São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 ESTÉTICA DA MARCA TNG COMO IMAGEM E FORMA DE EXPRESSÃO Joaquim Carlos da Silva Barbosa1 Resumo Faremos um estudo retrospectivo da marca TNG como meio estratégico de comunicação ao produto da moda. O design e a estética da marca, bem como o atendimento ao cliente, fez com que a empresa se posicionasse de forma competitiva no mercado da moda, sem ter seu foco em inovação. A marca é um meio que serve como inspiração para concepção da estratégia de uma empresa no sentido de entregar excelência ao seu público alvo. É certo que sempre devemos ter um alinhamento da “cultura da marca” com a “gestão da empresa”, esses são instrumentos importantes que serão estudados através do estudo de caso da marca TNG. A TNG é uma marca brasileira, uma grife reconhecida pelo mercado por lançar linhas de produtos exclusivos, que durante esses anos fez vários lançamentos de roupas, em estilo moderno e jovem, compondo o look dos jovens com estilo e modernidade. Diversificou suas estampas com cores apelativas, na conquista de muitos consumidores da moda masculina e feminina, inclusive com acessórios, tendo como referências os lenços, xales ou cachecóis com detalhes inovadores e criativos e com muito glamour. Além de suas lojas tradicionais, realiza vendas pela internet oferecendo produtos variados como peças de vestuário e respectivos assessórios. A TNG é uma marca dedicada ao seu público-alvo, proporciona a última tendência da moda, para aqueles que apreciam um toque de exclusividade. A TNG aposta em produtos de qualidade com design criativo e sofisticado. Nosso objetivo será estudar a atuação da TNG no mercado da moda, em alguns aspectos que achamos mais relevantes, como por exemplo: a sua história, sua marca, crises que teve que passar para efetivação de seu crescimento, diversificação de produtos e públicos, seu crescimento em termos de lojas e de expansão de mercado. Este estudo irá contribuir para o estudo de uma marca brasileira, que participa de um mercado competitivo com diversificação continua de seus produtos, para o segmento masculino e feminino inclusive com sua linha de acessórios. Ainda, contribuir ao estudo da estética, da marca, da competitividade e aos negócios da moda, nos quais muitos caminhos têm sido propostos, mas nenhum absolutamente certo. Esse estudo propõe uma estratégia de médio prazo, coerente, totalmente conectada com os consumidores da marca TNG. Como resultado e diante de determinadas tendências de curto e médio prazo no varejo da moda, veremos que a empresa buscou alternativas de crescimento com estratégias de redução de certos custos para expansão de mercado. Hoje a TNG é uma marca de referencia mundial que tem presença assídua no Fashion Rio, o que faz dela uma maior notoriedade nesse segmento. Palavras-chave Design, Estética, Marca, Negócios da moda, Diferenciação, Competitividade. Abstract We will do a retrospective of the brand TNG as a strategic means of communication to the product of fashion. The design and aesthetics of the brand and the customer service has made the company to position itself competitively in the fashion market, without having their focus on innovation. The brand is a medium that serves as inspiration for the design of the strategy of a company in order to deliver excellence to their target audience. It is true that we should always have an alignment of "brand culture" with the "management company", these are important tools that will be studied through the case study of brand TNG. The TNG is a Brazilian brand, a brand recognized in the market by launching exclusive lines of products, which over the years has made several releases of clothes, in a modern and young, compounding the look of youth with style and modernity. Diversified its prints with striking colors, the 1 Economista, Administrador de Empresas, Mestre em Ciências da Comunicação (Publicidade e Propaganda), Aluno de doutorado em Ciência da Comunicação (Publicidade e Propaganda), na linha de pesquisa Estética em Publicidade, da ECA/USP 25 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 conquest of many consumers of male and female fashion, including accessories, taking as reference the scarves, shawls or scarves with innovative details and creative and very glamorous. In addition to its traditional shops, conducts Internet sales offering varied products like garments and their accessories. The TNG is a brand dedicated to your target audience, delivers the latest trend of fashion for those who appreciate a touch of exclusivity. The TNG bet on quality products with creative design and sophisticated. Our goal will be to study the performance of TNG in the fashion market in some ways we find most relevant, such as: its history, its brand, crises that had to move to execution of its growth, product diversification and public, his growth in terms of shops and market expansion. This study will contribute to the study of a Brazilian brand, which participates in a competitive market with continued diversification of its products, for male and female segment including its line of accessories. Also contribute to the study of aesthetics, brand, competitiveness and business of fashion, where many roads have been proposed, but none absolutely certain. This study proposes a strategy for medium-term, coherent, fully connected consumer brand TNG. As a result of certain trends and on short and medium term in retail fashion, we see that the company sought alternative strategies for growth with reduction of certain costs for market expansion. Today the brand is a TNG reference world that has a constant presence at Fashion Rio, making it a higher reputation in this segment. Keywords Design, Aesthetics, Brand, Business of fashion, differentiation, competitiveness. Introdução Nesse estudo estaremos vinculando determinada teoria com um estudo de caso sobre a marca TNG. Faremos uma reflexão importante, do porque por mais de uma década a marca se destacou em crescimento, em expansão de negócios, em diversificação, sem se preocupar com inovação frente aos concorrentes. Nosso objetivo será apresentar um estudo de caso sobre a marca TNG no sentido de dar entendimento sobre o crescimento do produto da moda vinculado a marca TNG. O contexto desse estudo será os shoppings centers e lojas de ruas que estiveram presente no ambiente de negócios da marca. Nesse contexto, a marca TNG se tornou uma marca importante do varejo brasileiro, que por uma década apresentou crescimento significativo com produtos nos segmentos masculinos, femininos, o que identifica um determinado envolvimento do consumidor com a marca TNG. Mary Quant (apud ROBERTS 2005 p 14) escreveu em seu livro Quant By Quant “Os fundamentos da moda continuam os mesmos” [...] as marcas dizem respeito à emoção e à personalidade [...] é o desejo dos consumidores [...]. Durante todos esses anos de atuação no mercado da moda, a marca TNG expandiu seu negócio com estratégias através da criação de uma estética de slogan para marca com os dizeres “Saia do Comum”. A marca TNG implantou estratégicas competitivas, mas não inovadoras, que 26 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 seguiam tendências relacionadas ao seu público, sempre dando um toque da moda em sua roupa. Criava então certa diferenciação de seus concorrentes, C&A e a Renner, e as marcas brasileiras e para o público mais endinheirado, como Ellus e M.Officer. A TNG criou um plano de expansão para a marca no segmento feminino inclusive com acessórios de moda, visando a abertura de novas lojas em outros estados, inclusive passou a desenvolver um projeto para criação de uma linha de roupa para crianças, com idades entre 4 e 12 anos. Diferenciou-se de seus concorrentes C&A e a Renner, e as marcas brasileiras para o público mais endinheirado, como Ellus e M.Officer com atitudes próprias e incomuns, revelando inicialmente como um novo caminho, um negócio da moda masculina, a inserção da moda clássica para homens se preocupando mais com a imagem e a ver a roupa como uma forma de expressão. A mente das pessoas percebe, simultaneamente, vários aspectos da imagem de uma marca: o concreto absoluto, o conceito fundamental, o apela ao ego e as emoções e os estados de espírito mais sutis. O poder da marca está em desenvolver a pureza e a consistência dos elementos sutis, que provocam no consumidor uma sensação de elevação no estado de espírito. A marca ganha valor aos seus olhos. Em primeiro momento, um consumidor assiste a uma cena e vê apenas um homem e uma mulher. Depois percebe que formam um casal e estão num restaurante esperando por uma mesa. Vê, então, que é um casal refinado com uma boa formação cultural e elegância e que estão enamorados, com um sentimento de estima e admiração mútua. A imagem torna-se mais rica quanto mais definida e forte forem às informações afetivas contidas. Em grande parte é a contribuição das nuances propostas pela “direção de imagem de marca” e pelos diretores de criação e de fotografia (MARTINS, 1999 p. 126) Quanto à problemática para este estudo pretendemos responder algumas questões, que são a razão de nosso estudo. Como a marca TNG permaneceu no mercado competitivo da moda sem ter a preocupação com a inovação? Quais alternativas foram adotadas para expansão da marca TNG, em decorrência dos elevados custos com aluguéis em shopping centers? Quais foram às estratégias adotadas para aumento lucro da empresa? Com a inserção nos negócios da moda feminina a empresa conseguiu aumentar sua receita, em decorrência do aumento de clientes? Com a participação no Fashion Rio a marca TNG teve projeção internacional? Com a inserção da moda clássica para homens a marca TNG passou a se preocupar mais com a imagem e a ver a roupa como uma forma de expressão? Qual foi a estratégia adotada para implantação de um grande negócio quando, seu proprietário mal conhecia o mercado de moda? Como permaneceu em um mercado competitivo, sem ter de se preocupar em ser inovador? Qual foi a diferenciação 27 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 adotada diante de seus concorrentes, para se manter em contínuo crescimento no mercado de moda? Nossa justificativa para a realização desse estudo esta na perspectiva em estudar um segmento que está em constante mutação, ser muito dinâmico e se reportar a um de nicho de mercado. Outra justificativa também importante é que a marca têm um significado direto relacionado ao produto. Como tratamos o assunto para além de uma teoria através de um estudo de caso, isso nos remete a certa praticidade. Nesse contexto e o estilo estético têm que representar a síntese das características emocionais da marca. A forma estética é uma representação simbólica de desejos inconscientes do consumidor, o que faz evocar as emoções estratégicas da marca. Quanto à metodologia faremos uso da pesquisa descritiva tendo por base informações bibliográficas pelo uso do método dedutivo em bases teóricas amplamente disponibilizadas em fontes bibliográficas, sites na Internet e revistas. Quanto aos dados da pesquisa, utilizaremos o método qualitativo que se reporta a maior fonte de informação disponível, por meio de procedimentos de citações, descrições, transcrições de textos, que nos permitirá chegar às respostas a nossa problemática. A roupa como expressão da moda A roupa é considerada um símbolo, um objeto de desejo, que na maioria das vezes representa o espelho do próprio consumidor. É um produto da moda que não durabilidade mais do que uma estação. “A indústria da moda é composta pelo design, pela produção e pelo varejo, com linhas de produtos sazonais. Por sua própria natureza, a moda torna-se obsoleta ao final de cada estação, o que alimenta a indústria e mantém o ciclo em movimento” GROSE (2013 p 7). Renova-se com muita frequência. LIPOVETSKY (1989, p.160), define a moda a partir da ótica da sociedade de consumo: “[...] a moda consumada, o tempo breve da moda, seu desuso sistemático tornaram-se características inerentes à produção e ao consumo de massa [...]”. A roupa de marca embute determinada imagem do individuo, uma imagem que ele próprio faz de si mesmo, talvez se traduz na representação de sua própria alma. Considerada como um símbolo, a roupa de marca representa determinada comunicação, um sinal dentro do processo de comunicação entre os seres humanos. Representa o estilo, uma época, uma fase da 28 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 história, ao mesmo tempo representa o homem em busca de si mesmo, dando-o determinada identificação através da roupa que veste. Traz o desejo de diferenciação social, por ser um símbolo de status, pela alta visibilidade que produz pelo seu uso. A alma concede as características emocionais visíveis que transmitem o espírito da marca e caracterizam o produto. A comunicação é mais eficaz no habitat natural (ambiente e a iluminação contribuem para o “estado de espírito” da comunicação da marca), que o produto ocupa no imaginário coletivo, com personagens (transmitem atitude e estilo) que agem de maneira adequada a esse espírito. O contexto dramático (a ideia criativa contribui para a intensidade dramática da imagem) e o estilo estético (Gap traz um estilo casual despojado, a Calvin Klein o chique simples e a Victoria’s Secret é a lingerie formal vitoriana, com sensualidade provocante) têm que representar a síntese das características emocionais da marca. (MARTINS, 1999 p. 126) A diferença individual a inovação estética, ou promoção da identidade pessoal e legitimação da expressão individual. Segundo LIPOVETSKY (1989, p.39) refere-se ao assunto da seguinte forma: A moda não foi somente um palco de apreciação do espetáculo dos outros; desencadeou, ao mesmo tempo, um investimento de si, uma auto-observação estética sem nenhuma precedente. A moda tem ligação com o prazer de ver, mas também com o prazer de ser visto, de exibir-se ao olhar do outro. A roupa tem muitos objetivos dentre elas a de separar a sociedade em castas e classes, diferencia os indivíduos dos diversos grupos sociais a que pertencem. A roupa traz a essência de servir como uma distinção de classe e uma forma de poder. Pela roupa, podemos associar um individuo a classe que este pertence. A roupa nunca perdeu o significado de identificação do consumidor com sua realidade. A indústria da moda explora certa subjetividade por expressar e estar no contexto dos apelos estéticos, emocionais e sensacionais. O valor simbólico agregado ao valor funcional dos objetos de consumo vem atender a um objetivo claro: acompanhar as mudanças das estruturas sociais e interpessoais (BAUDRILLARD, 1995). A roupa é considerada um símbolo, um objeto de desejo, que na maioria das vezes representa o espelho do próprio consumidor. É um produto da moda que não dura mais do que uma estação. Renova-se com muita frequência. Embute determinada imagem do individuo, uma imagem que ele próprio faz de si mesmo, talvez trate da representação de sua própria alma. Considerada como um símbolo, a roupa representa determinada comunicação, um sinal dentro do processo de comunicação entre os seres humanos. Representa o estilo, uma época, 29 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 uma fase da história, ao mesmo tempo representa o homem ou a mulher em busca de si mesmo, dando-o determinada identificação através da roupa que veste. The Economist (DEARLOVE; CRAINER apud p. 22) escreve o seguinte: Hoje, as marcas são uma fonte de informação e de identificação imediata. “A razão para existência de marcas é, e sempre será, fornecer informação. A forma dessa informação varia de um mercado a outro, e de uma época a outra. Alguns produtos indicam claramente o estilo, a modernidade ou o poder aquisitivo de seus usuários – roupas [...]. Outros querem transmitir confiança ou familiaridade, ou outras características. Traz o desejo de diferenciação social, por ser um símbolo de status, pela alta visibilidade que produz pelo seu uso. O modelo de adoção e difusão explica o processo de moda sob a ótica do reconhecimento do especialista no assunto, para que haja o fenômeno de imitação e diferenciação, o que define este tipo de consumo (SPROLES, 1985). O consumidor se tem seu envolvimento e se empenha em obter informações precisas sobre o produto e a marca. Não está disposto a correr riscos. Envolve maior durabilidade, é mais caro e proporciona maior conforto e status. Roupas sofisticadas estão caracterizadas nesta categoria. As motivações para compra são originárias de necessidades objetivas e necessidades psicologias do consumidor. A preferência de compra está associada à imagem da marca. A motivação para a compra do jeans é a necessidade de uma roupa resistente e informal para o dia-a-dia. Já para escolher a marca o consumidor busca a imagem. Qual foi a empresa que mexeu com o sentimento de liberdade dos consumidores? A Levi’s que, com seu espírito de liberdade, chegou a ter 45% do mercado norte-americano. A escolha está ligada à emoção que está no inconsciente coletivo; quando esse sentimento é alcançado, a imagem de marca nos transmite a sensação de autenticidade. Ela nos dá a satisfação de encontrar o produto como ele está gravado no imaginário coletivo. Um produto pode ter várias motivações para compra em um mesmo mercado, mas a preferência recai sobre a imagem que transmite a “alma natural do produto (MARTINS, 1999 p. 28). Determinados fatores psicológicos explicam o porquê das pessoas estarem motivadas a andar na moda, tais como conformidade social, busca da variedade, criatividade pessoal e atração sexual. Estes consumidores têm necessidade de serem únicos, querem ser diferentes, mas não tão diferentes assim que percam a sua identidade social (SOLOMON, 1996). 30 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 Mary Quant (apud ROBERTS 2005 p. 14) escreveu em seu livro Quanto à estratégia para atrair atenção do consumidor, fundamentada no desejo e na paixão humana, “As mulheres se vestem para se sentirem bem e sensuais. As mulheres se excitam. Os homens gostam de ver as mulheres para se excitarem – sentir-se sensual é saber que você está vivo.” A roupa tem muitos objetivos dentre elas a de separar a sociedade em castas e classes, diferencia os indivíduos dos diversos grupos sociais a que pertencem. A roupa traz a essência de servir como uma distinção de classe e uma forma de poder. Pela roupa, podemos associar um individuo a classe que este pertence. A roupa nunca perdeu o significado de identificação do consumidor com sua realidade. A indústria da moda explora certa subjetividade por expressar e estar no contexto dos apelos estéticos, emocionais e sensacionais. Moda é um sistema composto de signos, os quais indicam uma forma de linguagem não verbal, mas estabelecendo uma comunicação. A escolha individual é que possibilita a construção do seu discurso, ao selecionar as cores dos variados tipos de tecidos, além dos adereços, no meio da diversidade e das diversas opções. Portanto, a construção de identidade se verifica a partir da inserção do sujeito no contexto social, político, econômico e estético. A marca TNG O conceito de marca se diferencia do branding (gestão de marcas) por se tratar de um esforço da empresa na criação de valor agregado ao satisfazer o cliente no sentido de que comprem cada vez mais por muito mais tempo a um preço mais alto. Branding é um instrumento de gestão nas empresas mais eficazes na construção de valor e de sustentabilidade nas empresas. Na medida em que o valor das marcas representa uma fração substancial do valor da empresa como um todo não há mais razões para ser deixada de lado. Não se trata de um logotipo ou uma publicidade de empresa, já que estas são controladas pela própria organização. Marca é percepção intuitiva (sentimento) de um cliente em relação a um produto. A marca tem seu papel bem definido em um cenário de várias marcas, ela traz ordem a este cenário. Existe um grande desafio para as marcas, que necessitam oferecer produtos e serviços que representem o propósito e as expectativas da coletividade, gerando significados na 31 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 construção de um futuro desejável. Tem que enfrentar um nível maior de concorrência – as marcas devem aumentar sua capacidade de adaptação às mudanças para se manterem vivas. A marca não é mais uma mera mediadora de relações de consumo, ela lida com hipercompetitividade, o aumento do poder dos consumidores em relação ao poder dos produtores e a comoditização de produtos. O comportamento do consumidor é previsível, ele procura se elevar na hierarquia de realizações psíquicas. No futuro teremos mais pessoas como a executiva que consegue realizar várias atividades simultaneamente. Ela não vai comprar produtos toscos e de mau gosto, o mercado pede por melhores designs, o varejo mais limpo e organizado, com a emoção pura adequada ao produto, e a publicidade com beleza estética, sensibilidade e adequação ao drama natural do produto. Hoje, o que vemos ainda é uma caricatura, embalagens grosseiras que parecem ter saído do depósito e não que irão fazer parte do cotidiano feminino/masculino, e a publicidade fazendo humor, achando que ser criativo é desenhar uma caricatura da realidade. O ser humano é bem maior do que isso, ele gosta de coisas bonitas, com arte e tecnologia, atendimento cortês e inteligente, e a publicidade que amplie o imaginário do consumidor (MARTINS, 1999 p. 31). A marca é uma continua inspiração e objetiva comunicar aquilo que a empresa deseja realizar em seus negócios, ao longo do tempo. A marca é resultado de um processo de “construção de marca” tal procedimento visa: Estar mais preocupado em identificar e transmitir emoção / estilo que agrega valor a ela, do que com a criatividade em si. O estilo ou o conteúdo estético emocional e os traços de personalidade da marca são mais valorizados do que a ideia criativa propriamente dita. Assim, podemos dizer que Calvin Klein, Chanel, Nike [...] nasceram de um estilo da marca e não de produto propriamente dito (MARTINS, 1999 p. 135). A definição com clareza do propósito de uma empresa se dá quando ela conhece sua marca, que é uma proposta de valor, que é baseada em suas competências essenciais. A marca é então um meio estratégico para a construção e manutenção dos ativos intangíveis como diferencial competitivo, a ser seguida pela empresa. A marca é a essência, uma proposta de valor de fazer produtos com qualidade e inovação, a marca deve então permear todas as decisões tomadas, hierarquizando prioridades e sacrifícios, com uma gestão sintonizada com a entrega dessa proposta ao mercado. 32 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 Os ativos intangíveis da empresa “marca, cultura, estilo de gestão e liderança, reputação” em conjunto, garantem ganhos econômicos e se traduzem em um diferencial competitivo de mercado. A estratégia de negócio da TNG sempre foi ter como objetivo contínuo o de crescimento de seus negócios, sabia que precisava diversificar e expandir e que a expansão de sua rede de lojas e ampliação de roupas, a TNG conseguiria aumentar suas vendas, pela popularização da marca. Visava um crescimento com conciliação para crescimento e prestígio, conseguindo de alguma forma a devolver a marca seu status de objeto de desejo. “As marcas foram desenvolvidas para criar diferenças entre produtos que corriam o risco de não serem vistos, como certas pedras no meio do cascalho” (ROBERTS, 2005, p.30). O cenário atual de moda é de um mercado bastante competitivo e em constantes mutações, muitas vezes requer das empresas uma melhor disponibilização e diversificação através da estética e do design da marca na criação de uma personalidade diferenciada, perceptíveis aos olhos seletivos do consumidor moderno. O marketing, como o design, é uma filosofia de negócios focalizada nos desejos e necessidades do consumidor. O marketing moderno enfatiza a orientação para o cliente, exigindo esforços coordenados para todos os departamentos da empresa para oferecer a satisfação do cliente como objetivo de lucro de longo prazo. [...] Entretanto, o design é uma eficiente ferramenta de gestão para desenvolver uma cultura mais focada no cliente dentro da empresa. (KLOPSCH & COSTA, 2011 p.110). A TNG sempre demonstrou um dinamismo empresarial frente aos acontecimentos contraditórios. Com a premissa de vender roupas para muitos e não para poucos a sua visão de crescimento resultou em valoração da marca, no final da década de 80 acelerou a expansão da marca, com adoção de estratégias imperceptíveis nos negócios da moda, expandindo suas lojas para além da capital paulista. Empresas atuantes no varejo de moda são colocadas a prova diariamente, por um sistema de concorrência inovador e competitivo, em decorrência aos diversos fatores que fazem da moda um conceito em constante mutação em decorrência das alterações no comportamento do consumidor, por escolha de produtos de marcas, pelo design e estética, ao diferencial competitivo inerente ao próprio produto. 33 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 Design e moda andam juntas, as formas, a modelagem, a estética e a criatividade está presente no mundo da moda. “A moda é uma parte do design que está preparada para a análise semiótica devido às sutilezas de mecanismos inconscientes que estão por trás dela” MICK (1989 in apud KLOPSCH & COSTA, 2011 p. 116). Em relação a um produto da moda, uma simples diferenciação já não cria mais um diferencial competitivo, necessitando da marca TNT maior agressividade em suas linhas de produtos, além da excelência na qualidade muita dos consumidores requisitam outros quesitos em termos de opções de escolhas de produtos da moda. A estética e o design da marca agregam muito valor ao produto da moda. A marca gera benefícios importantes, dando a entender que determinado produto é moderno e competitivo, através dos benefícios que comunica ao mercado ao seu público-alvo. Estudos clássicos de marketing consideram a estética como um atributo do produto e a introduzem em escalas de preferências do consumidor e em modelos de múltiplos critérios. Por exemplo, solicita-se que o consumidor aprecie e classifique os atributos de uma roupa quanto à durabilidade, estética, conforto etc. Mas a forma-design ou estética não é um atributo adicional e separado. Sabemos que a estética é resultado do design e que está correlacionada a outros atributos (KLOPSCH & COSTA, 2011 p. 120). Estética faz parte das seguintes características do “bom” e o “diferente” que se juntam para criar um diferencial de sucesso em relação a um determinado produto de marca. Uma marca pode-se tornar cativante se estiver fundamentada em um design e estética cativante associada a uma diferenciação através da adoção de uma estratégica estética de marca destacada no produto. Devemos aceitar o fato de que o design de um produto nunca esta pronto. Quando criamos um produto e tiramos uma foto dele, nos parece perfeita a visão que temos desse produto, bem antes que o fabricante ponha as mãos nele e bem antes do consumidor adquiri-lo, parece que o trabalho do design acabou nessa fase. Mas é nas mãos do consumidor que o produto “objeto” ganhará vida e será aplicado em situações antes imaginadas, ou seja, o design de comportamento, dessa forma o design distancia-se da ideia de revelação de algo entregue ao mercado. 34 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 Temos a criação de produtos ou serviços capazes de facilitar a relação entre as pessoas e seu ambiente é o que denominamos de design interativo, baseia-se no entendimento dos objetivos, desejos, tarefas, experiências e necessidades dos usuários, e seu foco está na criação não só de atividades, mas também de comportamentos de uso, uma vez que considera os produtos e os serviços com parte de sistemas integrados. Ele pretende equilibrar os anseios dos consumidores com os objetivos comerciais da empresa e a capacidade tecnológica disponível. Não se pode esquecer que toda empresa seja de que porte for, sofre obstáculos mais forte do que os das concorrências que é a própria criação de muros mentais erguidos pelo próprio consumidor, são, portanto barreiras de criação de muros mentais que situam às fronteiras das marcas que fazem parte da percepção intuitiva de uma pessoa. Em nossa atual sociedade a publicidade se destaca em função da expansão do consumo, pela maior competição entre empresas, pela inserção de novos modelos de comunicação e das novas exigências dos consumidores. Não há dúvidas que em nosso cenário atual, existe um volume de informações excessivas e que os empresários batalham constantemente pela nossa atenção e efetivação do consumo. Objetiva-se então quebrar o olhar seletivo das pessoas, fazendo com que elas olhem para as marcas, inclusive para a estética da mesma. TNG A TNG é uma empresa do varejo, atuante no segmento de varejo da moda, busca crescimento de seus negócios pela expansão em sua área de atuação. O ponto chave da questão neste estudo de caso é a preocupação da adoção de estratégias simples, competitivas e não inovadoras no segmento masculino, feminino e mais recentemente com perspectiva de atuação no segmento infantil, cujo objetivo será buscar o crescimento das vendas através do crescimento de suas lojas, trazendo ganho de escala suficiente para reduzir custos e aumentar a margem de lucro da empresa. Nesse estudo veremos uma situação de crescimento da TNG pela expansão de sua rede de lojas e ampliação de seus produtos no segmento masculino e feminino, assumindo riscos inerentes aos negócios. Com tal atitude o resultado foi pelo aumento das vendas ocorrendo 35 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 paralelamente à uma determinada popularização da marca. Foi preciso conciliar crescimento e prestígio, conseguindo de alguma forma a devolver a marca seu status de objeto de desejo. Estudo de caso da marca TNG A TNG é uma empresa no segmento de varejo de moda e sempre teve por objetivo deixar claro sua preocupação com a expansão de mercado para atuação de seus negócios. Inicialmente atuou no segmento da moda, somente produtos de uso da moda masculina e posteriormente por estratégia percebida em pesquisa, migrou também para o segmento feminino. Há planos para efetivar ainda mais sua participação no segmento da moda, agora com ingresso no segmento infantil. O varejo de roupas é um dos maiores setores da economia mundial, e os megavarejistas continuam a se expandir pelo mundo. Todos os varejistas precisam de uma estratégia que incorpore a filosofia da empresa, ou da marca, para poderem apresentar a oferta do produto de maneira mais convincente, utilizando, os formatos de varejo disponíveis mais adequados e eficientes para atrair e motivar os consumidores (GROSE, 2013, p. 67). A TNG é uma marca real, carismática, criada com bases solidificadas no mercado e com vistas a tendências de mercado, e por uma estratégia diferenciada de atendimento ao seu público-alvo. A empresa Tito Bessa Jr. abriu sua primeira loja com a denominação de Via Lorenzo e vendia bolsas e bijuterias – não sabia nada do mercado de moda. Bessa Jr. não se preocupa em ser inovador. Bessa diz que segue a tendências de mercado e procura fazer da moda um bem acessível, sem inventar nada. A TNG é uma marca de roupas e acessórios com 165 lojas próprias, vende suas confecções para outros 700 pontos de venda, emprega 1,5 mil funcionários e fatura R$ 400 milhões por ano (julho/2012). No ano de 1984, aos 26 anos, Tito Bessa Jr. abre, em parceria com seu irmão Fausto, a primeira loja TNG, no Shopping Matarazzo, em São Paulo. 36 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 Em 1988 Bessa Jr. começa a expansão da rede. Abre lojas em Belo Horizonte, Brasília e Curitiba, cidades onde, naquela época, os gastos com aluguéis eram menores. No ano de 2000 a TNG lança a sua primeira coleção de roupas femininas. Hoje, 30% do faturamento da empresa vêm desse segmento. A marca desfila no Fashion Rio (2002), sua estreia num grande evento de moda. Em 2002, consegui sua participação no Fashion Rio, e no segundo ano de desfile, aconteceu o imprevisível, o maior erro foi deixar de pensar no público da TNG. Para ganhar mais credibilidade dos críticos, Bessa Jr. amargou o fundo do poço boa parte das roupas do desfile foi parar nas prateleiras das lojas, mas as vendas não foram realizadas, houve um encalhe significativo. Em seis meses as coisas pioraram tanto que já havia a possibilidade de até fechar a empresa. Foram demitidos. A TNG em 2003 faz um desfile menos comercial e mais conceitual para seus padrões, e ele decide levar essas roupas para as lojas. O resultado é um fiasco: as vendas despencam. Para salvar a TNG da crise (2004), Bessa Jr. demite todos os 12 funcionários da área comercial e renegocia contratos com fornecedores e refinanciou uma dívida fiscal que paga até hoje (jul/2012). Bessa Jr. investe em lojas de rua sob a bandeira TNG Outlet, até então só existiam duas fora dos shoppings – em Londrina e em São Paulo, ao lado do logo TNG acrescentou os dizeres “outlet”, achava que apresentá-la como loja de descontos seduziria o público. Mais foi um engano. As lojas atraiam gente, mas a marca perdeu prestígio. Estava virando sinônimo de promoção. Com essa estratégia a marca TNG foi enfraquecida, posteriormente fechou a maior parte dos Outlets. Bessa Jr. ao acrescentar ao logo da TNG os dizeres “outlet” cometeu um engano, já que a marca perdeu prestígio, ao perceber o erro, tirou a palavra da fachada da maioria das lojas e manteve uma pequena área para as peças em promoção. Hoje as lojas de rua respondem por 10% das vendas. Produto Ano 1984 Bessa Jr. começava trilhar um novo caminho com a inserção da moda clássica para homens como um negócio da moda masculina, passou a se preocupar mais com a imagem e 37 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 a ver a roupa como uma forma de expressão. Com essa tendência Bessa Jr. começa a vender uma roupa moderna. Muita calça jeans, camisas de tecidos menos tradicionais. Inicialmente Bessa Jr. fazia os desenhos das roupas e pedia a um amigo que as confeccionasse. O slogan escolhido para a marca foi “Saia do Comum”, que se traduz em equilíbrio estético. Equilíbrio Estético é um estado de espírito [...] o refinamento leva ao gosto apurado e a ambientes agradáveis e equilibrados. Ter gentileza e beleza no vestir, no falar [...]. Conhecer e respeitar a história de cada lugar, os personagens e conflitos das épocas [...] Com maturidade e cultura, fazer do viver uma arte. Procurar ambientes agradáveis, as nuances dos perfumes, os romances clássicos e a sutileza das emoções humanas ao longo da história [...]. Apreciar o romantismo do espírito feminino, o valor de tratar as pessoas com cortesia e os humildes com distinção. O ambiente com classe em sua essência transmite a todos os sentimentos de dignidade e importância pessoal. O Equilíbrio Estético [...] deixa de lado a competitividade. [...] Algumas situações em que o Equilíbrio Estético é usado: Na arte de viver, em objetos personalizados, em Slogans por ex. o utilizado pela TNG, em marcas de moda, por exemplo, Chanel (MARTINS, 1999, p. 82). Não se preocupava em ser inovador, seguindo apenas tendências que têm a ver com o seu público, dando um toque da moda em sua roupa. Bessa Jr. queria vender e por isso recebia olhares tortos de estilistas e críticos de moda. Fazia roupa para muitos e não para poucos, tinha como lema vender muito. Faturamento TNT – abreviação da palavra teenager (adolescente) o faturamento inicial ficou empatado com a receita de um mês inteiro da loja de assistência técnica do pai. Pouco meses depois, animou-se com os resultados e se atirou ao mundo fashion, com abertura de uma loja de venda de apenas roupas masculinas. Na verdade a denominação TNT reúne a inicial de seu nome e a de exsócios que ele mantém em segredo. Acelera a expansão da marca era um dos objetivos, mas o valor dos aluguéis nos shoppings estava muito elevado. Mas a ideia de ser grande continuava, sabia que o crescimento de suas lojas traria ganho de escala suficiente para reduzir custos e aumentar a margem de lucro da empresa. A expansão começou para fora de São Paulo, já que os aluguéis em cidades como 38 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 Belo Horizonte e Curitiba eram menores, com a estratégia de crescer nesses locais para adquiri robustez, para depois voltar a investir na capital paulista. De posse da informação de que 50% das pessoas que entravam na TNG eram mulheres que compravam para os namorados e maridos. Começou a questionar sobre a possibilidade de criação de algo para elas. Então no ano de 2000 surgiu a primeira coleção feminina. Atualmente (2012) 30% do faturamento da rede vêm desse segmento. O acionista Tito Bessa Jr. aos 26 anos tinha acabado de largar a faculdade economia, trabalhou no emprego cujo proprietário era seu pai, dono de uma loja de consertos que ficava no estacionamento do Shopping Matarazzo – popular centro de compras que não existe mais, na Zona Oeste de São Paulo - porque queria ser dono de muitas, muitas lojas. Sofreu vários fracassos até montar a TNG, com suas 165 unidades e R$400 milhões em vendas. [...] Criar moda é um atividade eletrizante, desafiadora e, por vezes, arriscada, mas essa indústria altamente criativa se apóia em um modelo de negócio sólido e em um fluxo de trabalho operacional eficiente. É importante ter em mente que toda varejista esta no negócio para obter lucro e que a moda é uma indústria com fins lucrativos como qualquer outra (GROSE, 2013, p.11). Começou a trabalhar em 1971 aos 13 anos, fazendo de tudo um pouco na pequena loja de consertos de eletrodomésticos do pai. Foi nessa época que persistiu na ideia de ter uma rede de lojas, de muitas lojas. Quatro décadas depois, Tito Bessa Jr. é proprietário da TNG. Tito Bessa Jr. transformou o sonho de adolescente num grande negócio, cujos riscos foram assumidos inclusive uma grande vontade de aprender, já que não conhecia nado do mercado de moda. De uma loja de consertos que ficava no estacionamento do Shopping Matarazzo, braço direito de seu pai, em decorrência de uma ampliação nas instalações do centro comercial que acabou escondendo a loja do público, Bessa Jr. se dirigiu ao administrador do shopping e recebeu a proposta de mudança de lugar e assim nasceu a Via Lorenzo. 39 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 Marca Fonte: http://cachecol.net/tng/ Considerado o Teenager da moda. Em quase 20 anos de idas e vindas, o empresário criou uma marca identificada com o público jovem. Com a premissa de vender roupas para muitos e não para poucos, no final da década de 80 acelerou a expansão da marca, que contava com apenas duas lojas na capital paulista. Com a expansão da rede de lojas e ampliação de roupas, a TNG aumentou as vendas, pela popularização da marca. Era preciso conciliar crescimento e prestígio, conseguindo de alguma forma a devolver a marca seu status de objeto de desejo. Bessa Jr. avaliou a situação e decidiu que a melhor forma de fazer isso era ingressar no restrito circulo dos desfiles de moda. Sua participação no São Paulo Fashion Week foi negada por seus organizadores porque não queriam abrir as portas ás novas marcas. Em 2002, consegui sua participação no Fashion Rio, o segundo maior evento de moda do país. Naquele local e época, Bessa Jr provou que tinha competência para apresentar uma coleção. No segundo ano de desfile, acontece o imprevisível, sua amostra de uma coleção conceitual, menos comercial, para ganhar mais credibilidade dos críticos, quase que Bessa Jr. amargou o fundo do poço. A TNG apresentou na passarela algo mais diferente daquilo que seu público estava acostumado a ver e a comprar. Boa parte das roupas do desfile foi parar nas prateleiras das lojas, mas as vendas não foram realizadas, houve um encalhe significativo. Em seis meses as coisas pioraram tanto que já havia a possibilidade de até fechar a empresa. O maior erro foi deixar de pensar no público da TNG. 40 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 Concorrentes Fez da moda um bem acessível, com um bom custo-benefício. Um meio-termo entre o que oferece um grande magazine, como a C&A e a Renner, e as marcas brasileiras para o público mais endinheirado, como Ellus e M.Officer. Visava expandir a marca para se tornar grande no mercado, sabia que o crescimento de suas lojas traria ganho de escala suficiente para reduzir custos e aumentar a margem de lucro da empresa. A expansão começou para fora de São Paulo, já que os aluguéis em cidades como Belo Horizonte e Curitiba eram menores, com a estratégia de crescer nesses locais para adquiri robustez, para depois voltar a investir na capital paulista. Fazer compras, ou a “terapia de consumo”, é uma atividade de lazer mundialmente conhecida. Os varejistas competem entre si criando ambientes de compras e lazer interessantes e estimulantes, com o objetivo de atrair e fidelizar clientes. Além disso, o advento da venda de produtos pela internet (em inglês, o chamado e-tailing) e de formatos de varejo por meio de diversos canais aumentaram a dinâmica e deixaram mais complexas as maneiras nas quais o vestuário de moda é vendido e divulgado ao público em geral. [...] a posição, o ponto de venda, o preço e as pessoas são partes integrantes da estratégia de varejo (GROSE, 2013, p 677). Moda e varejo De loja em loja, de shopping em shopping seus conhecimentos foram aprimorados em relação à moda e ao varejo. Foi tendo aprendizado com base em suas experiências. Buscava informações sobre a concorrência, lia revistas estrangeiras sobre o assunto e observava com atenção seus clientes. Os relatórios fornecidos pelos shoppings com detalhes sobre o comportamento dos consumidores forneceu-lhe a informação de que 50% das pessoas que entravam na TNG eram mulheres que compravam para os namorados e maridos. Começou a questionar sobre a possibilidade de criação de algo para elas. Então no ano de 2000 surgiu a primeira coleção feminina. Em 2002, consegui sua participação no Fashion Rio, e no segundo ano de desfile, aconteceu o imprevisível, o maior erro foi deixar de pensar no público da TNG. Para ganhar mais credibilidade dos críticos, Bessa Jr. amargou o fundo do poço boa parte das roupas do desfile foi parar nas prateleiras das lojas, mas as vendas não foram realizadas, houve um encalhe 41 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 significativo. Em seis meses as coisas pioraram tanto que já havia a possibilidade de até fechar a empresa. Visão do futuro Bessa Jr. tem a visão de ampliação de seu negócio em relação a sua rede de lojas. Uma pesquisa mostrou que a TNG tem potencial para criação de novos 600 pontos no país, ou seja, mais 435 lojas. Ainda há muito shopping para ser explorado no Brasil, mas sua pretensão é aumentar a participação nas ruas, onde os aluguéis são mais baixos. Existe um projeto que sairá do papel em breve, é a de ter uma linha de roupa para crianças, com idades entre 4 e 12 anos. Em 2006 já chegou a atender esse público, em seguida abandonou o segmento para se dedicar apenas à moda adulta. A pretensão e fazer um relançamento da marca em 2013, seguindo o mesmo rumo às 600 lojas. O que se sabe é que há muitas oportunidades pelo Brasil. Conclusão As pessoas e as empresas vivem em um ambiente de elevada concorrência Os custos crescem para as empresas e as receitas muitas vezes não crescem na mesma proporção de seus custos. A TNG precisou expandir seu negócio para outros estados em decorrência de aumentos de custos com aluguéis o que comprometia sua receita. A TNG é uma marca de valor, entrega seu produto com qualidade, satisfazendo as necessidades de seus clientes, tornando a marca de seu produto uma marca confiável. A TNG adotou estratégias simples, competitivas e não inovadoras, segundo o seu proprietário, no segmento de moda masculina e feminino. Buscou o crescimento de suas vendas pela diversificação de seus produtos em áreas de atuação, como também pelo crescimento de suas lojas, através da expansão de mercado, a fim de trazer ganhos de escala suficiente para reduzir custos e aumentar a margem de lucro da empresa. Conciliou crescimento e prestígio, em relação ao status da marca como objeto de desejo. No inicio a TNG vendeu roupa moderna, calça jeans, camisas de tecidos menos tradicionais, com isso não teve a preocupação em ser inovador, apenas seguiu as tendências de seu público dando um toque da moda em sua roupa. 42 São Paulo, n. 9, jan-jun. 2014 Acelerou a expansão de sua marca para outros estados, fora de São Paulo, já que os aluguéis estavam muito elevados na capital. Pelas análises feitas acredita-se que o crescimento da TNG esta fundamentado na geração de lucro. Fez uso de estratégias diferenciadas quanto ao atendimento ao cliente. Por uma pesquisa verificou que 50% das pessoas que entravam na TNG eram mulheres e que estas compravam para os namorados e maridos, logo estava a TNG criando produtos para o segmento feminino. Com a expansão da rede de lojas e ampliação de roupas, a TNG aumentou as vendas, pela popularização da marca. Uma empresa que aos poucos foi se diversificando em produtos e segmentos e por uma estratégia responsável de crescimento conseguiu expandir seus negócios para outros estados os quais lhe trouxe prestígio, em relação ao status da marca como objeto de desejo. Referências BARBOSA, Ivan Santo. Propaganda e significação: do conceito à inscrição psico-cultural. In: CORRÊA, Tupã Gomes, org. Comunicação para o mercado: instituições, mercado, publicidade. 1º. ed. São Paulo: Edicon, 1995. DEARLOVE, Des & CRAINER, Stuart. O livro definitivo das marcas. Histórias e revelações da 50 maiores marcas do mundo. 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