ÁREA: CV ( ) CHSA ( ) ECET ( ) EXAMES DIAGNÓSTICOS DESNECESSÁRIOS ASSINTOMÁTICAS: UM ESTUDO PROSPECTIVO EM MULHERES Laiane da Cruz Lopes (Bolsista ICV), Pedro Vitor Lopes Costa (Orientador, Departamento Materno Infantil / CCS/ UFPI) Introdução A prática medic a é continuamente atualizada com a introdução de novos exames e métodos diagnósticos e terapêuticos. Verifica-se uma tendência dos médicos em se preocuparem mais em solicitar exames complementares do que realizarem uma adequada anamnese e exame físico (CAP ILHEIRA; SANTOS, 2006). Isso decorre de atendimentos de qualidade insatisfatória, nos quais os profissionais não valorizam a relação médico-pacient e e a história clínica, resultando em uma elevação considerável nos custos da assistência médica. A saúde tornou-se um import ante ramo da economia, determinando um conflito de interesse entre este setor e o campo científico. E o atendimento ambulatorial é rápido, pois existem cotas a serem cumpridas, com horários rigorosos. Não há um posicionamento absoluto contra os exames subsidiários. Pelo contrário, o que se quer destacar aqui é a necessidade de uma requisição sustentada na boa prática médica. (DE ARAÚJO, 2009). Metodologia Realizou-se um levantamento prospectivo de 148 pacientes, mulheres, assintomáticas, às quais foram solicitados, desnecessariamente, exames diagnósticos complementares, em clínica pública de Teresina (PI). As coletas prospectivas foram realizadas de agosto de 2012 a maio de 2013. Os proc edimentos solicitados analisados foram: colposcopia, citologia onc ótica, ultrassono grafia mamaria ou pélvica, trans vaginal, mamografias e exames laboratoriais. Foram obedecidas as normas da Resolução 196 do Cons elho Nacional de Saúde. Um questionário foi preenchido prospectivamente, acompanhado do Termo de Consentiment o Livre e Esclarecido (TCLE) e foi respondido individualmente e voluntariamente. Resultados e Discussão Das 148 mulheres entrevistadas no Ambulatório de Ginecologia do Hospital Getúlio Vargas (HGV ), em Teresina (P I), o intervalo etário predominante foi de 36 a 45 anos de ida de, correspondendo a 34% do total. Sabe-se que mulheres, principalmente durante a vida reprodutiva, frequentam mais os consultórios ginecológicos . Dessa forma, há clara correlação entre o resultado da pesquisa em apontar uma maior frequência de mulheres , correspondendo ao intervalo dos 26 aos 55 anos de idade. A respeito do grau de instrução de maior prevalência, observou-se que o ensino fundamental, correspondeu a 51,3% do t otal, seguido pelo ensino médio,com 40,5% dos cas os. A correlação entre escolaridade reduzida e maior quantidade de pacientes ent revistadas confirma que essa camada da população utiliza mais o serviç o público ambulatorial. Dispõe, em sua maior part e, de pouco acesso às informaç ões em saúde e, menor esclarecimento acerca da necessidade ou não de exames complementares. (CHEHUEN NE TO et al, 2007). Dent re os exames avaliados nessa pesquisa, os mais solicitados foram citologia oncótica (91,2% ), Hemograma (81,0%), Lipidograma (70,2%) e Glicemia (70,2%). Figura 1. ÁREA: CV ( ) CHSA ( ) ECET ( ) A grande taxa de citologias o ncóticas pode s er explicada porque o Brasil utiliza-se desse método como principal estratégia de detecção e prevenção do câncer de colo uterino. Dessa forma, é fator positivo que a prevenção esteja sendo realizada em grande monta, em mulheres assintomática s. (CAP ILHERIA,2005). A taxa de mamografias solicitadas foi de 52,7%. Este exame possui um índice de falso-positivos e falso-negativos de aproximadamente 10%. Porém, a sua utilização como método de rastreamento reduz a mortalidade em 25% dos casos. A ultrassonografia de mama correspondeu a 52,7% da amostra estudada, devendo ser usada como um exame complementar à mamografia e não sendo recomendada como método primário na detecção do câncer. Figura 1- Exames avaliados entre as entrevistadas Os dados mostram que o acesso às consultas por meio do SUS corres pondeu a grande maioria dos casos (71,6%), seguido por 21,6% de us uárias do S US que eventualmente realizam um teste diagnóstico de outra forma. O impacto econômico potencial de racionalizar testes em países em desenvolvimento é signific ativo. Há uma elevação considerável nos custos da assistência médica para os planos de saúde que passam a exigir que médicos diminuam os pedidos de exames, assim como para a saúde pública, a qual atende menos indivíduos do que po deria, visto que os recursos que disponibiliza não são adequadamente utilizados (MARTINS, 2005). No quesito frequência na realização de exames, observou -se que a maioria das pacientes frequent a anualmente o médico (50,0% ) ou semestralmente (39,2% dos casos). Graças à realização do exame preventivo de câncer (colo do útero e/ou mama), uma grande parcela dirigi-se ao consultório médico anualmente e a mulher termina por solicitar ao profissional uma bateria de exames periódicos. (NOTHA CKER et al, 2012). Os médicos cuja solicitação de ex ames é reduzida possuem classificação qualitativa inferior, quando comparados àqueles que solicitam exames em demasia. Obs ervou-se que 45,9% das entrevistadas caracterizaram o primeiro tipo de médico como razoável e 32,4% afirmaram tratar-se de um profissional ruim. Figura 2. O segundo tipo de profissional foi classificado por 68,9% das pacientes como bom e 18,9% como sendo ótimo. Figura 3. Há um número significativo de paciente que utilizam o médico como um conselheiro para discutir problemas ou sintomas não declarados. Estes aspectos podem ser sistematicamente ignorados durante uma consulta. As razões ocultas para a solicitação de determinados exames precisam ser decifradas, a fim de evitar a insatis fação dos pacientes. Atualment e, muit os médicos solicitam uma maior quantidade de exames também por conta da chamada medicina defensiva. Os exames serviriam para documentar os casos, tornando-se uma maneira de se proteger de possíveis acusações de negligência ou omissão. ÁREA: CV ( ) CHSA ( ) ECET ( ) Figura 2 – A valiação qualitativa dos profissionais médicos que solicitam poucos exames complementares Figura 3 – A valiação qualitativa dos profissionais médicos que solicitam complementares muitos exames Conclusão Observamos uma solicitação exagerada de exames complementares em mulheres assintomáticas, consequência talvez da percepção errônea dos pacientes de que o médico de qualidade é aquele que pede maior quantidade de exames. Deve-se levar em conta as características das pacientes, uma anamnese e exame clinico bem realizados e recomendações baseadas em evidencias. O profissional médico deve estar preparado para utilizar satisfatoriamente todos os recursos tecnológicos e apto a fazer uma avaliação crítica da relação custo-benefício de cada exame. Referências CAPILHE IRA, M. F.; SANTOS, I. S. Epidemiologia da solicitação de exame complementar em consultas médicas. Rev Saúde Pública. São Paulo, v. 40, n. 2, p. 289-297, jan. 2006. CHE HUE N NE TO et al. Confiabilidade no médic o relacionada ao pe dido de exame complementar.. HU Rev. Juiz de Fora, v.33, n.3, p.75-80, jul./set. 2007. DE ARA ÚJO, R. P. M. Exames desnecessários. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 11, n. 1, p. 3, fev. 2009. NOTHACKE R, M. et al. Early detection of breast cancer: benefits and risks of supplement al breast ultrasound in asymptomatic women with mammographically dense breast tissue. A systematic review. BMC Cancer, Germany, v. 335, p. 9, Set. 2009. Palavras-chave: ginecologia. exames médicos. procediment os desnecessários.