CIRURGIA TORÁCICA Trauma Torácico INTRODUÇÃO A oferta inadequada de sangue oxigenado ao cérebro e às outras estruturas vitais é o fator que mais rapidamente causa a morte a um traumatizado. Por isso, é de fundamental importância promover a ventilação e a circulação. A maioria dos pacientes com trauma torácico são politraumatizados. CAUSAS DE COMPROMETIMENTO DAS VIAS AÉREAS Traumas faciais, cervicais, de laringe, de caixa torácica, de vísceras torácicas. RECONHECIMENTO DE MÁ VENTILAÇÃO Doente agitado ou torporoso. Cianose. Tiragem e uso dos músculos respiratórios acessórios. Respiração ruidosa. Rouquidão ou disfonia. Lesões traumáticas cervicais ou torácicas. Lesões viscerais. FORMAS DE MANUTENÇÃO DAS VIAS AÉREAS Hiperextensão da cabeça. Tamponamentos. Cricoidotomia. Cricotiroidotomia. Traqueostomia. Intubação orotraqueal. FRATURA DE ARCO COSTAL Lesão Direta: O agente traumático incide diretamente sobre o arco. Mais grave. Pode haver fratura de outras costelas, lesões viscerais e vasculares. Lesão Indireta: Ocorre por “esmagamento”. Mais benigna. Raramente provoca lesões viscerais. FRATURA DE MÚLTIPLOS ARCOS COSTAIS Sintomas: Dor. Hipoventilação alveolar. Hipóxia. Acúmulo de secreções pulmonares. Movimento paradoxal torácico: O tórax se retrai na inspiração e se expande na expiração. Respiração paradoxal. Tratamento: Manter a ventilação: Máscara; Balão de Ambú; Respirador artificial; Traqueostomia. Estabilizar a parede costal: Compressão externa; Tração; Fixação cirúrgica; Traqueostomia. Segundo o professor, a fixação cirúrgica é o melhor método, pois, implica em menos complicações no pós-operatório. LESÃO PLEURAL O pneumotórax e o hemotórax, isoladamente ou em combinação, são as complicações mais freqüentes das lesões torácicas. São encontrados em mais de 75% dos traumas torácicos penetrantes ou não. Pneumotórax Sintomas: Dor, dispnéia e cianose. Tratamento: Drenagem pleural (sob selo de água). Pneumotórax Hipertensivo: Para que ocorra é necessário um mecanismo valvulado, no parênquima pulmonar ou na parede costal. Sinais e Sintomas: Dor torácica, dispnéia importante, taquicardia, hipotensão, desvio da traquéia, ausência do MV, hipersonoridade, distensão das veias do pescoço. Tratamento: Drenagem torácica, correção da lesão e cirurgia, se necessário. Hemopneumotórax É uma complicação habitual no trauma torácico, podendo ocorrer em 60-80% dos casos. Pode originar-se em lesões de artérias intercostais, pulmões, vasos intratorácicos e diafragma. Classificação (ATLS): Hemotórax Leve (100-300mL): Observar, Toracocentese. Hemotórax Moderado (300-1000mL): Toracocentese, Drenar. Hemotórax Severo ( 1000mL): Operar. Essa classificação não reflete a realidade brasileira, mas sim a norte-americana. Toracocentese: Faz-se preferencialmente com o paciente sentado, pois, assim é menor o risco de alguma víscera ser atingida. As indicações para toracotomia de urgência incluem, como fator de alta importância, uma drenagem imediata de 1000mL de sangue (30% da volemia) e uma perda de 250mL/h, nas três primeiras horas (ATLS). TRAUMATISMO PULMONAR Sintomas: Dor intensa. FR alta. Expansão torácica reduzida. Tratamento: Bloqueio: Anestésico em 3, 4 pontos distintos do mesmo arco costal e em 2 arcos costais acima e 2 arcos abaixo do que sofreu a lesão, pois, os nervos intercostais podem trocar informações com diferentes regiões. Apresenta o inconveniente de o paciente ter que sofrer diversas “furadas”. Bandagem: Envolve o hemitórax. Dirigi-se do esterno para a coluna. O parênquima pulmonar torna-se sede de processo no qual ocorrem hemorragias e edemas intersticiais e intraalveolares, com migração de células inflamatórias que podem conduzir à consolidação pulmonar, é a “pneumonite traumática”. Origem: Contusão, lesão penetrante, ondas de pressão, queimaduras. Mecanismos: Ação direta (deformidades da caixa torácica); Lesão por contragolpe (desaceleração brusca); Perfuração do parênquima (agressões e/ou fraturas); Explosão (aumento brusco da pressão). Sinais: Tosse produtiva; Escarros hemoptóicos; Amplitude respiratória pequena; MV diminuído ou ausente. RX: Discreta condensação; Difusa condensação; Opacificação hilar. Tratamento: Condensações Discretas: Observação. Condensações Graves: Aspiração traqueobrônquica; Bloqueio nervoso; O2 úmido. Condensação Bilateral Grave: Traqueostomia; Ventilação com pressão positiva; Ressecção cirúrgica. LESÕES DO DIAFRAGMA Lesão do diafragma é traumatismo toracoabdominal. Depende muito da direção do agente agressor. Origem: Contusão (menos comum, mais extensa), lesão penetrante (mais comum, menos extensa). Vísceras abdominais que mais comumente passam para a cavidade torácica em lesões de diafragma: Estômago, baço, cólon, intestino delgado, epiplon e fígado. Sintomas: Respiratórios, gastrintestinais e circulatórios. Exames: RX de tórax em PA e perfil, TC e RNM. Tratamento: Cirúrgico, assim que diagnosticado e em qualquer tempo. LESÕES CARDÍACAS As lesões do coração e dos grandes vasos ocorrem em razão de traumas fechados ou abertos. A mortalidade é alta (25% - 30%). Arma de fogo é o principal causador dessas lesões. Mecanismos que causam a morte: Choque hemorrágico; Tamponamento cardíaco; Lesões estruturais do coração. Área de Ziedler: Lesões nessa área são potencialmente cardíacos. Linha Horizontal Superior: Linha sobre o manúbrio. Linha Horizontal Inferior: Linha sobre o rebordo do 10º arco costal. Linha Vertical Direita: Linha paraesternal direita. Linha Vertical Esquerda: Linha axilar anterior. Conduta: Aliviar pericárdio (pericardiocentese e janela pericárdica); Toracotomia. Quando o médico realiza a pericardiocentese, ele introduz a agulha em direção ao coração e, ao mesmo tempo, acompanha as ondas de um eletrocardiograma. No momento em que a ponta da agulha toca o coração, puncionando-o, ocorre uma alteração no ECG, e o médico retorna um pouco a agulha, fazendo com que o ECG volte à normalidade. A janela pericárdica é realizada através da ressecção do apêndice xifóide do esterno, de forma a revelar o saco pericárdico, para que se possa drenar. Se a necessidade surgir, a janela pericárdica permite que a incisão seja estendida, ressecando todo o esterno. Tamponamento Cardíaco: Importante causa de mortalidade nos traumas cardíacos. O pericárdio fica repleto de sangue, o qual passa a pressionar o coração, impedindo que o mesmo execute seus movimentos normais. Pressão Venosa Central elevada, em trauma torácico, é patognomônico de tamponamento cardíaco. As principais causas de contusões cardíacas são traumas diretos, esmagamentos e desacelerações. Podem desencadear lesões estruturais do coração, como: (a) ruptura parcial ou total de músculo cardíaco; (b) ruptura parcial ou total de coronária; (c) ruptura das válvulas; (d) ruptura do septo cardíaco. Diagnóstico: Exame físico, ECG, ecocardiograma transesofágico (melhor exame, pode ser realizado à beira do paciente, sem que ele precise se mexer, baixo custo, não utiliza contraste, permite análise de tamponamento, lesões de válvulas, lesões de septo interventricular, não diagnostica lesão de coronária), bioquímica, cateterismo cardíaco. Tratamento: Clínico e Cirúrgico (emergência e especializado). LESÕES DE AORTA 90% das roturas aórticas matam no local do acidente. 50% dos sobreviventes morrem nas primeiras 24 horas. 90% dos sobreviventes morrem nos primeiros 4 meses. Com diagnóstico precoce é possível curar 70% a 90% dos casos. A rotura da aorta é um caso típico de trauma por desacelaração. Ocorrem em 80% dos casos ao nível do ligamento arterioso. Ocorrem em 15% dos casos acima do plano valvar. Ocorrem em 5% dos casos ao nível do diafragma. Sítio da Lesão → Conseqüências: → Porção Intrapericárdica Tamponamento. Porção Extrapericárdica Hemopericárdio, → Hipovolemia, Choque. Pequenas feridas penetrantes → Hematoma mediastinal, Hemotórax. Tratamento: Clínico e Cirúrgico (emergência e especializado).