I – Capítulo I Escola TécnicaVolume Simonsen ITS / CTA Autor Leonardo Moreira Romano 1 Sumário SUMÁRIO Volume I – Capítulo I ITS / CTA Unidade I Capítulo I • Origem da Vida • Os Primeiros Seres Vivos Na Terra Capítulo II - Teoria da Evolução Capítulo III - Evolução Unidade II Capítulo I - O que é Citologia ? Capítulo II - Organização celular e transporte através da membrana Capítulo III - Núcleo celular Exercício de fixação 2 Volume I – Capítulo I Capítulo I – Unidade I Origem da Vida ORIGEM DA VIDA O ser humano sempre buscou uma explicação para suas dúvidas em relação à origem da vida, pois no passado o questionamento sobre esse assunto intrigava muito as pessoas, por exemplo, como explicar como o seria a formação de um ser humano? Como explicar o crescimento de uma árvore? Como aconteceria o aparecimento de vermes no intestino? Seria o fato de eu comer açúcar que estimularia esse aparecimento? Coisas que para a nossa sociedade moderna é fácil a explicação. Porém com essa busca dos antepassados, surgiram várias teorias tentando explicar esse surgimento. Cada pensador estava expondo seu ponto de vista, aquilo que para ele seria a resposta de tal questão (a origem da vida). Tiveram muitas hipóteses. A Biologia atual trabalha com a seguinte tese “Todo ser vivo provém de outro ser vivo pré-existente”... Porém até os cientistas chegarem a essa idéia atual e mais aceita, um longo caminho foi percorrido. Muitas investigações, experiências foram feitas até ficar provado que só a vida gera a vida. 3 Volume I – Capítulo I O Ambiente no Planeta Terra O Planeta Terra, no início de sua formação (estima-se que tenha se formado a 4,5 bilhões de anos) era como uma esfera de fogo, que aos poucos foi se resfriando, criando uma superfície sólida (crosta terrestre) contendo no seu interior (núcleo) um material com temperaturas elevadas e submetido a fortes pressões, que forçavam esse material a ser expelido nos vulcões, sob a forma de lavas, gases e vapor d’água, e este vapor d’água ao se condensar formavam fortes chuvas que ao cair formavam os oceanos. Este era o panorama da Terra primitiva, um ambiente totalmente desfavorável a vida, com altas temperaturas e com uma atmosfera diferente da atual, sem oxigênio, que é importantíssimo para a sobrevivência da maioria das formas de vida atuais. Os principais gases que constituíam a atmosfera primitiva são: Vapor d'água (H2O), Metano (CH4), Gás Carbônico (CO2), Hidrogênio (H2), Amônia (NH3). Algumas provas da existência, na atmosfera primitiva, de água, hidrogênio, metano e amoníaco são fornecidas pela análise espectroscópica das estrelas; outras, pela observação de meteoritos provenientes do espaço interestelar. A análise das estrelas revela também a existência, em vários pontos do Universo, de pequenas moléculas orgânicas que estariam numa etapa primitiva de formação da vida. 4 Volume I – Capítulo I As Primeiras Moléculas Orgânicas Acredita-se que a formação das primeiras moléculas orgânicas como os aminoácidos, e açúcares devem se ao fato de raios e trovões que são descargas elétricas associados aos raios ultravioletas emitidos pelo sol, tenha destruído as ligações químicas dos gases primitivos, e forneciam energia suficiente para que outras substâncias fossem formadas a partir dessa reação de quebra de ligação dos gases. De Moléculas Orgânicas a Células Continuando nossa caminhada, as moléculas orgânicas mais simples (ex aminoácidos e açucares) eram carregadas pelas águas das chuvas até os mares, e estas águas, que eram aquecidas foram encubando as moléculas até que elas foram se unindo e formando moléculas maiores. Então, os aminoácidos formaram as proteínas polissacarídeos, e e os nucleotídeos açucares simples constituíram os teriam formado ácidos os nucléicos componentes estes do material genético. Oparin, cientista que contribuiu para a hipótese moderna de formação das primeiras células, para ele as proteínas sob certas condições se agrupam formando o que denominamos Coacervados. Para ele os alguns destes coacervados teriam englobado moléculas de ácido nucléico (responsável pela hereditariedade) no seu interior e também proteínas enzimáticas e aderindo a moléculas de gordura que formasse uma camada de proteção. Teríamos então um ser vivo. 5 Volume I – Capítulo I Gotículas de coacervado obtidas artificialmente e fotografadas ao microscópio sugerem como devem ter se organizado as substâncias orgâmicas nos mares primitivos para o aparecimento das primeiras formas de vida. 6 Volume I – Capítulo I 2 Os Primeiros Seres Vivos Hipótese Heterotrófica Os primeiros seres vivos da Terra viviam na água, eram unicelulares, heterotróficos e alimentavam-se de substâncias existentes nos oceanos, como os açucares. E para degradar o alimento a fim de obter a energia utilizavam a FERMENTAÇÂO, que degrada o alimento sem a utilização do oxigênio, que é também um processo ANAERÓBIO, pois é feito na ausência de oxigênio. Hipótese Autotrófica Com o passar do tempo, o número desses seres primitivos aumentou muito. Os alimentos existentes nos oceanos foram lentamente se tornando insuficiente para todos. Começou a haver competição pelo alimento, e alguns destes seres vivos, por acaso desenvolveram mecanismos alternativos de obtenção de nutrientes, tornando-os um pouco mais independente dos alimentos que eram dissolvidos nos oceanos. Estes seres provavelmente conseguiram sintetizar seu próprio alimento a partir de materiais simples e abundantes no meio como água e gás carbônico. Para unir estas moléculas simples, não orgânicas e formar moléculas mais complexas (orgânicas) devem ter utilizado a luz do sol, e justamente por terem desenvolvidos mecanismos mais sofisticados (pigmentos como a clorofila) e realizaram a fotossíntese. Surgiram, então os primeiros seres autotróficos, que produziam o alimento necessário para manter a vida na Terra. Além da vantagem sobre os primeiros seres vivos, os seres autotróficos no processo da fotossíntese produziram o gás oxigênio que se acumulou na atmosfera. 7 Volume I – Capítulo I Com o oxigênio seres mais complexos surgiram, seres estes capazes de degradar nutrientes a partir de enzimas, e com o oxigênio agora abundante na atmosfera, pois o oxigênio é capaz de liberar muito mais energia dos compostos orgânicos, seres com esta capacidade são chamados Aeróbios ou Aeróbicos (usam o oxigênio) e usam a Respiração como mecanismo de obtenção de energia. Com isso apareceram seres mais complexos e cada vez maiores chamados de Pluricelulares. Esta é a hipótese Autotrófica Ácido Nucléico - Os ácidos nucléicos organizam o material genético de uma célula e comanda suas atividades diversas, inclusive a reprodução. Assim, com o surgimento dessas moléculas muito especiais, os coacervados puderam se transformar em seres unicelulares. Heterótrofos - Os seres vivos, que buscam energia se alimentando de outros seres vivos pois são incapazes de produzir energia sozinhos. Autótrofos - São seres vivos, como plantas e as algas que realizam a sua nutrição por meio da fotossínte. Enzimas - As enzimas são proteínas especializadas em catálise celular, as enzimas aceleram a velocidade de uma reação. consideradas as unidades funcionais do metabolismo celular. 8 Volume I – Capítulo I I Capítulo II – Unidade I Teorias da Evolução Abiogênese (ou Geração Espontânea) A teoria da Abiogênese ou geração espontânea baseava-se na ideia de que os seres vivos poderiam surgir de uma “matéria bruta”, sem vida. Os defensores dessa hipótese diziam que haveria um “princípio ativo” ou uma “força vital” presentes em algumas matérias brutas, e esse “princípio” ou “força” seria capaz de transformar uma matéria bruta (sem vida) em uma matéria viva. Aristóteles era um grande defensor dessa teoria. O princípio ativo estaria presente em determinadas coisas, por exemplo, se tivesse presente em alimentos consumidos pelo homem, isso explicaria o surgimento de vermes no homem ( a explicação seria que o AÇUCAR ingerido seria o princípio ativo capaz de gerar os vermes no homem). Estaria presente também nos restos de lixo e por isso apareceriam às larvas de insetos no lixo (Na época que essa hipótese era aceita, não se sabia que esses pequenos animais que eram vistos no lixo na verdade eram larvas de moscas). 9 Volume I – Capítulo I I Curiosidades A crença que a vida poderia surgir através da matéria bruta era tão grande que, muitos defensores da abiogênese apresentavam experimentos para conseguir a geração expontânea de alguns seres vivos. O médico belga Von Helmut (1577-1644) tinha uma receita para a obtenção de ratos: “ Enche se de trigo e fermento um vaso, que é fechado com uma camisa suja, de preferência de mulher. Um fermento vindo da camisa, transformado pelo odor dos grãos, transforma em ratos o próprio trigo” (Sonia Lopes. BIO v.1. Ed Saraiva) Biogênese Insatisfeitos com a teoria da abiogênese, cientistas realizaram experiências que foram passo a passo, minando a teoria da abiogênese. Veremos os principais cientistas e o que eles fizeram para provar que a vida não era gerada espontaneamente. Francesco Redi (1626-1697) Cientista italiano elaborou uma experiência a fim de derrubar a teoria da abiogênese. Esses foram os passos da sua experiência: • Colocou pedaços de carne em vários frascos; • Alguns frascos foram deixados abertos e outros fechados. Depois de vários dias, Redi observou que a carne que estava nos frascos apodreceu, e isso atraiu as moscas, que entravam e saíam continuamente nos frascos abertos, pois nos frascos fechados a mosca não tinha acesso. 10 Volume I – Capítulo I I Daí Redi observou que no frasco que as moscas tiveram acesso (abertos) os frascos estavam cheios de vermes, enquanto nos frascos fechados os vermes não apareciam. Redi descobriu então que aqueles vermes na verdade eram larvas das moscas que tiveram contato com o frasco aberto com carne, e conseguiu comprovar sua experiência que a carne apodrecia nã era capaz de gerar vida, pois o que surgiu(vermes) eram originados das moscas(que já existiam). Isso gerou um forte abalo na teoria da abiogênese. Needham X Spallanzani Apesar da repercussão das experiências de Redi, a idéia de geração espontânea ainda não havia morrido. O uso crescente do microscópio e a descoberta dos microorganismos foram fatores que reforçaram a teoria da abiogênese: tais seres pequeninos, argumentava-se, eram tão simples, que não era concebível terem a capacidade de reprodução; como conclusão óbvia, só podiam ser formados por geração espontânea. John Needham cientista inglês realizou um experimento cujos resultados pareciam comprovar as idéias da abiogênese. Vários caldos nutritivos, como sucos de frutas e extrato de galinha, foram colocados em tubos de ensaio, aquecidos durante um certo tempo e em seguida selados. A intenção de Needham, ao aquecer, era de provocar a morte de organismos possivelmente existentes nos caldos; o fechamento dos frascos destinava-se a impedir a 11 Volume I – Capítulo I I contaminação por micróbios externos. Apesar disso, os tubos de ensaio, passados alguns dias, estavam turvos e cheios de microorganismos, o que parecia demonstrar a verdade da geração espontânea. Alguns anos mais tarde, o pesquisador italiano Lazzaro Spallanzani (17291799) repetiu a experiência de Needham. Só que a diferença foi que ele ferveu os líquidos durante uma hora, não se limitando a aquecê-los; em seguida os tubos foram fechados hermeticamente. Líquidos assim tratados mantiveram-se estéreis, isto é, sem vida, indefinidamente. Desta forma, Spallanzani demonstrava que os resultados de Needham não comprovavam a geração espontânea: pelo fato de aquecer por pouco tempo, Needham não havia destruído todos os micróbios existentes, dando-lhes a oportunidade de proliferar novamente. Needham ainda retrucou e disse: “...Spallanzani... selou hermeticamente dezenove frascos que continham diversas substâncias vegetais e ferveu-os, fechados, por uma hora. Mas, pelo método de tratamento pelo qual ele torturou suas dezenove infusões vegetais, fica claro que enfraqueceu muito ou até destruiu a força vegetativa das substâncias em infusão...” Continuava assim a polêmica entre abiogênese e Biogênese. Foi quando o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) decidido em derrubar a teoria da abiogênese, realizou o seguinte experimento: Ele ferveu caldo de carne em um balão de vidro aberto que possuía um gargalo curvado em forma de S, conhecido como “pescoço de cisne”. O líquido ficou por muito tempo. 12 Volume I – Capítulo I I Sem micróbios, apesar de entrar ar os micróbios que vinham juntamente com o ar ficavam depositados junto à poeira na curvatura do gargalo. A entrada do ar ocorre, então, mais vagarosamente e, quando o líquido se resfriou suficientemente, a ponto de não mais ser capaz de tirar a vitalidade dos germes, a entrada do ar será suficientemente lenta, de maneira a deixar nas curvas úmidas do pescoço toda a poeira (e germes) capaz de agir nas infusões. Depois de um ou vários meses no incubador, o pescoço do frasco foi removido por golpe dado de tal modo que nada, a não ser as ferramentas, o tocasse, e depois de 24, 36 ou 48 horas, bolores se tornavam visíveis, exatamente como no frasco aberto ou como se o frasco tivesse sido inoculado com poeira do ar. Com esta experiência engenhosa, Pasteur também demonstrava que o líquido não havia perdido pela fervura suas propriedades de abrigar vida, como argumentaram alguns de seus opositores. Além disso, não se podia alegar a ausência do ar, uma vez que este entrava e saía livremente (apenas estava sendo filtrado). As experiências de Pasteur e Redi fizeram com que a hipótese da biogênese, fosse aceita pelos cientistas de todo o mundo. 13 Volume I – Capítulo I I Criacionismo (ou Fixismo) “No princípio criou Deus os céus e a terra”... Com essa frase começa o livro de Gênesis (que criacionismo significa predominou origem), na o Europa Medieval, por influência da Igreja Católica, pois acreditavam que a criação da terra aconteceu como estaria proposto na bíblia. Porém com as descobertas de fósseis, microorganismos, essa teoria foi caindo, pois não conseguiu explicar a variedade de seres vivos do planeta. PANSPERMIA CÓSMICA Panspermia, proposta no fim do século XIX, é uma teoria que busca explicar a origem da vida. Segundo ela, nosso planeta foi povoado por seres vivos ou elementos precursores da vida oriundos de outros planetas; que se propagaram por meteoritos e poeira cósmica até a Terra. Essa teoria ganhou mais força com a descoberta da presença de substâncias orgânicas oriundas de outros locais do espaço, como o formaldeído, álcool etílico e alguns aminoácidos. A descoberta de um meteorito na Antártica, na década de 80, contendo um possível fóssil de bactéria também reforça a panspermia. Para muitos, aceitá-la apenas responderia sobre o surgimento da vida na 14 Volume I – Capítulo I I Terra tornando, ainda, obscura a resposta acerca de como ela se formou, realmente. Além disso, muitos cientistas argumentam sobre a possibilidade quase negativa de seres extraterrestres atravessarem os raios cósmicos e ultravioletas sem serem lesados. Lamarckismo No final do século XVIII, um naturalista francês chamado Jean Baptiste Lamarck, se opôs ao fixismo com uma teoria científica. A primeira se chamava Lei Do Uso e Desuso, e a segunda é a Lei Dos Caracteres Adquiridos. Uso e Desuso Para Lamarck, o ser humano teria a capacidade de desenvolver alguns órgãos se fossem utilizados,e ao contrário, se esses órgãos não fossem utilizados acabariam atrofiando e desaparecendo. Um exemplo seria o pescoço de uma girafa. Para Lamarck as girafas teriam ancestrais de pescoço curto, e os alimentos em árvores baixas tinham acabado. De tanto a girafa tentar pegar folhas em árvores altas, ela foi esticando mais o seu pescoço. Outro exemplo seria de um trabalhador braçal, de forma que ao exercer essa profissão desenvolveria uma musculatura forte, e um digitador, por exemplo, teria essa musculatura flácida por falta de uso. Lei dos Caracteres Adquiridos A história complica ainda mais a partir da segunda lei, quando Lamarck afirma que essas características adquiridas (desenvolvimento ou atrofia do órgão) 15 Volume I – Capítulo I I seria transmitidas aos descendentes do ser vivo, teríamos então ao longo das gerações espécies cada vez mais diferentes das originais. Atualmente sabemos que as modificações que ocorrem no corpo humano não são passadas aos descendentes, pois as características que herdamos dos pais provêm dos 23 pares de genes do pai e da mãe, formando a célula diplóide com 46 cromossomos. Um cientista alemão, chamado Weissman, cortou a cauda de ratos durante várias gerações, fazendo-os cruzar entre si. Observando sua prole, Weissman observou que todos os ratos nasciam com cauda. Ficou provado assim que as características adquiridas a partir da adaptação dos seres vivos no meio não eram passadas aos seus descendentes. Darwin Charles Darwin, naturalista que contribuiu muito para que hoje pudéssemos estudar a evolução dos seres vivos. Viajou o mundo, mas foi nas Ilhas Galápagos, um arquipélago próximo ao Equador, que Darwin observou que cada ilha tinha animais e vegetais que não eram encontradas nas outras ilhas e em nenhuma parte do mundo; Então começou a achar que a evolução dos seres vivos 16 Volume I – Capítulo I I poderia acontecer pela seleção dos organismos mais bem adaptados ao ambiente. Daí Darwin formulou a sua teoria da evolução que se baseava nos seguintes aspectos: • Os indivíduos de uma mesma espécie são bastante semelhantes, porém com algumas variações. • Os seres vivos se reproduzem, gerando uma quantidade grande de descendentes. • Ao longo das gerações, porém o número de indivíduos de uma espécie é sempre constante, não tende a aumentar. • Deve haver a competição, luta pela sobrevivência, já que a quantidade de alimento não é suficiente para todos. • Os organismos que tiverem adaptações favoráveis as condições ambientais sobreviverão, e os que não forem bem adaptados morrerão. Essa é a base da teoria a qual Darwin chamou de Seleção Natural. Nem tudo foi esclarecido pela teoria de Darwin. Ele não conseguiu explicar como as variações de um certo indivíduo de uma espécie poderia ser transmitidas aos descendentes e como isso ocorria. Estas respostas apareceram com a descoberta e os avanços da Genética, caracterizando assim a Teoria Sintética Da Evolução, a mais aceita atualmente. Estudos posteriores esclareceram os mecanismos de transmissão da hereditariedade, ligando esses eventos as seqüências de ácidos nucléicos localizados no núcleo celular, e que pedaços dessas moléculas, os GENES eram responsáveis pelas características de cada ser vivo, e uma falha na formação deste material, o código genético foi chamada de Mutação, que acontece por acaso, independente qualquer pressão do meio ambiente (ao contrário que pensava Lamarck). Se as mutações ocorrerem em células somáticas (células do corpo do indivíduo) essas modificações não são passadas aos indivíduos, porém se essas mutações ocorrerem nas células germinativas (que geram os 17 Volume I – Capítulo I I descendentes) essa modificação vai ser transmitida aos descendentes. Caso essa mudança proporcione a esse indivíduo uma melhor adaptação ao meio em que ele vive, a seleção natural favorece a esse indivíduo, que terá a mais chances de sobreviver e se reproduzir, transmitindo então essas novas características aos novos descendentes. Sendo assim, as espécies vão se modificando com o passar do tempo, e se as mudanças forem desfavoráveis a ponto de inviabilizar a sobrevivência do indivíduo mutante ele morrerá antes de se reproduzir. Este é um resumo da teoria sintética da evolução, pois leva em consideração o conceito de seleção de Darwin, que também pode ser chamada de Neodarwinismo pois acrescentando conhecimentos da genética, como a mutação, e outros fatores que explicam o aparecimento de uma nova espécie (isolamento reprodutivo e isolamento geográfico). 18 Volume I – Capítulo I II Capítulo III – Unidade I Evolução Fatores que comprovam a Evolução - Baseando-se nos estudos das Unidades anteriores, podemos afirmar que realmente a evolução da vida ocorreu e continua ocorrendo até hoje. Porém todo evento científico precisa de provas, e ao longo do tempo, os cientistas foram encontrando na natureza evidencias da evolução dos seres vivos. Estudaremos nesta unidade as principais evidências da evolução humana. Os Fósseis São restos ou vestígios dos seres vivos extintos. Embora a história da vida possa ser comparada a um longo filme do qual a ciência só tem conhecimento de alguns flashes, os fósseis são importantes para a comparação das contínuas modificações sofridas pelas espécies ao longo do tempo. 19 Volume I – Capítulo I II O cavalo é um dos seres que tem sua história evolutiva mais bem conhecida, pois já foram encontrados mais de 200 tipos de fósseis diferentes Paleontologia (do grego palaios= antigo; onto=ser; logos= estudo) é a Ciência que estuda os fósseis, seres antigos Com o estudo dos fósseis, percebese que os seres vivos não são sempre iguais, pois sofrem mudanças ao longo do tempo. Portanto o processo de evolução é o grande responsável pela incrível diversidade de vida no planeta. Se novas espécies surgem através de modificações de espécies mais antigas, podemos dizer que entre os seres vivos há certo grau de parentesco. E a biologia pode explicar essa 20 Volume I – Capítulo I II semelhança entre os seres, pois quanto mais próximo os parentescos maiores serão as semelhanças. Semelhanças Entre Os Seres (Anatomia Comparada) Estudar morfologia e anatomia significa analisar as formas e partes que compõem o corpo dos seres vivos. Ao longo do tempo foram observadas semelhanças entre os seres que eram diferentes em sua anatomia, e os cientistas então, observaram que essas coincidências eram uma evidência que os seres realmente evoluíram de ancestrais comuns. Entre os vertebrados, por exemplo, podem ser encontradas várias semelhanças anatômicas uma delas está nos membros locomotores: Exemplo a pata de crocodilo, asa da ave, nadadeira da baleia, o braço do homem, servem para diferentes funções (andar, nadar...), mas mostram a mesma estrutura básica. Isso revela que: A origem evolutiva comum desses órgãos; • A relação da evolução com a adaptação dos seres a diferentes ambientes e formas de vida. • Órgãos que têm a mesma origem embrionária, mas funções diferentes são chamados de órgãos homólogos. 21 Volume I – Capítulo I II Órgãos análogos por sua vez, são aqueles que desempenham funções semelhantes, embora origem embrionária ser diferente. Um exemplo São as asas dos insetos ou as nadadeiras dos tubarões e golfinhos, que são mamíferos adaptados á natação, com membros parecidos com os dos peixes (nadadeiras), isso o possibilitou sobreviver no ambiente marinho. 22 Volume I – Capítulo I II Órgãos Vestigiais são órgãos que em algumas espécies aparecem desenvolvidos e em outras aparece atrofiados ou sem função, revelando assim a existência de um grau de parentesco evolutivo. Na espécie humana por exemplo, na espécie humana e nos mamíferos carnívoros o apêndice vermiforme é bastante reduzido, não tendo nenhuma função específica, porém nos herbívoros essa estrutura aparece de forma bastante desenvolvida, pois abriga microorganismos que promovem a digestão da celulose. Outro exemplo são os dentes caninos, que são muito desenvolvidos nos carnívoros, e nos herbívoros não. Embriologia Comparada O estudo dos embriões de espécies diferentes revela grande semelhança no desenvolvimento embrionário, principalmente nos primeiros estágios, indicando um parentesco comum entre as espécies. 23 Volume I – Capítulo I Capítulo I – Unidade II O que é citologia? É possível que você já tenha ouvido falar que a célula é a unidade fundamental da vida. Isso significa dizer que para um "ser vivo" possuir vida, no mínimo, ele deverá ser formado por uma célula. As células são geralmente muito pequenas e, dificilmente, visíveis a olho nu. Por isso, apenas depois da invenção do microscópio é que foi possível observar uma célula pela primeira vez. Sabe quando isso aconteceu? No ano de 1665, pelo inglês Robert Hooke, utilizando um microscópio muito simples. Ele fez cortes bem finos na casca de uma árvore e descobriu que estas estruturas eram formadas por pequenas unidades semelhantes a favo de mel. O nome "célula" foi empregado pela primeira vez por ele como diminutivo da palavra "cella", que em latim significa espaço cercado por paredes. Uma célula viva é um compartimento microscópico, isolado do ambiente por pelo menos uma barreira: a membrana plasmática. Está é uma película extremamente fina e delicada, que exerce severa “fiscalização” sobre todas as substâncias e partículas que entram e saem da célula. 24 Volume I – Capítulo I Dada a relativa fragilidade da membrana plasmática, a maioria das células apresenta algum tipo de envoltório que dá proteção e suporte físico à membrana. Entre esses envoltórios destacam-se o glicocálix, presente na maioria das células animais, e a parede celulósica, presente em células de plantas e de algumas algas. Glicocálix Se isolássemos uma célula de nosso corpo, notaríamos que ela esta envolta por uma espécie de malha feita de moléculas de glicídios (carboidratos) frouxamente entrelaçadas. Esta malha protege a célula como uma vestimenta: trata-se do glicocálix (do grego glykys, doce, açúcar, e do latim calyx, casca envoltório). Diversas funções têm sido sugeridas para o glicocálix. Acredita-se que, além de ser uma proteção contra agressões físicas e químicas do ambiente externo, ele funcione como uma malha de retenção de nutrientes e enzimas, mantendo um microambiente adequado ao redor de cada célula. Confere às células a capacidade de se reconhecerem, uma vez que células diferentes têm glicocálix formado por glicídios diferentes e células iguais têm glicocálix formado por glicídios iguais. 25 Volume I – Capítulo I O modelo do mosaico fluído A disposição das moléculas na membrana plasmática foi elucidada recentemente, sendo que os lipídios formam uma camada dupla e contínua, no meio da qual se encaixam moléculas de proteína. A dupla camada de fosfolipídios é fluida, de consistência oleosa, e as proteínas mudam de posição continuamente, como se fossem peças de um mosaico. Esse modelo foi sugerido por dois pesquisadores, Singer e Nicholson, e recebeu o nome de Modelo Mosaico Fluido. Os fosfolipídios têm a função de manter a estrutura da membrana e as proteínas têm diversas funções. As membranas plasmáticas de um eucariócitos contêm quantidades particularmente colesterol. As grande de moléculas de colesterol aumentam as propriedades da da barreira bicamada lipídica e devido a seus rígidos anéis planos de esteróides diminuem a mobilidade e torna a bicamada lipídica menos fluida. 26 Volume I – Capítulo I I Capítulo II – Unidade II Organização celular e transporte através da membrana As células possuem dois tipos principais: as células procariontes e eucariontes. Células Procariontes As apresentam células procarióticas organização mais simples, sem núcleo organizado e sem organelas membranosas, como retículo endoplasmático, complexo de 27 Volume I – Capítulo I I Golgi, mitocôndria, entre outras. Possuem célula procariótica os organismos do Reino Monera (bactérias e cianobactérias) Célula Eucarionte As células eucariontes possuem uma organização mais complexa, apresentam núcleo organizado devido a presença de uma estrutura denominada carioteca – que é uma membrana que envolve o núcleo celular . É presente nas células animais e vegetais. Citoplasma O citoplasma é constituído por um material mais ou menos viscoso , chamado hialoplasma que preenche o citossomo (espaço interno da célula compreendido entre a membrana plasmática e a carioteca (ou cario membrana) . Nele estão mergulhadas estruturas consideradas vivas, os orgânulos do citoplasma ou organelas citoplasmáticas, com funções específicas e que desempenham papéis importantes na vida da célula. 28 Volume I – Capítulo I I Organelas Citoplasmáticas Retículo Endoplasmático (RE) Sistema de endo-membranas que delimitam canais e vesículas. Pode ser considerado uma rede de distribuição, levando material de que a célula necessita de um ponto qualquer até o ponto de utilização. Tem por função transporte. • RE rugoso - retículo endoplasmático associado a ribossomos; local de síntese de proteínas; também denominado RE granular ou ergastoplasma.. • RE liso - retículo endoplasmático sem ribossomos; local de síntese de lipídios e de carboidratos complexos; também denominado RE agranular. Ribossomos Grânulos de 15 a 25 nm de diâmetro, formados por duas subunidades; associam-se ao RE ou encontram-se livres no hialoplasma; são constituídos por proteínas e RNA ribossômico; ligam-se ao RNA mensageiro formando polirribossomos. Tem a função de síntese de proteínas. 29 Volume I – Capítulo I I Complexo de Golgi Sistema de bolsas achatadas e empilhadas, de onde destacam-se as vesículas; pequenos conjuntos que são denominados dictiossomos. Armazena substâncias produzidas na célula e a sua função mais importante do é a secreção das proteínas produzidas no retículo endoplasmático rugoso. Durante este processo, as membranas das vesículas se juntam com a membrana plasmática de tal maneira, que esta se regenera. Lisossomos São pequenas vesículas que contêm enzimas digestivas; destacam-se do complexo de Golgi e juntam-se aos vacúolos digestivos. Fazem a digestão intracelular; em alguns casos, extracelular. Peroxissomos São pequenas vesículas que contêm peroxidase e funciona na oxidação de ácidos graxos na célula Tem a função de decomposição de peróxido de hidrogênio (água oxigenada H2O2), subproduto de reações bioquímicas, altamente tóxico para a célula. 30 Volume I – Capítulo I I Vacúolos São cavidades limitadas por membrana lipoprotéica. Os vacúolos podem ser digestivos, autofágicos ou pulsáteis. Vacúolo Digestivo - As partículas englobadas são atacadas pelas enzimas lisossômicas, formando um fagossomo. Vacúolo Autofágico - Digere partes da própria célula. Vacúolo Pulsátil - Controla o excesso de água da célula; comum nos protozoários de água doce. Centríolos São responsáveis pela organização de dois tipos de estruturas celulares: Os cílios e flegelos. Cílios e Flagelos São expansões filiformes da superfície da célula; os cílios são curtos e geralmente numerosos; os flagelos são longos e em pequeno número. São formados por nove pares periféricos de microtúbulos e um par central; o corpúsculo basal, inserido no citoplasma, é idêntico aos centríolos. Tem a função de movimentação da célula ou do meio líquido. 31 Volume I – Capítulo I I Citoesqueleto Quando se diz que o hialoplasma é um fluido viscoso, fica-se com a impressão de que a célula animal tem uma consistência amolecida e que se deforma a todo o momento. Não é assim. Um verdadeiro “esqueleto” formado por vários tipos de fibras de proteínas cruza a célula em diversas direções, dando-lhe consistência e firmeza. Essa “armação” é importante se lembrarmos que a célula animal é desprovida de uma membrana rígida, como acontece com a membrana celulósica dos vegetais. Entre as fibras protéicas componentes desse “citoesqueleto” podem ser citados os microfilamentos de actina, os microtúbulos e os filamentos intermediários. Mitocôndrias São as organelas responsáveis pela respiração celular aeróbia. Para obter energia, a célula obrigatoriamente precisa de glicose. A mitocôndria tem a função de quebrar a glicose introduzindo oxigênio no carbono, o que resta é o gás carbônico, que sairá através da expiração. Quanto mais a célula necessitar de energia para realizar suas funções vitais, mais mitocôndrias ela terá. Com relação a sua estrutura, de forma simplificada podemos dizer que a mitocôndria possui duas membranas (uma externa e outra interna). Muitas das 32 Volume I – Capítulo I I reações químicas ocorrem em sua membrana interna. A membrana externa tem a função de revestir e sustentar suas organelas Núcleo O núcleo é responsável por todas as funções celulares. Principalmente o controle das reações químicas celulares. É no núcleo das célula. que está localizado o DNA. E o núcleo tem a função de armazenar todas as informações genéticas. Célula Vegetal A organização eucariótica da célula vegetal é muito parecida com a da célula animal, apresentando muitas organelas comuns, como endoplasmático, mitocôndrias, complexo de retículo Golgi, ribossomos, entre outras. A célula vegetal apresenta estruturas típicas, como a membrana celulósica que reveste externamente a célula vegetal, sendo constituída basicamente de celulose. Uma outra estrutura que caracteriza a célula vegetal é o cloroplasto, organela na qual ocorre a fotossíntese. Na verdade, os cloroplastos são, entre outras, organelas que podem ser classificadas como cromoplastos, pois são organelas que possuem pigmentos (substâncias coloridas) que absorvem energia luminosa para a realização da fotossíntese. 33 Volume I – Capítulo I I Entre os cromoplastos, além do cloroplasto que contém: clorofila (pigmento verde) xantoplastos, que contém xantofila (pigmento amarelo) eritroplastos, que contém a licopeno (pigmento vermelho) e assim por diante. Quando os plastos não possuem pigmentos coloridos, são chamados de leucoplastos, como os amiloplastos que armazenam amido. Observe, no esquema da célula vegetal, que o vacúolo é uma organela com dimensões maiores que na célula animal e ocupa grande parte do hialoplasma da célula. Podemos diferenciar a célula vegetal da célula animal também pela ausência dos centríolos nos vegetais superiores. Vacúolo É uma cavidade delimitada por uma membrana (tonoplasto) e contém o suco celular que é composto de substâncias ergástricas e algumas em células podem conter pigmentos como as flavonas e antocianinas. Células jovens geralmente têm vários vacúolos pequenos que ao longo de seu desenvolvimento 34 Volume I – Capítulo I I se fundem em um mega vacúolo. Eles atuam na regulação osmótica expulsando água da célula ou podem se fundir aos lisossomos e participar do processo de digestão intracelular. Origina-se do complexo de golgi. Substâncias ergástricas São substâncias de reserva ou resíduos, produtos, do metabolismo celular. • Amido: são partículas sólidas com formas variadas, pode ser encontrado no cloroplasto ou no leucoplasto. Formam grãos com muitas camadas centradas em um ponto chamado hilo. • Proteína: as proteínas ergástricas são material de reserva e se apresentam no endosperma de muitas sementes em forma de grãos de aleurona. • Lipídios: pode ocorrer em forma de óleo ou gordura se for para armazenamento ou em forma de terpenos que são produtos finais como óleos essenciais e resinas. • Taninos: um grupo de compostos fenólicos que podem ficar em vários órgãos vegetais (se acumulam no vacúolos) e podem impregnar a parede celular 35 Volume I – Capítulo I I Transporte através da membrana A Membrana Plasmática Tudo que existe, e que é individualizado, precisa se separar do seu meio exterior por algum envoltório. Por exemplo, uma casa é separada do meio externo por paredes, pelo piso e pelo teto. Imagine agora uma célula sem envoltório. Como seria sua composição? Certamente, semelhante àquela encontrada ao seu redor. Sem esse envoltório, provavelmente a célula nem existiria. 36 Volume I – Capítulo I I Processos de Troca Entre a Célula e o Meio Externo Os processos de troca entre a célula e o meio externo podem ser agrupadas em grupos: Processos Passivos - ocorrem através da membrana plasmática, sem gasto de energia para a célula, de modo a igualar a concentração da célula com meio externo. São exemplos destes processos a difusão, difusão faciitada e osmose. Processos ativos - ocorrem através da membrana plasmática, com gasto de energia, mantendo a diferença de concentração entre a célula e o meio externo. Por exemplo, bomba de sódio e potássio. Difusão Na difusão, as partículas se locomovem do meio de maior concentração para o meio de menor concentração, para que possa ser distribuído por todo o meio. Por isso a difusão é um processo chamado de transporte passivo. 37 Volume I – Capítulo I I Na medida que a célula realiza a respiração, vai consumir o gás oxigênio que está dentro dela e liberar gás carbônico. Com isso a concentração de O 2 dentro da célula diminui e aumenta a de CO 2, estabelecendo a diferença entre os gases. No entanto o O2 está maior fora da célula e ele entra na célula por difusão. O mesmo ocorre com o CO2 que dentro da célula está em maior concentração, e por difusão é retirado da célula. Difusão Facilitada A difusão facilitada é o transporte passivo de substâncias pela membrana plasmática, sem gasto de energia metabólica da célula, permitindo a passagem de substratos (moléculas ou íons) de um meio mais concentrado para um menos concentrado, através da específica mediação de proteínas transportadoras, enzimas carreadoras ou permeases, existentes ao longo da membrana plasmática. Esse processo é utilizado principalmente no transporte de carboidratos, aminoácidos, vitaminas e alguns íons: sódio, potássio, cálcio. 38 Volume I – Capítulo I I Osmose A osmose é o nome dado ao movimento da água entre meios com concentrações diferentes de solutos separados por uma membrana semipermeável. É um processo físico-químico importante na sobrevivência das células. A água se movimenta livremente através da membrana, sempre do local de menor concentração de soluto para o de maior concentração. Transporte Ativo O transporte ativo caracteriza-se por ser o movimento de substâncias e íons contra o gradiente de concentração, ou seja, ocorre sempre de locais onde estão menos concentradas para os locais onde encontram-se mais concentradas. 39 Volume I – Capítulo I I A bomba de sódio e potássio é um exemplo de transporte ativo. A concentração do sódio é maior no meio extracelular enquanto a de potássio é maior no meio intracelular. É importante salientar, que a energia necessária a esta mudança é proveniente da quebra da molécula de ATP (adenosina trifosfato) em ADP (adenosina difosfato) e fosfato. O íon Sódio ( Na +) no citoplasma é bombeado para fora da célula. No meio extracelular, o íon potássio (K +) é bombeado para o meio interno. Se não houvesse um transporte ativo eficiente, a concentração destes íons iria se igualar. Desse modo, a bomba de sódio e potássio é importante uma vez que estabelece a diferença de carga elétrica entre os dois lados da membrana que é fundamental para as células musculares e nervosas e promove a facilitação da penetração de aminoácidos e açúcares. Além disso, a manutenção de alta concentração de potássio dentro da célula é importante para síntese de proteína e respiração e o bombeamento de sódio para o meio extracelular permite a manutenção do equilíbrio osmótico. Endocitose e exocitose Enquanto que a difusão simples e facilitada e o transporte ativo são mecanismos de entrada ou saída para moléculas e ions de pequenas dimensões, as grandes moléculas ou até partículas constituídas por agregados moleculares são transportadas através de outros processos. 40 Volume I – Capítulo I I Endocitose Este processo permite o transporte de substâncias do meio extra- para o intracelular, através de vesículas limitadas por membranas, a que se dá o nome de vesículas de endocitose ou endocíticas. Estas são formadas por invaginação da membrana plasmática, seguida de fusão e separação de um segmento da mesma. Há três tipos de endocitose: pinocitose, fagocitose e endocitose mediada. Pinocitose Neste caso, as vesículas são de pequenas dimensões e a célula ingere moléculas solúveis que, de outro modo, teriam dificuldades em penetrar a membrana. O mecanismo pinocítico envolve gasto de energia e é muito seletivo para certas substâncias, como os sais, aminoácidos e certas proteínas, todas elas solúveis em água. Fagocitose 41 Volume I – Capítulo I I Este processo é muito semelhante à pinocitose, sendo a única diferença o fato de o material envolvido pela membrana não estar diluído. Enquanto que a pinocitose é um processo comum a quase todas as células eucarióticas, muitas das células pertencentes a organismos multicelulares não efetuam fagocitose, sendo esta efetuada por células específicas. Nos protistas a fagocitose é freqüentemente uma das formas de ingestão de alimentos. Os glóbulos brancos utilizam este processo para envolver materiais estranhos como bactérias ou até células danificadas. Dentro da célula fagocítica, enzimas citoplasmáticas são secretadas para a vesícula e degradam o material até este ficar com uma forma inofensiva. Exocitose Enquanto que na endocitose as substâncias entram nas células, existe um processo inverso: a exocitose. Depois de endocitado, o material sofre transformações sendo os produtos resultantes absorvidos através da membrana do organito e permanecendo o que resta na vesícula de onde será posteriormente exocitado. A exocitose permite, assim, a excreção e secreção de substâncias e dá-se em três fases: migração, fusão e lançamento. Na primeira, as vesículas de 42 Volume I – Capítulo I II exocitose deslocam-se através do citoplasma. Na segunda, dá-se a fusão da vesícula com a membrana celular. Por último, lança-se o conteúdo da vesícula no meio extracelular. 43 Volume I – Capítulo I II Capítulo III – Unidade II Núcleo Celular Núcleo Celular sabemos que o núcleo é o centro de controle das atividades celulares e o “arquivo” das informações hereditárias, que a célula transmite às suas filhas ao se reproduzir. Células eucariontes e procariontes A membrana celular está presente nas células eucariontes, mas ausente nas procariontes. Na célula eucarionte, o material hereditário está separado do citoplasma por uma membrana – a carioteca – enquanto na célula procarionte o material hereditário se encontra mergulhado diretamente no líquido citoplasmático. 44 Volume I – Capítulo I II Os componentes do núcleo O núcleo das célula que não estão em processo de divisão apresenta um limite bem definido, devido à presença da carioteca ou membrana nuclear, visível apenas ao microscópio eletrônico. A maior parte do volume nuclear é ocupada por uma massa filamentosa denominada cromatina. Existem ainda um ou mais corpos densos (nucléolos) e um líquido viscoso (cariolinfa ou nucleoplasma). carioteca 45 Volume I – Capítulo I II A carioteca (do grego karyon, núcleo e theke, invólucro, caixa) é um envoltório formado por duas membranas lipoprotéicas cuja organização molecular é semelhante as demais membranas celulares. Entre essas duas membranas existe um estreito espaço, chamado cavidade perinuclear. A face externa da carioteca, em algumas partes, se comunica com o retículo endoplasmático e, muitas vezes, apresenta ribossomos aderidos à sua superfície. Neste caso, o espaço entre as duas membranas nucleares é uma continuação do espaço interno do retículoA carioteca é perfurada por milhares de poros, através das quais determinadas substâncias entram e saem do núcleo. Os poros nucleares são mais do que simples aberturas. Em cada poro existe uma complexa estrutura protéica que funciona como uma válvula, abrindo-se para dar passagem a determinadas moléculas e fechando-se em seguida. Dessa forma, a carioteca pode controlar a entrada e a saída de substâncias. A cromatina A cromatina (do grego chromatos, cor) é um conjunto de fios, cada um deles formado por uma longa molécula de DNA associada a moléculas de histonas, um tipo especial de proteína. Esses fios são os cromossomos. Quando se observam núcleos corados ao microscópio óptico, nota-se que certas regiões da cromatina se coram mais intensamente do que outras. Os antigos citologistas já haviam observados esse fato e imaginado, acertadamente, que as regiões mais coradas correspondiam a porções dos cromossomos mais enroladas, ou mais condensadas, do que outras. 46 Volume I – Capítulo I II Os nucléolos Na fase que a célula eucariótica não se encontra em divisão é possível visualizas vários nucléolos, associados a algumas regiões específicas da cromatina. Cada nucléolo é um corpúsculo esférico, não membranoso, de aspecto esponjoso quando visto ao microscópio eletrônico, rico em RNA ribossômico (a sigla RNA provém do inglês RiboNucleic Acid). Este RNA é um ácido nucléico produzido a partir o DNA das regiões específicas da cromatina e se constituirá um dos principais componentes dos ribossomos presentes no citoplasma. Cromossomos O período de vida da célula em que ela não está em processo de divisão é denominado interfase. A cromatina da célula interfásica, como já foi mencionada, é uma massa de filamentos chamados de cromossomos. Se pudéssemos separar, um por um, os cromossomos de uma célula interfásica humana, obteríamos 46 filamentos, logos e finos. Colocado em linha, os cromossomos humanos formariam um fio de 5 cm de comprimento, invisível ao microscópio óptico, uma vez que sua espessura não ultrapassa 30 nm. 47 Volume I – Capítulo I II Centrômero e cromátides Na célula que está em processo de divisão, cada cromossomo condensado aparece como um par de bastões unidos em um determinado ponto, o centrômero. Essas duas “metades” cromossômicas, denominadas cromátides-irmãs são idênticas e surgem da duplicação do filamento cromossômico original, que ocorre na interfase, pouco antes de a divisão celular se iniciar. Durante o processo de divisão celular, as cromátides-irmãs se separam: cada cromátide migra para uma das células-filhas que se formam. O centrômero fica localizado em uma região heterocromática, portanto em uma constrição que contém o centrômero é chamada constrição primária, e todas as outras que porventura existam são chamadas constrições secundárias. 48 Volume I – Capítulo I Centrômero e cromátides Na célula que está em processo de divisão, cada cromossomo condensado aparece como um par de bastões unidos em um determinado ponto, o centrômero. Essas duas “metades” cromossômicas, denominadas cromátidesirmãs são idênticas e surgem da duplicação do filamento cromossômico original, que ocorre na interfase, pouco antes de a divisão celular se iniciar. Durante o processo de divisão celular, as cromátides-irmãs se separam: cada cromátide migra para uma das células-filhas que se formam. O centrômero fica localizado em uma região heterocromática, portanto em uma constrição que contém o centrômero é chamada constrição primária, e todas as outras que porventura existam são chamadas constrições secundárias. As partes de um cromossomo separadas pelo centrômero são chamadas braços cromossômicos. A relação de tamanho entre os braços cromossômicos, determinada pela posição do centrômero, permite classificar os cromossomos em quatro tipos: • metacêntrico: possuem o centrômero no meio, formando dois braços de mesmo tamanho; • submetacêntricos: possuem o centrômero um pouco deslocado da região mediana, formando dois braços de tamanhos desiguais; • acrocêntricos: possuem o centrômero bem próximo a uma das extremidades, formando um braço grande e outro muito pequeno; 49 Volume I – Capítulo I • telocêntricos: possuem o centrômero em um das extremidades, tendo apenas um braço. 50