147 1.5 EVOLUÇÃO VOLUÇÃO DOS SISTEMAS REPRODUTIVOS DOS METAZOA Paulo Henrique enrique Franco Lucinda Doutor em Zoologia. Professor Adjunto IV I do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Tocantins - UFT, Porto Nacional, TO. Introdução e Objetivos Os organismos vivos mudam de forma no espaço e no tempo. Esta continuidade temporal, ou seja, a manutenção da vida ao longo do tempo, somente é possível em virtude do o fenômeno reprodutivo. Neste capítulo fazemos a distinção entre reprodução sexuada (sexual) e assexuada (assexual) e exploramos as razões pelas quais, ao menos para animais, a reprodução sexuada parece oferecer vantagens importantes sobre a assexuada. A seguir, discutimos a origem e a maturação maturaçã das células germinativas; o desenho dos sistemas reprodutivos; os padrões reprodutivos dos animais; analisaremos a diversidade e o significado adaptativo dos padrões de reprodução sexual e assexual e dos padrões de ciclo de vida vida, incluindo as vantagens seletivas eletivas da própria reprodução sexual. Estas questões serão s discutidas em maiores detalhes ao longo desta unidade. Objetivos Ao final desta unidade, o leitor deverá ser capaz de: • reconhecer econhecer a importância da reprodução; • definir reprodução; • distinguir reprodução dução assexuada de reprodução sexuada; • discorrer iscorrer sobre a importância dos processos pr de reprodução assexuada e reprodução sexuada, bem como enumerar as interações entre estes processos ao longo da evolução dos Metazoa (animais pluricelulares); • enumerar e entender ender os principais métodos de reprodução assexuada e sexuada dos Metazoa; identificar dentificar os principais eventos, processos proc e mecanismos e suas inter• relações relativas à reprodução sexuada dos Metazoa: padrões de sexualidade, gametogênese, sistemas de determinação determi do sexo, desenvolvimento das gônadas e gonodutos, fertilização, desenvolvimento direto e indireto, tipos de ovos, tipos de larvas; • descrever escrever os padrões básicos de ciclos de vida dos Metazoa; • descrever escrever os principais mecanismos reprodutivos dos grandes grupos de Metazoa. Módulo V – Processos Reprodutivos O Reino METAZOA ou ANIMALIA engloba todos os seres vivos que são qualificados tipicamente como animais. 148 O Processo Reprodutivo DOIS MODELOS DE REPRODUÇÃO DUÇÃO PODEM SER REC RECONHECIDOS: ASSEXUADO E SEXUADO. Na reprodução assexuada há apenas um progenitor e não há órgãos ou células germinativas especializadas. Cada organismo é capaz de produzir cópias geneticamente iguais de si mesmo, assim que se torna adulto. Por outro lado, a reprodução sexuada, de maneira geral, envolve dois progenitores, onde cada um contribui com células germinativas especializadas (gametas), cuja fusão (fertilização) leva ao desenvolvimento de uma célula-ovo (zigoto) que originará um novo indivíduo geneticamente diferente dos genitores. A reprodução sexuada gera variabilidade fenotípica, o ingrediente básico para o processo evolutivo. Reprodução Assexuada A reprodução assexuada é a produção de indivíduos sem envolver recombinação do material genético. No caso dos metazoários, o que significa reprodução sem a produção de gametas (óvulos ou espermatozóides). esperma A prole assim produzida terá uma constituição genética idêntica êntica aos organismos parentais, que inclui um grande número de processos diferentes que serão descritos a seguir. Todos os descendentes produzidos por meio da reprodução assexuada têm o mesmo genótipo e são chamados de clones . A reprodução assexuada é também chamada de reprodução clonal. Há reprodução assexuada em muitos filos de metazoários. Nos filos animais nos quais ocorre reprodução assexuada, a maior parte das espécies também emprega em a reprodução sexuada. Nesses es grupos, a reprodução assexuada assegura o rápido aumento de número, quando a diferenciação do organismo não atingiu o ponto de formação de gametas. A reprodução assexuada pode ocorrer tanto pela subdivisão de um corpo em duas ou mais partes multicelulares multicelulares, como pela produção de ovos diplóides. As formas básicas de reprodução assexuada ou clonal dos metazoários são brotamento, gemulação, fissão ou fragmentação (seguidas de regeneração) e partenogênese, como se poderá ver a seguir: O brotamento é a divisão desigual de um organismo. O novo indivíduo surge como um botão (broto), crescendo a partir do progenitor, desenvolve órgãos iguais aos dele e posteriormente se separa. O brotamento ocorre em diversos filos animais, sendo especialmente importante em cnidários. A gemulação é a formação de um novo indivíduo a partir de um agregado de células envolvido por uma cápsula resistente, chamada gêmula. Em muitas esponjas de água doce, as gêmulas desenvolvem-se desenvolvem no outono e sobrevivem durante o inverno no corpo ressecado ou congelado ado do progenitor. Na primavera, as células do Módulo V – Processos Reprodutivos Animais coloniais são compostos por um grande número de indivíduos denominados zoóides. Os zoóides se mantêm unidos após a fissão ou brotamento. Este tipo de reprodução assexuada (fissão ou brotamento é incompleto) característico dos animais coloniais e é responsável pelo crescimento das colônias. Este tipo de crescimento, denominado crescimento modular, não ocorre pelo aumento do tamanho do corpo, mas pela adição de novos zoóides. Neste caso, a 149 agregado tornam-se se ativas, emergindo da cápsula e crescendo para tornar-se tornar uma nova esponja. A fissão pode significar uma fissão binária (divisão em dois fragmentos), sendo que cada um regenera as partes que faltam ou pode dar origem a fragmentos múltiplos (processo chamado de fragmentação), fragmentação sendo que cada um pode regenerar um animal completo. A fissão é sempre seguida de regeneração e geralmente combinada com a capacidade dade para reprodução sexual em ciclos de vida complexos com gerações assexual e sexual. A partenogênese é uma forma de reprodução por meio de óvulos não fertilizados. Há dois padrões básicos de partenogênese. No tipo denominado partenogênese ameiótica não ocorre meiose, e o ovo é formado por divisão mitótica. Esta é a forma assexual de partenogênese e ocorre, por exemplo, em algumas espécies de platelmintos, rotíferos, crustáceos e insetos. Neste caso, os filhotes são clones dos pais, já que, na ausência dee meiose, meiose o complemento cromossômico do progenitor é passado “intacto” para os descendentes. Ela envolve modificação da meiose de tal modo que os óvulos são diplóides e não precisam fundir-se fundir com células germinativas masculinas para dar origem a uma célula diplóide, a partir da qual pode prosseguir o desenvolvimento. Partenogênese obrigatória (quando nunca ocorre reprodução sexual) é rara, mas é encontrada, por exemplo, nos rotíferos bdelóideos, nos quais os machos nunca foram observados. os. A partenogênese ocorre oc frequentemente de modo cíclico juntamente com episódios de reprodução sexual (o ( que será discutido mais adiante). O segundo padrão básico, denominado partenogênese meiótica, pode ser considerado reprodução assexuada ou sexuada, dependendo da participação participa ou não dos machos neste processo. Este fenômeno será estudado mais adiante. Reprodução Sexuada Todos os seres vivos compartilham um mecanismo semiconservativo de replicação, denominado código genético,, que inclui a replicação das moléculas de DNA. A perpetuação dos organismos multicelulares requer não somente a replicação semiconservativa das moléculas de DNA e das células, mas também a replicação dos organismos, um processo que denominamos reprodução, e na grande maioria dos organismos esse processo ocesso também permite recombinação genética, isto é, denominada reprodução sexual.. Entre os seres vivos, há diversos sistemas de sexualidade, porém, eles compartilham a possibilidade de intercâmbio do material genético entre indivíduos diferentes da mesma espécie. Os animais adotaram um sistema de sexualidade que envolve en meiose e fertilização. Estee sistema inclui organismos diplóides, ou seja, organismos que têm dois conjuntos de cromossomos, cada um contendo informação genética codificada a partir de cada um dos pais. Os indivíduos diplóides originarão gametas haplóides (com um conjunto de cromossomos) cromossomos), isto é, óvulos e espermatozóides, por um processo chamado gametogênese (ver Fig. 1 a seguir). Módulo V – Processos Reprodutivos Felizmente, o processo de replicação das moléculas de DNA no código genético não é perfeito, pois são essas falhas que permitem o surgimento da variabilidade genotípica e fenotípica. 150 Figura 1: Representação diagramática dos principais eventos celulares da gametogênese (Figura 1410, RCO** pág. 382). Durante a gametogênese ocorre um tipo especial de divisão celular chamada meiose. A meiose é uma divisão celular dupla. Os cromossomos separam-se separam uma vez, mas as células se dividem em duas, produzindo quatro células, cada uma contendo metade do número original inal de cromossomos (número haplóide). A meiose é seguida pela fertilização,, que é a fusão dos gametas masculino e feminino formando o zigoto diplóide, cuja constituição genética difere daquela das células diplóides que deram origem aos gametas haplóides. O zigoto combina padrões genéticos dos dois genomas parentais em cada conju conjunto de cromossomos. Além disso, a fusão dos dois gametas haplóides restaura o número cromossômico normal (diplóide) da espécie. O zigoto começa a dividir-se dividir por mitose para dar origem a um indivíduo único, resultante da recombinação das características do pai e da mãe. A recombinação genética é a grande vantagem da reprodução sexuada. ATIVIDADE: Antes de aprofundarmos o estudo quanto à reprodução sexual nos animais, responda às perguntas a seguir: 1. como omo se dá o processo reprodutivo? 2. explique xplique como se dá a reprodução r assexuada e a sexuada. Módulo V – Processos Reprodutivos 151 Padrões de Sexualidade A reprodução sexual nos animais sempre envolve a fusão de gametas femininos grandes e imóveis com gametas masculinos pequenos e móveis. Este fenômeno é denominado de anisogamia. anisogamia Assim sendo, é possível reconhecer os machos e as fêmeas. Porém, há outros padrões de sexualidade entre os metazoários. metazoários De fato, a reprodução sexuada nos metazoários segue três padrões básicos de sexualidade, a saber: (1) gonocorismo (2) hermafroditismo e (3) partenogênese meiótica. 1. Reprodução Bissexuada ou Gonocorismo O fenômeno no qual os sexos são separados em indivíduos distintos é conhecido como gonocorismo ou dioicia (ou ainda reprodução bissexuada). É a produção de descendentes formados pela união de gametas originários de dois progenitores (macho e fêmea) geneticamente amente distintos. Como resultado, os descendentes possuirão um genótipo novo, diferente do de ambos os progenitores. Os indivíduos progenitores são de sexos diferentes, um macho e uma fêmea. Cada um deles tem seu próprio sistema reprodutivo e produz apenas um tipo de célula germinativa, espermatozóide ou óvulo, mas nunca ambos. Praticamente, Praticamente todos os vertebrados e muitos invertebrados têm sexos separados, uma condição denominada dióica ou gonocórica. O ESPERMATOZÓIDE é uma embalagem simplificada que carrega material genético altamente concentrado, desenhado com o único propósito de alcançar e fertilizar um óvulo. A distinção entre machos e fêmeas é baseada não em diferenças dife no tamanho ou na aparência dos progenitores, mas no tamanho e na mobilidade dos gametas que produzem (anisogamia). Os óvulos são produzidos pela fêmea e são grandes devido ao acúmulo de nutrientes armazenados para manter o desenvolvimento inicial, não n possuem mobilidade e são produzidos em números relativamente pequenos. Os espermatozóides são produzidos pelo macho. Espermatozóides são pequenos, móveis e produzidos em enormes quantidades. 2. Hermafroditismo O fenômeno no qual o mesmo indivíduo pode funcionar tanto como macho m e fêmea, simultânea ou sequencialmente, é conhecido como hermafroditismo. Ao contrário do estado dióico ou gonocórico, no qual os dois sexos são separados, os hermafroditas são monóicos,, o que significa que tanto os órgãos femininos quanto os masculinos estão presentes no mesmo organismo. Muitos invertebrados sésseis, subterrâneos subterrâ ou endoparasitos (por exemplo, muitos platelmintos, alguns hidróides e anelídeos), e uns poucos vertebrados (alguns peixes), peixes) são hermafroditas. Alguns hermafroditas fertilizam-se a si mesmos (hermafroditas hermafroditas simultâneos). simultâneos Este fenômeno é conhecido como autofertilização,, entretanto, entretanto a maioria das espécies hermafroditas não apresenta os dois papéis sexuais ao mesmo tempo, mas um e em sequência o outro. Estas espécies são hermafroditas sequenciais sequ (peixes de corais). Aquelas que iniciam a vida como macho e se transformam mais tarde em fêmea são hermafroditas protândricos; aquelas que iniciam a vida como fêmea e se transformam mais tarde em macho são hermafroditas protóginos. protóginos Módulo V – Processos Reprodutivos Geralmente o hermafroditismo sequencial é determinado geneticamente (peixes de corais), ambientalmente, ou hormonalmente. Por exemplo: o gastrópodo Crepidula fornicata se agrupa em pilhas: o indivíduo inferior é sempre uma fêmea e os indivíduos superiores são machos, enquanto os animais intermediários na pilha podem ser hermafroditas. Um mecanismo de feromônio provavelmente está envolvido no mecanismo de determinação do sexo desses animais. 152 3. Partenogênese Ameiótica A partenogênese é o desenvolvimento de um embrião a partir de um óvulo não fertilizado, ou de um óvulo no qual os núcleos feminino e masculino deixam de unir-se após a fertilização. Como já vimos anteriormente, há dois tipos básicos de partenogênese: ameiótica e meiótica. Partenogênese ameiótica: é um fenômeno de reprodução assexuada e envolve a formação mitótica de um óvulo diplóide sem a participação do macho. Partenogênese meiótica: um ovo haplóide é formado por meiose, podendo ou não ser ativado pela influência de um macho (podendo ser um fenômeno de reprodução sexuada ou assexuada, respectivamente). Por exemplo, em algumas espécies de peixes, a fêmea pode ser inseminada por um macho da mesma espécie, ou de uma espécie relacionada, mas os espermatozóides servem apenas para ativar o óvulo; o material genético do macho é rejeitado antes que possa penetrar no gameta feminino. Em diversas espécies de platelmintos, rotíferos, anelídeos, ácaros e insetos, o óvulo haplóide inicia seu desenvolvimento espontaneamente, não sendo necessários machos para estimular a ativação de um ovo. A condição diplóide é restaurada pela duplicação cromossômica. A partenogênese é comum entre os animais. É uma simplificação dos passos normalmente necessários à reprodução bissexuada. Pode ter evoluído para contornar o problema, em alguns animais, de colocar juntos o macho e a fêmea no momento certo para que a fertilização ocorra com sucesso. A desvantagem da partenogênese é a capacidade limitada de gerar variabilidade fenotípica e, consequentemente, baixa capacidade de adaptação frente a novas condições que porventura venham a ocorrer. Espécies bissexuadas, em virtude da recombinação gênica, têm uma chance maior de produzir proles com variabilidade fenotípica geralmente suficientes para se adaptar a novas condições ambientais. Gônadas e Gonodutos Os órgãos que produzem os gametas são chamados de gônadas. A gônada que produz espermatozóides é o testículo, e a que forma óvulos é o ovário. As gônadas representam os órgãos sexuais primários, os únicos órgãos sexuais encontrados em determinados grupos de animais. Os Poriferas (esponjas) e os Placozoa não possuem gônadas nem gonodutos (na verdade, as esponjas e os placozoários não possuem nenhum órgão). No caso das esponjas, os gametas são formados a partir de arqueócitos ou coanócitos indiferenciados do meso-hilo (que dão origem aos óvulos e a partir de coanócitos -que formam espermatozóides). A reprodução sexuada dos Placozoa não é bem compreendida e não se tem certeza se ela ocorre. Módulo V – Processos Reprodutivos Veja no endereço abaixo mais informações sobre os Porifera (esponjas) e os Cnidaria : http://www.portalb rasil.net/educacao_s eresvivos_invertebad 153 Entretanto, os Eumetazoa, isto é, os demais metazoários, possuem conjuntos de células germinativas nativas ectodérmicas, mesodérmicas ou endodérmicas responsáveis pela produção dos gametas. Estes conjuntos de células germinativas são chamados de gônada. As gônadas podem ser simplesmente um aglomerado de células germinativas ou podem ser mais complexas e revestidas por uma camada epitelial, formando órgãos diferenciados e individualizados ger geralmente pares (testículo ou ovário). Nos Cnidaria, as gônadas são agregadas agregad de células germinativas e se originam na endoderme e, geralmente, crescem e se diferenciam na gastroderme, exceto em alguns hidrozoários, nos quais elas migram para a epiderme. Os cnidários não possuem gonodutos e os gametas são liberados dentro da cavidade do corpo e expelidos posteriormente pela boca. Os Ctenophora são os primeiros metazoários a apresentar um gonoduto e os gametas saem das gônadas por canais curtos que conduzem a uma série de poros chamados gonóporos, que se abrem para o exterior do corpo. A maioria dos demais Eumetazoa, ou seja, a maioria dos Bilateria (animais com simetria bilateral) possui gônadas geralmente individualizadas que se originam na mesoderme. As gônadas dos bilatérios apresentam três formas gerais de organização (ver Fig. 2 a seguir) Figura 2: Bilatéria: anatomia gonadal e oviposição. (A a D) Metade da seção transversal. (A) Gônada na região do corpo com celoma e metanefrídio: gônada no mesotélio, gametas lançados dentro do celoma, liberados pelo metanefrídio (Lophophorata, Trochozoa). (B e C) Gônada saculiforme com seu próprio gonoduto em celomados que não possuem metanefrídios (B, deuterostômios) e em táxons com hemocele ou corpo compacto cto (acelomados) (C). (D) Gônada associada a tecido compacto, principalmente em bilatérios de pequeno porte: gônadas ausentes, substituídas pela simples agregação de células germinativas, gametas maduros saem através de gonodutos (não ilustrados) ou pela ruptura da parede do corpo (Figura 10.47, RFB pág. 301). 1. Se há celoma e metanefrídio, a gônada ocorre no mesotélio, libera gametas no celoma e elimina-os os através do metanefrídio (A). 2. Se a região gônada está na hemocele, tecido celular compacto, ou celoma sem um metanefrídio, a gônada está encerrada em sua própria cavidade e é revestida por um mesotélio que contém células germinativas. Estas gônadas se abrem para o exterior por meio de um gonoduto próprio (B, C). 3. Animais muito pequenos sem cavidades internas (hemocele ou celoma), isto é, preenchidos por tecido compacto, apresentam gônadas que são meras agregações de células germinativas que não possuem um epitélio de revestimento. Nestes,, os gametas são liberados através de um gonoduto ou pela ruptura da parede do corpo (D). Módulo V – Processos Reprodutivos A mesoderme é o folheto embrionário, ou seja, uma das camadas que iniciam a diferenciação das células no embrião, dando origem, entre outros órgãos, ao coração. 154 Com poucas exceções, os bilatérios apresentam gonodutos. O gonoduto dos bilatérios de fertilização interna é complexo e inclui uma série de órgãos acessórios que estocam, nutrem, transportam e encapsulam os gametas. Machos geralmente possuem glândulas secretoras para nutrição do esperma. Algumas espécies possuem glândula espermatofórica que secreta uma cápsula protetora, chamada espermatóforo, ao redor de um grupo de espermatozóides. O espermatóforo pode ser fixado a um substrato e mais tarde coletado pela fêmea, ou pode ser transferido diretamente para a fêmea. Outros órgãos acessórios masculinos são a vesícula seminal, que armazena espermatozóides, e o pênis especializado, que ajuda na transmissão de esperma para a fêmea. Órgãos acessórios femininos comuns são a bursa copulatória e o receptáculo seminal, que armazenam espermatozóides por curtos e longos períodos, respectivamente. Bilatérios grandes de fertilização interna ou liberam o zigoto na água, ou o incubam internamente (gestação), geralmente numa expansão distal do oviduto chamada de útero, ou o incubam externamente, ou o envolvem numa cápsula protetora. Os bilatérios muito pequenos geralmente são vivíparos ou depositam seus zigotos no substrato ou em cápsulas. Gametogênese Nos animais, geralmente, dois tipos de gametas são produzidos. Estes são derivados de células especializadas que foram segregadas precocemente no desenvolvimento embrionário (gônadas), ou derivadas a partir de células somáticas desdiferenciadas (Porifera). O processo de formação de gametas masculinos (denominados espermatozóides) recebe o nome de espermatogênese, e a ovogênese é o nome dado ao processo de formação de gametas femininos (denominados óvulos). A espermatogênese, na maioria dos metazoários, envolve divisões mitóticas antes do início da meiose, para originar um grande número de células. Cada espermatogônia, que se transforma em um espermatócito primário, dará origem a quatro espermátides, as quais, por um processo de diferenciação, dão origem aos espermatozóides (ver Fig. 1). Para melhor visualização, apresentamos a seguir novamente a Figura 1. Módulo V – Processos Reprodutivos 155 Figura 1: Representação diagramática dos principais eventos celulares da gametogênese (Figura 1410, RCO** pág. 382). A presença de espermatozóides é um caráter único, uma novidade evolutiva compartilhada (sinapomorfia) pelos metazoários (talvez a maneira mais fácil de definir os animais é defini-los como seres que possuem espermatozóides). Observe na Fig. 3 a seguir que muitos metazoários têm espermatozóides semelhantes, com corpo celular arredondado e um flagelo posterior (a), mas outros possuem tipos mais avançados (b-d). Alguns metazoários apresentam espermatozóides sem flagelos que se movem por movimento amebóide (Gnathostomulida, Nematoda, Nematomorpha, Crustacea, Diplopoda). Os flagelos dos espermatozóides dos Rotifera e Acanthocephala são anteriores. Espermatozóides mais avançados estão associados com ciclos de vida nos quais há armazenamento do esperma ou fecundação interna, ou nos quais os ovos são muito bem protegidos. Figura 3: (A) Espermatozóide do tipo primitivo cuja cabeça é arredondada. (B- D) Espermatozóides mais avançados (Figura 13.29, RFB pág. 509). Durante a ovogênese (Fig. 1), reservas alimentares são depositadas no óvulo em desenvolvimento. Em alguns metazoários os ovócitos (células precursoras do óvulo) em desenvolvimento são células solitárias que ficam suspensas livremente no líquido celomático. Os ovócitos se desenvolvem e elaboram seu Módulo V – Processos Reprodutivos Visite o site Educação Pública do Governo do RJ e conheça mais sobre caracteres compartilhados em: http://www.educac aopublica.rj.gov.br/ oficinas/ed_ciencias /peixes/onde/comp artilhando/caractere s_e_homoplasias.ht ml 156 próprio vitelo sem qualquer associação com outras células e flutuam livremente na cavidade celomática. Tal padrão é descrito como ovogênese solitária. Apenas para facilitar o estudo, segue abaixo novamente a Figura 1. Figura 1: Representação diagramática dos principais eventos celulares da gametogênese (Figura 1410, RCO** pág. 382). Nesses casos, as reservas alimentares do futuro óvulo são incorporadas pelo próprio ovócito como precursores de baixo peso molecular e elaborados posteriormente em moléculas complexas de alto peso molecular, denominadas coletivamente de vitelo. Este processo é chamado autossíntese. O vitelo, portanto, é a reserva alimentar do óvulo (a gema do ovo das galinhas, por exemplo, é formada pelo vitelo). Esse tipo de ovogênese acontece em metazoários com amplas cavidades celomáticas, por exemplo, nos Echiura, Sipuncula e em alguns poliquetos. A maioria dos metazoários, contudo, apresenta uma ovogênese folicular ou nutrimental, na qual os ovócitos em desenvolvimento estão intimamente associados a células somáticas (denominadas células foliculares), ou a outras células germinativas (chamadas células subsidiárias). A maior parte das moléculas de alto peso molecular, depositada no citoplasma do ovócito, é sintetizada não pelo próprio ovócito, mas pelas células somáticas ou subsidiárias em outro lugar do corpo. Tais moléculas são então transportadas para os ovócitos pelos líquidos do corpo ou pelo sistema circulatório. Este padrão da ovogênese é descrito como heterossíntese e ocorre, por exemplo, em insetos, crustáceos e moluscos. Nos Turbellaria, o “ovócito” é frequentemente uma estrutura complexa, composta por uns poucos ovócitos verdadeiros com pouco vitelo, associados a células subsidiárias repletas de vitelo. Toda esta estrutura está contida num envoltório Módulo V – Processos Reprodutivos 157 protéico esclerotizado. Este tipo de ovogênese, onde o vitelo não é armazenado no ovócito, mas em células subsidiárias, é denominado nutrimental e ectolécito. Os demais padrões (ovogênese solitária e folicular) são chamados de endolécito, pois o vitelo é armazenado no citoplasma do ovócito. Mecanismos de Determinação do Sexo A determinação do sexo dos metazoários apresenta componentes materno, genético e ambiental. No caso da determinação materna, o sexo dos filhos é determinado pela mãe através da produção de diferentes tipos de ovócitos (Fig. 4). Figura 4: Determinação materna do sexo e ciclo de vida de Dinophylus gyrociliatus (Annelida, Polychaeta) -- (Figura do Quadro 14-3(1), RCO pág. 370). Por exemplo, os ovários das fêmeas adultas de Dinophylus gyrociliatus (Polychaeta) produzem dois tipos de ovócitos: • ovócitos grandes tornam-se fêmeas; e, • ovócitos menores tornam-se machos anões precocemente maduros. Ocorre inseminação dos embriões femininos no casulo. Todos os adultos são fêmeas inseminadas. Além da determinação materna, existe um componente genético envolvido, pois o macho de D. gyrociliatus produz espermatozóides masculino e feminino. Os espermatozóides femininos (espermatozóides-X) têm um cromossomo que está ausente nos espermatozóides masculinos (espermatozóides-0). Espermatozóides-X selecionam ovócitos grandes (femininos) e espermatozóides-0 selecionam ovócitos pequenos (masculinos). Outro exemplo são as abelhas. A abelha rainha é capaz de controlar a fecundação dos seus ovos (determinação materna); ovos diplóides fecundados desenvolver-se-ão em condições normais em fêmeas operárias estéreis (determinação genética), mas têm a capacidade em potencial de se tornarem fêmeas funcionais se expostas às condições apropriadas durante o desenvolvimento (determinação ambiental), ao passo que os ovos não fecundados darão origem, por partenogênese, aos machos haplóides (determinação genética). Módulo V – Processos Reprodutivos 158 O exemplo das abelhas ilustra um caso de determinação genética do sexo chamado haplodiploidia,, pois o que determina o sexo é a condição haplóide (machos) e diplóide (fêmea). O exemplo dado do poliqueto (Dinophylus gyrociliatus), acima, ilustra um caso de determinação genética do sexo chamado heterogamia, pois o que determina o sexo é a fusão de gametas que diferem entre si quanto à sua constituição cromossômica. Nestee exemplo, as fêmeas apresentam um cromossomo que é chamado sistema XX-XO. Em algumas outras espécies animais, machos e fêmeas apresentam d diferentes complementos cromossômicos. As fêmeas têm cromossomos sexuais idênticos, idênticos chamados cromossomos X, e os machos cromossomos diferentes, diferentes um cromossomo X e um cromossomo Y. O sexo do zigoto é determinado pelo complemento cromossômico do espermatozóide fecundante. Neste caso, o gameta masculino determina o sexo. O chamado sistema XX XX-XY ocorre, por exemplo, em insetos e craniados. Outro sistema de determinação do sexo é o chamado sistema ZZ-ZW. É um sistema semelhante ao XX-XY; porém, porém o sexo é determinado pelo gameta feminino que possui um cromossomo mossomo Z e um cromossomo W. Este Est sistema ocorre, por exemplo, em lepidópteros, aves e peixes. Poliquetos, do grego polys (muitos) + chaeta (pelo, espinho, cerda), geralmente de vida marinha ou costeira, é a maior classe do filo Anelida, Phylum, que compreende os animais que se caracterizam, em especial, por apresentarem os seus corpos segmentados, interna e externamente. Consultado no site http://www.algosobre.co m.br/biologia/anelidios.h tml em 23/10/09. Uma consequência ência da heterogamia é a manutenção da proporção sexual 1:1. Tal manutenção é de extrema importância, importância porque descendentes machos ou fêmeas oferecem caminhos equivalentes para o sucesso reprodutivo em organismos diplóides com gametas haplóides. Além disto, dis a proporção sexual 1:1 garante maior sucesso reprodutivo, pois o investimento nas funções de macho e de fêmea, fême que estão se reproduzindo sexualmente, será normalmente igual e mantém inalterada ina na geração descendente. O sexo de um indivíduo muitas vezes depende das condições ambientais que são experimentadas pelo embrião ou larva em desenvolvimento. Um dos exemplos los melhor conhecidos é do verme equiúro Bonellia viridis, cujos machos são anões e parasitas sobre as fêmeas. As fêmeas liberam uma substância virilizante, na presença da qual todas as larvas tomam-se tomam machos. O macho anão vive no saco genital da fêmea. O macho fertiliza os óvulos durante a ovoposição. Os ovos dão origem a larvas trocóforas. Caso estas es larvas assentem-se no prostômio de uma fêmea ou próximo dele, darão origem a machos anões; caso assentem-se assentem longe de uma fêmea, então, darão origem a fêmeas. As larvas induzidas a se transformar em machos desenvolvem um órgão adesivo pelo qual se fixam ao prostômio da fêmea. Os Echiura são gonocóricos, mas o processo de sexualidade entre muitos hermafroditas sequenciais enciais é também profundamente influenciado pelas condições ambientais ou hormonais. Por exemplo, a Crepidula fornicata (Gastropoda) agrupa-se em pilhas: o indivíduo inferior é sempre uma fêmea, fêmea e os indivíduos superiores são machos, enquanto os animais intermediários na pilha podem ser hermafroditas (ver Fig. 5). Figura 5: Determinação do sexo em Crepidula fornicata (Mollusca, Gastropoda). (i) Formação inicial de um par. (ii, iii) Associações mais tardias e complexas de machos, fêmeas e intersexuados (Figura 14-7, RCO pág. 371). Módulo V – Processos Reprodutivos Um exemplo interes-sante de determinação ambiental do sexo ocorre nos croco-dilianos, quelônios, e lagartos. Nestes animais o sexo da prole é determinado pela temperatura do ninho. Por exemplo, os ovos de jacarés incubados a tempera-turas mais baixas, darão à luz a fêmeas, enquanto que os ovos em ninhos com temperaturas mais altas darão origem a machos. 159 Um mecanismo de feromônio provavelmente está envolvido no mecanismo de determinação do sexo xo desses animais. Ciclos de Vida O ciclo de vida dos Metazoa geralmente inclui um adulto multicelular que é composto por muitas células diplóides. Adultos multicelulares dão origem a gametas haplóides. A fusão determina um zigoto diplóide, que se origi originará um indivíduo adulto. Em alguns casos, pode haver uma alternância bem marcada entre fases diplóides que se reproduzem sexuadamente e assexuadamente assex por partenogênese. Estes es ciclos de vida incluem uma ou muitas gerações de indivíduos que se reproduzem partenogeneticamente e são seguidas por uma geração de indivíduos sexuados que, usualmente, dão origem a ovos resistentes. Nestes Nest ciclos de vida, um indivíduo diplóide, que emerge de ovo resistente, dá origem a um clone, clone cujos descendentes são geneticamente iguais. Nessas circunstâncias, a taxa de crescimento da população está no máximo e o ciclo de vida pode ser considerado como um meio para uma exploração máxima de recursos alimentares, limentares, temporariamente subaproveitados, sub e quando outros fatores biológicos limitam o tamanho do corpo. Em determinado estágio, um novo tipo de indivíduo surge na população e apresenta dois tipos de descendência, fêmeas e machos sexualmente reprodutivos. A mudança é uma resposta a modificações das d condições ambientais, tais como superpopulação, qualidade alimentar ou diminuição da duração dos dias (veja ao lado o exemplo dos rotíferos Bdelloi Bdelloidea). O zigoto, ou célula-ovo ovo de algumas espécies animais, animais desenvolve-se diretamente em jovens. Estee tipo de desenvolvimento é denominado desenvolvimento direto. Entretanto, muitas espécies de metazoários apresentam um estágio larval em seu ciclo de vida. O estágio larval é uma etapa de desenvolvimento temporária que vive independentemente do estágio adulto. Difere deste em forma e ocupa um nicho ecológico diferente. Animais com um ciclo de vida que inclui uma fase larval têm desenvolvimento indireto.. Muitos metazoários têm em seu ciclo de vida um adulto bentônico e uma larva planctônica.. Ao final do período larval, a larva instala-se instala em um habitat satisfatório para o adulto e, então, sofre uma metamorfose e dá origem ao estágio juvenil, que difere do adulto apenas por seu tamanho e imaturidade sexual. Os Metazoa possuem dois tipos básicos de estágios larvais. Larvas com vida curta geralmente alimentam-se pela absorção do vitelo do ovo e são chamadas lecitotróficas. A maioria das larvas é, inicialmente, inicialmente lecitotrófica, mas logo que o intestino é formado, a larva então passa a se alimentar de plâncton. Tais larvas são chamadas planctotróficas. Animais cujo ciclo de vida inclui uma fase larval planctotrófica geralmente produzem muitos ovos microlécitos icrolécitos (com pouco vitelo). Animais cujo ciclo de vida inclui uma fase larval lecitotrófica geralmente produzem um menor número de ovos ricos em vitelo (ovos macrolécitos). Como a larva lecitotrófica alimenta-se apenas de vitelo, seu período de vida é relativamente curto. Módulo V – Processos Reprodutivos Os rotíferos Bdelloidea apresentam uma forma extrema de diapausa; seus ovos encistados podem permanecer por anos no que é, virtualmente, um estado de animação suspensa, até que eles sejam carregados pelo vento a lugares apropriados para o crescimento. Esta capacidade pode estar relacionada com a ausência da reprodução sexuada; evitando condições desfavoráveis, eles vivem para usufruírem o que são, na verdade, permanentes condições ideais. Provavelmente eles serão menos visados por parasitas e por organismos que causam doenças, e assim escaparão das condições que se acredita favorecem a reprodução sexual. 160 Por outro lado, a larva planctotrófica tem um período de vida mais longo, longo pois pode alimentar-se do plâncton e não depende do vitelo para sua sobrevivência (exceto na fase muito inicial do seu desenvolvimento, desenvolvimento quando o trato digestivo ainda não se formou). se que um ciclo de vida indireto com fertilização externa, adulto Acredita-se bentônico e larva planctotrófica, seja o padrão plesiomórfico dos metazoários, e que os demais padrões de ciclos de vida apareceram mais tarde, ao longo da história his evolutiva dos Metazoa. Ao longo da história dos Metazoa os padrões de ciclos de vida desenvolveramdesenvolveram se como omo respostas adaptativas face às pressões seletivas exercidas pelas condições adversas exibidas por diferentes rentes habitats. Deste modo, os ciclos de vida e as estratégias reprodutivas são diferent diferentes no ambiente marinho, dulciaquícola e terrestre. Os ciclos de vida dos muitos metazoários marinhos podem ser classificados em bentônico-pelágico, pelágico, holopelágicos e holobentônicos, como detalhado a seguir. Um estágio larval pelágico planctotrófico é característico do ciclo de vida de muitos animais marinhos bentônicos. De fato, a maioria dos filos de metazoários possui, ao menos, algumas espécies com larvas pelágicas, o que é vantajoso para as espécies bentônicas, bentônicas cujos adultos são de locomoção lenta ou sésseis, porque larvas planctotróficas exibem grande capacidade de dispersão. Estes es animais exibem um ciclo de vida bentônico-pelágico. Como vimos acima, estee é o padrão plesiomórfico ples dos metazoários. Um menor número de espécies na maioria dos filos tem larvas pelágicas que não se alimentam e que são supridas com vitelo pelo organismo parental. Tais larvas apresentam desenvolvimento pelágico lecitotrófico. Esses animais geralmente ente exibem um ciclo de vida holopelágico. Outro grupo de espécies possui larvas bentônicas, ou suprimiram completamente a fase larval, larval e apresentam desenvolvimento direto. Estes es animais exibem um ciclo de vida holobentônico. A opção por desenvolvimento planctotrófico pl ou lecitotrófico e desenvolvimento direto, que é um aspecto do desenvolvimento no mar, não se apresenta para os animais que habitam ambientes terrestres e de água doce. O estresse osmótico e a luta contra a dessecação nesses habitats pressupõem pressupõe uma série de adaptações relacionadas à reprodução. A fecundação deve ser interna exigindo acasalamento direto entre parceiros. Igualmente, os embriões em desenvolvimento devem ser protegidos da perda da água ou do estresse osmótico, por exemplo, devem estar tar envoltos por uma cobertura impermeável imper ou por um casulo. Consequentemente, entemente, a fase larval é suprimida e o desenvolvimento é direto. Muitas espécies não marinhas são vivíparas, apresentando incubação ou cuidado à prole. Geralmente espécies de água doce apresentam fecundidade reduzida (como resultado do maior investimento de recursos enérgicos na prole). Se desconsiderarmos rarmos os artrópodos, podemos dizer que o hermafroditismo é mais frequente em água a doce e em ambiente terrestre. Os ambientes de água doce e terrestres são mais extremos em termos de variáveis físicas do que os marinhos, e a maioria dos invertebrados que os habitam tem m a capacidade de entrar em um estágio de dormência fisiológica, fisiológica conhecido como diapausa. Nessa condição, o organismo pode perder água e suportar condições extremas; a exigência metabólica é diminuída e a necessidade de uma fonte energética externa e pode ser nenhuma, de tal modo a suportar a ausência periódica de alimento que ocorre em regiões temperadas e polares. Algumas espécies longevas, tais como alguns moluscos pulmonados e anelídeos clitelados, entrarão em diapausa como adultos, mas muitas as formas pequenas o fazem como ovos. Assim, muitas populações Módulo V – Processos Reprodutivos Hermafroditismo: os ciclos de vida dos platelmintos de água doce, anelídeos clitelados e moluscos pulmonados, são surpreendentemente semelhantes. Eles são hermafroditas simultâneos, com comportamento sexual complexo, com glândulas acessórias muito especializadas e com a capacidade de protegerem seus embriões. Seus ciclos de vida requerem longos períodos de atividade de postura 161 de sanguessugas somente ocorrem como embriões no interior de casulos durante o inverno. O hábito de hibernar como ovos de resistência é particularmente característico de formas diminutas, tais como rotíferos rotífer e cladóceros. Estes organismos exibem um modo de vida no qual há uma alternância entre gerações sexual e assexual; os ovos de resistência, que surgem por reprodução sexual, eclodem na primavera para dar origem a novas proles clonais que podem explorar os o novos recursos. Os rotíferos Bdelloidea apresentam uma forma extrema de diapausa; seus ovos encistados podem permanecer por anos no que é, virtualmente, um estado de animação suspensa, até que eles sejam carregados pelo vento até lugares apropriados para o crescimento. Tal capacidade pode estar relacionada com a ausência da reprodução sexuada; evitando condições desfavoráveis eles vivem para usufruírem o que são, na verdade, permanentes condições ideais. Provavelmente, Provavelmente eles serão menos visados por parasitas tas e por organismos que causam doenças ee, assim, escaparão das condições que se acreditaa favorecer a reprodução sexual. Uma hipótese para essa diapausa dos rotíferos Bdelloidea é para que, provavelmente, eles sejam menos visados por parasitas e por organismos que causam doenças e assim escapem das condições, que se acredita, favorecem a reprodução sexual. Os artrópodos (com exceção dos crustáceos, xifosuros e picnogônidos) e os craniados tetrápodos adaptaram-se se de modo bem-sucedido bem aos ambientes terrestres e, particularmente, em alguns casos, casos adaptaram-se secundariamente ao ambiente dulciaquícola como adultos ou como mo formas larvais ou de ninfas. A biologia reprodutiva desses grupos difere de um modo importante daquela dos invertebrados de corpo mole e são muito raramente hermafroditas; a maioria das espécies se reproduz sexualmente e os sexos são sempre separados. Os seus sucessos devem-se, em grande parte, à presença de um revestimento revestim impermeável, mas também é resultado das suas habilidades de colocarem ovos impermeáveis resistentes à dessecação. Tais ovos devem ser fecundados antes da postura; por consequência, estes grupos de animais geralmente apresentam apre fecundação interna, frequentemente entemente associada com comportamento copulador complexo. A prevalência do gonocorisrno ocorisrno parece ser uma consequência consequ de sua grande mobilidade. ATIVIDADE: 1. Enumere as interações que ocorrem entre os processos de reprodução assexuada ao longo da evolução dos Metazoa. 2. Quais os principais métodos de reprodução assexuada e sexuada dos Metazoa? Explique cada um. 3. Descreva os principais eventos, processos e mecanismos que ocorrem na reprodução sexuada dos Metazoa. Mecanismos Reprodutivos dos Metazoa Os mecanismos mos e órgãos de reprodução nos metazoários são os mais diversos possíveis. Tal fato ato está diretamente associado à grande diversidade de forma que os Metazoa abrigam, de sorte que esta seção não pretende detalhar todos os mecanismos e órgãos reprodutivos dos animais, mas pretende apenas dar uma visão geral acerca dos principais órgãos e mecanismos de reprodução nos diversos grupos metazoários. 1. Porifera: esponjas sponjas reproduzem-se reproduzem assexuadamente por fragmentação, brotamento e pela formação de propágulos de resistência, re chamados de gêmulas. Módulo V – Processos Reprodutivos Dulciaquícola: ser vivo cujo hábitat é a água doce. 162 Esponjas, com poucas exceções, são hermafroditas. A fecundação é interna. Algumas espécies são ovíparas e liberam zigotos na água, onde eles completam seu desenvolvimento. A maioria das esponjas é vivípara, retendo os zigotos zigoto no corpo parental e liberando larva. Embriões e larvas são lecitotróficas. As larvas que se desenvolvem de embriões também são diversas e descritas com os nomes de larvas celoblástula, anfiblástula, parenquimela e triquimela (Fig. 6). Figura 6: Porifera: ra: reprodução sexuada, desenvolvimento larval e metamorfose. Em A, Clathrina, uma blástula oca desenvolve-se no meso-hilo hilo e é liberada na água. Depois da liberação, a ingressão celular converte a celoblástula em estereoblástula, a fase de assentamento. Em B, Sycon, o óvulo é derivado de um coanócito que perde seu flagelo e afunda no meso-hilo meso abaixo da coanoderme. Depois da fertilização, o ovo (zigoto) divide-se se para formar uma esfera flagelada interiormente, que se assemelha a uma câmara coanocítica. Na liberação da esponja, a esfera se inverte para posicionar seus flagelos na superfície da larva. Durante a metamorfose, morfose, as células flageladas externas, depois de perder flagelos, retomam ao interior do corpo e diferenciam-se se em coanócitos. O jovem metamorfoseado de uma esponja calcária é chamado de olinto. Em C, Haliclona, parenquimela diferenciada é liberada da esponja es no plâncton. Depois do assentamento, ela sofre metamorfose complexa para formar um jovem, ou rágon (Figura 5.16, RFB pág. 107). Todas as larvas de esponja são lecitotróficas. Depois de certo período de tempo, as larvas rastejam sobre o fundo à procura procu de um local satisfatório para fixação. Uma vez que o local seja encontrado, a larva transforma-se transforma em uma esponja jovem que difere um pouco para cada um dos tipos larvais Quando a esponja jovem fica funcional, começa a alimentar-se,, e é um asconóide em miniatura m chamado de olinto (Fig. 6). Quando a esponja jovem tem uma configuração inicial asconóide ou siconóide, porém, com paredes espessas, antes de transformar-se transformar em uma esponja leuconóide, esta fase juvenil é chamada de rágon (ver Fig. 6). reproduzem por fragmentação e por brotamento. 2. Placozoa: Placozoários reproduzem-se Suspeita-se se que haja reprodução sexuada, mas isto ainda é duvidoso. 3. Cnidaria: Os cnidários podem reproduzir-se reproduzir por fragmentação, fissão e brotamento. Pólipos de antozoários exibem todas as formas de reprodução assexual citadas acima; pólipos de cifozoários apresentam brotamento e fissão transversal e pólipos de hidrozoários sofrem brotamento. Algumas medusas de Hydrozoa reproduzem-se se por fissão. Os adultos de cnidários geralmente são s gonocóricos, mas algumas espécies são hermafroditas. As células germinativas originam-se originam na endoderme e, geralmente, crescem e diferenciam-se diferenciam na gastroderme, exceto em Módulo V – Processos Reprodutivos Os cnidários têm uma história muito antiga e o primeiro fóssil encontrado em Ediacara, no sul da Austrália, data do Pré-cambriano (ap. 700 m.a ). Em sua longa história evolutiva têm desempenhado importante papel ecológico, do mesmo modo que os recifes de corais o fazem na atualidade. Consultado em: 163 alguns hidrozoários, nos quais elas migram para a epiderme. Adultos sexualmente maduros os geram seus gametas e, primitivamente, a fertilização é externa na água. O desenvolvimento do zigoto resulta em uma larva planctônica conhecida como plânula (Fig. 7). Figura 7: Cnidaria: ciclo de vida primitivo, pólipo adulto – gametas - plânula - pólipo jovem. Após certo período de tempo, a plânula se fixa ao fundo e se metamorfoseia em um jovem. O ciclo de vida primitivo do cnidário ancestral consiste em um pólipo adulto, bent bentônico e séssil e uma larva plânula planctônica que se metamorfoseia em um pólipo jovem (Figura 7.14H, RFB pág. 145). A plânula dos antozoários pode ser planctotrófica ou lecitotrófica, entretanto, as larvas de Scyphozoa e Hydrozoa são lecitotróficas. A fase fa medusóide fornece ampla capacidade de dispersão, além de realizar a reprodução sexuada. O pólipo passa a ser o responsável pela reprodução assexuada ou crescimento modular. 4. Ctenophora: a reprodução assexuada é rara nos ctenóforos, só ocorre em algumas mas espécies bentônicas, que se reproduzem por fragmentação. Quase todas as espécies de ctenóforos são hermafroditas. Os gametas são liberados e os óvulos são fertilizados na água do mar. A fertilização cruzada é provavelmente típica da maioria dos ctenóforos, ros, mas a autofertilização ocorre em algumas espécies. O desenvolvimento embrionário é direto e origina uma forma jovem planctônica, chamada cidipídeo. 5. Orthonectida: com raras exceções, ortonéctidos são gonocóricos e vivíparos. A fertilização é interna após cópula. Os zigotos se desenvolvem em uma larva ciliada simples formada de poucas células. 6. Dicyemida: Os diciemídeos são parasitas dos rins de cefalópodos. O estágio adulto do parasita é denominado nematógeno. nematógeno Nematógenos reproduzem-se clonal ou sexuadamente. Uma vez que o parasita esteja estabelecido no rim do hospedeiro, a reprodução assexuada aumenta rapidamente pidamente o número de nematógenos através da produção de nematógenos-filhos por partenogênese. Uma célula reprodutiva ou axoblástica do nematógeno progenitor se desenvolve partenogeneticamente em um nematógeno-filho. filho. Quando a densidade aumenta muito, os nematógenos ne reproduzem-se sexuadamente e liberam larvas infectantes (larva ( infusoriforme), que são liberadas através da urina do hospedeiro. O restante do ciclo é desconhecido, pois as larvas infusoriformes não infectam outros cefalópodos. 7. Platyhelminthes: muitos turbelários, turbelários especialmente espécies de água doce, Módulo V – Processos Reprodutivos Os vermes achatados PLATYHELMINTHES 164 reproduzem-se por regeneração, fissão, fragmentação, ou brotamento. A maioria dos turbelários é hermafrodita. Ocorrem cópula e fertilização interna. Os sistemas masculinos e femininos são complexos e muito variáveis. Impregnação hipodérmica ocorre em algumas espécies. O pênis, que contém estiletes, é empurrado através da parede do corpo do cônjuge, depositando espermatozóides dentro do parênquima. Os espermatozóides, então, migram para os ovários. Turbelários possuem desenvolvimento direto, exceto alguns policládidos que produzem uma larva chamada larva de Goette com quatro braços, ou larva de Mueller, com oito. A maioria dos trematódeos é hermafrodita com fertilização cruzada. Embora variações no ciclo de vida ocorram entre espécies, o ciclo de vida generalizado dos trematódeos (Fig. 8) consiste nos seguintes estágios: zigoto ~ larva miracídio ~ esporocisto ~ rédia ~ cercária ~ metacercária ~ adulto. O ciclo de vida inclui dois ou mais hospedeiros e pelo menos dois estágios infectantes. O primeiro hospedeiro intermediário (Fig. 8) é geralmente um molusco gastrópode (caramujo), se um segundo hospedeiro intermediário ocorre, este é quase sempre um artrópode ou um peixe; e um vertebrado é o hospedeiro definitivo ou final (Fig. 8). Figura 8: Cnidaria, Scyphozoa: ciclo de vida (Figura 10.34, RFB pág. 289). Os Monogenea são hermafroditas com fertilização cruzada ou autofecundação. Os Cestoda apresentam um sistema reprodutivo completo dentro de cada proglótide. Fertilização cruzada e autofertilização podem ocorrer entre duas proglótides em um verme ou mesmo em uma proglótide. Em muitos casos, a proglótide terminal madura cheia de “ovos” quebra-se do estróbilo. Os “ovos” são liberados das proglótides pelas fezes do hospedeiro, ou no intestino do próximo hospedeiro após ingerir uma proglótide. Tênias são endoparasitos do trato digestivo de vertebrados. Seus ciclos de vida incluem geralmente dois ou mais hospedeiros (artrópodos e vertebrados). O hospedeiro definitivo é sempre um vertebrado. O ciclo de vida básico inclui zigoto ~ larva oncosfera (no hospedeiro intermediário ou definitivo) ~ metacestóide (jovem extra-intestinal) ~ adulto intestinal (no hospedeiro definitivo) (Fig 9). Módulo V – Processos Reprodutivos 165 Figura 9: Cnidaria, Hydrozoa: anatomia dos hidróides e suas medusas (Figura 7.62, RFB pág. 189). 8. Nemertea: oss nemertinos reproduzem-se reproduzem assexuadamente por fragmentação e regeneração. A maioria dos nemertinos é gonocórica. Os gametas desenvolvem-se desenvolvem a partir de células-tronco tronco que se agregam e tornam tornam-se envolvidas por um epitélio, formando uma gônada. Após a maturação dos gametas, um gonoduto curto cresce a partir de cada uma das gônadas para o exterior, exterio permitindo a saída dos gametas. A fertilização é externa na maioria das espécies, e os ovos são liberados na água do mar ou são depositados em depressões, em tubos ou cordões gelatinosos. Algumas espécies são vivíparas. Os nemertinos têm desenvolvimento direto ou apresentam larva lecitotrófica. No entanto, a maioria dos heteronemertinos apresenta larva planctotrófica denominada pilídio. 9. Kamptozoa: oss camptozoários reproduzem-se reproduzem clonalmente por brotamento e, desta maneira, promovem o crescimento das colônias (crescimento modular). As espécies solitárias também se reproduzem por brotamento. A maior parte das espécies de camptozoários é hermafrodita, mas alguns são gonocóricos. A fertilização provavelmente é interna. A maioria das espécies é ovípara e apresenta a larvas planctônicas. No entanto, algumas espécies retêm e incubam seus embriões no átrio. O zigoto desenvolve-se se numa larva ciliada livre livre-natante chamada trocófora. Depois de uma curta existência livre-natante, natante, a larva se fixa e sofre metamorfose, gerando o adulto. Em algumas espécies, a larva não se desenvolve diretamente em adulto, mas produz brotos dos quais se originam os adultos. 10. Cycliophora: conforme mostra a Figura 10, os ciclióforos apresentam um ciclo de vida muito complexo, que inclui fase sexual e assexual, assexual ligados pelo indivíduo-alimentar assexual séssil. O ciclo assexual inclui uma larva Pandora, gerada por brotamento do indivíduo indivíduo-alimentar assexuado. A larva Pandora gera Módulo V – Processos Reprodutivos Em 1995, um novo filo veio somar-se aos 35 já conhecidos no século XX. Trata-se do Cycliophora, nome dado em referência à coroa de cílios 166 outro indivíduo-alimentar. No indivíduo-alimentar, grupamentos de células-tronco indiferenciadas podem desenvolver-se em três tipos de estágios livre-natantes: larva Pandora (ciclo assexual), a larva Prometeu e a fêmea madura (ciclo sexual). A larva Prometeu dá origem a um macho maduro. O macho e a fêmea maduros desenvolvem-se fixados ao indivíduo-alimentar. Quando a fêmea está sexualmente madura contém um único ovócito, se desprende do indivíduo-alimentar e, logo em seguida, é fecundada internamente pelo macho maduro que estava à sua espera. O zigoto formando dará origem a uma nova larva, chamada cordóide, que gerará um novo indivíduo-alimentar. O novo indivíduo-alimentar gerado dará origem a novas larvas Pandora e a novas larvas Prometeu (que formarão novos machos) e a novas fêmeas. Figura 10: Cnidaria, Hydrozoa: anatomia dos hidróides e suas medusas (Figura 2, Kristensen, 2002 ***). Módulo V – Processos Reprodutivos 167 11. Mollusca: o molusco generalizado é gonocórico, com fecundação externa na água do mar. Gametas são liberados pelas gônadas para dentro do celoma. Eles entram para os nefróstomas dos nefrídios, os quais servem como gonodutos, e saem via nefridióporo, para dentro da câm câmara exalante da cavidade do manto. Em alguns moluscos, há gonodutos separados, não dependentes dos nefrídios. A fecundação é interna em m muitos moluscos, e alguns destes dest são hermafroditas. Ambos, hermafroditismo e fecundação interna, requerem elaboração do sistema reprodutor. O desenvolvimento do zigoto origina uma larva trocófora, que nos moluscos primitivos é o estágio de eclosão. Em muitas espécies, entretanto, a trocófora é suprimida. Alguns moluscos têm desenvolvimento direto. Trocóforas são geralmente planctônicas e planctotróficas. A trocófora é sucedida no desenvolvimento de muitos moluscos por um estágio mais avançado, a larva véliger, presente nos gastrópodos, bivalves e escafópodos. O estágio de eclosão pode ser o de trocófora ou o de véliger. Nestee caso, a fase de trocófora ocorre no ovo. Ao final da vida larval, a larva véliger assenta sobre o substrato e metamorfoseia metamorfoseia-se em um adulto bentônico. Alguns moluscos, tais como os cefalópodes e muitos gastrópodes, gastrópodes têm desenvolvimento direto. 12. Sipuncula: a maioria das espécies de sipúnculos é gonocórica. A maturação dos gametas ocorre no celoma do tronco. Quando maduros, os gametas são liberados através dos funis nefridiais. A fertilização é externa na água do mar. O desenvolvimento pode ser direto ou pode ser indireto, com uma larva trocófora ou uma larva pelagosfera,, que se desenvolve a partir da trocófora. 13. Annelida • Polychaeta: a reprodução clonal ocorre em alguns poliquetos por brotamento, fissão, fragmentação e regeneração. Mas a maioria dos poliquetos reproduz-se sexuadamente. A maioria das espécies é gonocórica. A fertilização e o desenvolvimento do zigoto geralmente ocorrem externamente na água do mar. Entretanto, algumas espécies écies retêm e incubam seus ovos. O desenvolvimento é indireto. O zigoto desenvolve-se se em uma larva trocófora. As gônadas são segmentares e são grupamentos de células germinativas presentes no revestimento celômico. Os gametas são liberados e armazenados nas na cavidades celômicas. Em indivíduos sexualmente maduros, as cavidades celômicas encontram-se encontram completamente preenchidas por gametas. Os gametas são liberados por metanefrídios ou por ruptura da parede do corpo. A ruptura da parede do corpo é comum nos poliquetos quetos que sofrem epitoquia. A epitoquia é a formação de um indivíduo reprodutor pelágico (epítoco) a partir de um indivíduo não reprodutor bentônico (átoco). A epitoquia coincide com a produção de gametas e maturidade sexual. Um ou mais epítocos podem se originar a partir da forma átoca, seja por metamorfose de todo o animal, seja por diferenciação e separação (brotamento) do epítoco a partir da metade posterior do corpo do átoco (Figs. 11 e 12). A epitoquia é uma estratégia de poliquetos para sincronizar a maturação sexual e garantir a fertilização dos óvulos. Esta sincronização é chamada enxameamento. Durante o enxameamento, vários epítocos nadam em busca de parceiros para reprodução. Módulo V – Processos Reprodutivos Polychaetas Poliquetos são animais marinhos com muitas cerdas, inseridas em projeções laterais ao corpo chamadas parapódios. O primeiro anel do corpo destes animais forma a cabeça, que é destacada do resto do corpo do animal. Raramente são hermafroditas; a maioria possui sexos separados. Exemplos: nereida, sérpula. 168 Figura 11: Cnidaria, Hydrozoa: ciclos de vida. (A) Obelia (B) Tubularia (Figura 7.64, RFB pág. 190). Módulo V – Processos Reprodutivos 169 Figura 12: Figura 10.34 - Digenea: ciclo de vida. O trematódeo chinês do fígado Opisthorchis sinensis. (A) Vista dorsal do verme adulto. (B) Ciclo de vida (Figura 13.30, RFB 13.30 pág. 510). • Clitellata: oss clitelados (Oligochaeta + Hirudínea) possuem uma estrutura chamada clitelo.. O clitelo é um conjunto conjun de segmentos encerrados por uma espessa epiderme glandular, que engloba os gonóporos femininos ou se localiza posteriormente a eles. O clitelo secreta muco para a cópula, albumina para a nutrição dos ovos e um casulo no qual os ovos e a albumina são depositados. dep Os clitelados são hermafroditas e realizam cópula. As gônadas de clitelados estão sempre restritas a alguns poucos segmentos genitais e os testículos são anteriores aos ovários. Os zigotos se desenvolvem no casulo e eclodem como juvenis. O desenvolvimento desenv é direto. Muitos oligoquetos podem reproduzir-se reproduzir assexuadamente por fissão ou fragmentação, sendo que indivíduos sexuados são raros ou nunca foram observados em algumas espécies que se reproduzem assexuadamente. Por haver alternância de gerações assexuais e sexuais em algumas espécies de oligoquetos. Os hirudíneos sanguessugas por sua vez não se reproduzem assexuadamente. Os oligoquetos são hermafroditas e durante a cópula ocorre transferência mútua de espermatozóides. Os vermes mantêm contato ventral v entre as extremidades anteriores que se encontram voltados para direções opostas (Fig. 13A). Na maioria dos oligoquetos, os gonóporos masculinos de um animal se justapõem diretamente às aberturas dos receptáculos seminais do outro (Fig. 13 B,C). As cerdas genitais que prendem um verme ao outro e um invólucro mucoso secretado pelos clitelos mantêm os dois vermes na posição correta (Fig. 13B) 13B). Os espermatozóides são liberados dos gonóporos masculinos de cada animal; atingem o interior do outro animal e penetram seus receptáculos seminais. Depois da cópula, cada verme secreta um tubo mucoso e uma camada quitinosos formando um casulo ao redor do clitelo (Fig. 13D). À medida que o casulo desliza para frente, recebe os óvulos do oviduto, albumina de células epidérmicas e os espermatozóides do parceiro armazenados nos receptáculos seminais. A fertilização ocorre dentro do casulo. Quando o casulo se desprende do animal, e se fecha nas extremidades, tomando um formato mais ou menos esférico Módulo V – Processos Reprodutivos Charles Darwin, em 1881, estudou as minhocas e as relacionou com os processos de formação das características gerais do solo, sendo considerado por ele um dos grupos mais importantes para o estabelecimento de outras espécies no ambiente terrestre. Consultado em http://web2.sbg.org. br/congress/sbg200 8/pdfs2009/GA37729569.pdf 170 (Fig. 13 D-F). Os oligoquetos possuem desenvolvimento direto. Depois de algum tempo após a cópula, os jovens oligoquetos eclodem do casulo. Figura 13: Cestoda: Anatomia e ciclo de vida da tênia de carne bovina, Taenia saginata (Figura 13.68, RFB 13.68 pág. 542). Módulo V – Processos Reprodutivos 171 Os hirudíneos são hermafroditas protândricos de fertilização interna. A cópula nos hirudinídeos é semelhante àquela dos oligoquetos, porém a transferência de espermatozóides pode ocorrer através da penetração de um pênis no gonóporo feminino do parceiro ceiro ou por impregnação hipodérmica (nas espécies sem pênis). Durante a impregnação hipodérmica um espermatóforo é expelido de um animal e penetra no tegumento do outro. O espermatóforo, espermatóforo então, libera os espermatozóides que migram para os ovissacos. Após a cópula ocorre a formação do casulo como nos oligoquetos. O desenvolvimento é direto. 14. Echiura: oss equiúros são gonocóricos. A fertilização é externa. O desenvolvimento é indireto com uma larva trocófora planctotrófica. A reprodução de Bonellia difere daquela de todos os outros equiúros (Para ( relembrar, leia o item Mecanismos de Determinação do Sexo tratado a partir da página 11). nicóforos são gonocóricos com fertilização interna e 15. Onycophora: onicóforos transferência indireta de espermatozóides por meio de espermatóforos. Alguns onicóforos são ovíparos, mas a maioria é vivípara (matrotróficos ou lecitotróficos). lecitot Nas espécies vivíparas, os embriões desenvolvem-se desenvolvem no útero. Nas espécies vivíparas matrotróficas, os embriões são nutridos por secreções do epitélio uterino. Pode haver um tecido placentário para o transporte destas des secreções. Na ausência de placenta, as secreções são liberadas no lúmen do útero e absorvidas pelo embrião. 16. Tardigrada: a maioria das espécies de tardígrados é dióica, mas algumas são hermafroditas. Muitas são partenogenéticas e os machos são desconhecidos em muitas espécies. A fertilização pode ser externa ou interna. A cópula e oviposição ocorrem em sincronia com a ecdise da fêmea (Fig. 14). Em algumas espécies, o macho deposita os espermatozóides na exúvia recém-liberada recém da fêmea, que contém os óvulos (Fig. 14B). Nestee caso, a fertilização é externa. Em outras espécies, o macho copula e fertiliza os óvulos da fêmea antes que q a ecdise desta seja completada (Fig. 14A). Nestee caso, a fertilização é interna. Alguns tardígrados podem produzir ovos resistentes ntes quando as condições são adversas. O desenvolvimento é direto. Módulo V – Processos Reprodutivos Hermafrodita protândrico - estado de um ser hermafrodita que se desenvolve primeiro como masculino e depois como feminino. 172 Figura 14: Cycliophora, ciclo de vida de Symbion Pandora mostrando que o macho primário desenvolve dois machos anões secundários dentro do broto. É o macho secundário (17) quem fertiliza a fêmea (18). A parte sexual do ciclo de vida inclui o indivíduo-alimentar séssil, que dá origem à larva Pandora (3–11). A parte sexual do ciclo de vida inclui dois tipos de indivíduos-alimentares, cada um forma um macho primário e uma fêmea, o macho secundário e a larva cordóide (12-2) (Figura 15.8, RFB pág. 596). Módulo V – Processos Reprodutivos 173 17. Arthropoda: a maioria dos artrópodes é dióica, mas alguns crustáceos são hermafroditas e alguns hexápodos são partenogenéticos. A fertilização pode ser externa (nos xifosuros, alguns crustáceos, picnogonídeos) ou interna (aracnídeos, hexápodos, crustáceos).. A transferência de espermatozóides pode ser direta, direta geralmente por meio de um pênis pênis, ou indireta, por meio de espermatóforos (hexápodos e aracnídeos, miriápodos) ou apêndices especializados denominados gonópodes (crustáceos e miriápodos). Entretanto, Entretanto as aranhas apresentam transferência indireta sem espermatóforos através de um apêndice modificado dos machos. Geralmente há cópula. As fêmeas guardam espermatozóides em um receptáculo seminal e, depois, usam-nos usam para fertilizar os ovos. Muitos aracnídeos e miriápodos riápodos exibem um elaborado comportamento de ritual de corte que envolvem sinais visuais, táteis e químicos. A maioria dos artrópodos é ovípara, mas a maioria dos crustáceos incuba seus ovos, e alguns grupos como os escorpiões e alguns ácaros e alguns insetos etos são vivíparos. As gônadas dos artrópodes se desenvolvem em espaços celômicos embrionários (gonocele) e conectam-se conectam com o exterior por gonodutos pares derivados de celomodutos. As gônadas são geralmente tubulares e dorsais. O duto deferente do macho po pode apresentar uma produtora de espermatóforos. O oviduto da fêmea geralmente apresenta um receptáculo seminal especializado no armazenamento de espermatozóides. O desenvolvimento pode ser direto, como na maioria dos artrópodos, artrópodos ou indireto (como nos xifosuros, picnogônidos, crustáceos, paurópodos, sínfilos, diplópodos e um grande número de quilópodos). Os crustáceos apresentam vários estágios larvais e pós-larvais, pós que recebem nomes diferentes, dependendo do grupo taxonômico, mas ma a larva básica dos crustáceos é o náuplio. São exemplos de estágios larvais e pós-larvais pós dos crustáceos: o metanáuplio, a cípris, o copepodito, a protozoe, a zoe, a mísis e a megalopa. Por sua vez, os xifosuros possuem uma larva trilobita e os picnogônidos picnogôni apresentam um estágio larval denominado protoninfa protoninfa. 18. Chaetognatha: oss quetognatos são hermafroditas. A fertilização é interna. A transferência de espermatozóides é indireta, indireta por meio de espermatóforos, e envolve cópula. O desenvolvimento é direto. 19. Gnathifera: os gnatostomúlidos são hermafroditas. A cópula ainda não foi observada, mas a transferência de espermatozóides uniflagelados ou aflagelados provavelmente ocorra por impregnação hipodérmica da parede co corpórea, por fixação do gonóporo masculino ao tegumento do parceiro ou por injeção para dentro da vagina. Um único ovo é posto em cada oviposição. O ovo rompe a parede corpórea e adere ao substrato. O desenvolvimento é direto. Pouco se sabe sobre a reproduç reprodução dos Micrognathozoa. Nenhum macho foi descoberto e Limnognathia provavelmente se reproduza por partenogênese. As fêmeas possuem ovários pares. Aparentemente não há oviduto ou gonóporo. gonópo O desenvolvimento é direto. Os rotíferos são gonocóricos ou partenogenéticos. Os machos, quando presentes, são anões e degenerados, degenerados basicamente contendo apenas o aparato reprodutor. Os bdelóideos não possuem machos e a reprodução é exclusivamente partenogenética. Nos monogonontes, os machos têm existência breve em períodos restritos e a maior parte do ciclo reprodutivo é partenogenético. A maioria dos rotíferos é ovípara, mas algumas poucas espécies são vivíparas. A cópula geralmente ocorre por impregnação hipodérmica, ou seja, o macho espeta qualquer alquer parte do corpo da fêmea com seu pênis. Os espermatozóides, que possuem flagelo anterior, se dirigem até o ovário para fertilizar um ovócito. Os rotíferos bdelóideos reproduzem-se se partenogeneticamente. As fêmeas produzem Módulo V – Processos Reprodutivos O filo dos artrópodes arthros = (grego: articulado + poda = pé) contém a maioria dos animais conhecidos (mais de 3 em cada 4 espécies animais), mais de 1 milhão de espécies, muitas das quais extremamente abundantes em número de indivíduos. Limnognathia maerski é uma espécie de animal microscópico, único representante do filo Micrognathozoa. É um animal extremófilo, tendo sido descoberto em nascentes de água fria na Groelândia, no ano de 1994, descrita em 2000 . Possui mandíbula complexa se alimentando de bactérias, algas verdes, diatomáceas e algas-azuis e reproduz-se por meio de partenogênese. Seu comprimento pode chegar a 150 micrometros. Consultado em: http://www.melhor dawiki.com.br/wiki /Micrognathozoa Rotíferos são animais aquáticos microscópicos que constituem o filo Rotifera. O seu nome deriva do latim para “roda”, com referência à coroa de cílios que rodeia a boca destes animais e que se movem rapidamente, para captar as partículas de alimento, parecendo uma roda a girar. 174 ovos diplóides por mitose e oss ovos eclodem como mais fêmeas diplóides. Nos rotíferos monogonontes o ciclo de vida é mais complexo, sendo que a reprodução pode ser gonocórica ou partenogenética. No ciclo partenogenético ou amíctico uma fêmea amíctica diplóide (Fig. 15) produz um ovo amíctico de casca fina. Este Es ovo é diplóide, não pode ser fertilizado e se desenvolve numa fêmea amíctica geneticamente idêntica à mãe. Os ovos amícticos desenvolvem-se e eclodem dando origem a novas fêmeas diplóides. Um segundo tipo de ovo haplóide de casca sca fina, chamado de ovo míctico, é produto de meiose. Quando fertilizados, eles se desenvolvem em machos haplóides. Os ovos mícticos fertilizados secretam cascas pesadas e resistentes. Estes ovos fertilizados são chamados de ovos dormentes (ovos em repouso repous ou “de inverno”). Os ovos dormentes são diplóides e eventualmente irão eclodir como fêmeas diplóides. Os ovos dormentes contêm um embrião em diapausa, capaz de resistir à dessecação, temperaturas extremas e outras condições adversas, adversas e pode não eclodir por vários meses, ou mesmo anos. Ovos dormentes eclodem quando as condições ambientais são favoráveis. Figura 15: Epitoquia e poliquetos epítocos. (A) Palola viridis, com região posterior epítoca. (B) Parte posterior de Trypanosyllis, que mostra um agregado de epítocos brotando. (C) Brotamento de epítocos em Myrianida pachycera. (D) Poliquetos silídeos durante o enxameamento. O macho nada ao redor de fêmea liberando espermatozóides (Figura Figura 23.21, RFB pág. 932). 932) Módulo V – Processos Reprodutivos 175 Os acantocéfalos são gonocóricos. A fertilização é interna, com cópula. O sistema masculino inclui dois testículos, uma bursa copulatória, pênis protraível e glândulas acessórias. Os espermatozóides possuem um flagelo anterior. O desenvolvimento do zigoto se dá na hemocele e resulta na formação da larva acântor, que é encapsulada (“ovo”). Os “ovos” passam da hemocele para o funil uterino, a qual se abre no útero muscular. Um esfíncter muscular do útero controla a postura dos “ovos”. Os “ovos” são liberados do gonóporo para o intestino do hospedeiro definitivo (geralmente um vertebrado) e são eliminados nas suas fezes. Se a cápsula for engolida por um hospedeiro intermediário (por exemplo, um inseto ou crustáceo), a larva acântor emergirá da cápsula, perfurará a parede do intestino e se alojará na hemocele do hospedeiro intermediário. No hospedeiro intermediário, a acântor passará por mais dois estágios larvais chamados acantela e cistacanto (que também são encistados). Quando o hospedeiro intermediário for ingerido por um vertebrado, o cistacanto sai do cisto e a larva jovem se fixa à parede do intestino do vertebrado completando o ciclo (Fig. 16). Figura 16: Macho epítoco de Nereis irrorata. Os segmentos reprodutores posteriores portam os espermatozóides (Figura 23.25, RFB pág. 938). 20. Cycloneuralia: gastrótricos são hermafroditas, mas algumas espécies apresentam sistema reprodutor masculino rudimentar e se reproduzem partenogeneticamente. Os gastrótricos possuem ovos de casca fina (ovos normais) e ovos de casca grossa (ovos de resistência). A transferência de esperma é indireta por espermatóforos e envolve cópula. O desenvolvimento é direto. A maioria dos nematódeos é gonocórica, mas algumas espécies são hermafroditas ou partenogenéticas. A fertilização é interna, com cópula. Muitas espécies apresentam dimorfismo sexual. Durante a cópula, o macho se enrola e se prende à fêmea com auxílio das espículas copuladoras, que são inseridas no gonóporo feminino aberto durante a transmissão dos espermatozóides para a vagina. Os espermatozóides são aflagelados e se movem por movimento amebóide. Os zigotos são envolvidos por uma casca secretada em parte pelo próprio zigoto, e em parte pelo epitélio do útero. A maioria das espécies é ovípara e os ovos dos nematódeos podem ficar armazenados no útero ate serem depositados e, frequentemente, o desenvolvimento embrionário começa enquanto os ovos ainda estão na fêmea. Muitas espécies são vivíparas. O ciclo de vida inclui o ovo, três estágios juvenis e o adulto. O desenvolvimento é direto. Módulo V – Processos Reprodutivos 176 Nematomorfos são gonocóricos. Durante a cópula, o macho enrola firmemente sua extremidade posterior ao redor da fêmea e transfere um espermatóforo ou espermatozóides na cloaca da fêmea. Os espermatozóides, que não têm flagelo, flagelo migram até o receptáculo seminal, onde são sã armazenados. A fertilização ocorre no útero. As fêmeas depositam um fio de ovos na água ou entre as raízes das plantas nas margens. O ciclo de vida inclui ovo, uma ou duas fases larvais parasitas e o adulto de vida livre. Os hospedeiros podem ser insetos, insetos miriápodos, aracnídeos, gastrópodos e sanguessugas. O ciclo de vida pode conter um ou mais hospedeiros. Priapúlideos são gonocóricos e a fertilização é externa ou interna, dependendo da espécie. A maioria das espéciess tem desenvolvimento indireto. Loricíferos são gonocóricos. Órgãos reprodutores e excretores são combinados num sistema urogenital. Gametas e urina são liberados por um duto urogenital comum, o qual se abre com ou ao lado do ânus. Suspeita-se Suspeita que haja fertilização interna. O desenvolvimento é indireto, indireto com fase larval chamada larva de Higgins. Pouco se sabe sobre a biologia reprodutiva dos quinorrincos. Eles são gonocóricos. A fertilização é provavelmente interna por meio de espermatóforos. O desenvolvimento é direto. oronídeos reproduzem-se assexuadamente por brotamento 21. Lophophorata: foronídeos e fissão promovendo o crescimento m modular de suas colônias. Além disto, foronídeos têm grande capacidade de regeneração. A maior parte dos foronídeos é hermafrodita. Os espermatozóides armazenados em espermatóforos são liberados na água. Os espermatóforos são capturados pelo lofóforo dos outros ou indivíduos e, em seguida, os espermatozóides tornam-se se amebóides e atravessam a parede corporal para adentrar a metacele. A fertilização é interna. Os zigotos são liberados pelas aberturas dos metanefrídios e podem ser incubados no lofóforo ou liberados liberad na água. Quase todos os foronídeos apresentam desenvolvimento indireto e possuem uma larva chamada actinotroca.. Após uma existência planctotrófica e livre-natante, livre a actinotroca sofre uma metamorfose para gerar o adulto bentônico. Quase todos os braquiópodos ópodos são gonocóricos e apresentam fertilização externa na água do mar. Algumas espécies são incubadoras ou vivíparas. O desenvolvimento pode ser direto ou indireto. Os nematódeos ou nemátodos (Nemathelminthes) -também chamados de vermes cilíndricos-- são considerados o grupo de metazoários mais abundante na biosfera, com estimativa de constituírem até 80% de todos os metazoários, com mais de 20.000 espécies já descritas, de um número estimado em mais de 1 milhão de espécies atuais, que incluem muitas formas parasitas de plantas e animais. Apenas os Arthropoda apresentam maior diversidade. O nome vem da palavra grega nema, que significa fio. Consultado em http://www.tiosam.co m/?q=Nematelmintos Foronídeos: Os foronídeos são animais marinhos, de corpo vermiforme, cilíndrico, não segmentado; cada indivíduo vive em tubo membranoso secretado por ele mesmo. A extremidade anterior contém tentáculos ciliados e um lofóforo (conjunto de tentáculos) em forma de ferradura. Consultado em http://www.biomania.c om.br/bio/conteudo.asp ?cod=1765 A maioria dos briozoários é hermafrodita. Briozoários possuem um ou dois ovários e um até vários testículos. Os ovários localizam-se localizam na extremidade distal do zoóide e os testículos sobre o funículo, na extremidade basal. Os gonodutos estão ausentes, sendo os gametas liberados por ruptura das gônadas. A maior parte dos Bryozoa é de hermafroditas protândricos, mas alguns poucos são hermafroditas simultâneos. Assim, uma colônia pode ser composta de zoóides funcionalmente masculinos e femininos em diferentes estágios de protandria. A ffertilização pode ocorrer entre zoóides de uma mesma colônia ou entre colônias diferentes e pode ser interna ou externa. A maioria dos briozoários incuba seus ovos, algumas poucas espécies são vivíparas. Alguns briozoários exibem poliembrionia, ou seja, o embrião original produz, assexuadamente, numerosos embriões secundários que, por sua vez, podem produzir embriões terciários, e assim por diante. O desenvolvimento é indireto, e após uma breve existência planctônica, a larva se fixa e sofre a metamorfose para ra dar origem ao primeiro zoóide (ancéstrula), ( que dará origem a uma nova colônia. Embora uma colônia contenha milhares de zoóides, todos são descendentes assexuais da ancéstrula. Por meio de brotamento, a ancéstrula dá origem a uma série de novos zoóides que, mesmo sendo geneticamente idênticos, podem ser polimórficos, exibindo diferentes formas e tamanhos. A reprodução Conheça ... assexual contínua aumenta o tamanho da colônia. Espécies de água doce também se reproduzem por meio de gemulação, produzindo estatoblastos. estatoblastos Estatoblastos são Módulo V – Processos Reprodutivos gêmulas resistentes às condições ambientais desfavoráveis, como seca e frio, e podem permanecer dormentes enquanto durarem estes períodos. Quando as condições ambientais tornam-se se favoráveis, um zoóide se desenvolve desen a partir do estatoblasto. 22. Chordata: os Craniata apresentam gônadas pares que se desenvolvem no mesotélio e geralmente são retroperitoniais (exceto nalguns mamíferos cujos testículos são localizados dentro da bolsa escrotal). Os ovários contêm células sexuais primárias chamadas folículos, que nutrem o óvulo ó em desenvolvimento, estimulando a formação de vitelo no ovócito. Quando os óvulos amadurecem, os folículos se rompem liberando os óvulos completos (ovulação). A ovulação pode ser quase contínua, sazonal ou única. Os testículos são compostos por túbulos túbulo seminíferos interconectados nos quais os espermatozóides se desenvolvem. Nestes Nes túbulos os espermatozóides são sustentados e nutridos por células de suporte. Nos craniados basais com os peixes-bruxa bruxa e as lampréias não existem gonodutos e os gametas movem-se se através do celoma até gonóporos que se abrem para o exterior. Entretanto, nos gnatostomados há gonodutos para transporte dos gametas. Nos machos, com exceção dos peixes actinopterígios, os gonodutos são formados a partir do ducto do metanefrídio (ducto arquinéfrico) que drenava originalmente o rim. Nas fêmeas, os óvulos ainda são liberados para o celoma, mas recolhidos pelo oviduto. Os ovidutos produzem, através de glândulas especializadas, envoltórios mucosos para os o óvulos dos anfíbios. Produzem ainda as cascas dos ovos de tubarões e répteis e mamíferos monotremados, e albumina e vitelo nos amniotos. Os ovidutos podem expandir expandir-se e fusionar para formar um útero ou úteros pares para armazenamento dos ovos ou do embrião. Os craniados com poucas exceções são gonocóricos, mas alguns peixesbruxa, peixes ósseos e alguns anfíbios são hermafroditas e alguns répteis são partenogenéticos. A fertilização pode ser externa (maioria dos peixes e anfíbios), ou interna (peixes cartilaginosos, alguns peixes ósseos, répteis rép e mamíferos). Alguns craniados com fertilização interna desenvolveram órgãos copulatórios como o pênis dos mamíferos, os hemipênis dos lagartos e cobras, os clásperes dos peixes cartilaginosos e os gonopódios de alguns poucos grupos actinopterígios. Os O urodelos (salamandras) apresentam transferência indireta de espermatozóides por meio de espermatóforos. Muitos craniados apresentam elaborados rituais de corte, corte bem como prolongados períodos de cuidado com a prole (o exemplo dos mamíferos humanos é um caso so extremo!). Os craniados podem ser ovíparos lecitotróficos, ovíparos matrotróficos, ou vivíparos. O desenvolvimento geralmente é direto, exceto nas lampreias, que passam por um estágio larval denominado amocetes e nos anfíbios modernos, que apresentam um uma fase larval conhecida como girino. O desenvolvimento do embrião pode ocorrer na água, no ambiente terrestre ou dentro do corpo da mãe. Os cefalocordados são animais dióicos com fecundação externa e ciclo de vida complexo que envolve um adulto bentônico e uma larva planctotrófica. As gônadas são pares e numerosas. Os gametas maduros rompem as gônadas, caem no átrio e são carregados ao exterior na corrente de água expelida pelo atrióporo. Os ascidiáceos são hermafroditas e geralmente têm fertilização cruzada. Ascídias solitárias são ovíparas. Os gametas são expelidos através do sifão exalante e a fertilização ocorre na água do mar. A maioria das espécies coloniais é vivípara. O embrião desenvolve-se como uma larva girinóide. A larva fixa-se e sofre metamorfose para gerar o adulto. O crescimento modular das ascídias coloniais ocorre por brotamento. As colônias de taliáceos crescem por adição de novos zoóides que se originam por brotamento. A reprodução sexuada, com fecundação interna, inicia-se se quando o óvulo único, presente em cada zoóide, é fecundado. fec O desenvolvimento pode ser direto ou indireto, ou seja, uma larva girinóide pode estar ou não presente. O primeiro zoóide (oozoóide), ( formado a partir da metamorfose da larva girinóide,, fundará nova colônia. Alguns grupos apresentam ciclos de vida que Módulo V – Processos Reprodutivos estruturas rochosas. Existem a cerca de 520 milhões de anos. Os indivíduos possuem tentáculos ciliados ao 177 redor da boca. Vivem em água salgada ou doce. Consultado em http://www.rc.unesp.br/ igce/aplicada/MUSEU/b riozoarios.html CRANIATA. Grupo que inclui todos os animais possuidores de crânio: Esqueleto da cabeça distinta, incorporando a porção anterior da notocorda, cérebro, órgãos olfatórios, olhos e ouvido interno. Consultado em http://www.dse.ufpb.br/ lapec/arquivos/Craniata. ppt Os cordados (Chordata, do latim chorda, corda) constituem um filo dentro do reino Animalia que inclui os vertebrados, os anfioxos e os tunicados. São caracterizados pela presença de uma notocorda, um tubo nervoso dorsal, fendas branquiais e uma cauda pós-anal, em pelo menos uma fase de sua vida. O grupo abrange animais adaptados para a vida na água, na terra e no ar. Consultado em http://pt.wikipedia. org/wiki/Cordados Hemichordata (do grego hemi, metade + chorda, corda) é um filo de animais marinhos, considerados como as formas mais primitivas dos cordados. É um filo de animais vermiformes que mostram semelhanças tanto com os cordados como com os equinodermos, e geralmente são considerados como um grupo muito próximo dos equinodermos. O grupo surgiu no Câmbrico e conta actualmente com cerca 178 alternam fases assexuadas e sexuadas, formas solitárias e coloniais. Os larváceos apresentam reprodução sexuada e desenvolvimento direto. Todos os larváceos são hermafroditas protândricos, exceto Oikopleura dioica, que é gonocórico. 23. Hemichordata: enteropneustos nteropneustos podem se reproduzir assexuadamente por fragmentação e regeneração. Os zoóides de pterobrânquios originam-se originam assexuadamente por brotamento durante o crescimento da colônia. Além disto, dis um disco adesivo de Cephalodiscus é capaz de fragmentação ou fissão para formar colônias novas. Enteropneustos são gonocóricos. A fertilização é externa na água do mar. O desenvolvimento é indireto e inclui fase larval lecitotrófica ou planctotrófica chamada tornária. Colônias de pterobrânquios quios são hermafroditas, mas os zoóides que as compõem geralmente são masculinos, femininos ou neutros. Os detalhes da fertilização não são inteiramente conhecidos e geralmente ocorre incubação. Os zigotos desenvolvem-se em larvas lecitotróficas. Após uma breve existência pelágica, a larva se fixa e se encapsula num casulo antes de sofrer a metamorfose gradual, gradual que originará num único zoóide que, por sua vez, fundará uma nova colônia. 24. Echinodermata: crinóides, rinóides, asteróides e ofiuróides reproduzem-se reproduzem clonalmente nalmente por fissão e fragmentação seguida de regeneração. A maioria dos equinodermados são dióicos com fertilização e desenvolvimento embrionário externos na água do mar. Algumas espécies são incubadoras e apresentam desenvolvimento direto, mas a maioria dos Echinodermata apresenta estágio larval planctotrófico, que difere ligeiramente entre si nas diferentes classes e, e portanto, recebem denominações distintas: bipinária e braquiolária (Asteroidea), ofioplúteo (Ophiouroidea), equinoplúteo (Echinoidea), auriculária uriculária e doliolária (Holothroidea) e doliolária (Crinoidea). Após uma existência livre-natante, livre a larva sofre metamorfose que resulta na formação de uma miniatura do adulto. O estágio larva de alguns Echinodermata pode passar por estágio de fixação ao a substrato anterior à metamorfose. ATIVIDADE: Metazoa assim como os 1. Descreva os padrões básicos de ciclos de vida dos Metazoa, principais mecanismos reprodutivos dos grandes grupos de Metazoa. Módulo V – Processos Reprodutivos O filo Echinodermata echinos, (do grego espinho + derma, pele + ata) são animais marinhos, de vida livre (estrela-do-mar, holotúria e ouriço-domar). Os espinhos estão presentes em diversos formatos e atuam com a função de proteger o animal e para a locomoção. Podem ser recobertos por substâncias de caráter tóxico. Muitos têm notável poder de regeneração: uma estrela-do-mar cortada radialmente em várias partes vai, depois de alguns meses, regenerar em tantas estrelas viáveis quantas foram as partes separadas. Consultado em http://pt.wikipedia.org /wiki/Echinodermata 179 Bibliografia BARNES, R.S.K.; P. CALOW; P.J.W. OLIVE. Os invertebrados: uma nova síntese. Atheneu, São Paulo. 526 pp. 1995. BRUSCA, R.C., BRUSCA, J.G. Invertebrates. 2ª edition. Sunderland: Sinauer Associates, 936 pp. 2003. GRASSÉ, P.P. Traité de Zoologie. Paris, Masson et Cie Editeurs, 27 vol. 1948-1994. HICKMAN, C.P.; L.S. ROBERTS; A. LARSON. Princípios Integrados de Zoologia. 11ª edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 846 pp. 2004. HILDEBRAND, M.; G. GOSLOW. Análise da Estrutura dos Vertebrados. 2ª edição. Atheneu Editora. São Paulo. 641 pp. 2008. HYMAN, L.H. 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