EBD ADU 2011 Aulas sobre o Espírito Santo e você. Prefácio 1. Quem é o Espírito Santo? 2. Os símbolos do Espírito Santo 3. O Espírito Santo e as Escrituras 4. Da criação até o nascimento de Jesus 5. Do nascimento de Jesus até Pentecostes 6. Depois de Pentecostes 7. O Espírito Santo na vida do crente 8. O batismo com o Espírito Santo 9. A luta interior do crente 10.Pecados contra o Espírito 11.O fruto do Espírito 12.Princípios e objetivos dos dons 13.Os dons de ministério 14.Outros dons de serviço 15.Os dons de sinais 16.Como reconhecer o seu dom 17.Como ficar cheio do Espírito 1 EBD ADU 2011 PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO Texto Básico: Mateus 12:22-32 Texto Devocional: Efésios 4:25-32 Leia a Bíblia diariamente: 2ª feira: Mt 12:1-8; 3ª feira: Mt 12:9-21; 4ª feira: Mt 12:22-37; 5ª feira: At 5:1-11; 6ª feira: At 7:1-22; sábado: At 7:23-60 e domingo: 1 Ts 5:12-22. Versículo Chave: "Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada"- Mt 12:31. Objetivo da Lição: Procurar entender corretamente o que é a blasfêmia contra o Espírito Santo e outros pecados contra o Espírito. INTRODUÇÃO O que acontece quando um cristão peca? Por que há certos pecados que são cometidos contra o Espírito Santo e não se menciona o Pai ou o Filho? É possível alguém blasfemar contra o Espírito Santo hoje? Qual é o pecado para a morte? Vamos procurar responder estas e outras perguntas. I — EXEMPLOS DE PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO Podemos afirmar que, historicamente falando, esta é a "era" do Espírito Santo. Como vimos na primeira lição, Jesus deixou muito claro que Ele tinha que ir para que o Espírito Santo pudesse vir (Jo 16:7). Mas não é apenas o aspecto da época ou da dispensação (como queiram). Há muitos exemplos no Antigo e no Novo Testamentos que indicam que o Espírito Santo estava sendo diretamente ofendido pelo pecado de homens ou mulheres. Eis alguns: 1. Sansão: o Espírito Santo veio poderosamente sobre ele várias vezes (Jz 13:25; 14:6, 19; 15:14), mas depois o abandonou quando ele persistiu no pecado (Jz 16:20); 2. Saul: persistiu na desobediência, e o Espírito se retirou dele (1 Sm 16:14); 3. O povo de Israel: quando o povo foi rebelde, entristeceu o Espírito Santo, e assim Deus se voltou contra os israelitas (Is 63:10). Talvez seja por isso que na vida de Jesus, que foi completamente sem pecado, o Espírito Santo veio sobre Ele com poder (Jo 1:32; At 10:38) e não Lhe foi dado por medida (Jo 3:34). Ele afirmou que fazia somente o que agradava ao Pai, e por isso gozava sempre da presença dEle (Jo 8:29); o que é uma grande lição para nós. Mas no Novo Testamento há uma lista de pecados que podem ser cometidos contra o Espírito Santo. Vamos analisá-los. II — A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO 2 EBD ADU 2011 Certamente este é o conceito mais difícil de ser interpretado. Então, vamos devagar. 1. Considerações Gerais: A. Os textos bíblicos que falam sobre a blasfêmia contra o Espírito Santo só aparecem em Mt 12:31-32; Mc 3:28-29 e Lc 12:10, e são correlatos, ou seja, os três evangelistas estão se referindo ao mesmo episódio. Embora Lucas esteja um pouquinho mais à frente (veja Lc 11:1423), continua sendo uma palavra proferida contra os fariseus. B. Nenhuma epístola do Novo Testamento, que é a base doutrinária da Igreja, menciona este pecado. C. O substantivo grego blasfemia ocorre 18 vezes no Novo Testamento e o verbo blasfemeo 34 vezes. O significado básico é "insultar", "caluniar", "injuriar", "ultrajar", "desprezar", "hostilizar", "difamar". D. Paulo chamou a si mesmo de blasfemo e perseguidor antes de conhecer a Cristo, mas alcançou misericórdia porque o fez na ignorância e na incredulidade (1 Tm 1:13). Pelo fato do apóstolo ter sido perdoado, concluímos que a blasfêmia contra o Espírito Santo é, de fato, um pecado muito específico. 2. Em que consiste a blasfêmia contra o Espírito Santo? Em Mt 12:24, os opositores de Jesus, no caso, os escribas e fariseus, estavam atribuindo a Satanás o poder que Jesus tinha para expulsar os demônios. Disseram: "Este não expele os demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios". Belzebu era o nome antigo de algum ídolo dos cananeus, que depois se tornou o nome de um demônio principal. É como se fosse assim: o demônio maior expulsa o demônio menor. Sendo assim, os escribas e fariseus estavam chamando o bem de mal. Atribuíram ao maligno uma obra que era do Espírito Santo. E foi isto que Jesus chamou de blasfêmia contra o Espírito Santo. Vale lembrar que os opositores não tentaram negar que Jesus estava expulsando demônios, mas creditavam o poder ao maligno, não a Deus. Todavia, a grande questão permanece: alguém ainda hoje pode cometer este pecado? Uma simples regra de interpretação bíblica nos ensina que "uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a não ser que resuma e inclua tudo o que a Bíblia ensina sobre ela". Como a expressão blasfêmia contra o Espírito Santo não aparece em nenhum outro lugar além dos três textos citados acima, temos que "tirar" nossa doutrina deles. Cremos que todo texto tem uma só interpretação primária, mas podendo ter muitas aplicações. Então, a interpretação deste pecado está muito clara: atribuir a Satanás algo que foi realizado pelo Espírito Santo. O Senhor Jesus chamou isto de "pecado eterno" (Mc 3:29). Há eruditos e estudiosos do Novo Testamento que acreditam que este pecado só poderia ser cometido durante o ministério terreno de Jesus. Que era uma espécie de "pecado nacionalista", ou seja, somente os israelitas poderiam cometê-lo. O principal defensor desta tese é J. Dwight Pentecost, professor emérito de exposição bíblica no Seminário Teológico de 3 EBD ADU 2011 Dallas, EUA, e devido à importância e seriedade do assunto, temos que citar seu precioso comentário: "Se a nação de Israel rejeitou o testemunho que Jesus deu de Si mesmo, eles poderiam vir a crer em Sua palavra através da palavra de Seu Pai. O Pai autenticou a pessoa de Cristo (Jo 14:10). As obras de Cristo eram as obras do Pai, e estas obras confirmaram a palavra do Pai dada no batismo de Cristo, que o Pai estava muito satisfeito com a vida de Seu Filho. Se alguém rejeitou a palavra de Cristo e a palavra do Pai, ele ainda poderia ser trazido à fé na pessoa de Cristo por meio do testemunho do Espírito Santo. Os milagres eram o testemunho do Espírito para Cristo. O Espírito abriu caminho para o testemunho final tanto para a pessoa quanto para a palavra de Cristo. Se alguém rejeitasse este testemunho final, Deus não teria outro testemunho a oferecer. Enquanto rejeitar a palavra de Cristo fosse pecado, uma pessoa poderia ser levada à confissão de tal pecado e reconhecer a verdade através do testemunho do Pai. Rejeitar o testemunho do Pai era um pecado; ainda alguém poderia ser levado à fé em Cristo através do testemunho do Espírito. Se alguém rejeitasse o testemunho final, não haveria mais testemunho para trazê-lo a Cristo. Por esta razão não poderia haver perdão para o pecado de atribuir a obra de Cristo ao diabo quando, na verdade, a obra tinha sido realizada pelo Espírito Santo. É evidente que este pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo poderia ser cometido apenas enquanto Cristo estava pessoalmente presente na terra. O pecado só poderia ser cometido no tempo em que à nação estava sendo dada evidências da pessoa de Cristo; através dos milagres que Ele realizava pelo poder do Espírito Santo. As circunstâncias necessárias não existem hoje e, conseqüentemente, este mesmo pecado não pode ser cometido hoje. Cristo estava avisando àquela geração em Israel que se eles rejeitassem o testemunho do Pai e o testemunho do Espírito para a Sua pessoa e Sua obra, não haveria outra evidência que pudesse ser dada. Estes pecados iriam se tornar imperdoáveis e resultariam no julgamento temporal sobre aquela geração. Aquele julgamento finalmente caiu no ano 70 d.C. quando Jerusalém foi destruída. Este pecado, então, não era visto como o pecado de um indivíduo, mas, ao contrário, como o pecado da nação; e este pecado deixou toda aquela geração debaixo do julgamento divino. (The Words and Works of Jesus Christ, As Palavras e as Obras de Jesus Cristo, J. Dwight Pentecost, Academie Books, Zondervan, 1981, USA (livro não traduzido em português). 3. É possível blasfemar contra o Espírito Santo hoje? Se aceitarmos esta interpretação de Dwight Pentecost, então o que temos a fazer de resto são possíveis aplicações deste assunto para nós hoje. Alguns acham que toda pessoa que rejeita o testemunho que o Espírito Santo dá de Jesus Cristo hoje, e continua rejeitando até o final da vida, está blasfemando contra o Espírito Santo, e por isso não tem perdão; porque rejeitou o último testemunho de Deus. Cremos que isto é uma aplicação e não uma interpretação do texto. Por que? Porque as igrejas evangélicas estão cheias de pessoas que durante muitos anos rejeitaram claramente a Jesus Cristo, mas finalmente se arrependeram e creram no Senhor, algumas até no leito de enfermidade. Billy Graham relata que seu pai quando era jovem, ouviu um sermão sobre este assunto que o convenceu que ele tinha cometido o pecado imperdoável. "Ele conviveu com esta idéia horrível durante vários anos. Sentia-se torturado, cheio de medo, pensando que era um homem maldito que nunca poderia se arrepender de seu pecado. Felizmente ele descobriu a 4 EBD ADU 2011 tempo que o seu pecado não era do tipo que o excluísse da misericórdia e da graça de Deus"(O Espírito Santo, p.121). É evidente que toda pessoa que rejeita a Cristo está condenada (Mc 16:16; Lc 10:16). Mas em nenhum lugar a Bíblia chama este ato de blasfêmia contra o Espírito Santo. E se você quer saber qual é o pecado para a morte de 1 Jo 5:16, eis a resposta: apostasia. Abandonar a fé, se rebelar contra Deus e Sua vontade. Se você rejeita a Cristo, que é a vida, não terá outra conseqüência senão a morte. Finalmente, o fato é que podemos estar certos de que os que temem ter cometido a blasfêmia contra o Espírito Santo, e com isso se afligem, podem estar certos que não cometeram tal pecado. III — OUTROS PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO 1. Entristecer o Espírito (Ef 4:30) Este pecado sim pode ser cometido pelo filho de Deus hoje. A advertência do apóstolo é justamente para evitar o pecado. Como é que se entristece o Espírito Santo? Cremos que todos os pecados citados no contexto deste versículo causam tristeza ao Espírito: a mentira, a ira não controlada, o furto, a amargura, a gritaria, a malícia, a falta de perdão, etc. (Ef 4:25-32). 2. Apagar o Espírito (1 Ts 5:19) O verbo grego para apagar ocorre seis vezes no NT e, com exceção deste texto de Tessalonicenses, todos os outros estão ligados a "apagar o fogo" (Mt 12:20; 25:8; Ef 6:16; 1 Is 5:19; Hb 11:34). Novamente a pergunta: como podemos apagar o Espírito Santo? O princípio da interpretação e da aplicação precisa entrar em cena aqui também. O contexto de Tessalonicenses sugere uma interpretação ligada a dons espirituais, dos quais a profecia é um (1 Ts 5:20-21). Howard Marshall traz esta interpretação. Significa que uma igreja precisa tomar cuidado para não ser hostil ou indiferente a certos dons, o que implicaria apagar ou abafar a ação do Espírito Santo. Em 2 Tm 1:6, Paulo recomendou ao seu discípulo, "reavives o dom que há em ti". O verbo reavivar era usado no grego secular para uma brasa que estava se apagando, daí a necessidade de ser soprada. Como haverá lições sobre os dons, vamos parar por aqui. Billy Graharn sugere duas maneiras pelas quais podemos apagar o Espírito. A. Quando não alimentamos nossa alma com a Palavra e não oramos, o fogo do Espírito fica abafado e nossa alma fica adormecida. Porque estes são os caminhos que Deus usa para fornecer o combustível e manter acesa a chama cio Espírito em nós. B. Quando pecamos intencionalmente, abafamos o Espírito. É corno jogar água ou terra sobre Ele, ou sufocá-lo com um cobertor. Críticas, e o ato de rebaixarmos o trabalho dos outros, palavras depreciativas sufocam a ação do Espírito Santo em nós. Cuidado! Muitas vezes o Espírito Santo pôde estar agindo em pessoas e situações muito diferentes das que você está acostumado a ver. Deus não está preso a métodos, portanto deixe que Deus seja Deus onde Ele quer ser Deus. A incredulidade apaga o Espírito Santo, que é poder, mas também é sensível (Mt 13:58; At 7:51). 5 EBD ADU 2011 CONCLUSÃO É certo que devemos tomar o cuidado para não pecar contra o Espírito Santo. Ele não irá se impor contra a nossa vontade. Se resistirmos e nos opusermos a Ele e o apagarmos, então Seu poder será retirado e Ele removerá de nossa vida grande parte das bênçãos de Deus. Por outro lado, na vida do cristão que é agradável a Deus, o Espírito Santo tem prazer em derramar grandes bênçãos. A promessa de Jesus é de rios de água viva fluindo do nosso interior (Jo 7:3839). Aproveite! 6