Luís Francisco Carvalho Departamento de Economia Política Escola

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Luís Francisco Carvalho
Departamento de Economia Política
Escola de Ciências Sociais e Humanas, ISCTE-IUL
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1.
Revisitar as ideias de Friedrich List, procurando uma
leitura contextualizada, em termos da sua biografia,
da história das ideias económicas e da história
económica e “social”
2.
Discutir a hipótese de List ser um dos mais
significativos antecipadores da problemática do
desenvolvimento (ideias e práticas), tal como esta viria
a constituir-se na segunda metade do Séc. XX.
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Transformações dos séculos XVIII e XIX associadas à
emergência da “modernidade ocidental”:
• Sócio-económicas (Revolução Industrial, economia e
sociedade de mercado).
• Políticas (Rev. Americana, Rev. Francesa, Guerras
Napoleónicas).
• Ideias (Iluminismo, racionalismo, ciência moderna,
Romantismo)
O contexto político e económico alemão do início do Séc. XIX
A Economia Política Clássica como “ideologia” das
transformações em curso.
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1789: Nascimento em Reutlingen.
1802: Passagem de Reutlingen para a administração de Wurttemberg
(por decisão de Napoleão).
1803: Finaliza os estudos e começa a trabalhar com o pai e o irmão
mais velho na actividade de curtumes.
1806: Entra no funcionalismo público de Wurttemberg.
1812: Transferido para Tubingen, onde frequenta aulas na
universidade e aprofunda leituras.
1817: Na sequência de alguns escritos sobre a reforma da
administração pública de Wurttemberg, é nomeado Professor da
nova cátedra de Administração e Ciências do Estado em Tubingen.
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1819-1820: Trabalha como Secretário da União de comerciantes e industriais
para a promoção do comércio e indústria alemães, redigindo diversas
petições.
1819-1821: Deputado no Parlamento em Estugarda.
1822: Condenado por subversão política.
1822-1825: Fuga e prisão.
1825-1830: Exílio nos Estados Unidos, onde entra em contacto com os
proteccionistas americanos (seguidores de Alexander Hamilton),
desenvolve actividade empresarial (caminhos-de-ferro), jornalística e
publica Outlines of American Political Economy.
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1830-1837: Cônsul americano em Hamburgo, depois em Leipzig; intensa
actividade jornalística, política e de promoção do caminho-de-ferro.
1837-1840: Instala-se em Paris, redigindo Le Système naturel d’économie
politique, em resposta a um concurso da Academia de Ciências Morais
e Políticas de Paris.
1841: Regresso à Alemanha e publicação do Sistema Nacional de
Economia Política, a sua obra principal e um sucesso editorial
imediato ( na Alemanha e fora).
1846: Última viagem a Inglaterra e morte no Tirol.
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Preocupação central de List com o “progresso económico”,
com o crescimento e o desenvolvimento.
Crítica da explicação da natureza e causas da riqueza avançada
pela economia política clássica (chamada de “economia
popular” ou “economia cosmopolítica” por List) e em particular
Adam Smith (enviesamento mercantil e materialista).
É neste quadro que List propõe a sua teoria dos poderes de
produção, por oposição à “teoria dos valores-de-troca”: a
ênfase deve ser colocada na capacidade de produzir e não na
quantidade de valores-de-troca disponiveis num certo
momento; a perspectiva deve ser dinâmica e não estática.
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Os poderes de produção de um país dependem sobretudo de
condições sociais e institucionais, e não tanto de capacidaddes
individuais. Podem destacar-se:
•
Instituições morais e políticas livres.
Conhecimento (ou “capital mental”), a capacidade de criar e utilizar
tecnologia, papel da educação.
•
O poder político nacional nas relações internacionais, que
determina as condições em que se processa a inserção económica
internacional.
•
A diversificação da estrutura produtiva, designadamente o
desenvolvimento das actividades industriais (o poder industrial é o
mais importante dos poderes produtivos).
•
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A existência de nações politicamente organizadas em estados
soberanos é o ponto de partida para a crítica do livrecambismo.
Os ganhos recíprocos da liberalização do comércio
internacional só se manifestariam se previamente se
estabelecesse uma união política entre os povos.
Na ausência desta condição, o comércio livre tenderia a
perpetuar o predomínio económico da Inglaterra, em
resultado da sua supremacia industrial.
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As desvantagens das nações não-industrializadas (como a
Alemanha ou os E.U.A.) resultavam fundamentalmente de
três ordens de factores:
1.
O menor conhecimento dos processos produtivos, em
termos de tecnologia e know-how.
2.
O menor controlo sobre as redes de distribuição, em
particular o comércio marítimo.
3.
A existência de rendimentos crescentes à escala nas
actividades industriais.
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Para contrariar estas desvantagens, os países que quisessem
criar o seu próprio poder industrial teriam de estabelecer um
sistema de protecção do seu mercado interno, através de
direitos aduaneiros sobre as importações.
A política de protecção deveria durar até que se gerassem
capacidades industriais próprias – uma vez atingida a
“maturidade” industrial, a economia nacional podia, e devia,
abrir-se à concorrência internacional.
A protecção aduaneira deveria, portanto, ser temporária,
selectiva e moderada.
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Crítica da Economia política Clássica (sobretudo Adam
Smith, Jean-Baptiste Say e Thomas Cooper).
Relação com o mercantilismo.
Relação com a Escola Histórica Alemã.
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Pensar a questão do “atraso” num contexto de afirmação das
transformações da modernidade e de assimetria no sistema
económico internacional.
Vários temas comuns com a concepção do desenvolvimento que viria
a ser elaborada no âmbito das teorias da modernização, dominantes
nas décadas de 50 e 60 (industrialização, urbanização, mentalidades,
substituição de importações, etc.).
Relevância para compreender experiências históricas de
desenvolvimento.
Reabilitação teórica: economia da inovação, Ha-Joon Chang.
Limites de List: divisão internacional do trabalho entre os países da
“zona temperada” e da “zona tórrida”.
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