COMUNICADO DE IMPRENSA SURTO DE POLIO EM DARFUR LEVA PERITOS DE SAÚDE A ALERTAR PARA A POSSIBILIDADE DE UMA EPIDEMIA SEM PARALELO NOS ÚLTIMOS ANOS Epidemiologistas “alarmados” com o alastramento do vírus avisam que milhares de crianças podem ficar paralisadas na região da África Ocidental e Central Genebra/Nova Iorque, 22 de Junho de 04 – Epidemiologistas envolvidos na Iniciativa Global para a Erradicação da Polio lançaram hoje um alerta dizendo que os países da África Ocidental e Central estão à beira da maior epidemia de polio dos últimos anos. Este aviso surge na sequência da confirmação do caso de uma criança que ficou paralisada pela doença no passado dia 20 de Maio em Darfur, no Sudão, país onde há mais de três anos não havia registo de nenhum caso. O vírus está geneticamente relacionado com o poilovírus endémico no norte da Nigéria, que se espalhou através do Chade nos últimos meses. Os dados epidemiológicos mostram que a transmissão do poilovírus selvagem continua a avançar a um ritmo alarmante na região. Para além da re-infecção do Sudão, o número de crianças paralisadas na África Ocidental e Central é, até ao momento, cinco vezes superior ao do mesmo período no ano de 2003. Na Nigéria, 197 crianças ficaram paralisadas após a suspensão das campanhas de imunização contra a polio no final do ano passado. “Não há dúvida de que o vírus está a alastrar a um ritmo alarmante,” afirmou o especialista de doenças contagiosas Dr. David Heymann, Representante da OMS para a Erradicação da Polio. “O facto de a infecção estar de novo no Sudão é a prova de que é necessário apoiar uma campanha de imunização de larga escala em toda a África Ocidental e Central.” Heymann sublinhou que esta situação de re-infecção do Sudão é um sério revés que vem comprometer os progressos que a África tinha conseguido relativamente à erradicação da polio. “No início de 2003, a polio era endémica em apenas dois países da África sub-sariana. Porém, actualmente, quase 90% dos casos de polio a nível mundial estão concentrados no continente africano, havendo crianças paralisadas pela doença em dez países que anteriormente eram considerados livres da polio.” Os epidemiologistas temem que uma epidemia de grandes proporções durante o Outono (a estação mais propícia para a polio) venha a deixar milhares de crianças paralisadas para o resto da vida. As crianças são especialmente vulneráveis nos países da África Central e Ocidental, em torno da Nigéria, pois apenas menos de metade das crianças da região estão cobertas pela imunização de rotina contra as doenças infantis, nas quais se inclui a polio. Em reposta a esta ameaça, recomendam a realização articulada de campanhas de vacinação maciças nos 22 países da região, nos meses de Outubro e Novembro, destinadas a abranger 74 milhões de crianças. Estas campanhas podem evitar uma situação trágica em termos de saúde pública. Admitindo que o estado de Kano, no Norte da Nigéria, continua a ser o epicentro do surto, as autoridades federais e estaduais estão a procurar dissipar uma controvérsia local sobre a segurança da vacina da polio que esteve na origem da suspensão das campanhas naquela zona. Em Maio de 2004, as autoridades estaduais de Kano declararam à imprensa internacional que as acções de imunização no estado seriam retomadas brevemente. “Etas campanhas podem evitar uma grave crise de saúde pública”, afirmou também Carol Bellamy, Directora Executiva da UNICEF. “Mas, para que sejam eficazes, devem ter um apoio inequívoco a nível das comunidades. A primeira prioridade deve ser o aumento da participação comunitária em actividades relacionadas com a vacinação em toda a região. É necessário restabelecer a confiança de muitas famílias, na sequência dos rumores que têm circulado no Norte da Nigéria acerca da segurança da vacina da polio.” “São tantos os africanos que nos mais diversos cantos do continente arriscaram – e em certos casos perderam tragicamente - as suas vidas para conseguir que a polio chegasse próximo da erradicação,” afirmou Jonathan Majiyagbe, Presidente do Rotary International , também ele natural da Nigéria. “Toda a África deve agora trabalhar em conjunto para garantir que todas as crianças são imunizadas e protegidas para sempre desta terrível doença.” Com um investimento global de 3 mil milhões de dólares, desde 1988 quando teve início a campanha mundial para a erradicação da polio, dos quais mais de 600 milhões de US dólares assumidos pelo Rotary Internacional, a resposta a esta epidemia que se começa a desenhar, requer um montante adicional de 100 milhões de US dól. Mas, para que a primeira campanha possa arrancar no Outono, é necessário que um quarto desse montante, 25 milhões de US dól., seja disponibilizado até Agosto. Nota para os Editores A Iniciativa Global para a Erradicação da Polio é liderada pelas seguintes organizações: OMS, Rotary Internacional, Centros para o Controlo e Prevenção da Doença e pela UNICEF. Presentemente, o poliovírus é endémico em apenas seis países, contra os mais de 125 quando a iniciativa foi lançada em 1988. Estes seis países são: a Nigéria, a Índia, o Paquistão, o Níger, o Afeganistão e o Egipto. A coligação para a erradicação da polio inclui os governos dos países afectados pela doença; fundações do sector privado /ex: Fundação das Nações Unidas, Fundação Bill e Melinda Gates); bancos de desenvolvimento (ex. Banco Mundial); governos doadores (ex: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos da América, Federação Russa, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Japão, Luxemburgo, Nova Zelândia, Noruega, Portugal e Reino Unido); a Comissão Europeia; organizações humanitárias e não governamentais (ex. Cruz Vermelha Intenacional e Sociedades do Crescente Vermelho) e parceiros do sector privado(ex. Aventis Pasteur, De Beers, Wyeth). Os voluntários nos países em desenvolvimento desempenham também um papel essencial – 20 milhões participaram em campanhas de imunização em larga escala. Para mais informações, é favor contactar: Melissa Corkum, OMS/Genebra, tel: + 41 22 791 2765 [email protected] Vivian Fiore, Rotary Int’l/Chicago, tel: +1 847 866 3234 [email protected] Steve Stewart, CDC/Atalnta, tel: +1 404 639 8327 [email protected] Ikuko Yamaguchi, UNICEF/Genebra, +41 22 909 5727 [email protected] Madalena Grilo, Comit. Port. UNICEF, tel: 21 317 7500/11 [email protected]