Consultório Médico Alergia Nas pessoas predispostas, após a primeira exposição a uma determinada substância, por qualquer via, aérea sobretudo, mas também por via digestiva, CARLOS PAVÃO PNEUMOLOGIA Qual a diferença entre alergia e atopia? Alergia é uma situação na qual o organismo apresenta uma resposta imunológica exagerada, que se desenvolve após a exposição a um determinada substância estranha e normalmente inofensiva, o antigénio, que ocorre em indivíduos geneticamente suscetíveis e previamente sensibilizados. A alergia pode ser mediada por anticorpos, geralmente IgE, como na asma e na rinite, ou por células, os linfócitos como na dermatite de contacto. A atopia é a tendência pessoal ou fami- liar para a produção de anticorpos IgE na resposta a alergénios, que como consequência, conduzem ao desenvolvimento de sintomas como a asma, rinoconjunti- vite, ou a síndroma eczema/dermatite alérgico. Assim, atópico, é o indivíduo que apresenta essa tendência. O termo atopia e atópico são exclusivamente reservados para descrever o risco e a predisposição. O que são alergénios? Alergénios são substâncias capazes de desencadear uma reação alérgica. Consoante a via de contacto com o organismo, dividem-se em inalantes: pó doméstico, ácaros, pólenes, barata, pelos de animais e fungos; digestivos: alimentos como o trigo, ovos, citrinos, chocolate, peixe e frutos do mar, leite de vaca; medicamentos como apenicilina; infecciosos: parasitas, bactérias, vírus; injetáveis: medicamentos, venenos de insetos; de contacto: cimento, crómio, níquel, cosméticos, látex. Como se processa? por inoculação ou por via cutânea, o sistema imunitário identifica os seus antigénios como se fosse um agente potencialmente nocivo, levando os linfócitos B a produzirem anticorpos específicos contra a mesma. Estes anticorpos, pertencentes ao E tipo imunoglobulinas encontram-se (IgE), ligados à superfície de algumas células integrantes do sistema de defesa, os mastócitos e os basófilos. Deste modo, estas células ficontra o antigénio, e cam "sensibilizadas" de em caso novo contacto com a substância, os anticorpos unem-se especificamente ao alergénio, fazendo com que estas células libertem substâncias químicas como a histamina para o meio que as rodeia e que, entre outros efeitos, origina uma dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento da permeabilidade dos capilares, com a consequente reação inflamatória aguda. Sendo este o mecanismo mais frequente, existem contudo outros tipos de alergias onde estão implicadas outras células do sistema imunitário, ou outros mediadores. Quais as principais da alergia? manifestações As manifestações dependem do tecido ou órgão onde se produz a reação alérgica desencadeada pela exposição a um determinado alergénio, podendo uma mesma manifestação desencadear resposta em locais diferentes. Assim, se o alergénio pelo qual a pessoa se encontra sensibilizada entre em contacto com o organismo por via aérea, desencadeia uma resposta da mucosa nasal com es- pirros frequentes, prurido nasal e corrimento nasal aquoso ou obstrução nasal, a rinite alérgica. Estas manifestações são muitas vezes acompanhadas por prurido ocular, olhos vermelhos, lacrimejo e sensação de corpo estranho, a conjuntivite alérgica. Pode ainda por esta via atingir os brônquios, originando tosse seca, falta de ar, pieira, a asma brônquica. A febre dos fenos é uma forma particular de rinoconjuntivite alérgica aos pólenes de algumas plantas, provocando espirros, congestão nasal com corrimento nasal aquoso, olhos vermelhos e lacrimej antes, tosse e comichão no nariz, e garganta. Por outro lado, pode atingir a pele, quer por exposição direta a diversas substâncias, ocasionando prurido, sensação de queimadura, vermelhidão edema e formação de vesículas no local de contacto, a dermatite contacto alérgica, quer os alergénios atinjam o organismo por via digestiva, originando ardor na pele e pápulas, a urticária ou atingir áreas mais extensas, mãos, pés, pálpebras, os lábios ou os órgãos genitais, ou mesmo a mucosa da boca, da garganta e das vias respiratórias, o angioedema. Ainda que os alimentos possam originar uma reação alérgica localizada no tubo digestivo, normalmente em forma de gastroenterite, na maioria dos casos originam alterações a nível cutâneo. Nas situações mais graves, em que o alergénio atinge o sangue em quantidades significativas, pode desencadear um choque anafilático, com o consequente colapso circulatório, podendo colocar a vida do paciente em perigo. Como se diagnosticam as alergias? O diagnóstico na maioria dos casos é facilmente feito a partir da história clínica, pois para além de originarem sinais e sintomas típicos, normalmente existem antecedentes pessoais e familiares bastante sugestivos de alergia. A elevação dos níveis sanguíneos de anticorpos do do tipo eosinófilos, não sendo específicas de alergia, tipo IgE e dos leucócitos ajudam a confirmar o diagnóstico. Contudo, o fundamental, é identificar as substâncias alergénicas implicadas em cada caso, pois embora existam inúmeros alergénios, cada indivíduo apenas costuma ser sensível a um ou poucos. Para o efeito, podemos recorrer aos testes cutâneos. Um dos métodos mais uti- lizados, em especial nas alergias respiratórias e alimentares, é oprick-test, que consiste na deposição de várias soluções compostas pelos alergénios mais comuns sobre a pele do antebraço do paciente e, em seguida, na realização de uma pequena punção com uma lanceta, de modo a proporcionar a sua penetração na derme, sendo positivos, aqueles que desencadearem uma pequena reação alérgica local. Na identificação das substâncias que provocam dermatite de contacto alérgica, são utilizadas as provas de contacto cutâneo, que consistem em pequenos discos de celulose aderentes que contêm as diversas substâncias, que são fixados na pele do paciente, normalmente nas costas, sendo consideradas positivas se ao fim de dois ou três dias, provocarem localmente, edema, verme- lhidão e prurido. Os testes de provocação que consistem na introdução da substância suspeita diretamente no órgão sensível, com o intuito de se reproduzir a situação que provoca a manifestação da alergia, de modo a confirmar a sua responsabilidade, dado poderem desencadear reações alérgicas graves, apenas são realizados sob observação médica rigorosa. ?