ANÁLISE DA ADESÃO À TERAPIA ANTINEOPLÁSICA ORAL DE PACIENTES ATENDIDOS NA FARMÁCIA AMBULATORIAL DO HOSPITAL DO CÂNCER II DO INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA (1) (2) (2) Renata Rosa Veloso ; Liliane Rosa Alves Manaças ; Flávia Cardoso Soares ; Priscila Helena Marietto Figueira (1) Universidade Federal Fluminense (UFF); (2) Hospital do Câncer II/ Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) RESUMO Introdução: A adesão ao tratamento com antineoplásicos por via oral é um dos grandes desafios da equipe de saúde que atua na assistência a pacientes oncológicos. O Hospital do Câncer II é a unidade do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva referência no diagnóstico e tratamento de neoplasias ginecológicas e do tecido ósseo conectivo. Muitos protocolos terapêuticos utilizados pela unidade envolve a utilização de antineoplásicos orais para dar continuidade a uma quimioterapia intravenosa, portanto, a adesão do paciente torna-se crucial para o sucesso da terapia. Objetivo: Analisar o perfil dos pacientes atendidos na Farmácia Ambulatorial do Hospital do Câncer II e identificar possíveis fatores que possam estar influenciando à adesão desses pacientes ao tratamento. Metodologia: Foi realizado um estudo observacional descritivo retrospectivo da Janeiro a Dezembro de 2011. O ambiente de estudo foi a Farmácia Ambulatorial do Hospital do Câncer II. Os critérios de inclusão utilizados foram os pacientes que estavam fazendo uso dos medicamentos Tamoxifeno, Anastrozol, Megestrol e Etoposido. Os critérios de exclusão foram os pacientes que foram a óbito ou que iniciaram no período de novembro a dezembro de 2011. Realizou-se a avaliação do esquema terapêutico a partir da prescrição ambulatorial e comparou-se com a Planilha de Controle de Dispensação Ambulatorial de Antineoplásicos Orais. Resultados: Foram avaliados 69 pacientes, sendo a maioria do sexo feminino, cor branca, casados, com grau de escolaridade abaixo do primeiro grau completo, pertencentes a clínica de Ginecologia, moravam no município do Rio de Janeiro e possuiam mais de um ano de tratamento. Através da ferramenta utilizada verificou-se que 64 % dos pacientes não aderiram completamente ao tratamento. Dentre os medicamentos analisados, Tamoxifeno e Anastrozol foram os que tiveram menor grau de adesão. Foi feita uma análise comparativa entre os pacientes faltosos, a localização da residência e o tempo de tratamento, e verificou-se que nos protocolos de Tamoxifeno e Anastrozol , a maioria dos pacientes residiam no município de Rio de Janeiro e possuiam mais de um ano de tratamento. Conclusão: Com base nos dados analisados verifica-se um alto índice de pacientes que não aderem totalmente a terapia. O estudo não mostrou uma relação direta entre a adesão e a distância de acesso aos medicamentos, mas demonstrou relação com o tempo de tratamento. Um outro fator que pode estar influenciando na adesão é o baixo nível de escolaridade, demonstrando uma necessidade de orientação quanto ao tratamento. A partir dessa análise constata-se a necessidade do acompanhamento farmacoterapêutico desses pacientes. Tendo em vista que nenhum outro profissional de saúde possui uma ferramenta para avaliar a adesão assim como a Farmácia, a responsabilidade de acompanhamento e educação torna-se maior ao profissional farmacêutico. Key words: Adesão; Antineoplásicos orais; Acompanhamento Farmacoterapêutico. (2) Através da ferramenta utilizada verificou-se que 64 % dos pacientes não aderiram completamente ao tratamento porque deixaram de buscar seu medicamento pelo menos um mês, havendo descontinuidade do tratamento. Dentre os medicamentos analisados, Tamoxifeno 20 mg e Anastrozol 1 mg foram os que tiveram menor grau de adesão, representando 74 % e 70 % dos pacientes faltosos, respectivamente (FIGURA 2). FIGURA 2: Porcentagem de pacientes que não aderiram ao tratamento de acordo com os protocolos de quimioterapia oral: O gráfico acima representa a relação dos pacientes faltosos (n=44) distribuídos de acordo com os protocolos de quimioterapia oral utilizados no ambulatório do HCII. Os pacientes considerados faltosos foram aqueles que deixaram de buscar seu quimioterápico oral em pelo menos um mês no período de Janeiro de 2011 a Dezembro de 2011. Foi realizada uma análise comparativa entre os pacientes faltosos e a localização da residência, e verificou-se que nos protocolos de Tamoxifeno 50 mg e Anastrozol 1 mg , a maioria dos pacientes residiam no município de Rio de Janeiro, representando 57% e 68%, respectivamente (FIGURA 3). Esses dados demonstram que não há uma relação direta entre localização da residência e a falta de adesão. A mesma análise foi realizada com relação ao tempo de tratamento, e verificou-se que a maior parte dos pacientes que faziam uso de Tamoxifeno 20mg e Anastrozol 1 mg possuíam mais de um ano de tratamento (FIGURA 4), corroborando com o estudo realizado por Marques e Pierin 20081, em que constatou-se que os pacientes que tinham mais tempo de tratamento possuíam mais dificuldades com os medicamentos, podendo apresentar maiores chances de esquecimento e de complicações. INTRODUÇÃO A assistência ao paciente oncológico é uma atividade complexa que deve envolver uma ação interdisciplinar da equipe. Dentre as dificuldades enfrentadas pela equipe destaca-se a adesão do paciente ao tratamento antineoplásico oral. Existem diversas definições para o conceito de adesão, mas de uma forma geral está relacionada ao comportamento do indivíduo frente a recomendações dadas, não 1envolvendo apenas medicamentos, mas também mudanças no estilo de vida e realização de procedimentos . A não adesão pode gerar conseqüências como a não resolução da queixa do paciente, piora do quadro clínico, inefetividade da 2 terapia e, em casos mais graves, levar ao óbito . Diversos fatores podem influenciar a adesão do paciente como o tratamento e a presença de efeitos indesejáveis, o acesso aos serviços de saúde e aos medicamentos, 1 crenças e hábitos de vida do próprio paciente, entre outros . Conhecer esses fatores pode ser uma excelente estratégia para tratar o paciente com câncer. O Hospital do Câncer II é a unidade do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva referência no diagnóstico e tratamento de neoplasias ginecológicas e do tecido ósseo conectivo. Muitos protocolos terapêuticos utilizados pela unidade envolve a utilização de antineoplásicos orais para dar continuidade a uma quimioterapia intravenosa, portanto, a adesão do paciente torna-se crucial para o sucesso da terapia. FIGURA 4: Relação entre o tempo de tratamento e a falta de adesão: O gráfico acima representa a porcentagem dos pacientes faltosos (n=44) distribuídos de acordo com os protocolos de quimioterapia oral e o tempo de uso desses medicamentos. Através da procura no prontuário eletrônico foi possível analisar receitas de anos anteriores a 2011. Os pacientes foram analisados no período de Janeiro de 2011 a Dezembro de 2011. OBJETIVO Analisar o perfil dos pacientes atendidos na Farmácia Ambulatorial do Hospital do Câncer II e identificar possíveis fatores que possam estar influenciando a adesão desses pacientes ao tratamento. METODOLOGIA Foi realizado um estudo observacional descritivo retrospectivo de Janeiro a Dezembro de 2011. O ambiente de estudo foi a Farmácia Ambulatorial do Hospital do Câncer II. Os critérios de inclusão utilizados foram os pacientes que estavam fazendo uso dos medicamentos Tamoxifeno 20 mg, Anastrozol 1 mg, Megestrol 160 mg e Etoposido 50 mg. Os critérios de exclusão foram os pacientes que foram a óbito ou que iniciaram no período de novembro a dezembro de 2011. Realizou-se a avaliação do esquema terapêutico a partir da prescrição ambulatorial e comparou-se com uma ferramenta utilizada pela farmácia, a Planilha de Controle de Dispensação Ambulatorial de Antineoplásicos Orais, registro que é realizado de forma individualizada, para verificar a frequência com que os pacientes buscavam seus medicamentos na farmácia do hospital. Através do programa Absolute e do prontuário eletrônico foram obtidos informações sobre os pacientes e as receitas. RESULTADOS CONCLUSÃO Com base nos dados analisados verifica-se um alto índice de pacientes que não aderem totalmente a terapia. O estudo não mostrou uma relação direta entre a adesão e a distância de acesso aos medicamentos, mas demonstrou relação com o tempo de tratamento. Outro fator que pode estar influenciando na adesão é o baixo nível de escolaridade, demonstrando uma necessidade de orientação quanto ao tratamento. Outros fatores, tais como presença de efeitos colaterais, polifarmácia e falta de informações por parte dos profissionais de saúde precisam ser analisadas, pois podem estar influenciando o grau de adesão. A partir dessa análise constata-se a necessidade do acompanhamento farmacoterapêutico desses pacientes. Tendo em vista que nenhum outro profissional de saúde possui uma ferramenta para avaliar a adesão assim como a Farmácia, a responsabilidade de acompanhamento e educação torna-se maior para o profissional farmacêutico. AGRADECIMENTOS Foram avaliados 69 pacientes, sendo a maioria do sexo feminino, cor branca, casados, com grau de escolaridade abaixo do primeiro grau completo, pertencentes a clínica de Ginecologia. A idade dos pacientes variou entre 16-83 anos com média de idade de 60 anos. A maior parte dos pacientes fazia uso do Anastrozol 1 mg, sendo utilizado por 39%, como pode ser visualizado na FIGURA 1. Ao Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva A Universidade Federal Fluminense Aos funcionários da Farmácia Ambulatorial do HCII que colaboraram com a pesquisa REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FIGURA 1: Distribuição de pacientes por protocolos de quimioterapia oral: O gráfico acima representa a relação dos 69 pacientes distribuídos de acordo com os protocolos de quimioterapia oral utilizados no ambulatório do HCII. Os pacientes foram avaliados no período de Janeiro de 2011 a Dezembro de 2011. 1. Marques PAC, Pierin AMG. Fatores que influenciam a adesão de pacientes com câncer à terapia antineoplásica oral. Acta Paul Enferm 2008; 21(2): 323-329. 2. Cunha NP, Margarinos-Torres R, Taouk MS, Matos GC. Adesão ao tratamento medicamentoso na hepatite C em hospital público federal do Rio de Janeiro, Brasil. Rev Bras Farm 2009; 90(3): 180-185. Projeto Gráfico: Serviço de Edição e Informação Técnico-Científica/INCA FIGURA 3: Relação entre a localização da residência e a falta de adesão: O gráfico acima representa a porcentagem dos pacientes faltosos (n=44) distribuídos de acordo com os protocolos de quimioterapia oral e a localização de sua residência, tendo como referência o município do Rio de Janeiro. A localização da residência do paciente foi obtida através da análise no programa Absolute®. Os pacientes foram analisados no período de Janeiro de 2011 a Dezembro de 2011.