Câncer pode prejudicar o sonho de aumentar a família

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Câncer pode prejudicar o sonho de aumentar a família
Tratamento com quimioterapia e radioterapia apresenta efeitos nocivos à reprodução
humana
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RENATA ABRITTA
Muitos homens e mulheres sonham em se tornar pais. Mas nos dias atuais, esse plano é cada
vez mais adiado até que se atinja a estabilidade financeira. O problema é que, com o passar
dos anos, o risco de desenvolver tumores é geralmente maior e, em alguns casos, o câncer
pode interromper de forma definitiva a meta de aumentar a família.
Segundo especialistas, a gravidez em sobreviventes da doença é 40% menor do que na
população em geral. Essa porcentagem, entretanto, varia de acordo com o tipo de câncer. As
mulheres diagnosticadas com câncer de mama, por exemplo, têm a menor chance de gravidez
subsequente: 70% inferior.
“Pacientes portadores de câncer podem ter sua capacidade de fertilização diminuída ou
abolida em decorrência da própria doença ou das várias formas de tratamento a serem
utilizadas. Cirurgia, radioterapia e quimioterapia podem não permitir a concepção. Além disso,
quanto maior a idade, maior o risco de infertilidade relacionada ao tratamento”, explica o
oncologista Roberto Fonseca, diretor da Oncomed-BH.
Ainda de acordo com ele, pacientes com diagnóstico de câncer de próstata, que necessitem de
cirurgia radical ou radioterapia, geralmente ficam inférteis. “Em homens portadores de
linfomas (tumores do sistema imunológico) pode-se notar uma diminuição ou ausência da
produção de esperma. Eventualmente, isso pode ser normalizado com o tratamento”, frisa.
Diálogo. O oncologista pondera que embora a prioridade deva ser sempre a luta contra a
doença e o sucesso da cura, é necessário minimizar ou evitar as principais sequelas futuras
buscando a qualidade de vida dos pacientes após o tratamento.
“Por tudo isso, é fundamental que antes do início do tratamento o paciente discuta com seu
médico todos os possíveis problemas relacionados à fertilidade e, também, as possibilidades
de evitar a infertilidade permanente”, afirma Fonseca.
Em algumas situações, o tratamento indicado pode ser modificado na tentativa de reduzir a
possibilidade de disfunção nos ovários. “Um paciente com câncer de mama em quimioterapia
adjuvante pode ter a possibilidade de usar drogas que bloqueiem temporariamente os ovários
durante o tratamento, podendo ter uma redução do risco de infertilidade”, explica.
Após a cura. Pacientes que já se curaram de algum câncer e não perderam a fertilidade podem
se tornar mães, mas é recomendado que haja um período de segurança de pelo menos dois
anos entre o fim do tratamento e a gravidez. “Devemos considerar o risco de recorrência,
idade e função ovariana da paciente”, pontua Fonseca.
O especialista ressalta que os pacientes que em um primeiro momento se tornam inférteis
podem voltar à sua capacidade reprodutiva. “Tudo depende das condições clínicas do paciente
e do tratamento realizado”.
Alternativas para os que querem ser pais
Atualmente, o risco da infertilidade não significa que uma pessoa não poderá mais ter filhos.
No momento do diagnóstico de um câncer, o paciente deve conversar com o médico sobre a
vontade de se tornar mãe ou pai no futuro após o tratamento do câncer. A ciência está
desenvolvida e possui algumas alternativas até mesmo para os casos de pessoas com
infertilidade permanente aumentarem a família com seus herdeiros.
“No caso do homem, mesmo em adolescentes, o esperma pode ser armazenado em ‘bancos
de esperma’ para utilização futura. No caso da mulher, a criopreservação (congelamento) de
embriões ou de oócitos são procedimentos que podem ser oferecidos às pacientes. Ainda que
o tratamento deva estar focado na cura, não podemos desconsiderar a importância da
qualidade de vida que inclui também suas expectativas e sonhos. As opções irão variar desde a
concepção natural, fertilização in vitro e adoção de crianças”, ressalta o oncologista Roberto
Fonseca, diretor da Oncomed-BH.
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