Texto de apoio_Bases Biológicas_Prof.JOEL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
BASES BIOLÓGICAS PARA A ATIVIDADE FÍSICA
(TEXTO DE APOIO )
Prof. Dr. Joel Saraiva Ferreira
CAMPO GRANDE/MS
2017
NOÇÕES BÁSICAS DE CITOLOGIA
INTRODUÇÃO
Para entender a diversidade de organismos vivos que existem atualmente no
planeta, surge a Biologia, que é a ciência direcionada ao estudo e compreensão dos
seres vivos e suas inter-relações.
Quando a Biologia estuda especificamente o ser humano, torna-se uma ciência
que auxilia outras áreas do conhecimento, como no caso da Educação Física.
O interesse em estudar o ser humano é bastante antigo, desde a Grécia quando
alguns “estudiosos” já faziam suas observações em alguns cadáveres. Naquela época o
estudo da Biologia ainda era feito de forma macroscópica e com esses recursos
Aristóteles afirmou que “todos os animais e vegetais, por mais complicados que sejam,
são constituídos por uns poucos elementos que se repetem em cada um deles”.
Muitos séculos depois, descobriu-se um novo campo para o estudo do ser
humano, que é a Biologia celular. Isso foi possível graças a invenção das lentes de
aumento que deram origem aos primeiros microscópios, o que possibilitou estudar as
células que constituíam os órgãos e tecidos.
Mais recentemente, com a ajuda de novos conhecimentos tecnológicos
surgiram os microscópios eletrônicos, que possibilitaram os estudos alcançarem o nível
da Biologia molecular, na qual visualiza-se os elementos que constituem cada célula
viva.
Citologia = estudo das células.
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COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS SERES VIVOS
Os seres vivos são constituídos por moléculas formadas pela união de
elementos químicos, sendo que os elementos mais comuns são o carbono, o
hidrogênio, o oxigênio e o nitrogênio.
Esses quatro elementos são predominantes nas moléculas dos seres vivos e
têm como característica comum a capacidade de fazerem “ligações” entre si (ligações
co-valentes). Principalmente os átomos de carbono são capazes de formar longas
“cadeias”, que dão origem às moléculas orgânicas.
Moléculas inorgânicas:
Existem também algumas moléculas inorgânicas que são extremamente
importantes para a manutenção da vida dos seres humanos. As principais são:
Água:
As moléculas de água são formadas por dois átomos de hidrogênio e um átomo
de oxigênio (H2O).
Nos diferentes seres vivos a água é o elemento mais abundante, constituindo
de 60% a 99% do conteúdo corporal. No ser humano adulto esse valor fia em torno
dos 70% e essa grande quantidade de líquido é importante, pois é através desses
líquidos que o ser humano realiza funções vitais como: absorção de nutrientes,
eliminação de substâncias e reações químicas variadas.
O meio líquido onde as reações químicas acontecem pode apresentar diferentes
teores de acidez, o que é denominado “pH” (potencial hidrogeniônico). Em uma escala
numérica, um pH neutro corresponde ao número “7” e a medida que a solução tornase mais ácida os números diminuem, enquanto que se a solução torna-se alcalina (ou
básica) os números aumentam.
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Quadro 1: valores de pH de alguns líquidos.
Fluído (líquido)
Plasma sanguíneo
Suco gástrico
Saliva
Leite de vaca
Urina
Suco de tomate
Suco de limão
Fonte: Papini e França (2003).
pH
7,5
2,0
6,0
6,6
5,0 a 8,0
4,3
2,3
Sais minerais:
Os sais minerais também são chamados de íons e desempenham várias funções
no organismo. Os principais sais minerais encontrados em nosso organismo são:
O sódio (Na+) que é encontrado em grande quantidade no meio
extracelular e é um elemento importante para que ocorra a
condução do impulso nervoso e a contração muscular.
O potássio (K+) que é encontrado em grande quantidade no meio
intracelular e também desempenha um papel semelhante ao sódio.
O cálcio (Ca++) que existe em grande quantidade no sangue atuando
na coagulação sanguínea. Também está presente nos músculos
esqueléticos e é essencial para a contração muscular. Ainda tem
como função a constituição dos ossos e dentes do ser humano.
O cloreto (Cl
¯
) que participa da formação do ácido clorídrico (HCl)
que compõe o suco gástrico responsável pelo processo digestivo.
Moléculas orgânicas:
Carboidratos:
São compostos orgânicos formados por carbono, hidrogênio e oxigênio,
geralmente na proporção 1:2:1, representado pela fórmula CnH2nOn (sendo n ≥ 3).
Os carboidratos são os “açúcares” do nosso organismo. Essas substâncias são
de origem vegetal, já que são produzidos pela fotossíntese.
No organismo humano a função básica dos carboidratos (açúcares) é fornecer
energia. Mas também podem participar da constituição de algumas células. Nos seres
humanos (e outros animais também), existe uma reserva de açúcares, que é o
glicogênio.
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Proteínas:
As proteínas são formadas por moléculas denominadas aminoácidos, que são
constituídos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.
As proteínas existem em grande quantidade em nosso organismo, sendo
encontrada em todas as partes do corpo. Sua principal função é estrutural, ou seja,
participar da construção e reparação das células e tecidos.
Podemos citar como exemplos de funções das proteínas a formação de
músculos, cartilagem, pele e pêlos.
Lipídios:
São moléculas orgânicas formadas por ácidos graxos, os quais são constituídos
de carbono, hidrogênio e oxigênio, podendo apresentar consistência sólida ou líquida.
Ambos são gordurosos e não se dissolvem em água, apenas em solventes orgânicos
(éter, benzeno, álcool, etc.).
A principal função dos lipídios é o fornecimento de energia ao ser humano e
podem formar reservas de energia na forma de triglicerídeos, pela junção de ácidos
graxos e glicerol, na proporção de 3:1.
Um outro tipo de lipídio que merece atenção é o esteróide, que não fornece
energia, mas participa da formação de vários hormônios do corpo humano. Um
exemplo de esteróide é o colesterol.
Vitaminas:
São elementos indispensáveis ao funcionamento adequado do corpo humano.
Atuam principalmente na função de reguladores do organismo, ou seja, controlam as
reações químicas que formam o metabolismo humano.
As vitaminas podem ser encontradas principalmente em produtos de origem
vegetal (frutas, verduras, etc.).
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ESTRUTURA CELULAR
Quando existe uma organização de moléculas orgânicas e inorgânicas, feita de
forma complexa, possivelmente estaremos diante de uma célula, que pode ser
entendida como a menor estrutura viva existente.
Dentre os milhões de seres vivos existentes, podemos agrupar as espécies de
inúmeras formas. Se a análise ocorrer a nível celular, podemos identificar dois tipos:
•
Células procariontes: não possuem um núcleo isolado do restante do
citoplasma.
•
Células eucariontes: possuem um núcleo isolado do restante do
citoplasma.
OBS.: quando compara-se a estrutura de uma célula procariótica com a de uma
célula eucariótica, o que mais chama a atenção é a complexidade de cada uma.
Os seres humanos são formados por células do tipo eucariontes, as quais
podem se agrupar da seguinte forma:
Moléculas (orgânicas e inorgânicas)
Células
Tecidos
Órgãos
Aparelhos / Sistemas
Indivíduo
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Organelas celulares:
Algumas estruturas celulares são chamadas de organelas, sendo que as
principais são:
- Membrana celular: é uma estrutura elástica que envolve completamente a
célula, sendo formada quase que totalmente por proteínas e lipídios.
A parte lipídica da membrana celular estende-se por toda a superfície celular e
tem a forma de uma dupla camada que é praticamente impermeável a água. Por outro
lado, substâncias como oxigênio e gás carbônico podem atravessar essa região da
membrana.
Já a parte protéica da membrana celular é composta por grandes moléculas de
proteína que ficam inseridas na dupla camada lipídica. Essas proteínas podem
atravessar a membrana celular formando “poros” funcionais por onde a água e as
substâncias hidrossolúveis podem atravessar do meio extracelular para o meio
intracelular ou vice-versa.
Como o trânsito de substâncias que entram e saem da célula depende de sua
“afinidade” com a membrana celular, essa capacidade recebe o nome de
“permeabilidade seletiva”.
- Citoplasma: é a substância que preenche o espaço entre a membrana celular
e o núcleo celular. O citoplasma é formado basicamente por água e outras substâncias
dissolvidas (aminoácidos, enzimas, minerais, etc.).
- Mitocôndrias: são chamadas de “usinas” celulares, pois extraem energia dos
nutrientes. Isso acontece por um processo chamado oxidação, que é a combinação de
oxigênio e um nutriente. Durante o processo de produção de energia nas mitocôndrias
são geradas outras substâncias, principalmente água e gás carbônico.
Outra
característica
importante
das
mitocôndrias
é
a
capacidade
de
autoduplicação, pois possuem material genético próprio.
- Lisossomos: são pequenas estruturas que flutuam no citoplasma. Dentro dos
lisossomos existem muitas enzimas digestivas (pH ácido), as quais são usadas para
digerir partículas que entram no citoplasma passando pela membrana celular.
Os lisossomos também realizam a digestão de elementos celulares em desuso,
fazendo uma “reciclagem” celular.
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Durante a digestão celular podem ser identificados três momentos distintos:
Lisossomo primário: quando o lisossomo está “solto” no citoplasma.
Lisossomo secundário: quando o lisossomo acopla-se a outra partícula.
Lisossomo residual: são os resíduos da digestão.
- Retículo endoplasmático: é um grande sistema de tubos e canais fechados
que percorre praticamente todas as áreas do citoplasma.
Essa organela atua como um sistema de transporte intracelular, podendo
também armazenar substâncias produzidas pela célula.
Existem dois tipos de retículo endoplasmático:
Retículo endoplasmático rugoso: mais próximo do centro da célula. É
responsável pela síntese (produção) de proteínas.
Retículo endoplasmático liso: localizado mais distante do centro da célula. É
responsável pela produção de lipídios e carboidratos.
- Ribossomos: são pequenas estruturas que ficam fixadas ao retículo
endoplasmático rugoso. Nos ribossomos são produzidas as proteínas celulares.
- Complexo de Golgi: é uma estrutura semelhante ao retículo endoplasmático,
sendo que ambas funcionam de forma correlacionada.
Muitas substâncias que são produzidas no retículo endoplasmático são
transportadas até o complexo de Golgi, onde são novamente processadas.
- Microtúbulos: são estruturas rígidas em forma de tubos e desempenham papel
importante na manutenção da “forma” da célula, formando o citoesqueleto.
- Núcleo: é a estrutura responsável pelo controle das atividades da célula.
Os genes localizam-se no núcleo e são as estruturas que determinam as
características de cada célula, controlando a reprodução e o funcionamento dessa
célula no dia a dia.
Os genes ficam agrupados em 23 pares de cromossomos, que são formados
por DNA (Ácido Desoxirribonucléico).
O processo de reprodução celular recebe o nome de mitose e consiste na
divisão de uma célula em duas “células filhas”. Tudo inicia-se no núcleo, com a
duplicação de todo o DNA da célula.
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OBS.: no corpo humano existem diferentes processos de controle da
reprodução celular.
Algumas células crescem e se reproduzem constantemente, como é caso das
células da medula óssea e das células da pele. No entanto, outras células passam
vários anos sem se reproduzirem, como as células que revestem os órgãos (células
musculares lisas). E ainda existem células que não se reproduzem durante toda a vida
da pessoa, como no caso dos neurônios.
Transporte através da membrana celular:
A membrana celular é responsável pela entrada e saída de substancias, já que
ela é o limite entre a célula e o meio externo.
A passagem dessas substâncias pela membrana vai depender do tamanho da
partícula, da solubilidade em lipídios e do reconhecimento químico por receptores
localizados na parte externa da membrana.
Existem dois mecanismos pelos quais pode ocorrer passagem de substâncias
para dentro ou para fora da célula:
- Transporte passivo: ocorre quando as partículas são pequenas ou solúveis em
lipídios.
Neste tipo de transporte não há gasto de energia celular e é chamado de
difusão. Isso ocorre com o movimento das partículas, indo de uma região de maior
concentração para outra de menor concentração (a favor do gradiente de
concentração).
Existe também um outro processo chamado de difusão facilitada, na qual a
substância que será transportada combina-se com “transportadores” (enzimas),
tornando essa combinação lipossolúvel. Ao atingir o interior da célula, o transportador
desprende-se da substância e volta para o meio extracelular.
- Transporte ativo: neste caso ocorre gasto energético para levar as substâncias
para dentro ou para fora da célula, já que as partículas são transportadas contra um
gradiente de concentração.
Entre as substâncias que são transportadas ativamente através da membrana
estão os íons (sais minerais), vários açúcares e a maior parte dos aminoácidos.
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OBS.: 1] quando a partícula que vai entrar ou sair da célula é “grande”, a membrana
celular pode “deformar-se” para realizar essa ação. Nesse caso, a entrada de
substâncias é denominada endocitose e a saída chama-se exocitose.
2] a água move-se para dentro e para fora da célula pelos poros existentes na
membrana. Esse processo recebe o nome de osmose (difusão da água).
Bioenergética:
O corpo humano tem a capacidade de extrair energia dos nutrientes ingeridos
na alimentação e transferi-la para as células realizarem suas atividades de
funcionamento normal.
Quando os alimentos são digeridos, ocorre a absorção de nutrientes, formados
pelas moléculas orgânicas (carboidratos, lipídios, proteínas e vitaminas) e inorgânicas
(água e sais minerais). Essas moléculas possuem energia que será utilizada para
formar um composto altamente energético denominado Adenosina trifosfato (ATP).
Para a formação do ATP são usados principalmente os Carboidratos e os
Lipídios. Já as Proteínas só irão ajudar na formação de ATP se houver um gasto
energético muito severo ou se não houver ingestão de Carboidratos e de Lipídios por
um longo período.
Quando o corpo humano precisa de energia para a realização do trabalho
celular, entra em ação a enzima ATPase, que separa o último fosfato (P) da molécula
de ATP, liberando então uma grande quantidade de energia. Com isso, a molécula de
ATP é reduzida a ADP (Adenosina difosfato).
Porém, o estoque de ATP existente nas células é limitado e pode se esgotar em
poucos segundos. Por isso, é necessário ressintetizar essa molécula para que a
atividade celular continue a acontecer.
A ressíntese de ATP é a junção de uma molécula de fosfato (P) a uma molécula
de ADP, formando novamente uma molécula de ATP. Esse processo pode acontecer de
maneira aeróbica ou anaeróbica, sendo que:
•
Processo aeróbico: utiliza oxigênio nas reações químicas de ressíntese de
ATP.
•
Processo anaeróbico: não utiliza oxigênio nas reações químicas de
ressíntese de ATP.
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ESTRUTURA E FUNCIONAMENO DAS CÉLULAS DO TECIDO NERVOSO
As diversas ações do organismo humano são coordenadas pelo sistema
nervoso, que é formado por células especializadas na recepção e transmissão de
estímulos. Estas células são os neurônios.
Estrutura dos neurônios:
Estima-se que o corpo humano possua cerca de 100 bilhões de neurônios e
essas células possuem estruturas como membrana, núcleo, mitocôndrias e um
citoplasma, que formam o corpo celular.
Porém, há também outras estruturas específicas desse tipo de célula, como os
dendritos (recebem estímulos) e o axônio que possui em sua região terminal
(extremidade) os botões sinápticos onde estão estocados os neurotransmissores.
O axônio é a estrutura responsável por transmitir o impulso nervoso para outro
neurônio, para um músculo ou para uma glândula.
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Classificação dos neurônios:
Os neurônios podem ser classificados de acordo com sua função, dividindo-se
em:
•
Neurônios motores (ou eferentes): esses neurônios originam-se na parte
anterior da medula espinhal e são responsáveis pela transmissão de
estímulos para os músculos e glândulas.
•
Neurônios sensoriais (ou aferentes): originam-se na parte posterior da
medula espinhal e são responsáveis por receber os estímulos originados do
ambiente externo, levando-os ao Sistema Nervoso Central (SNC).
Origem e propagação do impulso nervoso:
A membrana celular do axônio é capaz de transportar ativamente alguns íons
do meio extracelular para o meio intracelular e vice-versa. No caso da transmissão do
impulso nervoso pelo neurônio, os principais íons envolvidos são o sódio (Na+) e o
potássio (K+).
Quando o neurônio não está transmitindo um impulso elétrico, ou seja, está em
repouso, diz-se que há um potencial de membrana.
Nesse momento, a célula nervosa (também chamada de “fibra”) transporta
ativamente uma grande quantidade de sódio (Na+) para o meio extracelular. Como os
íons de sódio são positivos, a parte externa da membrana se torna altamente positiva.
Ao mesmo tempo, os íons de potássio (K+), que também são positivos, são
transportados para o meio extracelular, porém em uma quantidade muito menor que o
sódio.
Como no interior da fibra nervosa há grande quantidade proteínas com cargas
negativas, a parte interna da membrana fica negativa.
O mecanismo usado para transportar os íons para o meio interno e externo do
neurônio é chamado de “bomba de sódio-potássio”. Esse mecanismo mantém as
concentrações de íons de acordo com a necessidade da célula, criando um potencial de
membrana.
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Para isso, ocorre um transporte maior de sódio para o meio externo, do que
potássio para o meio interno.
Se houver estímulo, o neurônio que estava em repouso inicia um processo
chamado potencial de ação, que é a transmissão da informação ao longo desse
neurônio.
O potencial de ação ocorre em dois estágios:
1º - Despolarização: o estímulo torna a membrana do neurônio permeável ao
sódio, que então passa em grande quantidade para o interior da célula, levando uma
grande quantidade de cargas positivas. Nesse momento, as cargas negativas são
“expulsas” para o meio extracelular.
Essa mudança de lugar das cargas elétricas, ou seja, a despolarização, ocorre
nos dois sentidos do neurônio, chegando até as extremidades dessa célula.
Após alguns milésimos de segundo, a membrana volta a ficar impermeável ao
sódio e então inicia-se o segundo estágio do potencial de ação.
2º - Repolarização: imediatamente após a onda de despolarização, inicia-se
uma nova troca de lugar entre as cargas positivas e negativas, na tentativa de deixar a
fibra nervosa novamente em condições de receber um novo estímulo.
A repolarização inicia-se no mesmo ponto onde ocorreu o estímulo e o
transporte de sódio para o meio externo e de potássio para o meio interno acontece
por um mecanismo de transporte ativo, que é a “bomba de sódio-potássio”, a qual é
ativada quando a concentração de sódio no meio intracelular torna-se muito elevado.
Nesse processo, a quantidade de sódio que é transportada é maior que a
quantidade de potássio. Isso reequilibra as concentrações desses íons de forma
semelhante ao do potencial de membrana.
Observações:
•
Quando o impulso nervoso está trafegando pela célula nervosa, essa célula não
pode conduzir um segundo impulso até que sua membrana fique repolarizada.
O intervalo de tempo em que a fibra permanece nesse estado é chamado de
período refratário (ou período de latência) e dura de 1 a 5 milésimos de
segundo.
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ESQUEMATIZAÇÃO
Tipos de fibras nervosas:
Basicamente o corpo humano possui dois tipos de fibras nervosas: amielínicas e
mielínicas.
As fibras amielínicas são os neurônios “comuns”, que foram descritos
anteriormente e que realizam a transmissão do impulso nervoso com a realização dos
processos de despolarização e repolarização ao longo de toda a membrana do axônio.
As fibras mielínicas possuem seus axônios envolvidos por uma bainha de
mielina, que é formada por uma substância lipídica (gordura) e por isso torna-se um
isolante elétrico.
A bainha de mielina não envolve o axônio em toda a sua extensão, mas apenas
em alguns pontos, deixando pequenos espaços que são chamados de nódulos de
Ranvier.
Esse conjunto que forma as células mielínicas possibilita que a transmissão do
impulso nervoso ocorra de maneira mais rápida, devido ao processo da condução
saltatória.
Obs.: as fibras mielínicas conseguem ser mais vantajosas, pois a condução da
informação é mais rápida e há menor gasto energético para seu funcionamento.
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ESTRUTURA E FUNCIONAMENO DAS CÉLULAS DO TECIDO MUSCULAR
Praticamente todas as ações do corpo humano dependem do envolvimento dos
músculos para que sejam realizadas. Para isso, há três tipos de músculos no corpo
humano: liso, cardíaco e esquelético.
O músculo liso, que forma as paredes dos vasos sanguíneos e dos órgãos
internos, bem como o músculo cardíaco, são involuntários, pois não se encontram sob
controle consciente.
Desta forma, os únicos músculos que podemos controlar conscientemente
(voluntariamente) são os músculos esqueléticos, que recebem essa denominação por
se fixarem ao esqueleto humano, sendo responsáveis pelos movimentos.
Estrutura do músculo esquelético:
Os músculos esqueléticos têm uma organização complexa, que pode ser
descrita (de forma resumida) da seguinte forma:
Músculo esquelético: revestido por uma membrana chamada epimísio.
É formado por vários fascículos (ou feixes) musculares.
Fascículos: revestidos por uma membrana chamada perimísio.
São formados por várias células (ou fibras) musculares.
Fibras musculares: revestidas pelo endomísio (membrana celular).
São formadas por várias miofibrilas.
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Estrutura da fibra muscular:
As células (ou fibras) musculares são tão diferenciadas, que suas estruturas
recebem nomes específicos, tais como:
Citoplasma = sarcoplasma.
Retículo endoplasmático = retículo sarcoplasmático.
Existem também outras estruturas “exclusivas” desse tipo de célula, tais como:
Túbulos
transversos
(ou
túbulos
T):
servem
para
transportar
substâncias no interior da fibra muscular.
Miofibrilas:
são
estruturas
alongadas
compostas
por
filamentos
protéicos, que são a actina (filamento fino) e a miosina (filamento
espesso).
OBS.: nos filamentos de actina ainda há outras duas estruturas protéicas, que são a
troponina e a tropomiosina.
O processo de contração muscular:
A contração do músculo esquelético ocorre devido ao encurtamento do
sarcômero. Isso acontece porque as miofibrilas, formadas por actina e miosina,
deslizam umas sobre as outras.
Quando um neurônio motor conecta-se a uma fibra muscular, ocorre uma
junção neuromuscular denominada placa motora. Como não há contato entre a fibra
nervosa e a fibra muscular (fenda sináptica), quando o impulso nervoso chega ao final
do neurônio ocorre a liberação de acetilcolina, que atua como neurotransmissor.
A acetilcolina vai se conectar a receptores na fibra muscular, provocando uma
despolarização
dessa
fibra.
Quando
a
despolarização
passa
pelo
retículo
sarcoplasmático há uma liberação de grande quantidade de íons Cálcio (Ca++), que são
“despejados” no interior das miofibrilas.
Os íons de cálcio têm grande afinidade com as moléculas de troponina e, por
isso, sempre que há cálcio no interior das miofibrilas, ocorre uma junção desse íon com
as moléculas de troponina. Isso faz com que a tropomiosina seja removida de seu
lugar de origem, que fica sobre os sítios ativos da actina.
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No momento em que a tropomiosina é retirada de cima dos sítios ativos da
actina, a miosina conecta pequenas “hastes” nesses sítios, que puxam os filamentos de
actina em direção ao centro do sarcômero, fazendo um deslizamento das miofibrilas.
As conexões entre actina e miosina são chamadas de pontes cruzadas.
No momento em que há interrupção do impulso nervoso na junção
neuromuscular, um mecanismo chamado “bomba de cálcio” entra em ação para
separar o cálcio da troponina, devolvendo-a para o interior do retículo sarcoplasmático.
Isso faz com que a tropomiosina volte a ficar sobre os sítios ativos, impedindo que
ocorram as pontes cruzadas, provocando o relaxamento muscular.
OBS.: para que ocorra a contração muscular é necessário que haja “energia” (ATP)
disponível para a realização desse processo, principalmente para o deslizamento das
miofibrilas e para a ação da bomba de cálcio.
De forma resumida, está listada a seguir a sequência de eventos que
ocorrem para a realização da contração muscular:
Estímulo vindo pelo neurônio motor;
Liberação de acetilcolina na fenda sináptica;
Despolarização da fibra muscular;
O retículo sarcoplasmático libera cálcio para o interior das miofibrilas;
Os íons de cálcio se ligam a troponina;
Ocorre o deslocamento da tropomiosina de cima dos sítios ativos da actina;
A miosina conecta suas hastes nos sítios ativos da actina, formando as pontes
cruzadas;
Deslizamento das miofibrilas em direção ao centro do sarcômero (contração);
Fim do estímulo nervoso no neurônio motor.
Ação da bomba de cálcio;
O músculo volta a ficar relaxado.
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Tipos de fibras musculares:
Existem várias formas de classificar as fibras musculares esqueléticas. No
entanto, uma nomenclatura bastante utilizada faz uma diferenciação em:
Fibras de contração lenta (tipo 1).
Fibras de contração rápida (tipo 2).
Cada um desses tipos de fibras desempenha um papel importante durante a
realização de atividades físicas, sendo que as fibras de contração lenta (tipo 1) são
mais eficientes em exercícios “prolongados”, enquanto que as de contração rápida
(tipo 2) se saem melhor nos exercícios mais “curtos” e que exigem muita força.
Características:
Fibras de contração lenta (tipo 1):
Essas fibras contêm grande quantidade de mitocôndrias e uma boa rede de
capilares (veias e artérias), além de uma concentração elevada de mioglobina.
Toda essa estrutura faz com que as fibras do tipo 1 sejam mais resistentes a
fadiga, trabalhando de maneira aeróbica.
Fibras de contração rápida (tipo 2).
Os seres humanos apresentam dois tipos de fibras rápidas: tipo 2a e 2b.
As fibras do tipo 2b têm um número pequeno de mitocôndrias e são menos
resistentes a fadiga. Porém, essas fibras são capazes de gerar uma grande quantidade
de força por um período curto de tempo.
Já as fibras do tipo 2a são chamadas de “fibras intermediárias”, pois suas
características (força, velocidade de contração, número de mitocôndrias, capilares e
mioglobina) encontram-se entre as características das fibras do tipo 1 e do tipo 2b.
Quadro 1: distribuição dos diferentes tipos de fibras musculares esqueléticas no ser
humano.
CARACTERÍSTICAS
% de fibras do tipo 1
% de fibras do tipo 2
Corredores de longa distância
70 – 80
20 – 30
Corredores de curta distância
25 – 30
70 – 75
Não atletas
47 – 53
47 – 53
Fonte: adaptado de Powers e Howley (2000).
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