Aritmética do cérebro - Revista Pesquisa Fapesp

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carta da editora
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Celso Lafer
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vice-Presidente
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Lafer Piva, Herman Jacobus Cornelis Voorwald,
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Martins, José Tadeu Jorge, Luiz Gonzaga Belluzzo,
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Yoshiaki Nakano
Aritmética do cérebro
Mariluce Moura
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Diretor Administrativo
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Coordenador científico
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Diretora de redação
Mariluce Moura
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Editores assistentes Dinorah Ereno,
Isis Nóbile Diniz (Edição on-line)
revisão Márcio Guimarães de Araújo, Margô Negro
editora de arte Laura Daviña
ARTE Ana Paula Campos, Maria Cecilia Felli
fotógrafos Eduardo Cesar, Leo Ramos
Colaboradores Ana Lima, André Serradas (Banco de
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Bitar, Gonçalo Júnior, Gustavo Fioratti, Igor Zolnerkevic, Nana
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e Tecnologia Governo do Estado de São Paulo
R
esta alguma dúvida entre os neurocientistas sobre a real importância
da determinação exata do número
e da distribuição espacial dos neurônios
para o avanço do conhecimento de um dos
mais fascinantes objetos de pesquisa científica em qualquer tempo: o cérebro humano. Quantificar e mapear essas células
certamente pode ajudar a compreender
como o cérebro funciona. Mas parece insuficiente deter-se em tais dados para desvendar o que há de intrigante nesse órgão
que um cientista como António Damásio,
por exemplo, procura apaixonadamente
devassar em seu recente E o cérebro criou
o homem, recorrendo – sem se preocupar
com fronteiras entre disciplinas – a todo o
arsenal de conhecimento disponível que
lhe permita avançar em seu intento.
Nosso editor de ciência, Ricardo Zorzetto, leva isso em conta na reportagem
de capa desta edição. Dá a palavra no
texto a quem adverte sobre quão importantes, talvez mais que os neurônios
em si, são as conexões efetivas que essas células estabelecem, criando redes
que processam a informação de forma
distribuída. E faz isso para contextualizar cientificamente o objeto central da
reportagem de capa desta edição: uma
técnica brasileira que permitiu uma recontagem mais precisa dos neurônios e
de outras células cerebrais humanas e,
em decorrência, uma investida contra
alguns dogmas da neurociência.
A técnica desenvolvida por pesquisadores do Rio de Janeiro, sob a liderança do respeitado neurocientista Roberto
Lent, permitiu a afirmação de que há 86
bilhões de neurônios no cérebro humano,
e não 100 bilhões como se acreditava. E
que eles estão acompanhados por 85 bilhões das chamadas células da glia, em vez
de 1 trilhão delas como alardeado antes.
Para facilitar o trabalho, os pesquisadores
desenvolveram inclusive uma máquina, o
fracionador celular automático, cujo modo
de funcionamento constitui sem dúvida
um belo achado, mesmo que descrito em
detalhes possa embrulhar estômagos mais
sensíveis. Vale a pena se inteirar desse lado quantitativo dos avanços no estudo do
cérebro a partir da página 18.
Vou me permitir aqui exercitar uma certa liberdade do gosto pessoal, ao requisitar
atenção especial do leitor para dois textos
que não estão entre os destaques da capa
e, portanto, não são os mais importantes
desta edição. São, no entanto, saborosos,
interessantes, e conto com a cumplicidade do leitor para entender a minha escolha. O primeiro é a pequena entrevista de
Rajendra Pachauri, presidente há 10 anos
do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), concedida a nosso
editor especial Carlos Fioravanti. Entre
muitas outras batalhas que vem enfrentando no cargo, Pachauri fala sobre a mais
recente, a da comunicação. Sua pretensão é
fazer com que os resultados do painel cheguem a públicos mais largos que os círculos
científicos, razão por que contratou como
coordenador de comunicação, em 1º de
dezembro passado, o jornalista Jonathan
Lynn. Mais detalhes, a partir da página
24. O segundo texto é uma reportagem do
jornalista Salvador Nogueira sobre recentes achados a respeito da chamada deriva
continental, a movimentação dos grandes
blocos de rocha que formam os continentes, que reforçam a hipótese de que foi por
pouco que o atual nordeste brasileiro não
se tornou parte do atual território africano. “O Carnaval de Salvador teria de ser
brincado do outro lado do oceano”, brinca um dos autores do estudo com espírito
pré-carnavalesco. Boa leitura!
PESQUISA FAPESP 192 | 7
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