ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I Versão Online 2009 O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ UNIOESTE – CASCAVEL O ESTUDO DE ASTRONOMIA NO ENSINO FUNDAMENTAL PROFESSORA PDE: VERA LUCIA ZARDO ANSOLIN PROF. ORIENTADOR: PROF. DR. BRENO LEITÃO WAICHEL TOLEDO, 2010 SUMÁRIO Apresentação..........................................................................................................05 Ato de fé ou conquista do conhecimento................................................................07 I UNIDADE: MOVIMENTOS CELESTES E TERRESTRES..................................13 Movimentos Celestes e Terrestres.........................................................................14 Astronomia de posição............................................................................................18 Uma geometria para o céu......................................................................................19 O caminho do Sol na esfera celeste: a eclíptica.....................................................22 O movimento anual do Sol visto da Terra..............................................................24 Diferenças entre dia e noite....................................................................................27 Ano solar.................................................................................................................27 Sol a pino................................................................................................................27 Características do solstício de primavera:..............................................................28 Características do solstício de verão......................................................................28 Características do equinócio de outono..................................................................28 Característica do equinócio de inverno...................................................................28 Sistemas de Coordenadas......................................................................................29 Coordenadas na esfera celeste..............................................................................30 Movimento de rotação e o dia e a noite..................................................................32 Movimento diurno da esfera celeste.......................................................................33 Movimento de translação e as estações do ano em diferentes latitudes...............35 Movimento da Lua em torno da Terra e do Sol......................................................36 Fases da Lua...........................................................................................................37 Curiosidade.............................................................................................................38 A Lua mostra a posição do Sol...............................................................................39 Origem da rotação sincronizada com a translação................................................40 Eclipses...................................................................................................................40 Um pouco de história..............................................................................................41 Como ocorrem os eclipses do Sol..........................................................................42 Duração de um eclipse solar...................................................................................43 Tipos de eclipse do sol............................................................................................43 Visibilidade de um eclipse do sol............................................................................43 Como ocorrem os eclipses da Lua.........................................................................44 Eclipse total da Lua em 21 de dezembro de 2010.................................................44 Visibilidade de um eclipse da Lua...........................................................................45 Duração de um eclipse lunar..................................................................................45 Procedimentos para observar o eclipse do Sol......................................................45 Observação sem instrumento ótico........................................................................46 Observação com telescópio ou binóculo................................................................47 II UNIDADE: ASTROS............................................................................................48 Astros......................................................................................................................49 Resolução 5A..........................................................................................................50 Resolução 6A..........................................................................................................51 Satélites...................................................................................................................52 Asteroides...............................................................................................................55 Diferenças entre os termos.....................................................................................56 Cometas..................................................................................................................58 Anéis planetários.....................................................................................................62 Planetas..................................................................................................................64 Diferenças entre estrela e planeta quando observamos o céu..............................66 Mercúrio..................................................................................................................66 Missões a Mercúrio.................................................................................................67 Vênus......................................................................................................................68 Terra........................................................................................................................70 Marte.......................................................................................................................73 Oposições de Marte até 2020.................................................................................76 Júpiter......................................................................................................................77 Saturno....................................................................................................................81 Urano.......................................................................................................................86 Netuno.....................................................................................................................90 Planetas anões........................................................................................................92 Plutão......................................................................................................................93 Ceres.......................................................................................................................95 III UNIDADE – ATIVIDADES PRÁTICAS..............................................................96 Planetário de pobre.................................................................................................97 funcionamento do planetário.................................................................................100 Movimento diário da esfera celeste......................................................................101 A inclinação do eixo de rotação terrestre.............................................................101 ENAST – Encontro Nacional de Ensino de Astronomia. Reconhecimento do Céu........................................................................................................................102 Modelo para o Movimento Anual Aparente do Sol a partir de uma perspectiva geocêntrica............................................................................................................103 Objetivo.................................................................................................................103 Material necessário...............................................................................................103 Construção do Modelo..........................................................................................103 Exemplos para operação do modelo....................................................................107 Para a latitude 30ºS..............................................................................................108 No Equador...........................................................................................................109 No Pólo Sul...........................................................................................................110 Relógio de Sol.......................................................................................................110 A construção do relógio de sol usando garrafa pet..............................................111 Métodos da determinação da direção Norte-Sul..................................................115 Relógio de sol equatorial.......................................................................................116 Planisfério celeste rotativo....................................................................................117 Construção do planisfério celeste rotativo............................................................118 Como montar o planisfério celeste.......................................................................119 Software Sttelarium e Celestia: movimento horizontal do Sol observado aqui da Terra......................................................................................................................121 Vídeos, propostas de utilização............................................................................125 Considerações finais.............................................................................................129 Referências...........................................................................................................129 Anexos..................................................................................................................130 Anexo I “Uma breve história do Tempo................................................................137 Anexo II “Imagens da Construção do Planetário de Pobre................................. 149 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. APRESENTAÇÃO A finalidade desta produção didático-pedagógica é estabelecer um diálogo em torno dos temas “Movimentos Celestes e Terrestres” e “Astros”, com vistas a subsidiar os professores de Ciências com conteúdos de Astronomia de forma que as aulas sejam criativas e dinâmicas, despertando o interesse dos alunos. Estamos vivendo um grande desafio na educação. A ampliação de vagas e a garantia dos alunos no espaço escolar foram direcionadas por uma educação sistematizada, caracterizando a fragmentação dos conteúdos. Ao buscarmos subsídios na perspectiva histórico-cultural, podemos compreender que a sistematização dos conteúdos deve estar relacionada com o aprendizado dos conceitos científicos. Lembramos que a apropriação do conhecimento realiza-se pela intervenção intencional e sistemática do professor, desenvolvendo nos alunos a consciência pela apropriação dos conteúdos culturais elaborados pela humanidade. É importante destacar que para que o aluno adquira um conhecimento sobre Astronomia é necessário motivá-lo, oferecendo oportunidades de analisar e conhecer materiais que o levem a este conhecimento. Sendo assim, é fundamental que as aulas sejam contempladas com metodologias diversificadas, levando os alunos à descoberta dos fatos e compreendendo a importância do conteúdo para a nossa realidade. Trabalhar com o conteúdo de Astronomia não deixa de ser desafiador, pois requer uma atualização e um conhecimento constante dos conteúdos tanto por parte dos professores como dos alunos. Para que isso ocorra, acreditamos ser necessário o interesse do professor no conhecimento e atualização dos conteúdos, na vontade de ensinar e no compromisso com a qualidade da educação. Vale salientar que ao escrever esta produção didático-pedagógica buscou-se atender alguns objetivos acima mencionados, sem com isso fechar a discussão ou conclusão em torno dos temas apresentados. Compreendendo-se que sempre existirão outras leituras que emergem depois do texto construído. Acreditamos que seja por meio de contribuições como esta, que possamos melhorar nossa qualidade de ensino e de aprendizagem. Sabemos que a escola pode representar um meio para se ter um futuro melhor, contribuindo na formação da cidadania e na construção de uma sociedade 5 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. mais humana e igualitária. Neste sentido, é importante destacar que para trabalhar este assunto dever ser oferecido materiais didáticos que despertem a curiosidade e o senso crítico, levando os alunos ao diagnóstico e a conclusão de suas investigações. De acordo com Libâneo (1994), “Através da ação educativa o meio social exerce influências sobre os indivíduos e estes, ao assimilarem e recriarem essas influências, tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora em relação ao meio social.” Percebemos com esta citação, que o sucesso na aprendizagem está relacionado com o interesse em aprender. Neste contexto, este material didático foi elaborado com a finalidade de proporcionar aos professores e alunos um conceito mais aprofundado sobre Astronomia, servindo de referência e estímulo na tarefa de conduzir os alunos ao conhecimento, despertando uma dimensão significativa para a educação. O material apresenta dois conteúdos. A Unidade I: “Movimentos Celestes e Terrestres” e a Unidade II: “Astros. Na Unidade III, apresentamos algumas atividades práticas que serão trabalhadas com o professores no Curso de Extensão que será proposto como implementação deste projeto. Está organizado de uma maneira que possa efetivamente auxiliar o trabalho do professor em sala de aula, atendendo ao Currículo Básico do Estado do Paraná, às Propostas Curriculares e ao Plano de Trabalho Docente dos educadores, na disciplina de Ciências. Cabe ao professor programar e adaptar os conteúdos de acordo com a realidade de seus alunos, motivando-os à busca de conceitos e à transformação do que for necessário, tendo em vista a melhoria do processo ensino-aprendizagem. 6 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. ATO DE FÉ OU CONQUISTA DO CONHECIMENTO? Um episódio na vida de Joãozinho da Maré Professor Rodolpho Caniato1 O Joãozinho de nossa história é um moleque muito pobre que mora numa favela sobre palafitas espetadas em um vasto mangue. Nosso Joãozinho só vai à escola quando sabe que vai ser distribuída merenda, uma das poucas razões que ele sente para ir à escola. Do fundo da miséria em que vive, Joãozinho pode ver bem próximo algumas das conquistas de nossa civilização em vias de desenvolvimento (para alguns). Dali de sua favela ele pode ver bem de perto uma das grandes Universidades onde se cultiva a inteligência e se conquista o conhecimento. Naturalmente esse conhecimento e a ciência ali cultivadas nada tem a ver com o Joãozinho e outros milhares de Joãozinhos pelo Brasil afora. Além de perambular por toda a cidade, de sua favela, pode ver o aeroporto internacional do Rio de Janeiro. Isso certamente é o que mais fascina os olhos de Joãozinho. Aqueles grandes pássaros de metal sobem imponentes com um ruído de rachar os céus. Joãozinho, com seu olhar curioso, acompanha aqueles pássaros de metal até que, eles desapareçam no céu. Talvez, por frequentar pouco a escola, por gostar de observar os aviões e o mundo que o rodeia, Joãozinho seja um sobrevivente de nosso sistema educacional. Joãozinho não perdeu aquela curiosidade de todas as crianças; aquela vontade de saber os “como” e os “porque”, especialmente em relação às coisas da natureza; a curiosidade e o gosto de saber que se vão extinguindo em geral, com a frequência à escola. Não há curiosidade que aguente aquela “decoreba” sobre o corpo humano, por exemplo. Sabendo por seus colegas que nesse dia haveria merenda, Joãozinho resolve ir à escola. Nesse dia, sua professora se dispunha a dar uma aula de 1 Autor dos livros: Um projeto brasileiro para O ensino de Física (Tese de doutorado); “O Céu” Editora” ,ATICA, São Paulo 1982; “Linguagens da Física”, Editora ATICA, São Paulo, 1982; “Com(ns)Ciência na Educação, Editora PAPIRUS, Campinas,1985; ”Que é Astronomia”; Editora Brasiliense, São Paulo, 1980; “A Terra em que Vivemos”, Editora Átomo & Alínea, Campinas; “(Re)Descobrindo a Astronomia”, (no prelo) Editora Átomo & Alínea, Campinas; “Innovation in Science &Technology Education(um capítulo) UNESCO Paris,1996; “A energia que recebemos do Sol”; “O Homem e a Terra”., audiovisual com texto gravado e 35 imagens; “O Sistema Solar”, roteiro e texto de filme sonoro, colorido, (10 min.)feito para o MEC em 1971; “Estrelas e Universo”, roteiro e texto de filme sonoro, colorido(10 min) feito para o MEC, 1971. 7 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ciências, coisa que Joãozinho gostava. A professora havia dito que nesse dia iria falar sobre coisas como o Solo, a Terra e seus movimentos, verão, inverno, etc. A professora começa por explicar que o verão é o tempo do calor, o inverno é o tempo do frio, a primavera é o tempo das flores e o outono é o tempo em que as folhas ficam amarelas e caem. Em sua favela, no Rio de Janeiro, Joãozinho conhece calor e tempo de mais calor ainda, um verdadeiro sufoco, às vezes. As flores da primavera e as folhas amarelas que caem ficam por conta de acreditar. Num clima tropical e quente como do Rio de Janeiro, Joãozinho não viu nenhum tempo de flores. As flores por aqui existem ou não, quase independentemente da época do ano, em enterros e casamentos, que passam pela Avenida Brasil, próxima à sua favela. Joãozinho, observador e curioso, resolve perguntar porque acontecem ou devem acontecer tais coisas. A professora se dispõe a dar a explicação: − Eu já disse a vocês numa aula anterior que a Terra é uma grande bola e que essa bola está rodando sobre si mesma. É sua rotação que provoca os dias e as noites. Acontece que, enquanto a Terra está girando, ela também está fazendo uma grande volta ao redor do sol. Essa volta se faz em um ano. O caminho é uma órbita alongada chamada elipse. Além dessa curva se assim tão alongada e achatada, o sol não está no centro. Isso quer dizer que, em seu movimento, a Terra as vezes passa perto, às vezes passa longe do sol. Quando passa perto é mais quente, é Verão. Quando passa mais longe do Sol recebe menos calor: é Inverno. Os olhos de Joãozinho brilhavam de curiosidades diante de um assunto novo e tão interessante. − Professora, a senhora não disse antes que a Terra é uma bola e que está girando enquanto faz a volta ao redor do Sol? − Sim, eu disse. Respondeu a professora com segurança. − Mas, se a Terra é uma bola girando todo dia perto do Sol, não deve ser verão em toda a Terra? − É Joãozinho, é isso mesmo. − Então é mesmo verão em todo lugar e inverno em todo lugar, ao mesmo tempo, professora? − Acho que é Joãozinho, vamos mudar de assunto. 8 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. A essa altura, a professora já não se sentia tão segura do que havia dito. A insistência, natural para o Joãozinho, já começava a provocar uma certa insegurança na professora. − Mas professora, insiste o garoto – enquanto a gente está ensaiando a escola de samba, na época do Natal, a gente sente o maior calor, não é mesmo? − É mesmo Joãozinho. − Então nesse tempo é verão aqui? − É Joãozinho. − E o papai noel no meio da neve com roupas de frio e botas? A gente vê nas vitrinas até as árvores de Natal com algodão. Não é para imitar a neve? (A 40º no Rio). − É Joãozinho, na terra do Papai Noel faz frio. − Então, na terra do Papai Noel, no Natal, faz frio? − Faz Joãozinho. Mas, então tem frio e calor ao mesmo tempo? Quer dizer que existe verão e inverno ao mesmo tempo? − É Joãozinho, mas vamos mudar de assunto. Você está atrapalhando a aula e eu tenho um programa a cumprir. Mas Joãozinho ainda não havia sido “domado” pela escola. Ele ainda não havia perdido o hábito e a iniciativa de fazer perguntas e querer entender as coisas. Por isso, apesar do jeito visivelmente contrariado da professora, ele insiste. − Professora, como é que pode ser verão e inverno ao mesmo tempo, em lugares diferentes, se a Terra, que é uma bola, deve estar perto ou longe do Sol? Uma das duas coisas não está errada? − Como você se atreve Joãozinho, a dizer que a sua professora está errada? Quem andou pondo essas ideias em sua cabeça? − Ninguém não, professora. Eu só tava pensando, Se tem verão e inverno ao mesmo tempo, então isso não pode acontecer porque a Terra tá perto ou tá longe do Sol. Não é mesmo, professora? A professora, já irritada com a insistência atrevida do menino, assume uma postura de autoridade científica e pontifica: 9 − Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Está nos livros que a Terra descreve uma curva que se chama elipse ao redor do Sol, que este ocupa um dos focos e portanto ela se aproxima e se afasta do Sol. Logo, deve ser por isso que existe verão e inverno. Sem se dar conta da irritação da professora, nosso Joãozinho lembra-se da sua experiência diária e acrescenta: − Professora, a melhor coisa que a gente tem aqui na favela é poder ver avião o dia inteiro. − E daí, Joãozinho? O que isso tem a ver com o verão e o inverno? − Sabe professora, eu achei que tem. A gente sabe que um avião tá chegando perto quando ele vai ficando maior. Quando ele vai ficando pequeno é porque ele tá ficando mais longe. − E o que isso tem a ver com a órbita da Terra Joãozinho? − É que eu achei que se a Terra chegasse mais perto do Sol, a gente devia ver ele maior. Quando a Terra estivesse mais longe do Sol, ele deveria aparecer menor. Não é professora? − E daí menino? − A gente vê o sol sempre do mesmo tamanho. Isso não quer dizer que ele tá sempre na mesma distancia? Então verão e inverno não acontecem por causa da distância. − Como você se atreve a contradizer sua professora? Quem anda ponde essas “minhocas” na sua cabeça? Faz quinze anos que eu sou professora, É a primeira vez que alguém quer mostrar que a professora está errada. A essa altura, já a classe se havia tumultuado. Um grupo de outros garotos já havia percebido a lógica arrasadora do que o Joãozinho dissera. Alguns continuaram indiferentes. A maioria achou mais prudente ficar do lado da “autoridade”. Outros aproveitaram a confusão para aumentá-la. A professora havia perdido o controle da classe e já não conseguia reprimir a bagunça nem com ameaças de castigo e de dar “zero” para os mais rebeldes. Em meio àquela confusão tocou o sinal para o fim da aula, “salvando” a professora de um caos maior. Não houve aparentemente nenhuma definição de vencedores e vencidos nesse confronto. Indo para casa, a professora ainda agitada e contrariada se lembrava do Joãozinho que lhe estragara a aula e também o dia. Além de pôr em dúvida o que 10 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. ela afirmara, Joãozinho dera um “mau exemplo”. Joãozinho, com seus argumentos ingênuos, mas lógicos, despertara muitos para o seu lado. − Imagine se a moda pega, pensa a professora. − O pior é que não me ocorreu qualquer argumento que pudesse “enfrentar” o questionamento do garoto. − Mas, foi assim que me ensinaram. É assim mesmo que eu também ensino, pensa a professora. Faz tantos anos que dou essa aula, sobre esse mesmo assunto... À noite, já mais calma, a professora pensa com seus botões: − Os argumentos de Joãozinho foram tão claros e ingênuos. Se o inverno e o verão fossem provocados pelo maior ou menor afastamento da Terra em relação ao Sol, deveria ser inverno ou verão em toda a Terra. Eu sempre soube que enquanto é inverno em um hemisfério é verão no outro. Então tem mesmo razão o Joãozinho. Não pode ser essa causa de calor ou frio na Terra. Também é absolutamente claro e lógico que se a Terra se aproxima e se afasta do Sol, este deveria mudar de tamanho aparente. Deveria ser maior quando mais próximo e menor quanto mais distante. − Como eu não havia pensado nisso antes? − Como posso eu ter “aprendido” coisas tão evidentemente erradas? − Como nunca me ocorreu, sequer, alguma dúvida sobre isso? − Como posso eu estar durante anos “ensinando” uma coisa que eu julgava Ciência, e que, de repente pôde ser totalmente demolida pelo raciocínio ingênuo de um garoto, sem nenhum outro conhecimento científico? Remoendo essas ideias, a professora se põe e pensar em outras tantas coisas que poderiam ser falsas e inconsistentes como as “causas” para o verão e o inverno. − Por que tantas outras crianças aceitaram sem resistência o que eu disse? Por que apenas o Joãozinho resistiu e não “engoliu” o que eu disse? No caso do verão e do inverno a inconsistência foi facilmente verificada. Era só pensar. Se “engolimos” coisas tão evidentemente erradas, como devemos estar “engolindo” coisas mais erradas, mais sérias e menos evidentes! Podemos estar tão habituados a repetir as mesmas coisas que já nem nos damos conta de que muitas dessas 11 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. coisas podem ter sido simplesmente acreditadas. Muitas dessas coisas podem ser simples “atos de fé” ou crendices que nós passamos adiante como verdades científicas ou históricas: “ATOS DE FÉ EM NOME DA CIÊNCIA” É evidente que não pretendemos nem podemos provar tudo que dizemos ou tudo que nos dizem. No entanto, o episódio do Joãozinho levantara um problema sério para a professora. Que bom que houve um Joãozinho. − Haverá sempre um Joãozinho para levantar dúvidas? − Talvez alguns outros também tenham percebido e tenham calado sabendo da reprovação ou da repressão que poderiam sofrer com uma posição de contestação ao que a professora havia dito. − E eu que ia me ofendendo com a atitude lógica e ingenuamente destemida do Joãozinho, pensa a professora. Talvez a maioria dos alunos já esteja “domada” pela escola. Sem perceber, a professora pode estar fazendo exatamente o contrário do que ela pensa ou deseja fazer. Talvez o papel da escola tenha muito a ver com a nossa passividade e com os problemas do mundo que nos rodeia. Não terá isso a ver também com outros problemas do nosso dia a dia? − Todas as crianças têm uma inata curiosidade para saber os “como” e os “porque” das coisas, especialmente da natureza. À medida que a escola vai “ensinando”, o gosto e a curiosidade se vão extinguindo, chegando frequentemente à aversão. Quantas vezes nossas escolas, não só a do Joãozinho, pensam estar tratando da Ciência por falar em coisas como átomos, órbitas, núcleos, elétrons, etc.. Não são palavras difíceis que conferem à nossa fala o caráter ou o “status” de coisa científica. Podemos falar das coisas mais rebuscadas e complicadas e,m sem querer estamos impingindo a nossos alunos, grosseiros “atos de fé”, que não são mais que uma crendice, como tantas outras. Não é à toa que se diz da escola: um lugar onde as cabecinhas entram “redondinhas” e saem quase todas “quadradinhas”. 12 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. I UNIDADE MOVIMENTOS CELESTES E TERRESTRES 13 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. MOVIMENTOS CELESTES E TERRESTRES Pessoas de todas as idades sentem-se fascinadas pelo céu estrelado desde os primórdios da humanidade. Quando olhamos para o céu em uma noite estrelada e sem Lua, temos a impressão de estar no centro de uma imensa esfera escura e crivada de estrelas em sua face interna. Os povos antigos pensavam estar realmente no centro dessa esfera. Essa ideia até hoje permanece na mente das pessoas, porém a esfera celeste; “[…] é uma esfera imaginária sobre a qual os objetos celestes parecem colados, quando vistos da Terra”. (CANALLE p. 124). Para os antigos, além dessa bola estavam as coisas divinas. Com o passar do tempo, o homem foi percebendo que isso era apenas produto de sua imaginação. Hoje sabemos que a imensidão do espaço é povoada por uma infindável multidão de corpos celestes (estrelas, planetas e seus satélites, nebulosas e outras milhares de galáxias). De acordo com Nogueira (2009) “no firmamento, os primeiros homens e mulheres, ainda na pré-história perceberam a existência de mecanismos e ciclos específicos que se refletiam em suas atividades terrenas e eram marcados pela posição das estrelas”. O homem foi aprendendo a organizar a sua vida de acordo com os períodos de claridade, que foi denominado dia e escuridão, noite. Esse processo foi lento, porém ajudou o homem a resolver seus problemas de sobrevivência e deu origem a mais antiga das ciências: A ASTRONOMIA. A observação do céu tinha um valor prático e imensurável para o povo primitivo, pois eles perceberam que a natureza, especialmente no reino vegetal tinha um comportamento cíclico. Todos os anos a vegetação voltava a repetir todos os seus aspectos: perdiam as folhas, folhas novas brotavam, flores e frutos apareciam e isso coincidentemente relacionava-se aos diferentes aspectos do céu observados nas mesmas épocas do ano. Então passaram a utilizar esse conhecimento para desenvolver a agricultura. Durante o dia, o observador tem a impressão de que o Sol aparece de um lado, move-se pela esfera celeste e, finalmente desaparece do outro lado. A região do céu que o Sol aparece é chamada lado leste e a que ele desaparece lado oeste. 14 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. À noite, as estrelas também parecem aparecer do lado leste e se deslocam pela esfera celeste até desaparecer do lado oeste. As estrelas são corpos gasosos, de forma aproximadamente esférica com altíssimas pressões e temperaturas. Elas parecem não modificar suas posições umas com relação às outras, isso levou os antigos a denominarem-nas estrelas fixas. Essa aparente “fixidez” das estrelas fez com que elas fossem, para efeito de reconhecimento, associadas em grupos puramente subjetivos chamados Constelações. Uma das definições de constelação é dada por Milone (2003, p. 12): Uma constelação corresponde a uma mera configuração projetada no céu, formada por linhas imaginárias conectando estrelas brilhantes; (grupo de estrelas). É associada a um desenho que representa um objeto, herói ou deus da sociedade humana que a concebeu. O termo constelação vem do vocábulo latino constellatio, que significa reunião de astros, muito embora as estrelas de uma constelação não estejam fisicamente reunidas em função das enormes distâncias que a separam. As 48 constelações clássicas foram catalogadas pelo grego Ptolomeu2 em 137 d.C. Parte destas constelações simboliza estórias e mitologias herdadas dos povos antigos da Mesopotâmia e Egito. Em 1929, a União Astronômica Internacional estabeleceu uma cartografia completa da esfera celeste contendo 88 constelações no total. As 40 outras, acrescentadas na era moderna foram definidas principalmente na época das grandes navegações oceânicas. Elas simbolizam essencialmente animais pertencentes às novas terras “descobertas” pelos europeus, e objetos usados na navegação da época. A maioria das constelações “recentes” situa-se no hemisfério sul do céu. No hemisfério Sul terrestre é muito comum observarmos a constelação do Cruzeiro do Sul e a constelação de Órion. O homem primitivo foi percebendo no decorrer de suas observações que alguns corpos pareciam se mover em relação às estrelas fixas. Eles denominaram esses corpos de planetas, palavra de origem grega significando errante. Movidos pela curiosidade e pelas necessidades relacionadas à sobrevivência, os antigos conseguiram reconhecer os cinco planetas visíveis a olho nu: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. 2 Filósofo Grego que propôs a Teoria Geocêntrica (séc. II). 15 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Com o desenvolvimento da ciência, e por consequência da tecnologia, foi possível conhecer os planetas mais afastados do Sol: Urano, Netuno e o planeta anão Plutão. Algumas estrelas estão sempre acima do horizonte. São denominadas estrelas circumpolares e parecem descrever circunferências concêntricas em torno de um ponto no céu denominado pólo celeste. Ora, as estrelas do hemisfério norte parecem girar no sentido anti-horário em torno do Pólo Norte, enquanto que as do hemisfério sul parecem girar no sentido horário em torno do Pólo Sul. Isso foi interpretado pelos antigos como se o céu fosse uma imensa esfera – a esfera celeste – que girava, com um período de cerca de um dia, em torno de um eixo de rotação que passava pelos pólos de uma Terra fixa no centro do Universo. Na verdade, este movimento da esfera celeste é apenas aparente e é devido ao fato de a Terra estar em rotação. Do ponto de vista astronômico a Terra executa três movimentos periódicos: movimento de rotação (rotacional), movimento de translação e movimento de precessão. Além desses, um quarto movimento pode ser considerado que corresponde a Translação da Terra em torno do centro da nossa galáxia, a ViaLáctea. Porém este não é um movimento próprio da Terra e sim do Sol. A Terra apenas acompanha o Sol neste movimento. Segundo o professor de Astronomia Paulo A. Duarte 3, a Terra executa outros tantos movimentos, dentre os quais destaca: Movimento de Rotação: movimento em torno de seu próprio eixo. Duração de 23 h 56 min 4 s. Variações: Desaceleração por causa das marés de 0,00164 s por século; Variações irregulares devido à ação das massas de ar, do núcleo e do manto de 0,60 s a 0,37 s por ano. Consequências: dias e noites, pontos cardeais, achatamento da Terra, movimento aparente do céu, direção dos ventos e das correntes marítimas. Movimento de translação: Também chamado movimento de revolução, é o movimento em torno do Sol. Leva 365 d 5 h 48 min 50 s. A Terra tem seu eixo inclinado 23º27'. O periélio, que vem de peri (à volta, perto) e hélio (Sol), é o ponto da órbita de um corpo, seja ele planeta, planetoide, asteroide ou cometa, que está mais próximo do Sol. Quando um corpo se encontra no periélio, ele tem a maior velocidade de translação de toda a sua órbita. Quando o corpo em questão estiver orbitando qualquer outra estrela que não o Sol, utiliza-se o nome genérico periastro para identificar esse ponto. A distância entre a Terra e o Sol no periélio é de aproximadamente 3 Professor de Astronomia do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Santa Catarina. 16 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. 147,1 milhões de quilômetros. Isto ocorre uma vez por ano, próximo do dia 4 de janeiro. O Afélio (do latim "aphelium", derivado do latim "apos", que quer dizer longínquo), é o ponto da órbita em que o planeta, está mais afastado do Sol. Quando se trata de um planeta que órbita uma estrela que não o Sol, esse ponto é denominado apoastro. As órbitas de todos os planetas são sempre elípticas, tendo sempre um ponto mais afastado (afélio) e um ponto mais próximo (periélio). A distância entre a Terra e o Sol no afélio é de aproximadamente 152,1 milhões de quilômetros. Quando um astro se encontra no afélio, ele tem a menor velocidade de translação de toda a sua órbita. O planeta Terra passa no afélio no dia 4 de Julho de cada ano. São consequências desse movimento: distribuição desigual de calor e luz nos hemisférios, estações do ano, movimento aparente do Sol entre os dois trópicos, diferente duração dos dias e das noites, deslocamento do Sol na linha do horizonte, Sol da meia-noite a partir de 66º de latitude. Precessão dos equinócios: giro retrógrado (Leste para Oeste) do eixo da Terra. Dura 25.750 anos. (1º em 71,5 anos ou 50 segundos em 1 ano). A consequência desse movimento é a visão do conjunto de estrelas no céu durante a noite em diferentes épocas do ano. Exemplo: atualmente Órion é uma constelação característica do céu do nosso verão, enquanto escorpião é característica do inverno, mas daqui a 13.000 anos será o inverso. Variação da Ascensão Reta e da Declinação das Estrelas. Nutação: Ao mesmo tempo em que o eixo de rotação da Terra precessiona, ele balança, fazendo o eixo da Terra descrever uma pequena elipse, em cerca de 18 anos e 7 meses. Esse balanço é chamado de nutação. São as forças de maré da Lua e do Sol, a atração gravitacional e a distribuição não uniforme de massa da Terra, as principais responsáveis pela precessão e nutação. Deslocamento do periélio: é o deslocamento do eixo que marca a posição de mínima distância entre a Terra e o Sol. Obliquidade da eclíptica: Variação do ângulo formado entre o Plano da órbita da Terra (Plano da eclíptica) e o Plano do Equador. Esta variação vai de 22º até 24º30' e leva mais ou menos 42.000 anos. Atualmente, a inclinação diminui 47'' por século. Há 7.660 anos a inclinação era de 24º30'. Daqui a 11.490 anos a inclinação será de 22º. Essa variação é causada pela ação perturbadora do Sol e da Lua. Variação da Excentricidade da órbita: trata-se da variação da forma da órbita da Terra em volta do Sol, ora mais circular, ora mais elíptica. Sua duração é de 92.000 anos. Variação do afélio: 150 milhões de quilômetros a 157 milhões de quilômetros. Variação do periélio: 143 milhões de quilômetros a 149 milhões de quilômetros. Perturbações planetárias: movimentos irregulares e pouco previsíveis que podem ser provocados pela força gravitacional de outros planetas, principalmente Vênus e Júpiter. Movimento do Centro de Massa Terra-Lua: trata-se do giro que faz o centro de massa do sistema Terra-Lua em torno do Sol. Movimento em torno do centro de massa do sistema solar: movimento de revolução ou translação que a Terra faz em torno do centro de massa do sistema solar (centro de massa que existe entre o Sol e todos os seus planetas). 17 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Movimento de marés: trata-se da contração e descontração do globo terrestre em razão da força gravitacional da Lua e do Sol. Rotação junto com a galáxia: a Via-Láctea gira em torno de seu centro, fazendo uma volta completa em torno de 250 milhões de anos. Assim, o Sol e todos os planetas, (inclusive a Terra) giram também em volta do centro da galáxia. Revolução junto com a galáxia: como todo o universo está em expansão, nossa galáxia também viaja no espaço. Assim, a Terra e todos os demais planetas, inclusive Lua e Sol, estão se deslocando junto com a Via-Láctea. Em função dos movimentos da Terra e da Lua se convencionaram várias unidades de medida de tempo. Desta forma, definem-se segundo, minuto, hora e dia, em termos da rotação da Terra, semana e mês, em termos do movimento orbital da Lua, e ano em função da translação da Terra em torno do Sol. ASTRONOMIA DE POSIÇÃO Todo o estudo que envolve a esfera celeste com suas aplicações é chamado de Astronomia de posição ou Astrometria. Estes estudos são aplicados para a: • Determinação de todos os movimentos da Terra. • Determinação das coordenadas de cada lugar e, portanto o levantamento dos mapas terrestres. • Medida do tempo: consiste em aferir o andamento dos relógios pela passagem de determinadas estrelas em frente a um telescópio especial. Esse equipamento é geralmente conhecido com o nome de Luneta meridiana. Esta Luneta se move sem sair do Meridiano Astronômico do Lugar. • Determinação da posição ou orientação dos navegantes. • Determinação das posições dos planetas e a partir dessas, suas • Determinação das distâncias das estrelas mais próximas. Estas sofrem órbitas. pequeníssimos deslocamentos anuais aparentes (paralaxe) em relação às mais distantes. 18 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. UMA GEOMETRIA PARA O CÉU Para estudarmos o céu, é necessário uma série de elementos geométricos que serão as referências sobre a esfera celeste. Precisamos definir o que é equador celeste, pólos celestes, zênite, nadir, meridianos, eclíptica, equinócios e solstícios. Imaginemos a Terra envolta pela esfera celeste. Supomos que a Terra é um globo transparente, com uma lâmpada no centro, e sobre a sua superfície traçamos o equador terrestre. Quando acendemos a lâmpada no seu interior, a linha que marca o equador terrestre lançará uma sombra, ou seja, “será projetada”, sobre a esfera celeste que a envolve. O equador da Terra, projetado sobre a esfera celeste, é chamado de equador celeste. Equador celeste é o círculo máximo formado pela intersecção do plano perpendicular ao eixo de rotação da Terra que passa pelo centro da Terra, isto é, ele é a projeção do equador da Terra sobre a esfera celeste. Cada uma das infinitas semicircunferências que se inicia no pólo celeste norte e finda no pólo celeste sul recebe o nome de meridiano celeste4. Os Meridianos Celestes representam as projeções dos meridianos da Terra na Esfera Celeste, sendo, então, círculos máximos perpendiculares ao Equador Celeste. A extensão do eixo de rotação da Terra irá perfurar a esfera celeste em dois pontos que chamamos de pólos celestes. A projeção do pólo norte da Terra dá origem ao pólo celeste norte, e a projeção do pólo sul da Terra dá origem ao pólo celeste sul. Para um observador em certo ponto da superfície da Terra a linha vertical que passa por ele fura a esfera celeste exatamente acima de sua cabeça num ponto chamado zênite. Esse ponto é obtido ao se traçar uma reta que passa pelo centro da Terra, passa pelo observador e se prolonga até a esfera celeste. O ponto diametralmente oposto recebe o nome de nadir. 4 É um círculo máximo da esfera celeste que contém os pólos celestes e o zênite de um ponto da Terra. 19 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 1: http://astro.if.ufrgs.br/esf.htm A esfera celeste gira de leste para oeste, mantendo as posições relativas das estrelas que descrevem arcos de circunferências de raios diferentes na esfera celeste. Há um ponto que não se move. Esse ponto é um dos pólos celestes (pólo celeste sul, para quem está no hemisfério Sul da Terra). No pólo celeste Sul não há nenhuma estrela visível a olho nu. Bem próximo ao pólo Norte celeste encontra-se uma estrela muito brilhante, que se chama POLARIS, estrela do pólo. Do hemisfério Sul não se pode ver essa estrela. Nas imagens abaixo, é possível observar as duas constelações citadas acima e seu movimento ao redor dos pólos. 20 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 2: Imagem feita através do software Sttelarium com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. Enquanto a esfera celeste gira no seu movimento diurno aparente, dois pontos permanecem fixos: os pólos Sul e Norte. Esses pontos são diametralmente opostos. Segundo o professor Rodolpho Caniato, a reta imaginária que une esses dois pontos chama-se “eixo do mundo”. O movimento aparente da esfera celeste resulta do movimento real da Terra, em sentido contrário. Por essa razão, o eixo do mundo não é nada mais que o prolongamento do eixo da Terra. Os pólos celestes são as projeções dos pólos terrestres sobre a esfera do céu. O mesmo ocorre com o 21 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. equador celeste e os paralelos celestes. Estes nada mais são do que as projeções do equador e dos paralelos terrestres sobre a esfera celeste. Ilustração 3: http://astro.if.ufrgs.br/esf.htm Na ilustração acima observe a esfera celeste que envolve o planeta Terra. O CAMINHO DO SOL NA ESFERA CELESTE – A ECLÍPTICA Observando da Terra vemos o Sol executar um movimento diário ao redor dela, mas na realidade, esse movimento é aparente. Ele é explicado pela rotação da Terra em torno do seu eixo geográfico também chamado de eixo Norte-Sul. O caminho aparente do Sol pela esfera celeste no decorrer do ano é chamado de 22 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. eclíptica. Como o ano tem 365 ¼ dias e o círculo tem 360º o Sol parece se mover ao longo da eclíptica a uma taxa de, aproximadamente, 1º por dia. Sabemos que o eixo de rotação da Terra é inclinado em um ângulo de 23,5º em relação à eclíptica. Em consequência disso, a eclíptica está inclinada em um ângulo de 23,5º em relação ao equador celeste devido à inclinação do eixo da Terra. A eclíptica é o plano do nosso Sistema Solar. Ela é o plano onde estão as órbitas dos planetas. Eles pouco se afastam desse plano, com exceção de Mercúrio e do planeta anão Plutão como mostra a tabela 1, considerando-se a Terra como referência: TABELA 1- Inclinação orbital dos planetas NOME DO PLANETA Inclinação do plano da órbita em relação à eclíptica (Terra como referência) Mercúrio 7º00' Vênus 3º24' Terra 0º Marte 1º51' Júpiter 1º19' Saturno 2º30' Urano 0º46' Netuno 1º47' Plutão 17º10' As órbitas dos planetas são elípticas, com o Sol em um dos focos. Com exceção de Mercúrio e Plutão, os demais planetas têm órbitas aproximadamente circulares. As órbitas de todos os planetas encontram-se mais ou menos no mesmo plano. A órbita de Plutão é a que apresenta maior desvio em relação ao plano da eclíptica, com uma inclinação de apenas 17 graus. Todos os planetas se movem na mesma direção, em sentido anti-horário, olhando-se de cima do polo norte do Sol. Com exceção de Vênus e Urano, todos os demais planetas giram nesse mesmo sentido. Pelo fato da declinação do Sol variar ao longo do ano, seu movimento diurno aparente tem trajetórias diferentes ao longo do ano. 23 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. A eclíptica e o equador celeste estão inclinados em 23º5’ e, em consequência disso estes dois círculos se cruzam em dois pontos exatamente opostos durante o ano. Esses pontos chamam-se pontos equinociais ou equinócios5. Os dois momentos em que a eclíptica e o equador celeste estão mais afastados do Equador chamam-se solstícios6. Veja ilustração abaixo. Ilustração 4: http://astro.if.ufrgs.br/esf.htm MOVIMENTO ANUAL DO SOL VISTO DA TERRA Quando observamos a posição em que o Sol nasce e se põe durante alguns meses e registramos essas observações, poderemos claramente verificar como se dá o movimento do Sol durante o ano. 5 Palavra de origem latina significando “duração igual do dia e da noite”. 6 Instante de parada e inversão do movimento do sol em relação ao horizonte. 24 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Quando observamos de frente para o lado leste, o deslocamento do ponto em que o Sol nasce no horizonte por vários meses percebemos que após 21 de março, o Sol continuará a nascer cada vez mais deslocado para a esquerda, para o norte, até atingir um deslocamento máximo nesse sentido, por volta de 21 de junho. Nesse dia ele pára de se mover para a esquerda e começa a retornar, deslocandose para a direita, o sul. Esse instante de parada e inversão do movimento com relação ao horizonte é denominado solstício, palavra que vem do latim, significando “Sol estático”. Após esse instante, durante cerca de 6 meses, o ponto em que o sol nasce se deslocará cada vez mais para a direita, ou seja, para o Sul, até atingir o deslocamento máximo neste outro sentido, por volta de 21 de dezembro. Nesse dia novamente ele pára, temos mais um solstício, e mais uma vez inverte o sentido do movimento no horizonte, reiniciando todo o ciclo. Temos então, dois solstícios: o solstício de junho, em que o ponto de nascimento do Sol atinge o máximo deslocamento para o norte, e o solstício de dezembro, em que o ponto de nascimento do Sol atinge o máximo de afastamento para o sul. Quando o Sol nasce bem no ponto intermediário entre os dois solstícios, bem no meio do caminho entre eles, temos um instante especial, denominado equinócio7. Os equinócios ocorrem quando o Sol está sobre o círculo do equador celeste, deslocando-se do hemisfério celeste norte para o sul, no caso do equinócio da primavera, e fazendo o caminho inverso, no equinócio de outono. Entre o início do outono austral e o fim do inverno, os “dias claros” são mais curtos do que as noites. Temos então, dois equinócios: um quando o Sol ao nascer passa por este ponto intermediário e está se deslocando para a esquerda, do sul para o norte, em 21 de março, e outro quando passa por este ponto intermediário e está se deslocando para a direita, do norte para o sul, em 23 de setembro. Somente nesses dois acontecimentos é que o Sol aparece exatamente no ponto cardeal Leste e desaparece no ponto cardeal Oeste. Quando o Sol alcança o solstício de verão temos o dia mais longo do ano, que marca o começo do verão. E, quando o Sol alcança o solstício de inverno temos a noite mais longa do ano, que marca o começo do inverno. 7 A palavra “equinócio”, de origem latina, significa noites de igual duração. 25 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. As estações do ano são inversas nos dois hemisférios. Quando começa a primavera no hemisfério Sul, em 21 de setembro, equinócio de primavera, começa o outono no hemisfério Norte e quando começa o outono no hemisfério Sul, em 21 de março, começa a primavera no hemisfério Norte, por isso, os solstícios tem nomes diferentes nos dois hemisférios. O mesmo acontece com os solstícios. Ilustração 5: Imagem produzida utilizando o software Sttelarium, com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. Observe na figura acima, as fotografias que fizemos, através de recurso tecnológico utilizando o software Sttelarium, do movimento aparente do Sol durante o período de um ano. É possível nesta imagem verificar o deslocamento citado no parágrafo anterior. Entre um equinócio de março e outro um ano terá se passado; assim como entre dois equinócios de setembro ou entre dois solstícios de dezembro, ou ainda, 26 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. entre dois solstícios de junho. Portanto, foi exatamente com base na observação dos movimentos do Sol e suas consequências, como o surgimento de determinadas estrelas no céu antes de o Sol aparecer, numa época bem determinada do ano, que as mais antigas civilizações, na Mesopotâmia e no Egito, construíram os primeiros calendários. DIFERENÇAS ENTRE DIA E NOITE ANO SOLAR Quanto mais alta a latitude do local, Ao ciclo de mudanças no local do maiores são as diferenças entre o dia e a nascer do Sol, em torno do ponto noite, e mais perceptíveis tornam-se as médio, chamamos Ano Solar. O Ano mudanças ocorridas no ambiente devido a Solar alteração do período de luz e calor no climáticas no ambiente, uma vez que a local. variação do local do nascer do Sol se se associa a mudanças relaciona com variações no ciclo claro-escuro, num determinado local da Terra. SOL A PINO... Somente na região tropical, o Sol pode ficar a pino ao meio dia (solar). Entre os trópicos isso acontece duas vezes por ano, e os dias em que isso acontece são determinados pela latitude do lugar. Para um local no equador terrestre o Sol cruza a pino o meridiano local nos dias dos equinócios. Já para os locais situados exatamente sobre um dos trópicos, o Sol cruza a pino somente uma vez, no solstício de verão. Os Trópicos de Capricórnio e de Câncer são nomeados desta maneira porque durante os solstícios, na antiguidade, o Sol se encontrava na direção dessas constelações zodiacais. Para as localidades a 23,5º do equador terrestre norte ou sul, o Sol fica a pino apenas no dia de solstício de verão, ao meio dia solar, quando o Sol passa pelo meridiano do lugar. Localidades a mais de 23,5º do equador terrestre, ao norte ou ao sul, nunca têm Sol a pino. 27 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. CARACTERÍSTICAS DO EQUINÓCIO DA PRIMAVERA • O Sol está cruzando o equador celeste de norte para sul. • É o segundo dia do ano em que o sol nasce exatamente no ponto cardeal Leste e se põe exatamente no ponto cardeal Oeste. • Todas as regiões da Terra são igualmente iluminadas. • Novamente o Sol incide verticalmente no equador celeste. CARACTERÍSTICAS DO SOLSTÍCIO DE VERÃO • O Sol está com máximo de deslocamento para o sul do equador, por isso está mais alto nos céus austrais. • O Sol nasce e se põe com o maior afastamento para o sul, em relação aos pontos cardeais leste e oeste. • O Pólo Sul está sempre iluminado e o Pólo Norte sempre às escuras. • Dia mais longo do ano no hemisfério Sul e o mais curto no hemisfério Norte. CARACTERÍSTICAS DO EQUINÓCIO DE OUTONO • O Sol está cruzando o equador celeste de sul para norte, exatamente sobre o ponto vernal. • É um dos dois dias do ano em que o Sol nasce exatamente no ponto cardeal Leste e se põe exatamente no ponto cardeal Oeste. • Todas as regiões da Terra são igualmente iluminadas. • O Sol incide perpendicularmente no equador celeste. CARACTERÍSTICAS DO SOLSTÍCIO DE INVERNO • O Sol está com máximo deslocamento para o norte, ficando mais baixo em relação a nós. • O Sol nasce e se põe com o maior afastamento para norte, em relação aos pontos carteais leste e oeste. 28 • Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. O Pólo Sul convive com uma longa noite de praticamente 6 meses (Sol sempre abaixo do horizonte), enquanto o Pólo Norte curte o espetáculo do Sol da meia-noite. • Dia mais curso do ano no hemisfério sul e o mais longo no hemisfério norte. SISTEMAS DE COORDENADAS Os sistemas de coordenadas são determinados pelas coordenadas celestes8. Os paralelos e os meridianos são linhas imaginárias, traçadas apenas sobre os mapas e o globo terrestre. Todos os pontos se cruzam em duas coordenadas: latitude e longitude. As coordenadas geográficas foram determinadas por meio de observações astronômicas e satélites geodésicos. Os paralelos e os meridianos são indicados por graus de circunferências. Um grau (1º) corresponde a uma das 360 partes iguais em que a circunferência pode ser dividida. Um grau por sua vez divide-se em 60 minutos (60') e cada minuto pode ser dividido em 60 segundos (60''). Os paralelos correspondem a linhas imaginárias Leste-Oeste paralelas ao Equador e os meridianos a linhas imaginárias Norte-Sul, passando pelos pólos, correspondentes a interseção da superfície terrestre com planos contendo o eixo de rotação terrestre. As ltitudes ou paralelos marcam a distância entre os pólos. O sistema de paralelos usa o Equador como referencial 0 (zero) e os valores dos ângulos crescem para o Norte e para o Sul até 90º, sendo cada grau subdividido em 60 minutos e cada minuto em 60 segundos. Os paralelos mais importantes são o trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico, ao norte, e o trópico de Capricórnio e o círculo polar Antártico, ao sul. Para distinguir as coordenadas ao norte e ao sul devem ser usadas as indicações N e S respectivamente. No Brasil, o trópico de Capricórnio passa pelos estados do Paraná e de São Paulo. 8 São pares de números usados para localizar objetos sobre a esfera celeste. São similares às coordenadas de longitude e latitude que usamos sobre a superfície da Terra. 29 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Longitudes ou meridianos são as linhas que partem do meridiano de Greenwich9 (0º) até 180º a oeste e a leste e convergem para os pólos. Os meridianos são usados para determinar os fusos horários ao longo do globo terrestre. O primeiro fuso encontra-se entre 7º30' a leste e a oeste de Greenwich. A cada 15º leste desse intervalo se acrescenta uma hora e a oeste se diminui uma hora. Para distinguir as coordenadas dos hemisférios terrestres ocidental e oriental devem ser usadas as notações internacionais W e E, respectivamente. Ilustração 6: Pogian, Adevertir. Imagem produzida em 10 de julho de 2010. Nesta figura, temos o equador, (linha imaginária) que divide a Terra em duas partes iguais: o hemisfério Norte e o Hemisfério Sul. Ao lado, as linhas paralelas ao equador, que são chamadas “paralelos”. COORDENADAS NA ESFERA CELESTE Consideremos um observador em certo ponto da superfície da Terra. A linha vertical que passa pelo observador fura a esfera celeste no ponto chamado zênite, e o ponto diametralmente oposto recebe o nome de nadir. O plano perpendicular à linha vertical, denominado de Plano do Horizonte, intercepta a esfera celeste numa circunferência chamada Linha do Horizonte. Qualquer semiplano contendo a linha vertical do observador intercepta a esfera celeste numa semicircunferência chamada de circunferência vertical. A 9 A linha imaginária ganha esse nome porque passa pelo antigo observatório da cidade de Greenwich, situada pero de Londres, no Reino Unido. 30 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. circunferência vertical que passa pelo Pólo norte intercepta a linha do horizonte num ponto chamado de ponto norte geográfico (N). Já a circunferência vertical que passa pelo Pólo sul intercepta a linha do horizonte no ponto sul geográfico (S). A reta, no plano do horizonte, que passa pelos pontos N e S e pelo observador recebe o nome de linha norte-sul. A linha leste-oeste é perpendicular à linha norte-sul, sobre o plano do horizonte. Azimute (A): é o ângulo medido a partir do norte, para leste, sobre o horizonte, até a circunferência vertical que passa pelo astro cuja posição se deseja determinar. Altura (h) é o ângulo medido desde o plano do horizonte, ao longo da circunferência vertical do astro, até o astro. Um problema com este sistema de coordenadas é que, devido ao movimento aparente da esfera celeste, a posição de um astro neste sistema de coordenadas varia com o tempo. O sistema de coordenadas mais usado em Astronomia é o chamado sistema equatorial, que é fixo na esfera celeste e se move com ela. Observe ilustração abaixo. Ilustração 7: http://astro.if.ufrgs.br/coord.htm 31 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. MOVIMENTO DE ROTAÇÃO E O DIA E A NOITE Desde a antiguidade, os seres humanos observaram a existência de fenômenos celestes que se repetiam regularmente. A alternância do dia e da noite, ou seja, do claro e do escuro sempre condicionou toda a atividade dos seres vivos sobre a Terra. Essas observações do céu, do movimento da Lua e do deslocamento das estrelas contribuíram para que eles concluíssem que todos os astros giravam em torno da Terra de Leste para Oeste. Essa maneira de entender o movimento dos astros ficou valendo durante muitos séculos e permitiu ao homem explicar muitos fenômenos como, por exemplo, os dias e as noites. Observações acumuladas durante muito tempo mostraram que essa forma de entender o movimento dos astros tinha muitas falhas, então, em meados do século XVI resgatou-se uma idéia do século III a.C. que admitia que a Terra se movimentasse. Esse modelo explicava o movimento dos astros admitindo que a Terra gira de Oeste para Leste completando uma volta em torno de si mesma em um dia, ou seja, a cada 24 horas. O movimento da Terra em torno do seu eixo imaginário que passa pelos Pólos Norte e Sul é chamado de rotação. Desse movimento resulta o dia e a noite. Com relação ao Sol, esse movimento tem um período médio de 24 horas, variável devido às irregularidades do movimento de translação da Terra. Segundo Canalle e Matsuura (2010) O período de rotação da Terra não é 24 horas como encontramos muitas vezes, mas 23h 56m 0,409053s. A duração de 24 horas é do dia solar médio, um valor médio dos dias solares verdadeiros ao longo do ano (trópico). Os dias solares verdadeiros são desiguais. Para cronometrá-los teríamos que acertar nossos relógios quando o dia fosse mais curto e vice-versa. Para evitar essa inconveniência prática, criou-se o dia solar médio que é fictício e tem duração constante de 24 horas. O verdadeiro período de rotação da Terra não pode ser medido em relação ao Sol que, por sua proximidade, não permanece fixo na esfera celeste. Deve ser medido em relação às estrelas distantes. O tempo para que uma mesma estrela distante 32 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. cruze duas vezes sucessivas o meridiano do observador, é o dia sideral. Este sim, corresponde ao período de rotação da Terra no espaço. Chama-se passagem meridiana o fenômeno em que um astro em seu movimento diurno cruza o meridiano do observador. Com relação às estrelas, esse movimento é bem mais uniforme, com período de cerca de 23 h 56 min. e 4 seg. e sabe-se que ele acontece de Oeste para Leste e pode se observar, com isso, todos os astros (Sol, Lua, estrelas) girando em sentido contrário, isto é, de Leste para Oeste como é visto aqui da Terra. Esse movimento também explica a sucessão dos dias e das noites, sendo que o dia consiste em a Terra receber a luz solar em uma de suas metades enquanto que a outra fica na escuridão da sombra da própria Terra consistindo a noite. Somente nos tempos modernos com a invenção da luneta, dos telescópios, dos satélites artificiais, das viagens espaciais, foi possível comprovar o movimento de rotação da Terra. A velocidade da Terra ao realizar o movimento de rotação é de 0,5 km/s. • Indicamos o filme: Giordano Bruno, como contribuição para tal verificação. MOVIMENTO DIURNO DA ESFERA CELESTE Devido ao movimento de rotação da Terra no sentido de oeste para leste, ocorre o deslocamento aparente dos astros na esfera celeste de leste para oeste. Dependendo da posição em que estamos na Terra, os astros são observados descrevendo movimentos circulares oblíquos ou inclinados com relação ao horizonte. No Pólo Norte da Terra, os astros descrevem movimentos no sentido antihorário ao redor do Pólo Celeste Norte, onde está a Estrela Polaris. No Pólo Sul da Terra, os astros se movem no sentido horário ao redor do Pólo Sul Celeste. 33 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 8: Pogian, Adevertir. Imagem produzida em 04 de julho de 2010. Para um observador situado entre o equador e o Pólo Sul da Terra, alguns astros estariam sempre acima do horizonte, nas proximidades do Pólo Sul celeste, e outros estariam sempre abaixo do horizonte, nas proximidades do Pólo Norte celeste. Quem mora no Pólo Sul da Terra, nunca vê a estrela polaris. Ilustração 9: Pogian, Adevertir. Produzida em 06 de julho de 2010. Para um observador que se encontra no equador terrestre, os astros nascem no horizonte Leste, descrevem círculos perpendiculares ao horizonte e se põem no horizonte Oeste. O Pólo Sul celeste coincide com o ponto cardeal Sul, assim com o Pólo Norte celeste coincide com o ponto cardeal Norte, coincidindo também com o horizonte do local. 34 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 10: Pogian, Adevertir. Produzida em 04 de julho de 2010. Para um observador nos Pólos da Terra os astros descrevem movimentos circulares. Nas latitudes acima de 66º 33’ 39" N ou S, ocorre o fenômeno “Sol da meia noite” em que o sol fica acima do horizonte por várias horas ou meses. MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO E AS ESTAÇÕES DO ANO EM DIFERENTES LATITUDES O movimento orbital da Terra em torno do Sol, que dá origem ao Ano Solar; com cerca de 365 dias e 6 horas é chamado Movimento de Translação. Esse movimento, associado ao fato de o eixo de rotação não ser perpendicular ao plano da órbita da Terra, resulta nas estações do ano. Embora a órbita da Terra em torno do Sol seja uma elipse, e não um círculo, a distância da Terra ao Sol durante o período de um ano varia somente 3%, sendo que a Terra está mais próxima do Sol em janeiro. O que resulta nas estações do ano é a inclinação do eixo de rotação da Terra com relação à órbita descrita em torno do Sol. Este ângulo de inclinação é chamado de obliquidade da eclíptica e é de 23º27'. Devido a essa inclinação, à medida que a Terra órbita em torno do Sol os raios solares incidem mais diretamente em um hemisfério ou em outro, proporcionando mais horas com luz durante o dia a um hemisfério ou a outro e, portanto aquecendo mais um hemisfério ou outro. No Equador, todas as estações são muito parecidas: todos os dias do ano o sol fica 12 horas acima do horizonte e 12 horas abaixo do horizonte. A única diferença é a altura do Sol: em aproximadamente 21/06 o Sol cruza o meridiano ao norte do zênite. Em 23/09 o sol cruza o meridiano ao Sul do 35 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. zênite, e no resto do ano ele cruza o meridiano entre esses dois pontos. Portanto, a altura do Sol ao meio-dia no equador não muda muito ao longo do ano, e por esse motivo não existe muita diferença entre inverno, verão, primavera ou outono. À medida que se afasta do Equador, as estações ficam mais acentuadas. Ilustração 11: http://astro.if.ufrgs.br/tempo/mas.htm MOVIMENTO DA LUA EM TORNO DA TERRA E DO SOL A Lua é o satélite natural da Terra, é o corpo celeste mais próximo da Terra. A distância Terra-Lua pode ser medida por radar e por laser. O valor atual de sua distância foi obtido por laser, utilizando um espelho colocado pelos astronautas na Lua. Medindo o tempo de ida e vinda de um feixe de laser disparado da Terra à Lua. Seu valor médio é de 384 000 km e varia de 356 800 km a 406 400 km. A excentricidade da órbita da Lua é de 0,0549. O diâmetro aparente médio da Lua é de 31'5'' (0,518º) de onde se deduz que o diâmetro da Lua é 3.476 quilômetros. A massa da Lua é de 1/81 da massa da Terra que é de 5,73332 x 1024kg. O plano orbital da Lua tem uma inclinação de 5º9' em relação à eclíptica. A Lua tem três movimentos principais: a rotação em torno de seu próprio eixo, a translação em torno da Terra e a revolução em torno do Sol junto com a Terra. Como a Lua é o corpo celeste mais próximo da Terra, ela é o que se move mais rapidamente em relação a nós, com exceção de corpos passageiros, como meteoros. À medida que a Lua viaja ao redor da Terra ao longo do mês, ela passa por um ciclo de fases, durante o qual sua forma parece variar gradualmente. 36 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. FASES DA LUA Segundo Oliveira Filho & Saraiva 10, à medida que a Lua viaja ao redor da Terra ao longo do mês, ela passa por um ciclo de fases, durante o qual sua forma parece variar gradualmente. Esse fenômeno é bem compreendido desde a Antiguidade. Acredita-se que o grego Anaxágoras (± 430 a.C.) já conhecia sua causa, e Aristóteles (384 – 322 a.C.) registrou a explicação correta do fenômeno: as fases da Lua resultam do fato de que ela não é um corpo luminoso, e sim um corpo iluminado pela luz do Sol. A face iluminada da Lua é aquela que está voltada para o Sol. A fase da lua representa o quanto dessa face está voltada também para a Terra. Durante metade do ciclo essa porção iluminada está aumentando (Lua crescente) e durante a outra metade ela está diminuindo (Lua minguante). Tradicionalmente apenas as quatro fases mais características do ciclo: Lua Nova, Quarto Crescente, Lua Cheia e Quarto Minguante recebem nomes especiais, porém a porção iluminada da Lua, que é a sua fase, varia dia por dia. Por essa razão, os astrônomos definem a fase da Lua em termos de dias decorridos desde a Lua Nova (de 0 a 29,5) e em termos de fração iluminada (de 0% a 100%). As quatro fases principais do ciclo são: Lua Nova: A face iluminada não pode ser vista da Terra. A Lua está na mesma direção do Sol e, portanto está no céu durante o dia. A Lua aparece no céu aproximadamente 6 horas e desaparece aproximadamente 18 horas. Lua Quarto-Crescente: Metade do disco iluminado pode ser visto da Terra. Vista do hemisfério Sul da Terra, a forma da Lua lembra a letra C (vista do hemisfério Norte lembra a letra D). Lua e Sol vistos da Terra estão separados por um ângulo de 90º. A Lua está a Leste do Sol que, portanto ilumina seu lado Oeste. A Lua aparece aproximadamente meio-dia e desaparece aproximadamente meia-noite. 10 Departamento de Astronomia – Instituto de Física. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 37 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 12: Imagem feita com recurso gimp através do software Sttelarium, por Vera Lucia Zardo Ansolin. CURIOSIDADE Na fase crescente o lado iluminado da Lua é o seu lado oeste, e na fase minguante o lado iluminado é o lado leste. Isso depende de o observador estar no hemisfério norte ou sul da Terra. O que muda é a orientação da Lua em relação ao observador, pois na maioria dos lugares do hemisfério sul da Terra, a Lua passa o meridiano local ao norte do zênite, ao passo que na maioria dos lugares do hemisfério norte terrestre, a Lua passa o meridiano ao sul do zênite. Se a Lua está ao norte do zênite, o observador para vêla, se volta para a direção norte. Nesse caso, o hemisfério oeste da Lua estará à sua esquerda, e o hemisfério leste à sua direita. Consequentemente, a Lua terá a forma de C na fase crescente e forma de D na fase minguante. Para um observador que vê a Lua estando voltado para o Sul as formas da Lua nas fases crescente e minguante ficam invertidas. Astronomia e Astrofísica Kepler de Souza Oliveira Filho e Maria de Fátima Oliveira Saraiva. 38 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Lua Cheia: Toda a face iluminada da Lua está voltada para a Terra. A Lua está visível no céu durante toda a noite, com a forma de um disco. Lua e Sol, vistos da Terra, estão em direções opostas, separados por um ângulo de 180º ou 12 horas. A Lua aparece no céu aproximadamente 18 horas e desaparece aproximadamente 6 horas do dia seguinte. Lua Quarto-Minguante: Metade do disco iluminado pode ser visto da Terra, como em Quarto-Crescente. Vista do hemisfério Sul da Terra, a forma da Lua lembra a letra D e vista do hemisfério Norte lembra a letra C. A Lua está a Oeste do Sol, que ilumina seu lado Leste. A Lua aparece no céu à zero hora (meia-noite) e desaparece às doze horas (meio-dia). A LUA MOSTRA A POSIÇÃO DO SOL11. Ilustração 13: Pogian, Adevertir. Produzida em 08 de julho de 2010. Se durante o dia ou durante a noite, principalmente na semana que antecede e na que sucede a Lua Nova, você olhar para a Lua e ela não estiver muito 11 Disponível no endereço: <http://www.silvestre.eng.br/astronomia/> 39 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. cheia, nem toda escura, você vai poder notar as cúspides, que são aquelas pontas da parte iluminada do disco lunar,. Imagine que o limbo (bordo) iluminado do disco lunar é um arco indígena, com as cúspides sendo as extremidades. Se você ligá-las por uma linha reta você terá a corda do arco. Calcule para onde vai a flecha se for disparada por esse arco, e, curiosamente: o alvo será sempre o Sol. A realização dessa prática durante o dia, quando o Sol está visível, serve para comprovar que ela funciona, mas durante a noite ela pode nos dar uma indicação sobre a região do horizonte onde o Sol se pôs ou sobre aquela onde ele vai nascer ORIGEM DA ROTAÇÃO SINCRONIZADA COM A TRANSLAÇÃO Acredita-se que a rotação tenha acontecido como resultado das grandes forças de maré exercidas pela Terra na Lua no tempo em que a Lua era jovem e mais elástica. As deformações tipo bojos causadas na superfície da Lua pelas marés teriam freiado a sua rotação até ela ficar com o bojo sempre voltado para a Terra, e, portanto com período de rotação igual ao de translação. Essa perda de rotação teria como consequência, provocado o afastamento maior entre Lua e Terra (para conservar o momento angular). Atualmente a Lua continua afastando-se da Terra, a uma taxa de 4 cm/ano. ECLIPSES Denomina-se eclipse ao obscurecimento parcial ou total de um corpo celeste em virtude da interposição de outro. Um eclipse acontece sempre que um corpo entra na sombra de outro. A palavra eclipse vem do grego ekleipsis, que significa abandono, desmaio, desaparecimento. Assim, quando a Lua entra na sombra da Terra, acontece um eclipse lunar, e quando a Terra é atingida pela sobra da Lua, acontece um eclipse solar. Nos dois casos, eclipse lunar e eclipse solar, há um alinhamento perfeito entre os três astros: o sol, a Terra e a Lua. No eclipse solar, a Lua passa exatamente entre a Terra e o Sol; e no eclipse lunar, a Terra passa exatamente entre o Sol e a Lua. 40 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Somente o Sol, por ser uma estrela, emite luz. A Lua e a Terra apenas refletem parte da luz que recebem do Sol. Sendo assim, quando os três corpos estiverem alinhados, um projetará sua sombra sobre o outro. O Sol, como única fonte de luz, provoca cones de sombra na Terra e na Lua. Os eclipses são o resultado da interceptação desses cones de sombra pela Terra ou pela Lua, quando os astros assumem determinadas posições no espaço . Um pouco de história Tudo indica que os primeiros fenômenos celestes que chamaram a atenção do homem primitivo, além da sucessão de dias e noites e do aparecimento dos cometas foram a ocorrência dos eclipses. Os eclipses, em particular os solares, sempre tiveram papel marcante na história e são previstos desde milhares de anos antes da era cristã. • Os antigos chineses, por exemplo, achavam que quando ocorria um eclipse um dragão estava engolindo o Sol. A população se reunia e fazia o maior barulho possível para espantá-lo. “Sempre dava certo...” • Uma lenda conta que os astrônomos Hi e Ho, em cerca de 2100 a.C., a serviço do imperador, beberam tanto que se esqueceram de predizer um eclipse e por isso foram executados. • Na Bolívia, os eclipses eram atribuídos a um puma que estaria devorando o deus Sol (Inti). Segundo a tradição, para que o puma não terminasse de devorar o Sol, as crianças e os animais deveriam fazer barulho e assim, os gritos e os choros dos inocentes espantariam o puma e o fariam ir embora. Este rito ainda é presente entre os moradores do altiplano e sempre surte o efeito desejado... • Outro mito é a morte do Sol, chamado Intijiwaña que em língua aymara é uma crença de que o Sol está enfermo a ponto de morrer. Paulo Sergio Bretones Professor UFSCar 41 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. COMO OCORREM OS ECLIPSES DO SOL O eclipse solar é um fenômeno que ocorre quando a Lua se coloca em alinhamento entre o Sol e a Terra. Nessa posição, o satélite projeta sua sombra sobre o astro solar, encobrindo-o total ou parcialmente para quem o observa de algumas regiões. A órbita lunar é inclinada cerca de 5 graus em relação ao plano da órbita da Terra. Em virtude dessa diferença de inclinação entre os planos das órbitas da Lua e da Terra, os três astros: Sol, Terra e Lua não ficam alinhados a cada Lua Cheia e a cada Lua Nova. Se não existisse essa inclinação haveria sempre eclipses, a cada Lua Nova, eclipse solar e a cada Lua Cheia, eclipse lunar. Para ocorrer eclipses do Sol é necessário que haja um alinhamento Sol-LuaTerra. Tal alinhamento só acontece quando a Lua está na fase Nova. Além disso, a Lua deve estar em um dos nodos 12 ou próxima a ele. Quando essas duas condições são satisfeitas, o cone de sombra da Lua atinge determinados lugares da Terra, havendo então, o eclipse solar. Podem ocorrer, anualmente, no mínimo 2 eclipses, sendo os 2 solares e no máximo 7, sendo pelo menos 2 lunares. Podem ocorrer 5 eclipses solares e 2 lunares; ou 4 eclipses solares e 3 lunares. Embora os eclipses solares ocorram em maior número, vemos com mais frequência os eclipses lunares por serem observados em uma área consideravelmente superior à metade da Terra. Os eclipses solares só podem ser vistos em uma área muito limitada com 260 km de largura e de 4800 a 6400 km de extensão. A cada 18 anos 11 dias e 8 horas os eclipses se reproduzem na mesma sequência, é o chamado “período de Saros”, já conhecido pelos caldeus. Depois de 3 Saros será possível contemplar, no mesmo lugar, o mesmo eclipse em circunstâncias idênticas. 12 Nodos (nen) são os pontos em que a órbita lunar cruza o plano da órbita da Terra, chamado ponto da eclíptica. 42 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. DURAÇÃO DE UM ECLIPSE SOLAR Num eclipse total, a máxima duração da fase de totalidade é de cerca de 7'30'', mas nem todos os eclipses solares tem essa duração. A duração total do eclipse, desde quando a Terra começa a entrar na região de penumbra até que ela saia completamente da região de penumbra é de 6 h 15 m. Astronomia, Uma visão geral do Universo. Amâncio C. S. Friaça, Elisabete dal Pino, Laerte Sodré Jr. Vera Jatenco-Pereira. TIPOS DE ECLIPSE DO SOL Há vários tipos de eclipse de Sol: Parcial, Total, Anular, Misto. O eclipse parcial ocorre quando somente uma parte do disco solar é obscurecida. O eclipse total acontece quando todo o disco solar fica encoberto pela Lua. Determinada faixa do globo terrestre é atingida pelo cone de sombra projetado pela Lua. O céu escurece quase totalmente. O eclipse anular ocorre quando nem todo o disco solar é obscurecido, restando um anel de luz ao redor do Sol, quando o eclipse está no auge. Neste caso, o vértice do cone de sombra não alcança a superfície terrestre. O eclipse misto é um tipo raro de eclipse onde numa parte da faixa central do fenômeno ocorre um eclipse total e noutra, um anular. VISIBILIDADE DE UM ECLIPSE DO SOL Os eclipses do Sol são observados numa área limitada do globo terrestre, pois o cone de sombra projetada pela Lua apresenta uma área de abrangência muito pequena. Num eclipse total ou anular o evento só pode ser observado como tal numa longa e estreita faixa de terra. Num eclipse total essa área restrita é chamada de “faixa de totalidade”. No seu centro passa a linha imaginária central do eclipse. Nas áreas adjacentes à faixa de totalidade, o eclipse é parcial, diminuindo de magnitude à medida que se afasta da linha central do eclipse. 43 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. COMO OCORREM OS ECLIPSES DA LUA Num eclipse lunar, a Lua cruza o plano da órbita da Terra, ou seja, passa por um nodo, e os três astros: Sol, Terra e Lua ficam alinhados. Os eclipses lunares ocorrem durante a Lua cheia, quando a Terra se encontra entre o Sol e a Lua. Ocorrem três tipos de eclipses da Lua: Penumbral, Parcial e Total. No eclipse penumbral a Lua atravessa o cone de penumbra da Terra. O fenômeno quase não é notado. Apenas se percebe, com a evolução do evento, que o satélite da Terra fica menos brilhante. No eclipse parcial, a Lua penetra parcialmente no cone de sombra (umbra) do nosso planeta. O aspecto da Lua é semelhante ao do Sol parcialmente eclipsado, parece faltar um pedaço. No eclipse total, a Lua mergulha completamente no cone de sombra da Terra, mas não desaparece. Parte da lua do Sol que se refrata na atmosfera da Terra alcança a Lua. Sua coloração varia no decorrer do evento, tornando-se predominantemente avermelhada. Um eclipse total é sempre acompanhado das fases penumbral e parcial. Durante a fase total a Lua ressurge inteira, com uma luminosidade tênue e avermelhada porque parte da luz solar é refratada na atmosfera da Terra e atinge a Lua. ECLIPSE TOTAL DA LUA EM 21 DE DEZEMBRO DE 2010 HORÁRIO FENÔMENO 02 h 28 m Entrada na penumbra 03 h 32 m Entrada na sombra 04 h 40 m Início da totalidade 05 h 17 m Maio do eclipse 05 h 54 m Fim da totalidade 07 h 02 m Saída da sombra 08 h 06 m Saída da penumbra Fonte: <http://www.silvestre.eng.br/astronomia/fenomenos/eclipses/L211210/> 44 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Na tabela acima, estão registrados os instantes das fases principais do eclipse, calculados para o minuto inteiro mais próximo e pela hora legal de Brasília (GMT-3_, sem a correção para o horário de verão. O fenômeno ocorre na noite do dia 20 para o dia 21 (segunda-feira para terça-feira). É visível em todo o Brasil, mas não completamente (melhora de leste para oeste), porque a Lua se põe antes de seu término. VISIBILIDADE DE UM ECLIPSE DA LUA Enquanto os eclipses do Sol são observados numa região restrita do globo terrestre, principalmente onde o eclipse é total, os eclipses da Lua são observados em todas as áreas do globo onde a Lua está acima do horizonte. Isto se dá porque o cone da sombra projetado pela Terra possui um diâmetro muito maior do que a própria Lua. Assim, embora os eclipses da Lua se dêem em menor número do que os do sol são visíveis numa região muito mais extensa da Terra. DURAÇÃO DE UM ECLIPSE LUNAR Num eclipse lunar, a duração da fase de totalidade pode chegar a 1 h 45 m e a duração total do eclipse pode chegar a 6 h 19 m. Astronomia, Uma visão geral do Universo. Amâncio C. S. Friaça, Elisabete dal Pino, Laerte Sodré Jr. Vera Jatenco-Pereira. PROCEDIMENTOS PARA OBSERVAR O ECLIPSE DO SOL Observar o eclipse do Sol requer tantos cuidados quanto observar o astrorei quando não está eclipsado. Ocorre que, durante o eclipse, as pessoas ficam encorajadas a olhar o Sol diretamente, sem nenhuma proteção, porque a imagem do Sol fica menos brilhante. Isto é muito perigoso, pois danos à visão podem ser adquiridos sem que o observador perceba. Em quase todos os eclipses há registros de pessoas que sofreram lesões nos olhos. 45 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. As radiações solares que chegam à superfície terrestre são constituídas de radiações visíveis e invisíveis. As visíveis são as que se acostumou chamar de luz. As outras são a luz ultravioleta, que danifica a retina sem que o observador perceba e a lua infravermelha (calor). Quando o sol está próximo de horizonte ou encoberto por nevoeiro, as radiações solares são absorvidas fortemente. Por isso não faz mal algum olhar o Sol a olho nu nestas condições. Já a observação com instrumentos não deve ser feita nestes casos, pois requer uma proteção especial das radiações solares. Quando o astro-rei está mais alto no céu e não está encoberto por nevoeiro, também a observação a olho nu requer cuidados especiais. Há um único momento em que um observador pode olhar para o Sol diretamente, à vista desarmada ou com aparelho ótico: no pequeno intervalo de tempo em que dura o eclipse total. Isto só é válido para quem estiver situado na faixa de totalidade. OBSERVAÇÃO SEM INSTRUMENTO ÓTICO a) Negativo fotográfico e vidro: Para a observação do eclipse a olho nu, muitas pessoas, na falta de filtro solar, recorrem aos negativos de filmes fotográficos velados, isto é, expostos à luz (bastante escuros), ou então, chapas de radiografias bem escuras. Se não houver outra opção, é recomendável utilizar dois pedaços de filme ou radiografia, interpondo entre eles um pequeno vidro plano. Pelo fato de não ser uma opção segura, a observação deve ser rápida e esporádica. b) Lente de máscara de soldador: Existem filtros que equipam as máscaras de soldador e que são adequados à observação do Sol sem instrumentos óticos. São vendidos em casas que comercializam equipamentos para solda e apresentam uma numeração específica que diz respeito à densidade do filtro, chamada popularmente de tonalidade. No caso deve-se optar pela “lente de tonalidade” 14, a mais escura, nas dimensões 51 mm x 108 mm. 46 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. OBSERVAÇÃO COM TELESCÓPIO E BINÓCULO A observação realizada com instrumentos óticos requer mais cuidados do que à vista desarmada. Isto porque a área coletada de luz é maior do que a do olho humano e também porque os aparelhos concentram as radiações visíveis e invisíveis. Algumas lunetas vêm equipadas com um dispositivo que permite a projeção da imagem num anteparo plano e branco. O anteparo é ajustado a certa distância da ocular13 até a imagem ficar focalizada. Este é o método mais seguro para se observar o Sol. Se o instrumento não é dotado deste anteparo, basta confeccionar ou improvisar um, fixando uma folha de papel branco numa prancheta posicionando esta a certa distância da ocular. Desta forma a imagem do Sol será projetada no papel e o observador pode acompanhar a evolução do eclipse com segurança. Através deste procedimento consegue-se uma imagem de boa qualidade, sendo possível observar as manchas solares, quando notáveis e até fotografá-las Pode-se também construir uma câmara escura usando-se, por exemplo, um tubo longo. Deve-se fazer um pequeno furo em uma das faces e apontar essa face para o Sol. Na parte interna da face oposta será projetada uma imagem que poderá ser observada através de uma abertura lateral. Ao apontar o telescópio para o Sol, não olhe através do instrumento e sim, procure por tentativa, a imagem solar obtida no anteparo. 13 Conjunto de lentes por onde se observa. 47 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. II UNIDADE – ASTROS 48 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. ASTROS O principal elemento do Sistema Solar é uma estrela e tamanho médio 14 e amarela com cerca de cinco bilhões de anos de idade - o Sol. Ao redor dessa estrela encontramos planetas, planetas anões, satélites, meteoroides, asteroides e cometas distribuídos numa extensa região de quase vinte bilhões de quilômetros. O estudo do Sistema Solar nos permitiu conhecer muito bem o Sol e a exploração planetária trouxe à Humanidade uma nova visão desse conjunto pelo Estudo Comparativo entre Planetas: a Planetologia15. O planeta Terra ocupa uma situação muito especial por ter permitido a manutenção de formas de vida por períodos muito longos, situação essa que nós não encontramos nos demais planetas deste sistema solar. Entender o Sistema Solar significa valorizar a Terra e como nós devemos nos comportar para permitir uma existência proveitosa dela. O Sistema Solar é composto, além do Sol, de uma grande quantidade de corpos: planetas, satélites, asteroides, cometas, meteoroides, etc. Esses corpos podem estar em órbita em torno de planetas ou localizam-se em regiões particulares do Sistema Solar. A maioria dos planetas tem um ou mais satélites que descrevem órbitas ao seu redor. Alguns, como os planetas gigantes possuem um verdadeiro sistema de satélites à sua volta, além de um sistema de anéis, compostos por milhões de partículas com tamanhos que variam de alguns mícrons a alguns metros. Os asteroides e cometas são pequenos corpos que, assim como os planetas, também estão em órbita em torno do Sol. Ambos se caracterizam por ficarem localizados em regiões muito específicas e têm tamanhos muito inferiores aos planetas. 14 Existem estrelas anãs, do tamanho da Lua ou da Terra, e existem estrelas super gigantes, muito maiores que o Sol. O Sol tem tamanho médio: não é nem grande nem pequeno quando comparado com a média das estrelas que nos parecem muito pequenas porque estão muito longe da Terra. 15 Planetologia ou ciência planetária ou astronomia planetária é o estudo dos sistemas planetários (os planetas, seus satélites naturais e outros objetos relacionados) com maior ênfase no Sistema Solar. Apesar disso, é crescente o interesse também nos Planetas extra-solares (planetas que não pertencem ao Sistema Solar). Em geral, estudam-se todos os objetos não-estrelares (ou com dimensão inferior ao necessário para se iniciar uma reação nuclear), onde se incluem os meteoros e cometas. 49 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Recentes descobertas têm modificado a compreensão dos sistemas planetários sendo necessário um rearranjo de conceitos devido ao desenvolvimento da compreensão do Sistema Solar. Durante a última Assembleia Geral da União Astronômica Internacional (UAI), em agosto de 2006, astrônomos, escritores e historiadores membros do Comitê de Definição de Planetas após exaustivas discussões durante as duas semanas de reunião na república Tcheca aprovaram a seguinte proposta: RESOLUÇÃO 5A Um planeta16 é um corpo celestial que: 1. está em órbita ao redor do Sol, 2. tem massa suficiente para que sua auto-gravidade relacionada com as forças de corpo rígido permitam que ele assuma uma forma em equilíbrio hidrostático (forma arredondada) e, 3. tem limpado17 a vizinhança ao longo de sua órbita A UAI também introduziu uma nova terminologia em astronomia, a de planeta-anão; Um "planeta anão" é um corpo celestial que: 1. está em órbita ao redor do Sol, 2. tem massa suficiente para sua auto-gravidade relacionada com as forças de corpo rígido de modo que ele assuma uma forma 18 em equilíbrio hidrostático (aproximadamente arredondada.), 3. não tem limpa a sua vizinhança ao longo de sua órbita. 4. Não ter satélite de nenhum planeta. Todos os outros objetos19 exceto os satélites orbitando ao redor do Sol deverão ser referidos pelo coletivo "Pequenos Corpos do Sistema Solar". Resolução da União Astronômica Internacional: Plutão 16 Os oito “planetas” são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. 17 A expressão “limpar a vizinhança de sua órbita” tem sido usada por astrônomos para se referirem a corpos (planetas ou protoplanetas) que eliminem outros objetos menores de sua vizinhança ao longo de um certo tempo, através de sua interação gravitacional com os mesmos, fazendo com que acresçam no corpo maior ou que suas órbitas sejam modificadas. 18 Uma análise da União Astronômica Internacional irá estabelecer o limite dos objetos dentro da definição de planeta anão e outras categorias. 19 Isto inclui correntemente a maioria dos asteroides do Sistema Solar, a maioria dos Objetos TransNetunianos, cometas, e outros pequenos corpos. 50 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. RESOLUÇÃO 6A A União Astronômica Internacional além disso resolve: Plutão é um "planeta anão" pela definição acima e é reconhecido como o protótipo de uma nova categoria de objetos Trans-Netunianos. Essas duas Resoluções 5A e 6A acima estão no seguinte documento Resolution_GA26-5-6.pdf localizados em: http://www.iau.org/fileadmin/content/pdfs/. Em particular nesse documento há um complemento com relação a Resolução 6A: Plutão é um "planeta anão" pela definição acima e é reconhecido como o protótipo de uma nova categoria de objetos Trans-Netunianos 20 Até que Plutão deixasse de ser considerado um objeto “diferente” no Sistema Solar, muitos anos se passaram. O astrofísico norte-americano Frederich Charles Leonard (1896-1960) e posteriormente em 1943 o astrônomo economista e engenheiro Keneth Essex Edgeworth (1880-1972) foram os primeiros a sugerir que Plutão não era único, mas que existiria uma miríade de objetos gelados orbitando em disco localizado além de Netuno, e que Plutão seria o mais brilhante desses objetos. Em 1951 o astrônomo holandês Gerard Peter Kuiper (1905-1973) atribui à existência deste disco a fonte dos cometas de curto período 21. Este disco foi denominado Cinturão de Edgeworth Kuiper, ou simplesmente Cinturão de Kuiper. Porém, o primeiro objeto do Cinturão de Kuiper só foi detectado ao telescópio em 1992, em Mauna Kea, Havaí. Desde então, já foram observados mais de 1.000 objetos com diâmetros entre 50 e 2.000 quilômetros. Estima-se atualmente, baseando-se no número de objetos descobertos que existem ao menos 100.000 objetos gelados com diâmetros maiores do que 10 quilômetros. E, o Sistema Solar termina aí, no Cinturão de Kuiper? Não. Antes mesmo de propor a existência do cinturão de Kuiper, os astrônomos já previam a existência de outra estrutura. Uma nuvem esférica de objetos que, segundo a proposta de Ernst Öpik (1893-1985), em 1932, seria a fonte dos cometas. Em 1950, o astrônomo holandês Jan Hendrick Orrt (1900-1992) reviveu esta hipótese, propondo a existência dessa estrutura esférica, atualmente denominada Nuvem de Oort, como solução para uma aparente contradição: após várias passagens pelo Sistema Solar 20 Um processo dentro da União Astronômica Internacional será estabelecido para selecionar um nome para essa categoria. 21 Períodos menores que 200 anos. 51 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. interno, os cometas têm sua atividade extinta. Então, se todos os cometas que observamos existissem no Sistema Solar interno desde o início de sua formação, todos já teriam sido extintos. Observando cometas de longo período, Oort sugeriu que a maior parte deles deveria estar entrando no Sistema Solar interno pela primeira vez, se não fosse assim, suas órbitas já teriam sido modificadas por perturbações gravitacionais devidas aos planetas gigantes. Oort observou ainda que os cometas de longos períodos pareciam vir de distâncias de aproximadamente 50.000 UA, e cálculos recentes sugerem que essa distância estende-se até 100.000 UA. No conjunto de objetos que chamamos de Sistema Solar, conhecemos até agora: 1 estrela (o Sol), 8 planetas (Mercúrio. Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), 5 planetas anões (Plutão, Ceres, Éris, Makemake, Haumea), mais de 150 satélites e milhares de asteroides (principalmente entre Marte e Júpiter, no cinturão Principal de Asteroides e depois de Netuno, no Cinturão de Kuiper), e os cometas. SATÉLITES Satélite22 é um corpo celeste que gira em torno de um planeta por causa da força da gravidade. Os satélites existentes no Sistema Solar podem ser separados em funções de suas propriedades físicas ou dinâmicas. A característica física usada para classificar satélites é o seu tamanho. Podem ser divididos em: Grandes: quando seu raio é superior a 1.500 quilômetros. Intermediários: quando seu raio varia entre 400 e 1.500 quilômetros. Pequenos: Todos aqueles cujos raios são inferiores a 400 quilômetros. Os satélites também podem ser classificados levando-se em conta as características de suas órbitas, ou seja, o semi-eixo maior, a excentricidade e a inclinação. O semi-eixo maior é o elemento da órbita de um astro, que caracteriza as dimensões da elipse orbital; a excentricidade de uma elipse (órbita do satélite) é a razão da distância entre os focos e o eixo maior. Os círculos possuem excentricidade igual a zero, e a das parábolas é igual a 1. As elipses apresentam 22 A Lua é o único satélite natural do planeta Terra. 52 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. excentricidade entre 0 e 1; e, por último, a inclinação é o angulo entre o plano da órbita do satélite e o plano da eclíptica. Quando estes parâmetros são analisados, verifica-se que para todos os satélites existem vários objetos que apresentam órbitas com o semi-eixo maior moderado, além d excentricidades e inclinações pequenas. Os satélites deste grupo são denominados “satélites regulares”, por reproduzirem as características dinâmicas básicas do sistema planetário. Outro grupo de satélites tem o semi-eixo maior de sua órbita muito grande ou muito pequeno, além de apresentarem excentricidades e/ou inclinações grandes, Estes objetos são denominados “satélites irregulares”. A separação entre satélites regulares e irregulares permite obter informações sobre o processo físico que levou à sua formação. Os satélites regulares teriam sido formados ao mesmo tempo em que o planeta, da mesma maneira como o próprio sistema planetário teria sido formado. Já os satélites irregulares não foram formados junto com os planetas, Ao contrário, teriam sido capturados pelo campo gravitacional do planeta numa fase posterior à sua formação. Os planetas interiores23 também chamados de planetas telúricos ou terrestres são os quatro planetas mais próximos do Sol e tem pouco ou nenhum satélite enquanto que os planetas exteriores, também chamados de planetas gigantes24 possuem um grande número de satélites. Mercúrio e Vênus não têm satélites, enquanto que a Terra tem apenas um, a Lua. Marte tem dois pequenos satélites, Phobos e Deimos, ambos com diâmetros menores do que 30 quilômetros, além de possuírem formas bem irregulares. Os astrônomos acreditam que Phobos e Deimos são asteroides que foram capturados pelo planeta Marte. Júpiter tem 4 satélites regulares, Io, Europa, Ganymede e Callisto, descobertos por Galileo em 1610, e por isso denominados de satélites Galileanos. Esses satélites têm diâmetro entre 3 100 a 5.200 km, forma esférica e órbitas bem regulares. Saturno, tem um satélite grande, com um diâmetro de cerca de 5.000 quilômetros, Titã, que descreve um órbita regular em torno do planeta. Outros três 23 Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. 24 Júpiter, Saturno, Urano e Netuno 53 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. satélites, Iapetus, Reia e Dione, têm tamanhos e órbitas regulares, no entanto, Iapetus tem uma órbita altamente inclinada. Atualmente, Saturno tem 34 satélites conhecidos. Urano tem 5 satélites regulares de tamanho intermediário e órbita regular: Miranda, Ariel, Umbriel, Titânia e Oberon. Recentemente foram descobertos mais 10 satélites pequenos em órbitas muitos próximas ao planeta e outros pequenos satélites a grandes distâncias do planeta Urano. Ilustração 14: Imagem feita através do software Celestia, com recurso gimp. por Vera Lucia Zardo Ansolin. 54 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. ASTERÓIDES Os asteroides são pequenos corpos, rochosos ou metálicos que se espalham em uma região localizada entre 2 e 5 UA 25 do Sol. Os asteroides estão distribuídos em três regiões principais: Cinturão principal, Objetos próximos à Terra e Troianos. Mais de 12.000 asteroides têm órbitas bem determinadas. Eles orbitam o Sol aproximadamente na mesma direção dos planetas (de oeste para leste) e a maioria no mesmo plano. A partir de 1992 foram descobertos vários asteroides além da órbita de Netuno, chamados objetos trans-netunianos. A maioria desses objetos tem órbitas alinhadas com a eclíptica, formando um anel em torno do Sol, a uma distância média de 40 UA, chamado "Cinturão de Kuiper". Todos os asteroides são menores do que a Lua. O chamado Cinturão Principal, também conhecido como “cinturão de asteroides”, é formado pelos asteroides que estão localizados na região que fica entre os planetas Marte e Júpiter. Seus períodos orbitais variam entre uns poucos anos e o período de Júpiter que é de quase 12 anos. Os asteroides próximos à Terra tem órbitas que os tiram do cinturão. Suas órbitas cruzam aquelas descritas pelos planetas interiores, e são chamados “objetos próximos à Terra”, e os asteroides que descrevem a mesma órbita que o planeta Júpiter são chamados “Troianos”. Há mais de um bilhão de asteroides e mais de 200 mil já foram descobertos. Eles são material que não chegou a formar um planeta rochoso há cerca de 4,6 bilhões de anos, quando os planetas do Sistema Solar se formaram. São em geral, irregulares na forma e podem ter centenas de quilômetros. O conjunto de asteroides conhecidos tem diâmetros que variam entre 1.000 quilômetros para Ceres, o maior deles, e algumas dezenas de metros para asteroides em órbitas próximas à Terra. Ceres é um objeto mais ou menos esférico e pode representar um corpo primordial ou seja, um corpo que se originou ao mesmo tempo que os outros objetos do Sistema Solar. A maioria dos pequenos asteroides, entretanto, são muito provavelmente fragmentos resultantes de colisões, tendo formas altamente 25 Unidade Astronômica (UA) é uma unidade de distância, aproximadamente igual à distância média entre a Terra e o Sol. É bastante utilizada para descrever a órbita dos planetas e outros corpos celestes, valendo aproximadamente 150 milhões de quilômetros (149 597 870 km). 55 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. irregulares. Isto vem sendo confirmado por observações, feitas com radar, de asteroides que descrevem órbitas próximas à da Terra. Os asteroides não possuem luz própria, mas podem ser observados uma vez que eles refletem a luz solar que incide sobre eles. A observação do brilho dos asteroides permite obter informações sobre sua forma além de fornecer propriedades rotacionais desses corpos, obtidas a partir da análise de suas curvas de luz. Através dessa análise é possível a determinação da direção de seu eixo de rotação, seu período, sua forma e até informações sobre sua composição superficial. A partir desses estudos sabe-se que a maioria dos asteroides gira em torno de seus respectivos eixos com um período de 9 a 10 horas. DIFERENÇAS ENTRE OS TERMOS... Asteroides: alguns dos menores corpos planetários existentes. Eles se situam principalmente, mas não exclusivamente, na região do Sistema solar entre as órbitas de Marte e Júpiter. Meteoroides: são objetos sólidos, pedaços de rochas ou de metal, que se deslocam pelo espaço interplanetário, e que possuem dimensões menores do que um asteroide e maiores do que a poeira interplanetária, variando entre 1 mícron e uma dezena de metros. Eles podem dar origem, se entrarem na atmosfera terrestre, a um meteoro ou um bólide. Meteoros: é o fenômeno luminoso resultante da entrada na atmosfera terrestre de um corpo sólido. Um meteoro é um meteoroide que entra na atmosfera da Terra e queima completamente, por causa do atrito de sua superfície com essa atmosfera. Usualmente, o meteoro faz um rápido rasto (ou traço) de luz que é visto no céu noturno à medida que ele atravessa a atmosfera. Isso é visto constantemente quanto meteoroides, na maioria das vezes apenas um pouco maiores do que poeira interplanetária queimam à medida que cruzam a atmosfera superior da Terra. Os meteoros são conhecidos popularmente como “estrelas cadentes”, embora não tenham, qualquer tipo de relação com as estrelas. A maioria dos meteoros são destruídos antes de atingirem a superfície da Terra. 56 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Bólido: é um meteoro particularmente brilhante que, em geral, explode no final de sua trajetória. A União Astronômica Internacional considera que um bólido deva ter luminosidade ao menos de magnitude -3. Meteoritos: são rochas de origem extra-terrestre encontrada na superfície da Terra. Um meteorito é uma parte residual de um meteoroide. Um meteorito é um fragmento de rocha, proveniente do espaço, que sobreviveu à passagem pela atmosfera terrestre. Um meteorito é um meteoro que atingiu a superfície da Terra. Os meteoritos são formados por rocha ou por material ferro-rochoso. Em geral, eles recebem o nome do local onde caíram. Existem 3 tipos de meteoritos: os metálicos, os rochosos, e os metálico-rochosos. Os rochosos são os mais abundantes, compreendem a 90% de todos meteoritos conhecidos. Um tipo de meteoritos rochosos são os condritos carbonáceos, que representam o tipo mais antigo de meteoritos, com aproximadamente 4,5 bilhões de anos e parecem não ter sofrido qualquer alteração desde a época de sua formação. Os metálicos são compostos principalmente de ferro e níquel. Na Terra caem aproximadamente 25 milhões de meteoritos por dia, a grande maioria com algumas microgramas. RESUMIDO... Meteoroide: objetos que vagam pelo espaço, podendo,ou não, entrar na atmosfera da Terra. Meteoro: se entra na atmosfera da Terra e, por causa do atrito, entra em combustão provocando um fenômeno luminoso. Bólide (ou bólido): se entra na atmosfera da Terra e explode de modo brilhante. Meteorito: Se sobrevive ao atrito com a atmosfera da Terra e colide com a sua superfície, formando uma cratera e deixando um resíduo. 57 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. COMETAS Ao se aproximar do Sol, os cometas são aquecidos e o material volátil se vaporiza formando uma “nuvem” ao redor do núcleo rochoso. Os cometas são pequenos corpos escuros formados por uma mistura de partículas refratárias, grãos de CHON (contendo Carbono, Hidrogênio, Oxigênio e Nitrogênio), e gelo (predominantemente água). São objetos que sempre chamaram muita atenção desde épocas passadas devido às suas caudas. Porém, nem todos os cometas apresentam caudas espetaculares. Eles são feitos de materiais voláteis, como água congelada e gás carbônico congelado, juntamente com um núcleo sólido de rocha. Devido à radiação que o Sol emite em todas as direções, o chamado vento solar, esta nuvem é empurrada para trás formando a cauda do cometa. Por esta razão, a causa sempre aponta para a direção oposta ao Sol. Como o cometa perde material a cada passagem perto do Sol, um dia ele não existirá mais. Edmund Halley (1656-1742), astrônomo britânico amigo de Isaac Newton, foi o primeiro a mostrar que os cometas vistos em 1531, 1607 e 1682 eram na verdade o mesmo cometa e, portanto, periódico, que é desde então chamado de Cometa Halley. Da análise da estrutura física dos cometas, quando estes estão no periélio 26, nós podemos dividi-lo em três partes principais, a saber: NÚCLEO: constatou-se que todos os fenômenos que ocorrem no cometa, tem a sua origem a partir de seus núcleos sólidos e com poucos quilômetros de diâmetro. O núcleo ao aproximar do Sol dá origem à cabeleira e cauda. Por serem corpos pequenos (baixa atração gravitacional) e movimentando-se muito rápido nas proximidades do Sol, a cada passagem pelo mesmo, ocorre um aumento muito grande da cauda, que implica em perdas de matéria. A matéria que compõe a formação dos núcleos corresponde a uma espécie de gelo sujo com massa variando de 1,0 quilogramas a algumas dezenas de toneladas. CABELEIRA ou COMA - aparece sob a forma de nebulosidade sobre o núcleo. Como uma espécie de atmosfera que pode ter seu volume muito maior que a Terra. É mais brilhante do que a cauda, a qual dá origem. A presença 26 Periélio, vem de peri (à volta, perto) e hélio (Sol), é o ponto da órbita de um corpo, seja ele planeta, planetoide, asteroide ou cometa, que está mais próximo do Sol. 58 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. predominante de componentes simples, a base de hidrogênio e de oxigênio, revela que a constituição do cometa é água em dois estados, sólido e gasoso, sendo o estado líquido inexistente. CAUDA - A cauda é provocada pela ação dos ventos solares, por isso nas proximidades do Sol a cauda aumenta, pois a densidade dos ventos solares é maior. Acredita-se que a cada passagem pelo Sol o diâmetro do núcleo do cometa diminua em alguns metros. Os cometas possuem dois tipos de caudas: uma constituída de poeira neutra, de cor amarelada que reflete a luz solar, e a outra de plasma, isto é, elétrons e gases ionizados. em tom azulado, produzida principalmente pelo CO. A cauda é formada pela pressão eletromagnética (exercida pela luz), e pelo vento solar. É oposta à atração gravitacional, ou seja, aponta sempre na direção radial contrária à do Sol. A cabeleira e a cauda têm em média de dez mil a cem milhões de vezes o diâmetro do núcleo, porém com densidade muito baixa e desse modo, nós podemos observá-los a partir de Terra. A vida média dos cometas não ultrapassa 10 milhões de anos. Acredita-se que os núcleos dos cometas estão vagando pelo espaço fora do sistema solar. Devido ao movimento do Sol ao redor do núcleo galáctico esses objetos são capturados pelo campo gravitacional do Sol e se transformam em cometas. Foi suposto na década de 50 por Jan Hendrik Oort (1900) existência de uma nuvem de cometas (Nuvem de Oort), próxima do Sol (em relação às distâncias galácticas), a cerca de 100.000 UA. Essa nuvem está distribuída de forma esférica ao redor do Sol. Sua origem pode ser os próprios restos do sistema solar, que se solidificou nessa região. Algumas anomalias gravitacionais provocadas pelas estrelas próximas podem tirar alguns corpos de suas posições e esses serem atraídos pelo Sol. Ao entrarem em direção ao sistema solar, esses corpos poderão adquirir três tipos de órbita: Parabólica e Hiperbólica: que se aproximam uma única vez do Sol e retornam ao espaço interestelar. São os cometas não periódicos. Elíptica: são os cometas periódicos. Esse tipo de órbita é geralmente é provocada pela influência gravitacional dos planetas, principalmente Júpiter e Saturno, que têm a tendência de prenderem os cometas ao sistema solar. 59 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. A principal característica dos movimentos dos cometas é que suas órbitas não são necessariamente elípticas. Vários cometas conhecidos têm órbitas hiperbólicas e muitas órbitas impossíveis de distinguir se são hiperbólicas ou se são elipses altamente excêntricas. O fato de existirem cometas com órbitas hiperbólicas pode fazer supor que se tratem de objetos oriundos do espaço interestelar, que dele vieram e para ele retornam. Entretanto, o estudo dos cometas com órbitas hiperbólicas mostra que suas órbitas se tornaram hiperbólicas após passagens próximas aos planetas do Sistema Solar, principalmente Júpiter. Nesse caso, esses cometas ganharam energia para serem lançados no espaço interestelar. É certo que esses cometas jamais retornarão ao nosso Sistema Solar. Para que os cometas tenham crescido até o tamanho que apresentam, considerados como sendo planetesimais, o meio interplanetário deve ter sido muito mais denso do que aquele encontrado nas nuvens moleculares. Isso quer dizer que os cometas devem ter se formado na região do Sistema Solar próxima aos planetas mais externos. Alguns destes objetos permaneceram nesta região formando o que é hoje conhecido como Cinturão Trans-Netuniano ou Cinturão de Kuiper. A maioria deles, entretanto, devido a perturbações gravitacionais exercidas pelos planetas exteriores, foi expelida para os limites mais afastados do Sistema Solar, formando a região chamada Nuvem de Oort, em homenagem ao seu descobridor. Perturbações devidas à passagem de estrelas ou de nuvens moleculares próximas à Nuvem de Oort fazem com que alguns cometas acabem saindo desta região e se desloquem para as regiões mais internas do Sistema Solar onde o aquecimento pelo Sol provoca o aparecimento da coma e da cauda tão características nas imagens dos cometas. O valor da massa total da nuvem de Oort é bastante controvertido, mas pode ser da ordem de 1011 cometas, com massas individuais maiores do que 10 12 quilogramas. A existência de uma nuvem esférica de cometas envolvendo todo o Sistema Solar foi proposta em 1950 a partir da análise da distribuição dos semi-eixos maiores dos cometas conhecidos na época. Um ano mais tarde foi proposto que também deveria existir uma região achatada (cinturão) após o planeta Plutão. Mas o primeiro objeto deste cinturão somente foi descoberto mais de quarenta anos depois, em 1993. Hoje conhecemos mais de 800 objetos desse cinturão, alguns com diâmetro superior àquele do maior dos asteróides, Ceres. 60 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 15: Imagem feita através do software Celestia, com recurso gimp. por Vera Lucia Zardo Ansolin. 61 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. ANÉIS PLANETÁRIOS Em 1610, Galileo Galilei observou pela primeira vez o planeta Saturno, com o seu recém inventado telescópio, e notou que ele tinha uma forma irregular. Para ele, essa forma era devida à presença de dois satélites colocados, simetricamente, nos lados opostos do planeta. Porém, mais tarde, em 1654, quando Huygens sugeriu que a forma observada de Saturno poderia ser explicada pela presença de um disco rígido situado no plano do equador do planeta. Em 1675, Cassini descobriu que esse disco não era uniforme, ele era formado por anéis separados por uma divisão a qual, desde então, leva seu nome, divisão Cassini. Um terceiro anel, mais interno, foi descoberto em 1850. Porém, alguns anos antes o filósofo francês Pierre Laplace tinha demonstrado que um disco rígido não poderia ser estável tendo em vista as poderosas forças de maré exercidas pelo planeta. Foi o físico inglês James Clerk Maxwell que solucionou o problema sugerindo que os anéis, na realidade, eram formados por grãos individuais que estavam em rotação em torno do planeta. Esta teoria seria confirmada através de observações anos mais tarde e estudos detalhados dos anéis se deram a partir das imagens obtidas pelas sondas espaciais Voyager 1 e 2. O conjunto total dos anéis de Saturno tem a altura de algumas centenas de metros e a largura de cerca de 200.000 quilômetros, ou seja, é um sistema extremamente achatado. Mais de 300 anos depois da descoberta doso anéis de Saturno, em 1977, foi descoberto um sistema similar de anéis em torno do planeta Urano. Este sistema foi descoberto através de uma técnica chamada de técnica de ocultação estelar. Esse processo consiste em registrar as variações no brilho de uma estrela quando um determinado planeta cruza a linha de visada27 que une o observador terrestre e a estrela. O que se observa normalmente é que o brilho da estrela permanece constante até que o planeta entra na linha de visada. Primeiramente é observada apenas uma pequena diminuição no brilho da estrela devido à passagem de sua luz através da atmosfera do planeta, Entretanto o brilho da estrela desaparece completamente quando o disco planetário fica exatamente na linha de visada 27 É uma linha imaginária que une dois objetos sem interceptar obstáculos de modo que uma pessoa na posição de um dos objetos possa ver o outro. 62 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. observador-estrela. A medida que o planeta “passa” o brilho da estrela começa novamente a aparecer até se manter constante novamente. A análise do intervalo de tempo em que o brilho da estrela desapareceu completamente, de como o brilho diminuiu e de como aumentou novamente permite obter dados muito precisos sobre a atmosfera do planeta e também sobre a forma que ele possui. Para surpresa dos pesquisadores, quando esta técnica foi aplicada a Urano, o brilho da estrela sofreu algumas pequenas, mas perceptíveis diminuições antes e depois da sua ocultação pelo planeta. Isto foi modelado como sendo produzido por um sistema de anéis em órbita em torno de Urano. Quando a sonda Voyager passou próxima a Urano, as imagens obtidas por ela comprovaram que esta era de fato a explicação correta. Hoje, sabe-se que o sistema de anéis de Urano é formado por nove anéis com uma altura de dezenas de metros e largura de apenas 10 quilômetros. A mesma técnica de ocultação estelar permitiu a detecção de anéis em torno de Netuno em 1985. Os anéis são estruturas largas, mas muito finas compostas por partículas de gelo e água, com tamanhos que variam entre um grão de areia e uma casa. Cada partícula tem uma órbita própria em torno do planeta sendo que as partículas mais internas se movem mais rapidamente do que as externas, A alta concentração de partículas neste disco faz com que interações gravitacionais mútuas produzam estruturas tipo ondas. 63 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 16: Imagem feita através do software Celestia, com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. PLANETAS Os planetas são astros iluminados, não tem luz própria, giram ao redor do Sol e percorrem o espaço traçando órbitas elípticas. A palavra planeta é de origem grega e significa errante, em função do movimento aparente deles em relação às estrelas fixas da esfera celeste. O alemão Johannes Kepler (1571-1630), foi o responsável pela descoberta de algumas leis da mecânica celeste. Segundo Kepler, quando um planeta está próximo do Sol, movimenta-se com mais rapidez, e, quando está mais afastado, seu movimento é mais lento. Durante muito tempo, apenas seis planetas eram conhecidos: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. Somente no final do século XVIII, em 1781, constatou-se a existência de Urano. Em meados do século XIX, em 1846, foi 64 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. descoberto Netuno, e, em 1930 descobriu-se a existência de Plutão, muito afastado do Sol (cerca de 5,9 bilhões de quilômetros), desde os anos 1990 teve sua classificação como planeta foi questionada pela comunidade astronômica mundial. E, a partir de agosto de 2006, na 26ª Assembleia Geral da União Astronômica Internacional (UAI), em Praga, República Tcheca, o número de planetas do Sistema Solar passa a ser oito. Plutão passa a ser um “planeta-anão”. Outros dois corpos celestes se enquadram na classificação de planetas anões: o asteroide Ceres, localizado no Cinturão de asteroides e Éris, conhecido oficialmente como 136199 Eris, é um planeta anão nos confins do sistema solar, numa região do sistema solar conhecida como Cinturão de Kuiper. É o maior planeta-anão do sistema solar e quando foi descoberto, ficou logo conhecido como o "décimo planeta", devido a ser maior que o então planeta Plutão. Devido a nova categoria introduzida pela União Astronômica Internacional, Éris também passa a ser um planeta anão. A densidade média de um planeta é a razão entre a sua massa e o seu volume. Há planetas com densidades baixas, próximas a 1 g/cm -3 (densidade da água), Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, classificados como planetas Jovianos, e devem ser constituídos de substâncias leves como hidrogênio e hélio gasoso, gelo de água, metano, dióxido de carbono e amônia. Planetas com densidades altas, da ordem de 4 – 5 g/ cm -3 , Mercúrio, Vênus, Terra e Marte formam a classe dos planetas telúricos. São constituídos principalmente de substâncias pesadas, basicamente rochas (silicatos e óxidos) ou metais (níquel e ferro). 65 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. DIFERENÇA ENTRE ESTRELA E PLANETA QUANDO OBSERVAMOS O CÉU Quando olhamos para o céu, como saber o que é um planeta ou uma estrela? Existem duas diferenças básicas entre planetas e estrelas, que podem ser identificadas por qualquer pessoa com pouca experiência no assunto: A primeira é que o planeta não cintila como as estrelas. Existem no céu estrelas que parecem não cintilar, principalmente aos olhos de quem não está acostumado a observálas. A segunda diferença, o planeta muda de posição. Quando você observar um objeto no céu e suspeitar que é um planeta, mas não tiver certeza, faça o seguinte: Fixe algumas referências utilizando as estrelas ao seu redor, de preferência faça um desenho em escala assinalando o objeto em estudo, e observe por uns vinte ou vinte e cinco dias. Se esse objeto mudar de posição em relação às referências, certamente esse objeto será um planeta. Para pequenos intervalos de tempo podemos considerar as estrelas como fixas. Já os planetas, como a tradução da palavra diz, errante, movimentam-se em relação às estrelas. Disponível em <http://www.cdcc.usp.br/cda/aprendendo-basico/sistemasolar/introducao.html> Acesso em 29 jun. 2010. MERCÚRIO É o planeta mais próximo do Sol. É o segundo menor planeta do Sistema Solar. Só é maior que o Planeta anão, Plutão. Dentre os planetas rochosos é o menor. Seu diâmetro é 4878 quilômetros, 38% menor que o da Terra e 40% maior que o da Lua. Não possui satélites naturais e possui uma atmosfera extremamente tênue: sente a plena força do calor solar durante o dia, a mais alta: 467° C e noites gélidas, com a temperatura mais baixa: - 183° C. Abaixo da superfície de rocha silicática de Mercúrio há um sólido manto rochoso de cerca de 550 quilômetros de espessura. Essa camada deve ter sido líquida quando o planeta era jovem e fonte de erupções vulcânicas. O manto esfriou e se solidificou cessando as erupções vulcânicas há bilhões de anos. Abaixo do 66 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. manto há um núcleo de ferro, formado quando ele metal pesado afundou no jovem planeta. Supõe-se que uma fina camada de sua parte mais externa ainda esteja derretida. Elementos da superfície de Mercúrio, como sódio, junto com hélio do vento solar, formam uma atmosfera muito fina. É temporária e precisa ser reconstituída pois a atração gravitacional de Mercúrio não consegue reter os gases. Mercúrio é coberto por milhares de crateras de impacto, formadas pelo choque de meteoritos contra a superfície. Essas crateras variam de pequenas em forma de bola até grandes como a bacia Caloris, que tem um quarto do diâmetro do planeta. Mercúrio tem fases como a Lua, mas é difícil vê-lo porque nunca se afasta do Sol. É visto baixo no céu estrelado, antes do nascer do Sol ou após o pôr do Sol. A observação é mais fácil quando Mercúrio está mais longe do Sol, isto ocorre seis ou sete vezes por ano. Mercúrio parece cruzar a face do Sol várias vezes num século, quando passa entre o Sol e a Terra. Ilustração 17: Imagem feita através do software Sttelarium com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. Missões a Mercúrio Mercúrio só é visto perto do horizonte da Terra, e, como a atmosfera de nosso planeta ali é turbulenta, fica muito difícil estudar sua superfície, A sonda espacial 67 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Mariner 10 sobrevoou Mercúrio três vezes em 1974-75, e as imagens revelaram um mundo coberto de crateras, parecido com a nossa Lua. Em agosto de 2004 foi lançada outra sona, a Mercury Messenger, que deve chegar a Mercúrio em 2011 e permanecer em sua órbita por um ano, quando colherá informações sobre sua atmosfera, composição e estrutura. VÊNUS É o planeta que mais se aproxima do planeta Terra. É considerado um dos corpos celestes mais belos entre as estrelas, pois, quando visto da Terra, pode ser mais brilhante que os demais, com exceção do Sol e da Lua. Vênus é considerado o planeta irmão da Terra apresentando tamanho, massa e densidade similares, porém, outras características como: ausência de oceanos, estrutura e composição da atmosfera e temperatura são muito diferentes. Seu diâmetro é apenas cerca de 650 quilômetros menor que a Terra e suas camadas internas são de tamanho e composição similares. Sob a crosta silicática há um manto rochoso, e sob este um núcleo sólido no centro. Gira em torno de seu eixo mais devagar que qualquer outro planeta – uma rotação leva mais tempo que uma órbita venusiana, o ano de Vênus é menor que o seu dia. Gira de leste para oeste, na direção oposta à da maioria dos outros planetas. Sua atmosfera de 80 quilômetros de profundidade é predominantemente de dióxido de carbono, e uma grossa cobertura de nuvens de gotículas de ácido sulfúrico reflete 80% de sua luz solar. Como as nuvens também absorvem o calor do Sol, Vênus é um lugar encoberto com uma temperatura superficial mais alta que a dos outros planetas. Características vulcânicas dominam a superfície de Vênus. Cerca de 85% dela é de planícies baixas cobertas de lava vulcânica. O resto consiste em três regiões montanhosas, a maior delas é Terra de Afrodite. A superfície vulcânica é relativamente jovem. As centenas de vulcões de Vênus e seus extensos campos de lava talvez não tenham mais de 500 milhões de anos. Alguns vulcões ainda podem estar ativos. Vênus tem singulares montes de lava de topo chato e feição vulcânica semelhantes a aranhas, chamados aracnoides. Sua superfície é marcada por centenas de crateras de impacto, que recebem o nome de mulheres. 68 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Na atmosfera de Vênus predominam o gás dióxido de carbono e nuvens de ácido sulfúrico, que, ao reterem muito calor, são responsáveis pelo “efeito estufa”, por isso esse planeta é mais quente que Mercúrio. Ilustração 18: Imagem feita através do software Celestia, com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. Vênus brilha muito no céu da Terra por causa de sua camada superior refletora de nuvens e por estar perto do nosso planeta. Vênus, em seu brilho máximo, tem magnitude -4,7, e, só o sol e a Lua o ultrapassam. Passa por ciclo de fases como a Lua. E, quando está próximo da Terra, só parte da face voltada para nós é iluminada. Vênus é visível ou no céu vespertino, após o por do Sol, quando está se encolhendo da meia fase para crescente, ou de manhã, antes do nascer do Sol, quando passa do crescente para a meia fase. Sua luminosa presença no início da manhã ou no fim do dia valeu-lhe os nomes de “Estrela D'Alva” e “Estrela da Tarde”. 69 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. TERRA A Terra é o terceiro planeta na ordem de distância do Sol. É o único planeta, onde comprovadamente, existe vida (até o momento). É o maior dos quatro planetas rochosos. É o quinto maior planeta do Sistema Solar, sendo menor que Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Um mundo dinâmico, diferente de qualquer outro, abundante de água no estado líquido e com a superfície em constante mudança. Sua única companheira no espaço é a Lua. A distância média da Terra ao sol é de, aproximadamente, 150 milhões de quilômetros. Dá uma volta completa em torno do sol a cada 365,26 dias. Um dia terrestre tem a duração de 23 horas 56 minutos e 04 segundos, ou 23,9345 horas. Este é o chamado “dia sideral”. O dia da Terra é o intervalo de tempo que ela leva para dar um volta completa em torno do seu eixo. A Terra é o planeta mais denso do Sistema solar. Sua densidade é de 5,515 g/ cm-3 e a densidade da água é de 1,027 g/ cm -3. A inclinação do eixo da Terra é de 23,5° e provoca a existência das variações climáticas conhecidas como “estações do ano”. Para que um corpo possa escapar do puxão gravitacional da Terra ele deve atingir a velocidade de 11,186 metros por segundo, chamada “velocidade de escape”. A Terra é o único planeta cujo nome em inglês não provém da mitologia greco-romana. O nome “earth” provém do alemão e inglês antigos. Na mitologia romana a deusa da Terra era Tellus, que significava “o solo fértil”. Na mitologia grega a Terra era representada pela deusa Gaia, que queria dizer “terra mater” ou “mãe terra”. A Terra está em órbita em torno do Sol a uma distância média de 149.600.000 quilômetros28. Ela está mais próxima do Sol, quando se encontra na posição chamada periélio29, por volta de 2 de janeiro de cada ano, e, está mais afastada do sol, na posição chamada afélio30, por volta de 2 de julho de cada ano. As diferenças de distâncias do Sol mostram que a órbita da Terra não é um círculo e sim uma elipse. No entanto, a excentricidade desta elipse é de apenas 0,0167, o que mostra que a órbita da Terra é muito próxima a um círculo. 28 Esta distância é definida como uma “Unidade Astronômica” (UA). 29 No periélio está a uma distância de 147.100.000 quilômetros do Sol. 30 No afélio a Terra está a uma distância de 152.600.000 quilômetros do Sol. 70 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. O planeta gira em torno do Sol, de oeste para leste com uma velocidade de 29,8 quilômetros por segundo. A Terra não é perfeitamente esférica, mas sim achatada nos polos e bojuda no equador. Seu diâmetro equatorial é cerca de 40 km maior do que o diâmetro polar. Além disso, o plano do equador terrestre e, portanto, o plano do bojo equatorial, está inclinado 23° 26' 21,418" em relação ao plano da eclíptica, que por sua vez está inclinado 5° 8' em relação ao plano da órbita da Lua. A superfície da Terra no equador se desloca com uma velocidade de 1.674 quilômetros por hora ou 0,46 quilômetros por segundo. No entanto, à medida que nos movemos na direção de ambos os pólos, esta velocidade vai diminuindo. A duração dia permanecer a mesma, mas a circunferência da Terra onde está o observador, seu círculo de latitude vai diminuindo até chegar a praticamente zero na região dos pólos. Quanto mais próximos estivermos dos pólos mais a velocidade tende para o valor zero. A Terra formou-se há cerca de 4,6 bilhões de anos, e desde então, seu material diferenciou-se em camadas. O núcleo central, quente e denso solidificou-se e consiste em ferro e níquel. Em seus primeiros momentos de existência, a Terra era formada por materiais líquidos ou pastosos, e devido à ação da gravidade os objetos muito densos foram sendo atraídos para o interior do planeta, enquanto que materiais menos densos foram trazidos para a superfície. Como resultado, o núcleo é composto em grande parte por elementos mais pesados como o ferro (80%), e de alguma quantidade de níquel . A espessura do núcleo é aproximadamente 3.400 km de raio e está dividido em núcleo interno e externo. O núcleo interno é constituído de ferro-níquel sólido enquanto o núcleo externo é líquido, de ferro-níquel derretido. Acima do núcleo há um manto rochoso sólido e depois uma fina crosta feita de tipos diferentes de rochas e minerais, onde predominam as rochas silicáticas. Esta crosta se quebra em grandes placas sólidas e algumas menores que flutuam num manto subjacente parcialmente derretido (magma). Continentes, Oceanos e o ar da Terra sustentam a vida. A crosta da Terra varia em espessura. As partes mais espessas formam grandes massas de terra continentais. O resto da crosta, que corresponde a mais de 70% da superfície da Terra, em geral mais fina, é coberta por água. Quase toda a água está em estado líquido e compõe cinco vastos oceanos. Apenas 2% estão na 71 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. forma de gelo, nas calotas em torno dos Pólos Norte e Sul. As placas da crosta terrestre se aproximam e se afastam umas das outras e em seus limites geram cadeias de montanhas, fossas marinhas profundas, terremotos e vulcões. Uma camada de gás rica em nitrogênio e oxigênio envolve a Terra. O oxigênio sustenta a vida e no alto da atmosfera forma ozônio, que atua como um escudo contra a radiação solar. A atmosfera estende-se por cerca de 500 quilômetros acima da superfície, mas sua maior parte está a menos de 16 quilômetros do planeta e aí ocorrem as condições meteorológicas. O Sol aquece a Terra desigualmente, produzindo variações na pressão do ar. Isso provoca os ventos, que impelem o ar e a umidade sobre o planeta. A entrada de partículas de vento solar na atmosfera superior da Terra pode produzir aparições espetaculares no céu noturno. As luzes coloridas resultam da interação de gás atmosférico com partículas solares. Esses fenômenos recebem o nome de aurora. O fenômenos das auroras é visível na Terra e em todos os planetas gasosos do Sistema Solar. Na Terra elas ocorrem ao longo de toda as chamadas "zonas aurorais", regiões em forma de anel que circundam os pólos Norte e Sul. Estas zonas aurorais, onde os observadores terrestres podem ver a aurora em sua atividade máxima, estão localizadas em latitudes de 67° Norte e Sul, e tem, aproximadamente, 6°de largura. Quanto mais ao Norte ou ao Sul estiver o observador, maior será a chance de ver uma aurora. O norte da Europa, em particular, norte da Noruega e da Finlândia, são excelentes locais para observação de auroras, assim como no Alasca a cidade de Fairbanks. Aurora Boreal: Conhecida também pelo seu nome latino, Aurora Borealis, ou então como "Luzes do Norte", este é o fenômeno de Aurora que ocorre no hemisfério norte. Aurora Austral: Com o nome latino de Aurora Australis este é o fenômeno de Aurora que ocorre no hemisfério sul. 72 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. PLANETA TERRA Ilustração 19: Imagem feita através dos software Celestia com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. MARTE Marte é o quarto planeta a partir do Sol, e tem cerca de metade do tamanho da Terra. É conhecido como o “planeta vermelho”, pois sua atmosfera, suas rochas e superfície apresentam uma tonalidade avermelhada. Vulcões gigantescos, falhas profundas, planícies salpicadas de rochas e leitos de rios secos marcam a sua superfície. Como a Terra, Marte tem calotas polares de gelo e estações. Marte, que na Grécia tinha o nome de Ares, é o deus da guerra. O planeta provavelmente obteve este nome devido à sua cor vermelha o que o faz, algumas 73 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. vezes ser chamado de "planeta vermelho". O deus romano Marte era o deus da agricultura antes de ser associado com o deus grego Ares. O nome do mês março em inglês, March, é derivado de Marte (em inglês Mars). O símbolo de Marte representa o escudo e a lança do deus romano. Os antigos egípcios chamavam Marte de "Her Descher" que quer dizer "o que é vermelho". É o planeta rochoso mais exterior. Quando era jovem e derretido, seu material se diferenciou em um núcleo e camadas. O ferro pesado afundou no centro e as rochas silicáticas mais leves formaram um manto em torno do núcleo metálico. O material menos denso formou a crosta. Marte começou então a solidificar-se de fora para dentro. É provável que o núcleo já esteja sólido, pois seu tamanho relativamente pequeno e a distância a que está do Sol sugerem que esfriou mais do que o núcleo da Terra. Marte leva quase dois anos para orbitar o Sol. Seu eixo de rotação é inclinado em 23,2° para o plano de sua órbita e, como a Terra, tem estações e um dia que dura cerca de 24 horas. Sua órbita é mais excêntrica que a da Terra. Há uma diferença de cerca de 42 milhões de quilômetros entre sua menor e sua maior distância do Sol. Quando próximo recebe 45% mais radiação solar, elevando sua temperatura superficial. Sua temperatura apresenta uma variação entre 20°C e -140°C. Sua superfície, cheia de crateras, dá a impressão que por ali houve diversos vulcões em atividade, Muito vento no planeta e uma atmosfera fina rica em dióxido de carbono o envolvem. Partículas de poeira de óxido de ferro suspensas na atmosfera colorem-na de rosa. Dióxido de carbono congelado e gelo de água formam finas nuvens. Sondas espaciais foram enviadas a Marte desde o início da década de 60. Mais de 30 naves tiveram sucesso. Sobrevoaram Marte, orbitaram-no, pousaram e rodaram sobre ele. Em 1976, as Viking 1 e 2 pousaram em Marte, captaram imagens de seus locais de pouso, estudaram a atmosfera, analisaram amostras da superfície e procuraram sinais de vida, porém, sem êxito. Na década de 90, sondas orbitais, a Mars Gobal Surveuor e a Mars Express, examinaram o planeta e veículos exploraram sua superfície. A sonda orbital Mars Reconnaissance, começou seu estudo em 2006. 74 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Grande parte do hemisfério norte de Marte é coberta por planícies vulcânicas baixas relativamente lisas. O terreno do hemisfério sul é mais velho e de montanhas cobertas de crateras. Forças internas formaram também áreas elevadas como a montanha Tharsis e outros grandes vulcões formados por sucessivos fluxos de lava dominam esta parte do planeta. O vulcão mais dramático de Marte é o Olympus Mons (Monte Olimpo). É a maior de todas as montanhas do Sistema Solar, elevando-se 24 quilômetros acima da planície que a circunda. Sua base tem mais do que 500 quilômetros de diâmetro e é margeada por um penhasco de 6 quilômetros de altura. Marte tem dois pequenos satélites: Phobos e Deimos, cujos nomes significam, respectivamente, medo e terror. Segundo a mitologia, as criaturas que acompanhavam Marte em suas batalhas. Eles foram descobertos em 1877 e tem formas irregulares, percorrendo órbitas quase circulares ao redor de Marte, mostrando sempre a mesma face para o planeta, como a Lua. Phobos, é o maior e tem 26,8 quilômetros de diâmetro e está a 9.380 quilômetros do planeta. Deimos, com apenas 15 quilômetros de diâmetro está a uma distância duas vezes e meia maior. Phobos está tão próximo e orbita tão rápido que se levanta e se põe três vezes em cada dia marciano. Dá uma volta em torno de Marte em 7h 39min. enquanto Deimos completa uma órbita em 30h 18min. Marte é um planeta gelado em que pode haver água na forma de gelo ou vapor formando névoas, nevoeiros e geada. Não há água em estado líquido, embora vales de rios secos e antigas planícies de inundação atestem que ela fluiu pelo planeta. Estima-se que isso foi de 3 a 4 bilhões de anos atrás, quando era mais quente. Parte dessa água está hoje na forma de gelo nas calotas polares. Marte é um dos planetas mais fáceis de ver a olho nu. Com magnitude de certa de -2,0 ele está no céu da Terra na maior parte do ano. É mais bem observado quando está em oposição31. Quando temos uma oposição de Marte, temos uma aproximação entre esse astro e o nosso planeta. Em algumas oposições, a cada 15 ou 17 anos, a órbita eclíptica de Marte o torna mais próximo. A imagem abaixo 31 O tempo que a Terra gasta para dar uma volta completa em torno do Sol chamamos de Ano. Marte gasta quase dois anos terrestres para completar o seu giro em torno do Sol. Devido a isso, aproximadamente de 26 em 26 meses temos aquilo que chamamos de oposição de Marte (Sol, Terra e Marte, nessa ordem, quase ao longo de uma mesma reta. 75 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. mostra as órbitas dos planetas Terra e Marte na data de oposição quando o planeta Marte está mais próximo da Terra. Ilustração 20: Pogian, Adevertir. Imagem produzida em 05 de julho de 2010. A figura mostra as órbitas dos planetas Terra e Marte na data de oposição quando o planeta Marte está mais próximo da Terra. OPOSIÇÕES DE MARTE ATÉ 2020. Data Distância 13/Jun/2001 0,456 U.A. 28/Ago/2003 0,373 U.A. 07/Nov/2005 0,470 U.A. 28/Dez/2007 0,600 U.A. 29/Jan/2010 0,664 U.A. 03/Mar/2012 0,674 U.A. 08/Abr/2014 0,621 U.A. 22/Mai/2016 0,509 U.A. 27/Jul/2018 0,386 U.A. 13/Out/2020 0,419 U.A. U.A. Unidade Astronômica. (Uma U.A. equivale a 149 597 870 km). 76 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 21: Imagem feita a partir do software Celestia, com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. JÚPITER É o maior planeta do Sistema Solar. Sua massa é 2,5 vezes a massa de todos os outros planetas combinados, tendo uma massa de 1,9 x 10 27 quilogramas e possui massa 318 vezes maior que a da Terra. Não tem superfície sólida. Envolto por um fino e pouco luminoso sistema de anéis, e, tem a maior família de satélites. É o quarto objeto mais brilhante do céu, sendo superado apenas pelo Sol, pela Lua, por Vênus e algumas vezes, por Marte. Júpiter é feito predominantemente de hidrogênio, com uma quantidade bem menor de hélio. A abundância de hidrogênio lhe dá uma composição mais parecida com a do Sol do que com os demais planetas. O hidrogênio é gasoso na camada mais externa do planeta, sua atmosfera e seu estado mudam com a profundidade, à 77 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. medida que a densidade, a pressão e a temperatura se elevam. Tem um núcleo sólido com cerca de dez vezes a massa da Terra. Júpiter, também conhecido como Jove, tem também o nome grego de Zeus. Ele era o rei dos deuses, o "governador" do Olimpo e era também considerado o patrono do estado Romano. Zeus era o filho de Cronus (Saturno). Júpiter está a uma distância média de cerca de 778 milhões de quilômetros do Sol e seu eixo é quase perpendicular à sua órbita, com inclinação apenas de 3,1°. é o planeta de rotação mais rápida. A sua rotação rápida e o calor que vem de seu interior perturbam a atmosfera gerando furacões e tempestades violentas que podem durar anos. Júpiter tem mais de 60 satélites. A maioria é pequena, de formato irregular e com órbitas distantes. Galileu, ou Simon Marius 32, descobriu, em 1610, os quatro maiores satélites de Júpiter que são Io, Europa, Ganimedes e Calisto, hoje conhecidos como satélites galileanos. A descoberta de Galileo mostrou, pela primeira vez, que podiam existir sistemas formados por vários corpos celestes, que realizavam movimentos orbitais em torno de um determinado centro que, certamente, não era o nosso planeta, a Terra. Este foi um argumento formidável em favor da teoria heliocêntrica de Copérnico dos movimentos dos planetas. O apoio declarado de Galileu à teoria de Copérnico colocou-o em problemas com a inquisição. A atmosfera de Júpiter é bastante espessa e corresponde a uma grande parte do seu raio, praticamente o planeta inteiro. Possui um aspecto bastante característico, embora não exclusivo, onde vê-se bandas 33 latitudinais coloridas, nuvens e tempestades atmosféricas. Isto mostra que Júpiter possui um sistema climático dinâmico e bastante complexo. Acredita-se que existam 3 camadas distintas de nuvens em Júpiter. Elas devem ser formadas por gelo de amônia, hidrosulfito de amônia e uma mistura de gelo e água. 32 Simon Marius (1573 – 1624), também conhecido como Simon Mayr, foi um astrônomo e físico alemão contemporâneo de Galileo. Estudou com Johanes Kepler e ao que tudo indica, assistiu palestras proferidas por Galileu. Marius e Galileo reivindicaram terem sido os primeiros a observar os quatro maiores satélites de Júpiter, em 1610 e provavelmente o fizeram independentemente. Embora os historiadores se dividem quanto ao verdadeiro descobridor, foi Simon Marius que deu aos quatro grandes satélites os nomes pelos quais são conhecidos hoje: Io, Europa, Ganimedes e Calisto. 33 Faixas coloridas. 78 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Quando está no céu noturno, Júpiter é frequentemente a "estrela" mais brilhante no céu, embora esteja a centenas de milhões de quilômetros da Terra, sua atmosfera reflete intensamente a luz solar e é muito fácil vê-lo no céu noturno, com magnitude -2,9 em oposição que ocorre a cada 13 meses. Aparece a noite toda, levanta-se ao por do Sol, está mais alto no meio da noite e põe-se ao nascer do sol. É visível durante cerca de 10 meses por ano. Ele só é superado por Vênus, que raramente é visível em um céu escuro. Os quatro satélites Galileanos são facilmente visíveis com binóculos. Algumas faixas e a Grande Mancha Vermelha podem ser vistas com um pequeno telescópio astronômico. Júpiter tem um sistema de anéis planetários semelhantes aos anéis de Saturno. No entanto, ao contrário do que podemos observar em Saturno, o sistema de anéis de Júpiter é menor e muito fraco, sendo totalmente invisível a partir da Terra. A existência de um sistema de anéis em torno de Júpiter somente foi descoberta em março de 1979 quando dois cientistas insistiram que, depois de viajar 1 bilhão de quilômetros, valia a pena a sonda espacial Voyager 1 dar uma rápida olhada para ver se existiam anéis em torno de Júpiter. Apesar do descrédito da maior parte dos pesquisadores que consideravam praticamente nula a chance de ser encontrado algo desse tipo em torno deste planeta, os anéis existiam. Desde então os anéis de Júpiter têm sido fotografados de muitas formas, em particular no infravermelho a partir de telescópios situados na Terra. Existem muitas diferenças entre os anéis de Júpiter e de Saturno. Ao contrário do sistema anelar que envolve Saturno, os anéis de Júpiter são escuros, com albedo34 de cerca de 0,05. Os pesquisadores até hoje ainda não sabem com certeza por que motivo os anéis de Júpiter são tão escuros enquanto os anéis de Saturno são tão brilhantes. Sabe-se, entretanto, que, ao contrário dos anéis de Saturno, os anéis de Júpiter parecem não conter qualquer gelo. Ao que tudo indica em Júpiter os anéis são compostos, provavelmente, de grãos muito pequenos de material rochoso. As partículas que compõem os anéis de Júpiter, provavelmente, 34 Albedo: é a medida da quantidade de radiação solar refletida por um corpo ou uma superfície. É calculado como sendo a razão entre a quantidade de radiação refletida pela quantidade de radiação recebida. Em Astronomia, o albedo depende da faixa de onde eletromagnética considerada e do ângulo de incidência. Varia de 0 a 1. 79 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. não permanecem neles por muito tempo. Elas são retiradas dos anéis pelo arrasto magnético e atmosférico exercido pelo próprio planeta Júpiter. Entretanto, a sonda espacial Galileu encontrou claras evidências de que os anéis de Júpiter são continuamente reabastecidos pela poeira formada a partir dos impactos de micrometeoritos sobre os quatro satélites mais internos. O anel do halo, mais interno, tem a forma toroidal e se estende radialmente, a partir do centro de Júpiter de cerca de 92000 quilômetros a aproximadamente 122.500 quilômetros. O anel principal é o mais brilhante e se estende do contorno do halo para fora até, aproximadamente, 128.940 quilômetros. Isto mostra que este anel se prolonga até a região da órbita do satélite Adrastéia e, próximo à órbita do satélite Metis o brilho do anel principal diminui. As imagens obtidas pela sonda espacial Galileu mostraram que o anel Gossamer é formado por dois anéis. Os dois anéis Gossamer são fracos e razoavelmente uniformes. Nos afastando do planeta Júpiter, o anel Gossamer interno se estende da órbita do satélite Adrastéia até a órbita do satélite Amaltéia, a 181000 quilômetros do centro de Júpiter. O anel Gossamer externo, que é mais fraco, se estende, na direção de afastamento de Júpiter, da órbita do satélite Amaltéia até, aproximadamente, a órbita do satélite Thebe a 221.000 quilômetros do centro do planeta. 80 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. PLANETA JUPITER Ilustração 22: Imagem feita através do software Celestia com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. 81 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. SATURNO Saturno é conhecido desde a mais remota antiguidade: era o Cronos dos gregos (pai de Zeus – Júpiter). Galileu foi o primeiro a observá-lo com um telescópio, em 1610. Ele notou sua estranha aparência, mas deixou-se confundir por ela. Em 1659 Christiaan Huygens inferiu corretamente a geometria dos anéis. Os anéis de Saturno permaneceram como fenômeno único no sistema solar até 1977, quando anéis de fraca intensidade foram descobertos ao redor de Urano e, pouco depois, em torno de Júpiter e Netuno. Saturno está duas vezes mais longe da Terra do que Júpiter. A principal característica deste planeta é o complexo sistema de anéis que o circunda. Este planeta com uma face pálida e em faixas tem uma grande família de satélites. É o segundo maior e menos denso dos planetas. Tem 95 vezes mais material que o planeta Terra, porém ocupa um volume muito maior, podendo conter 764 Terras. Compõe-se de hidrogênio e hélio, dispostos em camadas segundo seus estados. Em sua camada externa esses elementos são gasosos e em seu interior onde temperatura e pressão crescem com a profundidade, portam-se como um fluído, e ainda mais profundamente como um metal líquido. À medida que o planeta gira material é expelido, formando um equador abaulado, cerca de 10% mais largo que nos pólos, isso resulta da sua rápida rotação e de seu estado fluido. Seu núcleo central, de pedra e gelo, tem de 10 a 20 vezes a massa da Terra. Saturno é o menos denso dos planetas; sua gravidade específica (0,7) é inferior a da água. Se pudéssemos colocar Saturno dentro d'água, ele flutuaria. A superfície amarelo-clara de Saturno é a camada superior de sua densa atmosfera. Um nevoeiro fino o encobre. O hidrogênio predomina na atmosfera. Traços de gases incluem metano, amoníaco e etano. A camada visível [e feita de cristais de gelo de amoníaco com hidrossulfeto de amônia embaixo. Pingos de chuva de hélio na camada metálica geram calor ao cair. O calor é transportado para a camada inferior e, associado à rotação do planeta gera ventos que chegam a 1.800 km/h perto do equador. Tempestades gigantescas são um traço da atmosfera superior. 82 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Saturno leva quase 29,5 anos para completar uma órbita em torno do Sol. Seu eixo de rotação inclina-se em 26,7° em relação à vertical. No curso de sua órbita, ambos os pólos, norte e sul, apontam para o Sol, resultando na visão dos anéis a partir da Terra. Quando o pólo norte aponta para o Sol, os anéis são vistos de cima, e, quando o pólo sul aponta para o Sol, os anéis são vistos de baixo. Entre os pólos, são vistos de lado. Quatro naves viajaram até Saturno. A Pioneer 11 estava viajando para investigar Júpiter e o Sistema Solar quando se tornou a primeira sonda a explorar Saturno em 1979. A sonda sobrevoou Saturno utilizando a gravidade de Júpiter para entrar em posição. As Voyagers 1 e 2, em 1980 e 1981, foram missões de sobrevoo. A quarta, Cassini-Huygens, é um sofisticado orbitador projetado para estudar o planeta, seus anéis e satélites em profundidade. Foi a primeira nave espacial a ingressar na órbita de Saturno em 2004. Ela chegou sete anos depois de deixar a Terra, e passou a 20.000 km das nuvens de Saturno. A sonda voou entre os vãos dos anéis de Saturno e descobriu três novas luas. As faixas, que em Júpiter são bastante acentuadas, mostram-se muito mais fracas em Saturno. Elas são também muito mais largas próximo ao equador. Os detalhes dos topos das nuvens não são visíveis da Terra, e observações mais precisas da circulação atmosférica de Saturno só puderam ser feitas a partir das missões Voyager. Saturno também apresenta nuvens ovais de longa duração e outras formações comuns em Júpiter. Em l990, o HST 35 observou uma enorme nuvem branca perto do equador de Saturno que não estava lá durante a visita das sondas Voyager; em 1994, observou-se uma tempestade menor. Saturno é visível a olho nu durante cerca de 10 meses do ano. Parece uma estrela brilhante amarelada. Em seu brilho máximo alcança a magnitude -0,3 quando os anéis estão virados para a Terra e mais luz é refletida. Um telescópio mostra os anéis e é necessário para revelar os detalhes de superfície. O melhor momento para ver Saturno é em oposição, e, ocorre anualmente, cerca de duas semanas mais tarde a cada ano. Em sua órbita, Saturno passa cerca de 2,5 anos em cada constelação do zodíaco. Dois anéis proeminentes, e um anel fraco podem ser vistos da Terra. A falha entre os anéis proeminentes é conhecida como a divisão de Cassini; a falha muito 35 Hubble Space Telescope 83 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. mais fraca no primeiro anel é conhecida como Folga de Encke. As fotos enviadas pela Voyager mostram quatro outros anéis fracos. Os anéis de Saturno, diferentemente dos anéis dos outros planetas, são muito brilhantes (albedo 0,2 – 0,6). Embora pareçam contínuos quando vistos da Terra, os anéis, na verdade, são formados de milhares de pequenas partículas de diferentes tamanhos, variando de um centímetro, aproximadamente, a vários metros. É também provável que existam objetos com alguns quilômetros de comprimento. Os anéis de Saturno são extraordinariamente finos; embora tenham um diâmetro de 250.000 km ou mais, sua espessura não vai além de 200 metros. A despeito de sua expressiva aparência, há realmente muito pouco material nos anéis, se os anéis fossem condensados num único corpo, este não teria mais que 100 km de raio. As partículas dos anéis parecem ser compostas basicamente de gelo de água, mas partículas rochosas cobertas por gelo podem também existir. A Voyager confirmou a existência de intrigantes inomogeneidades 36 radiais nos anéis, chamadas de "raias", observadas pela primeira vez por astrônomos amadores. Sua natureza é ainda um mistério, mas é possível que isso tenha algo a ver com o campo magnético de Saturno. Saturno é o centro de um mini-sistema solar com sessenta satélites confirmados. Entre eles está Titã que por muito tempo foi tido como o maior satélite do sistema solar. Os demais são conhecidos como satélites gelados, devido as suas densidades próximas à da água e o alto índice de reflexão que é característico do gelo. Podem ser classificados em dois grupos: Os regulares e os irregulares. Os regulares têm órbitas quase circulares, no sentido de rotação do planeta e pouco inclinadas em relação ao plano do equador, e são eles: Mimas, Encelado, Tébis, Pleione, Réia e Titã. Os irregulares têm maiores excentricidades e inclinação orbital, que são: Hipérion e Jápeto , além de Febe , a lua retrógrada. Depois desses nove satélites, as sondas registraram mais oito luas pequenas e não esféricas. Predominantemente constituídas de gelo, refletem de 60% a 90% da luz solar. Titã: com diâmetro médio de 5.400 km se considerarmos sua densa atmosfera. Nesses termos é o maior satélite do sistema. Porém o diâmetro efetivo do satélite é 5.140 km, fazendo de Titã o segundo maior satélite do sistema. Sua 36 característica de um corpo que não tem as mesmas propriedades em todos os pontos. 84 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. fama de maior satélite só perdeu a veracidade com o reconhecimento feito pelas sondas. Ocorreu que era conhecida a presença de atmosfera em Titã, sendo esta, quase tão transparente como a nossa. As medidas do satélite se referiam ao disco opaco do mesmo, que se encontrava no interior da atmosfera. Posteriormente foi constatado que além da atmosfera havia uma espessa camada (opaca) de nuvens. Essa camada foi estimada em 200 km, mas com a possibilidade de pesquisar mais de perto, as sondas obtiveram com precisão a medida de 5.140 km para o diâmetro médio do satélite. Sua densidade média é de 1,9 g/cm3, que sugere um núcleo rochoso recoberto de gelo. Seu período de translação é de 15,94 dias, sendo que sua órbita está sobre o plano equatorial de Saturno. Devido a densidade da atmosfera de Titã (4,6 vezes a terrestre), sua superfície é tão misteriosa quanto a de Vênus. A constituição da atmosfera ainda é motivo de várias discussões. Acredita-se que seja 80% de nitrogênio (N2) podendo chegar a 99% na alta atmosfera. É provável que o argônio seja a segunda porcentagem dessa atmosfera, com cerca de 12%. Mas os gases nobres são de difícil detecção, portanto essa porcentagem tem seu maior respaldo na teoria. Além desse, foi detectado a presença de metano, hidrogênio, etano, propano, acetileno, etileno, cianureto diacetileno e metacetileno, todos em ordem decrescente de porcentagem na atmosfera. Essa grande variedade de moléculas orgânicas tem a tendência de se agruparem de várias maneiras. Por isso acredita-se que o agrupamento dessas moléculas formem partículas sólidas que se precipitam no solo formando uma grossa camada sobre a superfície do satélite, podendo chegar a algumas centenas de metros. Titã tem uma grande excentricidade e isso faz com que ele entre e saia da magnetosfera de Saturno. Essa passagem periódica pela magnetosfera provoca várias transformações nos componentes atmosféricos do satélite e também vários fenômenos atmosféricos. Ambos ainda não explicados satisfatoriamente. Palene: com apenas 4 quilômetros de diâmetro foi descoberto em 2004. Phoebe: é um dos satélites mais exteriores, a 12,95 milhões de quilômetros de Saturno. Sua superfície é muito marcada por crateras de impacto. Dione: orbita dentro do sistema de anéis em 2,74 dias. Sua superfície é marcada por penhascos de gelo e crateras de impacto. É o quarto maior satélite de Saturno e partilha sua órbita com dois satélites pequenos e irregulares – Helena, que se move à sua frente seguido por Pólux. 85 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. PLANETA SATURNO Ilustração 23: Imagem feita através dos softwares Sttelarium e Celestia, com recurso gim por Vera Lucia Zardo Ansolin. URANO Urano é o sétimo planeta do Sistema Solar e o terceiro maior planeta, sendo superado apenas por Júpiter e Saturno. Urano tem cerca de quatro vezes o diâmetro da Terra e 63 vezes o seu volume. Contudo é feito de apenas 14,5 vezes a massa do nosso planeta, sendo seu material menos denso que o da Terra. Situado a aproximadamente 3 bilhões de quilômetros do Sol, Urano leva cerca de 84 anos 86 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. terrestres para dar uma volta completa em torno do Sol. Quase tudo que sabemos dele veio da única sonda a visitá-lo, a Voyager 2. Urano é único entre os planetas por que o seu eixo de rotação é fortemente inclinado, estando situado muito aproximadamente no plano de sua órbita. Quando Urano se move ao longo de sua órbita devido à grande inclinação do seu eixo de rotação, seus polos norte e sul, alternadamente, apontam na direção ou no sentido contrário ao Sol, produzindo mudanças sazonais extremas neste planeta quase sem características notáveis. Urano está tão afastado do Sol que, desde a sua descoberta em 1781, ele completou pouco mais de duas voltas e meia em torno do Sol. Devido ao seu afastamento do Sol, Urano recebe somente 1/400 da intensidade da luz solar que recebemos aqui na Terra, em consequência disso é um planeta frio, de brilho fraco, que nunca ultrapassa magnitude maior do que +5,6 no céu visto da Terra. Embora o seu diâmetro seja cerca de 4 vezes maior do que o da Terra, Urano sempre nos mostra um disco com menos de 4 segundos de arco de diâmetro, o que é aproximadamente o tamanho de uma bola de golfe vista a uma distância de 1 quilômetro. Assim como Júpiter e Saturno, Urano também possui uma rotação diferencial. Isto quer dizer que um dia em Urano tem entre 14,2 e 16,5 horas, dependendo da latitude onde está o observador. Entretanto, estas medidas de período de rotação dizem respeito somente ao topo das nuvens que o cobrem. O eixo de rotação de Urano está tão inclinado, 98° em relação à vertical que está quase no plano de sua órbita. Por isso o vemos da Terra pelos pólos, de lado, ou entre uma posição e outra, enquanto seus pólos e equador se voltam para o Sol no curso de sua órbita. Onze anéis, separados por lacunas, envolvem Urano. São feitos de pedaços de material escuro, rico em carbono. Todos os anéis de Urano estão localizados a menos de 2 raios37 de Urano, medindo-se a partir do seu centro, bem dentro do limite de Roche38 do planeta. Ao contrário dos anéis de Saturno, os anéis de Urano são escuros e estreitos, a maior parte deles com menos de 10 quilômetros de 37 Raio: medida que vai do centro até a borda de uma circunferência. 38 Limite de Roche: é a distância mínima que pode suportar um objeto, que mantém sua estrutura unicamente por sua gravidade e que orbita um corpo em massa, sem começar a desintegrar-se devido as forças de maré que gera o objeto principal. 87 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. largura. As partículas típicas que formam os anéis de Saturno são pedaços de gelo com a refletividade e dimensões de bolas de neve enquanto que as partículas típicas nos anéis de Urano poderiam ser comparadas a grandes amontoados de carvão, onde cada componente teria, em média, aproximadamente 1 metro de largura. Os anéis de Urano são realmente muito escuros, refletindo somente cerca de 1% da luz solar que incide sobre eles. Urano foi o primeiro planeta a ser descoberto no Sistema Solar com o auxílio de um telescópio. Somente cinco planetas eram conhecidos, aqueles que podiam ser observados a olho nú: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. No dia 13 de março de 1781, por acaso, o planeta Urano foi descoberto pelo então pouco conhecido astrônomo William Herschel e por sua irmã Caroline Lucretia Herschel. William Herschel nasceu na cidade de Hanover, na Alemanha. Era músico profissional e, após emigrar para a Inglaterra, tornou-se fascinado pela astronomia. Herschel destacou-se pela sua grande capacidade de construir telescópios excepcionais para a sua época. Usando um destes telescópios que ele próprio construiu Herschel iniciou um sistemático mapeamento do céu e, durante uma de suas observações ele notou a presença de um objeto fraco e nebuloso, que primeiro pensou se tratar de um cometa. Logo notou que havia a possibilidade de que este pequeno objeto fosse um novo planeta. Na verdade, Urano era fácil de ser observado, e de ser descoberto, por quem possuía um telescópio, uma vez que se apresenta como um disco no céu quando visto mesmo através de uma pequena luneta. No final de 1781 Herschel já sabia que o objeto que ele havia descoberto apresentava uma órbita semelhante àquela descrita pelos outros planetas já conhecidos, situada muito além de Saturno. Com esta descoberta ele havia dobrado o diâmetro do sistema planetário que era então conhecido. Urano está a uma distância de 2.870.990.000 km enquanto que o limite conhecido até então era o planeta Saturno, a uma distância de 1.429.400.000 quilômetros do Sol. Embora Herschel tenha recebido, justamente, o crédito de ter sido o descobridor de Urano, sabe-se hoje que muitos outros astrônomos já haviam observado este planeta antes dele. No entanto, nenhum deles havia identificado este corpo celeste com um novo planeta, todos o classificaram como sendo uma estrela fraca. Analisando registros feitos nas épocas anteriores ao descobrimento de Urano 88 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. por Herschel descobriu-se que o planeta Urano está registrado em pelo menos 20 cartas celestes desenhadas entre 1690 e 1781, pois quando está em oposição, Urano alcança uma magnitude de +5,6, o que significa que ele pode ser visto a olho nú sob boas condições de observação. No entanto, em nenhuma destas cartas celestes é levantada qualquer suspeita de que este objeto poderia ser um novo planeta. Urano possui à sua volta satélites que mostram as cicatrizes provocadas por inúmeras colisões. Sabe-se que compõem um sistema regular de satélites como o de Júpiter e Saturno. Urano é um gigante de gás, A atmosfera superior rica em hidrogênio, é sua superfície visível. Abaixo há uma camada de gelo e, sob ela o núcleo. O metano dá a Urano sua cor azul – absorve os comprimentos de onda vermelhos que chegam e refletem o azul. Ilustração 24: Imagem feita através do software Celestia, com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. 89 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. NETUNO Netuno foi observado por vários astrônomos bem antes da sua descoberta. Acredita-se hoje que a primeira pessoa a ver Netuno foi Galileu. Logo que começou a utilizar o seu telescópio, Galileu ficou fascinado com o planeta Júpiter e o seu conjunto de satélites. Ele passou a observar regularmente os movimentos dos quatro grandes satélites de Júpiter que ele havia descoberto. No dia 28 de dezembro de 1612, enquanto observava Júpiter, Galileu registrou a presença de uma "estrela" de 8ª magnitude no seu campo de visão. Os desenhos das observações de Júpiter e seus satélites feitos por Galileu naquela época mostram uma "estrela" situada a menos de 1 minuto de arco da localização de Netuno durante aquelas noites de inverno. Netuno pode ser visto como um objeto de magnitude +7,7 o que o faz ser visível mesmo usando pequenos telescópios. Um mês mais tarde, no dia 27 de janeiro de 1613, Galileu novamente registrou a presença de duas estrelas no seu campo de observação. Hoje sabemos que uma delas é realmente uma estrela, mas a outra não é uma estrela e sim o planeta Netuno. Curiosamente, Galileu registrou no seu caderno de observações que na noite seguinte, ao observar estes dois objetos, eles pareciam estar mais afastados um em relação ao outro. No entanto ele não registrou qualquer outro comentário além deste fato. Assim, mais de duzentos anos antes de qualquer outra pessoa, Galileu observou o planeta Netuno, mas não percebeu que estava realizando uma grande descoberta. Galileu não foi o único, O planeta Netuno foi registrado várias vezes por muitos outros astrônomos. Inacreditavelmente, nenhum deles notou que tinham observado, e descoberto, um novo planeta. O astrônomo francês Lalande (1732-1807) observou Netuno nos dias 8 e 10 de maio de 1795, mas acreditou que se tratava de uma estrela. John Herschel registrou uma observação de Netuno que ele fez no dia 14 de julho de 1830, mas também pensou que se tratava de uma estrela. O astrônomo Von Lamont (18051879) registrou a presença de Netuno em suas observações feitas nos dias 25 de outubro de 1845 e nos dias 7 de setembro e 11 de setembro de 1846 sem notar que se tratava de um novo planeta. Von Lamont era um observador altamente qualificado, mas não observou o movimento dessa "estrela" nos quatro dias de intervalo que ocorreram em suas observações de 1846. 90 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Netuno foi pouco conhecido até que a Voyager 2 o sobrevoou em 1989, a sonda revelou um mundo azul e frio, cercado por anéis e satélites e com uma atmosfera surpreendentemente dinâmica. Netuno é o menor e o mais distante dos quatro gigantes de gás. Tem um diâmetro equatorial de 49.500 quilômetros. Se Netuno fosse oco, poderia conter cerca de 60 Terras. Netuno orbita o Sol a cada 165 anos. Um dia em Netuno dura 16 horas e 6.7 minutos. Quase quatro vezes maior que a Terra, tem estrutura semelhante à de Urano. Sua camada externa é sua atmosfera feita principalmente de hidrogênio. Abaixo há uma profunda camada de água e gelos, e mais embaixo um núcleo de rocha e talvez gelo. Por causa de sua rápida rotação esse material é empurrado para a superfície formando um equador abaulado. É o oitavo planeta do Sistema Solar e o quarto maior entre eles sendo superado por Júpiter, Saturno e Urano. Está situado a uma distância de cerca de 4,5 bilhões de quilômetros do Sol. Devido ao seu enorme afastamento do Sol a superfície de Netuno recebe somente 1/900 da intensidade de luz solar que recebemos na Terra. Visto da Terra, Netuno é bem menos brilhante do que Urano. Ele nunca brilha com uma magnitude maior do que +7,7 no nosso céu. Embora ele seja quase do mesmo tamanho que Urano, Netuno parece menor quando visto através de telescópios situados na Terra. Isto acontece porque Netuno está muito mais longe da Terra do que Urano. O planeta Netuno é bastante semelhante, em suas propriedades gerais, ao planeta Urano. Netuno é consideravelmente menor do que os planetas Júpiter e Saturno e, por este motivo, os astrônomos acreditam que o hidrogênio e hélio que o forma não estão tão comprimidos no seu interior como acontece nos outros dois gigantescos planetas. A densidade média de Netuno é maior do que aquela apresentada por Saturno, e parecida com a densidade média de Júpiter. Isto levou os astrônomos a considerarem que Netuno deve possuir uma região central grande e, provavelmente, rochosa. Acredita-se que esta região rochosa tenha cerca de 10 vezes mais massa do que o planeta Terra inteiro. Sabe-se que Netuno é orbitado por 13 satélites. Um deles, Tritão, é grande, redondo, gelado, maior que Plutão, descoberto 17 dias depois de Netuno. A voyager 2 revelou os anéis já previstos por observações feitas na Terra. Os quatro satélites interiores estão dentro do sistema de anéis, que consiste em cinco anéis completos. O mais exterior dos quais contém três densas regiões de material, além de um sexto 91 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. anel parcial. Os anéis são esparsos e feitos de minúsculos fragmentos de composição desconhecida. Devido à sua distância da Terra e seu tamanho, Netuno não pode ser visto a olho nu. De cor verde-azulada, tem composição semelhante a Urano e nele há uma grande mancha escura, que corresponde a um enorme sistema de tempestades. Netuno emite mais energia do que recebe, pois apesar de estar mais distante do Sol, tem temperatura média equivalente à verificada em Urano. NETUNO Ilustração 25: Imagem feita através do software Celestia, com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. 92 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. PLANETAS ANÕES Até o momento, os planetas anões do sistema solar são Éris, Plutão, Ceres, Haumea e Makemake. Ilustração 26: Imagem feita através do software Celestia, com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. PLUTÃO Conhecido, durante muito tempo, desde a sua descoberta em 1930, como o menor, mais frio e distante planeta do Sol. Sua descoberta foi semelhante à de Netuno. Foi descoberto por cálculos matemáticos, através das pequenas perturbações existentes nas órbitas de Urano e Netuno. A primeira imagem visual dele foi obtida através da comparação de fotografias em 18 de fevereiro de 1930. Esse planeta anão pode ser detectado por muitos instrumentos, inclusive por telescópios amadores com o uso de processos fotográficos especiais. 93 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. A partir dos anos 70 é que se obteve dados sobre a superfície desse planeta anão. Foi detectada a presença de metano congelado a uma temperatura de -210°C e uma fina camada atmosférica supostamente de metano gasoso. Seu tamanho é inferior ao da Lua. Em 1978 foi descoberto um satélite de Plutão por James W. Christy, cientista do Observatório Naval dos Estados Unidos, no dia 2 de julho de 1978. Foi batizado com o nome de Caronte. Uma série de fotos revelam que sua translação é cerca de 6,39 dias, que parece coincidir com a rotação do planeta anão. Se confirmada, essa coincidência será única no Sistema Solar, ou seja, o satélite nunca nasce nem se põe. Isso permitiu melhores medidas a respeito de Plutão e Caronte após uma série de eclipses entre eles no ano de 1985. Plutão tem um diâmetro de 2.360 km e o satelite Caronte tem um diâmetro de 1210 km. Durante um período de cerca de vinte anos, existe uma facilidade de sua observação: é por causa da grande excentricidade de sua órbita. De 1989 até 14 de março de 1999 sua distância foi menor que a do planeta Netuno. Essa aproximação aumentou sua luminosidade em até oito vezes. Recentemente mais dois satélites foram descobertos ao redor de Plutão: são eles Hidra e Nix. Os nomes foram tirados da mitologia: Nix é a deusa da escuridão e mãe de Caronte o barqueiro que conduz as almas pelo rio Archeron. Hidra é o monstro de nove cabeças e por coincidência N e H são as iniciais da Sonda Novos Horizontes. São pequenos, com um tamanho entre 40 a 160 quilômetros e apresentam um brilho cerca de 5000 vezes menor que o de Plutão e Caronte. CERES A partir de agosto de 2006, Ceres passou a ser considerado um planeta anão e deixado de ser classificado como asteroide. Em 01 de Janeiro de 1801, o monge siciliano fundador e diretor do Observatório Astronômico de Palermo, Giuseppe Piazzi (16/07/1746 - 22/07/1826), descobriu Ceres, o qual fora considerado inicialmente um planeta. Com a descoberta de mais objetos naquela região, ele passou a ser considerado um asteroide e a partir de agosto de 2006 ele passou a ser considerado um planeta do 94 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Sistema Solar, o quinto em distância do Sol. Piazzi estava certo da descoberta de um novo planeta, mas no entanto ele o anunciou como sendo um cometa. Mais observações não foram possíveis devido a uma conjunção solar. Mais tarde, com a ajuda do matemático Carl Friedrich Gauss, os cálculos levaram onde estaria o objeto Ceres com a ajuda da lei de Titius-Bode. Novamente localizado e com mais observações, ele foi classificado como um planeta. Nos anos que se seguiram, foram descobertos objetos semelhantes e com características similares. Esses objetos são: Palla em 1802, Juno em 1804 e Vesta em 1807. Até o final do Século XVII, centenas de objetos foram localizados nessa região e então resolveu-se classificá-lo como asteroide. Com as novas descobertas no Século XXI, uma definição do conceito "planeta" foi elaborada e, acabou por considerar Ceres um planeta anão do Sistema Solar. O nome Ceres é referência à filha do deus Saturno com a deusa frígia Cibele. 95 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. III UNIDADE – ATIVIDADES PRÁTICAS Nesta unidade, são sugeridas algumas atividades para verificar os movimentos celestes e terrestres e o movimento dos astros no Sistema Solar – assuntos tratados neste material. 96 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. PLANETÁRIO DE POBRE Objetivo: simular e entender o “movimento da abóbada celeste”. Livro: “O céu” Autor: Rodolpho Caniato Volume: I Edição: 1975 – UNICAMP Atividade experimental disponível no site: ponto ciencia <http://www.pontociencia.org.br/experimentos-interna.php? experimento=248&PLANETARIO+DE+POBRE> Acesso em 15 mai. 2010. Materiais necessários: 1 balão de vidro de fundo esférico (do tipo usado em Química) com tampa. Tripé ou base para o balão Barbante Caneta para retroprojetor ou para quadro branco fita crepe durex água corante (opcional) transferidor PRIMEIRO PASSO: Marcando o Pólo Sul Celeste. No fundo do balão de vidro, marque um ponto com caneta para retroprojetor. Tal ponto representará o Pólo Sul celeste. Para marcar esse ponto, imagine uma linha que sai desse ponto, percorre o interior do balão e passa ao longo do pescoço do gargalo do balão, emergindo no centro da boca do balão. 97 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. SEGUNDO PASSO: Marcando o nível do Equador Celeste. Com o barbante, meça o tamanho da maior circunferência da parte esférica do balão. Dobre o barbante em quatro partes e marque essa distância a partir do Pólo Sul celeste marcado no primeiro passo. TERCEIRO PASSO: Marcando o equador celeste Coloque água no balão de forma que ela atinja o nível da marca feita no segundo passo. Estando o balão com o pescoço verticalmente para baixo (como mostram as fotos). Você pode adicionar um corante na água de modo que a superfície da água se torne mais visível. Ela representará, nesse caso, o plano local de um observador situado sobre a superfície da Terra. A seguir: • passe uma fita crepe um pouco acima do nível da água e outra fita um pouco abaixo. • Com a caneta, você deve colorir a região entre as fitas para obter uma linha mais visível. Por fim, retire as fitas. • Pode-se passar um durex sobre a linha marcada para evitar que ela se apague no contato. QUARTO PASSO: marcando a eclíptica A eclíptica representa o caminho aparente do Sol na abóbada celeste ao longo do ano. Sobre a superfície do balão, a eclíptica aparecerá como um círculo inclinado de 23,5º em relação ao círculo associado ao equador celeste. • Incline o pescoço do balão até a marca de água atingir um ângulo de 23,5º em relação ao equador celeste. • Por fim, marque a eclíptica acompanhando o nível da água usando o mesmo procedimento adotado no passo anterior. • Passe o durex sobre a linha. QUINTO PASSO: Entendendo o planetário. O balão com as marcações efetuadas nos passos anteriores é, basicamente, o nosso planetário. Para utilizá-lo, vamos imaginas que estamos no centro da superfície da água. Esta superfície define, então, o nosso plano local e 98 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. nosso horizonte, enquanto a superfície do balão passa a representar a abóbada celeste ou, simplesmente, o céu. O eixo de rotação terrestre pode ser representado por uma linha que passa pelo pescoço do balão e pelo Sul, marcado. (eixo do mundo – fura os Pólos celestes Norte e Sul). SEXTO PASSO: Marcando estrelas. Faça pontos espalhados pela superfície do balão. Eles representarão as estrelas. SÉTIMO PASSO: posicionamento do planetário. O planetário deve ser posicionado de forma que o Pólo Sul celeste possua inclinação, em relação ao horizonte (nível da água), igual à latitude do local em que nós estamos. (observador). Se você não sabe qual é a latitude de seu plano local, pode consultar o endereço: <http://www.aondefica.com/afguiaaf.asp?s=37> latitude do local Latitude de Toledo 24º 42' 49"S OITAVO PASSO: Movimento diurno aparente das estrelas. Faça pontos pela superfície do balão. Eles representarão algumas estrelas. Gire o balão, segurando-o pelo pescoço, no sentido indicado na foto abaixo. Assim, você estará simulando o movimento diário aparente do céu para um observador que esteja à mesma latitude que você. (caso você tenha marcado o Pólo Norte celeste no fundo do balão, o sentido do giro deve ser inverso). Observe, então que, enquanto o céu gira, as estrelas mantém suas posições umas em relação às outras. Algumas mantém-se por mais tempo acima do horizonte desde o nascer (aparecer no horizonte) até o ocaso (desaparecer no horizonte). • Compare os arcos diários descritos por duas estrelas. Eles são iguais? • Todas as estrelas são visíveis no lugar onde você está? • Existem estrelas que estão sempre visíveis? • Existem estrelas que nunca são visíveis? 99 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Gire o planetário, inicialmente, simule o giro para a latitude onde você se encontra. Observe que o Pólo Sul permanece fixo, para um observador no centro do planetário. Observe as diferentes posições do Sol na eclíptica (linha vermelha) ao longo do ano. Só há um período em que o Sol está realmente a pino, em alguns pontos, correspondendo ao verão no hemisfério sul. FUNCIONAMENTO DO PLANETÁRIO A eclíptica representa o caminho aparente do Sol pela esfera celeste ao longo do ano. Os pontos em que o equador celeste e a eclíptica se encontram representam os equinócios. De um ponto de vista geocêntrico, legítimo para a descrição de alguns movimentos aparentes no céu, podemos dizer que o Sol, ao percorrer a eclíptica, passa do hemisfério sul celeste para o hemisfério norte celeste. O ponto no qual tal passagem acontece é chamado equinócio de outono. Já o ponto diametralmente oposto (Sol passando do hemisfério norte para o hemisfério sul) representa o equinócio de primavera. Observando somente a eclíptica e girando o balão, esfera celeste, podemos ver as diferentes posições relativas do Sol ao longo do ano. Para uma localidade do hemisfério sul, haverá Sol a “pino” em alguns pontos, em uma posição intermediária entre os equinócios de primavera e de outono, que é o período do verão. Nesse referencial, estamos observando o movimento anual do Sol pela esfera celeste. MOVIMENTO DIÁRIO DA ESFERA CELESTE No caso das estrelas marcadas, a simulação é diferente. Estamos observando o movimento DIÁRIO da esfera celeste, ou seja, as diferentes posições em que observamos as estrelas ao longo do dia. Para tanto, devemos simular a rotação aparente da esfera celeste. A rotação da Terra se dá no sentido anti-horário para um observador olhando diretamente para o pólo norte celeste, e no sentido horário para um observador olhando diretamente para o pólo sul celeste. Por isso, vemos a esfera celeste se movimentando no sentido oposto, do leste para oeste. 100 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Assim, se você indicou o pólo sul celeste no fundo do balão, você deve segurá-lo através do pescoço e girá-lo, no sentido de leste para oeste para simular a rotação aparente da esfera celeste. Observamos com isso, que o pólo sul celeste permanece fixo e visível durante todo o dia para as latitudes situadas abaixo da linha do equador. Notamos também que algumas estrelas são visíveis durante toda a noite, outras durante um tempo e outras nunca são visíveis. Tudo isso varia de acordo com a latitude. Você pode observar essas diferenças variando a inclinação do balão, já que assim estará simulando a variação na latitude do observador. A INCLINAÇÃO DO EIXO DE ROTAÇÃO TERRESTRE Representamos a eclíptica como sendo um círculo máximo de 23,5º em relação ao equador celeste. A Terra possui movimento de translação e rotação. A translação é o movimento em sua órbita ao redor do Sol e a rotação é o giro em torna dela própria. Porém, o eixo de rotação mantém uma inclinação, em relação à órbita de translação, de 76,5º. Ou seja, o equador terrestre está inclinado de 23,5º em relação à órbita de translação. Por isso, representamos a eclíptica em nosso “planetário” inclinada de 23,5º em relação ao equador celeste. As imagens da construção do planetário de pobre estão no final do trabalho, no item: ANEXOS. ENAST – ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE ASTRONOMIA RECONHECIMENTO DO CÉU Em novembro de 2009, participamos do ENAST – Encontro Nacional de Ensino de Astronomia, no município de Londrina e tivemos a oportunidade de assistir ao minicurso “Reconhecimento do Céu, com o Professor Doutor Rodolo Langhi, da UNESP. Ele simulou a abóbada celeste do modelo Planetário, com as duas partes arredondadas de duas garrafas PET, que unidas formaram a esfera celeste. 101 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Na falta do balão oval, podemos utilizar o modelo do professor Rodolfo Langhi, conforme imagem abaixo Ilustração 27: Crédito da imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin. 102 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. MODELO PARA O MOVIMENTO ANUAL APARENTE DO SOL A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA GEOCÊNTRICA Fernando Siqueira da Silva39 Francisco Catelli40 Odilon Giovannini41 OBJETIVO Construção de um modelo que permita identificar o movimento aparente do Sol (MAS), bem como estimar o intervalo de tempo em que este fica acima do horizonte (dia claro), em qualquer lugar do planeta e em qualquer época do ano. Esse modelo, além do baixo curso e fácil construção e operação, possibilita uma boa compreensão do Movimento Aparente do Sol. MATERIAL NECESSÁRIO: 2 Cds fora de uso, um espaçador de madeira de mais ou menos 10 centímetros de comprimento, cola quente, alfinetes, faixas previamente impressas nas folhas de transparência para retroprojetor. CONSTRUÇÃO DO MODELO Na construção do modelo, são utilizadas duas faixas, uma com três círculos representando os solstícios e equinócios e outra, onde constam círculos que indicam o movimento do Sol mês a mês. No segundo caso, precisamos saber sob qual ângulo o Sol é visto na data escolhida. Para a latitude de Toledo – Pr, os dados estão na tabela abaixo. Esses valores podem ser obtidos no site: http://www.ancruzeiros.pt/ancastros-sol-dec.html para qualquer latitude local. 39 Programa de Pós Graduação em Educação – Universidade de Caxias do Sul. 40 Programa de Pós Graduação em Educação – Universidade de Caxias do Sul. 41 Universidade de Caxias do Sul – Caxias do Sul - RS 103 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. O ângulo de declinação do Sol em coordenadas astronômicas, independe da posição na qual o observador se encontra sobre a Terra. A validade do modelo estende-se a qualquer ponto da superfície terrestre. A declinação do Sol é o ângulo entre os raios da luz solar e o plano do equador. O Equador da Terra está inclinado cerca de 23º 26' sobre o plano da órbita à volta do Sol. Assim, durante a translação a declinação varia de 23º 26' norte até 23º 26' sul e vice-versa. Como o ângulo entre o eixo de rotação da Terra e o plano da a eclíptica se mantém constante, quando considerado pelo período de um ano, a declinação do Sol varia regularmente ao longo do ano, repetindo o padrão que origina as estações do ano. Pode-se assim considerar que a declinação solar tem um período de um ano, coincidente com o tempo necessário para a terra completar um revolução em torno do Sol. Quando a projeção do eixo da Terra sobre o plano da eclíptica coincide com a linha que liga os centros da Terra e do Sol, o ângulo entre os raios do Sol e o plano do equador é máximo, atingindo atualmente 23° 26'. Isto ocorre duas vezes por ano nos dias solsticiais: a 21 de Dezembro o sol está afastado do Equador 23º 26' para o Sul, incidindo exatamente sobre o Trópico de Capricórnio, dando origem ao solstício de Inverno no hemisfério Norte e ao de Verão no hemisfério Sul. Ao contrário, a 21 de Junho o sol está sobre o Trópico de Câncer, afastado do Equador 23º 26' para o Norte, dando origem ao solstício de Verão hemisfério Norte e ao de Inverno no hemisfério Sul. Mais próximo aos pólos, como consequência dos paralelos dos trópicos, temos os círculos polares árticos e antárticos, nas latitudes a 66º 34' (90º - 23º26'), que delimitam uma região com os pólos, onde por vezes os dias e as noites não têm fim. Durante os solstícios, nessa zona delimitada por um pólo e o círculo do paralelo 66º 34', temos o Sol da meia-noite e um dia 42 com a duração de 24 horas, enquanto no hemisfério oposto dá lugar a 24 horas de escuridão. 42 Um dia: período com luz solar 104 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Tabela1. Valores aproximados da declinação do Sol, no dia 21 de cada mês, para a latitude de Toledo (24°), no dia 21 de cada mês. Data Declinação do sol (graus) 21/12/09 -23,43 21/01/10 -19,76 21/02/10 -10,33 21/03/10 0,48 21/04/10 12,07 21/05/10 20,31 21/06/10 23,43 21/07/10 20,34 21/08/10 11,91 21/09/10 0,47 21/10/10 -10,91 21/11/10 -20,04 21/12/10 -23,43 Com os dados da tabela é possível construir um cilindro para o modelo que permitirá a visualização do movimento aparente do Sol na latitude escolhida, de mês a mês. Ilustração 28: Créditos da imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin. 105 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. 1- Um cilindro com raio de 6,2 cm. O cilindro com esse raio pode ser confeccionado a partir de uma folha de transparência de tamanho A4, e o plano do horizonte pode ser materializado por meio de um CD fora de uso. O cilindro é composto de duas metades, de 2 × 2,63 cm de altura e aproximadamente 22 cm (π × 6,2 cm) de comprimento. 2- Duas faixas são unidas pelas extremidades de modo a formar um cilindro de raio r igual a 6,2 cm, dividido verticalmente em 24 partes (24 horas). Para um raio do cilindro r = 6,2 cm, a distância da linha horizontal central até a primeira linha acima (ou abaixo) da central é de aproximadamente 1,2 cm; Umas das faixas contém um “transferidor”, que permite o ajuste aproximado da latitude desejada. 3- O cilindro é preso por dois alfinetes na base (CD), plano do observador, permitindo que ele seja girado. As linhas horizontais representam o Movimento Aparente do Sol em sucessivos meses do ano. Cada linha horizontal corresponde à posição do Sol num determinado mês do ano. A linha superior corresponde ao dia 21 de dezembro, a seguinte, de cima para baixo a 21 de janeiro, e assim por diante. Chegando à última linha inferior, 21 de junho, retorne à linha imediatamente superior, 21 de julho, depois à seguinte, 21 de agosto, até chegar novamente à linha superior, novamente em 21 de dezembro. Os 12 espaços para as linhas verticais em cada uma das faixas correspondem a doze horas. As faixas da figura abaixo não tem as dimensões para o modelo, mas está em escala. Um arquivo em formato PDF, com as faixas desenhadas nas dimensões sugeridas, para ser impresso numa transparência de tamanho A4, pode ser enviado aos leitores interessados mediante solicitação. 106 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 29: Faixas xerocadas em folha para transparência A4. EXEMPLOS PARA OPERAÇÃO DO MODELO Numa cidade próxima à linha do equador, ou seja, Ф (latitude aproximadamente zero grau) o número de horas de Sol (“dia claro”) é igual ao número de horas de escuridão, em qualquer época do ano. Em outra cidade, com Ф (latitude aproximadamente -30°), 30º S, o período de horas de Sol num dia vai de 14 horas, em 21 de dezembro, até 10 horas, em 21 de junho. Acompanhe as imagens abaixo: 107 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 30: Crédito da imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin. PARA A LATITUDE 30º S, (-30º): No primeiro modelo , o círculo mais à esquerda e o círculo mais à direita representam o Movimento Aparente do Sol, visto por um observador, nas datas dos solstícios, em 21 ou 22 de dezembro e 21 de junho, respectivamente. O círculo central representa o Movimento Aparente do sol nos equinócios (21 de março e 22 ou 23 de de setembro. No segundo modelo, o primeiro círculo da esquerda para a direita, representa o Movimento Aparente do Sol, visto por um observador, no dia 21 de dezembro, (Solstício de Verão no Hemisfério Sul e Solstício de Inverno no Hemisfério Norte). O segundo círculo, representa o movimento um mês depois, 21 de janeiro, o terceiro círculo a 21 de fevereiro, e assim sucessivamente. A parte da faixa que fica acima do CD corresponde ao dia claro, e é possível verificar quantas horas o Sol está acima do horizonte e quantas horas abaixo do horizonte. Girando o cilindro, observamos que a parte do cilindro que está acima do CD, corresponde à trajetória do Sol no céu acima do horizonte, (dia claro). A parte que está abaixo do cilindro, corresponde à noite. Com o modelo, é possível verificarmos que em 21 dezembro, temos o dia mais longo do ano, com o Sol acima do horizonte por 14 horas aproximadamente. 108 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. NO EQUADOR Ilustração 31: Créditos da imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin. Para um observador em algum ponto da linha do equador terrestre, no modelo à esquerda, o primeiro círculo corresponde ao Movimento Aparente do Sol na posição mais à esquerda. O Sol é visto segundo um ângulo de aproximadamente 23º em relação ao plano do equador. O círculo central está contido no plano do equador e o círculo mais à direita representa a trajetória do Sol três meses depois do equinócio, e também é visto segundo um ângulo de aproximadamente 23º à direita em relação ao plano equatorial. A parte da faixa que está acima do CD de qualquer um dos três círculos que compõem o cilindro, corresponde à metade da circunferência completa. Isso significa que no equador em todos os dias do ano, o Sol estará 12 horas acima do horizonte e 12 horas abaixo do horizonte. 109 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. NO PÓLO SUL Ilustração 32: Créditos da imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin. Na figura acima, observamos a representação do Movimento Aparente do Sol, no pólo sul. Nessa região, o Sol fica por aproximadamente seis meses acima do horizonte. Nos equinócios, ele se movimenta tangenciando a linha do horizonte. No pólo norte ocorre o mesmo fenômeno, de maneira inversa: nos seis meses em que o sol aparece acima do horizonte no pólo norte, haverá escuridão 43 no pólo sul. RELÓGIO DE SOL Segundo Canalle, (http://www.oba.org.br/cursos/astronomia/) O professor que constrói um experimento para explicar um fenômeno qualquer aos seus alunos consegue: 1º) ser diferente do outro professor que nada fez; 2º) motivar o aluno a participar de suas explicações; 3º) consolidar o próprio conhecimento 4º) ter melhores condições de fazer o aluno entender o que ele está explicando e 5º) quando o aluno percebe que está entendendo as explicações do professor e que este está preocupado com seus alunos, os mesmos retribuem ao professor, dando-lhe mais atenção, respeito, admiração e carinho. O professor, por sua vez, acaba ficando ainda mais motivado para fazer novos experimentos e com isso ainda mais reconhecimento terá pelo seu trabalho, o qual passará, então, a fazer com muito mais prazer. O professor que sentir este prazer, terá despertado em si o dom da criatividade, porque durante as montagens dos experimentos ele frequentemente terá que testar e improvisar materiais, para compatibilizar custo, rigidez, segurança e desempenho para explicar o fenômeno 43 Sol abaixo do horizonte 110 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. desejado. Depois de alguns experimentos montados e testados junto a seus alunos, ele perceberá que consegue uma das coisas mais fundamentais do ser humano, isto é, ele perceberá que consegue CRIAR. Só a partir deste instante ele poderá fazer seus alunos serem criativos também. O Sol é a estrela da qual depende toda a vida na Terra e ele, felizmente, tem um comportamento extremamente regular em sua aparente trajetória diária no céu. Usaremos esta regularidade para construirmos um relógio de sol. Vamos construir um relógio, cujas horas serão lidas pela sombra de um barbante esticado dentro de uma garrafa PET ao redor da qual estão marcadas as horas. Aparentemente o Sol gira ao redor da Terra e gasta 24 horas para dar uma volta completa. Num círculo temos 360 graus, logo, dividindo 360 graus por 24 horas obtemos 15 graus para cada hora. Ou seja, o Sol “gira” 15 graus em cada hora ao redor da Terra. O relógio será bem simples, pois terá só um ponteiro (o barbante dentro da garrafa) e somente as linhas das horas inteiras, ou seja, ele não vai marcar minutos e segundos. A CONSTRUÇÃO DO RELÓGIO DE SOL USANDO GARRAFA PET. 1. Material: uma garrafa de refrigerante transparente e de paredes retas, barbante, transferidor conforme modelo, papelão. 2. Meça o comprimento da “cintura” da garrafa na parte reta (cilíndrica), fora de curvas). Coloque uma tira de papel (ou de barbante) ao redor dela e depois com a régua meça o comprimento da tira de papel,ou do barbante. Digamos que este comprimento tenha sido de L milímetros. 3. Em seguida vamos fazer o mostrador das horas. Divida o comprimento L por 24 (o dia tem 24 horas), e vamos chamar de H à razão L/24, ou seja, H = L / 24. Numa folha de papel sem linhas, trace 13 linhas (não muito fininhas) paralelas, separadas pela distância H. O comprimento pode ser de 10 ou mais centímetros, pois não importa. Sobre cada reta escreve as horas de 18 horas (à esquerda) até as 6 horas à direita. Veja a ilustração 24. 111 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 33: http://www.cnsg.com.br/novosite/Professores_2009/1_bimestre/fisica/p aulo_cesar/atividades_da_OBA_9serie_ao_2ano/relogio_de_sol.pdf 4. Recorte o papel bem próximo das linhas das 6 e 18 horas e fixe-o com pequenos pedaços de durex sobre a parede da garrafa PET, de forma que as linhas fiquem ao longo do comprimento da garrafa. Veja a ilustração 28. Ilustração 34: http://www.cnsg.com.br/novosite/Professores_2009/1_bimestre/fisica/paulo_cesar/a tividades_da_OBA_9serie_ao_2ano/relogio_de_sol.pdf 5. Com a ponta de uma tesoura de ponta fina, fazendo movimento de rotação num sentido e no outro, faça um furo bem no centro do fundo da garrafa e outro no centro da tampa. Outra opção: segurando com um alicate, ou tesoura de metal ou pano grosso, um prego, aqueça-o numa chama e encoste-o no fundo da garrafa, a qual será furada com extrema facilidade pelo prego quente. 112 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. 6. Em seguida passe um barbante não muito fino pelo fundo da garrafa e pelo furo da tampinha. Dê vários nós, um sobre o outro, na ponta do barbante que está no fundo da garrafa, para que possamos esticar o barbante dentro dela. Amarre a outra ponta na tampinha de forma que o barbante fique esticado dentro da garrafa, sem fazer “barriga” se ela for colocada deitada. Veja a ilustração 28. 7. Descubra a LATITUDE da sua cidade. Você pode conseguir no site de consultas. Ilustração 35: http://www.cnsg.com.br/novosite/Professores_2009/1_bimestre/fisica/ paulo_cesar/atividades_da_OBA_9serie_ao_2ano/relogio_de_sol.pdf 8. Recorte do transferidor (ilustração 30), um triângulo que tenha a abertura exata da LATITUDE da sua cidade (começando pelo zero,) e cole-o sobre um papelão grosso de mesmo tamanho. 9. Recorte um retângulo de papelão com a largura e comprimento similar ao da própria garrafa PET que está usando. Faça um traço no centro do papelão ao longo do seu comprimento, de ambos os lados dele. Cuidadosamente cole o centro deste papelão sobre o primeiro, tal como mostra a figura 31. 10. Coloque a garrafa já montada de forma que a linha das 12 horas fique sobre o traço desenhado no centro do papelão retangular. 11. É preciso orientá-lo para que a sombra do barbante projete sobre as “linhas das horas” a hora solar verdadeira, a qual pode ser bem “próxima” da hora do seu relógio de pulso, dependendo de sua longitude e época do ano. 113 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 36: http://www.cnsg.com.br/novosite/Professores_2009/1_bimestre/fisica/ paulo_cesar/atividades_da_OBA_9serie_ao_2ano/relogio_de_sol.pdf Ilustração 37: http://www.cnsg.com.br/novosite/Professores_2009/1_bimestre/fisi ca/paulo_cesar/atividades_da_OBA_9serie_ao_2ano/relogio_de_s ol.pdf Observação: o relógio de sol só funciona sob o Sol e numa certa direção privilegiada. O relógio de sol tem que ficar com sua base sobre a linha NORTE-SUL. Assim o barbante fica apontando (sua parte mais alta) para o PÓLO CELESTE SUL, se você mora no hemisfério Sul e apontando para o PÓLO CELESTE NORTE, se você mora naquele hemisfério. 114 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DA DIREÇÃO NORTE-SUL • 1º método: É a direção na qual a sombra de um poste, ou a sua própria sombra é a menor do dia. Parece o método mais fácil, mas é o mais impreciso. • 2º método: fique de pé, imóvel, sob o Sol, de manhã, num lugar plano. Peça para seu colega fazer no chão um risco indo do meio dos seus pés até o final da sua sombra. Peça para ele contornar os seus pés com um giz para você saber onde pisar à tarde, pois à tarde você precisa ficar no mesmo lugar até que a sua sombra da tarde fique do mesmo comprimento que a sombra da manhã. A direção Norte-Sul estará exatamente no meio das duas sombras. • 3º método: Fincar uma vareta, ou seu lápis ou pendurar um limão na ponta de um barbante e usar a sombra do barbante, num local plano, sob o Sol. Lá pelas 10 horas faça um círculo no chão, com raio igual à sombra do seu lápis (ou do fio vertical). À tarde coloque o lápis no mesmo lugar e veja quando a sombra fica do mesmo tamanho daquela da manhã, ou seja, ela vai encostarse ao círculo novamente. A direção Norte-Sul é a linha que passa bem no meio das duas sombras. 115 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 38: http://www.cnsg.com.br/novosite/Professores_2009/1_b imestre/fisica/paulo_cesar/atividades_da_OBA_9serie_ ao_2ano/relogio_de_sol.pdf NÃO é recomendado usar a bússola, pois a bússola aponta para o norte magnético, o qual difere do geográfico. CANALLE, João Batista Garcia. Instituto de Física, UFRJ. Disponível em: http://www.oba.org.br> RELÓGIO DE SOL EQUATORIAL No final desta unidade, no anexo, apresentamos outro modelo de Relógio de Sol. Trata-se de um artigo do professor Marcos Calil 44, onde ele traz a história do relógio de sol, “uma breve história do tempo”, e a construção do relógio de sol equatorial. O professor Marcos Calil é responsável pelo site momento astronômico/astronomia, link abaixo: http://www4.climatempo.com.br/ct/astronomia/index/observatorio.html 44 Professor universitário do curso de Matemática e Astronomia pelas faculdades Uninove e Osvaldo Cruz. Apresentador dos programas Momento Astronômico e Observatório da TV climatempo e chefe da Escola Municipal de Astrofísica de São Paulo. 116 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. A construção do relógio de Sol em detalhes, pode ser vista em vídeos apresentados pelo próprio professor Marcos Calil. Acessando os links abaixo, podemos encontrar vários vídeos que podem servir como apoio. Construção do relógio de sol Movimento Aparente do Sol Planetas do Sistema Solar Objetos do Sistema Solar Explorando o Sistema Solar: O SOL PLANISFÉRIO CELESTE ROTATIVO O planisfério é um instrumento portátil, simples para o estudo do céu. Consiste numa base em que as estrelas visíveis de determinada latitude estão marcadas sob uma máscara giratória. É uma esfera celeste planificada que deixa à mostra apenas a parte do céu que é visível ao longo do ano em uma determinada região da Terra. A aparência do céu visível em um determinado lugar depende da hora do dia, da época do ano e da latitude do lugar. Uma carta celeste simples não consegue mostrar, ao mesmo tempo, todas essas combinações, sendo necessárias várias cartas para incluir todas as possibilidades. O planisfério combina em um único dispositivo as cartas celestes de um ano inteiro para uma determinada latitude. Consiste de um mapa do céu inteiro, coberto por uma máscara que deixa à mostra apenas o céu visível de um determinado lugar, em uma determinada hora e época do ano. Girando a cobertura, podemos ver como varia a aparência do céu visível nesse lugar com o passar do tempo. Esse instrumento é de grande utilidade como auxiliar na localização dos astros. Geralmente os planisférios mostram todas as estrelas mais brilhantes do céu; a Lua, o Sol e os planetas não aparecem nele, pois esses astros mudam de posição em relação às estrelas em poucas semanas. Girando a cobertura do planisfério, podemos ver como varia a aparência do céu visível no lugar onde nos encontramos com o passar do tempo. Esse instrumento é de grande utilidade como auxiliar na localização dos astros. Geralmente os planisférios mostram todas as estrelas mais brilhantes do céu; a Lua, o Sol e os planetas não aparecem nele, pois esses astros mudam de posição em relação às estrelas em pouco tempo. Devido ao movimento de rotação da Terra, 117 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. todos os astros que são visíveis em um determinado lugar executam uma volta completa em 24 horas, de forma que as suas alturas 45 e os seus azimutes 46 variam constantemente. Como durante o dia as estrelas são ofuscadas pelo Sol, em uma determinada datas só vemos aquelas estrelas que estão na direção oposta ao Sol e que ficam acima do horizonte durante a noite. À medida que a Terra gira em torno do Sol, muda a posição deste entre as estrelas e, consequentemente, muda a parte do céu que está acima do horizonte durante a noite. A cada dia a Terra se move aproximadamente 1º em sua órbita. Como reflexo disso, o Sol se move 1° por dia em relação às estrelas, no mesmo sentido ao movimento de translação da Terra. Consequentemente, se no inicio da noite observarmos a mesma estrela em meses sucessivos, veremos que a cada dia ela nasce aproximadamente quatro minutos mais cedo que no dia anterior. Em quinze dias ela já fica 15º para oeste em relação ao Sol, o que significa que ela já estará nascendo e se pondo uma hora mais cedo. Devido a isso, o céu visível em uma determinada data à meia-noite, quinze dias mais tarde será visível às 23h, e dali a mais quinze dias às 22h, e assim por diante. No ciclo de um ano as estrelas voltam a ocupar a mesma posição no céu à mesma hora do dia. No link a seguir encontramos dicas de utilização do planisfério feitas pelo professor Jair Barroso. CONSTRUÇÃO DO PLANISFÉRIO CELESTE ROTATIVO Material necessário: • Tesoura • Cola • Cartolina • Barbante • Modelo do planisfério previamente xerocado para a montagem. O arquivo do modelo em pdf pode ser conseguido no endereço: www.pontociencia.org.br. • As partes do planisfério acima estão no mesmo endereço em arquivo pdf. 45 Elevação em relação ao horizonte. 46 Os ângulos em relação à direção Norte-Sul. 118 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 39: http://www.pontociencia.org.br/experimentos-interna.php? experimento=456&PLANISFERIO+CELESTE+ROTATIVO COMO MONTAR O PLANISFÉRIO CELESTE Primeiro passo: Você terá que ter em mãos três figuras que correspondem à montagem do Planisfério Celeste rotativo para o hemisfério Sul, centrado na latitude de Brasília. As três partes do planisfério são: o céu (com as estrelas e constelações), as instruções de manuseio que irão atrás do céu e a máscara com as horas. Segundo passo: Para a montagem, você deverá ter em mãos: Tesoura, cola e cartolina, de qualquer cor, pois ela apenas serve para deixar o planisfério mais firme, pois uma folha de A4 é muito fina e rasgará com mais facilidade; barbante, ou qualquer outro objeto que sirva para unir o céu com a máscara dos dias e das horas, podendo ser um alfinete daqueles que tem a cabeça colorida, uma bailarina daquelas que colocamos em pastas para prender folhas de papel oficio, um palito de dente ou de fósforo. Pense, inove, Use a sua criatividade. Desde que prenda o céu e a máscara das horas. Terceiro passo: Cole o céu na cartolina e corte beirando a borda preta da figura. Quarto passo: Para que o seu planisfério fique mais firme, cole as instruções em outra folha de cartolina e corte, também, na borda preta da figura. Use sempre o mínimo possível de cola, pois ela molha o papel. Coloque somente o mínimo possível e na borda dos 119 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. discos. Agora, usando a cola, una o céu com as instruções de forma que você só tenha apenas um único disco. Quinto passo: Cole a máscara das horas em outro pedaço de cartolina Sexto passo: Corte bem rente a borda preta, MAS CUIDADO! NÃO CORTE AS SETINHAS! ELAS SERÃO AS GUIAS DOS DIAS. Sétimo passo: Após ter cortado em volta da máscara, bem rente à borda preta e sem cortas as setinhas, com a tesoura, faremos um corte na parte branca da máscara de modo que as estrelas “vazem” por este corte. Oitavo passo: Agora, você possui dois discos, um que contém o céu e as instruções (um mesmo disco) e o outro que tem um “vazamento”. Repare que nas duas figuras existe um circulo definindo o centro de cada figura. Nono passo: Repare que nas duas figuras existe um circulo definindo o centro de cada figura. Coloque como apoio, um pedaço de papelão e com um clips, ou qualquer objeto que você prefira, fure as duas figuras bem no centro. Fure uma por vez e não faça um furo muito largo, pois o barbante não pode ficar solto e nem os dois discos que você possui, os dois discos precisam estar bem presos, de forma que você consiga girar a máscara das horas. Décimo passo: Feitos os dois furos, agora, com a ajuda de um palito de dente, ou ate mesmo do próprio clips que você usou para fazer o furinho, passe o barbante pelos dois furos. Décimo primeiro passo: Passado o barbante, faça um nó na frente primeiro. Feito o nó na frente, puxe o barbante e faça o mesmo nó na parte de trás do planisfério, corte o que sobrar do barbante. Com isto está pronto o planisfério. http://www.pontociencias.org.br. 120 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. SOFTWARE STTELARIUM E CELESTIA MOVIMENTO HORIZONTAL DO SOL OBSERVADO AQUI DA TERRA. Através da exploração de softwares livres, como o Stellarium (http://www.stellarium.org/), que simula a observação terrestre dos fenômenos astronômicos e o Celestia (http://shatters.net/celestia/download.html/), que permite a exploração do Universo por meio de vídeos de animação em 3D, podemos contribuir de forma significativa para a melhoria das concepções persistentes entre professores e alunos, de maneira a orientá-los na formação de concepções aceitas pela comunidade cientifica. São softwares livres, podem ser facilmente adquiridos sem custos, pela internet, e instalados nos computadores dos laboratórios de informática das escolas. Para fazer essas fotos utilizei o software Stellarium, sendo possível observar o movimento do Sol no seu nascer durante o ano. É possível mostrar ao aluno de maneira prática o Equinócio de primavera e outono, onde o Sol nasce no Leste, e os dias e as noites tem a mesma duração de tempo, e o Solstício de verão e inverno, onde o Sol nasce ou a NORDESTE quando é inverno, ou a SUDESTE quando é verão, e os dias e as noites tem durações de tempo diferentes. Utilizando o software você pode fotografar um ano qualquer. Faça na sua localidade a marcação dos EQUINÒCIOS, e SOLSTÍCIOS, assim saberá o percurso do Sol. Basta utilizar a tecla “Print Screen SysRq” do seu computador, abrir uma página no paint, ou world e colar. Quando salvar, salvar no formato jpeg. No paint, podemos digitar as datas, local e horário. Ou então utilizar outro recurso que é o gimp, um software muito simples e grátis que você pode baixar no seu computador. 121 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 40: Imagens feitas através do software Sttelarium com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. 122 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 41: Imagens feitas através do software Sttelarium com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. 123 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 42: Imagens feitas através do software Sttelarium com recurso gimp por Vera Lucia Zardo Ansolin. 124 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. VÍDEOS PROPOSTAS DE UTILIZAÇÃO Abaixo, temos uma relação de vídeos disponíveis para o professor complementar o conteúdo trabalhado. Um vídeo pode ser utilizado de várias formas, por exemplo, para introduzir um novo assunto despertando a curiosidade e motivando para novos temas, despertando o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo e do conteúdo. Um vídeo ajuda a mostrar o que se fala sobre o conteúdo, a compor cenários desconhecidos pelos alunos, mostra simulações de movimentos que não podemos ver. Sistema Sol-Terra-Lua http://www.astro.iag.usp.br/~gastao/PlanetasEstrelas/TerraSolLuaPerspPeq.mov A ecliptica e as estações: http://www.youtube.com/watch?v=gsZrTYeW0Tw&feature=related Coordenadas equatoriais absolutas http://www.youtube.com/watch?v=mHpJNtA1ME&annotation_id=annotation_347891&feature=iv Medir as coordenadas horizontais: http://www.youtube.com/watch?v=9L_tO7UPVAw&feature=related A ecliptica http://www.youtube.com/watch?v=9NgMAdyItt8&feature=related Precessão dos equinócios http://www.youtube.com/watch?v=eKf0cUhg1m0&feature=related Eclipses – linha dos nodos: 125 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. http://www.youtube.com/watch?v=NXun86CvNUU&feature=related SÉRIE DO FANTÁSTICO “POEIRA DAS ESTRELAS” Parte 01: http://www.youtube.com/watch?v=aEwmX8yerWQ Portal dia a dia educação: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8439 Parte 02: http://www.youtube.com/watch?v=LkYrmgkJp5c&feature=related Portal dia a dia educação: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8440 Parte 03: http://www.youtube.com/watch?v=ZOyqN-GbjvA&feature=related Portal dia a dia educação: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8441 Parte 04: http://www.youtube.com/watch?v=4ZIYMmJ2ewE&feature=related Portal dia a dia educação: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8442 Parte 05: http://www.youtube.com/watch?v=QRB2eZHzVkM&feature=related Parte 06: http://www.youtube.com/watch?v=s4i-Am7PjiM&feature=related Portal dia a dia educação: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8444 Parte 07: http://www.youtube.com/watch?v=QNMtAjwufkQ&feature=related Parte 08: http://www.youtube.com/watch?v=VmaFkPW1CP8&feature=related Portal dia a dia educação: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8447 Parte 09: http://www.youtube.com/watch?v=4XwLtY-NtRs&feature=related 126 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Portal dia a dia educação: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8444 Parte 10: http://www.youtube.com/watch?v=U6yZTlc-nJQ&feature=related Parte 11: http://www.youtube.com/watch?v=JoPxBqlBPtU&feature=related Portal dia a dia educação: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8449 Parte 12: http://www.youtube.com/watch?v=hw2wUkrMsx4&feature=related Portal dia a dia educação: http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8450 Trecho do filme: Primeiro homem no espaço http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=14150 Trecho do filme: Chegada do homem à Lua http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=14149 Origem do Universo http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=12946 Sol: fonte de energia http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8453 Terra Lua e Marte http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8423 Solstício de Verão http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8411 Calendário Lunar http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8408 127 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Anéis de Saturno http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8406 Pálido ponto azul http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8401 O nosso tamanho real do Universo http://www.diaadia.pr.gov.br/tvpendrive/modules/debaser/singlefile.php?id=8399 128 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. CONSIDERAÇÕES FINAIS Confesso que desenvolver este trabalho foi um desafio, não imaginava quantos obstáculos teria pela frente. Aquilo que me parecia tão complexo foi modificando no decorrer das pesquisas e da participação dos cursos. Fui percebendo a importância das leituras e do interesse do professor em aprimorar seus conhecimentos. Compreendi o verdadeiro sentido quando dizemos que educar é uma troca, com certeza a experiência de cada um é única e devemos respeitá-la como característica da própria personalidade do ser humano. Devemos romper com valores e preconceitos descabidos, respeitando as diversidades e aceitando as nossas limitações e as dos outros, percebendo assim a dinâmica da realidade, superando medos e inseguranças. Posso afirmar com toda certeza que a melhoria do processo educacional depende em grande parte da consciência do professor, sendo um mediador, um provocador de conflitos, estimulando e propiciando aos alunos argumentos para a transmissão e organização dos conteúdos. Sabemos que é grande a responsabilidade que está em nossas mãos, mas acima de tudo esperamos contribuir na formação e no desenvolvimento de uma educação de qualidade como também no exercício consciente da cidadania de nossos alunos. Muitos conteúdos que, conforme as Diretrizes Curriculares de Ciências, devem ser trabalhados nas quatro séries finais do Ensino Fundamental não foram contemplados neste material, por isso, o trabalho continua. Ainda há uma grande caminhada pela frente e o desafio está lançado. A busca pelo conhecimento nessa área deve ser constante, pois a maioria dos professores de Ciências, como eu, não tem em seu currículo escolar de formação inicial o conteúdo ASTRONOMIA. 129 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. REFERÊNCIAS ABDALLA, M. Cristina B. ; NETO, Thyrso Villela. Novas Janelas para o Universo. 1 ª edição. São Paulo. Editora UNESP (SP) Coleção Paradidáticos. 2005 BOCZKO, Roberto. Conceitos de Astronomia. São Paulo. Edgard Blucher. 1984. BRETONES, Paulo Sérgio (DME/UFSCar) –V EREA - Iepê – SP. 21 a 24/04/2010. ___________, Paulo Sérgio. Os segredos do Sistema Solar. Atual Editora, Coleção: Projeto Ciência. ___________, Paulo Sérgio. Os segredos do Universo. Atual Editora, Coleção: Projeto Ciência. CALIL, Marcos; JARDIM Iara. Uma Aventura no Espaço. 1ª Ed. São Paulo.. Cortez Editora, 2009. CANALLE, João Batista Garcia. Observatórios Virtuais - Oficina de Astronomia. 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O Homem sempre teve a necessidade de contar a passagem do tempo, porém a exatidão foi se desenvolvendo ao longo dos séculos. Vamos começar nossa história... pela Pré-história. Você pode imaginar qual foi a primeira percepção de contagem de tempo realizada pelo homem pré-histórico? Uma das hipóteses é que ele primeiramente tenha notado a diferença entre o dia e a noite. É razoável supor que o homem pré-histórico conseguiu diferenciar a alternância de tempo “claro” e “escuro” e até tenha se orientado boa parte de sua vida com esta associação, provenientes da presença ou ausência da nossa estrela, o Sol. E, muito mais do que somente as diferenciações do dia e da noite, existem fortes indícios que no período paleolítico os homens já sabiam que em determinados momentos a temperatura se modificava, influenciando diretamente no comportamento dos animais e das plantas. Eis aí uma forte evidência para percepção das estações do ano. O mais interessante é que cada povo estabeleceu sua forma de contar o tempo de maneiras diferentes. Alguns povos utilizavam a Lua, outros o Sol, e até as próprias estrelas. 137 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Os egípcios, por exemplo, que dependiam em tudo do rio Nilo, utilizavam a estrela Cão Sótis (Sírius, como é conhecida atualmente) para definir a estação das inundações que corresponde, em nosso calendário, ao período de julho a novembro. E assim davam continuidade à contagem do tempo, utilizando as estrelas para definirem suas outras duas estações, sendo elas: a estação da semeadura, que corresponde, em nosso calendário, aos meses de novembro a março; e a estação da colheita, que corresponde, em nosso calendário, aos meses de março a julho. O leitor mais atento irá perceber que esse povo utilizava apenas três estações para marcar o período de um ano. Porém, como o calendário egípcio era mais curto que o solar (aquele em que o dia equivale à 23 horas 56 minutos e 4 segundos), as estações do ano iniciavam-se em diferentes épocas do ano egípcio. Assim, um ano egípcio correspondia a 5 horas 48 minutos e 46 segundos mais curtos que um ano solar. A compensação desse erro era realizada a cada 4 anos, com a inserção de 1 dia no calendário egípcio. O povo babilônico também tinha uma forma bem interessante de contar o tempo. Na região do norte da África, onde atualmente se localiza o Iraque, esse povo tinha a Lua como base de contagem do tempo. O ano era definido como sendo 12 meses lunares e existia também um 13º mês lunar, que era inserido algumas vezes para manter a relação com as estações do ano. Essa necessidade de inserir um décimo terceiro mês explica-se pelo número de lunações, ou seja, o ciclo completo das fases da Lua. Se comparado com um ano solar, que corresponde a 12,368267 lunações, a diferença está justamente nesse ponto, pois uma lunação contém 29,530589 dias e, realizando as contas, em 12 meses lunares teremos cerca de 354 dias, ou, como desejam os matemáticos, precisamente 354,367068 dias. Como podemos perceber, existe uma diferença aproximada de 11 dias a menos se comparado com um ano solar. Assim, em resumo, a cada 3 anos era necessário a inserção do 13º mês e, mesmo assim, ainda existia um erro de 4 dias! Se você pensa que essa forma babilônica de contar o tempo é complicada, imagine que para os antigos gregos a idéia era a mesma, porém como uma pequena diferença: a inserção do 13º mês ficava a mercê da boa vontade da autoridade local. Nem precisa falar o caos que se instalou para esse povo! Somente no século VI a.C. os astrônomos gregos resolveram organizar essa inconstância e, assim, foram necessários cem anos para que a contagem do tempo 138 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. fosse estabelecida mais precisamente. E foi graças ao astrônomo Calipo que, tomando por base um ciclo de 76 anos e 940 lunações, os gregos puderam se “encontrar” no tempo. Os romanos também utilizavam a Lua e o 13º mês para poder contarem o seu tempo. Entretanto, como a intercalação do 13º mês nem sempre era fixa, pois também era realizada pelas autoridades, em 46 a.C. o imperador Júlio César, sob orientação do astrônomo Sosígenes, resolveu inserir 80 dias a mais naquele respectivo ano para poder acertar a relação com o ano solar. Esse ano ficou conhecido como o ano da confusão. Por que será? Passada essa confusão, foi estabelecido o ano bissexto, sendo intercalado um dia a mais a cada 4 anos, onde após três anos com 365 dias cada, seriam inseridos no 4º ano um dia a mais, completando assim, 366 dias. Com esses acertos o calendário romano se aproximava muito do ano solar, sendo que um ano juliano correspondia em média a 365,25 dias, provocando uma pequena diferença de 0,007801 dias. Além dos calendários astronômicos siderais, lunares e solares existe também o calendário lunisolar. O calendário sideral utiliza o retorno periódico de determinadas estrelas ou constelações, como o caso do calendário egípcio. O calendário babilônico é um exemplo da utilização do calendário lunar que adota a Lua para marcar a passagem do tempo. O calendário solar utiliza o Sol como astro único para marcação do tempo, enquanto o calendário lunisolar utiliza não apenas o Sol, mas também a Lua. Neste caso, a lunação determina os meses, enquanto o Sol, o ano. Diversos povos como os Celtas, os Chineses, os Mongóis e os Hindus utilizaram esse tipo de calendário. Assim como todos os calendários utilizados pelos diferentes povos da antiguidade, o calendário lunisolar também não tinha uma precisão desejável, necessitando de alguns ajustes para que ocorresse o encaixe mais próximo do início de cada estação do ano. E OS RELÓGIOS DE SOL? Como a divisão de anos, meses e dias não eram suficientes para muitos povos, séculos antes de Cristo alguns astrônomos ou astrólogos (como eram 139 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. chamados na época), já tinham a idéia de dividir em partes iguais o dia “claro” utilizando o movimento aparente do Sol. Eis aí o relógio de Sol. Por volta dos séculos I e II d.C. o arquiteto romano Vitruvius escreveu na sua obra De Architetura Libri Decem (Os dez livros da Arquitetura) algo interessante sobre os pais dos relógios de Sol. Está escrito no livro IX do capítulo VIII de Vitruvius: “Diz-se que Beroso, o caldeu, teria inventado o hemiciclo cavado a partir de um cubo e cortado segundo a inclinação do pólo. Atribui-se a Aristarco de Samos a invenção do quadrante solar côncavo ou hemisférico, assim como a do quadrante solar plano. Uns afirmam que o astrólogo Eudoxo inventou a aranha; outros que foi Apolônio. A invenção do quadrante lacunar, do qual se tem um exemplar instalado no circo Flamínio, é atribuída a Escopinas de Siracusa. A do quadrante προζ τα ιστορουµενα, a Parmênion; a do quadrante προζ ταν κλιµα, a Teodósio e André; a do pelicano, a Pátrocles; a do quadrante cônico, a Dionisodoro; a da aljava, a Apolônio, bem como outros gêneros elaborados e que muitos outros acima descritos nos legaram, a saber, a aranha cônica, o quadrante lacunar cônico, o antibóreo. Ainda quanto a esse gêneros, muitos deixaram escritos a respeito de como construir relógios viajantes ou portáteis.” Está certo que ainda não sabemos o que significa προζ τα ιστορουµενα (pròs tà historúmena) ou προζ ταν κλιµα (pròs pãn klíma), mas pelo menos sabemos que quadrantes solares serviam para dividir o dia em doze horas iguais e, portanto, serviam como relógios solares. E não apenas isso, mas também os nomes referidos no texto nos indicam que a utilização dos relógios de Sol datam aproximadamente dos anos 355 a.C., uma vez que Eudoxo viveu entre os anos 480 a 355 a.C.. Porém, outros registros indicam que os egípcios já utilizavam um relógio de sombra muito antes de Eudoxo. Entre os anos 1000 a 800 a.C., era muito comum a utilização de uma espécie de relógio solar que tinha como finalidade projetar a sombra do Sol sobre um suporte graduado parecido com uma régua, por isso o nome relógio de sombra. Dessa época até os dias atuais, muitos relógios solares foram inventados, aprimorados, modificados e construídos. Contudo, a grande diferença das antigas construções dos relógios de Sol para as construções atuais é que os astrônomos da época não utilizavam fórmulas matemáticas. 140 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Vamos tomar como referência o exemplo de Vitruvius. No capítulo VII do livro IX, esse arquiteto romano nos ensina a construir um relógio de Sol utilizando apenas régua e compasso, muito diferente dos atuais, onde as construções dos relógios de Sol envolvem bastante trigonometria, equações de elipses e outras contas matemáticas bem profundas. Podemos classificar os relógios de Sol em quatro grandes grupos, sendo eles: I – Esféricos; II – Cônicos; III – Planos; IV – Portáteis. Dentro desses grupos, existem os subgrupos, como, por exemplo, o Relógio de Sol Equatorial, o qual podemos chamar simplesmente de Relógio de Sol de “Disquinho” e também o Relógio de Sol Equatorial Armilar, construído numa garrafa “pet”. As confecções desses relógios podem ser acompanhadas nas próximas páginas. Antes de construir seu relógio é interessante ler com atenção todos os procedimentos, pois existem algumas particularidades que devem ser conferidas. DETERMINAÇÃO DA LINHA MERIDIANA Para a construção de qualquer relógio de Sol, o primeiro passo não é propriamente a confecção do relógio, mas sim a determinação da linha meridiana. É através dessa linha que podemos determinar os pontos cardeais norte e sul, onde o relógio de Sol será direcionado. Há quem deseje utilizar a bússola para encontrar os pontos norte e sul, porém esses diferem dos pontos cardeais norte e sul determinados pelo movimento aparente do Sol. Enquanto a bússola, por definição, direciona para o pólo norte magnético, a linha meridiana direciona para o pólo norte geográfico, resultando numa diferença angular que varia dia após dia e de local para local. Por isso a determinação da linha meridiana e dos pontos cardeais norte e sul devem ser utilizados para direcionar os relógios solares. Parece complicado determinar a linha meridiana, mas não é. Existem várias maneiras de realizar tal determinação, sendo que, neste caso, optaremos pela mais 141 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. simples. Nossa opção será a marcação da menor sombra produzida por uma haste durante o dia. Para construir tal linha iremos precisar apenas de: • uma haste; • um relógio; • um lápis. Para começar, procure um local plano, com chão liso e livre da interferência de sombras produzidas por árvores ou prédios. Encontrado o local ideal, coloque a haste de forma que ela fique perpendicular em relação ao chão, ou seja, 90º em relação ao solo. Uma vez feito isso, acompanhe a sombra ao longo do dia, que é produzida por essa haste chamada de gnômon. Por volta do meio-dia, horário oferecido pelo nosso relógio convencional, você perceberá que o gnômon irá produzir a menor sombra do dia. Mas fique atento, pois esse exato momento que ocorre a menor sombra poderá variar alguns minutos a mais ou alguns minutos a menos se comparado ao meio-dia fornecido pelo relógio convencional. Por isso sempre é bom acompanhar a sombra entre os seguintes horários: 11 horas e 30 minutos até às 12 horas e 30 minutos, apenas por questão de segurança. Uma vez determinada a menor sombra fornecida pelo gnômon, deve-se então marcar com o lápis uma linha no chão partindo do centro do gnômon até a extremidade superior da sombra que o próprio gnômon produziu. Observe na figura 1 a ilustração que se refere a essa marcação: E é justamente através dessa linha traçada no chão que determinamos a Linha Meridiana, ou seja, a linha norte-sul. Para saber em que direção está o sul ou o norte, basta verificar a sombra durante o meio-dia real, nome dado para a menor sombra do dia. Em quase todo o Brasil e nas regiões localizadas no Hemisfério Sul, a sombra do meio-dia real estará direcionada na grande maioria dos dias sobre o eixo Sul. Para esse fenômeno existe exceção. Durante pouquíssimos dias de verão em determinadas regiões do Hemisfério Sul a sombra do meio-dia real poderá ficar direcionada sobre o eixo norte, por isso é aconselhável utilizar uma bússola para localizar o norte e sul magnético e dessa forma encontrar com facilidade sobre a linha meridiana o ponto cardeal sul e norte. É bom lembrar que esses pontos cardeais diferem angularmente 142 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. dos fornecidos pela bússola, mas para essa simples determinação esse simpático aparelho poderá ser usado. Quem reside no Hemisfério Norte irá perceber que a sombra produzida durante o meio-dia real, em grande parte do ano, será invertida. Ou seja, enquanto para o Hemisfério Sul vale a sombra sobre o eixo sul, para o Hemisfério Norte vale sobre o eixo norte e, portanto, a marcação deverá ser tomada como base o eixo norte. Ainda em termos de orientação é possível também utilizar a constelação do Cruzeiro do Sul ou a estrela Polaris, da constelação da Ursa Menor, dependendo da latitude e época do ano que você irá observar. Observe na figura 2 o desenho final da marcação da linha meridiana e seus respectivos pontos cardeais: CONSTRUINDO UM RELÓGIO DE SOL EQUATORIAL Agora que já aprendemos o porquê do direcionamento dos relógios solares, vamos construir um Relógio de Sol Equatorial. Porém, antes de construirmos nosso relógio solar ilustrado na figura 3 é necessário separar alguns materiais. Providencie: - Uma varinha reta como, por exemplo, um cabo de vassoura, uma cartolina, um palito de churrasco ou canudinho, compasso, transferidor, régua, tesoura, lápis, borracha. Agora que você já separou seus materiais vamos começar a construção. CONSTRUINDO AS MARCAÇÕES DAS HORAS Vamos agora construir as marcações das horas do relógio de Sol sobre o disco. Siga os passos com cuidado: 1) Na cartolina, faça um segmento de reta igual a 10 cm; 2) Divida esse segmento em duas partes iguais, ou seja, 5 cm de cada lado; 3) Iremos chamar esse ponto de divisão de ponto O; 4) Agora, com a ponta seca em O, construa uma circunferência de raio igual a 5 cm. Veja na figura 4 como deve ficar: 5) Coloque o transferidor com a origem no ponto O e marque os ângulos 0o, 15o, 30º, 45º, 60º, 75º, 90º, 105º, 120º, 135º, 150º, 165º e 180º; 143 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. 6) Repita todos os itens anteriores, exatamente atrás do mesmo disquinho. Você terá de um lado da cartolina a mesma construção realizada no outro lado. Veja na figura 5 como deverá ficar a sua construção: 7) Na parte frontal, escreva Mostrador Austral e marque as horas iniciando às 6h até às 18h. Para o disco no verso da cartolina escreva Mostrador Boreal e marque as horas iniciando a partir das 18h até às 6h. Veja na figura 6 como deverá ficar sua construção: CONSTRUINDO O PONTEIRO DO RELÓGIO Ao concluirmos a construção do mostrador do nosso relógio iremos começar a construção do ponteiro. 8) Insira o palito de churrasco no centro do mostrador. Para isso, você deverá furar o centro O utilizando uma tesoura. Nesse momento o palito de churrasco será o nosso ponteiro; 9) A distância que o palito de churrasco terá do solo até o disquinho dependerá da latitude. Veja na figura 7 como irá ficar a construção numa visão lateral: 10) Como tal distância entre o mostrador e o solo (d) é uma variável dependente da latitude, fornecemos abaixo a fórmula que deverá ser usada para calcular o valor de d demonstrado na figura 8. Dado que ϕ é a latitude do local, m o raio do mostrador que equivale a 5 cm e d do mostrador até o solo na qual iremos determinar. Visto que temos um triângulo retângulo, da trigonometria temos que: tg ϕ = cateto oposto 5 m 5 ⇒ tg ϕ = ⇒ tg ϕ = ⇒ d = cateto adjacente tg ϕ d d Assim temos a equação 1 definida por: d= 5 tg ϕ Equação 1. Determinação d da distância entre o mostrador e o solo. 144 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. O valor da latitude ϕ da sua cidade pode ser encontrada facilmente na internet. Caso você tenha alguma dificuldade em achá-la fornecemos na tabela 1 valores das latitudes para as 27 capitais do Brasil: Capital Latitude em graus (S) Capital Latitude em graus (S) Acre 9,967 Maranhão 5,550 Alagoas 9,667 Mato Grosso 15,583 Amapá -0,033 Mato Grosso do Sul 20,450 Amazon as 3,113 Minas Gerais 19,917 Rondônia 9,6 Bahia 12,983 Pará 1,450 Roraima 2,666 Ceará 3,717 Paraíba 7,117 Santa Catarina 27,583 15,783 Paraná 25,417 São Paulo 23,533 20,317 Pernambuco 8,050 Sergipe 10,917 16,667 Piauí 5,083 Tocantis 10,421 Distrito Federal Espírito Santo Goiás Capital Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rio Grande do Sul Latitude em graus (S) 22,900 5,783 30,033 Tabela 1. Valores das latitudes. Vamos utilizar o exemplo do Amazonas, cuja latitude é igual a 3,113º (S). Pela equação 1 temos que: d = d= 5 . Se ϕ = 3,113º, então: tg ϕ 5 5 5 = = = 91,93 cm tg ϕ tg 3,113° 0,054 Fica claro que, sendo 92 cm a distância do mostrador até o solo é inviável a construção, pois essa distância é muito grande. Assim, para esse caso e outros onde as latitudes estão compreendidas entre +5º (5º S) a -5º (5º N), não é indicado esse tipo de construção, sendo aconselhável a construção do Relógio de Sol Equatorial Armilar ou chamado também de relógio de garrafa pet tratado mais à frente. Para latitudes compreendidas entre +5º a +10º ou -5º a -10º é indicado diminuir o tamanho do raio do mostrador para 3 cm. E, para as demais latitudes, 145 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. pode-se utilizar o raio igual a 5 cm ou outros valores que julgar interessante, desde que seja possível conceber o tamanho do ponteiro. Apenas por curiosidade, esse tipo de relógio solar não é possível ser utilizado nos pólos ou latitudes próximas. Isso porque, na equação 1 temos o uso da tangente no denominador da fração, e sabemos que quanto mais próximo de 90 o o valor da tangente tende para o infinito e por conseqüência o valor de d tende à zero, impossibilitando a divisão. Quer um exemplo? Imagine uma pessoa localizada numa latitude igual a 89 o. Pela equação 1 temos que: d= 5 5 5 = = = 0,08 cm tg ϕ tg 89° 57,28 Vamos supor agora que uma pessoa está localizada numa latitude igual a 89,99o, veja o resultado que teremos: d= 5 5 5 = = = 0,0008 cm tg ϕ tg 89,99° 5729,57 A distância entre o mostrador e o solo seria menor que um milímetro! Para suprir essa questão, pode-se utilizar um raio muito maior no mostrador, porém sua construção será deveras complicada. POSICIONANDO NOSSO RELÓGIO Para concluirmos nossa atividade devemos orientar nosso Relógio de Sol Equatorial e para isso iremos utilizar a linha meridiana, ou seja, a linha norte-sul. Para a construção do relógio no Hemisfério Sul, o ponteiro deve acompanhar a linha meridiana com sua parte superior apontada para o Pólo Celeste Sul. Confira na figura 9: O inverso ocorrerá para quem reside no Hemisfério Norte, pois o ponteiro na sua parte superior deverá apontar para o Pólo Celeste Norte, além do mostrador que também deverá ser invertido. Observe a figura 10. Um detalhe interessante que devemos observar é quando ocorre o horário de verão. Nesse período, não se esqueça que devemos atrasar uma hora nossa leitura no relógio convencional, pois para o Sol e os relógios solares nada muda. São muitos detalhes, mas todos fáceis de compreender e realizar. 146 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Agora é só construir seu relógio de Sol e bom divertimento! Bons céus, Marcos Calil. Ilustração 43: Créditos: Marcos Calil. Figura 1. Marcação da menor sombra do dia fornecendo a linha meridiana. (figura fora de escala). Figura 2. Linha Meridiana e os pontos cardeais norte e sul. Figura 3. Relógio de Sol Equatorial. Figura 4. Circunferência de centro O. 147 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Figura 5. Desenhos em ambos os lados da folha. Figura 6. Desenhos em ambos os lados da folha para qualquer hemisfério. Figura 7. Ponteiro e mostrador vistos de lado para o Hemisfério Sul. (Para quem reside no Hemisfério Norte basta trocar o lado do mostrador). Figura 8. Incógnita d a ser calculada. Figura 9. Direção posta do Relógio de Sol Equatorial para o Hemisfério Sul. Figura 10. Direção posta do Relógio de Sol Equatorial para o Hemisfério Norte. Figura 11. Relógio de Sol na garrafa pet. Figura 12. Mostrador do Relógio de Sol na garrafa pet para o Hemisfério Sul e Norte. Figura 13. Tampa da garrafa pet. Figura 14. A garrafa pet e o ponteiro barbante. Figura 15. O relógio de Sol de garrafa. Figura 16. A latitude local e a inclinação do relógio de Sol de garrafa. 148 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. ANEXO II - IMAGENS DA CONSTRUÇÃO DO PLANETÁRIO DE POBRE Ilustração 44: Imagens: Vera Lucia Zardo Ansolin. 149 Vera Lucia Zardo Ansolin “O Estudo de Astronomia no Ensino Fundamental”. Ilustração 45: Imagens: Vera Lucia Zardo Ansolin. 150