universidade mackenzie

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UNIVERSIDADE MACKENZIE
Faculdade de Ciências Biológicas, Exatas e Experimentais
Departamento de Biologia
Matéria: Evolução
A Evolução das Plantas Carnívoras
Para entendermos a evolução das plantas carnívoras vamos explicar suas
diferenças das demais plantas, o alimento diversificado, a forma de obtenção
desses alimentos, a digestão, o habitat e finalmente a evolução.
O QUE SÃO ?
Para que uma planta possa ser considerada carnívora, é preciso que
ela tenha três características: (a) atrair, (b) prender e (c) digerir formas
de vida animais. Existem muitas plantas que possuem algumas destas
caraterísticas, mas não todas; logo, não são carnívoras. Por exemplo, a
flor do plumbago tem a capacidade de capturar pequenos insetos através
de pêlos gosmentos em sua superfície inferior (provavelmente uma forma
de defesa contra insetos que a atacam), mas não tem as outras
características. A grande maioria das flores tem a capacidade de atrair
insetos para fins de polinização, algumas chegam mesmo a prender
(temporariamente) insetos para garantir a polinização; exemplos destas
são o papo-de-peru e algumas orquídeas. As espécies do gênero sulafricano Roridula (tradicionalmente colocado no rol das carnívoras)
capturam e matam insetos através de secreções resinosas, mas foi
demonstrado recentemente que elas não digere suas presas. Estas
plantas, que não preenchem todos os critérios descritos acima, não podem
ser qualificadas como carnívoras.
O QUE "COMEM" ?
Com freqüência utiliza-se o nome "insetívora" para estas plantas, mas tal
termo não é correto. Insetos podem ser o principal elemento de seu cardápio, mas a
dieta pode ser bem variada, incluindo outros invertebrados como aranhas e
centopéias. Além disso, muitas espécies se alimentam exclusivamente de animais
aquáticos microscópicos.
As plantas do gênero Nepenthes (do sudoeste asiático) são as que
possuem maiores armadilhas (em forma de urnas cilíndricas, que podem
alcançar até meio metro); são elas que podem capturar as maiores presas
tais como pererecas, lagartixas, pequenos pássaros e roedores. Estes
vertebrados são vítimas acidentais, pois, quando procuram por insetos
presos nas armadilhas (em busca de alimento) acabam passando de
predador a presa.
COMO CAPTURAM SUAS PRESAS ?
Inicialmente, as presas são atraídas pelo cheiro de néctar que algumas plantas
exalam (aliado, em alguns casos, à chamativas cores).
As presas são então: (1) capturadas em armadilhas que se fecham
sobre elas (algumas carnívoras são capazes de realizar movimentos),
como no caso da Dionaea muscipula, e da Aldrovanda vesiculosa; ou (2)
capturadas em armadilhas de sucção, como no caso da Utricularia e
Genlisea; ou (3) ficam grudadas em superfícies colantes, como no caso da
Drosera, Byblis, Drosophyllum lusitanicum e Pinguicula; ou ainda (4) se
afogam em estruturas parecidas com jarros (ascídios), cheias de líquido,
como no caso das Nepenthes, Cephalotus follicularis, Sarracenia,
Darlingtonia californica e Heliamphora.
COMO REALIZAM A DIGESTÃO ?
Tendo sido capturada a presa, dá-se início ao processo de digestão.
Inicialmente, a presa é morta (afogada, no caso de plantas que possuem
"jarros" com líquido dentro; esmagadas, no caso da Dionaea muscipula; ou
ainda, simplesmente morta pela digestão).
A digestão das presas é realizada por enzimas, como em todos os animais.
São enzimas proteolíticas (enzimas que digerem proteínas). Apenas algumas
espécies não produzem suas próprias enzimas (dependem de bactérias na digestão
de suas presas, um processo mais lento). Vale lembrar que essas enzimas são muito
fracas, não causam problema algum para a pele humana.
O resultado da digestão é então absorvido pela planta (num processo idêntico
à absorção de adubos foliares por samambaias, por exemplo).
Vale ressaltar que algumas espécies apressam a digestão. Por
exemplo, as folhas de algumas espécies de Drosera se enrolam sobre a
presa para colocar em contato com ela presa uma maior superfície capaz
de realizar digestão.
COMO É SEU HABITAT ?
As plantas carnívoras crescem em solos pobres em nutrientes e, a maioria, em
locais úmidos e de pH baixo (ácido) - este tipo de solo ocorre basicamente em
áreas alagadas (como brejos) e em serras altas e pedregosas. A falta de nutrientes,
especialmente o nitrogênio, é um fator crítico que limita o crescimento das plantas
de maneira geral. Este problema foi resolvido pelas primeiras plantas carnívoras
que surgiram na Terra há cerca de 65 milhões de anos (na época dos dinossauros)
ao desenvolverem métodos para aprisionar e digerir animais e assim utilizarem-se
de suas proteínas (ricas em nitrogênio) como fonte de nutrientes.
COMO EVOLUÍRAM ?
Em termos evolutivos, acredita-se que as plantas carnívoras evoluíram a partir
de plantas que capturavam parasitas para se defenderem deles (como no caso do
plumbago). Através de mutações e erros genéticos, enzimas que normalmente
realizam a digestão de proteínas em sementes teriam sido transferidas para outras
regiões da planta que se especializaram na digestão das pragas capturadas,
tornando-se plantas competitivas em solos deficientes.
De forma alguma pode-se dizer que são plantas "meio vegetal, meio animal".
Como qualquer planta, realizam fotossíntese. As presas são nada mais que um
complemento alimentar, uma fonte de nutrientes para compensar o que as raízes
não conseguem obter do solo. Esta adaptação chegou a tal ponto que essas plantas
não toleram adubos. A propósito, um simples método de matar uma planta
carnívora é adubando-a.
BIBLIOGRAFIA
1) RAVEN, H. P., et all. Biologia Vegetal . 5º ed. Ed. Guanabara Koogan –
RJ,
1996.
2) OESP – MALTES. As plantas, as flores e as árvores.
3) internet : www. fmcet.ep.usp.br
www. embrapa.com.br
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