência à saúde. Há disciplinas específicas sobre Dor em algumas Universidades e algumas ainda estão sendo organizadas. Considerando a problemática , recomendase que no curso de Graduação em Enfermagem, o tema Dor seja incluído nas disciplinas básicas. 6 METODOLOGIA Este estudo se caracteriza pela adoção de uma abordagem qualitativa. Esta abordagem é entendida como aquela capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade, como inerentes aos atos, as relações e as estruturas sociais, essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação (Minayo,1997,p.15). O presente estudo consiste em duas etapas: • Estudo descritivo com levantamentos bibliográficos. • Uma abordagem qualitativa com enfermeiros que atuam com pacientes com hematopatias, através de questionários sobre o conhecimento da Dor e manejo da mesma O público alvo será constituído por vinte Enfermeiros lotado Setor de Emergência e Internação do Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcanti – IEHE no Rio de Janeiro Realizou-se entrevistas semi-estruturadas e os dados foram analisados e comparados à literatura e discutidos (anexo pág. 22 ) A análise será realizada sobre diversos aspectos em dimensões para que haja uma melhor compreensão do leitor no entendimento da Dor e seu manejo. Serão analisadas as seguintes dimensões: o significado, o conhecimento, a mensuração, o tema na grade curricular e as ações a serem executadas. 7 SUMÁRIO RESUMO ................................................................................................................ 5 METODOLOGIA .................................................................................................. 6 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8 CAPÍTULO I ......................................................................................................... 9 A DOR através dos tempos ................................................................................. 9 Mecanismo da Dor.................................................................................................. 10 Dor – O Quinto sinal vital .................................................................................... 12 CAPÍTULO II ........................................................................................................ 13 A importância do Enfermeiro no controle da Dor e cuidados paliativos......... 13 CAPÍTULO III ...................................................................................................... 16 A Docência e a Humanização para Capacitação de Enfermeiro no Manejo da DOR ......................................................................................................................... 16 CAPÍTULO IV ....................................................................................................... 18 Análise e consolidação dos dados ......................................................................... 18 Conclusão................................................................................................................. 20 Bibliografia .............................................................................................................. 21 Anexos ...................................................................................................................... 22 8 INTRODUÇÃO A formação abrangente versatilidade de ação e a coloca da enfermeira lhe permite em posição única na equipe de saúde. A enfermagem , através de seus cuidados, tem um compromisso com a vida, mesmo que ronde entre ela uma real ameaça de morte (Figueiredo,1998). As competências legais da enfermeira (descritas na “Lei sobre o Exercício de Enfermagem”, lei No. 7498 de 25 de junho de 1986 e no decreto lei No. 94.406 de 8 de junho de 1987) são de natureza clínica, administrativa, de ensino e de pesquisa. “Não existe ainda em nosso país um instrumento didático oficial que defina o papel da enfermagem na clínica de dor.” (Castro, 2003). Na área do ensino, a inclusão de conhecimentos sobre a dor é fundamental: Uma nova área de atuação da enfermeira. O Enfermeiro ocupa uma posição estratégica, para avaliação precisa da experiência dolorosa; uma vez que os assistem 24hs do dia. Portanto explorar as abordagens da enfermagem aos clientes com Dor e descoberta de outras ações que possam melhorar sua assistência e qualidade de vida do mesmo. Segundo McCaffery (1983), “A Dor é o que o paciente diz ser e existe quando ele diz existir”. A Dor é um sintoma presente no dia a dia na assistência de enfermagem. O profissional de enfermagem é peça chave neste contexto, torna-se de elevada importância o conhecimento da fisiopatologia da dor, da farmacologia, do benefício das técnicas e de instrumentos que possibilitem avaliar com precisão toda queixa do paciente. Dada a ênfase na mensuração e na avaliação da Dor entendem- se que todas as escolas médicas e de enfermagem, bem como , deveriam implementar, em suas estruturas curriculares, disciplina ou cursos com o propósito de ensinar e disseminar o Manejo da Dor. 9 CAPITULO I FUNDAMENTOS TEÓRICOS A DOR através dos tempos: O fenômeno doloroso segue descrito na história da humanidade, sendo interpretado e tratado conforme a concepção vigente de cada época. Em procura de respostas, foram descritos vários conceitos em relação a Dor. O “Pai da Medicina”, Hipócrates, descrevia que o alívio da dor era algo divino. O filósofo Aristóteles, definiu como “Paixão da Alma” não incluindo a dor entre os cincos sentidos. Dostoievski, por sua vez, definia com “Purificação pelo sofrimento”.(Ferreira apud in Cupples,1995, p.18). Todos esses conceitos de Dor foram descritos partindo da emoção, pois nesta época a ciência tinha como base à filosofia. Com o avanço da ciência, surgiram outros conceitos de Dor. A Sociedade Internacional para Estudo da Dor (IASP), em 1979, conceituou a Dor como sendo “uma experiência sensorial e emocional desagradável que é descrita em termos de lesões teciduais, reais ou potenciais”. Nocicepção1 , dor e sofrimento são individuais, privativos e relacionados a eventos internos. O comportamento humano é complexo e multifatorial, especialmente no ser humano; é relacionado aos estímulos presentes no meio exterior e aos eventos do corpo propriamente dito. Segundo Kanner (1997, p.17), “Dor é uma sensação mas, a reação a esta sensação de sofrimento é um conceito mais global. É um sentimento negativo que prejudica a qualidade de vida do sofredor. Ambos os aspectos físicos e 1 Nocicepção – é a resposta neural ao estímulo nociceptivo; Elemento de composição que indica relação com sofrimento, lesão ou dor. 10 patológicos atuam no sofrimento, e a Dor pode ser apenas um pequeno componente dele”. Mecanismo da Dor. A classificação da Dor, é definida pelo seu mecanismo de ação, duração e pelos aspectos neurofisiológicos. A mais usual é aquela baseada em mecanismos neurofisiológica inferidos ou relacionada à duração, a etiologia ou à região afetada (Duarte,1998, p.27). A classificação neurofisiológica tem seu mecanismo doloroso nociceptivo e não- nociceptivo. A dor nociceptiva pode ser subdividida em somática e visceral, e a dor não-nociceptiva 2 pode ser dividida em neuropática 3 e psicogênica4. Há também, a classificação conforme o tempo de duração da dor, que é dividida em crônica e aguda. A classificação etiológica crônica da dor tem relação com o processo de doença primária. A dor é explicada, segundo os critérios fisiopatológicos ou temporais. O exemplo de dor relacionada a doença é a dor oncológica e a da anemia falciforme. “A dor aguda, quase sempre indica um processo patológico recente, cuja correção alivia a dor. A dor crônica, menos adaptável a um modelo médico, exige uma avaliação biopsicossocial”. (Kanner,1998,p.32). Duarte (l998, p.27) descreve a importância da classificação da dor, no sentido de uma apropriada prescrição terapêutica farmacológica. Por exemplo: as síndromes neuropáticas dolorosas, geralmente, respondem bem a um tratamento medicamentosos com antidepressivos e anticonvulsivantes. Sofaer (1994,p.21-22) descreve três tipos de dor: • Dor superficial, profunda e referida. A dor superficial envolve pele ou as mucosas. Acredita-se que seja transmitida por fibras A de condução rápida, é percebida como distinta, pode ser descrita como queimação, pontada ou radiante. Os receptores nervosos da dor superficial são muitos, podendo ser ativados por vários estímulos. 2 Não nociceptivo – o que não é lesivo ou que suscita a dor; Neuropática – doença do sistema nervoso 4 Psicogênica – relativo a ou próprio de fenômenos somáticos com origem psíquica. 3 11 • A dor profunda é definida como dor que se origina dentro do organismo, seja transmitida por finas fibras C de condução lenta, geralmente apresenta difusa, dolorida. • A dor referida é aquela dor no qual os impulsos vão até o córtex, onde são interpretados como dolorosos. O Comitê da Sociedade Americana da dor- American Câncer Society-(1996, p.131) recentemente definiu três tipos de dor e suas características clínicas. São elas: Aguda, Crônica e do Câncer. • A dor aguda geralmente é conseqüente de dano tissular, com início bem definido,podendo ser aliviada com o uso do analgésico. A dor aguda pode ter um final previsível, mas sua interpretação e significado para um paciente encontram-se no contexto de sua própria estrutura, não na de outros. • A dor Crônica persiste por vários meses e não está relacionada com um dano tissular específico. Sua causa é de difícil esclarecimento. • A dor do Câncer é uma dor com características típicas podendo ser aguda ou recorrente. A pessoa portadora de dor crônica verá sua dor no contexto dos eventos de sua vida; passado, presente e, possivelmente, futuro; a pessoa que está no fim da vida e com dor estará procurando paz de espírito, juntamente com o alívio da dor. Mais de nove milhões de pacientes no mundo tem dor decido ao câncer ou ao tratamento. A disseminação metastática do câncer aos ossos é considerada a causa mais comum de dor ocológica. A prevalência de dor crônica nas comunidades varia de 7% a 40%; a dos persistente e intensa em 8% dos indivíduos. 10% a 40% dos indivíduos apresentam dor com duração superior a um dia, pelo menos uma vez por ano 12 Segundo Turk e Melzack(1992), cerca de 85% da população apresenta dos músculos- esquelética e cefaléia e muitas vezes, dores sem diagnósticos definidos. A Dor como 5º sinal vital Organização com a Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade Americana de Dor classificam a Dor como um dos sinais vitais, já que deve ser avaliada e registrada com o mesmo rigor e seriedade da pressão arterial , freqüência cardíaca, freqüência respiratória e temperatura. Assim, a pesar de ser um sintoma, a Sociedade Americana de Dor a denominou como 5º sinal vital pela exigência que deve ser dada na sua avaliação e registro, que deve ser sistemática, considerando-se sua multi dimensionalidade. “Humanizar-se é também a capacidade de ser frágil, poder chorar, sentir o outro, ser vulnerável e, ao mesmo tempo, ter vigor, lutar, resistir, poder traçar caminhos. Ternura e vigor”. (Leonardo Boff,1999) A Dor deve ser regularmente, e sistematicamente, avaliada e essa avaliação deve ser considerada como parte necessária ao tratamento. As avaliações da Dor e da terapêutica devem ser registradas de forma realmente acessível e visível, pois a avaliação da dor serve como guia para as intervenções, não constituindo um fim em si mesma. 13 CAPITULO II A Importância do Enfermeiro no controle da Dor e cuidados paliativos. A Dor é uma das situações mais incômodas e desesperadoras para o Homem. Sua identificação precoce e correta, associada a um tratamento adequado, juntamente com o apoio emocional são quesitos importantes para uma assistência de enfermagem com qualidade. Os sentimentos negativos, relacionados à dor aguda não aliviada, podem comprometer a recuperação de um paciente e retardar a reabilitação. Segundo Mavilde Pedreira, professora adjunta do Departamento de Enfermagem da Unifesp., “para avaliar a dor do paciente, o Enfermeiro deve analisar parâmetros fisiológicos e comportamentais, o relacionamento do paciente e da família deve ser considerado e escalas de mensuração de dor podem ser incorporadas à assistência”. O Enfermeiro é a peça fundamental no Manejo da Dor, pois é o profissional que atua como elo entre ambos, auxiliando a Equipe na avaliação do quadro álgico . Deverá ter disponibilidade para ouvir e compromisso com a atividade a ser executada. A maioria dos pacientes aprecia que permitam que eles expressem seus sentimentos. A atuação de uma equipe multiprofissional junto ao paciente e familiares é fundamental. A família e o paciente saberão que existe uma equipe no qual poderá contar. É impossível falar em controle de uma enfermidade, qualidade de vida, conforto e até paz espiritual se a Dor estiver presente. A presença de fatores fisiológicos, psicológicos e culturais produz influência na intensidade dolorosa. 14 O relato da experiência dolorosa pelos pacientes é de suma importância para a compreensão da mesma e para a prescrição e avaliação de terapias adequadas para cada paciente. É importante que a Dor, classificada como aguda ou crônica, seja avaliada cuidadosamente . O cuidado da enfermagem a ser aplicado é um desafio, pois é um passo inicial, importante para o manuseio desses problemas. No Diagnóstico de enfermagem como referencial para o cuidado do paciente com Dor, deve o enfermeiro atentar para as variações de intensidade e manifestações psicológicas da Dor , que são diferentes em cada paciente. “As palavras – chave para a atuação da enfermeira no controle da dor oncológica são Educação e Suporte”. ( Pimenta, 2003). O Enfermeiro apresenta destacada e comprovada , cientificamente, importância no Manejo da Dor, ele é capaz de avaliar a dor de forma mais assistida, desenvolver protocolos de enfermagem ou diretrizes assistenciais institucionais que determinem todos os passos do procedimento.(Revista Nursing, maio 2003, pg.10). A manifestação dolorosa é um agravante da situação de saúde da situação de saúde do paciente oncológico e como tal deve ser combatida seja através de métodos convencionais, métodos complementares ou não convencionais, ou por uma combinação de ambos, resultando em considerável beneficio para o paciente. Os métodos convencionais incluem procedimentos neurocirrúrgicos, como: Destruição de nervos periféricos, cordotomia, destruição cirúrgica ou química de raízes nervosas e do sistema simpático e administração medicamentosa, utilizando se diferentes vias de aplicação. Os métodos não convencionais aumentam a sensação de controle e tolerância sobre a dor e repercute positivamente sobre a desesperança e sensação de abandono. Segundo OMS, existem esquemas não farmacológicos que podem ser usados como adjuvantes ao tratamento farmacológico, contribuindo para o conforto do paciente . Incluem massagens, uso de compressas quentes ou frias, uso de nebulizadores, técnicas de relaxamento, musicoterapia, terapêutico entre outros. acupuntura, toque 15 O Conselho Federal de Enfermagem, por meio de Resolução de Nº197, de 1997, estabeleceu as terapias alternativas (Acupuntura, Iridologia, Fitoterapia, Reflexologia, Quiropraxia, Massoterapia, entre outros) como especialidade e ou qualificação do profissional de Enfermagem. Considera – se que o uso de todo potencial é de importância fundamental para o bom manejo do paciente com dor aguda e crônica. A OMS também propôs uma hierarquia para o uso de analgésicos – Escala Analógica, a qual orienta o uso de analgésicos comuns, opioídes fracos e fortes. A Escala Analógica da Dor é um instrumento utilizado para mensurar a intensidade da dor, podendo ser numérica,verbal e visual. ( Anexo pág.23 ). A avaliação da experiência dolorosa é fundamental para nortear o tratamento analgésico, a qual deve ser contínua. E a repetição da avaliação permitirá à enfermeira identificar qualquer redução nos níveis de estresse. Wood e Bunn (1996, p.25) relatam que existem barreiras, no Manejo da Dor e no seu alívio. A mais comum delas é a má avaliação da Dor. O fenômeno subjetivo da Dor é muito complexo e a sua mensuração só pode ser feita a partir do relato de quem a sente. O alívio inadequado da sintomatologia dolorosa pela subprescrição de medicamento provoca um sofrimento desnecessário ao paciente. A mensuração da Dor é fundamental inferencial e baseada no relato verbal, nas atitudes e comportamentos dos pacientes. A mensuração da magnitude da Dor é necessária para o diagnóstico, planejamento e adequação da terapia antiálgica. Existem muitos cuidados para o alívio da Dor. Entre eles é dar importância ao que o paciente diz sentir, acreditando nas queixas. E algumas propostas ajudam a detectar melhor a origem da Dor, seguindo um caminho que possa proporcionar lhe uma qualidade de vida no seu dia-a-dia. 16 CAPÍTULO III A Docência e a Humanização para Capacitação de Enfermeiros no Manejo da Dor. A Enfermagem é uma profissão altamente desafiadora, que vem se transformando constantemente. Ser humano e identificar-se com o cuidado humano, não somente físico mas considerando o ser humano em todas as suas fases e condições de vida. Ser intelectual sem perder a capacidade de intervir quando necessário. LOYOLA (1984) define a função da Enfermeira como “assistir o indivíduo, doente ou sadio, no desenvolvimento de atividades que contribuem para a saúde ou na sua recuperação (...)”.O exercício da função envolve atividades assistenciais, administrativas, de ensino e pesquisa. O que lhe permite importante versatilidade de ação e se coloca em posição única na equipe de saúde, pois a torna capaz de atuar considerando as perspectiva biológica e psicossocial. A maioria das faculdades relacionadas à área de saúde deixa a desejar na abordagem da Dor. A Enfermagem na área da Dor vem se desenvolvendo, ainda que timidamente, mas estão observando e buscando ações a fim de melhorarem a qualidade da Assistência de Enfermagem. As Diretrizes Curriculares são o fio condutor para que uma Instituição de ensino crie seu Projeto Pedagógico, sempre dentro de suas possibilidades. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação em Enfermagem definem os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação de enfermeiros, estabelecidas pela Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, para aplicação em âmbito nacional na organização, desenvolvimento e avaliação dos projetos pedagógicos dos Cursos de Graduação em Enfermagem das Instituições do Sistema de Ensino Superior. ( Art. 2º da Resolução CNE/CES Nº 3, DE 7 DE NOVEMBRO DE 2001). 17 O Art.3º da Resolução CNE/CES Nº 3, DE 7 DE NOVEMBRO de 2001, no inciso II ressalta que: o Enfermeiro com Licenciatura em Enfermagem, é capacitado para atuar na Educação Básica e na Educação Profissional em Enfermagem. Os conteúdos curriculares deverão estar relacionados com o processo saúde, doenças do cidadão,da família, comunidade à nossa realidade. Os conteúdos devem contemplar: Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Humanas e Sociais e Ciências da Enfermagem. Acredito ser muito importante a preocupação dos docentes do Curso de enfermagem em desenvolver e exercitar os acadêmicos a prática no Manejo da Dor. 18 CAPÍTULO IV ANÁLISE E CONSOLIDAÇÃO DOS DADOS. A Análise foi realizada sobre diversos aspectos em dimensões e em sub dimensões para que haja uma melhor compreensão do leitor no entendimento da Dor e seu manejo. Serão analisadas as seguintes dimensões: o significado, o conhecimento, a mensuração, o tema na grade curricular e as ações a serem executadas. Ao analisar as respostas à questão nº 1 (Anexo pág.22 ) verificou- se que das 20 enfermeiras entrevistadas, 85% (17 enfermeiras) sabiam o significado da palavra Dor e 15% (3 enfermeiras) não sabiam. Em relação à questão nº 2 , das entrevistadas, 90% (18 enfermeiras) responderam que não. Observando assim a autora , que o tema Dor, é negligenciado nas grades curriculares, só 10% (2 enfermeiras) responderam que sim, e relataram que o tema só foi abordado em uma aula. Na questão nº 3, onde aborda a mensuração da dor. Foi de 100% (20 enfermeiras) que sabiam mensurar a intensidade da dor, não usando recursos estabelecidos e sim através da fisionomia do paciente, na sua vivencia pelo tempo de serviço. Na questão nº 4 em que o entrevistado fala da importância a inclusão do tema Dor na grade curricular da Graduação de enfermagem, todas responderam que sim 100%. Na questão nº 5 para a dimensão das ações perante aos sintomas da Dor, as enfermeiras entrevistadas consideraram que existem quatro áreas de procedimentos: os físicos, os químicos, os comunicacionais e os alternativos no alívio da dor. As entrevistadas atribuíram as seguintes ações: massagens, compressas quentes e frias nos procedimentos físicos. Nos procedimentos químicos que englobam os cuidados da administração medicamentosa, não sabiam os efeitos colaterais de alguns medicamentos. Em relação aos procedimentos comunicacionais, referiram a necessidade de conversar com os pacientes na busca de informações para 19 proporcionar o alívio e conforto, mesmo não tendo tempo se dedicar aos pacientes, pois suas atribuições são inúmeras. Já nos alternativos as entrevistadas caracterizaram-se pelos cuidados não convencional, citando como exemplos o Reik e a Acupuntura, em conjunto com as ações dos cuidados convencionais, porém, para realiza-los, devem solicitar autorização à Instituição, frente às implicações éticolegais do exercício da enfermagem. 20 CONCLUSÃO A Dor é uma experiência multidimensional pessoal, e engloba muitos componentes sensoriais e afetivos. A Dor é sempre subjetiva, e devemos aceitar como Dor todos os sintomas que o paciente descreve como Dor. Envolve sofrimento e alterações comportamentais, sendo influenciada por inúmeros fatores. Dessa forma, torna-se difícil à avaliação das síndromes dolorosas. As variações de intensidade e manifestações psicológicas da Dor são diferentes em cada paciente. E a aplicação inadequada ou imprópria das informações disponíveis é certamente a razão mais importante para o alívio inadequado da Dor. A avaliação visa detectar a presença de Dor, estimar o impacto sobre o indivíduo e determinar a eficácia do tratamento. Os resultados obtidos na pequisa, confirmam a necessidade de se ampliar os estudos sobre o fenômeno da Dor. Há uma abundância de evidências de que é comum a falta de um controle adequado da Dor, como a falta de conhecimentos e atitudes inadequadas por partes de profissionais. Durante a pesquisa a autora observou que existem uns descompassos entre o conhecimento e a conduta clínica dos profissionais de enfermagem entrevistados em relação à conduta a ser tomada. A Enfermeira é a peça fundamental , pela sua permanência com o paciente. Implementar programas de educação continuada com o propósito de reciclar os conhecimentos sobre experiências dolorosas e as técnicas analgésicas utilizadas, preenchidas com adoção de rotinas escritas para o alívio da Dor é tão fundamental quanto inserir disciplinas específicas nos currículos dos cursos formadores de enfermagem. 21 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA CASTRO, Antonio Bento com colaboradores de médicos e de outros profissionais. A Clínica de Dor: Organização, Funcionamento e bases científicas; Curitiba, Editora Maio,2003. CAVALCANTI. Ismar Lima. DOR. Sociedade de Anestesiologia do Estado do Rio de Janeiro, Editores SAERJ, RJ, 2003. CINTRA, Eliane Araújo. Assistência de Enfermagem ao paciente crítico, São Paulo, Editora Atheneu, 2000. DEALEY, Carol. Cuidando de Feridas: Um guia para as enfermeiras. 2ª edição. SP. Ed.Atheneu, 2001. FERREIRA, O. M. Cuidar da pessoa com Dor. Dissertação do curso de mestrado em Ciência de Enfermagem. Lisboa, 1995. LEÃO, Eliseth Ribeiro e ou. Dor: 5º sinal vital: reflexões e intervenções de Enfermagem, Curitiba, Editora Maio, 2004. OMS, Alívio da Dor no Câncer, Rio de Janeiro, Ateneu,1990 REVISTA DOR 2003: 3(1) 115 – 121 . Artigo Educacional. REVISTA NURSING, v.60, nº 6, Maio 2003. REY. Luiz. Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde. Ed. Guanabara Koogam S.A. RJ, 1999. SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA DOR. Nº 12, Jornal da Dor, Janeiro/2004. SOFAER, Beatrice. Dor: Manual Prático. Rio de Janeiro, Revinter, 1994. 22 ANEXOS 23 Consentimento Livre e Esclarecido Prezado Participante Estou realizando um estudo sobre o Manejo da dor, visando conhecer a visão da equipe de enfermagem, relacionada à Dor do paciente e o modo de cuidar. A coleta de informações será composta de entrevista semi-estruturada. É importante que você saiba que os seguintes aspectos estão assegurados: - - A garantia do sigilo que assegure a privacidade dos participantes, quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa; O responsável pela realização do estudo se compromete a zelar pela integridade e bem estar dos participantes da pesquisa; A liberdade do participante de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo; Os custos da pesquisa serão de inteira responsabilidade do pesquisador, sem ônus a nenhum participante; Todas as informações e benefícios que forem levantados com esse estudo serão divulgados, devidamente esclarecidos e atualizados para o participante. Certa de sua colaboração, Atenciosamente Elvira M. M. Siqueira de Carvalho QUESTIONÁRIO I) Você sabe o significado da palavra Dor? ( ) Sim ( ) Não II) Na sua graduação você teve uma disciplina específica sobre a Dor? ( ) Sim ( ) Não III) Você sabe mensurar a intensidade da Dor nos pacientes? ( ) Sim ( ) Não IV) Você acha importante a inclusão do tema Manejo da Dor na graduação em enfermagem ? ( ) Sim ( ) Não V) Qual(is) a( s) sua(s) ação(s) perante os sintomas da Dor do paciente? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 24