Terapia inovadora ajuda na recuperação da fala Segundo Viviane Fontes, esse trabalho está sendo realizado através de muito estímulo musical. A experiência de ‘grupoterapia’ com pacientes afásicos utilizando a música como recurso terapêutico é um instrumento estimulante por ser mais agradável e por serem trabalhadas com músicas que ficam retidas em suas memórias e, em grande parte, as músicas do cantor Roberto Carlos. “Esse processo vem ajudando na recuperação funcional da linguagem oral. Um tratamento que normalmente leva dois anos está sendo realizado com sucesso em apenas três meses, isso é surpreendente e maravilhoso”, fala entusiasmada a profissional. “A música que os pacientes mais gostam de cantar e a mais trabalhada é ‘meu calhambeque bi-bi’. – Eu começo cantando e eles fazem bi-bi, depois começam a se soltar e a pronunciar outras palavras da letra. É fantástico. Viviane Araújo diz que o tratamento é realizado semanalmente e todas as sessões terapêuticas são filmadas e seguem as normas éticas de pesquisa de campo. “As sessões são filmadas por dois motivos, devem ser registradas como pesquisa na área de reabilitação fonoaudiológica e para que os próprios pacientes possam ver os resultados e suas evoluções”, explica. A especialista diz que além do atendimento em grupo, cada paciente, num total de dez atualmente, faz um atendimento fonoaudiológico individual uma vez por semana. “Com duas sessões semanais, o paciente pode voltar a falar mais rapidamente”, diz. “Na sessão individual, o paciente treina padrões articulatórios, estimulação da linguagem expressiva e compreensiva, estimulação da escrita, dentre outros estímulos lingüísticos e sensoriais”, explica. Viviane Fontes diz que quanto mais cedo o paciente começar o tratamento, mais rápido terá um resultado. Pacientes que tiveram um AVC e começaram o tratamento um ano depois, dificilmente voltarão a se comunicar normalmente. “O tamanho e tempo da lesão é que vão determinar a eficácia do tratamento”, orienta. “O ideal é que o paciente comece o tratamento fonoaudiológico logo após a alta hospitalar. Lesões que ocorreram em até um mês, geralmente apresentam uma melhora rápida e um rendimento muito importante para o restabelecimento da linguagem”, afirma. Segundo a especialista em reabilitação fonoaudilógica, as famílias muitas vezes não são informadas ou simplesmente desconhecem que um paciente afásico pode voltar a falar. Mas após a alta hospitalar ele deve ser encaminhado imediatamente para reabilitação. “Geralmente as pessoas recebem o encaminhamento para o tratamento de reabilitação, acabam não levando o paciente em tempo hábil por desconhecer a importância do tratamento e as possibilidades de melhora e cura”, analisa. Resultados obtidos - Com a intervenção fonoaudiológica e o apoio da psicologia aplicada, pôde ser verificado que todos os pacientes submetidos ao tratamento de ‘grupoterapia’, apresentaram melhora significativa. “Melhora de compreensão e entendimento, concentração e imitação, expressão facial, produção oral da fala, na auto-estima e ritmo da fala”, analisa Fontes. A fonoaudióloga diz que a maioria dos pacientes entra para o trabalho de reabilitação praticamente sem conseguir pronunciar nenhuma palavra e ao final do tratamento, que leva em torno de três a quatro meses, consegue estabelecer uma comunicação com seus familiares. O que é afasia - Para ilustrar de forma simples o que seria uma afasia, podemos comparar o cérebro como um grande mapa onde fosse delimitado a região: norte, sul, leste e oeste. Quando acontece algum tipo de queimada, por exemplo, na região sul, esta área fica totalmente vazia, um grande buraco, e para essa área voltar a ser produtiva deve-se reflorestá-la, ou seja, estimular aquela área com plantio. Existem áreas específicas do cérebro para a produção da fala e compreensão da linguagem. Quando há algum tipo de lesão nestas áreas específicas ocorre à desativação do mecanismo da fala e linguagem, gerando um quadro de afasia. “A reabilitação tem como objetivo central melhorar a qualidade de vida dos pacientes, fazendo com que as funções preservadas ou parcialmente preservadas sejam mais bem aproveitadas”, explica Viviane Fontes. Viviane Fontes diz que a música pode ser um facilitador no processo de promover a comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização e expressão em pacientes que apresentam dificuldades na comunicação oral, motivando uma melhora na organização estrutural da linguagem, ritmo, prosódia, respiração, dentre outras, além de aliviar as tensões e favorecer o convívio social, desviando o foco de atenção do indivíduo da dor e do sofrimento para a alegria. “Estudos comprovam que a música potencializa a reabilitação e induz a liberação de substâncias como dopamina e serotonina proporcionando sensação de prazer e bem estar”, conclui. Fonte: Viviane Fonte, fonoaudióloga da Secretaria Municipal de Saúde.