UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CENTRO EDUCACIONAL SÃO CAMILO – SUL CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM CONDUTAS DE ENFERMAGEM AO PACIENTE CRÍTICO GISELE DE SOUZA CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO SEM CIRCULAÇAO EXTRACORPOREA: DO PÓS-OPERATÓRIO À ALTA HOSPITALAR CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2008 GISELE DE SOUZA CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO SEM CIRCULAÇAO EXTRACORPOREA: DO PÓS-OPERATÓRIO À ALTA HOSPITALAR Projeto de Pesquisa do Curso de Especialização em Conduta de Enfermagem no Paciente Crítico C.E. São Camilo - UNESC, apresentado ao CEP para parecer e aprovação. Orientadora: Profª. Ms. Maria Augusta da Fonte CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2008 2 As pessoas que formação acadêmica. participaram da minha 3 AGRADECIMENTO A Deus pela minha vida. A minha família por todo o incentivo Aos meus amigos por entenderem meu afastamento por causa do trabalho e dos estudos. Muito Obrigada!. 4 “A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes! Florence Nightingale. 5 RESUMO O presente trabalho trata sobre a Cirurgia de revascularização do miocárdio sem circulação extracorpórea para isto teve como objetivo geral analisar os cuidados de enfermagem ao paciente que realizou cirurgia com circulação extracorpórea. Técnica utilizada principalmente em cirurgia cardíaca, onde o processo de oxigenação e bombeamento do sangue é executado através de equipamento que capta o sangue venoso. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, para atingir o objetivo proposto. A cirurgia sem circulação extracorpórea associou-se uma redução do risco ajustado de mortalidade, de acidentes vasculares encefálicos, de insuficiência respiratória, reoperação por sangramento e insuficiência renal, além de associar-se com redução do tempo de permanência hospitalar pós-operatório. Palavras-chave: cirurgia cardíaca, resvacularização extracorpórea 6 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AP Ausculta Pumonar ATC Angioplastia Transcutânea ATIE – Artéria Torácica inter na esquerda AV – Átrio Ventricular AVE – Acidente Vascular Encefálico BPM – Batimentos Por Minuto CAT – Cineronariografia Transcutânea CEC – Circulação extracorpórea CIV – Comunicação Interventricular CRM – Revascularização do Miocárdio DAC – Doença Arterial CoronarianaDIH – Dia de Internação Hospitalar DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica FC – Freqüência Cardíaca FR – Freqüência Respiratória FV - Fibrilação Ventricular HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica HSJ – Hospital São José IAM – Infarto Agudo do Miocárdio IC – Insuficiência Cardíaca ICA – Insuficiência Cardíaca Aguda ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva LDL – Low – density – lipoprotein Mm//Hg – Milímetros de Mercúrio MS - Ministério de Saúde MV – Murmúrio Vesicular POI – Pós Operatório Imediato SRIS – Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica UTI - Unidade de Terapia Intensiva 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9 2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 12 2.1 Sistema Cardiovascular ................................................................................... 12 2.1.1 Coração .......................................................................................................... 12 2.1.2 Anatomia Cardíaca ........................................................................................ 12 2.1.3 Valvas Cardíacas ........................................................................................... 13 2.1.4 Artérias Coronárias ....................................................................................... 13 2.1.5 Músculo Cardíaco .......................................................................................... 14 2.1.6 Endocárdio ..................................................................................................... 14 2.1.7 Pericárdio ....................................................................................................... 14 2.2 Fisiologia Cardíaca ........................................................................................... 14 2.2.1 Sistema de Condução do Coração............................................................... 15 2.3 Alguns Distúrbios Cardíacos........................................................................... 16 2.3.1 Endocardites .................................................................................................. 16 2.3.2 Sopro no Coração.......................................................................................... 16 2.2.3 Arteriosclerose ou Arterioesclerose ............................................................ 17 2.2.4 Lesões Valvulares do Coração ..................................................................... 17 2.2.5 Hipertensão .................................................................................................... 19 2.2.6 Insuficiência Cardíaca ................................................................................... 20 2.2.7 Infarto do Miocárdio ...................................................................................... 20 2.2.8 Arritmia ........................................................................................................... 20 2.3 Revascularização do Miocárdio (RM) ............................................................. 21 2.3.1 Conceito ......................................................................................................... 21 2.3.2 Benefícios ...................................................................................................... 22 2.3.3 Indicações Cirúrgicas ................................................................................... 23 2.3.4 Avaliação Pré-Operatória .............................................................................. 24 2.3.5 Complicações Pós-Operatória de RM .......................................................... 25 3. METODOLOGIA................................................................................................... 27 3.1 Abordagem Metodológica ................................................................................ 27 3.2 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 27 3.3 Período de Investigação .................................................................................. 28 8 3.4 Local de Estudo ................................................................................................ 28 3.6 Análise dos Dados............................................................................................ 28 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 29 ANEXO ..................................................................................................................... 34 ANEXO A – História da Circulação Extracorpórea no Brasil .............................. 36 9 1 INTRODUÇÃO As doenças cardiovasculares associadas à hipertensão arterial sistêmica, diabetes, obesidade, estresse, sedentarismo, tabagismo e hereditariedade faz com quem haja uma maior incidência de doenças coronariana que conseqüentemente encaminham-se para a cirurgia de revascularização do miocárdio – CRM. Para cada paciente submetido à Cirurgia de Revascularização a equipe estuda o caso e de antemão analisar a necessidade de circulação extracorpórea CEC ou não, embora a decisão final se dê no trans-operatório. s doenças coronarianas tratadas com medicamentos nem sempre responde as expectativas esperadas, em muitos casos o estudo, não é apenas por teste de esforço, ecodopler, eletrocardiograma, necessita de cinecoronariografia transcutânea - CAT e poderá encaminhar para angioplastia – ATC com stent e a cirurgia de resvacularização do miocárdio, quando estes não são suficientes. Desta forma a CRM é um tratamento cirúrgico que visa prolonga a vida do paciente, porém não descarta a probabilidade de complicações severas e graves. A CEC poderá ser decidida durante o ato cirúrgico bem como antecipada relacionada ao número de bypass (ponte) que será acometido o paciente. Porém pacientes que não são submetidos à CEC apresentam um pósoperatório menos agressivo e mais rápido, considerando-se o sangramento apresentado no pós-operatório e outras complicações como isquemias transitórias, hipotermia, infecção entre outras. A assistência de enfermagem é fundamental ao paciente de UTI e com maior ênfase ao submetido a CRM com ou sem CEC, até a alta hospitalar. Ficando evidente que paciente sem o CEC terá o pós-operatório com menor probabilidade de complicações com maior incidência de alta precoce, mantendo os mesmos cuidados para a alta hospitalar e leva-se em consideração a força de vontade de cada paciente individualmente na sua totalidade. O profissional enfermeiro atento ao pós-operatório observa a diferença que procede entre o paciente submetido à CEC e o não submetido. A eficácia do pós-operatório varia conforme a história pregressa, hábitos diversos e ao próprio processo cirúrgico. 10 Conforme relata Buffolo Gomes, Andrade et al (1994), as graves alterações, principalmente em nível celular, decorrentes da passagem do sangue por superfícies não endotelizadas no circuito de CEC, levam à formação de uma resposta inflamatória inespecífica, A técnica tem a vantagem de eliminar a CEC, evitando todos os seus efeitos adversos, sendo especialmente recomendada no caso de pacientes portadores de outras doenças orgânicas, tais como insuficiência renal crônica, doenças pulmonares, acidente vascular cerebral (AVC) prévio, cirurgia de RM na fase aguda do infarto, idade superior a 70 anos, reoperações, ou seja, pacientes considerados de alto risco. Objetivo geral: Ø Analisar os cuidados de enfermagem ao paciente que realizou cirurgia com circulação extracorpórea. Objetivo específico: Ø Identificar através de bibliografia os cuidados de enfermagem ao paciente que realizou cirurgia de revascularização do miocárdio sem circulação extracorpórea Ø Descrever como se procede aos cuidados aos pacientes que passaram pela cirurgia de circulação extra corpórea Ø Verificar as alternativas de assistência de enfermagem aos pacientes . Ø Verificar o perfil através de bibbliografia do paciente submetido à Cirurgia de Revascularização sem Circulação Extracorpórea; Perante a quantidade de pacientes submetidos à Cirurgia de Revascularização instiga a curiosidade em que determinados casos é necessário entrar em circulação extracorpórea. O paciente que não é submetido à Circulação Extracorpórea; apresenta o pós-operatório com evolução positiva e alta precoce, enquanto o com Circulação Extracorpórea, as chances de apresentar complicações em pós-operatório é mais comum e freqüente, embora o sem Circulação Extracorpórea não se exime das complicações gerais. À Cirurgia de Revascularização sem Circulação Extracorpórea; diminui as probabilidades de desenvolver processo inflamatório. Acidente Vascular Encefálico AVE transitórios e a diminuição no tempo de dia de internação hospitalar - DIH e conseqüentemente abre vaga para novos processos operatórios, embora a determinação da CEC se dá no ato cirúrgico. 11 12 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Sistema Cardiovascular 2.1.1 Coração O coração é um músculo oco que se contrai ritmicamente, localizado no centro de tórax, posterior ao osso esterno, ocupa o espaço entre os pulmões e repousa sobre o diafragma, pesando em média trezentos gramas, com a ápice discretamente voltada à esquerda. A função do coração é bombear o sangue para os tecidos, suprindo-os com o oxigênio e outros nutrientes, ao mesmo tempo remove o dióxido de carbono e outros metabólicos. Dentro do coração existem duas bombas localizadas à direita e à esquerda. Brunner e Suddarth, 1999, p. 510. Nos relata: O débito cardíaco direito é distribuído inteiramente nos pulmões, através da artéria pulmonar e o débito do lado esquerdo é distribuído para o restante do corpo através da aorta. Essas duas bombas ejetam o sangue ao mesmo tempo e aproximadamente na mesma velocidade de débito. O coração contrai e relaxa ritmicamente por ação bombeadora na parece muscular. A contratação muscular sístole torna-se menor à medida que o sangue é ejetado e o relaxamento da parede do coração a diástole enchem-se de sangue na cavidade em preparação para ejeção subseqüente. Segundo Milani (2007), o coração adulto desta forma bate cerca de 60 a 80 vezes por minutos, ejeta aproximadamente 70 mil de sangue de cada um dos ventrículos a cada batimento com um débito total de aproximadamente 5l/min. 2.1.2 Anatomia Cardíaca O coração encontra-se dividido em coração direito ou cavidade direita e esquerda, sendo esta a parede ventricular. Na parede horizontal são as válvulas atrioventriculares, que formam uma espécie de parede de separação entre as duas câmaras superiores ou átrios e as duas inferiores, ou ventriculares. 13 Cavidade direita: Contem sangue não oxigenado, que entra no átrio direito através das vias cavas superior e inferior, avançado até os pulmões pela artéria pulmonar, originária do ventrículo direito. Cavidade esquerda: recebem o sangue oxigenado dos pulmões através das veias pulmonares, que entram no átrio esquerdo e enviam o sangue para o organismo através da artéria aorta. (Andrade, 2002, p. 295). 2.1.3 Valvas Cardíacas Elas permitem que o sangue flua somente numa direção através do coração, fechando e abrindo passivamente em resposta as mudanças de pressão e movimento do sangue. Existem dois tipos de valvas: atrioventriculares e semilunares. Valvas atrioventriculares são denominadas de mitral ou bicúspide e tricúspide. Afirma Andrade 2002, p. 296. A válvula mitral faz a comunicação do átrio esquerdo com o ventrículo esquerdo. A válvula tricúspide comunica com o átrio direito com o ventrículo direito. Estas estão formadas por anel fibroso, válvulas e aparelho subvalvular. Válvulas Similares são denominadas de áortica e pulmonar. A válvula áortica comunica o ventrículo esquerdo com a artéria pulmonar, tendo as duas anatômica comum. Na válvula áortica encontram-se os átrios coronários, orifícios onde nascem as artérias coronárias que irrigam o miocárdio. 2.1.4 Artérias Coronárias São vasos que suprem sangue ao músculo cardíaco e necessita de grande quantidade de oxigênio e nutrientes. O coração utiliza aproximadamente 70 a 80% de oxigênio que chega através das artérias coronárias. Segundo Brunner e Suddarth (1999), a parede lateral esquerda do coração é alimentada pela artéria coronária esquerda principal, sendo que esta se divide em vários ramos importantes que percorre um trajeto para baixo artéria descendente anterior esquerda e transversal artéria circunflexa na lateral esquerda do miocárdio. 14 A parede lateral direita é suprida de modo semelhante pela artéria coronária direita ao contrário das outras artérias, as artérias coronárias são perfundidas durante a sístole. 2.1.5 Músculo Cardíaco O tecido muscular se assemelha ao músculo esteriado (esquelético), que se encontra sob controle consciente. Funcionalmente o músculo cardíaco se assemelha ao músculo liso, pois é involuntário. As fibras musculares cardíacas estão dispostas de maneira entrecruzada, sendo assim se contraem e relaxam de modo coordenado. 2.1.6 Endocárdio Deveste o coração internamente túnica que estende revestindo as veias e artérias que partem do coração e encontra-se as pregas características que são as válvulas cardíacas. 2.1.7 Pericárdio Túnica serosa que recobre externamente o miocárdio, dividindo-se em pericárdio e pericárdio visceral. Segundo Andrade (2002), a cavidade pericárdica são duas camadas existentes na cavidade ao qual, em condições fisiológicas, é contém o líquido em certa quantidade, sendo este que suaviza os movimentos do coração. 2.2 Fisiologia Cardíaca A atividade elétrica cardíaca é resultado da movimentação de íons partículas carregadas de sódio, cálcio e potássio através da membrana celular. No 15 estado de repouso as células, o músculo cardíaco esta polarizado, que significa que existe diferença elétrica entre o lado interno da membrana celular carregado negativamente e lado externo carregado positivamente. “O ciclo cardíaco tem início quando o impulso elétrico é liberado, começando a despolarização.” (BRUNNER E SUDDARTH, 1999, p. 512). À Medida que as células retornam às suas condições basais, ou seja, torna-se mais negativa e corresponde ao relaxamento do músculo cardíaco ocorre a repolarização. 2.2.1 Sistema de Condução do Coração As células do músculo cardíaco têm ação ritmicamente. É necessário que os átrios e ventrículos se contraiam seqüencialmente para fornecer um reflexo sangüíneo eficaz. Brunner e Suddart (1999), o módulo sinoatrial – SA, localizando n função entre a veia ca a superior e o átrio direito, é o começo do sistema de condução e normalmente funciona como o marcapasso do miocárdio. O módulo - SA, pode alterar a sua freqüência em resposta às necessidades do corpo, sendo que ele deflagra aproximadamente 60 a 100 impulsos por minutos no coração normal em repouso. “ “O sinal elétrico deflagrado pelo nódulo AS é conduzido através das células miocárdicas do átrio até o nódulo atrioventricular – AV (BRUNNER E SUDDART 1999, p, 511). Conforme Brunner e Suddart (1999), o nódulo AV coordena impulsos elétricos que estão chegando dos átrios e, depois de breve pausa, libera-os para os ventrículos, após esse é impulso é conduzido através do feixe de células muscular especializado (feixe de His) e percorre o septo que separa os dois ventrículos. O feixe de His dividi-se em dois ramos direito e esquerdo, que terminam em fibras de Purkinge. Segundo Andrade (2002), controle simpático (localiza-se nos cornos laterais dos cinco segmentos torácicos superior da medula, indo para o coração como nervos simpáticos superior, médio e inferior, que suprem o nó sinoatrial, nó atrioventricular e os músculos atriais e ventriculares, o mediador químico é a 16 noradrenalina. O controle simpático aumenta a freqüência cardíaca e aumenta a força de contração do coração). 2.3 Alguns Distúrbios Cardíacos 2.3.1 Endocardites De acordo com Eye (2006) a Endocardite é o nome dado às afecções, infecciosas ou não, do endocárdio. O coração é formado pelo o pericárdio (camada externa); o miocárdio (camada medial) e o endocárdio (camada interna, da qual fazem parte as válvulas cardíacas). A maioria das endocardites tem uma origem infecciosa. A endocardite se localiza preferencialmente nas válvulas do coração, mas pode ser encontrada em qualquer parte do endocárdio, podendo ser classificada em aguda. Costuma provocar infecções à distância, como no cérebro, rins, pulmões, fígado, olhos); a subaguda tem a evolução mais lenta, persistindo por até meses. As pessoas portadoras de lesões valvulares do coração, congênitas ou adquiridas, são as mais propensas a apresentarem a doença. Contudo, a endocardite também ocorre em pessoas que não tenham lesões cardíacas. As endocardites surgem principalmente depois de procedimentos invasivos, em que há a invasão do organismo, como cirurgias, extrações dentárias, colocação de sondas, manipulação de abscessos. 2.3.2 Sopro no Coração É uma alteração no fluxo do sangue dentro do coração provocada por problemas em uma ou mais válvulas cardíacas ou por lesões nas paredes das câmaras. Na maioria das vezes, não existem seqüelas. No entanto, quando o sopro é muito forte, decorrente de lesões nas paredes das câmaras, ele certamente precisará ser tratado, pois um volume considerável de sangue sem oxigênio irá se misturar com o sangue que já foi oxigenado. 17 Conforme Andrade (2002), os sopros são caracterizados por ruídos anormais, percebidos quando o médico ausculta o peito e ouve um som semelhante ao de um fole. O problema pode ser diagnosticado de maneira mais precisa pelo exame de ecocardiograma, que mostra o fluxo sangüíneo dentro do coração. 2.2.3 Arteriosclerose ou Arterioesclerose Doença devida ao aparecimento, nas paredes das artérias, de depósitos contendo principalmente LDL colesterol (“mau colesterol”), mas também pequenas quantidades de fosfolipídios e gorduras neutras (placas de ateroma). Trabalhos recentes indicam que o LDL se acumula no interior das paredes dos vasos, onde seus componentes se oxidam e sofrem outras alterações. Os componentes alterados dão origem a uma resposta inflamatória que altera progressiva e perigosamente os vasos. A aterosclerose é caracterizada pelo acúmulo de placas de ateroma formadas pelo acúmulo de lípides na camada íntima das artérias. Na constituição do ateroma há reação fibroblástica decorrente de estímulo representado pela presença de lípides, muitas vezes atingindo camadas profundas dos vasos, com fibrose e diminuição da sua elasticidade. Em estágios avançados, ocorrem modificações diversas, como calcificação, hemorragia, necrose, ulceração, rotura e embolização (SMELTZER; BARE, 2002). Gradualmente desenvolve-se fibrose dos tecidos situados ao redor ou no interior dos depósitos gordurosos e, freqüentemente, a combinação do cálcio dos líquidos orgânicos com gordura forma compostos sólidos de cálcio que, eventualmente, se desenvolve em placas duras, semelhantes aos ossos. Segundo Vilela (2007), no estágio inicial da aterosclerose aparecem apenas depósitos gordurosos nas paredes dos vasos, mas nos estágios terminais os vasos podem tornar-se extremamente fibróticos e contraídos, ou mesmo de consistência óssea dura, caracterizando uma condição chamada arteriosclerose ou endurecimento das artérias. 2.2.4 Lesões Valvulares do Coração 18 Segundo Eye (2006) as principais lesões valvulares do coração são: Estenose: Diz-se quando o orifício de uma válvula cardíaca apresenta um diâmetro menor do que o normal, dificultando a passagem do sangue. Ø Estenose aórtica: Entre as causas estão à febre reumática, calcificações em válvulas bicúspides congênitas, ou depósitos de cálcio em válvulas de idosos e previamente normais. O tratamento pode ser cirúrgico, uma troca de válvula tem uma mortalidade de 2 a 5% e chega a ficar acima de 10% para pessoas com mais de 75 anos. Ø Estenose mitral: Cerca de 80% dos pacientes com Estenose Mitral apresentam fibrilação auricular. A doença pode evoluir durante muitos anos sem provocar sintomas. O tratamento é predominantemente feito pelo uso de balão percutâneo ou comissurotomia a céu aberto ou então troca da válvula mitral, porque, na maioria dos casos, existe estenose mitral associada); Ø Estenose tricúspide: Essa lesão é predominantemente de origem reumática. O tratamento é cirúrgico com visão direta, ou com troca de válvula ou por valvuloplastia com balão.; Ø Estenose pulmonar: É uma lesão predominantemente congênita. A dilatação por balão é atualmente o tratamento mais empregado. 2. Insuficiência: É quando as válvulas do coração não vedam o orifício valvular, permitindo o refluxo do sangue. Ø Insuficiência tricúspide: Pode ocorrer por lesão congênita, endocardite bacteriana e atualmente é freqüente em toxicômanos que usam drogas injetáveis. É comum em pessoas com insuficiência cardíaca direita e ainda como complicação de infarto do miocárdio. A insuficiência tricúspide pode ainda ocorrer com complicação de doença carcinóide, lúpus eritematoso e degeneração mixomatosa da válvula, ou por dilatação severa do ventrículo direito. Algumas desses insuficiências tricúspides podem regredir com a correção da doença básica. Ø Insuficiência aórtica: As causas não reumáticas persistem e entre elas estão às válvulas aórticas, bicúspides congênitas, a endocardite bacteriana e a hipertensão arterial. As manifestações clínicas são discretas no início, o paciente passa longos anos sem nada sentir. É nessa época que a cirurgia de troca de válvulas está mais indicada. Quando os sintomas de descompensação cardíaca 19 ou de insuficiência de perfusão coronariana aparecem, a cirurgia já é de pior prognóstico, chegando à mortalidade a 5%. Ø Insuficiência pulmonar: A causa mais freqüente da Insuficiência Pulmonar é a dilatação do anel valvular causada pela hipertensão pulmonar ou pela dilatação da artéria pulmonar idiopática ou provocada por doenças do tecido conectivo, outra causa é a endocardite infecciosa. O tratamento geralmente é conservador, feito com cardiotônicos e correção das doenças subjacentes. Ø Insuficiência mitral: Insuficiência mitral geralmente é causada por febre reumática, endocardite bacteriana, degeneração mixomatosa, disfunção da válvula provocada por doença ou ruptura da cordoalha tendinosa causadas por infarto do miocárdio e ainda por tumores do coração (mixoma). Um grande número de pacientes deve ser operado quando as manifestações clínicas limitam as suas atividades. As cirurgias variam desde operações de urgência, reparos nas válvulas ou cordoalha subvalvular até a troca total da válvula por uma prostética. 3. Dupla lesão: É quando uma válvula está com insuficiência além de estenose, podendo predominar uma ou outra. Ø Dupla lesão aórtica; Diz-se que há dupla lesão aórtica quando as duas lesões acima descritas atingem a válvula aórtica. Ø Dupla lesão mitral; A mitral é, das lesões duplas de válvula, a mais freqüentemente encontrada. Ø Dupla lesão tricúspide; O termo é aplicado quando se encontram numa mesma válvula estenose e insuficiência. Ø Dupla lesão pulmonar. A mesma coisa, estenose e insuficiência atingindo a válvula pulmonar. 2.2.5 Hipertensão De acordo com dados obtidos no Ministério da Saúde (2004) a hipertensão arterial ou pressão alta, é uma doença que ataca os vasos sangüíneos, coração, cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins. Ocorre quando a medida da pressão se mantém freqüentemente acima de 140 por 90 mmHg. Essa 20 doença é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles: 2.2.6 Insuficiência Cardíaca Eyer (2006) delinear a Insuficiência Cardíaca (IC) não como uma doença do coração por si só. É uma incapacidade de o coração efetuar as suas funções de forma adequada como conseqüência de outras enfermidades, do próprio coração ou de outros órgãos. Sendo uma condição crônica, gera a possibilidade de adaptações do coração o que pode permitir uma vida prolongada, às vezes com alguma limitação aos seus portadores, se tratada corretamente. Há a necessidade de tratar, se possível, a doença subjacente que desencadeou a Insuficiência Cardíaca Congestiva. 2.2.7 Infarto do Miocárdio Segundo Andrade (2002), é a falência de uma área do músculo cardíaco, onde as células não receberam sangue com oxigênio e nutrientes. A suspensão do fluxo de sangue para o coração pode acontecer de diversas formas. A gordura vai se acumulando nas paredes das coronárias com o tempo, formam-se placas, impedindo que o sangue flua livremente. Dessa forma, as células no trecho que deixou de ser banhado pela circulação acabam morrendo. A interrupção da passagem do sangue nas artérias coronárias também pode ocorrer devido contração de uma artéria parcialmente obstruída ou à formação de coágulos (trombose). Conforme Vilela (2007), o principal sinal é a dor muito forte no peito, que pode se irradiar pelo braço esquerdo e pela região do estômago. O tratamento se dá através de atendimento especializado e imediato, pois a área onde houve a falência do músculo tem um rápido crescimento e o coração poderá não se recuperar 2.2.8 Arritmia 21 Afirma Downie (1987) que toda vez que o coração sai do ritmo certo, dizse que há uma arritmia. Ela ocorre tanto em indivíduos saudáveis quanto em doentes. Várias doenças podem dispará-la, assim como fatores emocionais — o estresse, por exemplo, é capaz de alterar o ritmo cardíaco. Os batimentos perdem o compasso de diversas maneiras. A bradicardia ocorre quando o coração passa a bater menos de 60 vezes por minuto — então, pode ficar lento a ponto de parar. Já na taquicardia chegam a acontecer mais de 100 batimentos nesse mesmo período. A agitação costuma fazê-lo tremer, paralisado, em vez de contrair e relaxar normalmente. Às vezes surgem novos focos nervosos no músculo cardíaco, cada um dando uma ordem para ele bater de um jeito. No caso, também pode surgir a parada cardíaca. 2.3 Revascularização do Miocárdio (RM) 2.3.1 Conceito A revascularização cirúrgica do miocárdio se consagrou nos últimos 30 anos como um procedimento seguro e bem estabelecido para o tratamento da insuficiência coronariana, proporcionando a remissão dos sintomas e contribuindo para o prolongamento e melhora da qualidade de vida de pacientes portadores de doença coronária. Gomes (2004) postula que a cirurgia de revascularização do miocárdio se constitui no tratamento padrão da doença coronária isquêmica em vários subgrupos de indivíduos. A possibilidade de abordagem de todas as artérias coronárias comprometidas e a manutenção dos resultados a médio e longo prazo torna essa cirurgia atrativa como método de escolha quando comparada com outras terapêuticas. Apesar dos baixos índices de mortalidade hospitalar, a morbidade pósoperatória ainda permanece considerável, especialmente para aqueles pacientes com doenças associadas tais como: renais crônicos, portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica - DPOC, presença de acidente vascular cerebral prévio, distúrbios de coagulação, doenças metabólicas e endócrinas ou, ainda, pacientes com faixa etária elevada. 22 Conforme Brasil (1998), esta morbidade é causada principalmente pelos efeitos sistêmicos adversos decorrentes do uso da circulação extracorpórea - CEC. Atualmente, existe uma tendência a minimizar a agressão ao paciente, simplificando o ato cirúrgico através de técnicas menos invasivas, com a finalidade de acelerar a recuperação dos pacientes, diminuir o tempo de hospitalização, os custos e a morbimortalidade. Importante passo nesse sentido foi dado pela introdução das técnicas de revascularização do miocárdio sem o uso da circulação extracorpórea. 2.3.2 Benefícios Sabe-se que as graves alterações, principalmente em nível celular, decorrentes da passagem do sangue por superfícies não endotelizadas no circuito de CEC, levam à formação de uma resposta inflamatória inespecífica, Conforme Buffolo, Gomes, Andrade et al. (1994) a técnica tem a vantagem de eliminar a CEC, evitando todos os seus efeitos adversos, sendo especialmente recomendada no caso de pacientes portadores de outras doenças orgânicas, tais como insuficiência renal crônica, doenças pulmonares, acidente vascular cerebral (AVC) prévio, cirurgia de RM na fase aguda do infarto, idade superior a 70 anos, reoperações, ou seja, pacientes considerados de alto risco. Conforme Brunner e Suddarth (1999) a circulação extracorpórea é indispensável na maioria das operações cardíacas, porém, ainda é um procedimento que não está isento de complicações. Pacientes que são submetidos à operação cardíaca com uso de CEC podem desenvolver uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SRIS) de graus variáveis, produzindo lesões orgânicas que levam ao aumento da morbidade pós-operatória. Como fatores causais desta reação inflamatória, também denominada de síndrome pós-perfusão, Ocorre ativação de elementos do sangue provocando uma resposta humoral e celular, com liberação de mediadores responsáveis pelo aparecimento de febre não infecciosa, leucocitose, aumento da permeabilidade capilar, acúmulo de líquido intersticial, alterações da coagulação e disfunção de órgãos, principalmente em território cardíaco e pulmonar. Dentre as vantagens da técnica de revascularizar os miocárdios sem CEC constatadas com nossos resultados podem citar a simplicidade aliados a menor 23 agressividade do ato operatório assemelhando-se ao risco de uma simples toracotomia, o menor tempo cirúrgico, menor usa de sangue e derivados, menores morbimortalidade, recuperação mais rápida dos pacientes, menor custo pela não utilização do circuito extracorpóreo e tempo mais curto de internação hospitalar. 2.3.3 Indicações Cirúrgicas Relata Pires (2002), algumas indicações cirúrgicas: Pacientes muito sintomáticos que apresentem intolerância aos medicamentos usados no tratamento. Alívio de quadro anginoso não controlado por terapêutica medicamentosa máxima, especialmente quando há comprometimento da qualidade de vida do paciente. Pacientes que apresentem lesões importantes que não sejam passíveis de tratamento com angioplastia e/ou com a colocação de stent No infarto agudo do miocárdio, para revascularização precoce e limitar o tamanho do infarto; na angina persistente pós-infarto, para tratar outras lesões que não sejam as causadoras do infarto; no tratamento das complicações do infarto (ex: CIV, insuficiência mitral aguda, ruptura da parede ventricular) e no choque cardiogênico Conforme Pires (2002), na angina instável e no infarto sem Q, após terapêutica médica máxima, especialmente em a esquerda, portadores de valvopatias associadas, portadores de lesões vasculares associadas, pacientes em fase aguda do infarto do miocárdio, pacientes com complicações pós-infarto como comunicação inter-ventricular e insuficiência mitral aguda, pacientes com disfunção grave do ventrículo esquerdo Segundo Pires (2002), a cirurgia de revascularização miocárdica isolada pode ser realizada sem maior grau de risco em pacientes portadores de sopro cervical assintomático, obstrução carotídea leve ou moderada, e em casos de angina instável em pacientes com acidente vascular cerebral prévio (apesar de que nesta última situação o risco de lesão cerebral pós-operatória pode estar aumentado). Quando possível, a cirurgia carotídea deverá preceder a revascularização miocárdica. Indicações cirúrgicas em lesões isoladas. Em situações de lesão isolada de artéria coronária direita ou da artéria circunflexa, a avaliação de cada caso deve 24 ser feita em separado; em situações nas quais a artéria seja de grande importância, irrigando área extensa do miocárdio, e com lesões que não sejam passíveis de tratamento em laboratório de hemodinâmica, poderá estar indicada a cirurgia de revascularização miocárdica. 2.3.4 Avaliação Pré-Operatória Os objetivos do tratamento cirúrgico da insuficiência coronariana são aliviar sintomas, proteger o miocárdio isquêmico, melhorar a função ventricular, prevenir o infarto do miocárdio, recuperar o paciente físico, psíquica e socialmente, prolongar a vida e a sua qualidade. A avaliação pré-operatória é importante e tem como finalidade minimizar os riscos cirúrgicos e, também, prevenir as complicações pós-operatórias. A decisão de postergar a cirurgia com objetivo de tratar uma comorbidade é uma decisão difícil e que deve ser bem avaliada. A decisão deve focar ambas as condições, a indicação primária (cardíaca) e a co-morbidade. História Clínica a) Determinação dos fatores de risco: história de fumo, história familiar de doença arterial coronariana, diabetes, obesidade mórbida, dislipidemia, insuficiência renal, hipertensão arterial sistêmica, hiper tensão pulmonar, história de acidente vascular cerebral, doença obstrutiva pulmonar, doença vascular periférica, doença vascular cerebral, características demográficas idade e sexo; b) Intervenção cardiovascular prévia: endoarterectomia de carótida, outra cirurgia vascular e proce dimentos não cirúrgicos- angioplastia, aterectomia, laser, stent, trombólise e valvoplastia com balão; c) História: in suficiência cardíaca congestiva, infarto do miocárdio, ressuscitação cardíaca, tipo de angina, choque cardiogênico, arritmiasventriculares, bloqueio AV, fibrilação atrial, agu da ou crônica; d) Avaliação da dor torácica e de “equivalentes isquêmicos”, como dispnéia ao esforço físico, ou dor no braço com esforço físico; e) Critérios da Canadian Cardio vascular Society (CCS)10: Ø Classe 0: sem angina; 25 Ø Classe I: angina aos grandes esforços; Ø Classe II: leve limitação às atividades de rotina; Ø Classe III: limitação importante das atividades físicas; Ø Classe IV: sem condições de realizar qualquer atividade física, angina em repouso. Exame físico a) Pressão arterial: medição nos dois braços. Quando apresentam diferença de pressão entre o direito e o esquerdo, com este menor que aquele, < 15 a 20mm/hg, deve se dar atenção para o paciente cirúrgico no momento do em prego do enxerto de ATIE, pois esta alteração pode causar, no pósoperatório, a chamada “síndrome do roubo”. Portanto, é importante, nesta avaliação, afastar estenose de artéria sub clávia esquerda ou pensar na presença de aneurisma desse cante de aorta; b) Palpação dos pulsos periféricos e carotídeos: importante para se programar cirurgia combinada ou tratar a lesão arterial em questão antes da revascularização miocárdica; c) ausculta cardíaca: deve-se também avaliar de maneira atenta a ausculta do precórdio, para confirmar ou não a presença de doença valvar concomitante. 2.3.5 Complicações Pós-Operatória de RM Segundo Bojar (1996), o sangramento e as complicações relacionadas à hemotransfusão continuam sendo um dos maiores fatores de morbidade e mortalidade em cirurgia cardíaca. O conhecimento dos fatores de risco desta complicação é fundamental para a adoção de medidas terapêuticas e preventivas. O risco de sangramento tem um aumento diretamente proporcional nos casos de idade mais avançada e também se faz presente nos casos de reoperação de enxertos de artéria torácica interna bilaterais e quando há administração de heparina, aspirina e drogas trombolíticas no período préConforme Bojar (1996) as complicações trombóticas nas cirurgias de revascularização miocárdica, que se apresentam como as principais causas de mortalidade nessa população. Dentre elas, destaca-se o infarto do miocárdio (IAM) em razão de sua elevada incidência, que varia de 5% a 15%, conforme dados da 26 literatura. As conseqüências do IAM perioperatório podem transitar desde pequenas elevações enzimáticas sem relevância clínica até quadros de baixo débito cardíaco ou taquiarritmias malignas, seguidos de óbito ou com redução de sobrevida em longo prazo, o que explica os esforços realizados na tentativa de evitar tal complicação. 27 3. METODOLOGIA 3.1 Abordagem Metodológica O estudo deu-se na forma de pesquisa de revisão bibliográfica. A documentação bibliográfica deve ser realizada paulatinamente, à medida que o estudante toma contato com os livros ou com informes sobre os mesmos. Assim, todo livro que cair em suas mãos será imediatamente fichado. Igualmente, todos os informes sobre algum livro pertinente à sua área possibilitam a abertura de uma ficha. (SEVERINO, 2002, p. 39). Metodologia é a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade, por meio do estudo dos métodos, técnicas e procedimentos capazes de possibilitar o alcance dos objetivos (LEOPARDI, 2002, p. 163). Segundo Pádua (2000), a palavra metodologia significa (methodos = organização e lógos = estudo sistemático, pesquisa, investigação), ou seja, é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou estudo ou para fazer ciência. 3.2 Tipo de Pesquisa A Revisão bibliográfica consiste em uma análise crítica meticulosa e ampla das publicações correntes em uma determinada área do conhecimento. De um modo geral, a Revisão bibliográfica é realizada como parte inicial de um estudo científico, seja no nível da graduação ou pós-graduação, sendo parte fundamental em uma dissertação de mestrado ou numa tese de doutorado. Quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. 28 3.3 Período de Investigação O estudo foi desenvolvido entre os meses de abril a julho de 2008, através de leitura e fichamento de textos. 3.4 Local de Estudo A pesquisa foi realizada através de análises de textos e bibliografias, referente ao tema: Cuidados de Enfermagem Paliativos ao Paciente com Doença em Estágio Terminal. 3.5 Procedimentos para o Levantamento de Dados Para melhor elucidar o desenvolvimento da pesquisa, foi realizado um levantamento descritivo para auxiliar na discussão do assunto. Para SANTOS (2000. p. 26), a pesquisa descritiva é: Um levantamento das características ou componentes do fato, fenômeno ou problema. É feita na forma de levantamentos ou observações sistemáticas. Portanto, o estudo descritivo pretende descrever com exatidão os fatos ou fenômenos de determinada realidade e exige do pesquisador uma série de informações sobre o que deseja estudar, uma precisa delimitação de técnicas, métodos, modelos e teorias que orientarão a coleta e interpretação dos dados. 3.6 Análise dos Dados Os dados foram analisados com base na técnica da análise de conteúdos, de Minayo para que seja possível identificar a viabilidade e a contribuição da pesquisa desenvolvida. A análise de conteúdo é definida como uma técnica de tratamento de dados de pesquisa voltada para uma descrição objetiva sistemática e quantitativa do conteúdo de “comunicações” (textos entrevistas, entre outros). Dessa forma, embora tenha suas origens na pesquisa quantitativa, busca a interpretação de materiais de caráter qualitativo. (MINAYO 1998, p. 200) 29 CONCLUSÃO Observou-se neste trabalho que a cirurgia de revascularização miocárdia sem circulação extracorpórea é realizada sem parada cardíaca, o que cria duas dificuldades para o cirurgião: o movimento constante da coronária dificulta as anastomoses e, nas intervenções sobre a parede posterior do coração, há necessidade de deslocá-lo, o que provoca queda importante da pressão arterial. Sendo assim o sistema cardiovascular é um complexo conjunto de vasos, dentro dos qual o sangue circula pelo corpo, impulsionado pelo coração. Nesse percurso, as veias são responsáveis pelo fluxo em sentido centrípeto, enquanto que as artérias respondem pelo fluxo em sentido centrífugo. Interpostos entre os territórios arteriais e venosos mais distais encontram-se os constituintes da microcirculação, compostos por arteríola, vênulas e capilares. Trata-se do local onde ocorrem as trocas entre o sangue e os tecidos e onde estão os mecanismos regulatórios do fluxo sangüíneo periférico. A regulação de fluxo no leito capilar ocorre por meio das comunicações arteriovenosas, que podem desviar o sangue dos capilares, e por meio dos esfíncteres pré e póscapilares, cujas ações regulam a quantidade de sangue e a pressão no leito capilar. O controle do fluxo na microcirculação obedece tanto a alterações metabólicas quanto a estímulos de natureza hormonal ou neural Ressalte-se que durante a CEC a fisiologia da circulação é totalmente modificada pela introdução de um fluxo não pulsátil do lado arterial, que se contrapõe a uma pressão venosa elevada do lado venoso da circulação. Utilização da circulação extracorpórea, que na maioria dos casos ocorre com fluxo não pulsátil, é considerada lesiva para a microcirculação, . Além disso, a técnica é responsável por outras alterações na circulação, como substituição dos controles reflexos e quimiorreceptores; aumento da pressão venosa; redução da pressão coloidosmótica e temperatura manipulada. Uma das maiores preocupações relacionadas à circulação extracorpórea é o processo inflamatório por ela desencadeado. O trauma cirúrgico e a circulação extracorpórea ativam a resposta inflamatória sistêmica, caracterizada por alterações clínicas na função ventricular, pulmonar e renal, distúrbios da coagulação, suscetibilidade a infecções, alteração da permeabilidade vascular e acúmulo de 30 líquidos no interstício, leucocitose, vasoconstricção e hemólise. Poderia se supor que a cirurgia de revascularização miocárdica realizada sem circulação extracorpórea evitaria todos esses transtornos fisiopatológicos. À cirurgia de revascularização miocárdica sem circulação extracorpórea e relatado aspectos de sua experiência com a técnica. Neste contexto, a cirurgia de revascularização miocárdica sem circulação extracorpórea vem se mostrando cada vez mais um procedimento capaz de trazer muitos benefícios aos pacientes que necessitam do implante cirúrgico de enxertos coronarianos. Entretanto, o entendimento completo sobre a segurança e efetividade desta proposta ainda carece de ensaios clínicos randomizados, de grande porte e com desfechos clínicos relevantes, como mortalidade e necessidade de reoperação, que abranja um longo período de acompanhamento pós-operatório. 31 REFERÊNCIAS ANDRADE Maria Teresa Soy. Guias Práticos de Enfermagem: Cuidados Intensivos. Rio de Janeiro. McGraw-Hill 2002. 580 p. BOJAR, RM. Perioperative myocardial infarction. In: Bojar RM, editor. Manual of Perioperative Care in Cardiac Surgery. 3rd ed. Malden:Blackwell Science;1998. 256 p. BRASIL,L A - Liberação e efeitos do fator de necrose tumoral alfa (TNF alfa) induzidos pela circulação extracorpórea. [Tese. 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Poucos países ostentam atualmente a pujança que desfruta a cirurgia cardíaca brasileira. Ao lado da qualidade da produção científica, outro fator que contribuiu fortemente para essa grande expressão mundial da cirurgia cardíaca brasileira foi o direcionamento na produção nacional dos equipamentos utilizados, tornando a especialidade praticamente independente dos insumos importados. Essa acertada estratégia, provendo hoje seus frutos, somente foi possível pela trajetória traçada pelos pioneiros da cirurgia cardíaca brasileira. Dentre esses pioneiros destaca-se o Professor Hugo João Felipozzi que, com a insuperável combinação de trabalho persistente e visão direcionada e empreendedora, liderou as pesquisas que culminaram na construção da primeira máquina de circulação extracorpórea (CEC) produzida no Brasil e na realização das primeiras cirurgias cardíacas a céu aberto no país. Em 15 de outubro de 1955, realizou a primeira operação aberta sobre a valva pulmonar, com uso de um dispositivo de circulação extracorpóreo, fazendo desvio seletivo do coração direito. No ano seguinte, em 12 de novembro de 1956, operou o primeiro paciente com abertura das cavidades cardíacas sob circulação extracorpórea total [1,2]. 37 A formação Hugo João Felipozzi nasceu em 6 de setembro de 1923, na cidade de Cajuru, no interior do estado de São Paulo, filho de imigrantes italianos da região do Piemonte. Na infância, por um breve período, retornou com seus pais à Itália (Val d'Aosta), onde iniciou seu curso primário. Formou-se em Medicina pela Escola Paulista de Medicina em 1947, especializando-se em cirurgia geral. 38 A seguir, em 1951, rumou para os Estados Unidos, em busca de formação e aperfeiçoamento em cirurgia torácica. Nesta época, após a II Guerra Mundial, a cirurgia de tórax teve um enorme impulso, com o retorno de cirurgiões que tinham ganhado enorme experiência no tratamento cirúrgico de pacientes com trauma torácico. Estagiou com Willis J. Potts, então um dos cirurgiões com maior experiência no recém-iniciado tratamento cirúrgico das cardiopatias congênitas, no Children's Memorial Hospital, em Chicago. De volta ao Brasil, trabalhou a seguir no Hospital São Paulo, como chefe de uma das três equipes de cirurgia torácica do hospital, sendo as outras duas dos Drs. Ruy Margutti e Euryclides de Jesus Zerbini. A experiência conjunta deles, com 208 casos de comissurotomia mitral fechada, foi relatada em 1957, na Revista da Associação Médica Brasileira [3]. Esteve na Universidade de Minnesota em 1953, com Charles W. Lillehei, então o grande centro desenvolvendo técnicas arrojadas para o tratamento das doenças cardíacas, como a circulação cruzada e o uso de circulação extracorpórea com oxigenador de bolhas. Esteve também na Mayo Clinic, Baylor University e outros centros. O trabalho no desenvolvimento da circulação extracorpórea De volta ao Brasil, iniciou os estudos para a construção do equipamento de coração-pulmão artificial, visto que o custo da aquisição de uma máquina importada estava muito além da realidade nacional. Trouxe vários desenhos e fotos do aparelho coração-pulmão artificial, assim como muitos materiais e equipamentos quase impossíveis de serem obtidos aqui naquela época, como tubos plásticos, silicones, resinas, etc. 39 Porém, foi somente com a criação do Instituto de Cardiologia "Sabbado D'Angelo" em São Paulo, graças a seu entusiasta provedor Dr. Agostinho Janequine, e à Fundação Anita Pastore D'Angelo, que a infra-estrutura e recursos necessários para o desenvolvimento da CEC foram conseguidos. Isso permitiu que os trabalhos de pesquisa fossem iniciados com a colaboração de valorosa equipe, contratada em regime de tempo integral e dedicação exclusiva. Podem ser citados os cardiologistas Prof. Adauto Barbosa Lima e Profª Maria Vitória Martin, ambos com especialização no serviço da Dra. Helen Taussig, no John Hopkins Hospital e André H. J. Nicolai, do serviço do Professor Silvio Borges, da Escola Paulista de Medicina. No laboratório clínico, o Professor Sergio Paladino, da disciplina de Bioquímica da Escola Paulista de Medicina, acompanhando as fases experimentais e clínicas da CEC oferecia o suporte necessário para os controles dos distúrbios metabólico e ácido-básico, sangüíneo e dos fármacos. Os estudos hemodinâmicos foram realizados pelo Dr. Adauto Barbosa Lima e a angiografia-radiologia pelo Dr. Hortêncio Medeiros Sobrinho. Os assistentes na cirurgia eram os Drs. Rubens de Guimarães Santos (hoje Livre-docente de cirurgia cardiovascular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo) e Laio Gomes D'Oliveira. O Dr. José dos Santos Perfeito era o perfusionista. A anestesia, tanto clínica como experimental, estava a cargo do Dr. Pedro Geretto, que viria mais tarde ser o Professor Titular de Anestesia da Escola Paulista de Medicina. Vários médicos estagiários, em regime de tempo integral com bolsa de estudo fornecida pela Fundação Anita Pastore D'Angelo, procedentes de diversos serviços do Brasil e de países sul-americanos, tiveram formação clínica e cirúrgica na instituição. Os estudos iniciais com a circulação extracorpórea Inicialmente foram realizadas, em cães, séries experimentais de desvio direito da circulação com a bomba Sigmamotor e fluxo diminuído segundo o princípio do "Azigos-Factor", estabelecido por Andreasen e Watson [4], usando o pulmão autólogo para oxigenação, baseado no trabalho do Dodrill et al. Com este método, Felipozzi e colaboradores verificaram a possibilidade de intervir sob visão direta em estenose da valva pulmonar e infundibular na ausência de defeitos septais. O primeiro paciente deste grupo, um menino de 3 anos de idade e com diagnóstico de estenose valvar pulmonar, foi operado em 15 de outubro de 1955, com a realização 40 de comissurotomia da valva pulmonar. Este procedimento foi utilizado em seis pacientes com êxito [5]. Em novembro de 1955, operaram uma criança de um ano e 3 meses com tetralogia de Fallot, em crises de anóxia repetitivas. A técnica utilizada foi a perfusão contínua com sangue arterializado homólogo [6]. O volume de sangue arterializado foi calculado para permitir perfusão com bomba Sigmamotor calibrada para o fluxo de três vezes ao de ázigos durante uma hora de cirurgia. O tempo total intracardíaco para correção da comunicação interventricular e estenose infundibular foi de 40 minutos. A cirurgia transcorreu sem complicações, mas no 39º dia de pós-operatório o paciente apresentou atelectasia pulmonar, falecendo em insuficiência respiratória. A seguir, foi projetado um modelo de oxigenador de discos semelhante ao de Craaford-Senning, que foi construído nas oficinas da Fundação Anita Pastore D'Angelo. O oxigenador tipo Craaford-Senning, ao ser testado na cirurgia experimental, demonstrava capacidade de manter adequadas perfusões tissulares, valores normais do equilíbrio ácido-base, entretanto, ainda havia níveis de hemólise elevados em CEC acima de 30 minutos. Este fator, além do grande volume de sangue necessário para o perfusato, conduziu às pesquisas de outros modelos. Nova série experimental foi realizada com o oxigenador de bolhas tipo DeWall e bomba Sigmamotor [7]. Foram operados 50 cães com este conjunto, sendo observados acidentes embólicos em 18 animais, provavelmente devido ao silicone antiespuma (antifoam A) da câmara desborbulhadora. Assim, foi decidido partir para novo projeto, construindo o oxigenador com discos rotatórios, igual ao modelo de Kay-Cross, montado num conjunto com bombas tipo roletes [8]. Neste modelo, o volume do perfusato ficou reduzido para 500 ml de sangue heparinizado, que permitia adequada transferência de oxigênio por minuto numa rotação dos discos em torno de 90 rpm sem ocasionar turbilhonamento sangüíneo. Mantinha adequado equilíbrio ácido-base e as taxas de hemólises ficavam em níveis subclínicos, em perfusões de até 2 horas de duração. Este modelo, testado durante quatro meses em 80 cães e acompanhado com rigoroso controle laboratorial, ofereceu segurança para o seu emprego em clínica. 41 Em 12 de novembro de 1956, foi realizada a primeira CEC, utilizando este equipamento, para a correção de comunicação interatrial (CIA) em uma criança de 8 anos de idade, com sucesso. Até o Natal daquele ano, oito pacientes já haviam sido operados sem complicações, sendo quatro portadores de CIA tipo ostium secundum, dois com drenagem anômala parcial de veias pulmonares associada à CIA e dois com CIA tipo ostium primum [9]. Em 1957, já com o pleno desenvolvimento dos equipamentos de CEC, iniciaram-se as cirurgias cardíacas de forma rotineira, com correções de tetralogia de Fallot, com utilização do acesso intracardíaco através do átrio direito; correções de formas parciais de canal atrioventricular; estenoses aórticas congênitas e outras [10,11]. Entretanto, vários fatores nesta época limitavam a programação cirúrgica com uso de CEC a dois ou no máximo três pacientes semanais. Era utilizado sangue colhido em heparina no dia da cirurgia ou no máximo de véspera, exigindo assim uma organização de grande número de doadores. As dosagens de gases sangüíneos e eletrólitos, tanto na cirurgia, como no pósoperatório, eram ainda realizadas por métodos laboratoriais trabalhosos e morosos. Os hospitais não dispunham de UTI, alguns quartos eram transformados em sala de recuperação de cirurgia cardíaca com equipamento limitado e os elementos da equipe cirúrgica se desdobravam na cobertura dos plantões pós-operatórios. Limitações na obtenção de materiais para a construção das máquinas de CEC ainda eram grandes, os plásticos de polivinil (Tygon), usados na fabricação dos 42 tubos para o circuito extracorpóreo, tinham que ser importados, pois os nacionais continham contaminantes, como o chumbo. Estes e outros problemas precisaram ser solucionados para a expansão da programação cirúrgica. Assim, com a experiência clínica dos dois primeiros anos de CEC e melhores controles dos desvios bioquímicos, passou a ser usado sangue colhido em solução ACDP e parcialmente diluído com plasma e soro [12]. Com a habitual determinação, Felipozzi conseguiu motivar uma indústria nacional de tubos plásticos, a Romil, em Campinas, São Paulo, para fabricá-los com idêntica especificação dos tubos de Tygon. Os testes laboratoriais feitos no próprio instituto comprovaram a qualidade similar ao produto importado [13]. Nessa fase, o conjunto coração-pulmão artificial foi substituído por novo modelo evolutivo, com importante colaboração do Dr. José dos Santos Perfeito e do engenheiro eletrônico Carlos Manoel Bandeira de Melo. A equipe do Professor Felipozzi ainda foi precursora na introdução do método de drenagem venosa da CEC por gravidade (sifonagem). O grupo de Lillehei e outros, na época trabalhando com CEC, usava a drenagem venosa ativa, por meio de bombas [13]. No início de 1959, a programação cirúrgica semanal foi ampliada e também foi iniciado o emprego da CEC na correção de cardiopatias adquiridas. Começaram a ser rotineiramente realizadas reoperações de estenoses mitrais, correção de estenoses aórticas adquiridas, aneurismas da aorta torácica, correção de insuficiência aórtica usando a técnica de bicuspidização da valva aórtica, entre outras. 43 Até o final de 1959, haviam sido estudados, no Instituto Sabbado D'Angelo, 1000 casos de cardiopatias congênitas. Destes, 345 foram operados com uso da CEC, ocorrendo 11 (3,2%) óbitos hospitalares. No grupo de cardiopatias adquiridas, foram operados 96 casos, com cinco (5,2%) óbitos hospitalares. Esta foi a experiência inicial do Professor Hugo Fellipozzi, quando ainda o desenvolvimento de um conjunto bomba-oxigenador era empreendimento do cirurgião, ao qual cabia a responsabilidade pelo desenho, construção e operação. O desenvolvimento de novos equipamentos e técnicas A contribuição do Professor Felipozzi não se restringiu ao desenvolvimento da circulação extracorpórea e às primeiras cirurgias cardíacas abertas no Brasil. Aliando seu espírito empreendedor e tenaz à grande necessidade dos primeiros anos do surgimento da cirurgia cardíaca, teve a oportunidade de construir as primeiras próteses valvares mecânicas e biológicas, tubos de materiais plásticos (nylon) para substituição da artéria aorta, realizou o primeiro implante de marcapasso cardíaco no Brasil, o transplante de válvula aórtica humana, a autotransfusão intra-operatória em cirurgia cardíaca, e a criação da Unidade de Terapia Intensiva. Foi, também, o pioneiro no país na construção de oxigenadores descartáveis de plástico, produzidos pela empresa Lifemed. 44 O professor Além da Chefia do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Instituto de Cardiologia Sabbado D'Angelo, da Fundação Anita Pastore D'Angelo, foi professor 45 da Disciplina de Cirurgia do Tórax da Escola Paulista de Medicina e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Na Escola Paulista de Medicina, trabalhou ao lado do Professor Costábile Gallucci, construindo e fortalecendo a disciplina de Cirurgia de Tórax. Foi também, em diferentes épocas, chefe dos serviços de cirurgia cardiovascular e pulmonar do Hospital Matarazzo, do Hospital Heliópolis e do Hospital Samaritano. Formou inúmeros discípulos, espalhados pelo país e continente. Foi substituído na Disciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, quando da aposentadoria, pelo seu aluno Prof. Dr. Luis Antonio Rivetti. Na Escola Paulista de Medicina, orientou vários alunos, entre eles os Professores Enio Buffolo, Vicente Forte, José Carlos Andrade e Roberto Catani, entre outros. O Prof. Hugo João Felipozzi faleceu em São Paulo, em 5 de novembro de 2004, aos 81 anos de idade. Registrada fica a incomensurável contribuição feita à cirurgia cardíaca brasileira pelo Professor Hugo João Felipozzi, que com sua visão empreendedora e liderança suave, ética profissional, capacidade de trabalho e aglutinação de pessoas, reunindo uma equipe de pesquisadores da elite científica nacional, alicerçou e construiu as bases que abriram caminho para o trabalho dos gigantes que edificaram a cirurgia cardíaca brasileira. Seguramente a trajetória da cirurgia cardíaca brasileira teria sido diferente sem a sua contribuição. Além de nossa homenagem, ficará gravado o eterno reconhecimento de seus discípulos, amigos e colegas de profissão. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Prof. Dr. Rubens de Guimarães Santos, parceiro e amigo leal de toda a vida do Prof Hugo J. Felipozzi, pela revisão e correção do texto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Costa IA. História da cirurgia cardíaca brasileira. Rev Bras Cir Cardiovasc. 1998;13(1):1-7. 2. Felipozzi HJ, Santos RG, D'Oliveira LG, Perfeito JS. Cirurgia cardíaca a céu aberto com desvio extracorpóreo da circulação do coração direito. Resultados 46 experimentais e primeiros casos clínicos. Nota prévia apresentada ao Departamento de Cirurgia da Associação Paulista de Medicina ,em 16 de Novembro de 1955. 3. Zerbini EJ, Curti P, Prata L, Felipozzi H, Margutti R, Galucci C. Tratamento cirúrgico das lesões da válvula mitral em 208 casos. Rev Assoc Med Bras. 1957;3(1):25-32. 4. Andreasen AT, Watson F. Experimental cardiovascular surgery: further experiments on the azygos factor. Br J Surg. 1953;40(164):616-21. 5. D'Oliveira LG, Felipozzi HJ, Santos RG. Surgery under direct vision for the correction of pulmonary stenosis with intact ventricular septum. Surgery. 1957;41(2):227-35. 6. Warden HE, Read RC, DeWall RA, Aust JB, Cohen M, Ziegler NR et al. Direct vision intracardiac surgery by means of a reservoir of "arterialized venous" blood: description of a simple method and report of the first clinical case. 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Paladino S, Perfeito JS, Santos RG, D'Oliveira LG, Felipozzi HJ. Aspectos fisiológicos das intervenções cardíacas com o emprego do conjunto coração-pulmão artificiais. Rev Paulista Med. 1958;53:224. 47 13. Felipozzi HJ, Santos RG, D'Oliveira LG, Perfeito JS. Coração e pulmão artificiais para a cirurgia intracardíaca. Separata da revista "Hospital de Hoje". Volume 6, primeiro trimestre de 1957.