ORAÇÃO SEM SUJEITO OU SUJEITO INEXISTENTE A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) trata que os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado. Isso pressupõe que, se são termos essenciais, seria impossível existir oração sem a presença de algum deles. No entanto, sabemos que isso não é de todo verdade, já que a oração sem sujeito é formada apenas do predicado. A oração sem sujeito, ou sujeito inexistente, como preferem alguns autores, ocorre quando, simplesmente, não existe elemento ou pessoa gramatical ao qual o predicado se refere. “Choveu a noite inteira”. Isso acontece quando o verbo expresso na oração se apresenta com sentido impessoal dentro daquele contexto. Vamos conhecer os mais comuns: 1. Verbos ou locuções que indicam fenômenos da natureza, como chover, nevar, trovejar: “Trovejou sem parar na Baixada Fluminense”. “No inverno passado, nevou na Flórida”. “Havia chovido bastante durante a manhã”. _________________________________________________ 2. O verbo haver no sentido de existir, acontecer: “Na reunião de pais só havia mães”. (Fernando Sabino). “Houve poucas desistências para o curso de verão”. _________________________________________________ 3. Verbos indicando tempo decorrido, como haver, fazer, ir: “Há muitos anos que não o vejo. Desde criança”. “Faz dois meses que não vou à aula”. “Vai para dez anos que me aposentei”. _________________________________________________ 4. Verbos ser, estar e fazer ou locuções indicando tempo e clima. Está tarde! São três horas. Há muito tempo não fazia tanto frio assim. Faz dois meses que não vou à academia. ATENÇÃO! AS ORAÇÕES COM VERBOS OU LOCUÇÕES VERBAIS QUE EXPRIMEM FENÔMENO NATURAL, NO SENTIDO FIGURADO, APRESENTARÃO SUJEITO. “De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo.” (Vinícius de Moraes) Os verbos em destaque estão empregados em sentido figurado. Como quem “escurece, tarda, anoitece” é a pessoa do poeta (eu=pessoa gramatical), o sujeito simples está presente na oração. Portanto, apenas memorizar os verbos que são impessoais não é garantia de classificar corretamente uma oração. É preciso atentar para a função e o sentido que o termo exerce dentro daquele determinado contexto. Referências bibliográficas: MESQUITA, Roberto Melo. Gramática da Língua Portuguesa. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 403-4. SAVIOLI, Francisco de Platão. Gramática em 44 lições. 15. ed. São Paulo: Ática, 1989, p. 10. _________________________________________________ SUJEITO INDETERMINADO É chamado sujeito indeterminado aquele que, apesar de existir, não pode ser determinado pelo contexto ou pela terminação do verbo. Ele tem como função expressar: Ocorre sujeito indeterminado com verbos: 1. Na terceira pessoa do plural. Exemplos: Andam dizendo coisas horríveis a seu respeito. Jogaram futebol até tarde. Comeram todo o bolo. Telefonaram para você. Estão batendo à porta. Assaltaram a vizinha. Deixaram este envelope para você. ATENÇÃO! Sujeito indeterminado com verbo na terceira pessoa do plural Além de estar na terceira pessoa do plural, o verbo não se refere a qualquer termo identificado anteriormente. ____________________________________________ 2. Com verbos (VTI, VI, VL) na terceira pessoa do singular seguidos do pronome “se”, chamado de índice de indeterminação do sujeito. Trabalha–se de dia, descansa–se à noite.” Os verbos trabalhar e descansar estão conjugados na 3ª pessoa do singular acompanhados do pronome se, que nesse caso se chama índice de indeterminação do sujeito. É exatamente ele que transforma essas orações em sujeito indeterminado. Nesse caso, é necessário que o verbo seja intransitivo, transitivo indireto ou de ligação. Se nós retirarmos o pronome se, teremos orações com sujeito oculto (ele): “Trabalha de dia, descansa à noite.” Precisa-se de secretárias. VTI + SE Vive-se bem aqui. VI+ SE Era-se feliz naquela época. VL + SE + PS (PREDICATIVO DO SUJEITO)