ENTOMOLOGIA FORENSE: QUANDO OS INSETOS SE TORNAM

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ENTOMOLOGIA FORENSE: QUANDO OS INSETOS SE TORNAM AS
PRINCIPAIS EVIDÊNCIAS DE UM CRIME
Msc. Richard Edgar Moretto
Mestrando em Zoologia, Departamento de Zoologia-IB, Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho, UNESP, Rio Claro.
E-mail: [email protected]
A entomologia forense é um ramo de investigação científica que aplica o estudo de
insetos e outros artrópodes à procedimentos legais, estando em constante desenvolvimento e
chamando bastante atenção nos últimos anos. Diversos estudos vêm sendo realizados nesta
área para que os profissionais responsáveis possuam o maior número de informações possível
sobre os insetos utilizados para estes fins, permitindo-lhes assim fazer melhores análises nos
casos litigiosos envolvendo fatores como a descoberta da causa da morte (causa mortis), do
local e até mesmo uma estimativa do intervalo de tempo pós-morte (I.P.M.) em um cadáver,
principalmente humano.
Vários são os estudos possíveis dentro desta ciência, desde estudos diretamente
ligados às carcaças até os relacionados com substâncias tóxicas e dietas artificiais
(entomotoxicologia), além dos estudos associados com a questão agrária (urbana e médicolegal), também bastante difundida atualmente.
Um cadáver em decomposição constitui um substrato que se caracteriza por ser um
micro-hábitat temporário representando uma fonte rica em alimento para vários organismos
decompositores, desde bactérias e fungos até alguns vertebrados. Dentre os representantes da
fauna que se utilizam deste tipo de substrato, os artrópodes constituem a maior porção, tendo
os insetos como os representantes mais abundantes e com maior diversidade de espécies.
A estimativa do IPM baseia-se na coleta e determinação da idade dos espécimens
encontrados associados ao corpo em decomposição, quando de sua localização. Como os
insetos são os primeiros a colonizar este tipo de substrato, a invasão do corpo por estes
artrópodes inicia como que um relógio biológico, que no caso específico de cadáveres
humanos em decomposição, é investigado e interpretado para estimar o IPM destes.
Normalmente, a estimativa da idade dos exemplares de insetos mais velhos associados
ao cadáver ou o conhecimento do processo de sucessão da entomofauna cadavérica durante a
decomposição do corpo, fornecem os dados necessários para a estimativa do IPM. No
primeiro caso, há a necessidade do levantamento da temperatura média dos dias que
antecederam a descoberta do cadáver, via estação meteorológica mais próxima do local do
encontro do cadáver.
A partir destes dados de temperatura, é possível se comparar valores de peso, largura
ou comprimento dos estágios imaturos encontrados associados ao cadáver, com um banco de
dados em que conste o desenvolvimento das diferentes espécies de insetos sob diferentes
temperaturas. Assim sendo, pode-se estimar a idade dos exemplares e conseqüentemente, o
IPM do cadáver.
No caso do Brasil, a Entomologia Forense pode ser considerada como uma área de
investigação mais recente, embora a primeira publicação na área completou recentemente 100
anos.
Os principais avanços observados nesta área referem-se ao desenvolvimento de novas
técnicas e métodos empregados nas investigações, como por exemplo, protocolos para
experimentos no campo.
A palestra em sí será dividida em vários subtópicos, passando desde o histórico da
entomologia forense e seus primeiros casos na China medieval; fatores que interferem na
estimativa do I.P.M.; inferências de causa mortis e local de morte x local de desova do corpo;
a importância da entomofauna associada a carcaças em decomposição para a ciclagem de
matéria; a entomotoxicologia médica-legal; insetos de interesse forense e suas principais
caraterísticas de invasão e sucessão em um corpo em decomposição; metodologia de coleta e
“o que fazer” enquanto entomólogo forense ao encontrar um corpo; além de diversos
exemplos de casos reais envolvendo perícia forense onde os insetos foram os principais
vestígeos.
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