AGENTES BIOLÓGICOS – bactérias- vírus – fungos na etiologia do câncer José de Felippe Junior Câncer não são células malignas e sim células doentes necessitando cuidados, não extermínio JFJ A primeira célula no planeta surgiu há 3,8bilhões de anos e em todo este período de evolução convivemos intimamente com as bactérias sem parede. E elas residem no citoplasma, sendo que cada célula humana do nosso corpo convive com 10 bactérias. Imaginemos a influência de tantos genomas interagindo em uma única célula, metagenoma. Certamente as bactérias muito têm a haver com as causas do câncer. Entretanto, a maior descoberta da genômica ambiental da última década é que as entidades biológicas mais comuns e abundantes no planeta Terra são os vírus. Nos animais marinhos e do solo, incluindo os mamíferos, o número de vírus é de uma a duas ordens de grandeza maior do que as células do próprio indíviduo. Retrotransposons, principalmente LINEs (long interspersed nucleotide elements), SINEs (short interspersed nucleotide elements) e retrovírus endógenos fazem parte de 45% do genoma dos mamíferos e desempenharam importante papel na evolução do genoma. Infelizmente, os vírus foram esquecidos como um dos principais causadores do câncer. Muitos pesquisadores, a maioria mulheres, dedicaram uma vida inteira estudando a correlação entre câncer e agentes biológicos. Parece-me que os vírus e bactérias e menos os fungos e parasitas desempenham um papel muito mais importante na etiologia do câncer, que o mostrado pela “International Agency for Research on Cancer” (IARC), da qual escreveremos logo mais. Na segunda metade do século XX, vários pesquisadores encontraram bacilos álcool-ácido resistentes em biopsias e peças cirúrgicas de inúmeros tecidos com câncer, a médica Virginia Wuerthele-Caspe Livingston-Wheeler, a microbiologista Eleanor Alexander-Jackson, a citologista celular Irene Diller, a bioquímica Florence Seibert, os pesquisadores Lida Mattman e Gerald Dominigue e o dermatologista Alan Cantwell; e acredita-se que mais de 25% dos cânceres sejam provocados por agentes biológicos. Lá nos idos de 1925 Nuzum já procurava bactérias em pacientes com câncer de mama. Ele encontrou Micrococcus em 38 pacientes com câncer de mama das 42 examinadas, eram bactérias sem parede - CWD - L-formas – pleimórficas – ciclogênicas – stealth bactérias. Em 1986, Owens encontrou bactéria dentro das hemácias em 40% dos pacientes com câncer usando a técnica do campo escuro com 1000 aumentos. Das 25 pessoas “normais” sem câncer que apresentavam o mesmo tipo de bactéria, 23 desenvolveram tumores malignos nos 20 anos seguintes. Não encontramos o trabalho original (in Lida Matteman-2001). Em 1962 o médico francês Georges Mazet encontrou bactérias álcool-acido resistentes no sangue de pacientes com leucemia. Muitos estudos mostram que a persistente infecção por bactérias, vírus ou fungos promove carcinogênese e metástases. Agentes infecciosos e seus produtos podem modular a progressão do câncer induzindo respostas imunes, inflamatórias, proliferativas, antiapoptóticas e angiogênicas. Muitos ativam a via de proliferação PI3-K/Akt/mTOR/NF-kappaB, Ras/Raf/MEK/ERK1/ERK2 e JNK. Diagnóstico: 1- Bactérias: IgG/IgM. IgM elevado: infecção aguda. IgG elevado: pode ser cicatriz sorológica, mas, pode muito bem, ser infecção crônica ativa causadora de muitas doenças, incluindo o câncer. 2- Vírus: PCR quantitativo. Nota: IgG elevado para vírus possui valor limitado no diagnóstico e seguimento terapêutico. Referências no site www.medicinabiomolecualr.com.br