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Território e
desenvolvimento
território e desenvolvimento
Caro(a) trabalhador(a),
Este módulo trata de assuntos ligados à geografia.
Vamos discutir durante as aulas, assistindo ao vídeo e fazendo vários exercícios,
como os conhecimentos sobre a geografia podem nos ajudar a compreender me‑
lhor os diferentes ambientes à nossa volta e o nosso lugar neste mundo em cons‑
tante transformação.
A ideia é que quanto mais conhecemos a geografia, melhor compreendemos como ela
está ligada à nossa vida, ao nosso trabalho, ao nosso dia a dia.
Assim, selecionamos assuntos que nos ajudam nesse caminho:
• a geografia de cada um será o tema da Unidade 1 e vai nos informar sobre a
“história” da nossa geografia;
• o espaço geográfico e o espaço natural nos fará compreender as diferenças entre
palavras que, muitas vezes, achamos que são sinônimas, ou seja, querem dizer
a mesma coisa. Um exemplo disso? Lugar e paisagem querem dizer a mesma
coisa? A Unidade 2 deste módulo irá nos ajudar a compreender as diferenças
entre esses conceitos;
• a formação do território brasileiro nos ensina como o clima de um país e mesmo
da Terra vai se alterando com a ação do homem. O que isso tem a ver com a
economia de um país? Qual é o nosso papel nesse processo? Vamos descobrir
isso na Unidade 3; e
• globalização e espaço geográfico nos faz refletir sobre o quanto a vida de um país
está ligada à de outros países. A preservação das florestas brasileiras afeta o clima
e a economia de outras regiões do planeta? Esse será o tema da Unidade 4.
Bom trabalho!
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Unidade 1
O espaço geográfico
O que quer dizer “geografia”?
Quando conversamos com nossos amigos e familiares,
é muito comum nos referirmos a fatos acontecidos no
dia anterior, na semana anterior, ou ainda a situações
mais distantes do presente, como uma festa de aniversário
de um colega ocorrida há anos, que foi muito boa,
quando conhecemos aquela(e) que viria a ser nossa(o)
esposa(o) etc. Ao lembramos desses momentos,
facilmente percebemos fatos de nossa própria história
ou da história de alguém.
Quando você pergunta a um companheiro de trabalho quando e por que ele entrou
na empresa, ele lhe conta esse “pedaço” da vida de acordo com a lembrança dele e da
forma como viveu a situação: com os fatos, e também com emoções, sensações, sen‑
timentos. Ou seja, ele lhe conta a sua própria versão da história de sua vida. Todos
nós temos uma história e todos podemos contar a nossa versão dos fatos. Assim, o
conjunto das histórias das pessoas que trabalham e trabalharam numa fábrica forma
a história da fábrica.
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território e desenvolvimento
E quanto à geografia, será que cada um de nós tem sua própria geografia?
Cada um de nós “faz” também a geografia? Como saber se nós temos a nossa própria
geografia ou se construímos “a geografia” em conjunto, coletivamente?
O primeiro passo é notar que, quando contamos a nossa história, usamos sempre o
tempo como referência; criamos períodos para explicar os acontecimentos: “quan‑
do eu era jovem, aconteceu tal coisa”; “depois que casei, mudamos para cá e nasceu
meu filho”; “foi no dia em que seu irmão comprou o carro”. Criamos períodos,
marcos, a fim de explicar o que ocorreu primeiro, e depois, e mais tarde.
Na geografia, nos referimos sempre aos espaços, aos lugares, às regiões. “Todo dia
pego o metrô e vou até o centro para trabalhar”; “nos finais de semana, levo as crian‑
ças ao parque e jogo futebol de campo”; meu filho vai à escola pela manhã e brinca à
tarde na praça”.
Esses caminhos ou circuitos que cada um de nós faz habitualmente (até o centro,
ao parque etc.) produzem a nossa geografia, porque estamos sempre nos referindo
aos lugares em que vivemos ou pelos quais passamos.
Além de fazermos a nossa geografia, selecionando lugares preferidos ou frequen‑
tando alguns para ganhar o pão de cada dia, também construímos (direta ou indi‑
retamente) a geografia de todos, por meio do nosso trabalho: construindo prédios,
abrindo ruas e estradas, comprando e vendendo produtos/mercadorias, aprovei‑
tando da natureza aquilo que pode ser transformado em produtos (madeira, água,
peixe etc.) para atender às nossas necessidades.
Assim como a história de uma fábrica é o conjunto das histórias de todos os seus
trabalhadores, a geografia é produzida, por meio do trabalho, por todos os indi‑
víduos da sociedade. Dito de outro modo: todos nós, em sociedade, mesmo que
de maneira desigual, produzimos o espaço geográfico de que necessitamos para
viver. Os mapas são feitos pelos geógrafos a fim de representar e explicar a geografia que a sociedade construiu.
Vamos fazer a Atividade 1 e ver como entendemos essa ideia.
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Atividade 1 – A geografia de cada um
1
Preencha os itens abaixo para construir um esquema, um desenho simples da
sua geografia:
lugar de lazer
casa de um amigo
bairro/rua
bairro onde moro
local do meu último
trabalho
outro lugar
(você escolhe)
2 Agora procure fazer um mapa mental (isto é, a partir de suas lembranças), mostran‑
do a distância desses lugares até a sua casa.
Por exemplo: da minha casa até o banco da praça onde levo meu filho para brincar
são mais ou menos 50 m.
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território e desenvolvimento
3 Forme um grupo de quatro pessoas. Cada uma deve explicar:
•como cada um desses lugares faz parte de sua vida (por exemplo: parque – local
para passear com a família);
•a distância que estima entre um ponto e outro da cidade e quanto tempo leva
para ir da sua casa até esses lugares;
•os meios de transporte que usa para ir de sua casa até esses lugares. Como são
esses transportes? Eles transformam o espaço? De que forma?
•quais as dificuldades e quais os prazeres que tem ao usar cada um desses espaços?
4 Responda agora com seu grupo.
Por que tudo isso representa, pelo menos em parte, a sua geografia?
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O espaço que produzimos é diferente do espaço natural
O espaço geográfico é completamente diferente do espaço natural, isto é, da natureza.
ESPAÇO GEOGRÁFICO ≠ ESPAÇO NATURAL
Você sabia que esse sinal ≠ significa DIFERENTE?
= IGUAL
≠ DIFERENTE
O espaço natural, ou a natureza, é o conjunto dos espaços que não sofreram a ação
do homem, ou seja, que não foram transformados pelos seres humanos.
Já o espaço geográfico é resultado da transformação do espaço natural pelo trabalho
e pela inteligência do homem.
Natureza = espaços que não foram transformados pelo homem
Espaço geográfico = espaço natural + trabalho + inteligência do homem
Não há dúvida de que tudo à nossa volta tem origem na natureza, mas, antes de che‑
garem até nós, todas as coisas passaram por transformações que são resultado de:
trabalho + inteligência humana = técnica
Quando prestamos atenção nos objetos que nos cercam, podemos notar que, em
todos eles, sem exceção, há tanto trabalho humano como técnica: a cadeira em que
você está sentado(a) agora foi construída pelo trabalho humano e pelas técnicas de
marcenaria usadas sobre a madeira, que, por sua vez, vem da natureza. As roupas
que você está usando foram feitas pela força do trabalho e pelas técnicas de tecela‑
gem sobre o algodão ou sobre o petróleo (se o fio for sintético) que gerou o tecido.
E assim acontece com qualquer outro objeto.
72
João Bacellar
RICARDO AZOURY/PULSAR IMAGENS
território e desenvolvimento
DELFIM MARTINS/PULSAR imagens

Atividade 2 – Do que são feitos os objetos
Enumere três objetos que estão à sua volta e procure identificar a origem da sua
matéria‑prima na natureza.
Objeto
1. Cadeira
Origem
Madeira
2.
3.
4.
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O espaço produzido pela sociedade é seu bem fundamental
Até aqui, vimos que o espaço geográfico é construído por todos nós com uso da técnica
(trabalho + inteligência humana).
João Bacellar
Muitas vezes, quando observamos prédios enormes e bonitos, pontes ligando luga‑
res distantes, parques, monumentos etc., ficamos admirados com a capacidade de
criação do ser humano.
Feng Li/AFP
Feng Li/AFP
Ponte estaiada, São Paulo, Brasil.
Estádio Ninho de Pássaro, Pequim, China.
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Arco do Triunfo, Paris, França.
território e desenvolvimento
Mas, mesmo usando técnica e inteligência, é possível ha‑
ver problemas e os espaços podem funcionar mal.
Não é difícil passarmos ao lado de um rio em uma grande
cidade e sentirmos o mau cheiro resultante das nossas pró‑
prias ações. Por exemplo, o despejo de lixo e de coisas que
não queremos mais nos riachos que desembocam nesse
rio, o lançamento de esgoto sem tratamento e de resíduos
industriais em represas e rios etc.
Também vivemos hoje o drama de explorar de forma exa‑
gerada as coisas da natureza, ou seja, os recursos naturais.
Desse modo, começamos a comprometer a capacidade de
autorrecuperação da natureza: o planeta Terra fica mais
quente; as florestas vão acabando, a água fica poluída…
Mesmo quando a exploração dos recursos é feita com uma
tecnologia mais avançada, esses problemas continuam.
Vivemos, assim, uma situação de contradição, ou, como
diz o ditado popular: “se correr o bicho pega, se ficar
o bicho come!”, pois precisamos de energia elétrica, de
alimentos, de água, de roupas, de mais casas, de mais ma‑
térias‑primas. E, apesar de toda a ciência e a inteligência
humana, seguimos tendo problemas, como:
• grandes cidades com muitos moradores de rua e fa‑
velas ao mesmo tempo em que grande parte dos
imóveis ficam desocupados;
• famílias com poucas pessoas que consomem muito
mais do que precisam;
• pessoas que desperdiçam comida ao mesmo tempo
em que outras passam fome.
Contradição é quando
acontecem, ao mesmo
tempo, duas coisas que
não podem ocorrer juntas. Por exemplo, não
pode haver, simultaneamente, dia e noite; uma
pessoa não pode estar,
ao mesmo tempo, viva
e morta. Assim, o que
acontece é uma relação
de incompatibilidade entre dois termos, em que
um termo nega o outro,
causando falta de lógica,
incoerência.
Atividade 3 – Como o homem transforma
a natureza
1
Vamos formar um grupo de quatro colegas e escolher
um dos temas abaixo que tratam de como os homens se
relacionam com a natureza. A proposta é debater alguns
problemas que afetam a população:
• Automóveis no congestionamento com apenas um con‑
dutor x falta de transporte público e poluição do ar.
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• Grandes propriedades rurais plantando um único produto, como soja ou cana,
para exportação (venda para outro país) x alto preço dos alimentos que consu‑
mimos no país, como arroz, feijão e frutas.
• Queimadas no campo para aumentar as áreas agrícolas e de pastagens x destrui‑
ção das matas e florestas.
Em seguida, apresente para a sala os resultados do debate realizado em grupo.
Atividade 4 – O homem e o mundo
1
Na música Gente, o cantor e compositor Caetano Veloso escreveu: “gente é para
brilhar / e não para morrer de fome”. Pensando nesses versos e lembrando os temas
estudados nesta unidade, escreva em seu caderno um texto sobre a situação dos
homens no mundo de hoje. Pense nas condições de vida no Brasil e em outros paí‑
ses, no acesso aos recursos naturais, em como é possível, apesar de todos os avanços
tecnológicos, haver pobreza e situações de miséria etc.
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território e desenvolvimento
Unidade 2
Como percebemos
o espaço geográfico
Apesar de, muitas vezes, considerarmos o espaço geográfico e a geografia como conhe‑
cimentos distantes, eles fazem parte de nosso cotidiano. Na realidade, estamos sempre
nos referindo a conceitos trabalhados pela geografia, mas com outras palavras, com
expressões que são mais comuns em nosso dia a dia. Vejamos as principais.
• Paisagem.
• Lugar.
• Região.
• Território.
• Mundo.
Da mesma forma, utilizamos expressões geográficas constantemente, muitas vezes
sem perceber: norte, sul, leste, oeste, centro, periferia etc.
A geografia, como ciência, busca analisar e compreender o espaço que as sociedades,
ou seja, os homens produzem para sua sobrevivência. Ela também procura encon‑
trar soluções para os problemas que a sociedade vai enfrentando e que são, muitas
vezes, resultado das próprias ações humanas, tal como vimos na Unidade 1.
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Você sabia?
Aquilo que chamamos na
marcenaria (e em outras
ocupações) de ferramenta, nas ciências damos o
nome de conceito.
A fim de estudar o espaço geográfico e também propor
soluções para os problemas, o conhecimento geográfico
se baseia em certas noções muito divulgadas, de que todos
nós já ouvimos falar, e cujos termos até mesmo já usamos
em nosso cotidiano.
Da mesma forma que um marceneiro usa ferramentas,
como o serrote, o martelo, a morsa etc., na geografia a
paisagem, o lugar, a região, o território e o mundo são
as ferramentas (ou os conceitos) utilizadas para construir
o conhecimento geográfico.
Atividade 1 – Ferramentas da geografia
Procure lembrar em que situação você já ouviu ou usou os seguintes termos e anote:
1. Paisagem
2. Lugar
3. Região
4. Território
5. Mundo
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território e desenvolvimento
Esses termos de fato estão em nosso cotidiano, no nosso dia a dia, e é muito comum
nos deparamos com qualquer um deles no rádio, na TV ou nos jornais. Também é
comum usarmos essas palavras quando conversamos. Vamos lembrar alguns casos.
Foto 1
Rubens Chaves/PULSAR imagens
Paisagem
• “Fiz um passeio ontem para conhecer a
serra da Mantiqueira. Vi cada paisagem!
Uma mais linda que a outra…
A paisagem é como cada uma das fotos que ve‑
mos nesta página. Ela é apenas aquilo que vemos
num instante. Há paisagens mais dinâmicas, isto
é, que estão sempre mudando. Outras permane‑
cem por muito tempo pouco alteradas.
A Foto 1, por exemplo, tem uma estrada de ter‑
ra. Se formos a esse lugar daqui a alguns meses, perceberemos que a estrada pode estar
bem diferente. Se nesses meses chover bastante, ela poderá estar com muito barro; ou
pode ser que seja asfaltada nesse período, o que vai mudar muito a paisagem, porque
virão mais carros, serão instalados postos de gasolina, pousadas etc.
Já a Foto 2 mostra apenas picos e uma passagem para os turistas que visitam a mon‑
tanha. Nesse caso, é mais comum que a aparência da paisagem permaneça igual por
muito tempo, mudando apenas um pouco, conforme as estações do ano.
As paisagens podem ser naturais ou construídas pelo trabalho humano, como, por
exemplo, as paisagens urbanas.
Rogério REIS/PULSAR imagens
Foto 2
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Atividade 2 – Paisagens e paisagens
A paisagem revela um determinado instante, um momento do espaço geográfico.
JUCA MARTINS/PULSAR imagens
Paisagem 1
Salvador – BA
Paisagem 2
DELFIM MARTINS/PULSAR imagens
Observe as paisagens desta página e
procure colocar no quadro a seguir os
elementos que para você podem existir
por mais tempo sem alteração e também
aqueles que indicam que a paisagem so‑
freu mudanças mais recentemente.
Leia os exemplos na primeira linha da
tabela e preencha as outras linhas com
suas observações:
Caxambu – MG
Paisagem 1
Paisagem 2
Sem alteração
Elementos
alterados
Sem alteração
Mar
Prédios novos
Montanhas
80
Elementos
alterados
Prédios
território e desenvolvimento
Lugar
• “O bairro onde eu moro é bem grande, tem muitos lugares diferentes. Mas o
lugar de que eu mais gosto é a praça perto de casa.”
• “São Paulo é uma metrópole: imensa e desumana! Mas meu bairro é um lugar
bem acolhedor.”
• “Mudei para a cidade grande para poder trabalhar, arrumar emprego. Mas não
há lugar melhor do que minha pequena cidade.”
• “O lugar de que mais gosto na minha casa é a cozinha, onde todo mundo fica
junto conversando.”
Aqui podemos notar que a expressão lugar é utilizada em situações diferentes. É que
lugar está relacionado a uma dimensão do espaço geográfico do qual somos próximos
e com o qual temos certa intimidade e familiaridade.
O lugar, então, não é definido somente pelo tamanho, mas também pela relação pessoal
que mantemos com certa parte do espaço geográfico.
Dificilmente chamaremos a metrópole de São Paulo, a região Nordeste ou o Brasil de
lugar. A dimensão do lugar é, frequentemente, menor do que uma metrópole, uma
região ou um país. Como é possível ver nos exemplos acima, o lugar pode coincidir
com o próprio tamanho da cidade, geralmente cidade pequena.
Atividade 3 – Cada coisa em seu lugar
1
O termo lugar pode ser usado em diferentes situações. Descreva as circunstâncias
em que essa palavra pode ser aplicada no seu dia a dia, anotando os principais ele‑
mentos (objetos, prédios, ruas, comércio etc.) que compõem cada lugar.
Lugar preferido em sua casa: Lugares preferidos em seu bairro: Lugar de encontro com amigos: Lugares em que já trabalhou: Lugares onde já morou: 81
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Agora compare suas respostas com as de um colega e repare no que é semelhante,
parecido, e no que é diferente. De acordo com as respostas, pense como cada um de
nós pode compreender de formas bem distintas o significado de um mesmo lugar e o
que isso tem a ver com a nossa experiência vivida.
Região
• “Acabamos de ouvir no rádio que em toda a região Sul teremos um dia ensola‑
rado pela manhã, com possibilidade de chuvas ocasionais no período da tarde.”
A região é uma parte do espaço geográfico que apresenta certa semelhança entre seus
elementos naturais e humanos. Quando falamos, por exemplo, da região Nordeste,
imaginamos rapidamente um tipo de paisagem, um tipo de clima, um tipo de praia,
de plantas, de espécies vegetais e animais etc. Também imaginamos, ou mesmo lem‑
bramos, de certo tipo de cidade, de pessoas parecidas umas com as outras, que falam
de forma parecida (sotaques), e assim por diante. Isto é, sabemos que se trata sempre
do mesmo país, o Brasil, mas sabemos que a região Nordeste tem características par‑
ticulares daquela porção do espaço geográfico brasileiro, e que essas particularidades
identificam essa região.
O mesmo pode ser dito quando falamos de áreas menores. Como exemplo, podemos
lembrar que as cidades são divididas em regiões internas: a região central, a região
periférica, a região dos bairros mais ricos, a região dos bairros mais pobres etc. Nós
rapidamente conseguimos perceber quais são as regiões de nossa cidade e, geralmen‑
te, também vemos características próprias, parecidas, entre as pessoas que moram em
uma região dela.
As regiões são também uma fonte de informação importante para as pessoas que
trabalham nos órgãos do governo, ou seja, para a administração pública. As políticas
públicas são construídas com base na regionalização, isto é, no modo como os gover‑
nos desenham regiões no espaço geográfico para melhor administrá‑las.
O estado de São Paulo, por exemplo, tem 15 regiões administrativas. Por meio
dessas regiões é que são distribuídas as verbas (recursos) para a saúde, a educação, os
transportes etc.
Atividade 4 – E no Brasil? Como é a divisão regional?
1
Observe o mapa da divisão regional do Brasil e, com auxílio da legenda, indique
os estados que compõem cada região brasileira. Pesquise no atlas geográfico e
informe também a capital de cada estado:
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território e desenvolvimento
Rondônia
Região Sudeste
Região Sul
Complete os quadros a seguir:
Estado
Capital
Estado
Capital
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Capital
Estado
Capital
Estado
Capital
Região
Centro-Oeste
Região Nordeste
Região Norte
Estado
Território
• O programa A voz do Brasil é transmitido para todo o território nacional.
O território, tal como vemos no mapa da página 83, é a porção do espaço geográfico di‑
vidido por fronteiras políticas. São fronteiras políticas porque elas resultam de negocia‑
ções entre países e, às vezes, até de conflitos armados. O mesmo acontece dentro de um
mesmo país, com negociações entre estados e municípios que delimitam suas fronteiras.
Os acordos que resultam das negociações entre as diversas esferas de poder vão desenhando
a forma dos países, dos estados, dos municípios e até mesmo dos bairros em que vivemos.
84
território e desenvolvimento
Assim, o desenho de um território nacional expressa toda a história de conflitos, de
diplomacia (a história das relações entre os países) e de conquistas que uma nação
realizou. O tamanho atual do Brasil foi definido depois de uma série de conquistas
diplomáticas, de guerras e até mesmo de acordos comerciais.
Por exemplo: a região que hoje forma o estado do Acre era de um país
vizinho do Brasil, a Bolívia. (Procure os dois países no atlas ou mapa
para você se situar melhor.) O Acre passou a ser parte do Brasil depois
de um acordo com a Bolívia, pois muitos brasileiros já estavam explorando a borracha naquela região no começo de século 20 (XX).
Atividade 5 – Reconhecendo a América do Sul
1
Observe abaixo os territórios nacionais que compõem a América do Sul. Com a
ajuda do atlas geográfico, escreva no mapa o nome de cada país e de sua capital.
2 Agora
escreva os nomes dos países que não fazem fronteira com o território
brasileiro.
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Mundo
AFP
• “A final da Copa do Mundo será transmitida para todos os continentes.”
GETTY IMAGES
Planeta Terra.
Planisfério.
São essas as imagens que vêm à nossa mente quando nos perguntamos o que é o mundo?
86
território e desenvolvimento
Jonathan Carlil/AFP
Essas são as mais comuns. Mas existem também outras imagens. Por exemplo: seria
possível termos aí a imagem do sistema solar…
LATINSTOCK
… e até da Via Láctea.
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Quando usamos a palavra planeta estamos nos referindo à dimensão física do mundo.
Mas, de modo geral, quando nos referimos a mundo na geografia, estamos falando
das pessoas que habitam todos os continentes, de todos os países, de todas as cidades, das várias etnias etc., além daqueles elementos da natureza como a fauna (os
animais), a flora (as plantas), os tipos de solo, as riquezas minerais, os oceanos etc.
GETTY IMAGES
Assim, o que é principal na ideia de mundo são os homens, as mulheres e as crianças
que estão construindo a cada dia o espaço geográfico.
Também podemos falar em mundo querendo falar de apenas uma parte, e não ao
todo. Por exemplo, você já pode ter ouvido a seguinte conversa: “Quem vai à festa?”,
e alguém responde “Todo mundo!”. Sabemos ser impossível que, de fato, o mundo
inteiro vá a uma mesma festa. Isso é o que chamamos de força de expressão. Mas essa
frase é bem ilustrativa do significado do termo mundo: cada um de nós tem uma ima‑
gem, uma definição de mundo, e compartilhamos essa ideia com um grupo. Assim,
quando alguém diz “todo mundo”, todos os envolvidos naquela conversa sabem o
que a pessoa quis dizer: todas as pessoas do nosso grupo de amigos.
88
Ed Honowitz /GETTY IMAGES
território e desenvolvimento
Esse significado é o mais próximo do utilizado na geografia. Um exemplo pode nos
ajudar a entender essa ideia!
Quando vemos a chamada de um telejornal e/ou lemos a manchete “Crise financei‑
ra mundial”, significa que o mundo todo está em crise financeira? Vamos pensar
sobre isso.
Muitas vezes somos levados a pensar que todo o mundo está mesmo em crise. Mas
quem está de fato mergulhado na crise atual são, principalmente, as instituições, as
empresas, as pessoas que investem em bolsas de valores, o que pode acabar afetando a
economia de todo um país. É possível afirmar que nem todas as empresas do mundo
vão fechar, que nem todos os habitantes do planeta perderão seus rendimentos ou seus
empregos ou terão salários rebaixados.
Outro exemplo: apesar de a guerra que aconteceu entre 1939 e 1945 ser chamada de
Segunda Guerra Mundial, não eram todos os países que estavam em conflito, mas
apenas uma parte deles. A maioria dos países não participou diretamente dessa guer‑
ra, mas, de algum modo, sofreu as consequências dela.
Comparando, vemos que os termos mundo e lugar, embora pareçam opostos (mundo é o todo, e lugar é uma pequena parte do todo), têm algumas coisas em comum:
• ambos têm vários usos diferentes;
• não é possível definir com precisão, com certeza, a dimensão de cada um; e,
• na geografia, precisamos saber o contexto (situação, lugar, assunto) em que os
termos são utilizados para compreendê‑los bem.
Desse modo, quanto mais lemos e aprendemos coisas sobre todas as regiões e conti‑
nentes do globo terrestre, especialmente sobre as populações que habitam cada peda‑
ço da Terra, mais ampliaremos a nossa ideia do que é o mundo.
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Atividade 6 – O mundo e seus significados
1
Leia as sentenças abaixo e assinale de qual espaço estamos falando quando usamos
o termo mundo em cada frase:
a) “Com
as mudanças de clima e o aquecimento global, o mundo passará por
transformações pelas quais nunca passou antes.”
( ) Universo.
( ) Sistema solar.
( ) Planeta Terra.
( ) Países desenvolvidos.
b) “No mês de junho, todo mundo faz festa na rua com fogueira, comidas típicas
e fogos de artifício.”
( ) Países com tradição em festas juninas, especialmente nas áreas rurais.
( ) Planeta Terra.
( ) Europa, Estados Unidos e Japão.
( ) Brasil.
90
território e desenvolvimento
Unidade 3
A formação do
território brasileiro
Nesta unidade vamos aprender por que é importante
conhecer a natureza que forma o nosso país e como
essa formação está ligada à pobreza ou à riqueza de
cada região, estado e cidade.
A natureza e o território brasileiro
A natureza, nos diversos territórios, pode ser olhada de diferentes pontos de vista,
conforme seu relevo, seu clima e sua vegetação. Aqui vamos observar esses aspectos
apenas de forma geral, mas cada um desses itens é estudado com detalhes no ensino
fundamental.
Imagine que estamos em um balão
vendo o Brasil do alto. Podemos
ver montanhas, rios, lagos, terras,
plantações…
BRUNO MARFINATI/AE
Relevo
A vista do alto desse balão nos ajuda a compreender o relevo de uma
região, de um país e até do planeta.
Conhecer o relevo permite realizar
um bom planejamento do território: onde é melhor plantar, construir moradias, explorar fontes de
energia etc.
As montanhas brasileiras são mais baixas do que as de
outras regiões do mundo, que têm grandes montanhas
e cordilheiras, como é o caso de alguns países da Eu‑
ropa, do Chile e da Argentina na América do Sul e do
Himalaia na Ásia.
Cordilheira é um grande
sistema de montanhas
enfileiradas.
91
Hauke Dressler/LATINSTOCK
GEtty IMAGES
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Andes, na América do Sul.
Rudi Kennard/afp
Alpes, na Europa.
Himalaia, na Ásia.
Procure no atlas a localização dessas regiões.
ANDRÉ DO AMARAL NOGUEIRA
No Brasil temos algumas montanhas altas, como o pico das Bandeiras e o pico das
Agulhas Negras, porém não temos cordilheiras, apenas serras de alturas médias, pois
as montanhas e os picos mais elevados (ou seja, o relevo) foram sendo desgastados pela
ação do sol, da chuva, do calor, do frio e do próprio homem durante milhões de anos.
92
O pico da Neblina está localizado no
norte do estado do Amazonas e é o
ponto mais alto do Brasil, com cerca
de 3.000 metros de altitude.
EDSON SATO/PULSAR imagens
território e desenvolvimento
O pico das Agulhas Negras fica no estado do Rio de Janeiro e é
a oitava montanha mais alta do país, com quase 2.800 metros
de altura.
Renato Soares/PULSAR imagens
No território brasileiro há principalmente duas formas de relevo: os planaltos e as planícies.
Mauricio Simonetti/PULSAR imagens
Planaltos são áreas
de altura média e,
geralmente, com o
topo “achatado”.
Planícies são áreas
praticamente planas, ou seja, com
pou­­cas elevações.
93
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Vamos observar os mapas abaixo para saber se no Brasil existem
mais planícies ou mais planaltos.
Figura 1 – Imagem de satélite
70o
50o
60o
40o
10o
Venezuela
10o
Guiana
Suriname
Colômbia
Guiana Fr.
0o
10o
10o
Peru
Bolívia
O
CE
20o
CO
LÂ
C
N
PA C Í F I C O
Argentina
70o
E
A
N
O
AT
O
30o
20o
Paraguai
Chile
TI
ANO
Repare bem na Figura 1
(um mapa feito com base
na imagem de satélite) e
compare-a com o mapa
de relevo. As partes em
amarelo e verde-claro
na figura correspondem
aos planaltos. As áreas
em verde-escuro são as
planícies.
0o
Uruguai
60o
ESCALA:
0
200
50o
40o
30o
400
600km
30o
Figura 2 – Mapa do relevo brasileiro
94
território e desenvolvimento
Quando observamos a imagem do mapa que aparece na Figura 1 e a comparamos com
o mapa de relevo (Figura 2), notamos que no Brasil há dois grandes planaltos:
• Planalto das Guianas e
• Planalto Brasileiro, que está dividido em:
– Planalto Central.
– Planalto Atlântico.
– Planalto Meridional.
A outra grande forma de relevo existente no país é a planície. Comparando as Figuras
1 e 2, podemos observar as planícies brasileiras mais importantes:
• Planície Amazônica.
• Planície Costeira.
• Planície do Pantanal.
Essa divisão do nosso relevo é simplificada. Hoje os geógrafos trabalham com divi‑
sões mais detalhadas a fim de compreender melhor o relevo do Brasil.
E é importante saber tudo isso porque os prefeitos, os governadores e os ministros usam
mapas, como o mapa detalhado do relevo brasileiro (veja a imagem abaixo), para pensa‑
rem as soluções de vários problemas, como a necessidade de construção de estradas, de
usinas, de portos, a melhor exploração dos recursos de uma ou outra região etc.
Mapa detalhado do relevo brasileiro
95
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Vamos ver um exemplo.
Você viu na TV ou ouviu no rádio comentarem sobre a “transposição do rio São Francisco”?
O rio São Francisco tem 2.700 km: nasce em Minas Gerais, cruza toda a Bahia e deságua
no mar de Sergipe. Desde a época de dom Pedro I já se falava em “carregar” a água desse
rio para as áreas que sofrem com a seca, como acontece no Nordeste, por exemplo.
Essa poderia ser uma boa solução para a população e também para o desenvolvimento
das cidades atravessadas pelo rio São Francisco. Mas nem todos concordam com essa
opção. Muitos acreditam que ela trará outros problemas.
Nas aulas de informática, faça uma pesquisa na internet para entender melhor esse
debate e saber por que alguns são contra e outros são a favor da transposição do
rio São Francisco.
Clima e vegetação
O clima e a vegetação são dois aspectos da natureza muito dependentes um do outro,
isto é, conforme o clima temos determinados tipos de vegetação. Por exemplo: uma
região com clima muito quente e úmido como o equatorial tem vegetação densa,
“sobrecarregada”, com muitas folhas bem verdes e árvores altas.
Então poderíamos dizer: “Ora, o clima é que determina o tipo de vegetação”. Isso seria
correto se não houvesse grandes mudanças ou interferências humanas na vegetação: se
96
território e desenvolvimento
Mapa das regiões climáticas do Brasil
Clima equatorial:
é úmido o ano inteiro, apresenta muita
chuva e umidade do
ar alta; além disso,
a temperatura é elevada, em torno de 26° C.
Ocorre em grande parte da região Norte.
Mapa de distribuição da vegetação do Brasil
ela for retirada em grandes áreas, como vem acontecendo
na Amazônia, o clima vai mudando também. É por isso
que há, hoje, o perigo de áreas úmidas virarem desertos.
97
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Vamos entender melhor. À medida que uma região vai sendo desmatada, as chuvas
diminuem, o solo empobrece, o calor aumenta e o clima fica cada vez mais seco. Isso
acontece mesmo em lugares que antes eram bem úmidos.
Por isso é mais correto dizer que clima e vegetação são acontecimentos, fenômenos
bem unidos, bem integrados.
Temos, ainda, as influências do relevo na forma de vegetação. Por exemplo: em um
lugar alto faz mais frio e as temperaturas são mais baixas, por isso o tipo de vegetação
também é diferente. Os distintos tipos de solo também contribuem para a formação
de diferentes tipos de vegetação.
Uma maneira mais fácil de compreendermos a influência do clima na vegetação é
pensarmos na agricultura.
A plantação de morangos deve ser feita em uma região fria e a da cana‑de‑açúcar, em
regiões quentes, não é mesmo? No Brasil, a variedade de climas e vegetações é grande,
pois o território é muito extenso. São 4.394,7 km de extensão entre o ponto mais ao
norte e o ponto mais ao sul (veja o mapa abaixo).
O Brasil está situado na zona mais quente do planeta Terra, mas também apresenta
regiões de temperaturas médias mais baixas, como Rio Grande do Sul, Paraná e Santa
Catarina. No inverno, chega a nevar em algumas cidades que ficam nas regiões mon‑
tanhosas desses estados.
98
território e desenvolvimento
Atividade 1 – Vegetação brasileira
Observe as fotos de vegetações com a indicação dos climas que as acompanham.
Com o auxílio dos mapas anteriores desta unidade e a ajuda de um atlas geográfico,
assinale no mapa da página 100 as áreas em que essas vegetações ocorrem.
RUBENS CHAVES/PULSAR imagens
Palê Zuppani/PULSAR imagens
1
2. Caatinga – clima semiárido.
MAURICIO SIMONETTI/PULSAR imagens
3. Floresta Amazônica – clima equatorial. 4. Mata Atlântica – clima tropical úmido
e tropical de altitude.
ARTUR KEUNECKE/PULSAR imagens
Palê Zuppani/PULSAR imagens
ERNESTO REGHRAN/PULSAR imagens
1. Araucárias – clima subtropical.
5. Mangue – clima tropical atlântico/ 6. Cerrado – clima tropical.
costeiro.
99
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O primeiro já está feito: o número 1 indica no mapa a localização das florestas de araucárias.
Agora aponte a localização dos outros tipos de vegetação segundo os números das fotos.
Ocupação do território brasileiro
As características naturais do território brasileiro transformaram‑se rapidamente em
recursos econômicos logo após a chegada dos primeiros colonizadores, os portugueses.
O desenvolvimento do Brasil teve diferentes fases: ciclo do pau‑brasil, ciclo da ca‑
na‑de‑açúcar, ciclo do ouro, ciclo do café, ciclo da borracha etc. Todas essas fases
foram determinantes para a ocupação do território brasileiro.
Vamos lembrar, em termos gerais, como foi essa história.
Os portugueses se instalaram no Brasil, entre outros motivos, para explorar nossas
riquezas naturais. Como o clima em Portugal é bem mais frio que o nosso, lá existem,
até hoje, outros tipos de vegetação natural e de produtos agrícolas.
O primeiro produto explorado pelos portugueses no Brasil foi o pau‑brasil, uma ma‑
deira da Mata Atlântica muito utilizada na Europa, principalmente para o tingimento
de tecidos e na fabricação de móveis.
100
território e desenvolvimento
Logo começou o plantio de cana‑de‑açúcar (como pode ser visto no primeiro dos
quatro mapas acima) na região Nordeste e em vários pontos da região costeira (região
das praias, próximo ao mar), chegando até São Vicente, no estado de São Paulo. Com
a cana‑de‑açúcar teve início também a produção pecuária, que rapidamente se expan‑
diu para o Nordeste, o Sudeste e o Sul do Brasil.
No século 18 (XVIII), ouro foi descoberto nas terras de Minas Gerais, Bahia e Goiás,
e muita gente começou a explorar as terras do interior do território brasileiro. Com
o ciclo do ouro surgiram cidades mais distantes da região costeira (veja o segundo
mapa, acima).
Já no século 19 (XIX) teve início a exploração das seringueiras (de onde é extraída a
borracha) no Norte, do algodão no Nordeste e do café no Sudeste, principalmente no
estado de São Paulo.
101
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Conforme comentamos na unidade anterior, quando observamos os mapas dos ciclos
econômicos e a expansão das economias regionais, percebemos como elas estão liga‑
das à forma atual do território brasileiro.
Com a produção do café começou a industrialização no Brasil, pois houve a necessi‑
dade de máquinas específicas para o seu beneficiamento (ou seja, para fazer a torra,
o ensacamento) e seu transporte. Nesse período, começaram a ser construídas as
grandes ferrovias. A produção cafeeira incentivou também o surgimento de uma
série de cidades pelo interior do estado de São Paulo e o crescimento da capital, a
cidade de São Paulo.
Atividade 2 – “Nesta terra, em se plantando, tudo dá”
1
Essa frase foi escrita por Pero Vaz de Caminha, escrivão português encarregado
de informar ao rei de Portugal as características (e riquezas) do Brasil na época
do descobrimento.
Será que é mesmo assim? Vamos associar cada produto à sua região de origem (unin‑
do com linhas ou pintando, ao lado da figura, com a cor correspondente no mapa).
Depois, com a ajuda do mapa de climas do Brasil anote ao lado o(s) tipo(s) de
clima(s) em que cada produto se desenvolve e indique se esse produto tem ou não
relação com o clima.
102
DIDA SAMPAIO/AE
DORIVAL MOREIRRA/PULSAR imagens
PAULO FRIDMAN/PULSAR imagens
PAULO PINTO/AE
Borracha
Café
Algodão
Pecuária
Cana-de-açúcar
Mineração
RICARDO AZOURY/PULSAR imagens
MAURICIO SIMONETTI/PULSAR imagens
território e desenvolvimento
103
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A urbanização do território
A partir do momento em que a industrialização começou a se desenvolver no Brasil,
uma grande transformação ocorreu no território: muitas cidades foram surgindo,
principalmente na região Sudeste, onde está, até hoje, a maior parte das indústrias.
Vamos pensar em como isso aconteceu.
Onde há indústrias, há mais empregos reunidos no mesmo lugar. E como havia mui‑
tas indústrias na mesma região, as pessoas migraram, ou seja, saíram de todas as partes
do Brasil e foram para algumas cidades da região Sudeste, que cresceram de forma
muito rápida. Além disso, com a modernização do campo a partir da segunda metade
do século 20 (XX), muitas pessoas perderam seus empregos nas áreas rurais e acaba‑
ram migrando para as cidades em busca de melhores condições de vida.
A cidade de São Paulo é o caso mais impressionante desse processo. Veja como sua
população aumentou desde 1940:
Evolução da população paulistana entre 1940 e 2000
Ano
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
População 1.326.261 2.198.096 3.781.446 5.924.615 8.493.217 9.626.894 10.426.384
Fonte: IBGE, dados censitários.
Dessa forma chegamos ao Brasil atual, em que a maior parte da população vive em
cidades, principalmente em grandes cidades. Por isso falamos que o Brasil é um país
urbano: 81% da sua população vive nas grandes cidades, e apenas 19% está nas
regiões rurais.
104
território e desenvolvimento
Quando um território tem a maior parte da população vivendo nas cidades, outra
transformação acontece: a modernização da sociedade.
Mudanças nos costumes
Com o crescimento das cidades, vários costumes dos brasileiros foram se transfor‑
mando. A vida no campo foi sendo substituída pela vida na cidade. Em São Paulo é
comum ouvirmos as pessoas dizerem: “O tempo voa”. Será que em uma cidade grande
como São Paulo o tempo passa mais rápido do que em outras cidades?
Na cidade há tempo determinado para tudo, tempo de trabalho, tempo de lazer,
tempo de estudo, tempo de descanso, e a hora de começar e acabar qualquer coisa é
controlada pelo relógio. Todas essas atividades também estão presentes no campo,
mas são vividas de outra forma.
Para que a modernização que aconteceu nas cidades chegasse à vida de todos nós, foi
necessária a modernização do território. Conforme o número de cidades em todo
o território foi aumentando, foi preciso aumentar também o número de estradas,
melhorar a distribuição de energia e oferecer condições para que as pessoas pudessem
comercializar produtos, se comunicar, entre outras coisas. Ou seja, houve uma verda‑
deira expansão e uma renovação das condições necessárias para interligar as cidades
e as regiões: rodovias foram pavimentadas, rede elétrica e rede de telefonia foram
instaladas em quase todo o território nacional etc.
Mapa da malha rodoviária do Brasil
105
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Mapa da malha ferroviária do Brasil
Aeroportos e fluxo de passageiros no território brasileiro
106
território e desenvolvimento
Redes de informação (telefonia/dados) no Brasil
Os mapas acima nos dão uma ideia de como aeroportos, ferrovias, estradas, enfim, toda
a infraestrutura para o transporte está distribuída no território nacional. Em todos os
casos é possível notar como há concentração de uma estrutura mais robusta na região
Sudeste (especialmente em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), onde também
está concentrada a maior parte da população e onde a economia é mais desenvolvida.
Atividade 3 – Região e desenvolvimento: qual a relação?
Vamos formar grupos de cinco pessoas e discutir as questões abaixo.
1
Na opinião do grupo, como as indústrias escolhem a cidade e a região em que irão
se instalar?
107
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2 O que as indústrias levam em conta para decidir se irão se instalar em São Paulo
ou no Piauí?
3 Como as cidades precisam se organizar para receber as indústrias?
Dessa forma, é possível perceber a relação entre a industrialização brasileira e o modo
como o território está organizado: onde a indústria se instalou inicialmente e cresceu
mais, está a maior parte das pessoas, da riqueza financeira que produzimos e das ins‑
talações (rodovias, portos, aeroportos, cidades e metrópoles, redes de comunicação).
O contrário também é verdade: onde a indústria demorou mais para chegar ou ainda
não chegou, as infraestruturas são mais antigas e precárias, há menos empregos e as
pessoas têm menos acesso aos produtos industrializados.
Podemos dizer que o território é mais moderno nas regiões onde as indústrias estão
instaladas, e isso geralmente tem reflexo na vida das pessoas, pois elas têm mais acesso
à modernidade e às inovações tecnológicas.
108
território e desenvolvimento
Atividade 4 – Moderno?
1
Escreva no quadro abaixo um lugar ou região que você considere moderno e outro
que você não considere moderno.
2 Liste
agora, em cada um dos espaços numerados, três itens que justifiquem sua
escolha. Em seguida compare suas anotações com as de um colega.
Lugar moderno: __________
Lugar não moderno: _________
1.
1.
2.
2.
3.
3.
3 Em grupos de cinco pessoas, discutam e registrem: como vivem as pessoas em um
lugar moderno e em um lugar não moderno? Quais as consequências da moder‑
nização para a vida dos habitantes? (Procure pensar nos vários aspectos da vida:
trabalho, lazer, tempo de deslocamento etc.)
109
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Unidade 4
A globalização
e o espaço geográfico
AFP
Você já reparou na palavra globalização?
Qual será a origem dessa palavra?
Preste atenção em como as palavras a seguir têm
algo em comum:
• globalização;
• global;
• globo terrestre.
O termo globalização nos dá a ideia de algo que envolve todo o globo e todas as
pessoas do globo. Mas esse termo refere‑se, principalmente, à economia. Mais do
que isso, refere‑se à economia global.
Antigamente, os países e as nações ficavam mais isolados. Na Europa da Idade Média,
por exemplo, as pessoas nem imaginavam que existia a América, e os territórios euro‑
peus eram como uma colcha de retalhos, isto é, eram fragmentados.
No final da Idade Média ocorreram as grandes navegações e a descoberta de novas terras
e continentes. Em um primeiro momento, houve um comércio mais intenso com as
terras do Oriente (Índia e China, principalmente). Depois, quando os europeus encon‑
traram o continente americano, passaram a ter relações e trocas também com essa região
(especialmente relações econômicas e políticas). Mas os contatos não eram feitos com a
rapidez de hoje, e mesmo a ideia de globo ainda não era tão clara.
LATIN STOCK
Idade Média é o período
compreendido entre os
séculos 5 (V) e 15 (XV).
Nessa época os nobres e
os representantes da Igreja católica tinham o poder
de controlar a vida dos
camponeses e artesãos.
Jogo da Macaca e Colheita de Frutas, tapeçaria de 1510 (Museu do Louvre, Paris).
110
território e desenvolvimento
Mesmo quando surgiram as primeiras indústrias, havia diferenças entre os países.
Como exemplo, podemos lembrar que, enquanto nos países europeus a indústria
se desenvolvia, as cidades cresciam e a população trabalhava em grande parte como
assalariada, no Brasil ainda explorávamos a agricultura de alguns poucos produtos,
vivíamos no campo, o trabalho na lavoura era escravo e, em muitas regiões, os escravos
formavam a maioria da população.
Alguém poderá dizer: “Mas o trabalho escravo e as lavouras existiam aqui para manter,
desenvolver e impulsionar a indústria europeia, e foram os europeus que introduziram
essas coisas na América!”. Isso é verdade, pois as relações entre as nações daquela época
eram dessa forma. Mesmo assim, as mudanças que aconteciam aqui demoravam a
afetar a vida das pessoas lá e vice‑versa. Havia relações comerciais, mas elas não eram
como hoje. Naquela época, uma novidade (um produto, uma máquina, um filme
etc.) podia demorar meses ou até anos para chegar aqui no Brasil. Hoje, diferente‑
mente, tudo se dá praticamente de modo imediato.
A fase da história que vivemos agora é assim: todas as pessoas que vivem no globo
podem (via TV, internet, jornais etc.) ter contato com o que acontece em outras lo‑
calidades do mundo. Mais do que isso, a economia de um país está ligada à de outro.
Mas, então, se a economia vai mal no Japão, isso altera a vida dos brasileiros?
Vamos pensar. De tempos em tempos, quando ligamos a televisão, ouvimos falar em
crise. Do final de 2008 ao início de 2009 tivemos um desses momentos, que, aliás,
foi chamado de crise global. Todos os países foram afetados, com maior ou menor
intensidade, por um problema econômico que começou nos Estados Unidos. Essa
sintonia instantânea entre os países é uma característica importante da globalização.
É o que chamamos popularmente de “efeito dominó”: uma peça que cai derruba todas
as outras da fileira. No caso da globalização, as “peças” enfileiradas são os países. Por isso,
podemos afirmar que, nos dias de hoje, as economias dos vários países estão interligadas,
e o que acontece em um lugar afeta a vida de todos.
111
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Atividade 1 – Crise global?
1
Leia as seguintes manchetes de jornal:
Crise global afeta Argentina
Países como Rússia e China culpam
Estados Unidos pela crise!
Sublinhe todos os nomes de países que aparecem nas duas manchetes. Observe como
cada notícia relaciona esses países tratando de um mesmo assunto: a crise global.
2 Forme um grupo de cinco pessoas. Vocês devem discutir: por que algum fato que
acontece em um país afeta muitos outros? Registre aqui as conclusões do grupo.
Novas tecnologias e as transformações em nossa vida
No módulo sobre História do trabalho (Caderno1), a Unidade 4 trata da glo‑
balização. Lá vemos que a globalização é um processo iniciado com a primeira
revolução industrial, na Inglaterra, no final do século 18 (XVIII). Desde então,
muitas transformações vêm ocorrendo na forma de produzir os bens, isto é, as mer‑
cadorias que consumimos. A cada nova invenção ou descoberta humana, cresce a
capacidade de fazer novos produtos.
112
DELFIM MARTINS/PULSAR imagens
DELFIM MARTINS/PULSAR imagens
território e desenvolvimento
Por exemplo: descobriu‑se que a energia elétrica poderia ser utilizada para o
bem‑estar humano, e logo a lâmpada e o motor elétrico foram inventados – duas
invenções que mudaram muito o comportamento de todos nós!
João Bacellar
João Bacellar
Delfim Martins/PULSAR IMAGENS
No caso da lâmpada, as casas foram dependendo cada vez menos da luz do sol e, nas
cidades, as pessoas passaram a ficar muito mais tempo acordadas, distraindo‑se ou
trabalhando. Já o motor elétrico aumentou muitas vezes a capacidade humana de
produção. Enfim, nunca foram produzidas e consumidas tantas mercadorias como
depois da descoberta da energia elétrica.
113
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Veja como a energia chega até a sua casa
LAGO OU RIO
REPRESADO
BARRAGEM
SUBESTAÇÃO
TRANSFORMADORA
(ELEVADORA)
ÁGUA SOB
PRESSÃO
GERADOR
COMPORTA
LINHA DE
TRANSMISSÃO
SUBESTAÇÃO
TRANSFORMADORA
(REBAIXADORA)
REDE ELÉTRICA
DO MUNICÍPIO
PADRÃO
CASA
TURBINA
RIO
Fonte: http://www.mzweb.com.br.
Atividade 2 – Usando a energia elétrica
1
Assinale, entre os objetos indicados abaixo, aqueles com os quais você tem contato
no seu dia a dia:
(
(
(
(
(
) luz elétrica
) chuveiro elétrico
) furadeira elétrica
) televisão
) tanquinho ou lavadora de roupas
2 Agora,
(
(
(
(
(
) geladeira
) secador de cabelo
) aparelho de DVD
) rádio
) torneira elétrica
pense em como seria a sua vida se esses objetos não existissem. Escreva
abaixo suas impressões.
114
território e desenvolvimento
3 Dos produtos assinalados, quais fariam mais falta e quais fariam menos falta para
você, de acordo com seus hábitos?
Invento 1 – Motor a combustão
Além da utilização da energia elétrica, outro invento muito importante para a nossa
sociedade foi o motor a combustão. Logo após sua invenção, locomotivas e carros fo‑
ram produzidos, unindo cidades distantes e estabelecendo trocas comerciais em áreas
geográficas cada vez maiores. Como consequência, houve a formação de uma rede
urbana enorme. Com as ferrovias, rodovias e ruas, além dos trens, automóveis, cami‑
nhões e ônibus, todo o sistema urbano se transformou: grandes cidades (metrópoles)
surgiram, e os deslocamentos internos nas cidades e também entre uma cidade e outra
foram melhorados.
Mapa rodoviário estadual
JOÃO BACELlAR
A expansão das redes de transporte fez aumentar o número de cidades
e também levou ao crescimento de cada uma delas. O comércio e o
transporte de mercadorias e pessoas se tornaram mais intensos.
115
TASSO MARCELO/AE
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Invento 2 – Eletrônica
Com o desenvolvimento da eletrônica, hou‑
ve outro grande salto nas transformações que
afetaram a vida de todo o planeta. A evolução
dos mecanismos da eletrônica transformou
quase tudo na vida das pessoas. Imagine, por
exemplo, um banco. Hoje é possível retirar
dinheiro diretamente de um caixa eletrôni‑
Robôs de solda em uma indústria automobilística.
co, graças a esses mecanismos. Outro exem‑
plo: os hospitais possuem máquinas de ultrassom, um aparelho que permite “olhar”
dentro do nosso organismo de forma mais eficiente que o raio X.
Nas indústrias, por sua vez, as máquinas passam a ser diferentes quando a eletrônica
entra em cena! Um robô começa a fazer algumas tarefas perigosas para o trabalhador,
por exemplo. Com essas mudanças, a velocidade da produção também muda e aumenta
muito a quantidade de produtos a serem vendidos.
Uma das invenções eletrônicas de grande impacto na nossa vida foi a televisão: com ela
passamos a ver o mundo todo, a nos informar sobre as ciências, sobre a nossa cidade,
sobre a saúde, a política etc. Logo ela também se transformou no principal meio de
entretenimento (lazer) em todo o mundo.
A televisão mudou, ainda, o nosso comportamento, pois com ela surgiu um tipo de
publicidade muito forte, que fez crescer bastante o consumo.
Ou seja, agora, conforme as indústrias produzem mais mercadorias, mais as pessoas são es‑
timuladas a comprar pela propaganda na TV. Isso tudo graças à eletrônica, que fez crescer,
ao mesmo tempo, a capacidade de produzir e a capacidade de anunciar as mercadorias.
116
território e desenvolvimento
Atividade 3 – Desenvolvimento significa melhores condições
de vida?
Em grupo de cinco pessoas vamos discutir como essas mudanças alteram nossas vidas.
1
Pensem nas várias possibilidades de uso dos equipamentos da tabela abaixo. Vo‑
cês utilizam mais os equipamentos de qual grupo: A, B ou C?
A – Energia elétrica
B – Motor a combustão
C – Eletrônica
Motor elétrico
( ) luz elétrica
( ) ônibus
( ) televisão
( ) água aquecida
( ) automóvel
( ) celular
( ) lavadora de roupas
( ) caminhões
( ) robôs de solda para
produção de veículos
( ) furadeira elétrica
( ) trem elétrico
( ) rádio
( ) telefone
( ) motor de máquina
de costura
( ) computador
2 Qual deles modificou mais o comportamento de vocês? Por quê?
117
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Globalização rima com: computadores, satélites e mais mudanças
O desenvolvimento e o aperfeiçoamento das tecnologias (computador, internet, co‑
municação via satélite) impulsionaram a globalização. Quando passamos a utilizar os
satélites para mandar informações e a usar computadores para trabalhar e nos divertir,
teve início uma mudança tão grande quanto a ocorrida com a invenção do motor, da
energia elétrica e da eletrônica.
As tecnologias da comunicação via satélite passaram a funcionar levando imagens,
sons e dados de um ponto do globo a outro, em apenas alguns segundos.
GETTY IMAGES
NASA
Números, palavras, documentos inteiros, ideias e até dinheiro, tudo isso passou a ir
de um local a outro por satélite ou cabos de fibra ótica (outra tecnologia que é usada
para transmitir informações). Isso alterou nossa ideia de espaço geográfico. Dizemos
que a Terra ficou pequena, que as distâncias encurtaram…
JoÃO BACELLAR
Satélite no espaço.
Torres de recepção.
Computador.
Satélite é qualquer objeto que gire ao redor de um planeta. A Lua é um
satélite, porque ela gira ao redor da Terra. Mas existem satélites artificiais,
que são construídos pelo homem e que também giram ao redor da
Terra. Eles têm várias funções: fotografam o planeta; acompanham as
mudanças do clima; captam sinais (imagens de televisão, por exemplo)
e os enviam para outras partes do globo etc.
118
território e desenvolvimento
As empresas dividem a sua produção entre vários lu‑
gares, cidades e até entre vários países. Por exemplo: é
comum que cada peça de um automóvel seja fabricada
em um lugar diferente. Por que as empresas fazem essa
“divisão” da produção? Porque elas buscam os locais
onde os impostos e os salários são mais baixos.
De um modo geral, nas primeiras décadas da globalização, as diferenças entre ricos e pobres aumentaram
ainda mais.
A comunicação imediata
Outro fenômeno que acompanha a globalização é a rapidez que as novas tecnologias deram à comunicação. A cada
ano, milhões de pessoas, em todo o mundo, passam a uti‑
lizar os computadores e a internet, também chamada de
rede mundial. Cada vez mais sabemos sobre tudo o que
está acontecendo no mundo e de maneira quase imediata.
E cada vez mais, também, o que acontece num país afeta
vários outros países. Por exemplo: hoje, quando um furacão
passa na Flórida, nos Estados Unidos, o estado de São Paulo
exporta mais laranjas.
FLÁVIO FLORIDO/FOLHA IMAGEM
Com essas tecnologias, as empresas e as instituições passa‑
ram a ter várias unidades funcionando ao mesmo tempo
em diversos países. Mas todo esse progresso técnico não
significou melhores condições de vida para todos.
Para saber mais…
Milton Santos foi
geógrafo e professor
da Universidade de
São Paulo. Durante o
período da ditadura
militar no Brasil, ele
viveu exilado em Paris
e foi professor da mais
importante faculdade
francesa, a Sorbonne.
Autor de mais de 30
livros, Milton Santos
foi também um dos
maiores pensadores
sobre a globalização
e um dos grandes
intelectuais do século
20 (XX).
Parece estranho? Veja o que acontece: antes mesmo de o
furacão atingir as plantações na Flórida, o mundo já sabe
que isso vai acontecer, pois há um satélite que acompanha
a rota do furacão. Com isso, os investidores são informa‑
dos sobre as chances de esse furacão destruir as colheitas e
de a produção de laranja na Flórida ser pequena. Então, o
preço da laranja sobe.
Você se lembra da primeira pergunta feita nesta unidade?
Veja lá. Global e globalização estão relacionados a globo
terrestre? A ideia é que nós, brasileiros, estamos no mesmo
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compasso, no mesmo ritmo que os chineses, franceses, argentinos, norte‑americanos
etc., pois a comunicação moderna aproxima todos nós. Podemos nos comunicar
com pessoas que estão muito longe para resolver problemas, trabalhar e nos divertir.
Temos a possibilidade de saber tudo o que acontece no mundo, e em outros lugares
do mundo as pessoas também ficam sabendo o que acontece no Brasil a cada instan‑
te. Essa integração instantânea entre os países faz parte da globalização na área da
comunicação, que têm efeitos importantes na política, na economia e na cultura.
A globalização trabalha com a ideia de espaço (geográfico) e a ideia de tempo (histó‑
rico), portanto é estudada por geógrafos e historiadores.
Atividade 4 – Tecnologia que aproxima
Você sabia que hoje já é possível conversar com alguém que está do outro lado do
globo vendo a imagem dessa pessoa (e ela vendo a sua)? Pelos computadores isso vem
sendo feito por milhares de pessoas por um custo bem baixo.
1
O que você acha disso?
120
território e desenvolvimento
2 Leia as expressões abaixo e relacione‑as com a coluna ao lado:
Note: esses termos são ligados aos aspectos da globalização e, de modo geral, nós
os conhecemos porque a comunicação globalizada traz informações de todo o
mundo e dos temas mais variados.
Guerra do Iraque
Empresa japonesa de eletrônicos vendidos em
todo o mundo.
SONY
Empresa de crédito presente na maioria dos
países.
Crise econômica mundial
EUA invadem o país em 2003.
Champions League
Crise financeira que começou em outubro
de 2008.
VISA
Campeonato europeu do qual participam os
jogadores de futebol mais caros do mundo.
O Brasil e o processo de globalização
Veja o mapa abaixo e observe as instalações de tecnologias modernas existentes no Brasil.
Esse mapa mostra as vias, verdadeiros caminhos por onde as informações circulam e
que o Brasil precisou instalar para fazer parte do mundo globalizado.
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Essas vias, por onde informações passam, são as chamadas infovias. São cabos de fibra
ótica, redes de internet, estações de recepção de satélites etc., que transmitem infor‑
mações em poucos segundos de um ponto a outro do território.
Às vezes temos a impressão de que essas tecnologias não têm nada a ver com a nossa
vida, mas elas estão presentes em quase tudo do nosso dia a dia. A começar pelo di‑
nheiro, pois todo dinheiro que usamos chega até nós pelas infovias.
Como isso acontece? Pense no caso de alguém que mora na cidade de Santo André, no
ABC paulista, e está na cidade de São Paulo a trabalho. De repente essa pessoa precisa
de dinheiro para o metrô e para almoçar. Ela tem a possibilidade de sacar dinheiro no
caixa eletrônico mais próximo, embora a sua agência fique em Santo André.
Antes isso não era possível. Nós só podíamos retirar dinheiro na agência de nossa con‑
ta. Mas, com o cartão magnético, o sistema do banco reconhece, em segundos, que a
pessoa tem fundos na agência de Santo André, e ela retira o dinheiro, mesmo estando
em outra cidade. Tudo isso só é possível porque aquela rede mostrada no mapa está
instalada em todo o território e cresce a cada dia.
O mesmo ocorre com a internet. Muitas pessoas dizem que não usam a internet e que
não precisam dela, mas não é bem assim…
Há pouco tempo várias cidades do estado de São Paulo ficaram algumas horas sem
internet e o que aconteceu? Leia as notícias abaixo:
“Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, prefeitura, CET, Detran, Poupatempo e
outros órgãos públicos no estado de São Paulo ficaram sem acesso aos sistemas de informática
ligados à internet da noite de anteontem até a noite de ontem. Milhares de pessoas ficaram
sem acesso à internet em 407 municípios de São Paulo.”
Fórum PCs, 4 de julho de 2008.
“Em casas lotéricas da Grande São Paulo, o problema também interferiu em serviços como
apostas e pagamentos, que ficaram instáveis. A Caixa Econômica Federal (CEF) informou
que cerca de 170 estabelecimentos como esses foram afetados na região, em razão de utiliza‑
rem a conexão da Telefônica.”
O Povo, 4 de julho de 2008.
Muitas pessoas não puderam pagar as suas contas porque o sistema bancário utiliza
a internet, e mesmo caminhões controlados por satélite tiveram de parar, porque
não conseguiam informações sobre os lugares para os quais deveriam ir, atrasando,
dessa forma, as entregas.
Esses são apenas alguns exemplos cotidianos, mas quase tudo hoje tem relação com
essas tecnologias: desde o transporte de produtos agrícolas (pois os caminhões e bar‑
122
território e desenvolvimento
cos que transportam os produtos são controlados por satélite) até o futebol a que
assistimos na TV. Para tudo isso o uso dessas tecnologias é necessário.
Atualmente, muitos brasileiros estão ligados a essas redes globais pelo celular. No
país, já foram vendidos mais de 152 milhões de celulares para uma população que não
chega a 200 milhões! O Brasil é um dos países que mais têm pessoas usando celulares,
independentemente da classe social.
Atividade 5 – Nosso dia a dia
1
Vamos terminar este módulo de geografia fazendo um “balanço” de tudo o que
aprendemos e procurando registrar: como a geografia está presente em nossa vida.
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Enquanto você escreve, ouça uma canção que trata de uma parte da nossa geografia alterada
nos anos 1970 com a construção da usina hidrelétrica de Sobradinho, no estado da Bahia.
Acompanhe com a letra abaixo.
Sobradinho
Sá e Guarabyra
O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá pra cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia do beato
que dizia que o Sertão ia alagar
O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão
Adeus Remanso, Casa Nova, Sento Sé
Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir
Debaixo d’água lá se vai a vida inteira
Por cima da cachoeira o gaiola vai, vai subir
Vai ter barragem no salto do Sobradinho
E o povo vai‑se embora com medo de se afogar.
Remanso, Casa Nova, Sento Sé
Pilão Arcado, Sobradinho
Adeus, Adeus…
JESUS CARLOS/AE
Sá e Guarabyra, Sá & Guarabira ao vivo, Indie Recdords, 1999.
Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia.
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via rápida emprego
Repassando a história
Território e desenvolvimento
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