UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA ANA PAULA BAUERMANN TFARDOWSKI REPERCUSSÕES DA TERAPIA AQUÁTICA SOBRE AS SÍNDROMES DOLOROSAS NA GESTAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Cascavel- PR 2004 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 2 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE FISIOTERAPIA ANA PAULA BAUERMANN TFARDOWSKI REPERCUSSÕES DA TERAPIA AQUÁTICA SOBRE AS SÍNDROMES DOLOROSAS NA GESTAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná Campus Cascavel como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Fisioterapia. Orientadora: Profa . Juliana Cristina Frare Cascavel - PR Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 3 2004 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 4 TERMO DE APROVAÇÃO ANA PAULA BAUERMANN TFARDOWSKI REPERCUSSÕES DA TERAPIA AQUÁTICA SOBRE AS SÍNDROMES DOLOROSAS NA GESTAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título de Graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Profª . Joseane Rodrigues da Silva Coordenadora do Curso BANCA EXAMINADORA ........................................................................................ Orientador: Prof. Juliana Cristina Frare Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE .......................................................................................... Prof. Cristina Diamante Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE .......................................................................................... Prof. Joseane Rodrigues da Silva Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE Cascavel, 12 novembro de 2004. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 5 Dedico este trabalho primeiramente à Deus, aos meus pais, Alir e Rose, e ao meu namorado, Christian, por todo apoio e confiança em mim depositados e principalmente pelo amor, incentivo e esforços realizados, tornando possível assim que eu completasse mais uma etapa de minha vida. Pai e mãe, conseguimos! Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 6 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus, por presentear-me com uma vida repleta de realizações, pelas oportunidades em minha vida e, por me dar forças para superar todos os obstáculos que encontro nos caminhos que escolho. Agradeço especialmente aos meus pais, Alir e Rose, que dividiram comigo cada etapa desta realização, por todo amor, carinho, educação, compreensão, ajuda e por fazerem dos meus sonhos os seus sonhos. Ao meu namorado, Christian, pelo seu apoio, carinho, compreensão e paciência nas fases mais difíceis e também pela contribuição direta, com dedicação, na concretização deste trabalho. As minhas preciosas amigas Paula, Karine, Cintia e Thaisi por todos os momentos alegres e divertidos que passamos juntas. As amigas Cristiane e Maria Fernandes que colaboraram muito para a realização desta pesquisa. A minha orientadora Juliana Frare, pela ajuda com seu conhecimento, paciência e dedicação na realização deste trabalho. A todos os professores que estiveram ao meu lado em todas as etapas importantes da minha formação, principalmente as professoras Cristina, Keila, Francyelle e Carmem, e especialmente à professora e amiga Joseane. A todos aqueles que, embora não mencionados aqui, contribuíram de maneira direta ou indireta para a concretização deste projeto, muito obrigada. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 7 RESUMO Durante a gravidez ocorrem diversas alterações físicas necessárias ao perfeito crescimento e desenvolvimento fetal. Todavia, essas alterações em algumas mulheres trazem conseqüências que podem resultar em dor e limitações das atividades diárias. O objetivo desse estudo foi verificar a eficácia do condicionamento físico e relaxamento na água sobre as síndromes dolorosas que acometem mulheres em período gestacional. Os dados foram coletados em 7 gestantes utilizando-se uma ficha de avaliação aplicada no início e final do programa. O grupo formado foi tratado com a terapia aquática, sendo o protocolo de tratamento aplicado por 10 sessões, com duração aproximada de 50 minutos cada. Os exercícios aquáticos compreenderam cinco fases: aquecimento, fortalecimento, atividade aeróbica, alongamento e relaxamento com exercícios respiratórios. As variáveis dependentes aqui consideradas foram a ocorrência, as características e a evolução dos desconfortos músculo-esqueléticos durante a gestação. No início do programa 7 gestantes relataram sintomas músculo-esqueléticos, 3 caracterizados por dor lombar, 1 por dor pélvica e 3 por dor em membros inferiores. A intensidade dos sintomas variou de leve em 3 gestantes, moderada em 2 e grave em 2; 3 gestantes apresentavam dor com freqüência diária e 3 com freqüência semanal, sendo a duração da dor maior que três horas em 6 gestantes. Ao término do programa, 4 gestantes apresentaram-se sem sintomas e 3 apresentaram melhora dos mesmos, não sendo relatado nenhum caso de dor inalterada ou piora dos sintomas. O programa de reabilitação aquática favoreceu a diminuição da ocorrência e características da dor e a melhor evolução dos desconfortos músculo-esqueléticos na gestação. Palavras-chave: Terapia aquática; Síndrome Dolorosa e Gestação. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 8 ABSTRACT During pregnancy many physical changes happen to provide the perfect growth and development of the fetus. However, these alterations in some women bring consequences that may result into pain and limitations of daily activities. The objective of this study was to verify the effectiveness of the physical conditioning e relaxation in water on painful syndromes that attack women during pregnancy. Data were collected in 7 pregnant using an evaluation card applied in the beginning and ending of the program. The group was treated with aquatic therapy, being the treatment’s protocol applied for 10 sessions, with approximated duration of 50 minutes each one. The aquatic exercises consisted of five phases: heating, strengthening, aerobic activity, stretching and relaxation with respiratory exercises. They were considered dependents variables like the events, characteristics and development of the musculoskeletals discomforts during pregnancy. In the beginning of the program 7 pregnant women reported musculoskeletals symptoms, 3 characterized by lombar pain, 1 by pelvic pain en 3 with lower members pain. Symptoms’ intensity vary from light in 3 pregnants, moderate in 2 and severe in 2; 3 pregnants presented pain with daily frequency and 3 with weakly frequency, being pain duration bigger than three hours in 6 pregnants. At the ending of the program, 4 pregnant women didn’t show any symptoms and 3 presented improvement of them. They were not related any cases of non-altered pain or worse of symptoms. The aquatic rehabilitation program provided the reduction of the event and characteristics of the pain and the better evaluation of the musculoskeletals discomforts in pregnancy. Key -Words: aquatic therapy, painful syndromes and pregnancy Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 9 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. 10 LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................. 12 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................... 16 2.1 Anatomia ............................................................................................................................... 16 2.1.1 Pelve..................................................................................................................................... 16 2.1.2 Assoalho Pélvico .................................................................................................................. 18 2.1.3 Períneo ................................................................................................................................. 20 2.1.4 Órgãos Genitais Externos ...................................................................................................... 22 2.1.5 Órgãos Genitais Internos ....................................................................................................... 23 2.1.6 Mamas .................................................................................................................................. 27 2.2 Modificações Gerais do Organismo Materno ..................................................................... 28 2.2.1 Sistema Endócrino ................................................................................................................ 29 2.2.1.1 Progesterona ..................................................................................................................... 29 2.2.1.2 Estrogênio ......................................................................................................................... 30 2.2.1.3 Gonadotrofina Coriônica Humana ...................................................................................... 31 2.2.1.4 Relaxina ............................................................................................................................. 32 2.2.1.5 Lactogênio Placentário Humano ......................................................................................... 33 2.2.1.6 Prolactina .......................................................................................................................... 34 2.2.1.7 Ocitocina ........................................................................................................................... 34 2.2.1.8 Hormônio Folículo Estimulante e Hormônio Luteinizante ..................................................... 35 2.2.2 Sistema Músculo-esquelético ................................................................................................ 36 2.2.3 Sistema Cardiovascular.......................................................................................................... 38 2.2.4 Sistema Respiratório.............................................................................................................. 41 2.2.5 Sistema Gastrintestinal .......................................................................................................... 43 2.2.6 Sistema Urinário.................................................................................................................... 44 2.2.7 Sistema Nervoso................................................................................................................... 45 2.3 Síndromes Dolorosas ............................................................................................................. 47 2.3.1 Lombalgia ............................................................................................................................ 48 2.3.2 Dor Pélvica .......................................................................................................................... 50 2.3.3 Condromalácea de Patela ..................................................................................................... 52 2.3.4 Síndromes de Compressão Nervosa ..................................................................................... 52 2.3.5 Distúrbios Circulatórios......................................................................................................... 54 2.3.6 Diástase dos Retos ............................................................................................................... 55 2.3.7 Síndrome da Perna Agitada .................................................................................................. 57 2.4 Exercício Físico e Gestação ................................................................................................. 57 2.4.1 Efeitos Fisiológicos do Exercício Físico ................................................................................. 59 2.4.2 Contra-indicações do Exercício Físico na Gestação .............................................................. 62 2.4.3 Riscos de Exercícios Intensos na Gravidez ............................................................................ 63 2.4.5 Fatores que Afetam o Exercício Físico e a Saúde da Gestante ............................................... 64 2.4.6 Recomendações Gerais Para a Prática de Exercício Físico .................................................... 66 2.4.7 Exercícios Físicos Não Recomendados Durante a Gestação .................................................. 68 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 10 2.4.8 Exercícios Físicos Recomendados Durante a Gestação .......................................................... 68 2.5 Reabilitação Aquática ........................................................................................................... 71 2.5.1 Princípios Físicos da Terapia Aquática .................................................................................. 72 2.5.1.1 Propriedades Estáticas da Água ......................................................................................... 73 2.5.1.1.1 Densidade e Densidade Relativa ...................................................................................... 73 2.5.1.1.2 Flutuação......................................................................................................................... 74 2.5.1.1.3 Pressão Hidrostática ........................................................................................................ 76 2.5.1.2 Propriedades Dinâmicas da Água ....................................................................................... 77 2.5.1.2.1 Viscosidade .................................................................................................................... 77 2.5.1.2.2 Fluxo Laminar e Fluxo Turbulento.................................................................................... 78 2.5.1.3 Propriedades Térmicas da Água ........................................................................................ 80 2.5.1.3.1 Calor Específico e Umidade ............................................................................................ 80 2.5.1.3.2 Trocas de Calor no Meio Aquático ................................................................................. 81 2.5.2 Efeitos Fisiológicos da Imersão e do Exercício na Água ......................................................... 82 2.5.2.1 Efeitos Fisiológicos da Imersão em Repouso ...................................................................... 82 2.5.2.2 Efeitos Fisiológicos da Imersão em Água Aquecida ............................................................ 84 2.5.2.3 Efeitos do Exercício em Água ............................................................................................ 86 2.5.3 Efeitos Terapêuticos Aquáticos ............................................................................................. 87 2.5.4 Exercício Aquático na Gravidez ............................................................................................ 88 3 METODOLOGIA .................................................................................................................... 92 4 RESULTADOS ........................................................................................................................ 95 5 DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 98 6 CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 102 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 103 ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................................................... 109 APÊNDICE A – Ficha de Avaliação em Obstetrícia ................................................................ 111 APÊNDICE B – Protocolo de Tratamento ................................................................................ 115 APÊNDICE C – Fotos do Programa de Reabilitação Aquática ............................................... 125 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 11 LISTA DE FIGURAS Figura 01: Articulações da Pelve Feminina ..................................................................................... 18 Figura 02: Períneo, Diafragma da Pelve e Órgãos Genitais Externos .............................................. 21 Figura 03: Útero com Feto e sua Localização Entre a Bexiga e o Reto .......................................... 25 Figura 04: Órgãos Genitais Internos .............................................................................................. 26 Figura 05: Corte Sagital da Mama ................................................................................................ 28 Figura 06: Alterações Posturais da Gestante .................................................................................. 37 Figura 07: Força da Flutuação e Força da Gravidade Agindo Sob o Corpo ................................... 74 Figura 08: Utilização de Flutuadores ............................................................................................. 75 Figura 09: Pressão Exercida no Corpo Durante a Imersão ............................................................ 76 Figura 10: Fluxo Laminar e Fluxo Turbulento ................................................................................ 78 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 12 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Idade e período gestacional (PG) em semanas das gestantes no início do programa de reabilitação aquática................................................................................................................... 95 Tabela 2: Número (n) e percentual (%) de gestantes classificadas de acordo com a ocorrência (presença ou ausência) de síndromes dolorosas no início e final do programa de reabilitação aquática ......................................................................................................................................... 95 Tabela 3: Caracterização das síndromes dolorosas durante a gestação ........................................... 96 Tabela 4: Evolução dos sintomas de desconfortos músculo-esqueléticos......................................... 96 Tabela 5: Número (n) e percentual (%) de gestantes distribuídas de acordo com a intensidade dos sintomas no início e final do programa de reabilitação aquática .................................................. 96 Tabela 6: Número (n) e percentual (%) de gestantes classificadas de acordo com a freqüência dos sintomas no início e final do programa de reabilitação aquática .................................................. 97 Tabela 7: Número (n) e percentual (%) de gestantes distribuídas de acordo com a duração dos sintomas no início e final do programa de reabilitação aquática......................................................... 97 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 13 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Cm - Centímetro CO2 - Gás Carbônico FH - Hormônio luteinizante FSH - Hormônio folículo estimulante g/cm³ - Grama por centímetro cúbico HCG - Gonadotrofina coriônica humana HPL - Hormônio lactogênio placentário Kg - Quilograma Kg/m³ - Quilograma por metro cúbico L/min - Litros por minuto Mg - Miligrama Ml - Mililitro Ml/min - Mililitro por minuto Mm - Milímetro MMII - Membros inferiores MMSS - Membros superiores Ng/ml - Nanograma por mililitro O2 - Oxigênio ºC - Graus Celsius VC - Volume corrente VR - Volume residual VRE - Volume de reserva expiratório Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 14 1 INTRODUÇÃO Durante a gravidez ocorrem diversas alterações físicas necessárias ao perfeito crescimento e desenvolvimento fetal. Todavia, essas alterações em algumas mulheres trazem conseqüências que podem resultar em dor e limitações em suas atividades diárias. Verifica-se que tais alterações se tornam mais evidentes principalmente após a 20ª semana de gestação, quando se percebe o crescimento abdominal e das mamas, provocando modificações importantes que podem afetar significativamente o sistema músculo-esquelético (SOUZA, 2002; ARTAL et al, 1999). Um grande número de mulheres grávidas parece sentir dor nas costas ou dores associadas às suas articulações pélvicas, em alguma etapa de sua gravidez. A intensidade e a duração da dor geralmente flutuam através da gravidez, e, em geral, de uma gravidez para a próxima, na mesma mulher (POLDEN e MANTLE, 2000). As pesquisas indicam que em cerca de 50% das mulheres grávidas, a dor é de intensidade e duração suficiente para afetar o seu estilo de vida de alguma forma, e para um terço desses indivíduos a dor é muito grave, interferindo em suas atividades de vida diária e capacidade de trabalho, além de contribuir para a insônia por se manifestar durante a noite (POLDEN e MANTLE, 2000; FERREIRA e NAKANO, 2001). Em 1899, a lombalgia era um dos problemas mais negligenciados na gestação. Tal situação se sustenta nos dias de hoje, sob a fundamentação de que a lombalgia é um desconforto inerente ao período gestacional e, portanto, de ocorrência normal não requerendo adoção de medidas preventivas ou de alívio (FERREIRA e NAKANO, 2001). Segundo Souza (2002) e Polden e Mantle (2000), a maior parte desses incômodos pode ser diretamente explicada pelo efeito relaxante e suavizante dos hormônios da gravidez, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 15 tais como a progesterona e a relaxina, seguido por um aumento de peso, retenção líquida e mudanças posturais, com a resultante alteração nos padrões de movimento. O trabalho do fisioterapeuta durante o período pré-natal deve ser desenvolvido no sentido de levar a gestante a se conscientizar de sua postura e a se empenhar para desenvolver toda a potencialidade de reserva dos músculos para que se tornem aptos a conviver com as exigências extras que a gravidez e o parto solicitarão, promovendo, assim, condições para a manutenção do bem-estar físico durante a fase de gestação, além de corrigir e tratar, quando detectadas, alterações posturais que, porventura, venham acompanhadas de dor (SOUZA, 2002). Segundo Holstein (apud Hanlon, 1999), os benefícios do exercício físico pré-natal são a melhora na circulação sangüínea, ampliação do equilíbrio muscular, redução de edema, alívio para os desconfortos intestinais, diminuição das câimbras em membros inferiores, fortalecimento da musculatura abdominal, facilidade na recuperação pós-parto, manutenção do corpo bem alinhado e redução do desconforto associado à má postura, além do aumento da sensação de bem-estar, controle e consciência do corpo. Em todas as mudanças que ocorrem no corpo durante a gestação, os exercícios aquáticos poderão auxiliá-la, adaptando seu corpo para carregar o bebê e proporcionando alívio para as de dores comuns enquanto estiver preparando os músculos para o nascimento da criança. Os princípios físicos da água são clinicamente úteis. De forma geral, a densidade pode facilitar ou resistir movimentos e auxiliar na sustentação e flutuação do corpo, a força de flutuação além de atingir os objetivos acima, pode auxiliar em técnicas de mudança de decúbito e facilitar o deslocamento do corpo, a pressão hidrostática auxilia na diminuição da descarga de peso sobre os membros inferiores, na estabilização de articulações instáveis, na resolução de edemas e pode servir como exercício respiratório, variações no ambiente aquático, com a produção de turbulência, cria um meio interessante para o trabalho de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 16 equilíbrio estático e dinâmico e o fluxo pode ser modificado por equipamentos como palmares, que podem dificultar ou facilitar um determinado movimento, entre outros princípios (KATZ, 1999; CAROMANO e NOWOTNY, 2002). Para Prevedel et al (2003), os efeitos da prática de atividades física materna em imersão contribuem para que a adesão à técnica seja cada vez maior, tanto por parte das gestantes como dos profissionais que as acompanham no pré-natal. Além de proporcionar conforto e bem-estar, aumenta a capacidade do organismo materno em eliminar calor, mantendo a temperatura corporal, sendo este, outro efeito desejável exclusivo deste tipo de exercício. Este trabalho teve como objetivo geral verificar a eficácia do condicionamento físico e relaxamento na água sobre as síndromes dolorosas que acometem mulheres em período gestacional. Foram objetivos específicos comparar a ocorrência, as características (relativas ao local, tipo, intensidade, freqüência e duração) e a evolução dos desconfortos músculoesqueléticos entre o início e o final do programa de reabilitação aquática. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Anatomia 2.1.1 Pelve A pelve tem a função de proteger os órgãos pélvicos e, ao mesmo tempo, possibilita a função de cópula e do parto, este específico do sexo feminino (REIS et al, 2002). A pelve constitui a parte mais inferior do tronco e está constituída por um anel ósseo, formado pelos ossos do quadril, sacro e cóccix, que abriga órgãos do sistema reprodutor e urinário e a porção final do sistema gastrintestinal (DÂNGELO E FATTINI, 1997). O conjunto dos ossos e músculos que ocupam a base desse anel tem o formato de uma bacia. A cavidade inferior da bacia liga-se ao assoalho pélvico, sendo que este se fixa às paredes pélvicas (REIS et al, 2002). A pelve óssea é o esqueleto da pelve. Circunda a cavidade pélvica e forma a cintura pélvica para a fixação dos membros inferiores. A pelve óssea é formada anterior e lateralmente pelos dois ossos do quadril (ilíacos), posteriormente pelo sacro, e anteriormente pelo encontro dos dois ilíacos na sínfise púbica. Os ossos ilíacos são grandes, irregulares e consistem em três partes, ílio, ísquio e púbis que se encontram no acetábulo, a cavidade em forma de taça na face lateral do ilíaco para a articulação com a cabeça do fêmur (MOORE, 1994). A pelve divide-se em uma pelve maior (pelve falsa), situada acima da abertura superior da pelve, limitada anteriormente pela parede abdominal, lateralmente pelas fossas ilíacas e posteriormente pelas vértebras e que contém em seu interior vísceras abdominais, e uma pelve menor (pelve verdadeira ou obstétrica), situada abaixo da abertura superior da Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 18 pelve e limitada inferiormente pelo diafragma pélvico, que corresponde aproximadamente a uma linha que une a extremidade do cóccix à borda inferior da sínfise púbica, contém no seu interior vísceras pélvicas e é particularmente importante em obstetrícia por ser parte do canal de parto (MOORE, 1994). A pelve é classificada de acordo com os seus diferentes tipos morfológicos (REIS et al, 2002): Bacia ginecóide: é forma mais comum, com 47% de freqüência. O estreito superior é oval, e o diâmetro transverso é maior do que o ântero-posterior. Bacia andróide: com 30% de freqüência, ocorre o achatamento transverso da pelve, com diâmetro ântero-posterior igual ou ligeiramente maior que o transverso. Bacia antropóide: há predominância do diâmetro ântero-posterior sobre o transverso. Bacia platipelóide: caracteriza-se por predominância excessiva do diâmetro transverso sobre o ântero-posterior. As quatro partes da pelve são unidas por ligamentos densos, e em quatro articulações, duas sinoviais denominadas de articulações sacroilíacas, e duas cartilaginosas secundárias, denominadas articulação sacrococcígea e sínfise púbica (Figura 1). As articulações sacroilíacas unem as faces articulares do sacro e do ilíaco, e esses são unidos firmemente pelos ligamentos interósseo e sacroilíaco posterior, que são os ligamentos mais fortes do corpo devido ao fato de o sacro estar suspenso entre os dois ossos ilíacos. Estas articulações diferem da maioria das articulações sinoviais, porque possuem mobilidade muito pequena, o quê proporciona estabilidade e está relacionado ao seu papel em transmitir o peso da maior parte do corpo para os ossos ilíacos. A sínfise púbica é uma articulação cartilaginosa secundária mediana entre os dois ossos do púbis, esta união está reforçada pela presença de dois ligamentos, o ligamento púbico superior, que cruza a articulação superiormente, e o ligamento púbico arqueado, estendido em arco entre os ramos inferiores do púbis. A Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 19 articulação sacrococcígea é uma articulação cartilaginosa secundária na qual a fibrocartilagem e ligamentos unem o ápice do sacro com a base do cóccix, são unidos por um disco intervertebral fibrocartilaginoso delgado e ligamentos sacrococcígeos. Durante a gravidez, alguns hormônios são responsáveis por “amolecerem” esses ligamentos, dando maior mobilidade a cintura pélvica (MORRE, 1994; DÂNGELO e FATTINI, 1997). Figura 1: Articulações da Pelve Feminina. Fonte: Sobotta, 2000. 2.1.2 Assoalho Pélvico Formado por músculos, ligamentos e fáscias, o assoalho pélvico tem como objetivo sustentar os órgãos internos, principalmente o útero, a bexiga e o reto. Proporciona ação esfincteriana para a uretra, vagina e reto, além de permitir a passagem do feto, por ocasião do parto (REIS et al, 2002). O assoalho pélvico é formado principalmente pelo diafragma pélvico Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 20 em forma de funil, composto por dois músculos levantadores do ânus e por dois músculos coccígeos. Esse diafragma fecha a abertura inferior da pelve, exceto por um hiato preenchido por fáscia frouxa ao redor da próstata ou vagina que é fechado pelo diafragma urogenital. Além disso, o assoalho pélvico separa a cavidade pélvica do períneo (MOORE, 1994). Os músculos levantadores do ânus são os maiores e mais importantes músculos do assoalho pélvico, é principalmente uma estrutura de suporte e tem ação esfincteriana no canal anal e na vagina (Figura 2). O músculo levantador do ânus é dividido em quatro porções: puborretal, pubovaginal, pubococcígeo e iliococcígeo. O músculo puborretal, origina-se no púbis e segue para trás, onde se une ao do lado oposto para formar uma alça muscular em forma de U, ao redor da junção anorretal. Algumas dessas fibras curvam-se ao redor da metade da vagina, e são inseridas no ligamento perineal central ou corpo perineal constituindo o músculo pubovaginal. O músculo pubococcígeo, é a parte principal do músculo levantador do ânus, origina-se no púbis e segue no sentido posteromedial para se inserir no cóccix e no ligamento anococcígeo, estendido entre o cóccix e o canal anal. Na mulher, o músculo pubococcígeo circunda a uretra, a vagina e o ânus e funde-se ao corpo perineal. O músculo iliococcígeo é a porção delgada do músculo levantador do ânus e se origina, a cada lado, do arco tendíneo da fáscia do músculo obturador da espinha isquiática, se fixando ao cóccix a ao ligamento anococcígeo. Atuando juntos, os músculos levantadores do ânus elevam o assoalho pélvico, auxiliando os músculos da parede anterior do abdome na compressão do conteúdo abdominal e pélvico, importante da expiração forçada, tosse, vômito, expirro e micção (MOORE, 1994). Os músculos coccígeos têm forma irregular e forma a parte posterior e menor do assoalho pélvico. Originam-se na espinha isquiática e se inserem nos bordos laterais do sacro inferior e do cóccix superior. Auxiliam os levantadores do ânus na sustentação das vísceras pélvicas (REIS et al, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 21 Durante o parto, as estruturas que sustentam a bexiga, uretra, vagina e reto podem ser lesadas. O músculo pubococcígeo é o mais provavelmente lesado, e é obstetricamente importante porque envolve e sustenta a uretra, vagina e ânus. Para facilitar o parto e evitar a lesão desse músculo pode ser realizada uma episiotomia1 . A incontinência urinária de esforço2 , que pode acompanhar o enfraquecimento do diafragma pélvico, resulta de enfraquecimento da porção pubovaginal do músculo levantador do ânus que pode ter sido estirada durante o parto (MOORE, 1994). 2.1.3 Períneo O períneo é a região do tronco abaixo do diafragma pélvico, que recobre a abertura inferior da pelve. Sua porção posterior, denominada trígono anal, contém o canal anal com uma fossa isquioanal em cada lado. Sua porção anterior, denominada trígono urogenital, contém os órgãos genitais externos e porções terminais das vias urogenitais (Figura 2). Os limites do períneo são a sínfise púbica, os ramos inferiores do púbis, os ramos do ísquio, as tuberosidades sacrotuberais e o cóccix (MOORE, 1994). O trígono anal está divido em duas partes simétricas pelo centro tendíneo do períneo, canal anal e ligamento anococcígeo. Estas duas partes laterais são denominadas fossas isquioanais, e são um espaço de forma triangular, preenchido por tecido gorduroso e situado entre a região anal, inferiormente, e o diafragma pélvico, superiormente (Figura 2) (DÂNGELO e FATTINI, 1997). 1 Incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal do parto e prevenir que ocorra um rasgamento irregular durante a passagem do bebê. 2 Caracterizada por gotejamento de urina sempre que a pressão intra-abdominal é elevada (por exemplo: durante os atos de tossir, espirrar e levantar algum objeto). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 22 Figura 2: Períneo, Diafragma da Pelve e Órgãos Genitais Externos. Fonte: Sobotta, 2000. A fáscia superficial do períneo é composta por uma lâmina adiposa e uma lâmina membranosa de tecido conjuntivo subcutâneo que são contínuas sobre o lábio maior, sendo que, a fáscia membranosa fixa-se medialmente à sínfise púbica e lateralmente ao corpo do púbis. A fáscia profunda, funde-se anteriormente com o ligamento suspensor do clitóris e continua-se com a fáscia que cobre o músculo oblíquo externo e a bainha do reto (DÂNGELO e FATTINI, 1997). Os músculos que compreendem a porção superficial do períneo são (Figura 2): músculo transverso superficial do períneo, músculo isquiocavernoso e músculo bulboesponjoso. O músculo transverso superficial do períneo é um músculo fino, que passa na base do espaço superficial do períneo a partir do ramo do ísquio até o corpo perineal e possui Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 23 a função de fixar o centro tendíneo, o músculo isquiocavernoso, origina-se na tuberosidade isquiática e se insere no centro tendíneo e na raiz do clitóris, o qual comprime e auxilia na manutenção da ereção, e o músculo bulboesponjoso, é um músculo largo e fino que se origina no centro tendíneo do períneo, passando de cada lado da vagina e inserindo-se na base do clitóris, auxiliando na sua ereção, é inervado pelo nervo pudendo e têm ação voluntária, sendo constritor da vagina (MOORE, 1994; REIS et al , 2002). 2.1.4 Órgãos Genitais Externos Estes órgãos estendem-se do púbis até o períneo. São eles: o monte do púbis, os grandes lábios, os pequenos lábios, o vestíbulo e o clitóris (Figura 2). O monte do púbis é uma elevação mediana gordurosa e arredondada, anterior à sínfise púbica que consiste principalmente em um coxim de tecido conjuntivo adiposo, situado profundamente à pele. O monte do púbis torna-se revestido por pêlos púbicos durante a puberdade, os quais diminuem após a menopausa. Os grandes lábios são duas pregas cutâneas simétricas que fornecem proteção aos óstios uretral e vaginal que se abem no vestíbulo da vagina. Cada lábio é amplamente preenchido por gordura subctânea e estende-se do monte do púbis até cerca de 2,5 cm do ânus, envolvendo a fenda vulvar. São constituídas por glândulas sebáceas e, na idade adulta, são recobertas por pêlos em sua superfície externa e superior. Os grandes lábios encontram-se anteriormente na comissura anterior dos lábios e não se encontram posteriormente, mas uma ponte transversa de pele denominada comissura labial posterior passa entre eles (MOORE, 1994; REIS et al, 2002). Os pequenos lábios são pregas delgadas e delicadas de pele sem gordura e sem pêlos, localizadas entre os grandes lábios, a cada lado dos óstios da uretra e da vagina. Encontram-se imediatamente acima do clitóris para formar uma prega subcutânea denominada prepúcio e, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 24 em mulheres jovens, encontram-se unidos atrás, por uma pequena prega de pele, o frêmulo dos lábios menores. O frêmulo é freqüentemente lacerado durante o parto ou incisado no curso de uma episiotomia (MOORE, 1994). O vestíbulo da vagina é o espaço entre os lábios menores, evidenciado quando os mesmo são afastados. Em seu interior encontram-se o hímem, o orifício vaginal, o meato uretral e as aberturas dos canais das glândulas de Skene e de Bartholin. Localiza-se sobre o músculo constritor da vagina (bulbocavernoso), que permite à glândula de Bartholin secretar material mucóide durante a excitação sexual. O meato uretral externo está situado sobre uma pequena elevação papilar, localizada a dois centímetros abaixo do clitóris e é através do meato que a urina é excretada. O óstio vaginal está situado abaixo e atrás do meato uretral, o tamanho e aspecto do óstio vaginal varia com a condição do hímen, uma delgada prega da túnica mucosa que circunda o orifício vaginal (MOORE, 1994; REIS et al, 2002). O clitóris é uma estrutura homóloga ao pênis, medindo cerca de 2 a 3 cm de comprimento e está situado atrás da comissura labial anterior, onde os pequenos lábios se encontram. O clitóris consiste em uma raiz e um corpo compostos por dois ramos, dois corpos cavernosos e uma glande. É um pequeno órgão sexual composto por tecido erétil, que aumenta em resposta a um estímulo tátil. É altamente sensível e importante no estímulo sexual da mulher (MOORE, 1994). 2.1.5 Órgãos Genitais Internos Os órgãos genitais internos femininos incluem a vagina, o útero, as tubas uterinas e os ovários (Figura 4). A vagina é um tubo ou bainha musculomembranosa de aproximadamente 7 a 9 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro. Forma a porção inferior do sistema genital feminino e canal do parto, comunicando-se acima com o canal cervical e abaixo com o Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 25 vestíbulo da vagina. Está posicionada posteriormente à uretra e à base da bexiga, e anteriormente ao reto, sendo sustentada principalmente pelos ligamentos cervicais transversos e os músculos elevadores do ânus. Sua musculatura por ser elástica, tem a propriedade de aumentar o diâmetro, permitindo a passagem da criança no momento do parto (MOORE, 1994; POLDEN e MANTLE, 2000). O útero tem a forma de uma pêra invertida e dimensões externas variáveis de 6,5 e 7,5 cm de comprimento e 3 a 4 cm de largura. Localiza-se posteriormente à bexiga e anteriormente ao reto (Figura 3). É um órgão muscular oco, revestido por camadas endometriais em seu interior, fixadas diretamente ao miométrio. Durante a gravidez, o útero aumenta muito para acomodar o embrião e posteriormente o feto (REIS et al, 2002). O útero compõe-se de duas porções principais, os dois terços superiores conhecidos como corpo e o terço inferior denominado colo do útero. Uma pequena constrição denominada istmo marca a junção entre o corpo e o colo do útero. O fundo do útero, que é a parte superior arredondada do corpo, localiza-se acima da linha que une os pontos de entrada das tubas uterinas. As regiões do corpo onde as tubas uterinas entram são denominadas cornos. Como se projeta para a vagina, o colo do útero é dividido em porção vaginal e supravaginal. A porção vaginal arredondada comunica-se com a vagina através do óstio externo do útero. A parede o útero compõe-se de três camadas, a camada serosa externa, denominada perimétrio, que consiste em peritônio sustentado por uma fina camada de tecido conjuntivo; a camada muscular média, designada miométrio, que consiste de 12 a 15 mm de músculo liso; e a camada mucosa, interna, denominada endométrio, firmemente aderida ao miométrio subjacente. O útero possui uma face vesical relacionada à bexiga e uma face intestinal relacionada ao intestino (MOORE, 1994). O útero normal é um órgão parcialmente móvel. O colo está fixado, mas o corpo é livre para movimentar-se no plano antero-posterior. A principal sustentação do útero é o assoalho pélvico e um conjunto de ligamentos, entre eles: ligamentos redondos, ligamentos Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 26 uterossacros, ligamentos largos e ligamentos cardinais ou cervicais transversos (REIS et al, 2002). Durante as quatro primeiras semanas de gestação do útero é um órgão exclusivamente pélvico, com 12 semanas torna-se perceptível sua palpação no abdome (Figura 3). A espessura do miométrio alcança 25 mm nos primeiros meses, se mantendo até o quarto e quinto mês, daí por diante a ampliação da cavidade uterina dá-se por crescimento de todo o órgão. O aumento da massa do miométrio decorre de hipertrofia 3 e hiperplasia4 dos elementos musculares e aumento do tecido conectivo (REZENDE, 2002). 3 4 Aumento do volume dos elementos musculares preexixtentes. Crescimento quantitativo de miócitos. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 27 Figura 3: Útero com Feto e sua Localização entre a Bexiga e o Reto. Fonte: Sobotta, 2000. Figura 4: Órgãos Genitais Internos. Fonte: Sobotta, 2000 As tubas uterinas conectam os ovários com o útero. Cada tuba abre-se em sua extremidade proximal no corno do útero e, em sua extremidade distal, na cavidade peritoneal, próximo ao ovário. Possuem cerca de 10 a 12 cm de comprimento e são divididas em quatro segmentos: o infundíbulo é a abertura afunilada da extremidade distal da trompa, que se abre na cavidade abdominal, suas bordas possuem 20 a 30 fímbrias, que durante a ovulação captam o ovócito e conduzem-no até a ampola; a ampola, logo após o infundíbulo, é larga, tortuosa e tem paredes delgadas, que se prolongam em direção ao istmo, é o local onde geralmente ocorre a fertilização do ovócito pelo espermatozóide; o istmo possui de 1 a 2 cm de comprimento, é mais estreito que a ampola e possui paredes espessas que estende até a parede uterina; e a porção uterina da tuba é o segmento curto que passa através do miométrio espesso e abre-se através do óstio uterino para a cavidade uterina (MOORE, 1994; REIS et al, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 28 O ovário é um órgão par, em forma de amêndoa, situados um de cada lado útero e para baixo das tubas uterinas. Produzem óvulos e secretam estrogênio e progesterona, através do comando da hipófise anterior (POLDEN e MANTLE, 2000). A extremidade superior do ovário está conectada à parede lateral da pelve pelo ligamento suspensor do ovário e fixado ao útero por uma faixa de tecido fibroso, o ligamento do ovário. Antes da primeira ovulação ovário é liso e rosado, depois torna-se branco-acinzentado e rugoso devido às cicatrizes deixadas pelas subseqüentes ovulações. Na velhice diminuem de tamanho (DÂNGELO e FATTINI, 1997). 2.1.6 Mamas As mamas são anexos da pele, pois seu parênquima é formado de glândulas cutâneas modificadas que se especializam na produção de leite após a gestação. Localizam-se entre o esterno e a região axilar, lateralmente e abaixo da região infraclavicular, estendendo-se da segunda à sexta costelas. Situam-se na superfície anterior do tórax e se sobrepõem aos músculos peitorais (MOORE, 1994). A arquitetura da mama é constituída de parênquima ou glândula mamária, estroma e pele. A glândula mamária é composta de 15 a 20 lóbulos de tecido glandular, que ao conjunto desses lóbulos dá-se o nome de corpo da mama, que pode ser sentido pela palpação como uma região de consistência mais firme que das áreas vizinhas. Cada lóbulo se abre por um ducto separado, desembocando no seio lactífero, onde o leite se acumula no ápice da papila mamária (Figura 5). O estroma, de tecido conjuntivo, envolve cada lobo e o corpo mamário como um todo. Predomina o tecido adiposo e este é sustentado por inúmeras trabéculas de tecido conjuntivo denso. A pele, dotada de glândulas sebáceas e sudoríparas, é muito fina e onde se notam por transparência veias superficiais (DÂNGELO e FATTINI, 1997). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 29 A forma da mama é geralmente cônica, mas há muita variação dependendo da quantidade de tecido adiposo, do estado funcional (gestação, lactação) e da idade. A papila mamária é uma projeção onde desembocam os 15 a 20 ductos lactíferos dos respectivos lóbulos da glândula mamária, é composta principalmente de fibras musculares lisas, podendo tornar-se rija. Ao redor da papila há uma área de maior pigmentação denominada aréola mamária, onde existem glândulas sudoríparas e sebáceas, estas formando pequenos tubérculos. (DÂNGELO e FATTINI, 1997). Durante a gravidez, as mamas sofrem alterações devido as ações dos hormônios que são liberados no organismo feminino, provocando o crescimento e desenvolvimento das mesmas e preparando-as para produzir e armazenar leite. A aréola torna-se mais escura e retém esta cor posteriormente (REIS et al, 2002; DÂNGELO e FATTINI, 1997). Figura 5: Corte Sagital da Mama. Fonte: Sobotta, 2000. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 30 2.2 Modificações Gerais do Organismo Materno A gestação normal está associada a ajustes fisiológicos e anatômicos que acarretam acentuadas mudanças no organismo materno necessárias ao perfeito crescimento e desenvolvimento fetal. Desde o início da gravidez, estas mudanças afetam o funcionamento habitual dos sistemas circulatório, respiratório, digestivo, urinário, músculo-esquelético, entre outros, sendo este um processo de transformações e adaptações que em algumas mulheres trazem conseqüências que podem resultar em dor e limitações em suas atividades diárias (ALMEIDA e SOUZA, 2002). 2.2.1 Sistema Endócrino O sistema endócrino está envolvido em mudanças significativas na gravidez. Essas alterações são moduladas, em parte, pelos ovários e unidade fetoplacentária e pelas glândulas endócrinas da mãe. A placenta pode ser considerada como o principal órgão endócrino da gravidez, isoladamente ou em conjunto com o feto, modula a homeostase da mãe e do feto (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). 2.2.1.1 Progesterona Existem três progestágenos biologicamente ativos produzidos na placenta, sendo a progesterona o principal, mais abundante e mais biologicamente ativo, os outros dois são derivados de 20-alfa (á) e 20-beta (â)-hidroxilados de progesterona e muito menos ativos e produzidos em pequenas quantidades (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). A progesterona Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 31 é produzida primeiro pelo corpo lúteo, depois pela placenta, utilizando-se do colesterol materno como fonte primária (VALADARES, 2002). No corpo lúteo são produzidos cerca de 30 mg por dia até a 10ª semana de gestação, depois disto declina. A placenta começa um aumento da produção de progesterona em aproximadamente 10 semanas, o que de início suplementa aquela do corpo lúteo e depois assume completamente o papel. A quantidade produzida cresce abruptamente de aproximadamente 75 mg por dia em 20 semanas para 250300 mg por dia em 40 semanas (POLDEN e MANTLE, 2000). Os efeitos mais profundos da progesterona incluem a conversão do endométrio proliferativo em endométrio secretor e em seguida para decídua, redução da tonicidade da musculatura lisa em órgãos maternos, levando a alterações no estômago, cólon, bexiga, ureteres, vasos sangüíneos, entre outros, aumento da temperatura corpórea, depósito de gordura, estímulo da natriurese, e por sua vez, produção aumentada de aldosterona, desenvolvimento das células alveolar e glandular produtoras de leite e estimula o centro respiratório, aumentando a freqüência e a amplitude respiratórias (VALADARES, 2002; PRITCHARD e MACDONALD, 1983). A progesterona talvez participe do equilíbrio da secreção de HCG e contribua ao metabolismo ósseo em interação com receptores de glicocorticóides (REZENDE e LINHARES, 2002). 2.2.1.2 Estrogênio Os estrogênios são produzidos primeiro pelo corpo lúteo, assim como a progesterona, este suprimento é gradualmente substituído pela placenta, alcançando uma produção de aproximadamente 5 mg por dia em 20 semanas e 50 mg por dia em 40 semanas. Muitos estrogênios são produzidos na placenta, entre eles o estradiol, estetrol e estriol, sendo o último, produzido em consideráveis quantidades pela unidade fetoplacentária e excretado na Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 32 urina materna (POLDEN e MANTLE, 2000). Os estrogênios estão diretamente relacionados com a retenção hídrica, que pode associar-se à ação compensatória de retenção de sódio e ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, aumento da camada intermediária da mucosa vaginal, glicogênio e flora Doederlein, flexibilidade das articulações pélvicas, crescimento do útero e ductos mamários, homeostase do calcário no sistema músculoesquelético e preparo para a lactação, juntamente com a prolactina atuando nos ductos mamários (VALADARES, 2002; POLDEN e MANTLE, 2000). Estimulam os receptores do colesterol LDL na placenta atuam na clivagem do colesterol para o início da esteroidogênese e, conseqüentemente, promovem a secreção de progesterona, ao mesmo tempo, estimulam a produção de colesterol no fígado fetal, necessário à formação de esteróides pela córtice suprarenal do feto (REZENDE e LINHARES, 2002). 2.2.1.3 Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG) É uma glicoproteína de baixo peso molecular, secretada pelo sinciciotrofoblasto, cuja regulação e algumas funções são enigmáticos. A síntese de HCG inicia-se antes mesmo da nidificação, e em tal intensidade que ao contacto do ovo com o organismo materno, níveis circulantes podem ser rastreados de imediato, antes do estabelecimento da amenorréia denunciadora da gestação. As taxas de HCG no sangue materno duplicam-se a cada 72 horas, permitindo sua utilização no diagnóstico da gravidez com uma sensibilidade acima de qualquer outro parâmetro, laboratorial ou não (REZENDE e LINHARES, 2002). Os níveis de HCG aumentam rapidamente nos estágios iniciais da gravidez, atingindo um máximo entre oito e dez semanas de idade gestacional, depois, existe uma redução relativamente rápida até 18 semanas e, a partir daí, os níveis permanecem constantes, com ligeiro aumento até o termo. (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 33 O HCG tem um papel fundamental na manutenção do corpo lúteo da gravidez, impedindo a morte e eliminação do endométrio e determinando a amenorréia, sua função depois de oito semanas é mal compreendida, especulando-se que o HCG tenha um papel no desenvolvimento fetal como indução da secreção fetal de testosterona a partir das células de Leydig dos testículos ou função reguladora para a zona adrenal fetal. Outras atividades ainda não confirmadas são a inibição da motilidade uterina e ação imunosupressora sobre os linfócitos T, tornando-os menos aptos a rejeitar o enxerto heterológico representado pelo feto. Depois do parto os valores séricos caem a menos de 1Ul/ml em 96 horas (BARBOSA, 1981). 2.2.1.4 Relaxina É um hormônio peptídico somente observado em mulheres grávidas. É produzido nos primeiros estágios da gravidez pelo corpo lúteo e a partir da 12ª semana em diante, pela placenta. A relaxina está presente no organismo materno desde a segunda semana de gestação, sendo produzida em grandes quantidades durante o primeiro trimestre, depois reduz em cerca de 20%, continuando a ser produzido até o nascimento (DIFIORE, 2000). A finalidade da relaxina é proporcionar a substituição gradual do colágeno em tecidos alvo (articulações pélvicas, cápsulas articulares, cérvix) com uma forma remodelada e modificada que tem uma maior extensibilidade e flexibilidade, inibir a atividade miotrial durante a gravidez, e ainda pode ter um papel na marcante habilidade do útero em distender-se, na produção do tecido conjuntivo de suporte adicional necessário para o crescimento das fibras musculares, no amadurecimento cervical e no crescimento mamário (POLDEN e MANTLE, 2000). A produção da relaxina cessa depois do parto, visto que a placenta é o principal responsável pela sua produção. Entretanto, os efeitos da relaxina sobre o colágeno podem Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 34 persistir por até cinco meses depois do parto, embora se reduzam bastante durante esse período (DIFIORE, 2000). 2.2.1.5 Lactogênio Placentário Humano (HPL) É um polipeptídio secretado pelo sinciciotrofoblasto. O nível de HPL na circulação materna correlaciona-se com o peso fetal e placentário até as últimas quatro semanas de gestação. Produz-se em intensidade não alcançada por qualquer outra secreção hormonal (1 a 2 gramas por dia) e destina-se, sobretudo, ao organismo materno, sendo mínimos os teores encontrados no feto. Na gravidez, o HPL exerce atividade metabólica, promovendo (ao lado do cortisol) a mobilização das reservas hepáticas de glicogênio, e conseqüente aumento da glicose circulante (REZENDE e LINHARES, 2002). Na segunda metade da gravidez, as concentrações de HPL sobem 10 vezes e constituem uma força importante nos efeitos diabetogênicos (VALADARES, 2002). Sendo estreitamente relacionado ao HCG, as atividades de LPH envolvem lipólise, retenção de nitrogênio, hiperinsulinismo e resistência periférica à insulina na gestação, todos reconhecidamente como efeitos diabetogênicos, além de estimular o desenvolvimento histológico dos alvéolos mamários e a síntese da caseína (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). A concentração plasmática tem sido usada para avaliar a evolução da gestação através da função do sincício do qual provém. Valores abaixo dos normais são encontrados na toxemia da gravidez, doença hipertensiva, fetos pequenos para a idade gestacional e outros Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 35 estados em que há insuficiência placentária. Valores acima dos normais são encontrados na gestação gemelar e nas pré-diabéticas e diabéticas e na isoimunização pelo Rh com fetos hidrópicos. Os níveis plasmáticos maternos dosados em nanogramas oscilam entre 0,3 ng/ml no primeiro trimestre e 5,4 ng/ml a termo, dosagens repetidas com níveis inferiores a 4 ng/ml denotam grandes possibilidades de riscos fetais no parto (BARBOSA,1981). 2.2.1.6 Prolactina Esse hormônio é secretado pela hipófise anterior da mãe, e sua concentração sangüínea aumenta uniformemente desde a quinta semana de gestação até o nascimento da criança, quando apresenta elevação de 10 a 20 vezes em relação ao nível normal não-gravídico (GUYTON e HALL, 2002). A prolactina é responsável pelo crescimento da glândula mamária na gravidez e ocupa um papel importante no metabolismo hidrossalino, no metabolismo lipídico, na função renal e no metabolismo da glicose, influenciando na cinética de reações enzimáticas importantes. Além disso, é provável que a ação da prolactina na mediação da síntese de lactalbumina seja inibida durante o curso da gravidez pelo hormônio esteróide-progesterona, que, após o parto, com a remoção da influência inibitória da progesterona, pode prosseguir a lactação. Durante o início da lactação existem surtos pulsáteis de secreção de prolactina, em resposta à sucção (PRITCHARD e MACDONALD, 1983). A hipófise fetal produz prolactina e no termo a concentração média na veia umbilical é superior à do sangue materno. Não é conhecido o papel fisiológico da prolactina fetal, tendo sido sugerida uma participação na maturação pulmonar (REZENDE e LINHARES, 2002). A prolactina também se encontra no líquido amniótico, sendo o nível muito maior do que no Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 36 sangue materno ou fetal. Tudo indica que esta prolactina produzida localmente participa da regulação osmótica do volume de líquido amniótico (DELASCIO e GUARIENTO, 1981). 2.2.1.7 Ocitocina A ocitocina é produzida pelos núcleos paraventricular e supra-ótico do hipotálamo e armazenada no lobo posterior. Os níveis de ocitocina são altos no sangue arterial do cordão umbilical e máximos no parto vaginal e menores antes do início do parto. Como atravessa facilmente a barreira placentária, uma de suas funções é atingir o miométrio para produzir contrações e determinar o parto. Também produz contrações nas células mioepiteliais da mama, que promovem a ejeção do leite dos alvéolos para os ductos mamários. Durante a gestação, a placenta produz uma enzima a ocitocinase que aumenta progressivamente e inativa a ocitocina no plasma (BARBOSA, 1981). O mecanismo da ejeção de leite atua da seguinte maneira: os estímulos de sucção do mamilo produzem sinais que são transmitidos, através dos nervos sensitivos, até os neurônios de ocitocina nos núcleos paraventriculares e supra-ópticos do hipotálamo, causando a liberação de ocitocina pela hipófise posterior. A ocitocina é, então, transportada pelo sangue até as mamas, onde provoca a contração das células mioepiteliais situadas fora do alvéolos, que formam uma rede que circunda os alvéolos das glândulas mamárias. Em menos de 1 minuto após o início da sucção, o leite começa a fluir (GUYTON e HALL, 2002). 2.2.1.8 Hormônio Folículo Estimulante (FSH) e Hormônio Luteinizante (LH) O FSH é uma proteína facilmente hidrossolúvel. Durante o ciclo menstrual normal, antes da ovulação, os níveis de FSH permanecem relativamente constantes ou se alteram Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 37 apenas ligeiramente até imediatamente antes da ovulação, quando os níveis se elevam ligeiramente. Por ocasião da ovulação, qualquer aumento anterior do nível de FSH retrocede a níveis quase basais. Durante o restante do ciclo ovariano os níveis de FSH permanecem baixos e se elevam novamente imediatamente antes da menstruação coincidindo com o aumento do hormônio luteinizante. O FSH é indispensável para a produção do estrogênio pelo ovário, produz crescimento dos folículos ovarianos, desenvolvimento do antro e aumento do peso ovariano (PRITCHARD e MACDONALD, 1983). O LH é conhecido como hormônio estimulante das células intersticiais, e da mesma forma que o FSH, é uma proteína altamente hidrossolúvel. Os níveis de LH no plasma se elevam agudamente 12 a 24 horas antes da ovulação e alcançam um máximo aproximadamente 8 horas mais tarde (PRITCHARD e MACDONALD, 1983). O LH estimula as células tecais e da granulosa á síntese de estrogênio e progesterona. Sinergicamente ao FSH, atua na maturação folicular, na ruptura do folículo (ovulação) e formação do corpo lúteo (BARBOSA, 1981). As taxas de FSH e LH estão reduzidas na gestação a um mínimo titulável e igualmente baixo, sendo o teor sangüíneo do hormônio de crescimento, assim se conservando por toda a gravidez. Isso ocorre porque a ovulação está suspensa e o aparelho folicular não irá se desenvolver (REZENDE e LINHARES, 2002). 2.2.2 Sistema Músculo-esquelético A ação dos hormônios durante a gravidez, especialmente o estrogênio, que promove o crescimento do útero e dos ductos mamários, a progesterona, diretamente responsável pela diminuição do tônus de músculos involuntários, e a relaxina, promotora de uma síntese de colágeno, que é substituído em tecidos-alvo, parecem ser responsáveis pelo grande número de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 38 alterações músculo-esqueléticas que ocorrem neste período (ALMEIDA e SOUZA, 2002; POLDEN e MANTLE, 2000). O útero em constante crescimento, embora um órgão muscular que não pertence ao sistema músculo-esquelético em si, é a principal causa das alterações que acometem a estática e a dinâmica do esqueleto da gestante. De um órgão estritamente pélvico com 12 semanas, o útero torna-se um órgão abdominal e suas dimensões aumentam 150 vezes durante a gestação, sua capacidade aumenta mais de 1.000 vezes e seu peso aumenta até 20 vezes no termo, contribuindo em média, com 6 Kg ao ganho de peso materno (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). Segundo Almeida e Souza (2002), o crescimento abdominal e das mamas tem como principais conseqüências, a alteração do centro de gravidade para frente e alterações posturais como sobrecarga de peso nos pés e diminuição do seu arco longitudinal medial, hiperextensão de joelhos, para o tensão freqüente anteversão aumento da da musculatura haver má corporal sobre os pés, principalmente a região pélvica, concorrendo hiperlordose lombar paravertebral, distribuição e sendo do peso sobrecarregando do calcâneo (Figura 6). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 39 Figura 6: Alterações Posturais da Gestante. Fonte: Da autora (2004). Para manter a linha de visão e também compensar a lordose lombar, a grávida aumenta a flexão anterior da coluna cervical, além de andar curvada com abdução dos ombros. A estabilidade de uma gestante é obtida à custa de uma carga aumentada sobre os músculos e ligamentos da coluna vertebral (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). A cintura pélvica também se altera durante a gravidez, os ossos que compõem a pélvis são mantidos juntos pela fibrocartilagem com pequenas cavidades articulares sinoviais e reforçada pelos ligamentos púbico e sacroisquiático. O amolecimento da cartilagem e o aumento do fluido da sinóvia e do espaço sinovial ampliam as articulações pélvicas, resultando em uma mobilidade articular aumentada e uma pélvis instável refletida em marcha gingada. Alterações semelhantes às estas ocorrem em outras articulações e músculos (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). No terceiro trimestre da gravidez, a gestante apresenta mobilidade reduzida nas articulações dos tornozelos, pés e punhos apesar do aumento do relaxamento dos ligamentos. Essas alterações são provocadas pela retenção de água, principalmente na substância básica do tecido conjuntivo, resultando em edema visível (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 40 A marcha da gestante possui passos mais curtos, base de sustentação alargada e maiores ângulos que formam os pés com a linha mediana, sendo denominada de marcha anserina, semelhante a oscilante deambulação dos gansos (REZENDE, 2002). 2.2.3 Sistema Cardiovascular As modificações hemodinâmicas e cardíacas que ocorrem durante a gestação guardam íntima relação com o resultado perinatal. A hipervolemia fisiológica da gravidez garante o suporte de oxigênio e nutrientes para o feto e protege a mãe contra os efeitos danosos da diminuição do retorno venoso, decorrente da compressão uterina durante a gestação e da perda sangüínea no parto. Gestantes com volemia inalterada ou pouco aumentada, no período da embriogênese, têm fetos com restrição de crescimento intra-útero (BORGES et al, 2001). Anatomicamente, a crescente elevação do diafragma desloca o coração para uma posição que se aproxima da transversal. O ápice do coração move-se para cima e para a esquerda e roda ligeiramente para frente. Tem-se sugerido haver também hipertrofia cardíaca, mas não está claro que a contratilidade cardíaca se intensifica durante a gravidez (REZENDE, 2002). Segundo Rezende (2002) e Valadares (2002), as alterações mais expressivas ocorrem no débito cardíaco e na distribuição dos fluxos sangüíneos regionais, sendo de menor monta as repercussões na freqüência cardíaca e na pressão arterial. O débito cardíaco começa a aumentar desde o primeiro trimestre, a princípio rapidamente, depois mais lento e atinge seu máximo (aumento de 30 a 50%) provavelmente antes da vigésima semana e assim se mantém até o final da gestação (DELASCIO e GUARIENTO, 1981). Durante o trabalho de parto, o débito cardíaco supera os níveis do termo (cerca de 15-30%), devendo ser avaliados os fatores maternos relacionados com as Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 41 contrações uterinas: dor, ansiedade, posição em decúbito lateral esquerdo, ejeção materna adicional de 300 a 500ml de sangue na circulação, sendo que este aumento é melhor evidenciado no período propulsivo. O débito cardíaco aumenta no pós-parto, porém cai rapidamente a valores que se aproximam do pré-gestacional num curto período (VALADARES, 2002). Esta elevação está associada a uma redução na resistência vascular periférica devido a atuação da progesterona que age no músculo liso das paredes dos vasos sangüíneos para produzir uma leve hipotonia e vasodilatação (REZENDE, 2002; POLDEN e MANTLE, 2000). Na gestação, há uma elevação do volume sangüíneo total em cerca de 40 a 50%, como decorrência do aumento tanto do volume plasmático quanto da massa total de eritrócitos e leucócitos na circulação. O volume plasmático eleva-se progressivamente a partir da sexta semana de gestação, aumentando cerca de 50% durante todo o período gestacional. Expandese mais rapidamente durante o segundo trimestre, alcançando o pico em torno da 24ª semana. A partir de então ocorre um pequeno aumento, estabilizando-se em platô até o final da gestação, em torno da 32ª a 34ª semanas. A expansão do volume plasmático levaria à necessidade de aumento do espaço vascular para conter esse maior volume e isto seria alcançado com a diminuição da resistência periférica . A produção eritrocitária e os níveis de eritropoetina encontram-se elevados durante a gestação normal, enquanto a massa eritrocitária permanece constante em relação ao peso corporal durante o período gestacional (SOUZA, FILHO e FERREIRA, 2002). A freqüência cardíaca intrínseca de adultos saudáveis é, em média, de aproximadamente 110 batimentos/minuto. É normalmente suprida pelo tônus vagal e mantida no mínimo em repouso pelo estímulo adrenérgico. Na gestação, a freqüência cardíaca materna apresenta-se elevada em relação aos valores pós-parto nos três trimestres. Não se sabe se o mecanismo é uma elevação na freqüência intrínseca, uma redução no tônus vagal, um Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 42 aumento no estímulo adrenérgico ou uma combinação entre eles. A importância da taquicardia relativa reside em duas áreas. Primeiro, a freqüência cardíaca aumentada eleva as necessidades de oxigênio do miocárdio, em segundo lugar, a freqüência cardíaca em repouso aumentada diminui o incremento de débito, que pode ocorrer com exercício máximo se a freqüência cardíaca máxima for inalterada; a capacidade de trabalho máxima diminui (MORTON, 1999). A pressão sangüínea diminui já no primeiro trimestre. Ocorre uma leve diminuição na pressão sistólica e uma diminuição maior na pressão diastólica. A pressão sangüínea atinge seu nível mais baixo aproximadamente na metade da gestação, depois vai subindo gradualmente até atingir o nível anterior à gestação aproximadamente seis semanas após o parto. Embora o débito cardíaco aumente, a pressão sangüínea diminui devido à distensibilidade venosa (KISNER e COLBY, 1998). Durante a gravidez normal há alterações do endotélio vascular, do fluxo sangüíneo, dos fatores coagulantes e anticoagulantes e da fibrinólise. Estas modificações se iniciam a partir da 10a semana de gestação, coincidindo com a elevação do estrogênio e da progesterona, possíveis elementos causais. Tais alterações podem refletir mecanismos adaptativos, mas podem gerar um estado de hipercoagulabilidade, resultando no desenvolvimento de trombose (SOUZA, FILHO e FERREIRA, 2002). As adaptações fisiológicas na circulação materna podem produzir na gestante normal manifestações comparáveis às de cardiopatia orgânica como: dispnéia, taquicardia e palpitações em repouso ou aos leves esforços, edema de membros inferiores, bulhas e sopros cardíacos e síndrome da hipotensão supina (DELASCIO e GUARIENTO, 1981). 2.2.4 Sistema Respiratório Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 43 As alterações no sistema respiratório são extensas, incluindo alterações anatômicas e funcionais. Essas mudanças ocorrem muito precocemente devido a influência hormonal, principalmente a progesterona, mesmo antes que o útero em crescimento prejudique a ventilação (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). Anatomicamente, as alterações estão relacionadas com a aproximação do útero gravídico ao diafragma. Próximo ao termo pode deslocar o diafragma para cima em torno de 4cm, atuando com maior intensidade na gravidez gemelar, poliidrâmico ou feto macrossômico (VALADARES, 2002). A pressão do feto para cima também afeta as costelas fazendo-as dilatar, a cintura costal inferior materna é aumentada, geralmente de 10-15cm, assim como o ângulo subcostal, progressivamente crescente desde aproximadamente 68º no início da gravidez até 103º no final da gravidez. Parece provável que a relaxina hormonal torne mais móveis as junções costocondrais. Por causa disso, a excursão respiratória está limitada nas bases do pulmão e o maior movimento é observado nas regiões apical e mesocostal, e as gestantes freqüentemente experimentam consideráveis falta de fôlego, mesmo em esforços modestos (POLDEN e MANTLE, 2000). Hofbauer (apud Delascio e Guariento, 1981), encontrou em 75% das gestantes, eritema e edema da mucosa das cordas vocais e da região interaritenóidea, ocorrendo muitas vezes obstrução nasal, alteração da voz e maior sensibilidade a processos broncopulmonares. Observam-se alterações funcionais respiratórias significativas na gestação. Existe um aumento gradual de até 40% no volume corrente (VC), de 500ml no estado não-gravídico para aproximadamente 700ml no final da gravidez, como a capacidade vital é muito pouco alterada, a alteração em VC precisa ser à custa de outros volumes pulmonares funcionais como o volume de reserva expiratório (VRE) que diminui em aproximadamente 200ml, enquanto o volume residual (VR) em 300ml, reduzindo a capacidade funcional de reserva (VR + VRE) em 500ml Isto significa que, ao final de uma expiração tranqüila, existe menor Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 44 reserva de oxigênio no pulmão e, portanto, capacidade reduzida para suportar períodos de apnéia (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). A média respiratória de repouso aumenta de 15 para 18 respirações por minuto, com decréscimo de 20 a 25% da tensão de dióxido de carbono. A ventilação minuto, em repouso, aumenta significativamente durante a gravidez, cerca de 42%, e representa a modificação mais importante na função pulmonar. O aumento da ventilação minuto não se acompanha de aumento significante da freqüência respiratória, como a ventilação do espaço morto não se modifica durante a gravidez, a ventilação alveolar, aumenta de 65% por minuto (DELASCIO e GUARIENTO, 1981). A alteração clínica mais observada nas gestantes, cerca de 60-70%, é a dispnéia, podendo apresentar-se em repouso ou durante exercício e muitas vezes ocorre durante o primeiro e o segundo trimestre de gestação, mas também pode ser episódica. São várias as hipóteses para seu aparecimento, tais como: percepção do volume-minuto elevado, devido a combinação da produção aumentada de CO2 e hiperventilação alveolar; esforço respiratório aumentado, devido as alterações mecânicas do aparelho respiratório e alteração na percepção da respiração normal (MACHADO e AROEIRA, 1998). Cerca de 30% das gestantes apresentam sintomas de rinite associados com edema de mucosa, hiperemia e hipresecreção. A rinite da gestação inicia-se próximo ao final do primeiro trimestre, torna-se mais intensa no terceiro trimestre e desaparece dentro de 48 horas após o parto. Geralmente sua ocorrência é atribuída a efeitos diretos do estrogênio e efeitos indiretos do volume sangüíneo (MACHADO e AROEIRA, 1998). 2.2.5 Sistema Gastrintestinal Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 45 Distúrbios do sistema gastrintestinal constituem problemas freqüentes em gestações normais. A gravidez exerce pouca ou nenhuma influência sobre a secreção ou a absorção gastrintestinal, mas grande efeito sobre a sua motilidade (REZENDE, 2002). A peristalse esofagiana tem uma velocidade de onda mais lenta e amplitude menor, as respostas do esfíncter esofágico inferior a estímulos hormonais farmacológicos e fisiológicos são reduzidas. Além disso, a pressão intraesofágica apresenta-se reduzida, enquanto a pressão intragástrica é ligeiramente elevada em comparação ao estado não-gravídico, reduzindo a pressão de barreira. À medida que a gestação progride, o útero em crescimento desloca o estômago e os intestinos, e todas estas alterações favorecem o refluxo gastroesofágico e resultam em indigestão e regurgitação freqüentes. Existe uma redução no tônus e motilidade do trato gastrintestinal devido às alterações hormonais que levam a diminuição do tônus da musculatura lisa, resultando em prolongamento do tempo de esvaziamento gástrico e retardo do trânsito intestinal, sendo a obstipação uma queixa comum. Há fortes evidências de que a secreção gástrica diminui, uma vez que é rara a verificação de úlcera péptica durante o período gestacional (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). O fígado eleva-se progressivamente para trás do gradil costal, em decorrência do aumento uterino. Em paralelo se observa alteração funcional das vias biliares despontando a estase biliar, dilatação dos ductos biliares, infiltração intra-hepática de gordura, elementos que definem o quadro da colestase intra-hepática, mas que retratam apenas um esforço do fígado para equilibrar o aumento no metabolismo geral da gestante (PEIXOTO, 1979). Mais da metade das gestantes refere aumento do apetite e da sede, mudam os hábitos alimentares, e relatam a preferência ou aversão por determinados ingredientes. As gengivas apresentam-se, muitas vezes, hiperemiadas e edemaciadas, sangrando com facilidade (REZENDE, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 46 2.2.6 Sistema Urinário A presença de HCG na urina no começo da gravidez forma a base do teste de gravidez, o nível cai depois de 12 semanas de gestação. Do começo ao fim da gravidez há um aumento no suprimento de sangue para o trato urinário a fim de enfrentar as necessidades adicionais do feto para a perda de disposição (POLDEN e MANTLE, 2000). Cerca de 80% das mulheres grávidas tem dilatação significante de ambos os ureteres e pelves renais, que se inicia precocemente por volta da décima semana, esta dilação é principalmente observada no lado direito provavelmente devido a destro-rotação normal que ocorre no útero grávido. As veias ovarianas participam da obstrução mecânica dos ureteres retardando o fluxo de urina e predispondo à infecção urinária. A bexiga é progressivamente elevada pelo útero aumentado, principalmente nos dois últimos trimestres de gestação, tornando-se um órgão intra-abdominal, a área do trígono pode ser estirada a ponto de determinar incompetência das válvulas ureterovesicais, com conseqüente refluxo também ureterovesical, outro fator predisponente de infecção urinária ascendente. A parede da bexiga e sua mucosa ficam hiperemiadas, processo generalizado em toda a pelve, durante a gravidez (REZENDE, 2002). A presença útero gravídico no início do terceiro trimestre em continuidade com a bexiga e a presença do pólo cefálico no terceiro trimestre associam-se a um desejo miccional e há incontinência característica (VALADARES, 2002). O fluxo plasmático renal aumenta cerca de 45% em relação aos valores pré-gravídicos, atingindo, em média, 725 ml/min no início do segundo trimestre, a taxa de filtração glomerular altera-se cedo na gravidez, aumentando cerca de 60%. Esse aumento na taxa de filtração glomerular determina que maior quantidade de substância se apresente aos túbulos renais, isto é, está elevada a depuração renal. Assim, as concentrações de uréia e creatinina estão diminuídas no sangue, a quantidade de glicose filtrada sobe 50% e a habilidade do rim Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 47 absorvê-la permanece igual, tornando-se trivial a presença dessa substância na urina (glicosúria fisiológica ou renal), é freqüente a excreção de aminoácidos na urina e entram em jogo os mecanismos compensatórios (sistema renina-angiotensina-aldosterona), responsáveis pela retenção sódica (REZENDE, 2002). 2.2.7 Sistema Nervoso A gestante apresenta muitas manifestações suscetíveis de serem atribuídas ao sistema nervoso central ou neurovegetativo: distúrbios passageiros nas funções motoras, sensitivas ou mentais, como tremores, contraturas, convulsões, hiperêmese, parestesias, hipotonia gastrintestinal e vesical, alterações vasomotoras, etc. Para Rezende (2002), os grandes integradores das funções orgânicas, os sistemas endócrino e nervoso, comportam-se de modo complexo e, ainda obscuro, para que, atualmente, possa ser compreendido o papel específico de cada um. A gestante apresenta alterações significativas nos sentido de percepção, observando-se contração concêntrica definida dos campos de forma e cor e também aumento do ponto cego durante a gravidez, com um retorno normal de aproximadamente 10 dias após o parto. A sensibilidade da córnea e sua alteração topográfica são mais provavelmente secundárias ao edema, razão para se não prescrever novas alterações ópticas até algumas semanas depois do parto. Aguçamento ou borramento dos sentidos do paladar e do olfato podem ser responsáveis pelos desejos e aversões em relação a certos alimentos durante a gravidez. O tempo de reação e força de membros superiores, especialmente quando são necessários movimentos rápidos e deslocamento no equilíbrio, pode ser afetado durante a gravidez, tendo implicações em segurança, tanto para o trabalho quanto para os exercícios (ROMEM, MASAKI e ARTAL, 1999). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 48 A mulher grávida apresenta reações neuropsíquicas, dentre as quais se destaca o vômito. A irritabilidade, a melancolia, o medo, que chega a ser pânico, a tocofobia devem ser interpretados com tato para não se agravar o sofrimento e angústia da paciente. O caráter e a afetividade modificam-se de modo sensível. Pode dar-se uma inversão na esfera da emotividade, tornando-se a gestante irritável e agressiva para com o marido e pessoas para as quais tinha predileção e simpatia. Naturalmente, o fator inconsciente intervém poderosamente, deixando a mulher apreensiva pelas responsabilidades que lhe vão caber (DELASCIO e GUARIENTO, 1981). 2.3 Síndromes Dolorosas na Gestação Para a grande maioria das gestantes, a gravidez é a primeira vez em suas vidas em que elas sentem tantas dores diferentes. Pode ser também a primeira que elas terão que lidar com médicos em um ambiente hospitalar e, eventualmente, novamente pela primeira vez, que se tornarão pacientes internas. Talvez seja devido a esses fatores, que os chamados males menores da gravidez podem assumir uma grande importância, em geral, fora de toda a proporção de seu significado. Freqüentemente, basta uma explicação clara e conseqüente compreensão dos motivos por detrás desses problemas para ajudar a futura mãe a enfrentá-los (POLDEN e MANTLE, 2000). O bem-estar físico relaciona-se à ausência ou a mínimos graus de doença, incapacidade ou desconfortos, relacionados principalmente, ao sistema músculo-esquelético. O desconforto músculo-esquelético é, mais comumente, definido por um fenômeno de percepção física desagradável relacionado a fadiga aguda e sobrecarga física. Sua identificação pode ser feita através de relatos objetivos, como questionários específicos, a Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 49 partir de avaliações da ocorrência (presença ou ausência) e das características dos sintomas, tais como: o local, o tipo, a intensidade, a freqüência e a duração do desconforto. Mais intensos e freqüentes no final da gestação, os desconfortos músculo-esqueléticos podem se manifestar por sensações de peso ou “repuxos” (DE CONTI et al, 2003). Claramente, portanto, as alterações que ocorrem durante a gestação podem afetar significativamente o sistema músculo-esquelético e limitar a capacidade da gestante em participar de suas atividades anteriores (KARZEL e FRIEDMAN, 1999). Os distúrbios e doenças ocupacionais acometem, com maior freqüência, as categorias profissionais menos qualificadas. Além disso, o trabalho doméstico e cuidados com a criança, ainda lhe são atribuídos, contribuindo, assim, para maior desgaste físico e psíquico, devido ao acúmulo de funções (FERREIRA e NAKANO, 2001). 2.3.1 Lombalgia A coluna vertebral proporciona um eixo parcialmente rígido e parcialmente flexível para o corpo e um pivô para a cabeça. Conseqüentemente, possui importantes papéis na postura, sustentação do peso do corpo, locomoção e proteção da medula espinhal e das raízes nervosas. Ao se sentar, a coluna vertebral transmite o peso do corpo através das articulações sacroilíacas para o osso ilíaco, e daí para as tuberosidades isquiáticas. Na postura ereta, o peso do corpo é transferido das articulações sacroilíacas para os acetábulos e daí para os fêmures (MOORE, 1994). A coluna vertebral é constituída por 33 ossos: 24 vértebras não-fundidas, que são divididas em três regiões, a coluna cervical com sete vértebras, a coluna torácica com doze vértebras e a coluna lombar com cinco vértebras, e ainda, nove vértebras fundidas formando o sacro com cinco vértebras e o cóccix com quatro vértebras (DANGÊLO e FATTINI, 1997). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 50 Os locais comuns de dores são as regiões cervical e lombar, principalmente porque são as partes de maior mobilidade da coluna vertebral (MOORE, 1994). Sendo assim, a estabilidade da coluna é ameaçada na gestação, pelo aumento ainda maior da mobilidade das articulações, devido as mudanças induzidas pelos hormônios no colágeno. E ainda, o ganho de peso com maior carga espinhal e as adaptações necessárias à postura, a pressão do feto em crescimento projetando o abdome para frente e alongando excessivamente os músculos abdominais, são fatores que poderiam explicar a maior incidência de dor lombar nas mulheres grávidas, comparada com aquelas não-grávidas (POLDEN e MANTLE, 2000; DIFIORE, 2000). A alteração no alinhamento da coluna ocorre no sacro, que se inclina para frente e aumenta a curva lombar (hiperlordose), exercendo uma pressão significativa nas vértebras lombares (DIFIORE, 2000). A postura da gestante é influenciada pela modificação no centro de gravidade para frente, devido ao crescimento uterino-abdominal e ao aumento ponderal das mamas. Para compensar, o corpo projeta-se para trás, promovendo uma hiperlordose e ampliando o polígono de sustentação, os pés se distanciam e os ombros dirigem-se para trás, a porção cervical se condensa e alinha-se para frente (BARAÚNA e ADORNO, 2001). Baraúna e Adorno (2001), concluíram após seu estudo com 40 gestantes, que o aumento de peso durante o desenvolvimento da gestação propicia no aumento da concavidade lombar e no ângulo da convexidade torácica e as medidas do fundo do útero e a circunferência abdominal aumentam gradativamente durante a gravidez podendo promover aumento da concavidade lombar. Sperandio et al (2003), em seu estudo, observou o comportamento da dor lombar gestacional durante as fases da marcha, concluindo que esta foi presente e significativa no primeiro trimestre, apresentando maior valor dentro da faixa de incapacidade mínima. Houve também tendência a redução dos valores para o comprimento da passada, cadência e taxa de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 51 aceitação de peso no decorrer da gravidez, ocorrendo o inverso com o tempo de apoio simples e duplo apoio. Em 1899, a lombalgia era um dos problemas mais negligenciados na gestação. Tal situação ainda se sustenta nos dias de hoje, sob a fundamentação de que a lombalgia é um desconforto inerente ao período gestacional e, portanto, de ocorrência normal não requerendo adoção de medidas preventivas ou de alívio. A lombalgia é conceituada como toda condição de dor, dolorimento ou rigidez, localizada na região inferior do dorso, em uma área situada entre o último arco costal e a prega glútea. Ela é freqüentemente acompanhada pela lombociatalgia, que se constitui de dor que se irradia daquela região para uma ou ambas as pernas (FERREIRA e MAKANO, 2001). Estima-se que 50 a 70% das gestantes normais são acometidas por dores nas costas e que o risco pode ser aumentado naquelas que já sofriam desses sintomas anteriormente (DE CONTI et al, 2003). Mais de um terço das mulheres grávidas se referem a lombalgia como um problema severo, que interfere em suas atividades de vida diária e capacidade para o trabalho, além de contribuir com a insônia por se manifestar durante a noite (FERREIRA e NAKANO, 2001). O primeiro episódio de dor em uma gravidez pode ocorrer em qualquer etapa, mas para a maioria é entre o quarto e sétimo meses. Para muitas mulheres, esta dor torna-se pior ficando de pé, sentando, inclinando-se para frente, erguendo peso e caminhando (POLDEN e MANTLE, 2000). 2.3.2 Dor Pélvica As três articulações da pelve mais vulneráveis do corpo durante a gravidez são as articulações sacroilíacas, entre as faces articulares do sacro e do ilíaco, e a sínfise púbica, entre aos ramos superiores dos dois ossos do púbis (MOORE, 1994). As mudanças hormonais Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 52 permitem que os ligamentos que sustentam essas três articulações se tornem mais elásticos, aumentado sua amplitude de movimento e reduzindo, conseqüentemente a estabilidade da articulação (DIFIORE, 2000). Uma disfunção sacroilíaca pode ser causada por um novo movimento repetitivo em uma ou ambas as articulações a ponto de causar dor se for aliado com atividade suficiente. De modo alternativo, o movimento recentemente permitido pode resultar em superfícies desiguais movendo-se uma na outra, e depois ficando “emperradas”, produzindo uma articulação travada, em lugar de móvel. Isso pode causar esforço e dor no lado oposto, que é convocado para compensar. Uma outra possibilidade é a de que uma articulação se torne mais móvel que a outra, e assim em uma atividade constante, o esforço recaia na articulação menos móvel (POLDEN e MANTLE, 2000). O peso do tronco que é colocado sobre a saliência do sacro entre os ílios é transmitido para as pernas por meio das articulações sacroilíacas e maior carga deve trazer as superfícies da articulação mais comprimidas, porém com ligamentos mais frouxos na certa torna-se possível uma falha da articulação. Uma gestante pode ficar até 25 Kg mais pesada, e o sacro é empurrado para baixo entre os ílios em todas as posturas eretas e, ao caminhar, cada articulação sacroilíaca transmite alternadamente a carga total (POLDEN e MANTLE, 2000). O afrouxamento nos ligamentos pode levar a sinfisite, que é uma irritação da sínfise púbica provocada pelo aumento da movimentação da articulação. A largura da sínfise púbica pode aumentar de 4 mm para aproximadamente 9 mm, o que pode gerar desconforto em torno do púbis e da virilha que geralmente piora com o exercício, esforço ou na subida de escadas. A dor e sensibilidade são reproduzidas pela pressão sobre a sínfise. Nos casos mais severos, o preenchimento cartilaginoso, localizado entre os dois ossos púbicos, pode se abrir e sair do osso em um dos lados. Esse quadro é chamado de diástase púbica (separação da sínfise púbica). O grau de dor experimentado, entretanto, não indica a largura da separação, pode Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 53 haver dor nesse local sem que haja um alargamento excessivo (DIFIORE, 2000; KARZEL e FRIEDMAN, 1999). A osteíte púbica é outra condição dolorosa que pode ocorrer durante a gestação. É caracterizada por reabsorção óssea próximo à sínfise, seguida por reossificação espontânea, com resolução dos sintomas. Os fatores predisponentes podem ser o amolecimento dos ligamentos pélvicos que acontece durante a gravidez. A história típica é de início gradual de dor sobre a sínfise púbica que progride ao longo do período de alguns dias até uma dor intolerável em torno do púbis e dos ramos púbicos, com irradiação ao longo dos aspectos adutores de ambas as coxas. A dor é aumentada por quaisquer movimentos das extremidades, especialmente abdução das pernas, com estiramento dos músculos adutores. A paciente fica geralmente incapacitada e restrita ao leito (KARZEL e FRIEDMAN, 1999). 2.3.3 Condromalácea de Patela Uma causa comum de dor em joelho em mulheres é o distúrbio do movimento patelofemoral normal que habitualmente se conhece como condromalácea de patela. O amolecimento da cartilagem articular da patela pode ocorrer às vezes na gravidez em conseqüência do efeito da relaxina sobre o tecido do colágeno. O alargamento da pelve pode acentuar o ângulo Q do fêmur, na articulação do joelho, e puxar a patela para fora de sua posição. O ganho de peso e alterações na postura também aumentarão o esforço sobre o joelho. Esses fatores se combinam para provocar aumento do movimento lateral da patela durante as manobras de flexão-extensão (KARZEL e FRIEDMAN, 1999; DIFIORE, 2000). As pacientes com esse problema se queixam de dor contínua na região anterior do joelho, que aumenta com a flexão ou ato de sentar por tempo prolongado. Embora os sintomas possam desaparecer após o parto, é possível que o aumento de flexão do joelho que se torna Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 54 necessário para abaixar-se ou ajoelhar-se para pegar a criança, possa levar a uma repetição desse estado incômodo, meses depois (POLDEN e MATLE, 2000). 2.3.4 Síndromes de Compressão Nervosa Durante o terceiro trimestre de gravidez, a retenção líquida pode levar ao edema que, além de ser visível nos tornozelos, pés, mãos e rosto da mulher grávida, pode levar a uma mobilidade reduzida da articulação, e a um certo número de síndromes de compressão nervosa, como por exemplo: síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel do tarso, síndrome do canal Guyton, e meralgia parestética (POLDEN e MANTLE, 2000). Também chamadas de síndromes compartimentais, nada mais são do que neuropatias resultantes da compressão crônica de um nervo, quando ele passa por um espaço estreito (SKARE, 1999). A síndrome do túnel do carpo habitualmente surge durante o último trimestre de gravidez e, em geral, resolve-se totalmente depois de completada a gestação ou três meses após o parto (KARZEL e FRIEDMAN, 1999). Esta síndrome ocorre quando existe compressão do nervo mediano ao nível do punho. Os achados mais comuns são parestesias (formigamento e queimação) matinais na distribuição do nervo mediano (2º e 3º dedos da mão e metade interna do 4º dedo). Os sintomas podem ser apenas sensoriais ou podem incluir incoordenação motora. O comprometimento motor costuma trazer maiores dificuldades para a execução dos movimentos mais delicados, como os de pinça, e os usados para escrever e segurar objetos pequenos (SKARE, 1999). Fazem parte da avaliação desta patologia dois testes diagnósticos específicos: o sinal de Tínel, no qual a percussão do nervo mediano através do ligamento do carpo desencadeia os sintomas, e o sinal de Phalen, que desencadeia a clínica por hiperflexão dorsal ou palmar durante um minuto (PETIT, 2001). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 55 Na perna, uma situação semelhante surge no túnel do tarso. O edema de tornozelo pode comprimir o nervo tibial posterior quando este passa pelo retináculo flexor na face medial do tornozelo. Sob este mesmo retináculo, além do nervo tibial posterior, estão os tendões flexores longos dos dedos e do flexor longo do hálux. Os vasos e nervos plantares medial e lateral. A queixa da paciente é de dor em queimação, parestesias e formigamento da superfície plantar e da porção distal dos pés, principalmente no dorso do 2º, 3º e 4º pododáctilos e ocasionalmente no calcanhar (SKARE, 1999). O nervo ulnar segue para a mão através do canal de Guyton no punho e também pode ser comprimido da mesma forma que os anteriormente citados. Pacientes com este problema apresentam dormência e formigamento do 4º e 5º dedos e fraqueza nos músculos interósseos. O nervo ulnar também pode ser comprimido na face medial do cotovelo, posteriormente ao epicôndilo medial. Isso é freqüente devido a uma postura incorreta ao dormir com a cabeça repousando sobre a região do cotovelo (KARZEL e FRIEDMAN, 1999). A retenção generalizada de líquido pode ocasionar meralgia parestética que consiste na síndrome resultante da compressão do nervo cutâneo femoral lateral, ao nível de um canal que vai desde a espinha ilíaca ântero-superior, quando ele passa por baixo do ligamento inguinal, até sua saída por uma perfuração no músculo sartório. A paciente apresenta queixas de hipoestesia ou parestesia em uma área oval na face ântero-lateral da coxa. Esse estado pode ocorrer logo na 25º semana de gestação e o diagnóstico é feito pela clínica mais o achado de um ponto de sensibilidade 10 cm abaixo da espinha ilíaca ântero-superior (SKARE, 1999). 2.3.5 Distúrbios Circulatórios Alterações como a vasodilatação periférica induzida pelo efeito relaxante da progesterona nas paredes das veias, ineficiência das válvulas das veias em fechar e conter o Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 56 fluxo de sangue em sentido único, de volta para o coração, ganho de peso exagerado, compressão do útero gravídico e sobretudo pelos aspectos constitucionais e genéticos da gestante estão inter-relacionados com o aparecimento de varizes e varicoses de má aparência e, em geral, incômodas também. Geralmente aparecem após a segunda metade da gravidez, provocando edema e peso nas pernas (DIFIORE, 2000 e VALADARES, 2002). Juntamente com a hipotonia venosa há um relaxamento relativo do músculo liso intestinal, resultando em um retardo da eliminação da matéria fecal pelo intestino, conseqüentemente maior absorção líquida e fezes mais duras, em geral, levando a prisão de ventre. O esforço para evacuar pode causar alargamento das veias ao redor do ânus denominadas hemorróidas, e é freqüentemente uma origem de incômodo não mencionada (POLDEN e MANTLE, 2000). As hemorróidas podem aparecer pela primeira vez depois do parto, como conseqüência do trabalho de parto, e causar desconforto extremo, como coceira ao redor do ânus, dor e sangramento durante os movimentos de passagem (DIFIORE, 2000). Outro problema circulatório que acomete as gestantes são as câimbras. O local mais comum é a panturrilha, embora esse problema doloroso possa também ocorrer nos pés e nas coxas. Apesar de existirem muitas causas para cãibras musculares, grandes perdas de sódio e líquidos costumam ser fatores essenciais que predispõem a cãibras musculares. O sódio é um mineral importante na iniciação dos sinais nervosos e ações que levam ao movimento nos músculos. Por isso, um déficit desse elemento e de líquidos pode tornar os músculos sensíveis. Sob tais condições, uma leve tensão e um movimento subseqüente podem fazer o músculo se contrair e se contorcer incontrolavelmente (POLDEN e MANTLE, 2000). 2.3.6 Diástase dos Retos Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 57 Os músculos abdominais consistem em quatro camadas de músculos: transverso do abdome, oblíquo interno, oblíquo externo e reto do abdome. O músculo transverso do abdome é o mais interno, os dois lados desse músculo estão dispostos horizontalmente no abdome, começando na fáscia lombar e inserindo-se em uma aponeurose que contribui para a formação da bainha do músculo reto do abdome. O oblíquo interno está situado sobre o músculo transverso, formando um “V” invertido, ele se liga à crista ilíaca, dirigindo-se para cima e para dentro, até as últimas quatro costelas e também se insere na aponeurose acima citada. O oblíquo externo está localizado sobre o oblíquo interno, formando um “V”, ele começa sobre a oitava costela e segue diagonal e verticalmente para baixo, para várias ligações com a pelve. O músculo reto do abdome é o principal músculo vertical da parede abdominal anterior, é um músculo em faixa, largo e longo, separados pela linha alba. Além de auxiliar os outros músculos abdominais a comprimir as vísceras, durante a tosse, vômito e defecação, o músculo reto do abdome deprime as costelas e estabiliza a pelve durante a marcha (DIFIORE, 2000; MOORE, 1994). Sob a influência da relaxina, os músculos abdominais são submetidos ao alongamento em todas as direções. O tecido conjuntivo do interior dos músculos proporciona um certo grau de elasticidade, mas as mudanças principais ocorrem na linha alba, que é o tecido conjuntivo formado pela junção da aponeurose dos músculos transverso e oblíquo. As duas faixas de músculos retos que antes eram dispostos paralelamente, vão se afastar da linha mediana para dar espaço ao crescimento do útero. Tem-se verificado que isso ocorre em 66% das mulheres, durante o terceiro trimestre de gravidez. O tamanho da separação pode variar desde um pequeno intervalo, medindo de 2 a 3 cm de largura e 12 a 15 cm de comprimento até um intervalo de 12 a 15 cm de largura, que pode se estender por quase todo o comprimento do músculo reto. O ponto maior da separação é geralmente a área em torno do umbigo, podendo se estender por todo o comprimento da linha alba. Três a quatro dias após o nascimento do Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 58 bebê os músculos retos vão retornar gradativamente a sua posição pré-gravídica, podendo demorar até seis semanas para que se recuperem completamente (DIFIORE, 2000). Segundo Cirullo (2000), a diástase abdominal pode ser classificada em: separação incompleta, quando as fibras da linha alba estão atenuadas ou separadas mas não secionadas; separação incompleta/completa, quando ocorre a separação e divisão completas da linha alba da sínfise púbica ao umbigo, mas as fibras acima da cicatriz umbilical estão normais ou apenas ligeiramente separadas e; separação completa, quando há separação completa da linha alba da cartilagem xifóide à sínfise púbica, as vísceras abdominais estão cobertas somente por pele e peritônio. Os casos severos de separações grandes, em que o abdome fica distendido e pendente, podem precisar de reparação cirúrgica. Nesse caso, a falta de apoio dos músculos abdominais aumenta a pressão sobre os discos vertebrais ao levantar, podendo provocar dor nas costas e possivelmente uma lesão (DIFIORE, 2000). 2.3.7 Síndrome da Perna Agitada A síndrome da perna agitada é uma sensação desagradável e profunda na parte inferior das pernas causando um desejo irresistível de mover a perna, a fim de aliviar a sensação. Uma perna pode, até de modo involuntário, contrair-se ou saltar-se. A etiologia é incerta, mas está bastante ligada com a gravidez. Os principais sintomas são fadiga, ansiedade e estresse (POLDEN e MANTLE, 2000). 2.4 Exercício Físico e Gestação Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 59 Mais do que qualquer outra fase da vida feminina, durante a gravidez é imprescindível que a mulher adote maiores cuidados com relação ao próprio corpo, especialmente quanto à postura, tanto durante as atividades cotidianas, como na marcha e até mesmo quando está em repouso. As alterações, principalmente no sistema músculo-esquelético, para a adaptação ao desenvolvimento do feto concorrem para os maus hábitos, responsáveis pelos inúmeros incômodos que ocorrem durante esse período, colocando algumas gestantes em situações desagradáveis que, muitas vezes, as impossibilitam de viver com prazer, bem-estar e alegria esse momento de sua vida (SOUZA, 2002). Os exercícios durante a gravidez já foram considerados um tabu. Em décadas passadas, as gestantes eram aconselhadas a reduzirem ou interromperem suas atividades, até mesmo, o trabalho ocupacional, especialmente durante os estágios finais da gestação, sendo incentivada uma vida sedentária, acreditava-se que os exercícios aumentariam o risco de trabalho de parto prematuro por meio de estimulação da atividade uterina. Hoje, no entanto, a classe médica em geral concorda que o exercício moderado não oferece riscos para as mulheres isentas de complicações médicas ou complicações pré-existentes (BATISTA et al, 2003; HANLON, 1999). Segundo Batista et al (2003), a atividade física é definida como qualquer movimento corporal decorrente de contração muscular, com dispêndio energético acima do repouso que, em última análise, permite o aumento da força física, flexibilidade do corpo e maior resistência, com mudanças, seja no campo da composição corporal ou de performance esportiva. Os benefícios da atividade física durante a gestação são diversos e atingem diferentes áreas do organismo materno. Os benefícios foram atribuídos à diminuição e prevenção dos sintomas de desconfortos músculo-esqueléticos da gravidez como lombalgias e ocorrências de dores nas mãos e membros inferiores, a maior capacidade de oxigenação e menor pressão Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 60 arterial, melhora da circulação sangüínea, prevenção de trombose e varizes, a manutenção dos níveis glicêmicos normais, a ampliação do equilíbrio muscular, ao alívio dos desconfortos intestinais, a diminuição das câimbras nas pernas, ao menor tempo de evolução do trabalho de parto e ao menor índice de indicação de parto cesárea. As vantagens da atividade física durante a gestação se estendem ainda, aos aspectos emocionais, contribuindo para que a gestante torne-se mais auto-confiante e satisfeita com a aparência, eleve a auto-estima e apresente maior satisfação na prática dos exercícios (BATISTA et al, 2003; DE CONTI et al, 2003; HANLON, 1999). 2.4.1 Efeitos Fisiológicos do Exercício Físico Os efeitos fisiológicos do exercício físico no corpo materno afetam todos os principais sistemas do organismo, sendo que as maiores implicações se dão no sistema respiratório, cardíaco e endócrino. Durante o primeiro trimestre, as mudanças fisiológicas começam a surgir, mesmo que as mudanças no padrão corporal da mulher ainda sejam poucas. Em exercícios de baixa intensidade, a pressão e pulsação da mãe não mudam dramaticamente em relação ao que era antes da gravidez, mas a fadiga pode ser notada mesmo no início. Assim que a gravidez progride, o volume sanguíneo aumenta e o útero da mulher começa a se expandir. O ganho de peso é normalmente pequeno, mas pode variar de 0 a 5 kg. Nessa época, o feto passa por seu período mais importante de crescimento, pois está desenvolvendo órgãos e membros. Por esta Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 61 razão, uma nutrição balanceada, hidratação, exercício e descanso assumem papel importante na vida da gestante (ARTAL, CLAPP e VIGIL, 2004). As perturbações induzidas por exercícios físicos que acarretam preocupação incluem: a redistribuição do débito cardíaco, a elevação na temperatura central, a alteração no meio hormonal, o tipo, a intensidade e a duração dos exercícios e o momento do exercício em relação à evolução da gravidez. As perturbações associadas à gestação que podem ter um impacto sobre o desempenho em exercício incluem alterações específicas no metabolismo, função cardiorrespiratória aumentada ou hiperdinâmica e, geralmente, alteração bastante acentuada na sensação de bem-estar da gestante (CLAPP, 1999). Durante o exercício, existe uma redistribuição do débito cardíaco e do fluxo sangüíneo regional, do leito vascular visceral para os musculares e cutâneos. O aumento do gasto energético associado com o exercício resulta em elevação na temperatura central, cuja magnitude está relacionada à intensidade do exercício. O exercício físico tem um impacto no sistema hormonal induzindo respostas de estresse agudo, na qual as catecolaminas, prolactina cortisol, endorfinas e glucagon aumentam, enquanto a insulina e as gonadotrofinas ficam reduzidas. O tipo, a intensidade, duração e freqüência do exercício são variáveis importantes, porque influenciam diretamente na magnitude e duração da ruptura do fluxo sangüíneo regional, equilíbrio térmico e meio hormonal (CLAPP, 1999). A captação de O2 é discretamente maior em repouso e durante o exercício submáximo, o consumo de O2 no exercício é acentuadamente aumentado. À medida que a gravidez evolui, as gestantes que se exercitam podem apresentar intolerância crescente ao exercício, provocada pela incapacidade de transferir gases (O 2 e CO2 ) entre a atmosfera e as células. O estado de hiperventilação fisiológico na gestação persiste e aumenta com o exercício, resultando em tensão de CO2 mais baixa, menores concentrações de bicarbonato, menor capacidade de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 62 tamponamento e aumento discreto em pH com alterações desprezíveis de O2 (OLIVEIRA, 2004; ARTAL et al, 1999). As alterações mais importantes do sistema cardiovascular ocorreram no débito cardíaco, freqüência cardíaca e volume sangüíneo. O débito cardíaco está aumentado ao repouso e durante o exercício submáximo nos dois primeiros trimestres. Durante o terceiro trimestre, o débito cardíaco apresenta valores mais baixos e há aumento da possibilidade de hipotensão. A freqüência cardíaca é maior no repouso e no exercício submáximo. O volume sanguíneo é aumentado de 40 a 50% durante o exercício, reduzindo o fluxo sanguíneo para o útero (o sangue é desviado para os músculos ativos), podendo levar à hipóxia fetal. Tal redução está diretamente relacionada à intensidade e duração do exercício. Hipertermia fetal, a qual consiste em elevação acentuada da temperatura interna da gestante, geralmente ocorre em exercícios aeróbicos prolongados, ou atividades físicas sob condições de estresse e calor (OLIVEIRA, 2004). Comparando-se algumas das alterações fisiológicas e metabólicas que ocorrem na gestação decorrentes do exercício físico, verifica-se que durante o ciclo reprodutivo ocorrem várias adaptações no metabolismo lipídico. Essas adaptações garantem modificações específicas quanto ao direcionamento de substratos circulantes, na gestação para o crescimento fetal. Por outro lado, freqüentemente o exercício de baixa intensidade e longa duração está relacionado à estimulação metabólica, visando a perda de gordura corporal. Sabe-se que a utilização de substratos durante o exercício é regulada pela ação de hormônios, podendo o aumento da necessidade energética imposta pelo mesmo promover modificações nas concentrações dos hormônios envolvidos no metabolismo lipídico, como por exemplo, a insulina e a prolactina, sendo demonstrado que, durante o exercício, há aumento nas concentrações de hormônios lipolíticos e hiperglicemiantes como a adrenalina, noradrenalina e glucagon (DÂMASO e NASCIMENTO, 1998). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 63 O exercício durante a gestação diminui a adiposidade, sem alterar o desenvolvimento fetal; aumenta a eficiência alimentar, preservando o metabolismo materno e fetal; diminui o peso corporal; diminui a atividade da enzima lípase lipoprotéica e o volume das células adiposas; diminui o conteúdo lipídico no tecido adiposo branco parametrial; aumenta a captação e utilização de glicose para a contração muscular e a captação de glicose pelo tecido adiposo; aumenta a concentração de glicogênio do músculo gastrocnêmio; aumenta a liberação de serotonina e a concentração plasmática de cortisol (DÂMASO e NASCIMENTO, 1998). Um estudo realizado por Mello, Luciano e Correa (2002), em ratas desnutridas, onde foram analisados aspectos do metabolismo glicídico em resposta a uma única sessão de exercício, demonstrou que o pâncreas endócrino adaptou-se à desnutrição, reduzindo a resposta insulínica à glicose. Contudo, essa adaptação foi insuficiente para evitar as alterações que levaram as ratas grávidas desnutridas a apresentarem glicemia e glicogênio muscular baixos quando submetidas à sessão única de exercício. 2.4.2 Contra-indicações do Exercício Físico na Gestação A atividade física para gestantes apresenta contra-indicação absoluta em mulheres portadoras de doença cardíaca com alterações hemodinâmicas significativas, doença pulmonar restritiva, tromboflebite, embolia pulmonar recente, infecção aguda, isoimunização grave, multípara com risco de prematuridade, placenta prévia depois de 26 semanas de gestação, rupturas de membranas, sangramento uterino persistente no segundo ou terceiro trimestre, bolsa rota, história de periódicos abortos espontâneos, cervix incompetente, préeclâmpsia e sem assistência pré-natal (ARTAL et al, 1999; POLDEN e MANTLE, 2000; BATISTA et al, 2003). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 64 Considera-se contra-indicação relativa aos exercícios físicos gestantes que, apesar de apresentarem algum sintoma diferenciado, têm a permissão médica para a prática da atividade física, sempre sob controle médico e cuidados especiais do profissional, são eles: anemia e outras hematopatias, arritmia cardíaca materna, Diabetes mellitus tipo ² não controlada, bronquite crônica, obesidade mórbida, baixo peso com IMC (índice de massa corporal) inferior a 12, estilo de vida extremamente sedentário, retardo no crescimento intra-uterino na gestação atual, apresentações pélvicas no último trimestre, hipertensão mal controlada, limitações ortopédicas, tabagismo e hipertireoidismo não controlado (ARTAL et al, 1999; BATISTA et al, 2003). 2.4.3 Riscos de Exercícios Intensos na Gravidez Alguns sinais ou sintomas representam sinal de perigo de complicações na gestação durante a prática de atividade física e indicam que o exercício deve ser imediatamente interrompido por constituírem grande risco para a saúde da gestante e do feto. Os principais sinais de que a atividade física deve cessar são: perda de líquido amniótico, dor no peito, palpitações e taquicardia, sangramento vaginal, enxaqueca, dispnéia, edema generalizado, dor nas costas, náuseas, dor abdominal, contrações uterinas, dor púbica, distúrbios visuais, fraquezas musculares, dormência em qualquer parte do corpo, tontura, desmaio e redução dos movimentos do feto (ARTAL et al, 1999; BATISTA et al, 2003). Durante a realização de atividade física intensa, existe um risco maior de trauma músculo-esquelético devido ao afrouxamento do tecido conjuntivo. As gestantes estão mais predispostas a acidentes, devido a mudança substancial no peso e formato do corpo, isto pode Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 65 ser composto de mudanças na percepção e um leve enfraquecimento da função cognitiva. Haverá uma necessidade elevada em um sistema cardiovascular já alterado pela gravidez, podendo ocorrer hipotensão postural e arritmias cardíacas, além promover hipoglicemia (POLDEN e MANTLE, 2000). A angústia fetal pode ocorrer durante exercício forçado e prolongado devido à redistribuição seletiva do fluxo sangüíneo que sai dos órgãos esplânicos e depois da placenta em direção aos músculos em atividade, podendo resultar em um retardamento do crescimento intra-uterino, são possíveis malformações fetais, que surgem de efeitos teratogênicos de uma elevada temperatura central da mãe durante o primeiro trimestre, parto prematuro, com ou sem liberação, podendo ocorrer particularmente nas mulheres não acostumadas a exercícios vigorosos (POLDEN e MANTLE, 2000). 2.4.4 Fatores que Afetam o Exercício Físico e a Saúde da Gestante A saúde e condicionamento físico são afetados por muitos fatores antes, durante e após a gravidez, entre eles: a nutrição, a cafeína, o tabagismo, o álcool, medicamentos e drogas. O período final de gravidez acompanha-se de alterações fisiológicas nos compartimentos hídricos do organismo, ao lado de eventuais déficits e excessos nutricionais. Surge um conjunto feto-placentário significativo, cujo conteúdo fluido se distingue dos tecidos maternos, assim como hipertrofia de mamas e útero, tudo isto refletindo-se em medidas nutricionais e da composição corpórea (MORAIS, TAVARES e PEZZIN, 1997). Segundo um estudo realizado por Morais, Tavares e Pezzin (1997), em 30 gestantes, foi observado valores de peso corporal e índice de massa corporal aumentados e água Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 66 corpórea total na mesma faixa percentual de mulheres não-grávidas, porém com indícios de expansão do extracelular, formação de terceiro espaço e elevação da massa gorda. Durante a gestação o estado anabólico permanece dinâmico em função das demandas nutricionais, promovendo ajustes contínuos em relação a diversos nutrientes e micronutrientes. O ganho de peso que no início do período gestacional é reduzido comparado à fase final, necessita ser permanentemente controlado para evitar a ocorrência de deficiência ou excesso. O ganho de peso em excesso pode expor a gestante ao desenvolvimento de diversas patologias, tais como hipertensão arterial, diabetes, obesidade pós-parto, macrossomia fetal, além de complicações no parto e puerpério. A deficiência do ganho de peso pode trazer prejuízo para o crescimento e desenvolvimento fetal. No entanto, o ganho de peso insuficiente extrapola este único aspecto, sendo prejudicial para a tríade da gestante, trabalho de parto e feto, especialmente frente à prática de atividade física regular (BATISTA, et al, 2003). A cafeína faz com que o cálcio seja eliminado com a urina, reduzindo a quantidade desse nutriente no organismo materno e fetal e, é responsável pela produção do hormônio adrenalina que causa diminuição temporária do oxigênio e dos nutrientes disponíveis para o feto. Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association (apud Hanlon, 1999), mostrou que mulheres grávidas que tomavam de uma a três xícaras de café por dia dobravam as suas chances de um aborto espontâneo e as mulheres que bebiam mais do três xícaras por dia triplicavam seus riscos. Cerca de 28% das mulheres fumam, e o fumo é visto como um dos maiores perigos para o feto, devido invasão de toxinas que inibem a entrada de nutrientes e de oxigênio e expõem o feto a agentes causadores do câncer. As fumantes têm duas vezes mais chances de dar a luz a bebês prematuros e de baixo peso e ainda bebês com paralisia cerebral, QI baixo, deficiência de aprendizado e comportamento. A incidência de morte em recém-nascidos é de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 67 50% maior em bebês cuja mãe é fumante. O efeito do álcool é similar ao do fumo, no sentido de que pode causar grandes danos ao feto. O álcool interfere na absorção de nutrientes pelo bebê e uma quantidade pequena como duas doses por dia, ou uma bebedeira ocasional foram associadas com a Síndrome Fetal Alcoólica, que resulta em deficiências que vão desde o retardamento mental até a deformação física, a má formação facial, distúrbios no sistema nervoso central e problemas ósseos, cardíacos e urogenitais (HANLON, 1999). O uso de medicamento e drogas podem ser prejudiciais ao feto, sendo as drogas ilícitas ainda mais perigosas. As usuárias têm mais chance de ter bebês prematuros, com baixo peso, e com problemas como microcefalia, sistema nervoso central frágil, problemas físicos, emocionais e comportamentais, má formações congênitas, assim como hemorragias cerebrais, bebês natimortos, abortos e com síndrome da morte súbita (HANLON, 1999). 2.4.5 Recomendações Gerais Para a Prática de Exercício Físico Mesmo sabendo dos benefícios que a prática regular de atividades físicas pode trazer à mulher grávida, alguns cuidados devem ser adotados durante a prescrição dos exercícios no sentido de promover uma completa adequação as condições específicas apresentadas pela gestante. Neste contexto, alguns importantes fatores devem ser considerados. São eles: segurança, meio ambiente e tipo de exercício (COSTA, 2004). O segundo e terceiro trimestres são acompanhados de mudanças dramáticas no corpo da mulher. O ganho de peso normal varia 11 a 17 kg e normalmente é localizado na região do abdômen e pelve, o que faz alterar a postura e o centro de gravidade da mulher nesta fase. Assim, exercícios que requerem equilíbrio e agilidade podem se tornar mais difíceis devido a mudança de distribuição do peso na mulher (ARTAL, CLAPP e VIGIL, 2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 68 É recomendável que a grávida evite o aumento de temperatura corporal durante os exercícios. Por isso a hidratação adequada e os exercícios regulares vão ajudá-la a dissipar melhor o calor. Os efeitos individuais dessa dissipação de calor parece completar um ao outro quando combinados. Assim, mulheres condicionadas e bem hidratadas regulam com maior eficiência seus níveis de temperatura do que gestantes sedentárias e se submetem a menor variação de temperatura durante a prática de exercícios. Roupas leves e ambientes frescos, são igualmente importantes para proteger a gestante do estresse do calor. Outra condição ambiental importante a considerar é a pressão atmosférica, seja muito alta ou muito baixa. A exposição a diminuição de O2 em grandes altitudes, assim como em baixa pressão em mergulhos marítmos por exemplo, devem ser evitados durante a gravidez (ARTAL, CLAPP e VIGIL, 2004; ARTAL et al, 1999). É muito variável a demanda calórica extra e não há equação fixa acurada para estimar a quantidade necessária de ingestão calórica. A melhor forma de se medir a quantidade de calorias adequada na gravidez é o ganho de peso. Refeições pequenas e regulares e ingestão de líquidos durante o dia são os mais recomendados para manter uma nutrição adequada e minimizar o desconforto do estômago cheio durante os exercícios, além de evitar a desidratação e baixos índices glicêmicos no sangue. Mulheres grávidas e sedentárias, normalmente necessitam em média de 3000 calorias por dia durante o segundo e terceiro trimestres para garantir um estoque adequado de nutrientes. Embora, uma gestante fisicamente ativa possa precisar de um consumo maior de calorias a fim de compensar as gastos com exercícios (ARTAL, CLAPP e VIGIL, 2004). A segurança durante a realização dos exercícios é de grande importância devido as mudanças de distribuição de peso, equilíbrio e coordenação da gestante serem afetadas. Os exercícios devem ser modificados se impuserem risco a região abdominal ou trouxerem fadiga para a gestante (ARTAL, CLAPP e VIGIL, 2004). Os exercícios na posição supina, Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 69 após o primeiro trimestre de gestação, devem ser evitados devido a síndrome supina hipotensiva, caracterizada por pressão na veia cava inferior, resultando em tonturas, enjôos e respiração lenta (HANLON, 1999). Durante a gravidez não é a hora apropriada para competições sérias. Para aquelas gestantes que estão continuando sua atividade física usual a intensidade do exercício não deve ir além do nível desenvolvido no início da gravidez. O exercício deve ser regulado pela sensação que a mulher acredita estar trabalhando, sem exaustão e sem se sentir fatigada. Exercícios moderados a intensos são considerados seguros desde que a gestante esteja acostumada a tais níveis (ARTAL, CLAPP e VIGIL, 2004; HANLON, 1999). O tipo de atividade física talvez seja o fator mais importante a ser considerado na prescrição de exercícios para gestantes. A escolha da atividade deve ser precedida por uma avaliação médica, para que somente assim haja a segurança correta. Após a aprovação do médico especializado, a mulher grávida deve ingressar em atividades que lhe garantam prazer e bem estar, como também em atividades que apresentem baixo risco (COSTA, 2004). 2.4.6 Exercícios Físicos Não Recomendados Durante a Gestação Alguns exercícios físicos merecem recomendações especiais sobre o desenvolvimento de sua prática ou contra-indicação neste período. A intensidade do exercício deve ser monitorada de acordo com os sintomas que a gestante apresentar (BATISTA et al, 2003). As atividades julgadas perigosas, pois colocam a gestante e o feto em risco são: qualquer tipo de atividade competitiva, artes marciais, levantamento de peso, exercícios com movimentos repentinos, saltos de pára-quedas e vôo em asa delta, futebol, rúgbi, salto em piscina, esqui aquático ou em montanha, surfe, ciclismo durante o segundo e terceiro trimestre devido as mudanças de equilíbrio e risco de queda, equitação, hóquei, basquete e qualquer jogo com Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 70 bolas que possa causar trauma abdominal, mergulho, exercícios na posição supina após o primeiro trimestre e exercícios exaustivos (BATISTA et al, 2003; HANLON, 1999). 2.4.7 Exercícios Físicos Recomendados Durante a Gestação Ainda não existem recomendações padronizadas de atividade física durante a gestação. No entanto, frente à ausência de complicações obstétricas, o American College of Obstetricans and Ginecologists, recomendou que a atividade física desenvolvida durante a gestação, tenha por características exercícios de intensidade regular e moderada, com o programa voltado para o período gestacional em que se encontra a mulher, com as atividades centradas nas condições de saúde da gestante, na experiência em praticar exercícios físicos e na demonstração de interesse e necessidade da mesma (BATISTA et al, 2003). Alguns tipos de atividades físicas já vem se destacando durante o período gestacional, desde que sejam seguidas as recomendações gerais para a prática de atividade física anteriormente citadas. Os principais exercícios realizados nesta fase são: Caminhada: As caminhadas são benéficas, desde que realizadas corretamente, em terrenos planos. Deve-se praticá-las com movimentos harmônicos, mantendo os músculos do abdome levemente contraídos, posicionando os ombros para trás e a cabeça em posição neutra. No início as caminhadas poderão ser feitas três vezes por semana, com duração aproximada de 30 a 45 minutos, passos ligeiros e cautelosos. Após um mês de prática esse tempo pode aumentar para 60 minutos. Constitui uma atividade segura e relativamente livre de lesões, é importante para o condicionamento físico e cardiovascular e previne o excesso de peso corporal (SOUZA, 2002). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 71 Corrida: Embora a corrida seja segura, esse exercício é recomendado se a gestante já o praticava antes da gravidez. Devem ser adotadas precauções especiais durante o primeiro trimestre se ocorrerem algumas complicações comuns, como náusea e vômitos. Durante o segundo e terceiro trimestres, o aumento de peso corporal, o edema de membros inferiores e a frouxidão articular podem afetar o desempenho. O ideal é reduzir a distância, a intensidade e a duração do percurso (SOUZA, 2002; HANLON, 1999; ARTAL et al, 1999). Programa de aeróbica: As mesmas preocupações associadas com a corrida devem ser consideradas nos programas de aeróbica durante a evolução da gravidez, sendo necessário algumas modificações nesses programas para redução de impacto. Essa atividade vai depender da sensibilidade e equilíbrio de cada gestante, mas, em geral, exercícios aeróbicos de baixo impacto são seguros (ARTAL et al, 1999; HANLON, 1999). Natação e hidroginástica: Por ser um exercício que não envolve suporte de peso ou movimentos balísticos, ou ainda contorções e mudanças súbitas de direção, a natação é considerada o exercício mais adequado para a gestante. A água exerce um efeito relaxante, além de permitir que o peso corporal seja melhor sustentado. Sua propriedade de flutuação permite diminuir o impacto dos exercícios sobre as articulações, além de promover movimentos amplos (HANLON, 1999; SOUZA, 2002). Musculação: Assim como qualquer outra atividade física, a musculação proporciona diversos benefícios à gestante, a prática adequada da musculação pode minimizar os efeitos das possíveis limitações encontradas nesse período, pois proporciona o fortalecimento muscular e deixa a mulher grávida mais hábil para tolerar a sua massa corporal aumentada. Outro benefício refere-se ao aspecto estético proporcionado pela musculação, a gestante consegue obter o desenvolvimento da tonicidade e da mobilidade muscular, além também Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 72 de conseguir atingir um menor ganho de massa corporal e adiposidade. Isto faz com que a mulher grávida apresente melhoria da auto-imagem e auto-estima, o que só faz aumentar sua sensação de bem estar (COSTA, 2004). Ioga: A ioga é uma atividade cada vez mais popular durante a gestação, pelo efeito relaxante que muitas mulheres buscam durante a gravidez e pelo desejo de manter o tônus e a flexibilidade muscular durante os nove meses. Alguns exercícios são enfatizados durante esse período, entre eles, a postura de cócoras, a contração do períneo, os exercícios respiratórios, o relaxamento e a meditação. As posturas de ioga podem ter que ser modificadas à medida que a gravidez evolui (ALMEIDA e TUMELERO, 2003). Reestruturação Postural Sensoperceptiva: O trabalho sensorial desenvolvido por meio de posturas, de movimentos, da utilização de materiais, como bolas e rolos de diversos tamanhos e bastões, proporciona a inibição do tônus muscular, aumento da flexibilidade, correção das compensações e diminuição da sintomatologia (ALMEIDA, 2002). 2.5 Reabilitação Aquática A terapia aquática é um dos recursos mais antigos da fisioterapia, sendo definida como o uso externo da água com propósitos terapêuticos (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). O uso da água no tratamento de pacientes, é um dos mais valiosos, e certamente uma das mais agradáveis, técnicas no repertório do fisioterapeuta (GOLLAND, 1981). Consiste na utilização dos efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos, advindos da imersão do corpo, ou parte deste, em meio aquático, como recurso auxiliar na reeducação Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 73 funcional músculo-esquelética, neuromotora, ou cardiorespiratória, visando cura, alívio dos sintomas, manutenção ou prevenção de uma alteração funcional orgânica (CAROMANO et al, 2002). Em muitas culturas o uso da água foi relacionado ao misticismo e religiões. O uso da terapia aquática como forma terapêutica data de 2400 aC pela cultura Proto-indiana. Era sabido que anteriormente, Egípcios, Assírios e Muçulmanos usavam a água com propostas curativas. Há também documentação de que os Hindus, em 1500 aC, usavam a água para combater a febre. Arquivos históricos constam que civilizações japonesas e chinesas antigas faziam menções de culto para a água corrente e faziam banhos de imersão por grandes períodos de tempo. Homero mencionou o uso da água para tratamento da fadiga, como cura de doenças e combate da melancolia (CUNHA et al, 2001). Em 500 aC, a civilização Grega deixou de ver a água como um ponto místico e começou a usá-la para tratamento físico específico. Escolas de medicina apareceram próximas a nascentes. Hipócrates (460-375 aC) usou a imersão em água quente e fria para tratar muitas doenças, incluindo espasmos musculares e doenças reumáticas. Recomendava ainda a terapia aquática para o tratamento de outras doenças incluindo icterícia, paralisias e reumatismo. A civilização Grega foi a primeira a reconhecer estes banhos desenvolvendo centros perto de nascentes naturais e rios, e observando a relação entre os benefícios para o corpo e a mente, através dos banhos e recreação. Mais adiante, o Império Romano expandiu o sistema de banho desenvolvido pelos Gregos. Como no sistema grego, os banhos romanos foram originalmente usados por atletas para banhos e tinham por objetivos higiene e prevenção das doenças. O sistema romano envolvia uma série de banhos com diferentes temperaturas: muito quente (caudarium), água morna (tepidarium) e muito fria (frigidarium). Muitos destes banhos eram elaborados e realizados em grandes áreas. Os banhos começaram a ser usados por mais Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 74 pessoas e não somente por atletas. Os spas tornaram-se centros de saúde, higiene, descanso para intelectuais, locais para exercícios e recreação (CUNHA et al, 2001). No Brasil, a hidroterapia científica teve seu início na Santa Casa do Rio de Janeiro, com banhos de água doce e salgada, com Artur Silva, em 1922, que comemorou o centenário do Serviço de Fisiatria Hospitalar, um dos mais antigos do mundo sob orientação médica. No tempo em que a entrada principal da Santa Casa era banhada pelo mar, eles tinham banhos salgados, aspirados do mar, e banhos doces, com a água da cidade (CUNHA et al, 2001). 2.5.1 Princípios Físicos da Terapia Aquática Devido a algumas de suas propriedades físicas, a água pode ser usada favoravelmente como um meio para o exercício, e o entendimento desses princípios, aumentar a eficácia do tratamento (HAYES, 2002). As forças físicas da água agindo sobre um organismo imerso, provocam alterações fisiológicas extensas, afetando quase todos os sistemas do organismo, os efeitos fisiológicos podem somar-se aos desencadeados pela prática de exercício físico na água, tornando as respostas mais complexas (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). A fim de compreender os princípios da terapia aquática, é necessário adquirir conhecimento das propriedades físicas da água, dispondo de meios para planejar uma rotina de exercícios segura e efetiva (SKINNER e THOMSON, 1985; BATES e HANSON, 1998). Quase todos os efeitos biológicos da imersão estão relacionados com os princípios fundamentais da hidrostática, hidrodinâmica e termodinâmica (BECKER, 2000). 2.5.1.1 Propriedades Estáticas da Água 2.5.1.1.1 Densidade e Densidade Relativa Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 75 A densidade é definida como massa por unidade de volume e é expressa em quilogramas por metro cúbico (kg/m³) no sistema internacional e ocasionalmente em gramas por centímetro cúbico (g/cm³) É uma variável dependente da temperatura, apesar de ser menos dependente para os sólidos e líquidos do que para os gases (BECKER e COLE, 2000). A água é mais densa a 4ºC, ela se expande tanto em temperaturas mais altas quanto em mais baixas, e por essa razão o gelo é menos denso que a água e flutua (SKINNER e THOMSON, 1985). Além da densidade, os objetos são definidos pela sua densidade relativa. A densidade relativa é a propriedade que determina se ele vai flutuar, é a relação entre a massa do objeto e a igual massa de volume de água deslocado. A água tem uma densidade específica por definição igual a 1 quando a 4ºC. A densidade relativa do corpo humano varia com a idade, sendo que uma criança nova possui uma densidade relativa total de aproximadamente 0,86; na adolescência e início da idade adulta, a densidade relativa aumenta pra 0,97; e mais tarde, com o passar dos anos a densidade relativa tende a retornar para 0,86. Por essa razão o ser humano tem maior facilidade para flutuar em certas fases da vida do que em outras. A densidade relativa de um corpo depende da sua composição. A densidade específica da massa gorda, ossos e massa magra são respectivamente 0,8; 1,5 e 1,0. Conseqüentemente uma pessoa magra tende a afundar e uma obesa a flutuar. A densidade específica de uma pessoa magra pode ser 1,10 e a densidade relativa de uma pessoa obesa pode ser de 0,93 (BECKER, 2000; BATES e HANSON, 1998; CAMPION, 2000). 2.5.1.1.2 Flutuação Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 76 O princípio de Arquimedes afirma que, quando um corpo está completa ou parcialmente imerso em um líquido em repouso, ele sofre um empuxo para cima igual ao peso do líquido deslocado. Portanto, se um corpo tiver densidade relativa menor que 1 ele flutuará, uma vez que o peso do objeto é menor do que o peso da água deslocada. Se a densidade relativa for maior que 1 ele afundará, e se igual a 1 ele flutuará logo abaixo da superfície da água (SKINNER e THOMSON, 1985). A flutuação é a força experimentada como empuxo para cima, que atua em sentido oposto à força da gravidade e desta forma, um corpo imerso está submetido à força da gravidade (atuando no centro de gravidade) e a força de flutuação (atuando no centro de flutuação). Quando o peso do corpo flutuante iguala-se ao peso do líquido deslocado, e os centros de flutuação e gravidade estão na mesma linha vertical o corpo é mantido em equilíbrio estável (Figura 7) (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). Figura 7: Força da Flutuação e Força da Gravidade Agindo sob o Corpo. Fonte: Bates e Hanson, 1998. O fator de flutuação pode ser alterado terapeuticamente por meio do ajuste da quantidade do corpo humano imersa. Caso o efeito desejado seja a retirada parcial da carga, a profundidade de imersão é reduzida: com imersão até o processo xifóide, é descarregado em torno de 75% do peso corporal, e com imersão até a cicatriz umbilical, em torno de 50%, possibilitando ao fisioterapeuta utilizar o nível de imersão como graduação da dificuldade de Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 77 alguns exercícios (BECKER, 2000). Essa é uma das principais vantagens dos exercícios aquáticos, os pacientes sentem-se mais leves, movimentam-se mais facilmente e sentem menos peso nas articulações devido à flutuação. Na terra o centro de gravidade é exatamente em frente ao sacro e, na água, o centro de gravidade está localizado na altura dos pulmões (BATES e HANSON, 1998). Do ponto de vista cinesioterapêutico, a flutuação pode ser usada para facilitar o movimento, quando o membro é movido na direção do nível da água. Também pode resistir o movimento, quando o membro é movido da superfície da água em direção ao tronco (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). A assistência ou a resistência da flutuação podem ser aumentadas ainda mais utilizando-se flutuadores, como observado na figura 8 (SKINNER e THOMSON, 1985). Figura 8: Utilização de Flutuadores. Um equipamento flutuador de mão pode ser (A) de assistência durante a abdução do ombro, (B) de resistência durante a adução do ombro, ou (C) de apoio durante a abdução e a adução na superfície da água. Fonte: Bates e Hanson, 1998. 2.5.1.1.3 Pressão Hidrostática Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 78 A pressão hidrostática é definida como uma pressão exercida por unidade de área sobre um corpo imerso. É igual em todas as direções e diretamente proporcional à profundidade e à densidade do líquido (Figura 9) (BECKER e COLE, 2000). Figura 9: Pressão Exercida no Corpo Durante a Imersão. Fonte: Bates e Hanson, 1998. A pressão exercida pela água é de 1,0 mmHg/1,36 cm de profundidade. Deste modo, um corpo imerso a uma profundidade de 1,20 m está sujeito a uma força igual a 88,9 mmHg, podendo auxiliar na resolução de edema em uma região delimitada (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). A pressão hidrostática opõe-se à tendência do sangue de ficar nas porções inferiores do corpo (BATES e HANSON, 1998). Segundo Becker (2000), todos os tecidos moles são comprimidos, aumentando o retorno linfático. A pressão linfática normal é um sistema de pressão negativo. Uma imersão em profundidade mínima produz uma pressão hidrostática sobre o vaso, que excede a pressão linfática que é de poucos milímetros de mercúrio. A ação da pressão hidrostática e da força de flutuação proporciona a sensação de imponderabilidade. Atuando no tórax e abdome, produz resistência à inspiração e facilita a expiração, sendo um exercício respiratório interessante. A pressão hidrostática auxilia na Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 79 estabilização das articulações e também na redução da descarga de peso sobre os membros inferiores (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). 2.5.1.2 Propriedades Dinâmicas da Água Os princípios básicos da hidrodinâmica estão relacionados ao deslocamento do corpo ou seus segmentos na água (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). 2.5.1.2.1 Viscosidade Refere-se a fricção entre as moléculas enquanto o corpo se move. Essa fricção exprime a facilidade com a qual o líquido flui, e por esta razão apenas é observável quando o líquido está em movimento. A viscosidade atua como uma resistência ao movimento, uma vez que as moléculas de um líquido tendem a aderir à superfície de um corpo movendo-se através dele (SKINNER e THOMSON, 1985). Os líquidos são definidos em parte pela sua viscosidade individual, expressa sob a forma do coeficiente de viscosidade, quanto maior o coeficiente, mais viscoso o líquido e maior a força requerida para criar o movimento (BECKER, 2000). Como a água é mais viscosa que o ar, sua resistência ao movimento do corpo é maior do que a de exercícios fora da água. Uma velocidade maior na água oferece uma resistência maior, e este princípio afeta os variados graus de intensidade de uma prescrição de terapia aquática (SHANKAR, 2002). Esta resistência pode levar a um fortalecimento muscular, que associado a redução da descarga de peso e aumento na circulação periférica, fundamenta a indicação da terapia aquática para gestantes. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 80 2.5.1.2.2 Fluxo Laminar e Fluxo Turbulento A quantidade de draga que um objeto experimenta ao movimentar-se pela água depende de um certo número de fatores. O primeiro a ser considerado é que o movimento pode ser tanto em linha reta como turbulento. Os movimentos são sempre melhor descritos em termos da movimentação do fluido ao redor do objeto (BATES e HANSON, 1998). No fluxo laminar a velocidade permanece constante, e o fluxo é alinhado e contínuo. No fluxo turbulento, sua velocidade ultrapassa uma velocidade crítica, provocando um movimento irregular do líquido. Portanto, durante um movimento, a resistência é maior no fluxo turbulento (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). A resistência oferecida pelo fluxo laminar é devido ao atrito entre as camadas das moléculas do líquido apenas, enquanto que no fluxo turbulento a resistência é devida ao atrito entre moléculas individuais do líquido, e entre o líquido e a superfície do continente (SKINNER e THOMSON, 1985). Quando um objeto se move através da água cria-se uma diferença na pressão à frente e atrás do objeto, sendo que a pressão traseira torna-se menor que a dianteira. Como conseqüência, ocorre um deslocamento do fluxo de água para dentro da área de pressão reduzida, denominada esteira. Na região da esteira, as camadas do fluido movem-se de forma circular, o que causará redemoinhos, que tendem arrastar para trás o objeto (arrasto). Quanto mais rápido o movimento, maior o arrasto (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). O coeficiente de arrasto está relacionado à forma como o objeto está alinhado. Quanto mais alinhado o objeto, menor o coeficiente (Figura 10) (BATES e HANSON, 1998). A turbulência ocorre quando um objeto desalinhado move-se através de um fluido ou quando um objeto alinhado move-se através de um fluído em velocidade maior do que a sua velocidade crítica (BATES e HANSON, 1998). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 81 Figura 10: Fluxo Laminar e Fluxo Turbulento. Movimento de uma pá através da água (A) paralelo ao fluxo da água, produzindo um fluxo laminar, e (B) perpendicular ao fluxo da água, produzindo turbulência. Fonte: Bates e Hanson, 1998. Variações no ambiente aquático como produção de turbulência, criam um meio interessante para o trabalho de algumas condições, como a produção de relaxamento muscular (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). 2.5.1.3 Propriedades Térmicas da Água Os princípios da termodinâmica estão associados com a transferência de calor na água. 2.5.1.3.1 Calor Específico e Umidade O calor específico é a capacidade da água de reter ou transferir calor. A água é usada terapeuticamente em todas as suas formas térmicas: sólida, líquida e gasosa. A principal razão para a sua utilidade está na física da termodinâmica aquática. Todas as substâncias possuem energia armazenada na forma de calor, sendo este medido através de uma unidade chamada Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 82 caloria. Uma caloria é definida como a energia necessária para aumentar em 1ºC um grama de água. A água tem capacidade calórica específica igual a 1,0 e o ar igual a 0,001. Sendo assim, a água retém mil vezes mais calor do que o ar. O corpo humano tem capacidade calórica específica de aproximadamente 0,83 (BECKER e COLE, 2000). A quantidade de energia armazenada pode ser liberada na mudança para uma temperatura mais baixa ou pode ser necessária uma quantidade adicional de energia para aumentar a temperatura (BECKER, 2000). Esta propriedade facilita as trocas de calor da água e o aquecimento do corpo imerso, levando a vasodilatação periférica com aumento do fluxo sangüíneo aos músculos, reduzindo as tensões musculares, melhorando o desempenho muscular e alívio da dor. A capacidade do ar de reter água é conhecida como umidade. Umidade relativa é a relação entre a quantidade de vapor de água presente no ar e a quantidade de vapor de água presente se o ar estivesse saturado na mesma temperatura. Quanto mais alta a temperatura, maior quantidade de vapor de água pode ser absorvido. O ar seco eleva a temperatura e o ar úmido abaixa (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). 2.5.1.3.2 Trocas de Calor no Meio Aquático A utilidade da água depende, em grande parte, da sua habilidade de reter e transferir energia de calor (BECKER e COLE, 2000). A troca de energia na forma de calor ocorre de quatro maneiras: condução, convecção, radiação e conversão. A condução pode ser definida como a transferência de calor por meio de colisões moleculares individuais que ocorrem ao longo de uma pequena distância. A transmissão de calor se dá das moléculas do corpo onde está a maior temperatura, para as moléculas do corpo de onde está a menor temperatura. A convecção transfere calor por meio do movimento em massa de grandes números de moléculas ao longo de uma grande distância, causado pela diferença de pressão entre dois Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 83 meios de temperaturas diferentes. A radiação transfere calor por meio da transmissão de ondas eletromagnéticas, a radiação não aquece o meio no qual se propaga, só aquece o corpo que a absorve. Já a conversão é uma técnica termoterápica que converte um determinado tipo de energia em energia térmica. A condução e a convecção exigem contato entre as fontes que estão trocando energia, já a radiação não (LUCENA, 1991). A água é um bom meio condutor de calor, e essa propriedade de condução térmica, em combinação com o seu alto calor específico, faz da água um meio versátil para reabilitação, porque ela retém calor ou frio, enquanto os libera com facilidade para a parte imersa do corpo (BECKER, 2000). Um corpo imerso numa massa de água torna-se um sistema dinâmico. Se a temperatura da água exceder a temperatura do corpo submerso, o sistema equilibra-se, o corpo submerso aquece-se através da transferência de energia calórica da água para o corpo (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). Os pacientes são bastante beneficiados por esta propriedade, pois é devido em grande parte a ela que ocorrem os efeitos terapêuticos da água aquecida, principalmente redução na dor e relaxamento muscular. Quanto ao resfriamento, a sua velocidade é proporcional à diferença de temperatura entre o corpo e sua vizinhança, quanto maior a diferença, maior a velocidade de resfriamento. A evaporação do suor produz resfriamento do corpo. Se o ar que circunda o corpo estiver completamente saturado com vapor da água, nenhuma evaporação consegue ocorrer e o corpo tem dificuldade em perder calor sob forma de condução convecção ou radiação. Se a umidade e a temperatura estiverem elevadas, o corpo terá muita dificuldade em perder calor e o ambiente torna-se desconfortável. Aconselha-se temperatura ambiente entre 20 e 21º C e umidade de 55% em piscinas terapêuticas (CAROMANO e NOWOTNY, 2002). 2.5.2 Efeitos Fisiológicos da Imersão e do Exercício na Água Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 84 A água é um meio ambiente diferente do ar em vários aspectos. No entanto, o ser humano, que está adaptado ao ar, insiste em entrar neste ambiente estranho para o trabalho, a recreação, a higiene e a terapia (KRUEL e SAMPEDRO, 1997). Ao ser inserido neste novo meio o organismo é submetido a diferentes forças físicas e, em conseqüência, realiza uma série de adaptações fisiológicas (CAROMANO et al, 2003). 2.5.2.1 Efeitos Fisiológicos da Imersão em Repouso As respostas fisiológicas à imersão em repouso foram descritas em mais de 3.000 anos. O trabalho científico moderno detalha os mecanismos por trás dos efeitos (BOOKSPAN, 2000). Os sistemas mais influenciados são o sistema cardiovascular, sistema respiratório, sistema renal, sistema músculo-esquelético e sistema nervoso. O conjunto de respostas cardiovasculares à imersão, incluindo bradicardia, vasoconstrição periférica e desvio preferencial do sangue para áreas vitais, é coletivamente conhecido como reflexo de mergulho. Este reflexo ocorre em resposta a uma variedade de condições de imersão: imersão da face, como quando se lava o rosto; imersão do corpo com a cabeça fora da água, como durante exercício e terapia na água, e imersão completa durante natação embaixo da água (BOOKSPAN, 2000). Devido ao fato de um indivíduo submerso na água estar sujeito à pressão externa da água e a anulação da força da gravidade devido a flutuação, o sangue é deslocado para cima através do sistema de mão única, ocasionando uma hipervolemia central. Ocorre um aumento de aproximadamente 60% no volume central, com um terço desse volume sendo apanhado pelo coração e o restante pelos grandes vasos dos pulmões (BECKER e COLE, 2000). A pressão venosa começa a aumentar e o fluxo sangüíneo pulmonar aumenta com o volume e a pressão sangüínea central alta. Normalmente, há aumento da força que trabalha para produzir Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 85 vasoconstrição, elevar a pressão arterial, concentrar e reduzir o débito urinário, inibindo a diurese (BOOKSPAN, 2000). O sistema pulmonar é profundamente afetado pela imersão do corpo no nível do tórax. Parte desse efeito se deve ao aumento do volume central e parte é devido à compressão da caixa torácica e abdome pela ação da pressão hidrostática. O efeito combinado é a alteração da função pulmonar, o aumento do trabalho respiratório e a alteração da dinâmica respiratória (BECKER e COLE, 2000; CAROMANO et al, 2003). A resposta renal à imersão inclui o débito urinário aumentado (diurese) com perda de volume plasmático, sódio (natriurese), perda de potássio (potassiurese) e supressão de vasopressina, renina e aldosterona plasmática. A imersão em água fria potencializa esta resposta. O papel da diurese de imersão é usualmente explicado como um forte mecanismo compensador homeostático, para contrabalançar a distensão sofrida pelos receptores pressóricos do coração (CAROMANO et al, 2003). A imersão na água também causa significantes alterações no sistema músculoesquelético. Os efeitos são causados pelos efeitos compressivos da imersão, bem como pela regulação reflexa do tônus dos vasos sangüíneos. Vários estudos concluíram que durante a imersão é provável que a maior parte do débito cardíaco aumentado seja redistribuída para pele e músculos, em vez de para leitos esplâncnicos. Acredita-se que o fluxo sangüíneo muscular de repouso aumente de uma base seca de 1,8 ml/min/100g de tecido para 4,1 ml/min/100g de tecido com a imersão até o nível do pescoço. Dessa forma, a distribuição de oxigênio é aumentada significantemente durante a imersão, como acontece também com a remoção dos produtos de degradação do metabolismo muscular (lactato e outros produtos finais do metabolismo) (BECKER e COLE, 2000). No sistema nervoso central predomina o efeito relaxante da imersão em água e o efeito que essa mesma imersão tem sobre a percepção da dor. As terminações nervosas cutâneas são Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 86 afetadas, incluindo-se os receptores de temperatura, tato e pressão. Sugeriu-se o extravasamento sensorial como o mecanismo pelo qual a dor é menos percebida quando a parte afetada do corpo está imersa na água. A modulação da dor é, conseqüentemente, afetada por um aumento no limiar da dor, o que aumenta com a temperatura e a turbulência da água, produzindo o efeito terapêutico conhecido durante a imersão em banheiras de hidromassagem. Um efeito relaxante é produzido através de um processo central que não é compreendido, mas que provavelmente é multifatorial e produzido dentro do sistema reticular ativador no interior do cérebro (BOOKSPAN, 2000). 2.5.2.2 Efeitos Fisiológicos da Imersão em Água Aquecida Durante o período de imersão os efeitos fisiológicos são semelhantes aos produzidos por qualquer outra forma de calor, porem são menos localizados. Uma elevação geral na temperatura corporal freqüentemente ocorre devido a vários fatores. A temperatura da água está acima da temperatura da pele, a qual normalmente é de 33,5ºC. O corpo, portanto, ganha calor através das áreas debaixo da água, porém só o consegue perder a partir do sangue nos vasos cutâneos e glândulas sudoríparas das regiões expostas, como a face e o pescoço. Uma elevação na temperatura corporal é inevitável, e a elevação varia de paciente para paciente (SKINNER e THOMSON, 1985). Segundo Bates e Hanson (1998), os efeitos fisiológicos experimentados por um paciente imerso em água aquecida depende de sua postura e de qualquer elemento que possa alterar o estado neutro do corpo. Os elementos que influenciam este estado incluem a temperatura da água, a duração da terapia, o tipo e a intensidade do exercício, e a condição patológica do paciente. À medida que a pele se torna aquecida, os vasos sangüíneos superficiais dilatam-se e o suprimento sangüíneo periférico é aumentado. O sangue que está Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 87 fluindo através destes vasos é aquecido e, por condução, a temperatura das estruturas subjacentes (como os músculos) se eleva, seus vasos dilatam-se e seu suprimento sangüíneo aumenta. Isto resulta em uma redistribuição do sangue, e os vasos esplâncnicos se constringem para fornecer o volume sangüíneo aumentado à periferia. A freqüência cardíaca aumenta com a elevação da temperatura. Uma elevação de temperatura aumenta o metabolismo. Por essa razão, o metabolismo na pele e músculos é aumentado e, à medida que a temperatura corporal se eleva, o mesmo acontece com a taxa metabólica geral. Isto aumenta não somente a demanda de oxigênio como também a produção de dióxido de carbono, fazendo com que a freqüência respiratória aumente proporcionalmente. O calor relativamente brando da água reduz a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas, e à medida que os músculos são aquecidos pelo sangue que os atravessa o seu tônus diminui (SKINNER e THOMSON, 1985). As propriedades de tecidos específicos podem ser alteradas pelo aquecimento. Por exemplo, a extensibilidade dos tendões pode ficar aumentada pela elevação da temperatura; disto resulta que um estiramento capaz de produzir determinado alongamento alterará menos a resistência do tecido. Com freqüência o calor é utilizado no alívio da dor em vários distúrbios músculo-esqueléticos. Em alguns casos, a dor pode ser aliviada mediante a redução dos espasmos musculares secundários, ou a dor que está relacionada à isquemia pode ser reduzida por uma vasodilatação induzida pelo calor (COLLINS, 1998). 2.5.2.3 Efeitos do Exercício em Água Os efeitos fisiológicos do exercício na água são semelhantes aos do exercício em terra. O suprimento sanguíneo aos músculos em funcionamento é aumentado, calor é dissipado com cada alteração química ocorrendo durante a contração, e a temperatura muscular se eleva. Há Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 88 metabolismo aumentado nos músculos, resultando em maior demanda de oxigênio e produção aumentada de dióxido de carbono (SKINNER e THOMSON, 1985). Durante o exercício dinâmico na água, de leve a moderada intensidade, a maior parte da energia usada para sustentar a atividade é suprida pelo metabolismo aeróbico. Em virtude das diferentes propriedades físicas da água, os fatores que determinam o custo energético do exercício na água são diferentes daqueles em terra, pois a força de flutuação reduz o peso do corpo, diminuindo o gasto energético, uma vez que elimina o gasto energético necessário para deslocar o corpo contra a gravidade, por outro lado, a viscosidade da água aumenta o gasto energético necessário para realizar movimentos e deslocamentos. Assim, o dispêndio de energia na água depende menos da energia realizada para superar o arrasto, tornando-se dependente do tamanho, posição do corpo, velocidade e direção do movimento (CAROMANO et al, 2003). Elevação da temperatura central corporal, maior acúmulo de metabólitos musculares e transtorno na homeostasia intracelular, maior volume de ejeção e menor freqüência cardíaca são algumas das respostas fisiológicas do exercício na água quente (CURETON, 2000). Os efeitos fisiológicos dos exercícios combinados com aqueles que são causados pelo calor da água são uma vantagem da atividade nesse meio (CAMPION, 2000). 2.5.3 Efeitos Terapêuticos Aquáticos Os efeitos terapêuticos da terapia aquática estão relacionados a vários fatores como alívio da dor e espasmos musculares, manutenção ou aumento da amplitude de movimento das articulações, fortalecimento dos músculos enfraquecidos e aumento na sua tolerância aos exercícios, melhora da circulação, encorajamento das atividades funcionais, manutenção e melhora do equilíbrio, coordenação e postura (CAMPION, 2000). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 89 A água aquecida ajuda os pacientes no alívio da dor e na sensação de maior conforto. A flutuação age contra a gravidade e alivia o peso corporal, reduzindo as forças de compressão nas articulações. O ciclo da dor é interrompido. Os efeitos estimulantes da água aquecida promovem o relaxamento dos músculos espasmódicos, o que reduz o tensionamento muscular. A água aquecida “distrai” a dor, bombardeando o sistema nervoso. O bombardeamento do estímulo sensorial é conduzido através de fibras que são mais largas e mais rápidas e têm uma maior condutividade que as fibras da dor. Durante a imersão em água aquecida, os estímulos sensoriais estão competindo com os estímulos da dor. Como resultado, a percepção de dor do paciente fica alterada ou bloqueada. Esta redução na dor é uma das maiores vantagens da terapia aquática. À medida que a dor é aliviada, o paciente é capaz de mover-se com maior conforto e a amplitude de movimentação das articulações aumenta. Efeitos semelhantes são produzidos pela aplicação de outras formas de calor, porém a vantagem da piscina é que o calor é mantido durante toda a terapia, e os músculos se tornam fatigados menos rapidamente quando se realizam exercícios, embora a fadiga geral possa ser maior (BATES e HANSON, 1998; SKINNER e THOMSON, 1985). As propriedades físicas e o aquecimento da água desempenham um papel importante na melhoria e manutenção da amplitude de movimento das articulações. A propriedade de flutuação da água diminui a compressão nas articulações doloridas e ajuda no movimento (BATES e HANSON, 1998). A resposta de relaxamento depende de quanto o paciente está confortável na água. O aquecimento das piscinas terapêuticas reduz a tensão muscular produzindo relaxamento. Quanto mais quente a água, melhor. O calor produz vasodilatação periférica, aumentando o fluxo sangüíneo para os músculos promovendo relaxamento (BATES e HANSON, 1998). Do ponto de vista psicológico, existem muitas recomendações para a atividade na água. A maior parte das informações a respeito do uso da água no tratamento das doenças Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 90 mentais e psicossomáticas, veio por meio de disciplinas como a sociologia e a antropologia. Em épocas mais recentes, reconheceu-se o efeito sedativo da água quente e o valor dos programas de reabilitação em pacientes com problemas mentais (CAMPION, 2000). 2.5.4 Exercício Aquático na Gravidez Através da história, as mulheres têm sido aconselhadas a repousar e abster-se de atividade vigorosa. Acreditava-se que as gestantes ativas tinham bebês menores e as gestantes sedentárias, bebês maiores. Somente a partir do século XX os benefícios do exercício durante a gravidez começaram a ser apreciados (CIRULLO, 2000). Um dos aspectos mais tocantes dos cuidados pré-natais nos anos recentes tem sido o crescimento da popularidade das aulas aquanatais, aulas de exercícios na água desenvolvidas especialmente para gestantes (EVANS, 2000). A terapia aquática é a atividade mais indicada para as gestantes. Por serem realizadas no meio líquido, o corpo receberá inúmeros benefícios advindos das propriedades da água, o que muitas vezes amenizará alguns incômodos comuns na gravidez. Essas atividades são indicadas apenas para as gestantes que tenham uma gestação ocorrendo dentro das normalidades, podendo ser realizadas até nos dias bem próximos do parto (REDONDO et al, 2004). De modo específico, os benefícios da atividade física em imersão foram destacados pela possibilidade de controle do edema gravídico, incremento da diurese e prevenção ou melhora dos desconfortos músculo-esqueléticos. Além destes, foram relatados maior gasto energético, aumento da capacidade cardiovascular, relaxamento corporal e controle do estresse. Estes efeitos específicos da prática de atividade física materna em imersão contribuem para que a adesão à técnica seja cada vez maior, tanto por parte das gestantes Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 91 como dos profissionais que as acompanham no pré-natal. Além de proporcionar conforto e bem estar, aumenta a capacidade do organismo materno de eliminar calor. A manutenção da temperatura corporal durante a terapia aquática é outro efeito desejável, exclusivo deste tipo de exercício (PREVEDEL et al, 2003). Um dos maiores benefícios dos exercícios na água é a redução da pressão exercida sobre as articulações que sustentam pesos, o que é especialmente importante durante o período pré-natal (DIFIORE, 2000). A água relativamente aquecida reduz a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas, proporcionando a diminuição da dor. A partir do aquecimento muscular, ocorre a diminuição do tônus muscular, favorecendo o relaxamento e a diminuição dos espasmos musculares, além do alongamento muscular, fortalecimento e aumentando a resistência muscular. Utilizando-se as propriedades físicas da água, é favorecido o equilíbrio, a recuperação e a conscientização corporal (REDONDO et al, 2004). Exercitando-se na água a gestante se sentirá bastante segura, uma vez que estará evitando o risco de queda e de impactos acentuados. O corpo poderá trabalhar por inteiro com uma variedade de exercícios e praticamente sem perigo de lesões (REDONDO et al, 2004). O resumo de um estudo do Physical Education Journal of Sports Medicine (apud Katz, 1999) indicou que as gestantes podem se exercitar seguramente, com um risco mínimo para elas e para o bebê. Apesar de as gestantes do estudo não terem-se exercitado em situações anteriores à gravidez, elas ainda adquiriram benefícios ao se tornar ativas. Os exercícios auxiliaram no controle de hiperinsulinemia e no ganho de peso e as mulheres se sentiram melhor emocionalmente. A principal meta do programa de exercícios das aulas aquanatais é promover exercícios tanto benéficos quanto seguros para estimular uma boa postura. Uma sessão de terapia aquática para gestantes deve incluir os seguintes componentes: aquecimento e alongamento dos principais grupos musculares, exercícios para fortalecimento e resistência Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 92 muscular, exercícios aeróbicos e de relaxamento. Também incorporará exercícios de respiração, correção da postura e exercícios dos músculos do assoalho pélvico deverão ser introduzidos em vários momentos no decorrer da sessão (EVANS, 2000). O aquecimento é o prelúdio do trabalho físico e deve sempre ser executado em primeiro lugar. Fisiologicamente, ele permite ao corpo ajustar-se ao começo da atividade e preparar-se para à demanda física que será necessária. O aquecimento deve ser gradual, ele prepara os grupos musculares envolvidos para serem alongados ou fortalecidos por um aumento da temperatura e circulação nos músculos sem causar fadiga ou reduzir os estoques de energia. Isto, por sua vez, faz com que os músculos fiquem mais flexíveis, reduzindo as chances de lesão (BATES e HANSON, 1998). A atividade aeróbica se inicia com movimentos leves e graduais na intensidade. Esta atividade aumenta a freqüência cardíaca e a capacidade de receber oxigênio, tonifica os músculos e ajuda a manter ou melhorar a forma física durante a gravidez. Não deve ser trabalhado até a exaustão (HANLON, 1999). A força muscular é a máxima tensão que o músculo pode exercer numa única contração e a resistência muscular é a habilidade de um grupo muscular de executar repetidas contrações em um determinado período de tempo (BATES e HANSON, 1998). Músculos fortes são certamente importantes às atividades diárias de levantamento e carregamento que são necessárias após o nascimento do bebê e também para a manutenção da forma corporal (EVANS, 2000). Exercícios de flexibilidade são exercícios de alongamento desenvolvidos para aumentar a amplitude de movimento de uma articulação. Uma articulação que tenha maior liberdade de movimento pode melhorar a habilidade da gestante ao trabalho e para fazer movimentos mais eficientes. Aumentar a flexibilidade sempre faz com que os músculos e Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 93 tendões fiquem mais flexíveis e os ligamentos de apoio mais maleáveis (BATES e HANSON, 1998). O relaxamento é mais comumente definido como um esforço consciente para eliminar tensão nos músculos. A água aquecida de uma piscina terapêutica promove um relaxamento muscular, aumenta a circulação, reduz espasmos e reduz efetivamente o nível de dor (BATES e HANSON, 1998). Através do relaxamento a gestante pode livrar-se da tensão muscular e metal e sentir-se mais confortável, calma e equilibrada (HANLON, 1999). O programa de exercícios pré-natais trabalha os principais músculos e áreas do corpo, dedicando atenção especial às áreas mais afetadas pela gravidez. 3 METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste estudo a amostra foi composta inicialmente por 8 gestantes acompanhadas de serviço de pré-natal, primigestas ou multigestas, com residência nas proximidades da Universidade Estadual do Oeste do Paraná e que preencheram os seguintes critérios de inclusão: período gestacional entre 12 e 32 semanas; idade de 18 a 45 anos; ausência de doença clínica ou obstétrica e apresentação de atestado médico. Consideraram-se como critérios de exclusão do estudo, período gestacional menor que 12 semanas e maior que 32 semanas, idade menor que 18 anos e maior que 46 anos, gravidez de risco e presença de doença que restringisse o exercício. Para participarem do estudo, foram consideradas disponibilidades de tempo, meios de transporte e aceitação da rotina de treinamento. Considerou-se como critério de descontinuidade e não-adesão ao programa, definida por mais de duas faltas às sessões de terapia aquática, consecutivas ou não. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 94 A coleta de dados e o tratamento foram realizados nas dependências da Clínica de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. As participantes foram submetidas à avaliação inicial, de acordo com uma ficha de avaliação previamente elaborada (apêndice A), e então deram entrada seqüencial no estudo, após preencherem os critérios de inclusão e terem assinado o termo de consentimento livre e esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade (anexo A). O grupo formado foi tratado com a terapia aquática, sendo o protocolo de tratamento aplicado duas vezes por semana, durante cinco semanas, totalizando 10 sessões, onde cada sessão teve a duração aproximada de 50 minutos. O programa de terapia aquática foi realizado em piscina coberta e aquecida, com a temperatura entre 29ºC e 33ºC, e a intensidade do exercício variando entre leve e moderado. As sessões dos exercícios aquáticos compreenderam em cinco fases, respeitando-se as recomendações do American College of Obstetrician and Gynecologist, foram elas: aquecimento, fortalecimento e resistência, atividade aeróbica, alongamento e relaxamento com exercícios respiratórios. O programa foi aplicado por três acadêmicas, que utilizaram técnicas padronizadas de acordo com Katz (1999) e White (1998) descritas no apêndice B. Durante as sessões de terapia aquática as gestantes tiveram a freqüência cardíaca, freqüência respiratória e pressão arterial monitorada no início e no final sessão, e quando necessário, no decorrer da mesma. Foram consideradas como variáveis dependentes a ocorrência, as características e a evolução dos desconfortos músculo-esqueléticos durante a gestação. Para a comparação destas variáveis aplicou-se questionamento direto (através da ficha de avaliação) em dois momentos, no início e ao final do tratamento. A ocorrência foi considerada pela presença ou ausência de síndromes dolorosas. As características relativas ao local, tipo, intensidade, freqüência e duração foram analisadas da seguinte forma: o local foi categorizado por dores Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 95 nos membros inferiores, dor lombar e dor pélvica; o tipo foi referido como dor em sensação de peso e/ou parestesia (formigamento e outros); a intensidade foi diferenciada em graus leve (fraca), moderada e grave (forte, intenso ou insuportável); a freqüência foi relacionada como quinzenal (uma a três vezes ao mês e/ou infreqüente), semanal (uma vez por semana) e diária (quase todo dia e/ou diária); a duração foi definida por intervalos de até 1 hora (menos ou igual a 1 hora), de algumas horas (2–3 horas), de várias horas (maior que 3 horas). Para a evolução, além da ausência de desconforto (sem sintomas), consideraram-se as formas possíveis de evolução de suas características, avaliadas entre o início e o final do programa, assim definidas: inalterada, nos casos que não apresentaram nem melhora e nem piora do quadro inicial, piora, naqueles casos em que se observou acentuação de qualquer uma das características, e melhora, para os casos que apresentaram regressão de pelo menos uma das características avaliadas. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 96 4 RESULTADOS Foram avaliadas inicialmente 8 gestantes, sendo que no decorrer do estudo, uma gestante não concluiu as 10 sessões a tempo do término deste, devido às constantes faltas. Portanto das 8 gestantes que iniciaram, 7 concluíram o tratamento proposto. A amostra apresentou média geral de 27,6 anos de idade e período gestacional de 22 semanas (Tabela 1). Tabela 1: Idade e período gestacional (PG) em semanas das gestantes no início do programa de reabilitação aquática Amostra Idade PG Gestante 1 18 16 Gestante 2 21 26 Gestante 3 21 30 Gestante 4 23 20 Gestante 5 33 20 Gestante 6 34 28 Gestante 7 43 14 Fonte: Da autora (2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 97 A ocorrência (ausência ou presença) de síndromes dolorosas entre as gestantes nos momentos inicial e final do programa de reabilitação aquática, ficou caracterizada na tabela 2, onde no início do tratamento as 7 gestantes da amostra apresentavam algum tipo de desconforto músculo-esquelético, enquanto que ao final do programa apenas 3 gestantes referiam dor. Tabela 2: Número (n) e percentual (%) de gestantes classificadas de acordo com a ocorrência (presença ou ausência) de síndromes dolorosas no início e final do programa de reabilitação aquática. Início Final Ocorrência n % n % Ausente 4 57,1 Presente 7 100 3 42,9 Fonte: Da autora (2004). Desse grupo, 3 gestantes apresentaram dor lombar, 3 dor em membros inferiores e 1 gestante apresentou dor pélvica no início do tratamento. Ao término do tratamento 2 gestantes apresentavam dor lombar e 1 dor em membros inferiores, não sendo relatada nenhuma dor pélvica entre as gestantes do estudo (Tabela 3). Tabela 3: Caracterização das síndromes dolorosas durante a gestação. Início Final Incidência Dor lombar Dor pélvica Dor em membros inferiores n 3 1 3 % 42,9 14,3 42,9 n 2 1 % 28,6 14,3 Fonte: Da autora (2004). Na tabela 4, pode-se observar que a evolução da sintomatologia foi bastante significativa, onde 4 das 7 gestantes que iniciaram o tratamento apresentaram-se sem sintomas ao término do programa e 3 gestantes apresentaram melhora dos mesmos, não sendo relatado nenhum caso de dor inalterada ou piora dos sintomas. Tabela 4: Evolução dos sintomas de desconfortos músculo-esqueléticos. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 98 Evolução Sem sintomas Inalterada Piora Melhora n 4 3 % 57,1 42,9 Fonte: Da autora (2004). Na avaliação inicial 3 gestantes relatavam desconfortos de intensidade leve, 2 de intensidade moderada e 2 de intensidade grave. No final, 2 gestantes referiam desconfortos de intensidade leve, 1 de intensidade moderada e 4 referiam ausência de sintomas (Tabela 5). Tabela 5: Número (n) e percentual (%) de gestantes distribuídas de acordo com a intensidade dos sintomas no início e final do programa de reabilitação aquática. Início Final Intensidade n % n % Sem sintomas 4 57,1 Leve 3 42,9 2 28,6 Moderada 2 28,6 1 14,3 Grave 2 28,6 - Fonte: Da autora (2004). A freqüência dos desconfortos músculo-esqueléticos diminuiu entre as gestantes que ainda apresentavam algum tipo de dor, sendo possível observar que no início do tratamento 3 gestantes apresentavam dores diárias, 3 dores semanais e 1 dores quinzenais ou mais, e ao término do programa de reabilitação aquática, 2 gestantes apresentavam dores semanais, 1 dores diárias e 4 apresentaram-se sem sintomas (Tabela 6). Tabela 6: Número (n) e percentual (%) de gestantes classificadas de acordo com a freqüência dos sintomas no início e final do programa de reabilitação aquática. Início Final Freqüência n % n % Sem sintomas 4 57,1 Quinzenal ou mais 1 14,3 Semanal 3 42,9 2 28,6 Diária 3 42,9 1 14,3 Fonte: Da autora (2004). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 99 Os resultados obtidos comparados ao início do programa também mostraram diferença em relação a duração dos desconfortos músculo-esqueléticos, onde a maioria das gestantes (6) apresentavam desconfortos com duração maior que 3 horas e ao término do programa apenas 1 gestante relatou tal duração (Tabela 7). Tabela 7: Número (n) e percentual (%) de gestantes distribuídas de acordo com a duração dos sintomas no início e final do programa de reabilitação aquática. Início Final Duração n % n % Sem sintomas 4 57,1 Menor ou igual a 1h 1 14,3 1 14,3 2 a 3 horas 1 14,3 Mais que 3 horas 6 85,7 1 14,3 0 Fonte: Da autora (2004). 5 DISCUSSÃO No início do programa de reabilitação aquática, 100% das gestantes apresentavam algum tipo de queixa dolorosa. Os sintomas localizavam-se, predominantemente na região lombar e em membros inferiores, caracterizados por dor. A presença de síndromes dolorosas em todas as gestantes que iniciaram o tratamento, confirma o relato da literatura, que afirma que a gestação é um período propício para tais desconfortos (SPERANDIO, SANTOS e PEREIRA, 2004). O período gestacional compreende diversas mudanças corporais e submete a mulher a adaptações fisiológicas e anatômicas que visam o preparo de um meio adequado para o feto em crescimento. Durante a gravidez ocorrem mudanças na forma, tamanho e inércia do corpo Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 100 da mulher. Essas alterações biológicas poderiam gerar transformações hormonais e anatômicas com predisposição a lesões músculo-esqueléticas, ou ainda, alterar o curso de enfermidades pré-existentes. Para Glleson e Pauls (apud Sperandio et al, 2003) as mudanças posturais ocorridas durante a gestação não são com freqüência patológicas, mas alterações incontroladas podem causar síndrome de dor lombar, aguda ou crônica. Apesar de não existir um consenso sobre a etiologia das síndromes dolorosas na gestação, as três hipóteses explicativas historicamente mais difundidas são as causas decorrentes de eventos fisiológicos próprios da gestação devido a modificações biomecânicas, hormonais e vasculares. Para Ferreira e Nakano (2001), parece evidente que a etiologia dos desconfortos músculo-esqueléticos é multifatorial e que a gestação por si só pode contribuir para agravar quadros dolorosos prévios ou para o desencadeamento dos casos que se iniciam nesse período, porém a escassez de estudos sobre outros determinantes perpetua esses desconfortos como evento próprio da gestação, diminuindo as possibilidades de que sejam adotadas medidas eficazes de alívio. Baraúna e Adorno (2001), em seu estudo concluíram que o aumento de peso durante o desenvolvimento da gestação propicia no aumento da concavidade lombar e no ângulo da convexidade torácica, e ainda que as medidas do fundo do útero e a circunferência abdominal aumentam gradativamente durante a gravidez podendo promover o aumento da concavidade lombar, levando a dor. Ao término da reabilitação aquática, pode-se observar melhora do quadro de dor em três (42,9%) gestantes, sendo que o desaparecimento total dos sintomas pré-existentes foi constatado em 4 (57,1%) gestantes, não sendo relatado nenhum caso de piora do quadro álgico ou sintomas inalterados. A literatura traz que a água relativamente aquecida reduz a sensibilidade das terminações nervosas sensitivas, proporcionando a diminuição da dor, e que Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 101 a partir do aquecimento muscular, ocorre a diminuição do tônus, favorecendo o relaxamento e a diminuição dos espasmos musculares, grande causador de dor (REDONDO et al, 2004). De Conti e Calderon (2002), avaliaram 71 gestantes dividindo-as em dois grupos. O primeiro grupo participou de 10 encontros com atividades educativas, fisioterapêuticas e de interação e o segundo grupo, fez parte do grupo controle, não realizando qualquer atividade. Comparando-se os dois grupos quanto à ocorrência, as características e a evolução dos desconfortos músculo-esqueléticos, concluíram que as atividades fisioterapêuticas se relacionaram com a diminuição da intensidade, freqüência e duração e a melhor evolução dos desconfortos músculo-esqueléticos. Prevedel e Calderon (2002), em um estudo prospectivo com 41 gestantes de baixo risco, aplicaram um programa de hidroterapia com freqüência de três vezes por semana e duração de uma hora para avaliar os efeitos maternos e perinatais da prática de hidroterapia. Constataram o efeito benéfico da hidroterapia, onde os índices de gordura relativa foram mantidos no grupo tratado ao contrário do grupo controle onde os índices aumentaram, e ainda concluíram que a hidroterapia favoreceu adequada adaptação metabólica e cardiovascular maternas à gestação e não determinou prematuridade e baixo peso nos recémnascidos. A análise descritiva dos resultados obtidos no presente trabalho revela que houve diferenças significativas entre todas as gestantes em relação aos desconfortos músculoesqueléticos. Os resultados evidenciaram que, as síndromes dolorosas comuns neste período, podem ser amenizadas e até mesmo extinguidas através de um programa de terapia aquática realizado regularmente. Segundo a literatura, as metas dos exercícios gerais podem ser atingidas com maior sucesso quando o tratamento é realizado em ambiente aquático, pois possibilita a gestante, além dos benefícios dos exercícios, os benefícios das propriedades mecânicas e térmicas da Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 102 água. Para Bookspan (2000), a reabilitação aquática parece oferecer estratégias que auxiliem o tratamento de desconfortos músculo-esqueléticos. O tratamento seria dirigido para condicionamento geral, alívio da dor, melhora dos padrões de sono através de esforço físico, relaxamento e melhora postural para corrigir adaptações a longo prazo, secundárias à dor. O relaxamento obtido a partir do exercício e o suporte fornecido pela água são capazes de levar a importante melhora nos relatos subjetivos de dor e rigidez. Uma perspectiva mental mais positiva é muitas vezes alcançada com a realização de exercício sem dor. A literatura específica sobre as síndromes dolorosas na gravidez é bastante escassa e não fornece referências para a comparação dos resultados aqui observados. As possíveis explicações são atribuídas, principalmente, à falta de padronização nos trabalhos, desde a aplicação e o desenvolvimento do método até à análise dos resultados. Em outros estudos semelhantes, a análise dos resultados confirmou que as gestantes foram beneficiadas pelo controle da ansiedade no final da gestação e pela maior chance de parto vaginal (83,8%), sem comprometimento do peso e idade dos recém-nascidos (DE CONTI et al, 2003). O período de atendimento limitado pode ter interferido na obtenção de resultados mais satisfatórios, pois um tratamento mais prolongado, poderia resultar em melhora mais acentuada. A temperatura da água da piscina pode ter limitado o sucesso da terapia, pois ela nem sempre esteve ideal. Nos dias de temperatura ambiente baixa, houve dificuldade em controlar a temperatura aquática. Outro fator que certamente limitou o estudo e influenciou os resultados obtidos é o tamanho da amostra. Um número mais elevado embasaria resultados mais confiáveis. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 103 6 CONCLUSÃO A síndrome dolorosa na gestação é uma condição muito freqüente em nossa sociedade, causando importantes transtornos físicos e sociais. Apesar disso, ela vem sendo considerada como uma ocorrência normal e até esperada na gravidez, o que tem contribuído para a falta de adoção de medidas profiláticas e de alívio. Embora já se conheça a contribuição da prática de atividade física regular e orientada durante a gestação para a eliminação dos desconfortos músculo-esqueléticos, ainda não existe consenso no estabelecimento da conduta ideal para essa prática. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 104 Todavia, através da presente pesquisa pode-se concluir que o programa de reabilitação aquática foi eficaz sobre as síndromes dolorosas, favorecendo a diminuição da ocorrência e características da dor e a melhor evolução dos desconfortos músculo-esqueléticos na gestação. A eficácia do método parece ultrapassar os limites fisiológicos e trazer benefícios também no campo sócio-psicológico, influenciando no bem-estar, na auto-estima e na qualidade de vida destas pacientes, que revelaram um elevado grau de satisfação com o tratamento. Entretanto, é importante salientar que muitos estudos ainda são necessários, a fim de encontrar formas cada vez mais eficazes de tratamento. Para isto, é preciso que sejam realizadas pesquisas sérias, com metodologia adequada e resultados comprovados, para que os protocolos e técnicas sejam cientificamente comprovados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, J.; TUMERELO, S. 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As participantes realizarão uma avaliação inicial, de acordo com uma ficha de avaliação. O grupo será submetido a duas sessões semanais de terapia aquática, durante cinco semanas, totalizando 10 sessões, onde serão realizados exercícios de aquecimento, alongamento, atividade aeróbica, fortalecimento e relaxamento, e cada sessão terá a duração aproximada de 50 minutos. As participantes obrigatoriamente deverão ter atestado médico, renovado mensalmente, excluindo qualquer risco que contra-indique atividade física. Mas se mesmo assim ocorrer qualquer intercorrência durante o atendimento, o médico da participante será avisado e a mesma será encaminhada ao hospital se necessário. Após ler e receber explicações sobre a pesquisa, e ter meus direitos de: 1. Receber a resposta a qualquer pergunta ou esclarecimento a sobre os procedimentos, riscos, benefícios e outros relacionados com a pesquisa; 2. Retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo; 3. Não ser identificado e ser mantido o caráter confidencial das informações relacionadas à privacidade; 4. Procurar esclarecimentos com o Comitê de Ética em Pesquisa da UNIOESTE, através do telefone 220.3131, em caso de dúvidas ou notificação de acontecimentos não previstos. Declaro estar ciente do exposto e desejar participar da pesquisa. Cascavel, ____ de __________________ 2004. Nome do Responsável: ________________________________________________________ Assinatura: _________________________________________________________________ Eu, Juliana Cristina Frare, declaro que forneci todas as informações referentes ao estudo ao participante e/ou responsável. ____________________________________________ Telefone: 3037.2906 Data: ____/____/____ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 113 APÊNDICE A – FICHA DE AVALIAÇÃO EM OBSTETRÍCIA FICHA DE AVALIAÇÃO EM OBSTETRÍCIA 1) Identificação: Nome: ____________________________________________________ Registro nº_______________ Idade:____ Data Nasc.:__/__/__ Raça:_____________ Estado Civil:__________________________ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 114 Escolaridade: ____________ Profissão: ______________Religião: ____________________________ Endereço: ____________________________________________ Telefone:_____________________ Médico:______________________________________________ Telefone:_____________________ Data da Avaliação: __/__/__ 2) Antecedentes Obstétricos: Cesárea: ______ Parto Normal: _____ Aborto: _____ P( ) E( ) Gêmeos: ____________________ Data da última gestação: __/__/__ Intercorrências:_____________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Duração das gestações: _______________________________________________________________ Intervalo entre as gestações: ___________________________________________________________ Tipo de parto e/ou intercorrências: ______________________________________________________ Peso dos RN: _______________________________________________________________________ Período expulsivo prolongado:_________________________________________________________ 3) Gestação Atual: Idade Gestacional: ____________________ D.U.M.: _________________ Peso: _________________ Pré-natal: S( ) N( ) 4) História Clínica: ( ) Hipertensão ( ) Hipotensão ( ) Diabetes ( ) Neoplasia ( ) Dç. Pulmonar ( ) Dç. Reumática ( ) Dç. Gastrintestinal ( ) Dç. Genitourinária ( ) Dç. Venérea ( ) Dç. Cardíaca ( ) Alt. Neurológica ( ) Anemia ( ) Alt. Vascular ( ) Álcool ( ) Drogas ( ) Cigarro ( ) Medicamentos ( ) Constipação Obs.:______________________________________________________________________________ 5)Principais Queixas: ( ) Hipersensibilidade na mama ( ) Prurido ( ) Desvios de Apetite ( ) Náuseas ( ) Parestesia ( ) Cefaléia ( ) Vertigens ( )Edema ( ) Vômitos ( ) Irritabilidade ( ) Câimbras ( ) Varizes ( ) Alterações no sono Dor: ( )S ( )N Local: ____________________________________________________________________________ Intensidade: ( ) Sem sintomas ( )Leve ( ) Moderada ( ) Grave ( ) Associada: ________________ Freqüência: ( ) Diária ( ) Semanal ( ) Quinzenal ou mais. Duração: ( ) Menor ou igual a 1h ( ) 2 a 3 h ( ) Mais que 3 h ( ) Associada: __________________ Tipo: _____________________________________________________________________________ Fatores desencadeantes: ______________________________________________________________ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 115 Fatores de cessação da dor:____________________________________________________________ Período do dia: _____________________________________________________________________ 6) Atividade Física: S( ) N( ) Tipo: _____________________________________________________________________________ Freqüência: _____________________________ Há quanto tempo: ____________________________ 7) Avaliação Física: Inspeção:__________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Avaliação Postural Estática: Cabeça Ombro Clavícula Escápula MMSS Mão CI EIAS Quadril Anteriorizada Inclinada Rodada Anteriorizado Elevado Rodado Verticalizada Horizontalizada Alada Abduzida Aduzida Elevados FLX de cotovelo Voltada para frente Voltada para trás Elevada Anteriorizada Elevada Anteriorizada Anteversão Retroversão Linha poplítea Joelho Patela Pés Cervical Torácic a Lombar Elevada Varo Valgo Hiperext. Fletido Lateralizada Medializada Elevada Rebaixada Inversão Eversão Chato Cavo Hiperlordose Retificada Hipercifose Retificada Escoliose Hiperlordose Retificada Escoliose Força Muscular: Glúteos:__________________________ Abdominais: ______________________________ Adutores: ________________________ Quadríceps: _______________________________ Abdutores: ________________________ Diafragma: _______________________________ Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 116 Flexibilidade: Ísquio-tibiais: _______________________ Psoas: __________________________________ Peitorais: ___________________________ Tríceps: ________________________________ Adutores: ___________________________ Sinergismo lombo-pélvico:_____________________________________________________ _________________________________ Estagiário 8) Evolução: Data IG Peso FCi FCf FRi FRf PAi PAf Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 117 APÊNDICE B – PROTOCOLO DE TRATAMENTO PROTOCOLO DE TRATAMENTO Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 118 As sessões de terapia aquática compreenderam em exercícios de aquecimento, atividade aeróbica, fortalecimento, alongamento e relaxamento. Para isto foram escolhidos a cada sessão alguns dos exercícios abaixo: • AQUECIMENTO: Duração média de 5 minutos. - Batimento de pernas: Paciente sentada na borda da piscina, iniciar com pernadas leves, lentas e ritmadas, alternando a movimentação das pernas e mantendo os tornozelos flexionados. Ajuda a acostumar com a água, prepara as pernas para a série de exercícios e alivia o cansaço dos pés. - Caminhada: Andar na água, movendo os braços para frente e para trás, respirando normalmente. Variações: caminhada para frente, para trás, diagonalmente e em círculos. Ajuda o corpo a se acomodar à água, temperatura e resistência (Foto 1). - Circundução dos ombros: Paciente mantém os braços relaxados ao lado do corpo, joelhos levemente flexionados e pés afastados na altura no quadril, iniciar levantando ambos os ombros em direção ás orelhas e girar alternadamente para frente e para trás várias vezes, depois girar simultaneamente. Relaxa e ameniza tensões nos ombros. - Inclinação pélvica: Mantendo as costas e os quadris na parede da piscina, pés próximos entre si e apoio dos braços sobre a borda da piscina, inclinar a pelve para cima, pressionando a curvatura da coluna em direção à parede, abaixar a cabeça e manter esta posição por alguns instantes, depois voltar lentamente a posição inicial. Auxilia no alinhamento corporal, ameniza tensões nos músculos dorsais e fortalece os músculos abdominais. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 119 - Báscula: Com os pés levemente afastados, a paciente realiza uma anteversão de pelve e contrai os músculos do assoalho pélvico. Realizar 10 repetições, mantendo a contração por 5 segundos. Este exercício isola e fortifica os músculos perineais e os do assoalho pélvico, oferecendo melhor suporte aos órgãos reprodutores e melhorando o controle do corpo durante o parto. Quando executado regularmente ajudam a evitar incontinências urinárias tanto antes como depois da gestação. - Elevação Lateral: Os MMSS devem ser posicionados rente ao corpo e os pés juntos. Abduzir os braços, girando as palmas para cima, até que fiquem acima da cabeça, e inspire. Depois retorne lentamente os braços para a posição inicial, enquanto realiza a expiração. Ajuda a expandir a capacidade respiratória. • ATIVIDADE AERÓBICA: Duração média de 10 minutos. - Marchar no lugar: a paciente inicia marchando no lugar, depois progride levantando cada vez mais alto os joelhos e levando as mãos de maneira alternada ao joelho oposto. - Chutes para trás: em pé com os pés afastados a largura do quadril, a paciente chuta primeiro com um pé e depois com o outro para trás em direção das nádegas, mantendo os braços rente ao corpo, fletindo o cotovelo a cada chute. Variação: a paciente pode estar segurando um flutuador. - Polichinelo: em pé, com os membros superiores abduzidos segurando as extremidades do flutuador (macarrão), e membros inferiores aduzidos. Iniciar o exercício aduzindo os Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 120 membros superiores enquanto abduz os membros inferiores. Realizar de maneira rítmica (Foto 2). - Polichinelo alternado: em pé, um dos membros superiores fletido até altura do ombro e o outro estendido até a mesma altura e um dos membros inferiores à frente do corpo e o outro para trás. Iniciar o movimento trazendo o membro superior e inferior que estavam à frente para trás e vice-versa. Realizar de maneira rítmica. - Can-can: em pé, com auxílio de um halter em cada mão, mantendo este halter flutuante em cada lado do corpo com os membros superiores abduzidos para ajudar no equilíbrio, a paciente realiza flexão de quadril com o joelho flexionado e depois flexão de quadril com o joelho estendido enquanto o outro membro inferior permanece no solo, em seguida repetir com a outra perna. • FORTALECIMENTO: Duração média de 10 minutos. - Membros Superiores: - Com os pés confortavelmente afastados, realizar braçadas semelhantes aos da natação como braçada do crawl: movimento circular e progressivo, alternando mão sobre mão, com recuperação da braçada acima dos ombros, e braçada do nado de peito: puxada rítmica em forma de coração, com ambos os lados e recuperação sobre a água. Realizar 10 ciclos de cada braçada. - Em pé e os pés unidos, a paciente estende um dos braços a frente, na altura do ombro, com a palma da mão para baixo ao mesmo tempo que estende o outro braço para trás na mesma Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 121 altura com a palma para baixo, pressiona ambas as mãos em direção as pernas e depois novamente para cima terminando com o braço que estava a frente para trás e vice-versa. Variação: As duas mãos podem ser trazidas a frente e estendidas para os lados e pode-se utilizar palmares para dificultar o exercício. - Pés afastados na largura dos ombros e joelhos levemente flexionados, a paciente abduz e estende o braço na altura dos ombros, um pouco abaixo da superfície da água. Deve-se então girar os braços em círculos para frente por 5 vezes e depois para trás por mais 5 vezes. Repetir por 3 vezes. - Com os braços estendidos a frente na altura dos ombros, e palmas unidas sob a água, a paciente gira o tronco para um dos lados, mantendo os pés imóveis e puxando ambas as mãos para o lado girado. Variação: uso de palmares para aumentar a resistência. - Em pé, com os membros superiores aduzidos, a paciente deve abduzir os ombros os com as palmas das mãos segurando um flutuador (halteres) até o nível da piscina, depois deve aduzir o ombro. Realizar 2 vezes de 10 repetições (Foto 3). - De frente para a parede da piscina, pés afastados da parede e mãos na borda afastadas entre si na largura dos ombros. A paciente deve flexionar lentamente os cotovelos, mantendo o corpo alinhado e os pés imóveis, até que o queixo se aproxime da borda, depois estenda o cotovelo, até ficar em posição ereta. Repetir 10 vezes. - Com as mãos em cima da prancha, a paciente deve esticar os braços empurrando a prancha para dentro da água, permitindo que ela retorne à superfície. Repetir 10 vezes (Foto 4). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 122 - Coluna e Abdômen: - De frente para a parede da piscina, a paciente segura a borda com as mãos separadas na largura dos ombros e os braços estendidos. Inclinando-se na cintura, escalar a parede com os joelhos flexionados e afastados, até que os pés alcancem a altura do quadril. Depois estender os joelhos, distanciando o corpo da parede e contar até 5. Flexionar os joelhos algumas vezes, movendo o corpo lentamente para perto e para longe da borda. - Com os pés unidos, as costas na parede da piscina e os braços estendidos apoiados na borda da piscina, levantar um joelho ao nível da cintura em direção ao ombro oposto e depois voltar a posição inicial. Realizar o exercício com o outro joelho. Repetir 10 vezes com cada joelho. - Flutuar sobre as costas, com o pescoço descansando na borda da piscina e os braços estendidos e abduzidos com as mãos segurando na borda. A paciente puxa os joelhos em direção ao peito, em seguida estende as mesmas. Variação: trazer os joelhos para os lados. - Em pé, utilizando-se de um flutuador, girar lentamente de um lado para o outro, tão longe quanto consiga. Os pés devem permanecer afastados na largura dos ombros e em posição neutra. Os braços devem ser mantidos tão estendidos quanto possível (Foto 5). - Membros Inferiores: - De frente para a parede da piscina, afastada da borda a uma distância quase equivalente a do braço, colocar as mãos sobre a borda com os braços estendidos e direcionar as pernas para a superfície da água. Começar a movimentar as pernas lentamente, aumentando a velocidade progressivamente. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 123 - Flutuando de costas e segurando a borda da piscina com as mãos, estender as pernas para frente, mantendo-as unidas, alternando flexões e extensões como se estivesse pedalando uma bicicleta. - De costas para a parede da piscina, a paciente segura a borda da piscina com as mãos e levanta as pernas na sua frente mantendo os pés estendidos, depois abduz as pernas o máximo possível e em seguida cruza as pernas (perna direita sobre a esquerda, depois perna esquerda sobre a direita). - Com as pernas aduzidas e coluna apoiada na parede da piscina, a paciente deve segurar na borda com as mãos e os antebraços. Em seguida, deve elevar uma perna a frente na posição mais alta e agradável possível, mantendo os quadris contra a parede. Depois retornar a perna ao ponto de partida e repetir o movimento com a outra perna. Repetir o exercício 5 vezes com cada perna. - De lado para a parede da piscina e segurando a borda com a mão, elevar a perna para frente a uma altura máxima e agradável. Depois, balançar a perna lentamente em um semicírculo até que fique estendida atrás das costas. Repetir 10 vezes e mudar de lado. - De frente para a piscina, com apoio dos membros superiores na borda, a paciente realiza flexão e extensão de joelhos contra resistência de um flutuador (macarrão) no tornozelo. Repetir 2 vezes de 10 repetições cada. (Foto 6). Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 124 - De frente para a parede da piscina, com as mãos apoiadas na borda e pés afastados 15cm. A paciente deve agachar tanto quanto conseguir de forma confortável, ao mesmo tempo que mantém os calcanhares apoiados no chão. Repetir 10 vezes. - De pé, com os pés separados a uma distância igual a do quadril, a paciente levanta ambos os calcanhares e em seguida abaixa-os, realizando 10 repetições. • ALONGAMENTO: Duração média de 10 minutos. - Alongamento de fibras superiores do trapézio e musculatura do ombro: Com os pé afastados na largura do quadril, estender um dos braços sobre a cabeça com a palma para dentro, fletir o cotovelo deste braço e segurá-lo com a mão oposta. Tracionar o braço fletido até que alcance a escápula. Repetir com o outro braço (Foto 7). - Alongamento de membros superiores: Com as costas na parede da piscina, a paciente com as mãos acima da cabeça apóia as mesmas na borda da piscina, afastadas a largura do ombro, em seguida flexiona os joelhos, permitindo que seu peso alongue os braços. - Alongamentos de abdominais e músculos torácicos: Com os braços abduzidos e estendidos e os pés afastados na largura dos ombros para manter o equilíbrio, joelhos e quadris levemente flexionados. A paciente gira em um sentido, o máximo possível, mantendo os pés imóveis e os braços alinhados por 20 segundos, depois retorna a posição inicial, e gira no sentido oposto. Variação: mãos nos quadris. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 125 - Alongamento de flexores do tronco e grande dorsal: Com os as pernas afastadas entre si a largura dos ombros, joelhos e quadris levemente fletidos e mãos unidas acima da cabeça, a paciente leva as mãos para um dos lados, inclinando também o tronco. Repetir do outro lado. - Alongamento de coluna lombar e glúteos: em pé, com a coluna ereta e completamente apoiada na parede da piscina, flexionar o joelho contra o peito e mantê-lo assim por 20 segundos. Repetir com o membro inferior. - Alongamento de adutores do quadril e quadríceps: Paciente de frente para a parede da piscina segurando na borda com as mãos afastadas entre si na largura dos ombros. Colocar os pés contra a parede, afastados a uma largura maior que a dos ombros. A paciente deve fletir um dos joelhos concentrando seu peso deste lado e estendendo a perna oposta. Retornar ao centro e repetir o exercício para o lado oposto. - Alongamento de quadríceps e iliopsoas: De frente para a piscina, a paciente realiza a extensão do quadril e o mantém com auxílio de um flutuador (Foto 8). - Alongamento de gastrocnêmios e solear: De frente para a parede e afastada dela a distância de um braço, a paciente segura a borda da piscina e dá um passo a frente com uma das pernas, concentrando seu peso nesta perna e mantendo os pés no chão na piscina. Repetir com a outra perna. - Alongamento dos músculos posteriores da coxa e paravertebrais: Segurando a borda da piscina com os braços separados a largura dos ombros, a paciente coloca os pés na parede um Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 126 pouco afastados dos braços e lentamente vai estendendo as pernas. Alonga os músculos da região posterior do membro inferior e a coluna (Foto 9). • RELAXAMENTO: Duração média de 15 minutos. - Respiração pausada: Manter os MMSS estendidos lateralmente e MMII levemente abduzidos. Inspirar profunda e lentamente pelo nariz, depois expirar de forma lenta e completa pela boca. Fazer 5 repetições, descansar e repetir. Desenvolve a habilidade de respirar profunda e completamente. - Respiração com rotações: MMII devem estar afastados na largura do quadril, MMSS aduzidos rente ao corpo e a cabeça deve estar direcionada para frente. Rodar lentamente a cabeça em uma direção, inspirando profundamente pelo nariz e boca, até que a cabeça tenha rodado um quarto de circunferência. Expirar pelo nariz e pela boca à medida que a cabeça retorna a posição inicial. Repetir o exercício rodando a cabeça para o lado oposto. Ajuda tonificar e alongar os músculos da cabeça e do pescoço, auxiliando na redução das tensões musculares nas áreas do pescoço e da cabeça. - Respirar e fazer bolhas: Com um dos MMII um pouco à frente do outro, abduzidos até a largura do quadril. Manter os MMSS debaixo da água para o equilíbrio. Inspirar profundamente e expirar de forma lenta e completa pelo nariz e pela boca. Combinar as respirações e as bolhas. Inspirar lentamente e flexionar os joelhos para submergir. Expirar continuamente pelo nariz e pela boca, debaixo da água. Ainda expirando, estender os joelhos para emergir da água. Repetir 3 vezes. Desenvolve a técnica geral e aumenta o controle da respiração. Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 127 APÊNDICE C – FOTOS DO PROGRAMA DE REABILITAÇÃO AQUÁTICA Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 128 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 129 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 130 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 131 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265 132 Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste n. 02 – 2004 ISSN 1675-8265