exógenos. Considerando-se um arquiteto participante - ademi-ba

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exógenos. Considerando-se um arquiteto participante da segunda geração dos
arquitetos modernos brasileiros, teve no início de sua carreira como referência
a obra do mestre Lúcio Costa, que defendeu a cidade como referencial e ponto de partida para a elaboração dos projetos. Entre 1959 e 1963, torna-se o
principal colaborador do arquiteto Diógenes Rebouças, desenvolvendo vários
projetos em parceria, a exemplo da sede do Banco do Estado da Bahia (Baneb),
da primeira estação rodoviária localizada no bairro da Sete Portas e da Estação
Marítima, atual Codeba.
Após esse período, Assis inicia uma pesquisa com materiais regionais, passando
a utilizar o tijolo maciço aparente nos mais diversos projetos elaborados, o que
tornou uma marca de seu trabalho. Dentre as várias obras residenciais onde
utilizou o tijolo como elemento gerador do projeto destacamos a “Casa de José
Paixão”, situada em Itapuã, e a casa urbana “Casa Elza Santa Isabel”, localizada
no bairro de Brotas, sendo esta considerada uma obra que, pela sua forma, não
se pode descrever textualmente, sendo também a última representante dessa fase.
Outro interesse de Assis eram os concursos de arquitetura, cujas participações
possibilitavam a elaboração de seus mais importantes projetos, a exemplo do
Pavilhão de Osaka, no Japão, em 1968, e a sede da Chesf – Companhia Hidrelétrica do São Francisco, em Salvador, em 1978, sendo os marcos balizadores
de toda a sua obra. O primeiro projeto, do Pavilhão de Osaka, de inspiração
onírica, teve destaque na mídia nacional pelo seu caráter irreverente e inovador,
recebendo uma menção especial no concurso promovido pelo Ministério das Relações Exteriores e o IAB/BR, em 1969, com reconhecimento “Hors Concour”.
A segunda obra foi objeto de concurso privado de ideias de arquitetura, promovido pela Chesf em 1976, para construção da sua futura sede geral. Este
trabalho representa toda a maturidade do arquiteto ligada às questões regionais,
além do domínio no emprego sábio dos três materiais que compõem o edifício:
tijolo, concreto e aço. O arquiteto considerava esta “a sua obra magna, sintetizando os valores e conceitos de uma arquitetura que, assentada em solo baiano,
traduz um marco regional numa feição de eterna atualidade, atemporalidade
e universalidade”.
Outro projeto vencedor de concurso e sua última obra pública foi o Tribunal
de Justiça do Estado da Bahia, em 1987. Na fachada deste edifício, o arquiteto
utilizou a cor laranja, numa referência à cultura local, tornando-a característica
marcante dessa obra. Este uso sem preconceitos das cores nas fachadas foi outro
elemento característico do seu trabalho. Encontramos, além da construção
citada, diversas obras com essa aplicação, dentre os quais estão os edifícios
residenciais Solar das Mangueiras e Solar Itaigara, nos quais o arquiteto buscou
sempre referências da cultura para o seu emprego. Ao longo de toda sua carreira,
as obras do arquiteto receberam diversos prêmios de arquitetura, a exemplo do
Centro Médico Albert Schweitzer, primeiro centro médico de Salvador, conhecido atualmente com Centro Médico da Graça e, que recebeu prêmios na 1ª
Bienal de Arquitetura Peruana organizada pelo Colegio de Arquitectos del Perú,
em 1970, e na X Bienal Internacional de Arquitetura em São Paulo, em 1969.
Sua atuação na área acadêmica ocorreu a partir de 1968, quando se tornou
professor de Projeto e Teoria da Arquitetura, tanto na graduação e pós-graduação
da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, contribuindo
para a formação das próximas gerações de arquitetos baianos. Na área pública,
Assis trabalhou como consultor da Prefeitura de Salvador e também do Rio de
Janeiro, onde participou de projetos de requalificação urbana, o Favela Bairro
e o Rio Cidade. Na capital baiana realizou projetos de diversas praças, como
a Praça da Inglaterra, a Praça da Sé e os largos da Lapinha, da Soledade e dos
Aflitos, dentre outras. Uma grande realização na área pública foi a idealização do Modelo Reduzido de Salvador, maquete com 84 m², cobrindo todo
o território da cidade na escala 1/2000, sendo usado principalmente como
instrumento do Planejamento Urbano. A
obra do arquiteto foi reconhecida também
internacionalmente, com participação em
exposições coletivas no Pratt Institute
Gallery de Nova York (1983) e no Institut
Supérieur d’Architecture de Bruxelas, na
Bélgica (1988), além de ter sua biografia
publicada pela St. James Press no livro
“Contemporary Archictects” (1994), reforçando sua importância no cenário da
arquitetura moderna.
Em 2008, Assis Reis recebeu a Comenda
do Colar de Ouro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) pelo conjunto de
sua obra e em reconhecimento por sua
trajetória profissional e vida dedicadas à arquitetura, à cidade e à formação de pessoas.
Nos últimos anos Assis vinha se dedicando
à montagem de três livros sobre a sua obra,
tendo finalizado dois deles: um sobre Praças e outro sobre a Maquete de Salvador.
O livro sobre a obra da Chesf, terceiro e
último, está em fase de conclusão. Em abril
deste ano, Assis, também conhecido como
um exímio dançarino de tango e campeão
de sinuca, como o mesmo gostava de se
apresentar, nos deixou. Mas, o seu legado
servirá sempre como referência de uma
arquitetura que, enraizada na cultura local,
provocará emoção plástica e reafirmará os
valores sociais, culturais e éticos inerentes
ao ofício de arquiteto. Tudo isso fará com
que o imortalizemos através de suas obras,
das suas histórias contadas com tanto
humor, das tantas palestras proferidas ao
longo de sua carreira e que farão parte das
nossas eternas lembranças. Como disse
Guimarães Rosa e repetia sempre Assis: “O
mundo é mágico. As pessoas não morrem,
ficam encantadas.”
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