O Escravismo na Antiguidade Clássica Roma

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O Ofício da História
Prof. Ubiratã F. Freitas
Aula 06
História 1º Ano Ensino Médio
O Escravismo na Antiguidade Clássica: Roma
A partir da cidade de Roma, os romanos conquistaram vários povos. As conquistas provocaram
mudanças socioeconômicas, política e no cotidiano de sua população. Assim, como na história da Grécia
Antiga, é possível dividir a história romana em períodos. A base dessa divisão são as mudanças ocorridas
nas formas de governo de Roma.
Roma Antiga: Periodização
Etrusco
Monarquia
República
Século VI a.C
753 a.C.
segundo a
tradição, data
da fundação da
cidade de Roma
509 a.C.
substituição da
Monarquia pela
República
Império
27 a.C. Otávio
é proclamado
imperador.
Ano I nascimento de
Jesus
Divisão do
Império
395 d.C.
divisão do
império em
duas partes:
Ocidente e
Oriente.
Queda do
Império
Queda do
império
Ocidental
marcada pela
invasão de
Roma pelos
Hérulos
São poucas as informações históricas bem fundamentadas a respeito dos primeiros tempos da história
romana. Na gênese dessa história, predominam os mitos. Os dados que existem sobre esse período de foram
obtidos através de descobertas a arqueológicas que possibilitaram uma revelação das origens de Roma.
A península Itálica era ocupada por etruscos, ao norte; Latinos, sabinos e samnitas, ao centro; e
gregos, que ocupavam terras ao sul (Magna Grécia), desde a expansão colonial ocorrido no princípio do
Período Arcaico.
Os etruscos, povo que vivia na região da atual Toscana, exerceram grande influência na própria
formação de Roma, muito embora as pesquisas históricas sobre esse período sejam limitadas, uma vez que
sua escrita ainda não foi decifrada. De qualquer forma, parece certo que, por volta do século VI a.C., os
etruscos chegaram à região do Lácio – berço original de Roma – e deixaram influências marcantes na
civilização romana, pois, além de serem bons agricultores, ativos comerciantes e hábeis no trabalho com o
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bronze e com a cerâmica, foram influenciados pelos gregos da Magna Grécia, com os quais mantinham
relações comerciais.
Desde os primeiros tempos de sua existência, Roma enfrentou conflitos com povos vizinhos. Nesse
período, eram frequentemente os conflitos e disputas por terras e colheitas. Ao mesmo tempo, os romanos
tinham a necessidade de conquistar novas terras para uma população sempre crescente. A cada guerra, Roma
melhorava seus equipamentos e a organização de seu exército.
A forma pela qual certo território era conquistado determinava o modo como os romanos tratavam o
povo dominado. Os conquistadores que se aliavam a Roma tinham de fornecer forças militares aos romanos
e recebiam direitos parciais ou totais de cidadania. Já os que se recusavam a se render e acabavam
derrotados e massacrados ou escravizados e tinham suas terras tomadas.
Ao final do século III a.C., os romanos já haviam conquistado quase toda a península Itálica. Essas
conquistas provocaram grandes modificações na sociedade romana, destacando-se as seguintes:
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Aumento das trocas comerciais no Mediterrâneo em função da produção de excedentes na
agricultura e na indústria artesanal, interligando cidades e regiões dos três continentes então
conhecidos: Europa, África e Ásia;
Formação da ordem dos equestres (cavaleiro), um grupo constituído por indivíduos que haviam
enriquecido – comerciantes – e que tinham renda suficiente para servirem na cavalaria do
exército;
Enriquecimento e fortalecimento dos comerciantes que, em pouco tempo, passaram a reivindicar
participação na vida política;
Grande aumento do número de escravos (prisioneiros de guerra e dívidas com o Estado)
enriquecimento do Estado romano gerado pelo pagamento de tributos das províncias (conquistas
romanas) e pela venda de escravos;
Concentração das terras conquistadas nas mãos dos grandes proprietários;
Êxodo rural em direção a Roma, causado pela ruína de pequenos proprietários que não
conseguiam competir com o preço dos produtos que chegavam das províncias ou de grandes
propriedades nas quais era empregada a mão de obra escrava;
Expansão da vida urbana em função do crescimento do artesanato, da atividade comercial e do
êxodo rural;
Construção de grandes obras públicas, como anfiteatros, circos, templos, estradas e aquedutos
(dutos de água).
Assim como na Grécia, em Roma havia três origens para a escravidão: a guerra, a descendência e o
endividamento. Entretanto, de acordo com a historiografia tradicional, era com as guerras que Roma
conseguia a maior parte dos escravos. O contingente destes aumentou de forma expressiva no período da
República e no início da fase imperial.
No mundo romano, os escravos eram considerados uma propriedade e um “instrumento” nas mãos
do senhor, e podiam pertencer tanto a particulares quanto ao Estado. De um modo geral, trabalhavam nas
grandes obras públicas, como pontes, aquedutos, monumentos e estradas, na agricultura, na extração
mineral, na atividade artesanal ou como criado doméstico. Os mais especializados e cultos eram secretários,
músicos, tecelões e professores. Escravos também atuavam em espetáculos públicos ou privados,
caracterizados pela extrema violência. Tal era o caso dos gladiadores.
A Crise do Escravismo Antigo
O Império Romano atingiu sua máxima extensão no século II d.C. durante o governo de Trajano (98117). No entanto, a partir de então, não foram realizadas novas conquistas. Pelo contrário, várias regiões
foram abandonadas ou reconquistadas pelos “Bárbaros”, designação atribuída pelos romanos a todos aqueles
que não falavam Latim, viviam além das fronteiras do Império e possuíam uma “cultura inferior”, isto é, não
haviam sido romanizados.
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Ao mesmo tempo, os gastos do Estado romano eram crescentes, não apenas com a manutenção das
legiões, como também com a administração, a distribuição gratuita de trigo e os espetáculos públicos
(torneios, lutas e corridas), ou seja, Pão e Circo.
No entanto, as receitas do Estado tendiam a diminuir, uma vez que a organização da produção e a
geração de riquezas despendiam, em grande parte, do trabalho de escravos, e o número destes, a partir de
então, começou a declinar. Menos escravos, menor produção, menor arrecadação de impostos etc. gastos
cada vez mais crescentes. Essa equação comprometeu a economia romana. Assim, a crise do escravismo
tornou-se também uma crise do Estado com repercussões no conjunto da sociedade.
Muitos imperadores recorreram à desvalorização da moeda, o denário, para cobrir gastos do Estado,
o que levou muitos particulares a reterem as “moedas boas”, isto é, aquelas que continham uma porcentagem
maior de ouro ou prata, comprometendo uma economia até então essencialmente monetária. Ao mesmo
tempo, um processo inflacionário contínuo tomou conta da economia. O resultado disso é que passou a ser
comum o pagamento em produtos e não em dinheiro.
Diante da crise financeira, da crescente ameaça dos povos “bárbaros”, dos conflitos sociais, da crise
do Estado e de uma insegurança generalizada, muitos proprietários de latifúndios deixaram as cidades e
foram buscar segurança nas grandes propriedades rurais autossuficientes. Nelas uma nova forma de trabalho
passou a predominar, uma vez que o abastecimento de escravos estava definitivamente comprometido. Essa
nova organização da produção ficou conhecida pela expressão colonato.
Os colonos estavam vinculados à terra e ao proprietário desta, não podendo abandoná-la. No período
final do Império Romano, portanto, as cidades perderam sua antiga importância ao mesmo tempo em que a
ruralização da sociedade e da economia se impôs, especialmente em sua parte ocidental. Considere-se que,
já como sintoma da própria crise, em 395 o Império Romano foi dividido em Império do Ocidente, capital
Roma, e Império do Oriente, capital Constantinopla.
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