qualidade na assistência de enfermagem ao paciente com hiv/aids

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QUALIDADE NA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM
HIV/AIDS: CARGA DE TRABALHO REAL, IDEAL E INCIDÊNCIA DE ÚLCERA
POR PRESSÃO
Lanara Alves Pereira (Bolsista PIBIC/CNPq), Grazielle Roberta Freitas da Silva
(Orientadora, Departamento de Enfermagem – UFPI)
INTRODUÇÃO: As possibilidade de intervenções de enfermagem a pacientes portadores de
HIV/AIDS sob cuidados intensivos são vastas e têm como propósito o prolongamento da vida, uma
vez que o curar não representa uma alternativa no cenário atual. Entretanto, ressalta-se a
necessidade de melhor descrição e quantificação destes cuidados, pela utilização de instrumentos,
para que se possa planejar de forma mais adequada a assistência de enfermagem e o
dimensionamento da equipe. Dentre os instrumentos capazes de mensurar a demanda de cuidados
intensivos de enfermagem, temos o Nursing Activities Score (NAS), que contempla tanto as
atividades assistenciais como as de suporte à família e as administrativas, é composto de 23 itens e
subdividido em sete grandes categorias, as quais descrevem um conjunto de atividades de cuidados
de enfermagem (QUEIJO; PADILHA, 2009). Para avaliação do risco de desenvolvimento da lesão,
utilizou-se a escala de Braden, por ser o instrumento previamente validado e mais amplamente
utilizado. Dessa forma, conformou-se como objetivo geral da pesquisa, analisar a assistência de
enfermagem ao paciente portador de HIV/AIDS com relação à carga de trabalho de enfermagem e a
incidência de úlcera por pressão. METODOLOGIA: Estudo quantitativo, descritivo realizado com 88
pacientes portadores de HIV/AIDS internados, de fevereiro a maio de 2014, nas unidades de
internação adulto de uma instituição hospitalar da rede pública estadual, referência no diagnóstico e
tratamento para doenças infectocontagiosas e parasitárias no município de Teresina- PI e regiões
circunvizinhas. Foi aplicado um formulário contendo o NAS e a escala de Braden. Os dados foram
analisados estatisticamente por meio do SPSS versão 19.0. As correlações das variáveis “diferença
entre a carga real e ideal”, “média do NAS real” e “média do NAS ideal” com a variável “risco de
desenvolver de UPP (Braden)” foram feitas mediante utilização do teste não paramétrico de
Spearman, uma vez que as variáveis não apresentaram aderência à curva de distribuição normal.
Foram considerados estatisticamente significantes os resultados cujo valor de “p” foi inferior a 0,05,
intervalo de confiança para 95%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí com CAAE nº 02750012.0.0000.5214. RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos 88 pacientes, 69,3% era do sexo masculino. Esse achado reflete uma tendência epidemiológica
ocorrida nos pacientes infectados pelo HIV nos últimos anos. A média de idade foi de 38,9 anos
sendo a mínima de 21 anos e a máxima de 70 (DP=11,9). A maioria dos pacientes estavam na faixa
etária entre 40 a 49 anos (26,1%). Nos últimos 10 anos as maiores taxas de detecção de aids foram
observadas entre indivíduos com 30 a 49 anos, além de ter sido observado uma leve estabilização
dos casos de HIV/Aids no grupo inserido na faixa etária de 40 a 49 anos (BRASIL, 2013). A maioria
dos pacientes (40,9%) do estudo foram diagnosticados com o HIV há menos de um ano, achado
semelhante ao estudo de Amâncio (2010). No tocante aos motivos de internação, observou-se que
maioria dos pacientes tiveram a febre como um dos motivos que o levaram a internação hospitalar
(48,9%). A febre é um evento frequente na prática clínica diária com esses pacientes e existem
inúmeras causas para sua ocorrência, entre elas: infecções oportunistas, febre pelo próprio HIV e
pela terapêutica (LAMBERTUCCI; ÁVILA; VOIETA, 2005). Quanto ao tempo de internação, a média
obtida foi de 20,2 dias, achado diferente do trabalho de NUNES et al (2008). No que concerne às
internações em decorrência do HIV, verificou-se que 63,6% dos pacientes tinham um histórico com
internações prévias, semelhante a dados nacionais (FIUZA et al, 2013). Tendo em vista que as
reinternações acarretam um enorme ônus aos serviços em saúde, além de causarem desconforto ao
paciente e familiares, pontua-se a importância de conhecer amplamente o perfil dessa população,
com vistas a prestar um melhor atendimento hospitalar e, sobretudo, planejar e orientar com mais
rigor os cuidados que serão necessários após a alta, a fim de evitar reinternações não programadas
(BORGES et al, 2008). Quanto à presença de doenças oportunistas, 75% dos pacientes
apresentaram algumas delas, percentual esperado nessa clientela (AMORIM et al, 2011). Em relação
às comorbidades, apenas 26,1% dos pacientes apresentou algum desse tipo de afecção, resultado
similar a outro estudo nacional (FUKUMOTO et al, 2013). Destaca-se que desse percentual, 5,6%
foram de pacientes com HAS e dependência química. Quanto ao tratamento antirretroviral (TARV),
maioria dos pacientes do estudo (69,3%) faziam uso da TARV, dado que converge com o estudo de
Amorim et al (2011). Em relação à adesão a TARV, apenas 29,5% faziam o tratamento com
regularidade. A taxa de mortalidade observada nesse estudo (12,5%) foi parcialmente semelhante a
trabalhos publicados na literatura nacional (AMÂNCIO, 2010) e pouco menor que a demonstrada na
realidade internacional (POWELL et al, 2009). Nos últimos dez anos, tem-se observado uma
tendência de redução na proporção de casos notificados pelo critério supracitado em ambos os
sexos. A melhora do prognóstico para o paciente infectado pelo HIV, provavelmente esteja
relacionada ao tempo de diagnóstico precoce, associado ao uso da TARV (BRASIL, 2013). A
demanda de cuidados real, segundo o NAS, nas unidades de internação do estudo foi inferior a
obtida para uma realidade ideal. A exceção foi observada na UTI, onde os valores encontrados
estiveram próximos. A pequena diferença obtida, conforme o NAS, está associada aos procedimentos
de mobilização e posicionamento, ação ausente em algumas das observações. Pelo fato de o estudo
ter sido composto na sua maioria por pacientes internados nos blocos do hospital-campo, pode-se
inferir que os cuidados com maior porcentagem estão inseridos na rotina diária dos profissionais
dessas unidades de internação, que conta tanto com pacientes acamados quanto com aqueles
menos dependentes do serviço, que são maioria. Contudo, são também cuidados encontrados na
rotina da equipe de enfermagem atuante na UTI. As ações que contribuíram para a diferença entre a
demanda real e ideal, segundo o NAS, foram: observação contínua do paciente em algum plantão por
razões de segurança, gravidade ou terapia; investigações laboratoriais; realização de procedimentos
de higiene, como curativo de feridas e higiene corporal do paciente; mobilização e posicionamento;
tratamento para melhora da função pulmonar; medida quantitativa do débito urinário e alimentação
enteral por sonda gástrica. Em relação aos escores da escala de Braden, maioria dos pacientes não
apresentou nenhum risco para o desenvolvimento de UPP (70,5%) e obteve-se uma baixa incidência
dessas lesões (1,1%). A demanda de cuidados de enfermagem real foi correlacionada de forma
significativa com o risco de desenvolvimento de UPP. CONCLUSÃO: O presente estudo permitiu
observar que pacientes portadores de HIV/AIDS exigem uma alta demanda dos cuidados de
enfermagem e que a elevação dessas horas de assistência requeridas por esses pacientes aumenta
a chance de ocorrência de UPP. A aplicação de instrumentos que auxiliem na adequação do
dimensionamento da equipe de enfermagem a fim de garantir uma assistência segura, tando para os
pacientes quanto para os profissionais, e com qualidade, torna-se imperativa quando o foco dessa
atenção são pacientes de alta complexidade e elevada demanda de cuidados, como é o caso dos
pacientes portadores de HIV/AIDS sujeitos deste estudo.
Palavras-Chave: Carga de trabalho. HIV/Aids. Úlcera por pressão.
REFERÊNCIAS:
AMÂNCIO, F. F. Mortalidade e Fatores Prognósticos em Pacientes HIV Positivo Internados em
Unidade de Terapia Intensiva de Hospital Especializado em Doenças Infecto-Parasitárias, Belo
horizonte, Minas Gerais, Brasil. Dissertação (mestrado) - Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.
AMORIM, M. A. S, et al. Perfil clínico-epidemiológico de pacientes com HIV/AIDS em hospital de
referência de Bahia, Brasil. Rev Enferm UFPE on line, v.5, n.6, p. 1475-482, 2011.
BORGES, F. K, et al. Reinternação hospitalar precoce: avaliação de um indicador de qualidade
assistencial. Revista HCPA, v.28, n.3, p. 147-52, 2008.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Recomendações para terapia anti-retroviral em adultos
infectados pelo HIV. Ano II, nº01. Brasília (DF): Ministério da Saúde; Secretaria de Vigilância em
Saúde; Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, 2013.
FUKUMOTO, A. E. C. G, et al. Evolution of patients with aids after cart: clinical and laboratory
evoluition of patients with aids after 48 weeks of antiretroviral treatment. Rev Inst Med Trop,
v.55, n.4, p. 267-273, 2013.
LAMBERTUCCI, J. R, ÁVILA, R. E, VOIETA, I. Febre de origem indeterminada em adultos. Rev
Soc Bra Med Trop, v.38, n.6, p. 507-513, 2005.
NUNES, A. A. et al. Perfil clínico- epidemiológico de pacientes com HIV/AIDS internados em um
hospital de ensino do Brasil. Rev Panam Infectol, v.10, n.3, p. 26-31, 2008.
POWELL, K. et al. Survival for patients with HIV admitted to the ICU continues to improve in the
current era of combination antiretroviral therapy. Chest, v.135, n.1, p. 11-7. 2009.
QUEIJO, A. F.; PADILHA, K. G. NURSING ACTIVITIES SCORE (NAS): adaptação transcultural e
validação para a língua portuguesa. Rev. esc. enferm. USP, v. 43, n. esp, p.1009-1016. 2009.
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