Efeitos tardios da radioterapia pélvica A pélvis

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Late effects of pelvic radiotherapy –
Portuguese
Efeitos tardios da radioterapia
pélvica
A pélvis
A pélvis é a área do corpo entre a anca, na parte inferior do abdómen (barriga). Nos homens,
contém:

a glândula da próstata

os testículos

o pénis

a bexiga

a parte inferior do intestino grosso (cólon, reto e ânus)

parte do intestino delgado

gânglios linfáticos (glândulas)

os ossos pélvicos.
A radioterapia pélvica é administrada para tratar os cancros da próstata, bexiga, reto e ânus.
A radioterapia pélvica pode afetar os órgãos sexuais masculinos (os testículos, o pénis e a
próstata - ver a página seguinte) e a bexiga (ver página 5). Pode também afetar algumas partes
do sistema digestivo, incluindo o intestino delgado, o cólon, o reto e o ânus (ver página 3).
Os órgãos pélvicos masculinos e estruturas adjacentes
Coluna
vertebral
Bexiga
Reto
Próstata
Pénis
Uretra
Testículo
Escroto
Ânus
O sistema digestivo
Estômago
Intestino
delgado
Intestino
grosso
(cólon)
Reto
Ânus
Radioterapia pélvica
A radioterapia pélvica trata o cancro através da utilização de raios-x de alta energia para destruir
as células cancerígenas. A radioterapia também pode danificar as células normais que se
encontram na área de tratamento, mas estas conseguem normalmente reparar-se.
A radioterapia na zona pélvica pode ser administrada externamente (a partir do exterior do corpo)
por uma máquina designada acelerador linear. Também pode ser fornecida internamente, através
da implantação de material radioativo nos tecidos. Esta forma de administração de radioterapia é
designada de braquiterapia.
Por vezes, a radioterapia é administrada em conjunto com quimioterapia. Isto designa-se
quimiorradiação.
A radioterapia administrada em combinação com cirurgia ou quimioterapia pode aumentar o risco
de desenvolver efeitos tardios.
Efeitos tardios da radioterapia pélvica
A maioria dos homens sente efeitos secundários durante a radioterapia e durante algumas
semanas depois desta. Normalmente, estas melhoram gradualmente ao longo de algumas
semanas ou meses após o fim do tratamento.
Os efeitos tardios são efeitos secundários que:

começam durante ou pouco depois do tratamento e não desaparecem no prazo de seis
meses - por vezes, são designados como efeitos a longo prazo e, ocasionalmente, podem
tornar-se permanentes

ou não o afetam durante o tratamento, mas têm início meses ou até anos mais tarde, como
resposta tardia ao tratamento.
Neste folheto, utilizamos o termo efeitos tardios para incluir efeitos os efeitos tardios e também a
longo prazo.
Os efeitos tardios mais comuns após radioterapia pélvica são alterações no funcionamento da
bexiga e intestinos. Alguns homens podem também sentir dificuldades em ter ou manter uma
ereção, podendo também notar mudanças nas sensações físicas e emocionais associadas ao
sexo.
O impacto dos efeitos tardios varia:

Podem ser menores e não afetar muito a sua vida quotidiana.

Pode ser mais difícil ou complicado lidar com estes, podendo limitar ou interferir com a sua
vida quotidiana.
Se sentir efeitos tardios, existem normalmente muitas coisas que podem ajudar a lidar com estes.
Estas coisas ajudam-no, tanto quanto possível, a viver a sua vida ao máximo. Alguns efeitos
tardios melhoram com o tempo e podem eventualmente desaparecer sozinhos. Nas próximas
secções, explicamos as várias maneiras de gerir e melhorar os efeitos tardios.
Falar com o médico
Caso os efeitos secundários da radioterapia não desapareçam, informe sempre o seu médico
oncologista ou enfermeiro especializado. Se tiver novos sintomas ou problemas após o
tratamento, também é
importante informá-los.
Quantas mais informações fornecer ao seu médico, mais este o poderá ajudar. Poderá sentir-se
envergonhado por falar sobre problemas dos intestinos, bexiga ou vida sexual. Mas os médicos e
enfermeiros estão muito habituados a falar acerca de problemas íntimos como estes, por isso não
se acanhe.
Alguns dos sintomas dos efeitos tardios são semelhantes a sintomas que pode ter sentido quando
lhe foi diagnosticado o cancro, como sangue na urina ou sangramento no ânus. Pode ser
assustador ter sintomas após o final do tratamento e poderá ficar preocupado com a possibilidade
de o cancro ter regressado.
O seu oncologista irá avaliar os seus sintomas e explicar-lhe se poderão ser provocados pela
radioterapia. Poderá ter de realizar exames para excluir diagnósticos mais graves, como o
regresso do cancro ou um cancro novo. Por vezes, os sintomas são provocados por outros
problemas não relacionados com o cancro e o respetivo tratamento.
Lembre-se de que pode realizar uma marcação com o seu médico ou enfermeiro especializado
entre consultas e pode contactar o seu médico de clínica geral em qualquer momento.
Receber ajuda especializada
Consoante os efeitos tardios que sentir e até que ponto estes o afetam, poderá ser encaminhado
para um médico ou enfermeiro especializado nessa área. Por exemplo, se tiver problemas
intestinais, poderá ser encaminhado para um médico especializado nestes problemas, designado
como gastroenterologista.
Existem também médicos especializados no tratamento dos efeitos tardios da radioterapia. Mas
esta é uma área especializada e, por conseguinte, não existem muitos médicos a praticar nesta
área e poderá ter de se deslocar para ir a uma consulta. Alguns hospitais possuem clínicas
especiais para pessoas com efeitos tardios.
O seu médico ou enfermeiro pode encaminhá-lo para outros especialistas, caso seja necessário.
Para obter mais informação sobre a ajuda disponível, contacte a Linha de Apoio da Macmillan
gratuitamente, através do 0808 808 00 00.
Alterações ao nível da bexiga
A radioterapia para tratar o cancro da bexiga e da próstata pode provocar alterações ao nível da
bexiga. A radioterapia para o cancro retal e anal pode também provocar estas alterações, mas é
uma situação menos comum. As alterações também ocorrem com o envelhecer dos músculos da
bexiga, por isso os sintomas deste capítulo são mais comuns à medida que os homens
envelhecem.
A bexiga consiste num saco elástico e muscular, que recolhe e retém a urina. Situa-se na parte
inferior da pélvis. Está ligada aos rins (que produzem a urina) por tubos que se designam
ureteres. A urina é drenada da bexiga através de um tubo designado como uretra, que termina na
ponta do pénis.
A bexiga e rins do homem
Rim
Uréter
Bexiga
Uretra
A bexiga é suportada pelos músculos do pavimento pélvico. Alguns destes músculos envolvem a
uretra. A isto se chama esfíncter uretral, que mantém a bexiga fechada como uma válvula até ser
preciso urinar.
Quando a bexiga está cheia, envia um sinal para o cérebro de que é necessário urinar. Quando
estiver pronto, o cérebro manda os músculos do pavimento pélvico relaxar e abrir a uretra. Os
músculos da bexiga contraem-se (apertam) e empurram a urina para esta sair.
Possíveis efeitos tardios ao nível da bexiga
A radioterapia pélvica pode provocar cicatrizes e endurecimento (fibrose) da parede da bexiga.
Isto faz encolher a bexiga, que passa a reter menos urina. Pode também enfraquecer os
músculos do pavimento pélvico e a válvula que mantém a bexiga fechada. Isto significa que pode
ocorrer a fuga de pequenas quantidades de urina. É a denominada incontinência.
Após a radioterapia, pequenos vasos sanguíneos no revestimento da bexiga podem ficar mais
frágeis e sangrar mais facilmente. Esta situação pode provocar o aparecimento de sangue na
urina.
Por vezes, a radioterapia estreita a uretra.
Sintomas
Muitos dos sintomas dos efeitos tardios ao nível da bexiga são semelhantes aos efeitos
secundários imediatos da radioterapia. Os sintomas dos efeitos tardios ao nível da bexiga podem
incluir:

necessidade de urinar com maior frequência do que o habitual

sensação de ardor ao urinar (semelhante à cistite)

incapacidade de esperar para esvaziar a bexiga (urgência)

fuga de urina (incontinência)

sangue na urina (hematúria)

dificuldade em urinar.
Alterações intestinais
Por vezes, os homens sujeitos a radioterapia pélvica notam diferenças no funcionamento dos
intestinos. Para alguns homens, as mudanças têm início durante o tratamento e não melhoram.
Mas, para outros, as mudanças podem ocorrer meses ou anos após o tratamento.
O intestino faz parte do nosso sistema digestivo (ver página 3). É constituído pelo intestino delgado
e pelo intestino grosso. O intestino delgado absorve os nutrientes dos alimentos que ingerimos.
Depois, passa os resíduos líquidos para o intestino grosso (cólon e reto). O cólon absorve a água
dos resíduos antes de fazer passar os resíduos mais sólidos (fezes) para o reto. As fezes são
retidas no reto até estarem prontas para
serem evacuadas através da abertura para o exterior do corpo (ânus).
Possíveis efeitos tardios ao nível dos intestinos
A radioterapia pode afetar o abastecimento de sangue ao intestino. Desta forma, o tecido do
intestino e os pequenos vasos sanguíneos deste tornam-se mais frágeis. Poderá provocar
sangramento pelo ânus.
A radioterapia pode também provocar cicatrizes (fibrose) do revestimento do intestino grosso,
tornando-o mais espesso e menos flexível. Desta forma, os resíduos sólidos passam mais
rapidamente do que antes e, por isso, a absorção dos nutrientes pode ser inferior. O intestino
também não consegue reter a mesma quantidade de resíduos sólidos (fezes).
Os músculos que ajudam a reter as fezes no reto podem também ser afetados, o que pode
provocar problemas ao nível do controlo intestinal e fugas (incontinência).
A radioterapia também pode estreitar o intestino. Quando a radioterapia afeta o intestino delgado,
pode provocar intolerâncias alimentares ou outras condições.
Sintomas
Os sintomas dos efeitos tardios ao nível do intestino podem incluir:

sangramento pelo ânus

saída de muco (uma substância transparente e viscosa)

cãibras ou espasmos no intestino, que poderão ser dolorosos

sensação de não ter esvaziado totalmente o intestino (tenesmo)

diarreia ou obstipação grave

necessidade de evacuar os intestinos imediatamente (urgência)

fugas ou evacuação involuntária (incontinência)

muitos gases.
Para alguns homens, os sintomas não representam grandes problemas e conseguem geri-los
com alguma facilidade. A mudança no funcionamento dos intestinos pode ser pequena como, por
exemplo, ter de ir à casa de banho duas vezes por dia e não uma. Mas, por vezes, as mudanças
no intestino podem ter um impacto muito maior e interferir com a vida quotidiana.
Linfedema
Os gânglios linfáticos (por vezes designados de glândulas linfáticas) fazem parte do nosso sistema
imunitário e ajudam-nos a combater as infeções. O fluido linfático flui ao longo de canais finos
entre os gânglios.
Por vezes, os gânglios linfáticos da zona pélvica ficam danificados pela radioterapia pélvica ou
cirurgia. Quando isto ocorre, pode dar-se a acumulação de fluido linfático. Uma ou,
ocasionalmente, as duas pernas podem ficar inchadas. A isto se chama linfedema e pode ocorrer
meses ou anos após o tratamento. Alguns homens notam o inchaço da área genital ou da área
inferior da barriga, mas esta é uma situação mais rara.
O linfedema não é comum após radioterapia pélvica. Mas os homens submetidos a cirurgia para
remover os gânglios linfáticos pélvicos e a radioterapia pélvica têm maior risco.
Redução do risco de linfedema
Pode fazer algumas coisas para reduzir o risco de linfedema. Em particular, é importante proteger
a pele das pernas e pés. As infeções podem desencadear o linfedema e, por isso, é importante
evitar danos na pele.
Se notar inchaço no pé ou perna, informe sempre o médico ou enfermeiro. Quanto mais cedo for
tratado o linfedema, mais fácil e eficaz é o tratamento.
Alterações ao nível dos ossos
A maioria dos homens submetidos a radioterapia pélvica não tem problemas nos ossos. Os danos
nos ossos da zona pélvica constituem um efeito tardio raro da radioterapia.
Se a radioterapia danificar os ossos pélvicos, pode aumentar o risco de microfraturas (designadas
como fraturas de insuficiência pélvica), que podem ser dolorosas. A dor situa-se normalmente na
parte inferior das costas, durante o movimento, e pode dificultar a marcha. Normalmente, não
ocorre dor em repouso ou no sono.
Se sentir dores nos ossos, informe sempre o seu oncologista ou enfermeiro. Estas podem ser
provocadas por diversos problemas, mas é muito importante que sejam verificadas. Uma vez que
os danos nos ossos são um efeito tardio raro da radioterapia pélvica, existe maior probabilidade de
a causa ser outra.
Se sentir sintomas durante mais de algumas semanas, os médicos terão de pedir exames, como
uma cintilografia óssea ou uma ressonância magnética.
A sua vida sexual
A radioterapia pélvica pode afetar a sua vida sexual e provocar problemas para ter ou manter
uma ereção. Isto pode ocorrer gradualmente. Existe maior probabilidade de ter problemas se
também tiver sido sujeito a cirurgia na zona pélvica ou tratamento de quimioterapia. A terapia
hormonal para o cancro da próstata também pode afetar a sua vida sexual.
As dificuldades sexuais podem também ser provocadas por outros problemas médicos e são mais
comuns à medida que os homens envelhecem. Há várias coisas que podem ajudar, por isso, se
tiver problemas, é importante informar o seu médico ou enfermeiro.
Fertilidade
É provável que a radioterapia pélvica afete a sua fertilidade. Poderá não conseguir ter filhos
depois do tratamento. É a denominada infertilidade.
O esperma é produzido nos testículos (ver página 2). Estes ficam perto da bexiga, próstata e reto.
Os testículos são muito sensíveis à radioterapia. Alguns homens conservam o esperma antes de
iniciar a radioterapia. Após o tratamento, podem realizar tratamentos de fertilidade para tentar
conceber com a parceira.
A infertilidade pode ser um problema muito angustiante, com o qual é difícil viver. Para algumas
pessoas, é benéfico conversar com o parceiro, familiar ou amigo. Outros podem preferir
conversar com um terapeuta profissional. O seu médico de clínica geral ou oncologista pode
encaminhá-lo para este especialista. Muitos hospitais têm também enfermeiros especializados
que podem oferecer apoio e as clínicas de fertilidade têm normalmente um terapeuta com quem
poderá conversar.
Os nossos especialistas de apoio ao cancro, através do 0808 808 00 00, podem conversar acerca
dos problemas que possa sentir e podem também ajudá-lo a encontrar um terapeuta que o possa
aconselhar.
Contraceção
Embora a sua fertilidade possa ser afetada, continua a ser importante utilizar um contracetivo
eficaz. Isto deve-se ao facto de poder continuar a produzir esperma durante algum tempo após o
tratamento.
Alguns médicos recomendam a utilização de um contracetivo eficaz durante seis meses após o
tratamento. Outros médicos recomendam-no durante até dois anos após o tratamento. Isto devese ao facto de o esperma produzido após o tratamento poder ser ainda fértil, mas estar
danificado. Isto significa que uma criança concebida logo após a radioterapia poderia ter
anomalias. No entanto, neste momento, não existem provas de que as crianças nascidas de pais
que tenham sido submetidos a radioterapia têm maior risco de anomalias.
Publicação: novembro de 2014
Próxima revisão prevista para maio de 2017
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