PERFIL DO FONOAUDIÓLOGO HOSPITALAR DE PORTO ALEGRE ** SPEECH AND LANGUAGE THERAPIST THAT WORKS IN HOSPITALS IN PORTO ALEGRE CITY PROFILE TAÍS MACAGNAN TATIM * * Fonoaudióloga, graduada pelo IPA-POA ** Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Fonoaudiologia Hospitalar - Centro Universitário São Camilo RESUMO A Fonoaudiologia vem difundindo e diversificando seu campo de trabalho com o passar dos anos. A atuação fonoaudiológica em hospitais está crescendo com a percepção de sua importância por parte de outros profissionais da saúde e dos gestores hospitalares. O objetivo desta pesquisa foi definir o perfil dos profissionais da Fonoaudiologia que atuam em hospitais na cidade de Porto Alegre, para poder identificar quantos profissionais desta área estão trabalhando em hospitais nesta cidade, em que áreas, qual a formação destes profissionais, quais principais patologia atendidas, quantos pacientes são atendidos por semana, entre outros aspectos. Para isso foi aplicado um questionário, elaborado pela pesquisadora e validado através de testagem em grupo piloto, aos Fonoaudiólogos Hospitalares de Porto Alegre. A interpretação dos dados foi de forma quali-quantitativa. O perfil do Fonoaudiólogo Hospitalar da cidade de Porto Alegre constitui-se de profissionais, sendo 80% com pós-graduação concluída ou em conclusão, 30% com mestrado concluído ou em conclusão e 5% com doutorado concluído. Esses profissionais atendem entre 41 e 50 pacientes por semana, com carga horária média de 22 horas por semana, com contratação pelas leis trabalhistas. ABSTRACT By the years Speech and Language Therapy is spreading and varying it’s work field. Speech and Language Therapy in hospitals is growing because other health professionals and hospitals directors are realizing its importance. The objective of this study is to determinate the profile of Speech and Language professionals that work in hospitals in Porto Alegre city, so it will be possible to know how many professionals of this area are working in hospitals in this city, in which area, what is the graduation of this professionals, what are the main diseases treated, how many patients are treated weekly, and other aspects. For that was applied a form, developed by the researcher and valued through in a pilot group, to professionals of Speech and Language Therapy. The data interpretation was done in a qualitative and quantitative from. The Speech and Language Therapist in hospitals of Porto Alegre city profile is composed of professionals 80% with post-graduated concluded or in conclusion, 30% with master degree concluded or in conclusion and 5% with PhD degree. These Professionals treat between 41 to 50 patients per week, with a schedule of 22 hours per week, hired as employee. PALAVRAS-CHAVE Perfil; Fonoaudiologia; Hospitalar; Porto Alegre KEYWORDS Profile; Speech and Language Therapy; Hospital; Porto Alegre INTRODUÇÃO A Fonoaudiologia vem difundindo e diversificando seu campo de trabalho com o passar dos anos. Hoje, pode se observar fonoaudiólogos atuando em consultórios, clínicas, casas geriátricas, como auditores em convênios e empresas, como consultores em escolas e empresas e também em hospitais. O fonoaudiólogo em um hospital pode atuar em vários setores, ambulatorial ou a beira do leito, como na unidade de tratamento intensivo neonatal e pediátrica, na maternidade, na cardiologia, na neurologia, na otorrinolaringologia, com pacientes disfágicos, na audiologia, entre outros. O objetivo desta pesquisa é definir o perfil dos profissionais da Fonoaudiologia que atuam em hospitais na cidade de Porto Alegre, para poder identificar quantos profissionais desta área estão trabalhando em hospitais nesta cidade, em que área, qual a formação destes profissionais, entre outros aspectos. Para isto foi aplicado um questionário aos fonoaudiólogos hospitalares. METODOLOGIA Este estudo foi uma pesquisa descritiva exploratória. A população foi composta pelos fonoaudiólogos que atuam nos hospitais na cidade de Porto Alegre, totalizando vinte e nove profissionais. A amostra foi composta de vinte fonoaudiólogos hospitalares da cidade de Porto Alegre. A coleta de dados foi realizada por um questionário, composto por perguntas fechadas. O questionário foi entregue ao profissional e foi combinada uma data para a devolução dele respondido. A interpretação dos dados foi de forma quali-quantitativa. Os respondentes deste estudo participaram após consulta e aceite através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde estava explicito o objetivo deste estudo, o nome da pesquisadora, o compromisso de sigilo das informações pessoais dos participantes e o destino dos dados coletados. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS Nesta pesquisa, foi considerado que o Fonoaudiólogo Hospitalar é aquele que atua de alguma maneira em hospitais, pois ele está de alguma maneira representando o hospital, pelo menos no ponto de vista do paciente. Porto Alegre possui ao total trinta e três hospitais de todos os portes. Apenas nove têm fonoaudiólogos atuando de alguma maneira, seja através de contratação, pesquisa, trabalho voluntário ou prestação de serviço, totalizando vinte e nove fonoaudiólogos atuando nestes hospitais. O gráfico 1 apresenta distribuição dos fonoaudiólogos que responderam a pesquisa em cada hospital. Com relação à formação destes profissionais, 80% deles concluiu ou está concluindo curso de pós-graduação, 30% concluiu ou está concluindo mestrado e apenas 5% possui doutorado. Fonoaudiólogos Hospitalares na Cidade de Porto Alegre 1 3 1 3 Hospital 1 Hospital 2 Hospital 3 Hospital 4 Hospital 5 4 Hospital 6 6 Hospital 7 2 Gráfico 1: número de Fonoaudiólogos que responderam a pesquisa em cada hospital. Porém apenas dois (10%) profissionais possuem curso de pósgraduação com ênfase em Fonoaudiologia Hospitalar em conclusão. A média de tempo de trabalho em hospital foi de 6 anos e 2 meses, sendo que o menor tempo foi de 2 meses e o maior de 22 anos. A principal característica dos hospitais foi de atendimento ao Sistema Único de Saúde. A Fonoaudiologia nos hospitais não está implantada em 29% deles; é um departamento autônomo em 14% e faz parte de um outro serviço ou departamento em 57%, sendo este serviço o de Otorrinolaringologia em 75%. As principais áreas em que os fonoaudiólogos atuam nos hospitais de Porto Alegre são Audiologia, Oncologia, Neurologia, Otorrinolaringologia e Pediatria, atendendo a pacientes com alterações de orelha média e interna; distúrbios de alimentação; câncer; afasia; disartria; acidente vascular encefálico; doenças degenerativas e alterações vocais. O atendimento fonoaudiológico nos hospitais é dividido entre ambulatorial, internação ou ambos. O atendimento é realizado, em sua maioria, 60%, em ambos, 20% dos atendimentos é feito apenas no ambulatório e outros 20% é realizado apenas na internação. Em apenas três hospitais é realizado atendimento em grupos, aos pacientes laringectomizados, com problemas de voz e aos deficientes auditivos na adaptação de aparelhos. Em apenas dois hospitais é realizada triagem auditiva neonatal, em um hospital a triagem é feita com todos os bebês recém nascidos e no outro apenas com bebês de risco ou quando há solicitação do Médico. Com relação aos atendimentos, quatro fonoaudiólogos atendem entre 1 e 10 pacientes por semana, um atende entre 11 e 20, dois atendem entre 21 e 30, quatro atendem entre 31 e 40, seis atendem entre 41 e 50 e três não responderam a esta questão. O gráfico 2 representa o número de pacientes atendidos por semana por cada fonoaudiólogo nos hospitais. Atendimento Fonoaudiológico em Hospitais Fonoaudiólogos 7 6 5 4 3 2 1 Não respondeu 41 a 50 31 a 40 21 a 30 11 a 20 1 a 10 - Número de Pacientes Gráfico 2: número de pacientes atendidos por semana por cada fonoaudiólogo no hospital. Na maioria dos hospitais, 86%, há estágio, sendo na maioria voluntário de observação ou prático, porém há também alguns remunerados. Os estágios abrangem tanto a graduação como especialização. Na graduação a duração varia de 6 a 12 meses. Na especialização varia de acordo com a patologia, mínimo de 8 e máximo de 26 horas. Nos estágios de graduação as vagas variam de 1 a 8, com média de 4, nos estágios de especialização é feito rodízio entre todos alunos da turma. A carga horária dos profissionais da fonoaudiologia que atuam nos hospitais variou de 4 a 40 horas por semana, com média de 22 horas semanal. O vínculo empregatício dos fonoaudiólogos variou entre contratados pelas leis trabalhistas (CLT); prestador de serviços; trabalho voluntário; convênio de ensino institucional e cedência. Como se pode verificar no gráfico 3 a maioria dos profissionais é contratado por CLT. Foram pesquisadas as vantagens e desvantagens do trabalho do fonoaudiólogo no hospital. As principais vantagens citadas foram: - atendimento precoce; - atuação multidisciplinar; - trocas de conhecimentos; - orientação a pacientes e familiares; - prevenção; - possibilidade de pesquisa; - disponibilidade para realizar exames; - redução do tempo de internação; - qualidade de vida do paciente. As principais desvantagens foram: - não ter o serviço específico de fonoaudiologia; - falta de reconhecimento e/ou valorização; - grande número de pacientes; - poucos fonoaudiólogos atuando nos hospitais. Vínculo Empregatício 5% 5% CLT Prestador de Serviço 15% 50% 25% Trabalho Voluntário Convênio Institucional de Ensino Cedência Gráfico 3: apresenta resultados sobre vínculo empregatício dos fonoaudiólogos com os hospitais que atuam. CONCLUSÃO De acordo com os dados apresentados, conclui-se que o perfil do Fonoaudiólogo Hospitalar da cidade de Porto Alegre constitui-se de profissionais com pós-graduação (80%), que atendem entre 41 e 50 pacientes por semana, com carga horária média de 22 horas por semana, com contratação por CLT. Este profissional atende principalmente pacientes do Sistema Único de Saúde, em hospitais onde a Fonoaudiologia faz parte de outro serviço, em ambulatório e na internação. As principais áreas tratadas são Audiologia, Oncologia, Neurologia, Otorrinolaringologia e Pediatria, sendo as principais patologias alterações de orelha média e interna; distúrbios de alimentação; câncer; afasia; disartria; acidente vascular encefálico; doenças degenerativas e alterações vocais. É oferecido estágio voluntário de observação na maioria dos serviços de fonoaudiologia nos hospitais pesquisados. Não são realizados atendimentos em grupo e nem triagem auditiva neonatal na maioria dos hospitais pesquisados. REFERÊNCIAS 1. ___________ Fonoaudiologia Hospitalar Jornal do CRFa 2a Região http://www.fonosp.org.br/edicao_30/30_entrevista.html, 2000 2. BORBA, J. Disfagias Orofaríngeas neurogenicas Anais do VIII Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia; p 28, Out, 2000 3. BORBA, Julio Atuação Fonoaudiológica Hospitalar e em Home Care http://binha.fernandes.sites.uol.com.br/trabalhos/borba.html, 2002 4. LUIZ, Mara Oliveira Rodrigues UTI: uma nova proposta de atuação e de argumentação Informativo CRFASP 28, 2001 5. LUZ, Elizabeth A fonoaudiologia Hospitalar em Questão http://www.fonoaudiologia.com/trabalhos/artigos/artigo-003.htm, 1999 6. OLIVEIRA, Silvia Tavares de (org.) Fonoaudiologia Hospitalar Lovise, São Paulo, 2003. 7. PAIVA, Flávia de Mendonça Fonoaudiologia Hospitalar http://www.fonoweb.com.br/ 2002. 8. PELEGRINI, Adileni Pacheco Fonoaudiologia Hospitalar: Reflexões além das fronteiras 9. Fonoaudiologia Ano2 Número 2 http://www.fonoaudiologia.org.br/revista/f0799-5.htm, 1999 10. PITTIONI, Maria Eliza Marini Fonoaudiologia Hospitalar: Uma realidade necessária, CEFAC Londrina, 2001 11. PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO – SECRETARIA MUNICIPAL DE SAUDE. Demonstrativo de gastos com apoio ao leito por Centro de Custos, Fonte: Gerência de Custos. Fonoaudiologia, nov e dez, 1999