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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DEAg – DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS
CURSO DE AGRONOMIA
ALMIR GRUTZMANN VORPAGEL
INOCULAÇÃO DE AZOSPIRILLUM, ISOLADO E ASSOCIADO A
BIOESTIMULANTE, EM MILHO, NO NOROESTE DO RS.
Ijuí - RS
Julho - 2010
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ALMIR GRUTZMANN VORPAGEL
INOCULAÇÃO DE AZOSPIRILLUM, ISOLADO E ASSOCIADO A
BIOESTIMULANTE, EM MILHO, NO NOROESTE DO RS.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como um dos requisitos para a obtenção do título
de Engenheiro Agrônomo, Curso de Agronomia
do Departamento de Estudos Agrários da
Universidade Regional do Noroeste do Estado do
Rio Grande do Sul - UNIJUÍ.
Orientadora: Profa Dra Sandra Beatriz Vicenci Fernandes
Ijuí
Estado do Rio Grande do Sul - Brasil
Julho - 2010
TERMO DE APROVAÇÃO
ALMIR GRUTZMANN VORPAGEL
INOCULAÇÃO DE AZOSPIRILLUM, ISOLADO E ASSOCIADO A
BIOESTIMULANTE, EM MILHO, NO NOROESTE DO RS.
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Agronomia da Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, defendido perante a banca abaixo subscrita.
Ijuí (RS), 27 de julho de 2010.
______________________________________________
Profa Dra Sandra Beatriz Vicenci Fernandes
DEAg/UNIJUÍ - Orientadora
______________________________________________
Profa Dra Leonir Terezinha Uhde
DEAg/UNIJUÍ
3
DEDICATÓRIA
Dedico esta conquista a toda a minha família, que
sempre esteve ao meu lado me incentivando e apoiando
para que eu pudesse concluir este curso superior.
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AGRADECIMENTOS
A Deus.
Aos meus pais e demais familiares, pelo incentivo e apoio incondicional.
Ao Departamento de Estudos Agrários (DEAg), professores e funcionários, pelo
apoio, amizade e pelos valiosos ensinamentos prestados durante a jornada acadêmica.
A professora Dra Sandra Beatriz Vicenci Fernandes pelo valioso e imprescindível
acompanhamento e pela orientação dada neste trabalho de conclusão de curso.
A empresa Stoller do Brasil Ltda., na pessoa de Lucas Roel Almeida, pela
disponibilização dos produtos e auxilio prestado.
Aos valiosos colegas de curso, em especial ao Adriano José Weber, Tiago José
Jezewski, Eduardo Fronza, Fabiano Martins e demais, que de alguma ou outra forma
auxiliaram na condução do experimento, pelo apoio e auxilio prestado na realização deste
trabalho de pesquisa.
Ao professor Dr. José Antonio González da Silva pela realização da análise
estatística.
Aos funcionários do Instituto Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR),
principalmente ao César Sartori, pelo auxilio prestado, o que possibilitou a boa condução do
trabalho a campo.
A todos os colegas de curso pelos bons momentos vividos, pela grande amizade
compartilhada e pelo apoio dado durante esta jornada acadêmica.
5
INOCULAÇÃO DE AZOSPIRILLUM, ISOLADO E ASSOCIADO A
BIOESTIMULANTE, EM MILHO, NO NOROESTE DO RS.
Aluno: Almir Grutzmann Vorpagel
Orientadora: Profa Dra Sandra Beatriz Vicenci Fernandes
RESUMO
O milho (Zea mays L.) é considerado mundialmente um dos cereais mais importantes
devido ao seu elevado potencial produtivo, composição química e valor nutritivo porém, para
se obter altos rendimentos a cultura exige o investimento de capital e tecnologia. Nos moldes
atuais da agricultura, é inevitável não pensar em processos mais ecológicos, econômicos e
eficientes de fertilização, voltados para o uso responsável dos recursos naturais. Neste sentido,
o presente trabalho teve por objetivo avaliar em condições de campo no noroeste do RS, a
eficiência da inoculação do produto comercial Masterfix Gramíneas® a base de Azospirillum
brasilense, separado e associado ao uso do bioestimulante Stimulate® (0,009% de Cinetina,
0,005% de Ácido Giberélico e 0,005% de Ácido Indolbutírico), com diferentes níveis de
adubação nitrogenada, na cultura do milho. O experimento foi conduzido no Instituto
Regional de Desenvolvimento Rural (IRDeR), situado no município de Augusto Pestana-RS,
empregando delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições. Os tratamentos
consistiram de ausência de inoculação, inoculação com Azospirillum e inoculação com
Azospirillum associado à aplicação de bioestimulante via tratamento de sementes, com três
doses de nitrogênio em cobertura (50%, 70% e 100% da dose recomendada). A inoculação
com Azospirillum e o uso de bioestimulante em milho não promoveram efeitos significativos
no rendimento de grãos, bem como não influenciaram na massa de mil grãos, massa de grãos
da espiga, número de fileiras por espiga e número de grãos por fileira. O uso da dose completa
de nitrogênio em cobertura propiciou maior rendimento de grãos, por meio de aumento na
massa média de grãos. Os tratamentos com 50% e 70% da dose de nitrogênio recomendada
não diferiram estatisticamente quanto ao rendimento final de grãos.
Palavras Chave: Azospirillum, bioestimulante, milho, nitrogênio, rendimento de grãos.
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Resultados e interpretação da análise de solo. IRDeR, Augusto Pestana – RS, 2009
..................................................................................................................................................29
Tabela 2: Resumo da análise de variância para distintos caracteres de interesse agronômico
em milho. IRDeR/Augusto Pestana-RS, 2010..........................................................................33
Tabela 3: Teste de comparação de médias entre tratamentos, para os caracteres rendimento de
grãos a campo (RGC), número de plantas por parcela (NPP), número de espigas por planta
(NEP), número de fileiras por espiga (NFE), número de grãos por fileira (NGF), massa de
grãos da espiga (MGE), massa de mil grãos (MMG), diâmetro de sabugo (DS) e massa de
sabugo (MS). IRDeR, Augusto Pestana – RS, 2010.................................................................34
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Rendimento de grãos de milho a campo com o uso de Azospirillum (Az), associado
ou não a bioestimulante (St) e com distintas doses de N (%N). IRDeR – Augusto Pestana –
RS, 2010....................................................................................................................................35
Figura 2: Rendimento médio de grãos de milho, em função da inoculação com Azospirillum
(Az) associado ou não a bioestimulante (St). IRDeR – Augusto Pestana – RS, 2010..............37
Figura 3: Massa média de mil grãos de milho, em função das distintas doses de N. IRDeR –
Augusto Pestana – RS, 2010.....................................................................................................39
Figura 4: Massa média de grãos por espiga de milho, em função das distintas doses de N
(%N). IRDeR – Augusto Pestana – RS, 2010...........................................................................40
Figura 5: Número de plantas por parcela em função dos distintos tratamentos em milho.
IRDeR – Augusto Pestana – RS, 2010.....................................................................................41
Figura 6: Número de espigas por parcela em função dos distintos tratamentos em milho.
IRDeR – Augusto Pestana – RS, 2010......................................................................................42
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LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS
Apêndice A: Croqui do experimento com seus devidos tratamentos.......................................51
Apêndice B: Fotos da implantação do experimento e estádios iniciais de desenvolvimento da
cultura. IRDeR, Augusto Pestana – RS.....................................................................................52
Apêndice C: Fotos do experimento após ocorrência de granizo e no período final de
desenvolvimento vegetativo da cultura. IRDeR, Augusto Pestana – RS..................................53
Anexo A: Dados de precipitação pluviométrica (mm) referente ao período de Outubro de
2009 a Março de 2010. IRDeR, Augusto Pestana – RS............................................................54
Anexo B: Dados de temperaturas máximas e mínimas (°C) referentes ao período de Outubro
de 2009 a Março de 2010. IRDeR, Augusto Pestana – RS.......................................................55
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................10
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................0
1.1 A CULTURA DO MILHO .............................................................................................13
1.2 CARACTERÍSTICAS E ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA
DO MILHO .............................................................................................................................15
1.3 COMPONENTES DO RENDIMENTO........................................................................16
1.4 FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO..............................................................17
1.5 BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS - AZOSPIRILLUM ................................................20
1.6 BIOESTIMULANTE ......................................................................................................24
1.6.1 Auxinas ..........................................................................................................................25
1.6.2 Giberelinas ....................................................................................................................26
1.6.3 Citocininas.....................................................................................................................26
2 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................0
2.1 LOCAL, CLIMA E SOLO ..............................................................................................28
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO EXPERIMENTO ...............................................................28
2.2.1 Caracterização do híbrido utilizado ............................................................................28
2.2.2 Análise de solo................................................................................................................29
2.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS .....................................29
2.4 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO ..............................................................................30
2.5 VARIÁVEIS MENSURADAS ........................................................................................31
2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..............................................................................................32
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................................0
CONCLUSÕES.......................................................................................................................44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................45
APÊNDICES E ANEXOS......................................................................................................50
10
INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) é uma das culturas mais antigas do mundo, sendo atualmente
amplamente cultivado, desempenhando também um papel fundamental no sistema de
produção alimentar brasileiro. O elevado potencial produtivo, composição química e valor
nutritivo fazem com que esse cereal seja considerado mundialmente como um dos mais
importantes e devido a sua versatilidade de uso, é utilizado tanto na indústria, como na
alimentação humana e animal.
Há uma grande diversidade nas condições de cultivo do milho no Brasil. Observa-se
uma grande parcela de pequenos produtores com agricultura tipicamente de subsistência, sem
utilização de insumos modernos, cuja produção é voltada para consumo na propriedade e
eventual excedente comercializado, e uma pequena parcela de grandes produtores com alto
índice de produtividade, empregando maior área, mais capital e mais tecnologia na produção
de milho, alcançando produtividades equivalentes às obtidas em países de agricultura mais
avançada.
O uso de tecnologia na produção de milho inclui entre outros, a melhoria na
qualidade dos solos por meio de um adequado manejo com o uso da rotação de culturas, o
plantio direto e o manejo da fertilidade, através da correção do solo e adubação equilibrada
com macro e micronutrientes, utilizando fertilizantes químicos e/ou orgânicos. A extração de
nutrientes do solo, pela planta de milho aumenta linearmente com o aumento da
produtividade, sendo que as maiores exigências da cultura referem-se ao nitrogênio (N) e
potássio (K), seguidos do cálcio, magnésio e fósforo.
O nitrogênio é o nutriente mais requerido pelo milho, o que mais limita a
produtividade e também o que mais onera a cultura. As recomendações atuais para a adubação
nitrogenada em cobertura são realizadas com base em curvas de resposta, histórico da área e
produtividade esperada.
11
Tomando-se como base a área cultivada com milho no Brasil, superior a 14 milhões
de hectares considerando-se duas safras ao ano, e um consumo médio de 50 kg ha-1 de
nitrogênio, têm-se um consumo médio anual de 700 mil toneladas de nitrogênio.
O nitrogênio é o elemento mais abundante na atmosfera, porém numa forma
indisponível às plantas, devido à grande estabilidade da molécula, o que torna necessária sua
adição ao solo pelo uso de fertilizantes. Além disso, é um dos elementos mais frequentemente
associado com o manejo inadequado e poluição ambiental.
A preocupação crescente da sociedade com a preservação e a conservação ambiental
tem resultado na busca pelo setor produtivo de tecnologias para a implantação de sistemas de
produção agrícola com enfoques ecológicos, rentáveis e socialmente justos, com uso
responsável dos recursos naturais. Na década de 70 foram ampliadas as pesquisas na área de
fixação biológica de nitrogênio, sendo que culminou com a descoberta de novas espécies de
bactérias associadas às gramíneas tanto na rizosfera, como no interior das plantas.
As bactérias fixadoras de nitrogênio, a partir da enzima nitrogenase, catalisam a
reação e fazem com que o processo de fixação biológica de N ocorra com gastos bem
menores de energia, quando comparado à produção artificial de N. Assim, pode-se diminuir
substancialmente o uso deste elemento na sua forma industrial e, consequentemente, reduzir
os custos totais da lavoura e o consumo de energias não renováveis.
Dentre os diversos grupos de bactérias estudadas, o Azospirillum, que é uma bactéria
endofítica, tem se destacado na fixação biológica de nitrogênio. Além disso, apresenta
antagonismo a agentes patogênicos e associa-se com diversas gramíneas (milho, trigo, sorgo,
arroz, e outras) e com não-gramíneas, produzindo fito-hormônios.
A inoculação com Azospirillum modifica a morfologia do sistema radicular pela
produção de substâncias promotoras de crescimento, aumentando não apenas o número de
radicelas, mas também o diâmetro das raízes laterais e adventícias, ampliando assim o volume
de solo explorado e promovendo consequentemente ganhos em rendimento.
Com ação similar aos hormônios vegetais, a aplicação de promotores de
crescimento/bioestimulantes, que são compostos orgânicos, naturais ou sintéticos, provoca
alterações nos processos vitais e estruturais com a finalidade de incrementar a produção,
melhorar a qualidade e facilitar a colheita, mesmo sob condições ambientais adversas. Essas
substâncias podem ser aplicadas diretamente nas plantas (folhas, frutos, sementes),
Em busca de uma agricultura sustentável é inevitável não pensar em processos mais
ecológicos, econômicos e eficientes de fertilização. Assim, o emprego de bactérias fixadoras
de nitrogênio e de promotores de crescimento como técnica agronômica para se incrementar a
12
produção nas diversas culturas tem tido grande destaque nos últimos anos. Em função de
muitos resultados positivos divulgados pela pesquisa, algumas empresas de biotecnologia
estão investindo no desenvolvimento de formulações de inoculantes para gramíneas, em
especial para o milho e para o trigo.
Sabe-se que já há registro no mercado e já estão sendo utilizados, principalmente na
região centro-oeste e recentemente no RS, produtos comerciais à base de Azospirillum spp e
de promotores de crescimento.
Este trabalho objetivou avaliar o efeito do uso de Azospirillum (Masterfix
Gramíneas®), separado e associado ao uso do bioestimulante Stimulate® (0,009% de
Cinetina, 0,005% de Ácido Giberélico e 0,005% de Ácido Indolbutírico) com diferentes doses
de N na cultura do milho, em condições de campo no noroeste do estado do Rio Grande do
Sul.
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1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1 A CULTURA DO MILHO
O milho pertence à classe Liliopsida, família Poaceae, gênero Zea, sendo classificado
cientificamente como Zea mays L. Os primeiros registros do cultivo do milho datam de 7.300
anos atrás, e foram encontrados em pequenas ilhas próximas ao litoral do México. Seu nome,
de origem indígena caribenha, significa "sustento da vida". Foi a alimentação básica de várias
civilizações importantes ao longo dos séculos, sendo que os Olmecas, Maias, Astecas e Incas
reverenciavam o cereal na arte e religião (MILHO, 2009).
A domesticação ocorreu a partir de um ancestral selvagem, o teosinte. Com as
grandes navegações do século XVI e o início do processo de colonização da América, a
cultura do milho se expandiu para outras partes do mundo. Hoje é cultivado e consumido em
todos os continentes e sua produção só perde para a do trigo e do arroz (MILHO, 2009).
O milho tem um alto potencial produtivo e é bastante responsivo à tecnologia, sendo
também a espécie vegetal mais utilizada em pesquisas genéticas. É um dos principais casos de
sucesso da chamada revolução verde (MILHO, 2009). Além disso, é uma planta C4, sendo
extremamente eficiente na conversão de CO2, apresentando altas taxas de fotossíntese líquida,
mesmo em elevados níveis de luz (ALVES, 2007).
As cultivares de milho são classificadas como híbridos simples, simples modificado,
duplo, triplo, ou cultivares de polinização aberta (variedades). As cultivares de híbridos
simples tem como vantagens maior uniformidade e potencial produtivo, além da maior
uniformidade de plantas e espiga, porém a semente tem o custo mais elevado. Segundo
Embrapa (2009), predominam no mercado brasileiro o uso de híbridos simples.
Considerando o cultivo do milho, sabe-se que o rendimento é o resultado do
potencial genético da semente, das condições edafoclimáticas, do local de semeadura e do
manejo adotado na lavoura (BÁRBARO et al., 2008). A produtividade média mundial de
milho tem aumentado de ano para ano, desde a introdução dos híbridos por volta da década de
30. Nos EUA, os ganhos de produtividade de milho foram proporcionais ao aumento do uso
de fertilizantes minerais nitrogenados (CARDWELL1, 1982, apud BARROS NETO, 2008).
O milho é uma planta de origem tropical, que exige durante o seu ciclo vegetativo
temperatura, luminosidade e umidade para se desenvolver e produzir satisfatóriamente. Para
1
CARDWELL, V.B. Fifty years if Minnesota corn production: sources of yeld increase. Agronomy Journal,
Madison, v.74, n.6, p. 984-990, nov./dec. 1982.
14
uma plena produtividade, há a necessidade de precipitação em torno de 350-500 mm no
verão, sendo que na fase entre espigamento-maturação o gasto hídrico pode alcançar de 5,07,5 mm diários. A quantidade de água disponível para a cultura encontra-se na dependência
da profundidade explorada pelas raízes, da capacidade de armazenamento de água no solo e
da densidade radicular da planta (FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).
A formação de grãos na cultura do milho está estreitamente relacionada com a
translocação de açúcares e de N de órgãos vegetativos, sobretudo das folhas para os grãos.
Desta forma, o rendimento de grãos está diretamente relacionado com a área foliar
fotossinteticamente ativa da planta. Folhas com adequados teores de N têm maior capacidade
de assimilar CO2 e sintetizar carboidratos durante a fotossíntese, resultando em maior
acúmulo de massa seca, possibilitando maior rendimento de grãos (BARROS NETO, 2008).
No Brasil, rendimentos elevados tem sido obtidos com a utilização de 55.000 a
72.000 pl. ha-1, adotando-se espaçamentos variáveis de 55 a 80 cm e densidade de 3-5 pl. m-1
linear, devidamente arranjadas de forma a diminuir a competição entre plantas (FANCELLI &
DOURADO NETO, 2000). De maneira geral, os maiores acréscimos na produtividade de
milho estão associados ao incremento na quantidade de fertilizantes aplicados, e na busca por
maiores eficiências de utilização das novas tecnologias.
O milho constitui um dos principais insumos para o segmento produtivo, sendo
utilizado com destaque no arraçoamento de animais, em especial na suinocultura, na
avicultura e na bovinocultura de leite, tanto na forma “in natura”, como na forma de farelo, de
rações ou de silagem. Na alimentação humana, o milho é comumente empregado na forma “in
natura”, como milho verde, e na forma de subprodutos, como pão, farinha, massas
(CANTARELLA, 1993) e atualmente na produção de etanol (ALVES, 2007). Na cadeia
produtiva de suínos e aves são consumidos aproximadamente 70% do milho produzido no
mundo e entre 70 e 80% do milho produzido no Brasil.
O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho, com uma produção de 58,7
milhões de toneladas em uma área de 14,7 milhões de hectares. Na safra 2008/09, o
rendimento médio brasileiro foi de 3.637 kg ha-1 e o rendimento médio da região Centro-Sul,
onde se concentra quase 90% do milho produzido no país, atingiu 4.685 kg ha-1 (CONAB,
2009).
O rendimento de uma lavoura de milho é o resultado do potencial genético da
semente e das condições edafoclimáticas do local de plantio, além do manejo da lavoura
(EMBRAPA, 2009). Produtores que adotam um bom nível tecnológico obtém 8 t ha-1 ou
15
mais, havendo registros de produções superiores a 16 t ha-1 em área não irrigada
(CANTARELLA, 1993).
A produção de milho, no Brasil tem-se caracterizado pela divisão da produção em
duas épocas de semeadura. As semeaduras de verão ou primeira safra são realizadas na época
tradicional, durante o período chuvoso, que varia entre fins de agosto na região Sul, até os
meses de outubro e novembro no Sudeste e Centro-Oeste. Mais recentemente tem aumentado
a produção obtida na safrinha ou segunda safra. A safrinha refere-se ao milho de sequeiro,
semeado extemporaneamente, em fevereiro ou março, quase sempre depois da soja precoce,
predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná e São Paulo.
As principais épocas de plantio são diferentes para cada região. A época de plantio
da região Sul antecede a da região Sudeste, que consequentemente antecede a da região
Centro-Oeste. O mesmo ocorre ao se comparar a época do plantio da região Centro-Oeste
com as épocas das regiões Nordeste e Norte do Brasil (EMBRAPA, 2009).
Do total de milho produzido no Brasil, a Região Sul participa com 47,90%, a Sudeste
com 25,65%, a Centro-Oeste com 13,67%, a Nordeste com 9,65%, e a Norte com 3,13%
(EMBRAPA, 2009).
Dentre os sistemas de cultivo, o sistema de plantio direto (SPD) se consolidou como
uma tecnologia conservacionista largamente aceita entre os agricultores, estando este
fundamentado na mobilização mínima do solo, na manutenção de palhada sobre o solo, no
controle químico de plantas daninhas e na necessidade de sucessão e de rotação de culturas
(EMBRAPA, 2009), onde o milho entra como uma ótima opção de cultivo.
1.2 CARACTERÍSTICAS E ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA
DO MILHO
Nas condições brasileiras, a cultura do milho apresenta ciclo variável entre 110 e 180
dias da semeadura a colheita, em função da caracterização dos genótipos em superprecoce,
pecoce e tardio (FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).
De acordo com Resende et al. (2003), a identificação utilizada para definir o padrão
de desenvolvimento da planta em estádios é: vegetativo (V) e reprodutivo (R). Os estádios
vegetativos e reprodutivos podem ser subdivididos em:
16
VE - Emergência
V1 - Uma folha desenvolvida
V2 - Duas folhas desenvolvidas
V3 - Três folhas desenvolvidas
V4 - Quatro folhas desenvolvidas
Vn - n folhas desenvolvidas
VT - Pendoamento
R1 - Embonecamento e Polinização
R2 - Grão Bolha d'água
R3 - Grão Leitoso
R4 - Grão Pastoso
R5 - Formação de dente
R6 - Maturidade Fisiológica
Durante a fase vegetativa, cada estádio é definido de acordo com a formação visível do
colar na inserção da bainha da folha com o colmo. Assim, a primeira folha de cima para
baixo, com o colar visível, é considerada completamente desenvolvida (RESENDE et al.,
2003).
1.3 COMPONENTES DO RENDIMENTO
A produtividade de grãos de milho é determinada pela densidade de plantas,
prolificidade ou número de espigas por planta, número médio de fileiras de grãos por espiga,
número médio de grãos por fileira e massa média do grão. A densidade de plantas deve ser
estabelecida de acordo com as características morfofisiológicas dos genótipos, época de
semeadura e nível de manejo adotado na lavoura. Os componentes de rendimento do milho
são definidos durante o desenvolvimento da planta (HANWAY2, 1966; NEL & SMITH3,
1978, apud BALBINOT JR. et al., 2005).
O número de espigas por planta é definido quando as plantas apresentam cerca de
cinco folhas expandidas. O número de fileiras por espiga é definido quando a planta apresenta
de oito a doze folhas expandidas (aproximadamente um mês após a emergência da plântula).
2
HANWAY, J.J. Growth stages of corn (Zea mays L.). Agronomy Journal, Madison, v.55, n.5, p.487-492,
1966.
3
NEL, P.C.; SMITH, N.S.H. Growth and development stages in the growing maize plant. Farming in South
Africa, p.1-7, 1978.
17
O número de grãos por fileira é afetado pelo tamanho da espiga, o qual é definido a partir das
doze folhas até a fecundação. Em adição, a massa do grão é definida a partir da fecundação
até a maturação fisiológica (BALBINOT JR. et al., 2005).
A produtividade do milho é o resultado de vários fatores integrados, sendo que a
massa de grãos e o número de grãos por planta e por unidade de área são os componentes
mais importantes na predição do rendimento da cultura. A obtenção de maior número de grãos
posssível é função da população e do número de espigas por planta (prolificidade) e por área
(FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).
1.4 FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO
O nitrogênio (N) é um dos principais componentes das biomoléculas, estando
presente na estrutura de ácidos nucléicos, aminoácidos, proteínas, entre outros, sendo
essencial ao crescimento e desenvolvimento dos organismos. Em condições naturais, o N
entra no sistema através da fixação biológica e/ou pela decomposição de resíduos de animais
e vegetais. Do N contido no solo, cerca de 90% está presente na matéria orgânica numa forma
estável, porém não disponível para as plantas. Este se torna disponível lentamente e em
quantidades insuficientes para satisfazer as exigências das plantas de milho em crescimento
(BARROS NETO, 2008), tornando necessária sua adição ao solo pelo uso de fertilizantes.
O nitrogênio molecular (N2) é a forma mais abundante deste elemento na Terra e
constitui 78 % da atmosfera terrestre. No entanto, os dois átomos de nitrogênio encontram-se
unidos de maneira muito estável por uma tripla ligação, sendo que para que ocorra a reação
básica de transformação do N atmosférico em amônia (N2 + 3H2 = 2NH3), é necessário o
fornecimento de temperatura e pressão muito elevadas (fixação industrial) ou a presença de
um sistema enzimático apropriado (fixação biológica). A fixação industrial do N2, chamada
de processo Harber-Bosch, utiliza temperatura em torno de 400-600 °C e pressões em torno
de 100-200 atm, sendo dispendiosa do ponto de vista energético (ALVES, 2007).
A uréia pode ser considerada como um dos mais importantes fertilizantes
nitrogenados devido à alta concentração de N (45%) e custo relativamente baixo. Porém, é
uma fonte susceptível a perdas por volatilização de amônia.
Nos países de clima tropical, principalmente, a agricultura é mais dependente do
emprego de fertilizantes nitrogenados, pois devido às altas temperaturas, à grande quantidade
de chuvas e à rápida decomposição da matéria orgânica, cerca de 50% dos adubos
nitrogenados aplicados ao solo são perdidos via volatização, erosão, lixiviação, desnitrificação
18
e pela imobilização microbiana. A contaminação dos mananciais com resíduos de NO3- e
NH4+ tem causado sérias preocupações uma vez que, em excesso, essas formas de nitrogênio
podem causar danos à saúde dos homens e dos animais.
A fixação biológica de nitrogênio consiste na redução do dinitrogênio atmosférico
(N2) a amônio (NH3+) pelas bactérias diazotróficas. Esta reação ocorre no ambiente natural,
com temperatura ambiente, através das bactérias fixadoras de nitrogênio, que com a presença
da enzima nitrogenase, catalizam a reação e fazem com que o processo ocorra a níveis bem
menores de energia. A bactéria consome energia da planta (açúcares), mas esta é compensada
pelo aporte de N fornecido ao sistema. A fixação biológica de nitrogênio pode ser considerada
o segundo processo biológico mais importante do planeta, depois da fotossíntese (ALVES,
2007).
Este processo é de grande importância econômica, pois o nitrogênio é um dos fatores
limitantes para o desenvolvimento da maioria das plantas de interesse comercial, e a fixação
biológica acaba por tornar o sistema agrícola mais sustentável e produtivo.
Todos os organismos fixadores de nitrogênio, chamados de organismos
diazotróficos, são procariotos e utilizam para a fixação a enzima conhecida como nitrogenase.
Essa enzima é sensível ao oxigênio, que pode destruí-la irreversivelmente. A reação de
fixação biológica de N2 é endergônica, isto é, a amônia é mais rica em energia que o
nitrogênio atmosférico, e para que a reação ocorra é necessário fornecimento de energia na
forma de ATP. A FBN não é um processo realizado constantemente pelos organismos
fixadores, mas ocorre apenas quando for insuficiente a concentração de nitrogênio fixado,
devido ao alto gasto de energia para FBN, e quando a concentração de O2 for baixa, pois este
pode inativar a nitrogenase (HOFFMANN, 2007).
Nos últimos 20 anos foram feitas descobertas sobre o potencial das bactérias
diazotróficas microaeróbias, do gênero Azospirillum, fixadoras de nitrogênio atmosférico,
quando em vida livre. Quando associadas à rizosfera das plantas, podem contribuir com a
nutrição nitrogenada dessas plantas (BÁRBARO et al., 2008).
Plantas dependentes da fixação biológica de N2 geralmente possuem maior demanda
de fósforo do que as plantas que recebem fertilizante nitrogenado, pois existe um aumento no
consumo de ATP para o funcionamento da nitrogenase, além do necessário para transdução
19
de sinais entre a planta e os microrganismos (GRAHAM & VANCE4, 2000, apud SALA et
al., 2007).
O grande interesse na fixação biológica em gramíneas é devido à maior facilidade de
aproveitamento de água das mesmas em relação às leguminosas e pela maior efetividade
fotossintética. As gramíneas apresentam um sistema radicular fasciculado, tendo vantagens
sobre o sistema pivotante das leguminosas para extrair água e nutrientes do solo. Por serem as
gramíneas largamente utilizadas como alimento pelo homem, mesmo que apenas uma parte
do N pudesse ser fornecida pela associação com bactérias fixadoras, a economia em adubos
nitrogenados seria igual ou superior àquela verificada com as leguminosas que podem ser
auto-suficientes em nitrogênio (DÕBEREINER5, 1992, apud CAMPOS et al., 2000).
A fixação biológica de nitrogênio em culturas é de grande interesse tendo em vista os
benefícios econômicos e ambientais dessa técnica. Sabe-se, por exemplo, que o nitrogênio é o
nutriente mais requerido, o que mais limita a produtividade de milho e também o que mais
onera a cultura (CASTELLEN, 2005). Assim sendo, o manejo correto dessa possível
associação Azospirillum spp - Milho poderá resultar em incrementos de produtividade e em
diminuição dos custos de produção, principalmente na aquisição de fertilizantes nitrogenados.
Dentre os nutrientes aplicados, o nitrogênio é o que mais onera o custo da adubação,
chegando a representar cerca de 40% do custo total de produção da cultura do milho. O milho
é uma cultura que remove grandes quantidades de nitrogênio e por isso requer o uso de
adubação nitrogenada intensiva, sendo recomendado o seu parcelamento, quando se deseja
produtividades elevadas, com maior eficiência de utilização do adubo. Por estas razões, a
fixação biológica de N aparece como uma alternativa de relevante importância no suprimento
de nitrogênio necessário à cultura do milho. Assim, as pesquisas sobre a associação de
bactérias diazotróficas com gramíneas têm avançado no caminho de um maior conhecimento
das interações entre o genótipo da planta e a seletividade da população microbiana do sistema
solo/planta (BARROS NETO, 2008).
Existem também evidências de que a FBN possa auxiliar no sequestro de carbono,
tendo impacto positivo na mitigação do aquecimento global. Em situações onde o balanço de
N é positivo, a formação e a manutenção da matéria orgânica são estimuladas, levando a
incorporação de carbono ao solo e diminuindo seu retorno para a atmosfera. Estudos indicam
4
GRAHAM, P.H.; VANCE C.P. Nitrogen fixation in perspective: an overview of research and extension needs.
Field Crops Research, v.65, 2000.
5
DÕBEREINER, J. Fixação de nitrogénio em associação com gramíneas. In.: CARDOSO, E.J.B.N., TSAI,
S.M., NEVES, M.C.P. Microbiologia do solo. Campinas : SBCS, 1992.
20
que a fixação biológica de 90 milhões de toneladas de N2 é equivalente ao sequestro adicional
de 770 a 990 milhões de toneladas de carbono por ano (JUNIOR & MENDES, 2008).
A exploração e a utilização da FBN em sistemas agrícolas visando à substituição ou,
ao menos, a complementação do N fornecido por meio de fertilizantes industriais é uma
estratégia interessante. O investimento na pesquisa e difusão da FBN, através de estudos
multidisciplinares e integrados em áreas como microbiologia, ciência do solo, melhoramento
de plantas, manejo de culturas, etc., pode trazer um grande benefício para o planeta,
aumentando a produção de alimentos, reduzindo o uso de combustíveis fósseis e freando a
contaminação dos recursos hídricos e da atmosfera (JUNIOR & MENDES, 2008).
1.5 BACTÉRIAS DIAZOTRÓFICAS - AZOSPIRILLUM
As bactérias do gênero Azospirillum são microrganismos diazotróficos, aeróbicos,
capazes de se associar endofiticamente a plantas de interesse agrícola como milho, arroz, trigo
e sorgo (DÖBEREINER & DAY6, 1976; DÖBEREINER7, 1991; PEDROSA8, 1988, apud
CASTELLEN, 2005). A denominação de “bactéria endofítica”, comumente empregada, vem
do fato de serem capazes de viver no interior da planta sem que, no entanto, induzam a uma
resposta de defesa à sua presença (PETRINI9, 1991, apud SALA et al., 2007).
Bactérias diazotróficas endofíticas em gramíneas possuem penetração passiva na
planta, acessando o seu interior através de ferimentos, de sítios de emergência de raízes, coifa
e estômatos nas folhas, espalhando-se pelos tecidos radiculares via apoplasto, colonizando os
espaços intercelulares das células da hipoderme, córtex radicular e parede do aerênquima
(OLIVARES et al.10, 1996, OLIVARES et al.11, 1997; JAMES et al.12, 1994; JAMES &
OLIVARES13 , 1998, apud PERIN et al., 2003).
6
DÖBEREINER, J.; DAY, J. M. Associative symbioses in tropical grasses characterization of microorganisms
and dinitrogen-fixing sites. In NEWTON, W. E. & NYMAN, C. J. eds. Proc. of the 1st. Intl. Symp. Nitrogen
Fixation. v.2. Pullman, Washington Univ. Press. p.518-38, 1996.
7
DÖBEREINER, J. The genera Azospirillum and Herbaspirillum. In BALLOWS, A., TRUPPER, H.G.,
DWORKING, M., HARDER, W. The Prokaryotes. 2.ed. vol III., p.2236-3353, Springer-Verlag, 1991.
8
PEDROSA, F. O. Physiology, biochemistry and genetics of Azospirillum and other rootassociated nitrogenfixing bacteria CRC Critical Reviews in Plant Sciences. Boca Raton, v. 6, p. 345-383, 1988.
9
PETRINI, O. Fungal endophytes of tree leaves. In: ANDREWS J. and HIRANO S. (Eds). Microbial ecology
of leaves. New york: Springer Verlag, 1991, p. 179-197.
10
OLIVARES, F. L.; REIS Jr., F. B. dos; REIS, V. M.; BALDANI, V. L. D.; BALDANI, J. I. &
DOBEREINER, J. Infection of sugarcane roots by the endophytic diazotrophs Herbaspirillum seropedicae and
H. rubrisubalbicans. International Symposium on Sustainable Agriculture for the Tropics: the Role of Biological
Nitrogen Fixation, Programme and Abstracts. Angra do Reis, p. 65-66, 1996.
11
OLIVARES, F. L.; JAMES, E. K.; BALDANI, J. I. & DOBEREINER, J. Infection of mottled stripe disease
susceptible and resistant varieties of sugar cane by endophytic diazotroph Herbaspirillum spp., New Phytology,
Oxford, v. 135, p. 723-737, 1997.
21
A bactéria Azospirillum, além de diazotrófica, produz substâncias promotoras de
crescimento como ácido indol-acético (AIA), giberelinas e citocininas, atuando na morfologia
e fisiologia das raízes das plantas com as quais se associa, promovendo aumento do peso
radicular, resultando numa maior superfície específica, auxiliando na melhor exploração do
solo e na captação de água e nutrientes (PERIN et al., 2003).
Assim sendo, bactérias diazotróficas associadas a plantas não leguminosas poderiam
ser classificadas como bactérias promotoras de crescimento de plantas (BPCPs), uma vez que
são capazes de promover benefícios às plantas, não exclusivamente pela FBN. Ao lado da
FBN, o efeito de estimulação do crescimento pela bactéria no desenvolvimento das raízes, nos
primeiros estádios de crescimento da planta, pode ser responsável pelo impacto positivo da
inoculação (SALA et al., 2007).
As pesquisas realizadas sugerem que a inoculação, portanto, não substitui o adubo
nitrogenado, porém, promove a melhor absorção e utilização do N disponível (SAUBIDET et
al.14, 2002, apud SALA et al., 2007)
Em condições de campo, principalmente quando a bactéria é introduzida com a
inoculação, a multiplicação e o estabelecimento na rizosfera são fatores importantes para
obtenção dos benefícios propiciados por bactérias diazotróficas associadas a plantas não
leguminosas, uma vez que precisam competir com os microrganismos nativos já existentes no
solo. As bactérias diazotróficas endofíticas são favorecidas porque o interior da planta
representa um hábitat mais protegido de outros microrganismos, além do maior acesso aos
nutrientes disponibilizados pelas plantas (SALA et al., 2007).
Segundo Didonet et al.15 (1996, apud BÁRBARO et al., 2008), são muitas as
evidências de que a inoculação das sementes de milho com Azospirillum brasilense seja
responsável pelo aumento da taxa de acúmulo de matéria seca, principalmente na presença de
elevadas doses de nitrogênio, o que parece estar relacionado com o aumento da atividade das
enzimas fotossintéticas e de assimilação de nitrogênio.
12
JAMES, E. K.; REIS, V. M.; OLIVARES, F. L.; BALDANI, J. I. & DOBEREINER, J. Infection and
colonization of sugar cane by the nitrogen-fixing bacterium Acetobacter diazotrophicus. Journal of Experimental
Botany, Oxford, v. 45, p. 757-766, 1994.
13
JAMES, E. K. & OLIVARES, F. L. Infection and colonization of sugar cane and other graminaceous plants by
endophytic diazotrophs. Critical Review in Plant Science, Boca Raton, v. 17, p. 77-119, 1998.
14
SAUBIDET, M.I.; FATTA, N.; BARNEIX. The effect of inoculation with Azospirillum brasiliense on growth
and nitrogen utilization by wheat plants. Plant and Soil, v.245, p.215-222, 2002.
15
DIDONET, A.D.; RODRIGUES, O; KENNER, M.H. Acúmulo de nitrogênio e de massa seca em plantas de
trigo inoculadas com Azospirillum brasiliense. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.16, n.9, p.645-651,
1996.
22
Baseando-se em dados acumulados durante 22 anos de pesquisa com experimentos
de inoculação a campo (OKON & VANDERLEYDEN16, 1997, apud BÁRBARO et al.,
2008), concluíram que o gênero Azospirillum spp. promove ganhos de rendimento em
importantes culturas nas mais variadas condições de clima e solo. O ganho com Azospirillum
spp. não se restringe apenas ao suprimento de N pela fixação biológica do nitrogênio (FBN),
mas também no aumento da superfície de absorção das raízes da planta e, consequentemente,
no aumento do volume de solo explorado. Tal constatação é justificada pelo fato de a
inoculação modificar a morfologia do sistema radicular, aumentando não apenas o número de
radicelas, mas também, o diâmetro das raízes laterais e adventícias. Pelo menos parte, ou
talvez muitos desses efeitos do Azospirillum spp. nas plantas, possa ser atribuído à produção,
pela bactéria, de substâncias promotoras de crescimento, entre elas auxinas, giberilinas e
citocininas, e não somente a FBN.
Barros Neto (2008), utilizando Azospirillum brasiliense em um experimento com
milho, num talhão comercial de uma fazenda situada no estado do Paraná, obteve aumento no
rendimento de grãos de 9021 kg ha-1 para 9814 kg ha-1, ou seja, produtividade média
estatisticamente 9% superior a testemunha não inoculada.
Em outro experimento conduzido no estado do Paraná, Cavallet et al. (2000), com
inoculação do produto comercial a base de Azospirillum spp., obtiveram aumento
estatisticamente significativo na produtividade de grãos de milho, de 5211 kg ha-1 para 6067
kg ha-1, ou seja, aumento médio de 17%. Além disso, obtiveram aumento significativo no
comprimento médio das espigas de milho, de 13,6 para 14,4 cm, ou seja, aumento médio de
6%, porém a inoculação não teve efeito sobre a altura de plantas nem sobre o número de
fileiras de grão por espiga.
Entretanto, Campos et al. (2000), avaliando o mesmo produto comercial a base de
Azospirillum spp., com dois experimentos conduzidos em condições de campo no município
de Cruz Alta no RS, não encontraram diferenças estatísticas para número de plantas, número
de espigas, estatura de plantas e rendimento de grãos.
Sala et al. (2007), afirmam que existem relatos de respostas positivas à inoculação de
vários gêneros e espécies de bactérias endofíticas, como também ausência de resposta da
planta à inoculação e até mesmo de efeitos negativos, dependendo da espécie vegetal, do
genótipo, das condições nutricionais, assim como de fatores abióticos do meio ambiente.
16
OKON, Y.; VANDERLEYDEN, J. Root-associated Azospirillum species can stimulate plants. Applied and
Environmental Microbiology, New York, v.63, n.7, p.366-370, 1997.
23
Existe o consenso de que o genótipo da planta é um fator chave para obtenção dos benefícios
propiciados por bactérias diazotróficas endofíticas.
Howell & Okon17 (1987, apud FREITAS, 2007) relataram grande variabilidade entre
experimentos em estudos utilizando isolados de Azospirillum e de Azotobacter para verificar
se tais gêneros bacterianos exerciam benefício pela fixação de nitrogênio ou por outra forma.
De qualquer maneira, consideraram que para Azotobacter as respostas eram mais consistentes
que para Azospirillum.
Segundo Antoun et al.18 (1998, apud FREITAS, 2007), a variabilidade dos resultados
é um dos maiores problemas associados a experimentos de inoculação de rizobactérias
promotoras de crescimento das plantas e é devida, provavelmente, à complexidade das
interações envolvidas na rizosfera entre a planta, a bactéria introduzida e o resto da microbiota
rizosférica, neutra ou deletéria.
O melhoramento genético é geralmente conduzido com a aplicação de quantidades
elevadas de N, podendo levar à seleção de genótipos que apresentem consumo de luxo de N
ou requeiram elevadas doses deste nutriente para expressarem seu potencial produtivo. Por
outro lado, os baixos níveis de N podem contribuir naturalmente para a seleção de genótipos
eficientes na fixação biológica do nitrogênio, o que pode representar diminuição na
necessidade de fertilização nitrogenada (BODDEY et al.19, 1995 apud ROESCH et al., 2005).
Este fato possibilitou no Brasil, que tradicionalmente aplica baixos níveis de
nitrogênio ha-1, a seleção natural ou o melhoramento de diversos genótipos com maiores
capacidades de se associarem com bactérias fixadoras de nitrogênio. Um exemplo disto é a
cana de açucar, que mesmo com aplicações mínimas de fertilizante nitrogenado, mantém sua
nutrição nitrogenada sem esgotamento do solo (ALVES, 2007).
Uma colonização efetiva vai depender de aspectos como escolha da estirpe, estado
fisiológico da planta e da bactéria, genótipo da planta, aspectos físico-químicos do solo,
competição com outros microorganismos, veículo de inoculação entre outros. O genótipo de
cultivares de milho influencia na colonização da planta pelas bactérias, provavelmente devido
17
HOWELL, C. R. & OKON, Y. Recent results of greenhouse and field trials on bacterialinduced plant growth
promotion with no obvious symptoms of plant disease In: FIRST INTERNATIONAL WORKSHOP ON
PLANT GROWTH-PROMOTING RHIZOBACTERIA, 1., 1987, Orillia. Proceedings of the First
International Workshop on Plant Growth-Promoting Rhizobacteria. Orillia: Kloepper, J., 1987. p. 29-33.
18
ANTOUN, H.; BEAUCHAMP, C. J.; GOUSSARD, N.; CHABOT, R. & LALANDE, R. Potential of
Rhizobium and Bradyrhizobium species as plant growth promoting rhizobacteria on nonlegumes: Effect on
radishes (Raphanus sativus L.). Plant and Soil, v. 204, p. 57-67, 1998.
19
BODDEY, R.M. et al. Biological nitrogen fixation associated with sugarcane and rice: contributions and
prospects for improvement. Plant and Soil, v.174, p.195-209, 1995.
24
à composição química dos exsudados liberados pelo sistema radicular do milho, que podem
ou não servir como fonte de carbono para as bactérias inoculadas (QUADROS, 2009).
Segundo Quadros (2009), a inoculação de Azospirillum na presença de pequenas
doses de fertilizantes nitrogenados tem mostrado maior eficiência para o sistema
planta/bactéria do que quando comparado ao uso isolado da bactéria. A adição de nitrogênio
ao milho tem um efeito direto sobre a exsudação radicular, aumentando o fornecimento de
fontes de carbono às bactérias, estimulando desta forma sua colonização e contribuindo com a
efetivação da inoculação.
1.6 BIOESTIMULANTE
O emprego de bioestimulantes como técnica agronômica para se otimizar a
produtividade de diversas culturas, tem crescido nos últimos anos. Os hormônios contidos nos
bioestimulantes são moléculas sinalizadoras, naturalmente presentes nas plantas em
concentrações basicamente pequenas, sendo responsáveis por efeitos marcantes no
desenvolvimento vegetal (TAIZ e ZEIGER, 2004).
Os órgãos vegetais de uma planta são alterados morfologicamente pela aplicação de
bioestimulantes, de modo que o crescimento e o desenvolvimento das plantas são promovidos
ou inibidos, influenciando ou modificando os processos fisiológicos de modo a controlar a
atividade meristemática. Os reguladores de crescimento, responsáveis por efeitos diversos nas
plantas, fazem parte do grupo de substâncias vegetais denominada de hormônios vegetais.
Os hormônios vegetais são agrupados em cinco classes principais: auxinas (ácido
indol acético, AIB, ANA), giberelinas, citocininas, etileno e ácido abscísico (ABA). Estes
hormônios são produzidos em um sítio da planta e translocados para outros sítios para alterar
o crescimento e desenvolvimento. O hormônio natural e outros materiais são essencialmente
“mensageiros químicos”, que exercem influência sobre o desenvolvimento de diversos órgãos
da planta (HALLMANN et al.20, 1988, apud GUERREIRO, 2008).
O efeito fisiológico no vegetal, causado por certo fitohormônio, depende da
associação de três fatores primários: concentração do hormônio no sítio de atuação,
sensibilidade das células ou tecidos e presença de outros hormônios vegetais. Da associação
20
HALLMANN, J. et al. Similarities and differences in the mode-of-action of two rhizosphere bacteria
antagonistic to Globodera pallida on potato. Biological Control of Fungal and Bacterial Plant Pathogens. IOBC
Bulletin, v. 21, n. 9, p. 41-43. 1988.
25
destes fatores complexos é que resulta a resposta fisiológica a um fitohormônio (HALL et
al.21, 1996, apud GUERREIRO, 2008).
O Stimulate®22 é um estimulante vegetal, contendo reguladores vegetais e traços de
sais minerais quelatizados. Seus reguladores vegetais constituintes são ácido índolbutírico
(auxina) 0,005%, cinetina (citocinina) 0,009% e ácido giberélíco (giberelina) 0,005%. Esse
produto químico incrementa o crescimento e o desenvolvimento vegetal estimulando a divisão
celular, a diferenciação e o alongamento das células, também aumenta a absorção e a
utilização dos nutrientes e é especialmente eficiente quando aplicado com fertilizantes
foliares, sendo também compatível com defensivos (CASTRO et al., 1998).
Dourado Neto et al. (2004), testando o uso deste bioestimulante na cultura do milho,
obtiveram aumento significativo no rendimento de grãos quando o produto foi aplicado via
tratamento de sementes, na dose de 1,5 litros do produto comercial para 100 kg de sementes.
As variáveis diâmetro de colmo e número de grãos por fileira da espiga também foram
afetadas positivamente pela aplicação do bioestimulante.
Entretanto,
Ferreira
et
al.
(2007),
com
o
uso
associado
de
dois
bioestimulantes/promotores de crescimento via tratamento de sementes em pré-semeadura no
milho, observaram um maior desenvolvimento da cultura e consequentemente maior altura de
inserção das espigas porém, para os parâmetros estande final de plantas, número de espigas e
produtividade não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos avaliados.
1.6.1 Auxinas
Conforme Taiz & Zieger (2004), a auxina foi o primeiro hormônio vegetal
descoberto (1927), sendo necessário para a viabilidade das plantas. É sintetizada no ápice
caulinar e posteriormente é transportada em direção aos tecidos localizados abaixo do ápice,
sendo necessária para o alongamento contínuo dessas células. Ela promove o crescimento por
alongamento, via aumento na capacidade de extensão da parede celular. A aspersão da planta
com auxina exógena resulta em um modesto e breve estímulo no crescimento de caules jovens
e coleóptilos. Baixos niveis de auxina são também necessários para o alongamento da raiz,
sendo que altas concentrações podem inibir o crescimento desse órgão.
Além de suas funções no crescimento e nos tropismos, a auxina participa na
regulação da dominância apical, da iniciação das raízes laterais, da abscisão foliar, da
21
HALL, J. A. et al. Root elongation in various agronomic crops by the plant growth promoting rhizobacterium
Pseudomonas putida GR 12-2. Israel Journal Plant Science, v. 44, p. 37-42, 1996.
22
Fabricado pela empresa Stoller do Brasil Ltda.
26
diferenciação vascular, da formação de gemas florais e do desenvolvimento do fruto. As
aplicações comerciais de auxina incluem compostos para enraizamento e herbicidas. O milho
e as demais monocotiledôneas podem rapidamente inativar auxinas sintéticas por conjugação,
o que permite seu uso como herbicida. O 2,4-D e o Dicamba são herbicidas a base de auxina,
para o controle de dicotiledôneas invasoras, mais amplamente utilizados (TAIZ & ZIEGER,
2004).
1.6.2 Giberelinas
As giberelinas são um segundo grupo de hormônios descobertos na década de 1950.
É caracterizada como um grande grupo de compostos relacionados (mais de 125), muitos dos
quais biologicamente inativos, definidos mais por sua estrutura química do que por sua
atividade biológica (TAIZ & ZIEGER 2004).
São frequentemente associadas à promoção do crescimento do caule, e a sua
aplicação às plantas intactas pode induzir a aumentos significativos nas suas alturas,
principalmente nas plantas anãs e nas plantas da família poaceae. Além disso, controlam
vários aspectos da germinação de sementes, incluindo a quebra de dormência e a mobilização
das reservas do endosperma. Pode afetar a transição do estado juvenil para o maduro, bem
como a indução da floração, a determinação do sexo e o estabelecimento do fruto. O
transporte da giberelina na planta é de natureza não polar, ocorrendo na maioria dos tecidos,
incluindo xilema e floema (TAIZ & ZIEGER, 2004).
Um hormônio pode influenciar a biossíntese de outro, sendo que a giberelina pode
induzir a síntese de auxina e vice-versa. Os fatores ambientais tais como fotoperíodo e
temperatura, podem alterar os níveis de giberelinas ativas nas plantas.
Os principais usos comerciais da giberelina, quando aplicadas por aspersão ou
imersão, incluem o controle do cultivo de frutas (aumento no comprimento do pedúnculo de
uvas sem sementes), a maltagem da cevada e o aumento da produção de açúcar em cana-deaçúcar. Em algumas plantas a redução na altura pode ser desejável, sendo que pode ser obtido
por meio do uso de inibidores da síntese de giberelinas (TAIZ & ZIEGER, 2004).
1.6.3 Citocininas
Segundo Taiz & Zieger (2004), as citocininas são consideradas como fatores da
divisão celular em muitas células vegetais, quando cultivadas em meio de cultura que
27
contenha uma auxina. São sintetizadas nas raízes, em embriões em desenvolvimento, folhas
jovens, frutos e nos tecidos da galha da coroa. Também podem ser sintetizadas por bactérias,
insetos e nematóides associados às plantas.
As citocininas participam na regulação de muitos processos do vegetal, incluindo a
divisão celular, senescência foliar, mobilização de nutrientes, dominância apical, formação e
atividade dos meristemas apicais, desenvolvimento floral, germinação de sementes e a quebra
da dormência de gemas. Parecem mediar também muitos aspectos do desenvolvimento
regulado pela luz, incluindo a diferenciação dos cloroplastos, o desenvolvimento do
metabolismo autotrófico e a expansão de folhas e cotilédones. A razão entre auxina e
citocinina determina a divisão celular e a diferenciação em raiz ou gema de tecidos vegetais
cultivados, sendo que uma alta relação auxina:citocinina estimula a formação de raízes (TAIZ
& ZIEGER, 2004).
28
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 LOCAL, CLIMA E SOLO
O experimento foi conduzido a campo no Instituto Regional de Desenvolvimento
Rural (IRDeR), pertencente ao Departamento de Estudos Agrários (DEAg) da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), no ano agrícola de 20092010. O IRDeR está localizado no município de Augusto Pestana (RS), sendo sua localização
geográfica de 28° 26’ 30 26” de latitude Sul e 54° 00' 58' 31 de longitude W apresentando
altitude aproximada de 400 metros.
O clima da região, segundo a classificação de Köppen é cfa, ou seja, um clima
subtropical úmido, com verão quente sem estiagem típica e prolongada, com uma média anual
de precipitação pluviométrica equivalente a 1600 mm.
O solo pertence à unidade de mapeamento Santo Ângelo e é classificado como um
Latossolo Vermelho distroférico típico originário do basalto da formação da Serra Geral,
caracteriza-se por apresentar perfil profundo de coloração vermelha escura, textura argilosa
com predominância de argilominerais 1:1 e óxi-hidróxidos de ferro e alumínio.
2.2 CARACTERIZAÇÃO DO EXPERIMENTO
2.2.1 Caracterização do híbrido utilizado
Na execução do experimento foi utilizado o híbrido comercial P30F53 desenvolvido
pela Pioneer Sementes pertencente à empresa DuPont, sendo este híbrido recomendado para a
região sul do Brasil. A seguir, as principais características agronômicas do híbrido utilizado,
conforme dados da Embrapa Milho e Sorgo:
Híbrido: P 30F53
Tipo: Híbrido Simples
Ciclo: Precoce
Graus Dias: 130
Época de Semeadura: Normal
Uso: Grãos
Cor do Grão: Alaranjado
Densidade (mil pl ha-1): 55 – 72
29
Textura do Grão: Semi-duro
Resistência ao Acamamento: Baixa
Altura da Espiga (m): 1,10 a 1,20
Altura da Planta (m): 2,60 a 2,80
2.2.2 Análise de solo
Após a definição da área em que foi implantado o experimento, procedeu-se a coleta
de uma amostra de solo, levando em consideração as recomendações de coleta de 15 sub
amostras para obtenção de uma amostra composta, a fim de se ter uma boa representatividade
das condições de fertilidade da lavoura.
A área possui sistema de plantio direto consolidado. A cultura antecessora foi aveia
preta, sendo a mesma utilizada para fenação.
Tabela 1. Resultados e interpretação da análise de solo. IRDeR, Augusto Pestana – RS, 2009
Prof.
(cm)
Argila
(%)
pH
Índice
SMP
Fósforo
(mg/dm3)
Potássio
(mg/dm3)
M.O.
(%)
Alumínio
(cmolc/dm3)
0-10
-
56
Classe 2
6,2
Médio
6,1
-
46,2
M. Alto
215
M. Alto
2,6
Médio
00
-
CTCefetiva
Sat. CTCpH 7,0
por bases
Cálcio
Magnésio H+Al
CTCpH 7,0
--------------------(cmolc/dm3)---------------------7,2
2,2
3,9
13,8
9,9
Alto
Alto
Médio
-
Sat. CTCefetiva por Al
........................(%)......................
71,9
00
Médio
M. Baixo
A análise de solo teve por objetivo conhecer as características químicas do solo da
área utilizada no experimento, a fim de nortear decisões no sentido de rendimento almejado,
bem como definir a quantidade de fertilizante a ser utilizada.
2.3 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E TRATAMENTOS
O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com quatro
repetições, envolvendo o modelo fatorial dose de N, inoculante a base de Azospirillum sp. e
aplicação de bioestimulante. Os tratamentos foram os seguintes:
30
• Tratamento 1 - 50% da dose de Nitrogênio;
• Tratamento 2 - 50% da dose de Nitrogênio + Azospirillum;
• Tratamento 3 - 50% da dose de Nitrogênio + Azospirillum + Bioestimulante;
• Tratamento 4 - 70% da dose de Nitrogênio;
• Tratamento 5 - 70% da dose de Nitrogênio + Azospirillum;
• Tratamento 6 - 70% da dose de Nitrogênio + Azospirillum + Bioestimulante;
• Tratamento 7 - Dose completa de Nitrogênio;
• Tratamento 8 - Dose completa de Nitrogênio + Azospirillum;
• Tratamento 9 - Dose completa de Nitrogênio + Azospirillum + Bioestimulante.
A parcela experimental foi constituída de 5 fileiras de 5 metros de comprimento
cada, sendo utilizado espaçamento de 0,60 metros entre linhas, perfazendo 15 m² por parcela.
As parcelas ficaram distanciadas a 1,2 m uma da outra e os blocos distanciados a 2 m.
2.4 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO
A área onde foi implantado o experimento foi previamente dessecada, sendo este
procedimento realizado cerca de 20 dias antes da semeadura, com Glyphosate 480 g l-1 na
dose de 2 L ha-1.
O experimento foi conduzido a campo com ausência de irrigação, sendo a
semeadura realizada no dia 09 de outubro de 2009. Num primeiro processo foram demarcadas
as linhas de semeadura e realizado a adubação no sulco de semeadura com o uso de uma
semeadeira mecânica para plantio direto. A semeadura em si, foi feita manualmente, com uso
de saraquá, utilizando-se 2-3 sementes por cova, com covas a cada 24 cm na linha demarcada,
sendo que após as plantas terem 10 cm de estatura foi realizado um raleio para que
permanecesse apenas uma planta por cova, com 4,2 plantas por metro linear e
consequentemente, uma população final de 70 mil plantas ha-1.
A adubação de base utilizada foi de 400 kg ha-1 de adubo químico da fórmula 5-2020 (N – P205 – K20). Já a adubação de cobertura foi realizada com uréia (45% N), parcelada
em duas aplicações, sendo a primeira no estádio fenológico V4 e a segunda no estádio V7,
nos dias 07/11/2009 e 21/11/2009 respectivamente. A dose de N recomendada foi de 140 kg
de N ha-1 (dose cheia), baseado em uma expectativa de produtividade de grãos de 10 t ha-1. A
31
adubação seguiu a recomendação do Manual de Adubação e Calagem para os Estados do Rio
Grande do Sul e de Santa Catarina, (2004).
A inoculação das sementes com Azospirillum e Bioestimulante foi realizada
momentos antes da semeadura, sendo utilizada a dose de 100 ml ha-1 para o produto a base de
Azospirillum e a dose de 12,5 ml kg-1 de sementes para o Bioestimulante. A aplicação dos
produtos foi feita separadamente e o volume de calda foi calculado com base em 400 ml de
calda para 100 kg de semente.
Foi realizado um controle químico para a lagarta-do-cartucho (Spodoptera
frugiperda), no dia 09/11/2009, com o inseticida comercial Lannate® BR (Metomil - 215 g L1
). O controle de invasoras foi realizado manualmente por meio de capina durante o período
de desenvolvimento vegetativo da cultura.
No dia 10 de novembro ocorreu uma precipitação de granizo, a qual ocasionou danos
à cultura, que estava em estágio inicial de desenvolvimento. Este evento promoveu uma leve
desfolha e até mesmo provocou a morte de algumas plantas, sendo que culminou em alguns
prejuízos no estande final de plantas.
A colheita do experimento se deu no dia 17 de março de 2010. Foram colhidas de
cada parcela, as três linhas centrais em sua totalidade, para posterior mensuração dos
componentes de rendimento.
2.5 VARIÁVEIS MENSURADAS
Para fins de estudo, foram consideradas como parcela útil as três linhas centrais de
cada parcela. Foram avaliados nove caracteres de interesse agronômico, sendo estes o
Rendimento de Grãos a Campo (RGc), Número de Plantas por Parcela (NPP), Número de
Espigas por Parcela (NEP), Número de Fileiras por Espiga (NFE), Número de Grãos por
Fileira (NGF), Massa de Grãos da Espiga (MGE), Massa de Mil Grãos (MMG), Diâmetro de
Sabugo (DS) e Massa de Sabugo (MS).
O NPP foi obtido a campo por meio de contagem do estande final de plantas. O NEP
foi obtido por meio da contagem em laboratório, do número total de espigas da parcela. O
NFE e o NGF foram obtidos em laboratório por meio da contagem do número de fileiras e do
número de grãos por fileira de seis espigas de cada parcela, selecionadas aleatoriamente. Após
a debulha, os grãos de cada espiga foram pesados individualmente para se obter a MGE. Os
sabugos destas espigas foram pesados para se obter a MS e posteriormente foi medido o seu
diâmetro na região central da espiga para determinação do DS. Com a contagem de 400 grãos
32
da massa total de grãos da parcela e o seu peso multiplicado por 2,5, obteve-se a MMG. O
RGc foi obtido por meio da pesagem do total da massa de grãos obtida com a trilha da
parcela, sendo esse valor transformado para kg ha-1 e o seu peso corrigido para 13% de
umidade.
2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram submetidos à análise de variância para detecção da interação entre os
fatores (presença ou ausência). A partir deste, procedeu-se o teste de comparação de médias
pelo método de Scott Knott para explicar a interação da inoculação com Azospirillum,
associada ou não ao bioestimulante, frente às diferentes doses de nitrogênio em cobertura.
O teste de médias pelo método Scott e Knott é utilizado após a rejeição da igualdade
de médias em uma análise de variância e tem a finalidade de separar as médias em grupos
distintos, por meio da minimização da variação dentro dos grupos e maximização da variação
entre grupos.
33
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 2, são apresentados os resultados da análise de variância do conjunto de
caracteres analisados, tanto a campo como em laboratório. Os coeficientes de variação (CV)
foram de reduzida magnitude, ficando abaixo de 7%, o que indica alta precisão e demonstra
credibilidade na condução dos procedimentos experimentais.
Entre os blocos, a análise de variância não apontou diferenças significativas para
nenhum dos caracteres avaliados, o que evidencia a homogeneidade da área onde o
experimento foi conduzido. Já entre os tratamentos, houve diferença significativa para os
caracteres rendimento de grãos a campo (RGC) e massa de sabugo (MS). Os demais caracteres
não foram influenciados pelos tratamentos envolvendo inoculação com Azospirillum,
bioestimulante e doses de nitrogênio.
Tabela 2: Resumo da análise de variância para distintos caracteres de interesse agronômico
em milho. IRDeR/Augusto Pestana-RS, 2010.
QM
RGC
NPP
NEP
NFE
NGF
MGE
MMG
DS
MS
GL
(Kg ha-1)
(n)
(n)
(n)
(n)
(g)
(g)
(cm)
(g)
Bloco
3
1519261,22
Tratamento
8
1194828,19* 15,38
Erro
24
506054,08
Total
35
-
Média Geral
-
10186,50
CV%
-
6,98
Mínimo
-
8367,00
Máximo
-
11786,00
Fonte de
Variação
20,04 14,44
0,55
10,04 715,01 657,26 0,0015 11,21
6,47
0,24
2,04
254,85 424,59 0,0066 8,68*
10,14
9,30
0,40
2,55
127,18 181,67 0,0046
-
-
-
-
-
-
56,39 51,78 15,45 36,45 198,05 357,49
2,94
31,04
5,65
2,32
5,53
48,00 46,00 14,00 31,33 170,16 314,60
2,82
25,80
61,00 59,00 16,67 39,50 219,59 382,80
3,08
34,96
5,89
4,04
4,38
5,69
-
2,95
3,77
QM = quadrado médio, RGC = rendimento de grãos a campo, NPP = número de plantas por parcela, NEP =
número de espigas por planta, NFE = número de fileiras por espiga, NGF = número de grãos por fileira, MGE =
massa de grãos da espiga, MMG = massa de mil grãos, DS = diâmetro de sabugo, MS = massa de sabugo, GL =
graus de liberdade, * = significativo a 5% de probabilidade de erro.
Os tratamentos que mais influenciaram os componentes de rendimento foram
evidenciados por meio do teste de comparação de médias (Tabela 3). Foi encontrada diferença
significativa para os caracteres rendimento de grãos a campo (RGC), massa de grãos da espiga
(MGE), massa de mil grãos (MMG) e massa de sabugo (MS). Os demais caracteres avaliados
não diferiram estatisticamente.
34
Tabela 3: Teste de comparação de médias entre tratamentos, para os caracteres rendimento de
grãos a campo (RGC), número de plantas por parcela (NPP), número de espigas por planta
(NEP), número de fileiras por espiga (NFE), número de grãos por fileira (NGF), massa de
grãos da espiga (MGE), massa de mil grãos (MMG), diâmetro de sabugo (DS) e massa de
sabugo (MS). IRDeR, Augusto Pestana – RS, 2010.
RGC
Tratamento
50%N
50%N+Az
50%N+Az+St
70%N
70%N+Az
70%N+Az+St
100%N
100%N+Az
100%N+Az+St
-1
(Kg ha )
9666,75 b
10073,00 b
9558,50 b
9798,25 b
10111,25 b
9908,25 b
11026,00 a
10988,25 a
10548,25 a
NPP
NEP
(n)
58,75 a
56,75 a
55,50 a
58,50 a
58,50 a
55,00 a
56,50 a
55,00 a
53,00 a
(n)
53,75 a
53,00 a
51,25 a
52,50 a
52,25 a
50,25 a
51,75 a
51,50 a
49,75 a
Média
NFE NGF
(n)
15,17 a
15,83 a
15,42 a
15,67 a
15,67 a
15,42 a
15,50 a
15,33 a
15,08 a
(n)
36,63 a
35,88 a
35,37 a
35,46 a
36,63 a
36,71 a
36,96 a
37,38 a
37,04 a
MGE
MMG
DS
MS
(g)
195,69 b
192,65 b
187,09 b
187,91 b
205,29 a
195,71 b
205,65 a
207,33 a
205,13 a
(g)
356,08 b
346,23 b
349,40 b
344,28 b
360,58 a
352,50 b
371,18 a
366,05 a
371,10 a
(cm)
2,92 a
2,94 a
2,89 a
2,95 a
2,99 a
2,94 a
2,96 a
2,99 a
2,87 a
(g)
30,45 b
28,44 b
30,91 a
29,25 b
32,26 a
31,53 a
31,61 a
33,14 a
31,81 a
*Médias seguidas da mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Scott Knot a 5% de probabilidade de
erro; %N = Representa a fração da dose de N utilizada em cobertura; Az = Representa os tratamentos que
fizeram uso de Azospirillum; St = Representa os tratamentos em que foi utilizado o bioestimulante;
A produtividade de grãos em milho é determinada pela densidade de plantas,
prolificidade ou número de espigas por planta, número médio de fileiras de grãos por espiga,
número médio de grãos por fileira e massa média do grão (HANWAY23, 1966; NEL &
SMITH24, 1978, apud BALBINOT JR. et al., 2005).
Considerando que estatisticamente não houve diferenças significativas entre o
número de espigas por parcela, número de fileiras por espiga e número de grãos por fileira, o
principal componente direto de rendimento, que explica a diferença significativa no ganho de
rendimento de grãos a campo, é a massa de mil grãos, que foi estatisticamente superior no
tratamento com 70% da dose de N recomendada associado ao Azospirillum, e em todos os
tratamentos que utilizaram dose completa de N, independentemente do uso ou não de
Azospirillum ou bioestimulante.
O milho é uma cultura que remove grandes quantidades de nitrogênio e por isso
requer o uso de adubação nitrogenada intensiva quando se almeja alcançar produtividades
elevadas (BARROS NETO, 2008). Assim, conclui-se que o uso de dose completa de N
promoveu ganhos de produção, tendo efeito principal no enchimento de grãos, o que
23
HANWAY, J.J. Growth stages of corn (Zea mays L.). Agronomy Journal, Madison, v.55, n.5, p.487-492,
1966.
24
NEL, P.C.; SMITH, N.S.H. Growth and development stages in the growing maize plant. Farming in South
Africa, p.1-7, 1978.
35
proporcionou maior massa média de grãos e consequentemente um maior rendimento final de
grãos.
Figura 1: Rendimento de grãos de milho a campo com o uso de Azospirillum (Az), associado
ou não a bioestimulante (St) e com distintas doses de N (%N). IRDeR – Augusto Pestana –
RS, 2010.
O nitrogênio é o nutriente mais requerido, o que mais limita a produtividade e
também o que mais onera a cultura do milho (CASTELLEN, 2005), sendo recomendado o seu
parcelamento, quando se deseja produtividades elevadas e uma maior eficiência de utilização
do adubo (BARROS NETO, 2008). A dose de N utilizada em cobertura foi de 140 kg ha-1,
baseado em uma expectativa de rendimento de grãos de 10 t ha-1.
Os resultados de produtividade encontram-se na figura 1, sendo que a redução em
30% e em 50% da dose de N recomendada não apresentou uma redução de magnitude
proporcional na produção final de grãos, ou seja, o uso de 50%, 70% e 100% da dose de N
recomendada não resultou em grandes diferenças de produtividade. A diferença de produção
foi de 1.468 kg entre os tratamentos que obtiveram a maior e a menor produção de grãos,
sendo que a máxima produção de grãos foi de 11.026 kg ha-1, no tratamento que utilizou a
dose completa de N em cobertura, sem uso de Azospirillum e bioestimulante.
Mesmo com as diferenças de produção entre os tratamentos com distintas doses de N
não terem sido de magnitude muito elevada, a utilização da dose completa de N em cobertura
refletiu em produtividade média estatísticamente superior quando comparado aos demais
36
tratamentos. Isso evidencia a importância da adubação nitrogenada na cultura do milho
quando se almeja produtividade elevada.
A pequena variação na produção, mesmo com distintas doses de N, e a produtividade
estatísticamente igual com o uso de 50% e 70% da dose de N recomendada, reflete a
complexa dinâmica do elemento nitrogênio no solo. Por se tratar de uma grande dose de N em
cobertura, as aplicações foram parceladas para melhorar a eficiência de utilização do adubo,
sendo a primeira realizada no dia 07 de novembro e a segunda no dia 21 de novembro.
Mesmo assim, certamente as condições climáticas durante o período do experimento e
principalmente nos períodos posteriores às aplicações das adubações nitrogenadas em
cobertura, resultaram em acréscimos de produtividade de magnitude proporcionalmente
menor que o esperado.
Nos períodos posteriores às aplicações das adubações nitrogenadas em cobertura, as
precipitações pluviométricas foram bastante elevadas na região, sendo que o total acumulado
no mês de novembro foi de 471,5 mm, o que é bastante superior a média histórica da região
que fica em torno de 150 mm neste período do ano. Estas condições edafoclimáticas
provavelmente influenciaram nas perdas de N para o meio (lixiviação) e consequentemente,
no percentual de aproveitamento do nitrogênio pelas plantas de milho.
Muitos autores afirmam que existe uma grande variação no aproveitamento do N do
fertilizante pelo milho, e que em regiões tropicais, este aproveitamento raramente
ultrapassa 50% do N aplicado. Essas diferenças ocorrem em virtude de diversos fatores,
principalmente das condições edafoclimáticas, do tipo de fertilizante e do sistema de cultivo.
Cerca de 50% dos adubos nitrogenados aplicados ao solo são perdidos por erosão, lixiviação,
desnitrificação (BARROS NETO, 2008) e volatilização.
As bactérias promotoras de crescimento vegetal são benéficas às plantas, podendo
estimular o crescimento através de diferentes mecanismos como a fixação biológica de
nitrogênio e a produção de hormônios de crescimento, aumentando o desenvolvimento
radicular e melhorando a absorção de água e nutrientes. Tem-se verificado uma grande
variabilidade nos resultados nas mais diversas culturas testadas, sendo que a média de
incremento no rendimento situa-se em torno de 20 a 30% (REIS, 2007).
O incremento no sistema radicular, que é determinado no início do desenvolvimento
da planta, logo após o plantio, propicia, como no caso do milho, um aumento no número de
fileiras de grãos por espiga e essas vantagens iniciais podem ou não, repercutir na colheita, o
que dependerá das condições posteriores de desenvolvimento da cultura. Essas vantagens
iniciais das plantas infectadas poderiam ser compensadas pelas plantas não infectadas, uma
37
vez que os demais componentes do rendimento são definidos mais tardiamente (DIDONET et
al. 2000).
Figura 2: Rendimento médio de grãos de milho, em função da inoculação com Azospirillum
(Az) associado ou não a bioestimulante (St). IRDeR – Augusto Pestana – RS, 2010.
A inoculação com Azospirillum unicamente, embora evidenciasse um leve ganho de
produtividade, da ordem de 227 kg/ha, em relação à testemunha, não foi estatisticamente
diferente quando comparado aos demais tratamentos. Considerando o efeito do uso de
inoculação com Azospirillum associado ao bioestimulante, houve um resultado com
tendências negativas em termos de produtividade, apesar de não diferir estatisticamente
quando comparado ao uso isolado de Azospirillum ou aos tratamentos testemunha. O uso de
Azospirillum, associado ou não ao bioestimulante, não apontou diferença estatisticamente
significativa para nenhum dos caracteres de rendimento avaliados quando comparado à
testemunha.
No Paraná, Cavallet et al. (2000) e Barros Neto (2008), obtiveram ganhos de
produtividade na ordem de 17% e 9%, respectivamente, com o uso da bactéria Azospirillum
spp. em milho. O mesmo não foi observado na região noroeste do RS, conforme atestam
dados de Campos et al. (2000), que avaliando inoculante a base de Azospirillum spp. na
cultura do milho em condições de campo em Cruz Alta, não encontraram diferenças
estatísticas para número de plantas, número de espigas, estatura de plantas e rendimento de
grãos.
38
Ausência de incremento no rendimento de grãos de milho também é verificado em
experimentos com o uso de Stimulate® em milho. Ferreira et al. (2007), para os parâmetros
estande final, número de espigas e produtividade, não observaram diferenças estatísticas com
a aplicação do bioestimulante.
As plantas infectadas com bactérias do gênero Azospirillum promovem um
incremento significativo na biomassa e no volume radicular, principalmente nas etapas
iniciais de desenvolvimento das plantas. O mesmo se espera com o uso de bioestimulante.
Isso passa a ser potencialmente importante em condições de stress climático e falta de
umidade no solo. Considerando que no período de condução do experimento as chuvas foram
abundantes, podem os efeitos positivos do aumento da biomassa radicular, teoricamente
vinculados ao uso da bactéria Azospirillum e ao bioestimulante, não terem sido efetivamente
expressos devido ao fornecimento regular, e talvez excessivo de água, principalmente durante
o período de desenvolvimento da cultura.
Além disso, vários autores têm observado variações na resposta à inoculação com
Azospirillum em função do tipo e forma de aplicação do inoculante. O maior obstáculo para a
utilização desta tecnologia seria a inconsistência de resultados em experimentos a campo
(REIS, 2007).
Quadros (2009) afirma que a efetivação da colonização vai depender de aspectos
como escolha da estirpe, estado fisiológico da planta e da bactéria, genótipo da planta,
aspectos fisico-químicos do solo, competição com outros microorganismos, veículo de
inoculação entre outros.
Admite-se ser o genótipo da planta fator-chave para obtenção dos benefícios
causados por bactérias diazotróficas endofíticas, sendo que existem variações entre genótipos
de milho na resposta ao N. Interações entre a cultura do milho e bactérias diazotróficas e/ou
promotoras de crescimento, são dependentes das variações genotípicas da planta e dos
microrganismos envolvidos nessas associações (REIS JR. et al., 2008).
As variações genotípicas da cultura afetam a exsudação radicular, sustentando
comunidades microbianas diferentes não só para cada espécie vegetal como para cada
variedade dentro de uma mesma espécie Além disso, a mesma espécie vegetal pode estimular
comunidades microbianas diversas entre um local e outro, o que leva a respostas diferentes à
inoculação de um mesmo isolado promotor de crescimento (FREITAS, 2007). Assim, há a
necessidade de se buscar e testar estirpes adaptadas a cada região em termos de clima, sistema
de manejo e cultivares.
39
Figura 3: Massa média de mil grãos de milho, em função de doses de Nitrogênio. IRDeR –
Augusto Pestana – RS, 2010.
A produtividade do milho é o resultado de vários fatores integrados, sendo que a
massa de grãos e o número de grãos por espiga são os componentes mais importantes na
predição do rendimento de grãos. O que mais contribui para a produção é o número de espigas
por planta e a massa de grãos ( FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).
A massa do grão é definida no período compreendido entre a fecundação e a
maturação fisiológica (BALBINOT JR. et al., 2005). O milho possui elevado potencial e
acentuada habilidade fisiológica na conversão de carbono mineral em compostos orgânicos,
os quais são translocados das folhas e outros tecidos fotossinteticamente ativos para locais
onde serão estocados e metabolizados (FANCELLI & DOURADO NETO, 2000).
O uso de dose completa de N respondeu satisfatoriamente em rendimento de grãos de
milho por meio de maior acúmulo de fotoassimilados durante o período de desenvolvimento
da cultura, tendo efeito principal no período de enchimento de grãos, o que proporcionou
maior massa média de grãos e consequentemente um maior rendimento final de grãos.
Estatisticamente, a massa de mil grãos foi superior nos três tratamentos que fizeram
uso de dose completa de N em cobertura e no tratamento com uso de 70% da dose de N
recomendada em cobertura associado à inoculação com Azospirillum.
A maior massa de mil grãos também explica a maior massa de grãos da espiga, já
que não houve diferença significativa nos caracteres número de grãos por fileira e número de
fileiras por espiga. Assim, consequentemente, os mesmos tratamentos que evidenciaram
40
maior massa de mil grãos também evidenciaram maior massa de grãos da espiga, sendo a
massa de grãos da espiga um efeito direto da massa de mil grãos.
Figura 4: Massa média de grãos por espiga de milho, em função das distintas doses de N
(%N). IRDeR – Augusto Pestana – RS, 2010.
A figura 3 evidencia que o uso de doses crescentes de adubação nitrogenada em
cobertura, até 140 kg de N ha-1, promove ganhos crescentes na massa de grãos por espiga, por
meio de aumento na massa média dos grãos e resultando em maior rendimento final da
cultura.
A precisão experimental para a cultura do milho, nos ensaios de indicação de
cultivares do estado do Rio Grande do Sul, para a variável rendimento de grãos, sofre a
interferência de algumas variáveis como estande final de plantas e distribuição espacial das
plantas na linha. Indica-se que para se obter uma melhor qualidade experimental deve-se
manter o estande final de plantas o mais próximo do recomendado para o ensaio (LÚCIO et
al25, 2002, apud DOURADO NETO et al, 2004).
25
LÚCIO, A.D; STORCK, L.; LORENTZ, L.H.; MARTIN, T.N.; HINNAH, T. Qualidade experimental nos
ensaios de competição de cultivares em função da variabilidade de variáveis morfológicas. Revista de la
Faculdade de Agronomia, La Plata, n. 105, v.2, 2002.
41
* %N = Fração da dose de N utilizada em cobertura; Az = Uso da bactéria Azospirillum; St = Uso do
bioestimulante;
Figura 5: Número de plantas por parcela em função dos distintos tratamentos em milho.
IRDeR – Augusto Pestana – RS, 2010.
Os tratamentos que fizeram uso de Azospirillum, especialmente aqueles que fizeram
uso de Azospirillum associado ao bioestimulante, tiveram uma relativa redução no estande
final de plantas, que não foi estatisticamente diferente, mas que pode explicar em parte as
variações e a inconsistência nos resultados de rendimento de grãos do experimento.
Não se pode atribuir a variabilidade no estande final de plantas à problemas na
germinação por efeito dos tratamentos utilizados, pois na implantação da cultura foram
semeadas duas a três sementes por cova com posterior raleio, para padronizar o estande de
plantas nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura. Porém, os tratamentos utilizados
podem ter causado mudanças estruturais na parede celular das plantas de milho e com isso
tornando-as mais frágeis aos fatores deletérios do meio.
Assim, a ocorrência de granizo no dia 10 de novembro de 2009, quando as plantas
encontravam-se no estádio V4, e a ocorrência de chuvas pesadas acompanhadas de vento
relativamente forte em alguns momentos durante o desnvolvimento da cultura, podem ter sido
fatores responsáveis pelos maiores danos causados nas plantas das parcelas tratadas com
Azospirillum e principalmente com Azospirillum associado a bioestimulante. Isso explica a
redução no estande final de plantas das parcelas que fizeram uso de Azospirillum, associado
ou não a bioestimulante, quando comparadas às testemunhas.
.
42
* %N = Fração da dose de N utilizada em cobertura; Az = Uso da bactéria Azospirillum; St = Uso do
bioestimulante;
Figura 6: Número de espigas por parcela em função dos distintos tratamentos em milho.
IRDeR – Augusto Pestana – RS, 2010.
Como efeito direto da redução no estande final de plantas nas parcelas tratadas com
Azospirillum, associado ou não a bioestimulante, tem-se a proporcional redução no número de
espigas por parcela conforme verificado na figura 6, e a consequente redução no rendimento
final de grãos para estes tratamentos.
Em lavouras de milho, quando a densidade de plantas é baixa, pode ocorrer certa
compensação por meio do aumento no número de espigas por planta, em razão da
prolificidade do genótipo e, ou, variação no tamanho da espiga, o que poderia minimizar a
diferença de produtividade. Considerando o uso de Azospirillum e do bioestimulante, a
compensação se deu nestas parcelas com menor estande final de plantas, porém com
magnitude insuficiente para igualar ou superar os níveis de produtividade dos tratamentos que
não fizeram uso do Azospirillum associado ao bioestimulante e que possuíam maior estande
final de plantas.
Por fim, há que se considerar que a variação no estande, embora não tenha sido
verificada diferença estatística para este atributo, seja responsável por boa parte da redução do
rendimento de grãos, que também não apresentou diferença estatística entre tratamentos
dentro dos grupos com a mesma dose de adubação nitrogenada, mas que foi verificada nas
parcelas que fizeram uso de Azospirillum e bioestimulante. Isto reforça a importância da
densidade final de plantas por área e da distribuição espacial das plantas na linha, mesmo que
43
não tenha havido diferenças estatísticas entre número de plantas por parcela e número de
espigas por parcela.
44
CONCLUSÕES
A inoculação com Azospirillum e o uso de bioestimulante em milho não promoveram
efeitos positivos no rendimento de grãos, bem como não influenciaram na massa de mil grãos,
massa de grãos da espiga, número de fileiras por espiga e número de grãos por fileira.
O uso de dose completa de nitrogênio em cobertura propiciou maior rendimento de
grãos, por meio de aumento na massa média de grãos.
Os tratamentos com 50% e 70% da dose de N recomendada não diferiram
estatisticamente quanto ao rendimento final de grãos.
45
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. Fisiologia
50
APÊNDICES E ANEXOS
51
APÊNDICE A
Croqui do experimento com seus respectivos tratamentos:
Tratamento 1 – 50% da dose de N;
Tratamento 2 – 50% da dose de N + Azospirillum;
Tratamento 3 – 50% da dose de N + Azospirillum + Bioestimulante;
Tratamento 4 – 70% da dose de N;
Tratamento 5 – 70% da dose de N + Azospirillum;
Tratamento 6 – 70% da dose de N + Azospirillum + Bioestimulante;
Tratamento 7 – 100% da dose de N;
Tratamento 8 – 100% da dose de N + Azospirillum;
Tratamento 9 – 100% da dose de N + Azospirillum + Bioestimulante;
Estrada
→N
B1
B2
B3
B4
T2
T7
T9
T1
T8
T8
T3
T4
T5
T1
T6
T7
T7
T9
T4
T5
T1
T6
T7
T2
T9
T2
T5
T3
T4
T4
T2
T9
T6
T3
T8
T6
T3
T5
T1
T8
52
APÊNDICE B
Fotos da implantação do experimento e estádio inicial de desenvolvimento da cultura. IRDeR,
Augusto Pestana – RS
53
APÊNDICE C
Fotos do experimento após ocorrência de granizo e no período final de desenvolvimento
vegetativo da cultura. IRDeR, Augusto Pestana – RS
54
ANEXO A
Dados de precipitação pluviométrica (mm) referente ao período de Outubro de 2009 a Março
de 2010. IRDeR, Augusto Pestana – RS.
Precipitação (mm)
------------------2009------------------------------------2010----------------Dias/Mês
Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
5,6
0
0
0
0
0
1
0
0
15,6
0
0
0
2
0
0
0
0
0
0
3
0
1,8
0
13,6
0
0
4
0
0
0
38,2
0
0
5
79,7
0
15,2
29,0
0,5
0
6
0
85,4
0
0
43,8
0
7
0
0
0
1,0
21,8
0
8
0
0
13,2
24,4
0
0
9
0
51,6
10,6
42,6
0
0
10
0
0
0
0
0
0
11
0
0
22,8
0
0
0
12
0
33,6
0
0
0
8,2
13
0
78,0
0
0
70,6
0
14
0
24,4
0
0
7,8
0
15
0
0
0
42,0
38,2
0
16
0
0
0
0
0
0
17
0
25,4
0
0
0
0
18
0
3,2
0
45,3
0
8,6
19
0
19,5
7,8
0
0
8,4
20
0
19,8
0
0
0
0
21
0
47,8
0,6
0
30,2
45,4
22
0
11,2
8,5
0
61,0
1,4
23
41,6
0
2,4
9,5
0
0
24
0
8,2
87,8
9,8
0
0
25
0
0
3,4
0
0
0
26
0
0
0
0
2,8
0
27
0
31,0
0
6,2
1,0
0
28
0
0
0
0
0
0
29
0
30,6
30,0
0
0
0
30
0
0
0
1,4
0
0
31
Total Acum.
126,9
471,5
217,9
262,9
277,7
72,0
Média Hist.
157
153,2
126,5
144,4
146,8
115,3
55
ANEXO B
Dados de temperaturas máximas e mínimas (°C) referentes ao período de Outubro de 2009 a
Março de 2010. IRDeR, Augusto Pestana – RS.
Temperatura (°C)
-----------------------2009-------------------------------------------2010------------------------Out
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Dias
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
Média
Mín. Máx. Mín.
8,6 19,2 15,4
7,2 21,2 16,0
7,0 24,8 21,0
11,0 32,9 19,0
20,8 33,2 20,6
15,0 26,6 21,2
14,2 20,0 20,0
11,6 20,4 14,6
7,8 25,2 12,8
11,2 28,6 16,9
15,4 27,0 15,0
11,8 23,2 17,8
5,2 25,6 19,6
9,4 26,2 18,2
14,2 19,7 16,4
10,8 19,0 16,4
10,4 24,8 15,0
14,2 24,4 13,8
13,1 30,9 19,2
11,0, 27,5 20,2
9,0 30,0 17,4
11,2 31,0 17,4
12,6 32,2 16,0
11,6 24,0 15,2
13,4 26,0 20,2
15,6 25,2 19,4
8,4 29,2 20,4
14,6 31,6 19,6
17,0
20,2 35,2 17,4
16,2 36,0
-
Máx.
35,2
36,8
29,0
32,2
35,0
31,5
31,0
24,4
31,2
24,0
27,6
30,8
25,0
24,6
22,2
30,4
33,4
27,8
36,0
25,4
30,0
23,4
24,8
28,6
28,2
33,2
34,6
29,3
33,8
28,8
-
Mín.
16,4
18,4
15,6
15,2
12,8
11,2
18,6
17,0
16,2
17,2
21,1
16,2
9,4
11,4
14,6
14,0
19,2
17,0
21,8
21,2
20,8
21,6
20,6
21,8
20,4
19,8
21,2
18,6
18,0
17,8
18,2
Máx.
32,0
29,2
28,2
27,1
31,8
31,0
26,8
30,0
30,8
32,0
29,1
23,0
26,0
29,8
32,2
34,6
29,8
33,0
34,2
32,6
31,8
33,6
32,8
33,4
33,4
33,8
33,8
34,4
33,6
31,0
29,8
Mín.
15,8
19,6
19,6
22,6
20,8
18,2
19,0
18,0
20,2
19,0
20,4
22,0
19,2
14,3
15,2
18,7
18,6
20,1
21,8
17,1
14,5
17,4
14,0
17,2
19,0
17,4
11,6
19,2
17,0
16,4
20,6
Máx.
30,4
33,4
34,0
30,8
31,8
26,2
27,9
33,0
25,8
27,8
32,4
30,0
25,6
29,7
31,6
30,2
33,8
31,5
26,7
28,2
27,8
30,1
31,2
32,4
29,4
31,0
30,8
30,6
31,8
33,4
33,4
Mín.
20,0
23,0
22,0
23,4
21,4
23,6
22,0
17,0
17,0
15,0
20,4
19,8
20,6
21,0
20,2
20,0
18,6
18,6
20,2
22,6
22,0
20,8
18,0
12,2
11,2
15,4
17,0
-
Máx.
33,4
35,4
36,8
35,4
37,4
35,8
36,9
24,8
31,0
31,8
33,0
34,0
33,0
33,4
28,2
28,0
29,2
32,0
31,8
32,0
32,8
32,2
24,8
25,8
23,6
27,6
29,4
29,6
-
Mín.
15,4
15,8
18,0
18,4
17,0
14,0
13,4
15,4
16,2
15,2
16,0
13,0
14,0
15,4
16,2
11,6
12,6
19,0
18,0
17,8
16,8
18,4
20,0
16,2
16,0
20,4
18,2
17,2
15,4
14,8
Máx.
30,0
30,2
30,8
32,0
31,8
30,8
28,2
29,0
29,0
30,0
32,2
30,0
28,0
26,8
27,6
28,4
32,6
33,0
31,0
25,4
25,4
26,4
25,0
31,0
31,0
30,0
31,0
30,6
33,0
11,7
29,6
17,5
31,1
18,2
30,4
18,7
30,3
16,2
29,7
26,7
17,6
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