0 RENATA MOYA MARTELLI TRATAMENTO ORTODÔNTICO DE

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Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas
RENATA MOYA MARTELLI
TRATAMENTO ORTODÔNTICO DE PACIENTES ADULTOS
COM COMPROMETIMENTO PERIODONTAL
REVISÃO DE LITERATURA
BARRETOS
2015
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Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas
RENATA MOYA MARTELLI
TRATAMENTO ORTODÔNTICO DE PACIENTES ADULTOS
COM COMPROMETIMENTO PERIODONTAL.
REVISÃO DE LITERATURA
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Ciências Odontológicas do Centro Universitário da
Fundação Educacional de Barretos, para obtenção do
título de Mestre em Periodontia.
Orientador: Prof. Dr. Benedicto Egbert Corrêa de
Toledo
Co-orientadora: Profa. Dra. Juliana Rico Pires
BARRETOS
2015
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DADOS CURRICULARES
Renata Moya Martelli
Nascimento
27- 09- 1969 Lins/ São Paulo
Filiação
Oscar Martelli
Carolina Moya Martelli
1989/ 1993
Faculdade de Odontologia de Lins- FOL
2005/2006
Especialização em Periodontia – APCD.
2011/2013
Especialização em Ortodontia – FUNORTE.
2013/2015
Curso de Mestrado em Ciências Odontológicas do Centro
Universitário da Fundação Educacional de Barretos.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa conquista sempre e em primeiro lugar a Deus, sem o qual nada é possível, e
agradeço pelo dom da minha vida. Que Ele me oriente em suas vontades, e que eu possa
cada dia mais servir ao próximo, com amor, gratidão e conhecimento.
Aos meus avôs e avós, e a todos meus antepassados, pela coragem em suas escolhas
sem temerem as mudanças e o desconhecido, e que muito me ensinaram pelas suas
lutas, suas conquistas e vitórias. Obrigada pelo legado deixado.
Aos meus pais, Carolina Moya Martelli e Oscar Martelli, meu ETERNO MUITO
OBRIGADA, POIS VOCÊS SÃO MEU PORTO SEGURO, a fonte de amor e energia
que me alimenta, e que além de me incentivarem, deram condições e forças para a
realização desse curso, cuidando dos meus problemas, me tirando a angustia com seus
carinhos, e reforçando o exercício da paciência e perseverança quando a ansiedade
tomava conta. APOIO TOTAL E IINCONDICONAL ÀS MINHAS DECISÕES.
MINHA ETERNA GRATIDÃO!
Às minhas irmãs Adriana Moya Martelli e Fernanda Moya Martelli que sempre
estiveram ao meu lado, que me fizeram rir nos momentos tensos, que entenderam minha
ausência em SEUS momentos especiais, torcendo e me fortalecendo a cada passo,
orientando e dando forças para a conclusão dessa etapa.
Devo esta conquista a VOCÊS, MINHA FAMÍLIA, pela força nos momentos difíceis,
pela ajuda nos momentos certos, pelo amor, carinho, apoio e compreensão. ISSO É
PARA VOCÊS!
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AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, prof. Dr. Benedicto Egbert Corrêa de Toledo, obrigada pela
experiência compartilhada, pela demonstração de garra e ânsia em ensinar, e mais ainda,
em aprender sempre! Qualquer agradecimento pela sua colaboração e influência em
meu aprendizado será pouco diante do que fez por mim! Obrigada pela dedicação ao
meu estudo e aos meus trabalhos!
À professora Dra. Juliana Rico Pires, que com sua ampla experiência e determinação,
conduziu-me para projetos e aprendizados nunca imaginados. Sua iniciativa mostrou-me
do que sou capaz, e por esse despertar, também, meu muito obrigada!
Aos mestres Adiron Alcides Mehret e José Antônio Côrrea, que fizeram parte
importante do meu aprendizado, crescimento profissional e pessoal, mostrando que
obstáculos e dificuldades são para serem vencidos. Eternamente estarão em meu
coração! Agradeço através do Everton Naim Massud, meus amigos da ortodontia, que
colaboraram para esse trabalho, ajudando nas questões teóricas.
Aos professores do mestrado, que além de conhecimento, nos transmitiram experiências
e lições de vidas.
Aos amigos e colegas do mestrado, Nádia, Laura, Alexandre, Gustavo, Paula, Vanessa,
Luiz Fernando, Wander, Vinícius, Pietro e José Cláudio pela ajuda, amizade e
colaboração. Deus nos coloca onde e quando é o melhor para nós!
Meu muito obrigada!
Agradeço em especial ao amigo Prof. Dr. Maurício Bergamaschi, o ¨culpado¨ por me
apresentar ao mundo acadêmico e me despertar para essa nova e apaixonante
experiência.
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Agradeço, através da Juliane Stephanie de Oliveira, minhas amigas, que trouxeram
momentos de descontração em meio a todo esse maravilhoso turbilhão.
À minha secretária, Thais Genovez de Deus, que acompanhou e me ajudou nesse
período, cuidando de maneira zelosa da minha vida profissional em minha ausência.
Agradeço na pessoa do Pe. Flávio Mariano da Cruz, todas as pessoas que rezaram e
torceram por mim nessa etapa da minha vida, entre elas, o Flávio Ieyri Murae.
À equipe da UNIFEB, Sônia, Cláudia, Iva e a todos que dão também forma a esse
mestrado.
Aos pacientes por colocarem em nossas mãos, seus problemas, confiando inteiramente
em nossa capacidade.
Agradeço carinhosamente aos animais, que de maneira tão cara e involuntária,
contribuíram para as pesquisas dos meus colegas durante o mestrado, tendo suas vidas
retiradas em prol da ciência. Elas não têm preço, pois foram valiosas!
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SUMÁRIO
RESUMO........................................................................................................................ 06
ABSTRACT................................................................................................................... 07
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 08
OBJETIVO .................................................................................................................... 09
MATERIAIS E MÉTODO ............................................................................................ 10
REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 11
DISCUSSÃO.................................................................................................................. 20
CONCLUSÃO................................................................................................................ 26
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 27
6
RESUMO
Martelli RM. Tratamento ortodôntico de pacientes adultos com comprometimento
periodontal. Dissertação Mestrado, UNIFEB, 30p., 2015
Durante muito tempo, o tratamento ortodôntico ficou restrito quase que exclusivamente
a pacientes jovens, sendo que o tratamento em adultos era incomum e considerado por
alguns, como inviável. Atualmente, devido à maior longevidade da população, tem
aumentado muito o número de pacientes adultos que procuram por tratamento
ortodôntico. Independente do motivo, a ortodontia nesses pacientes requer uma
abordagem própria, pois se observa uma demanda de pacientes adultos com problemas
periodontais em busca de tratamento ortodôntico por motivos estéticos, ou por
solicitação de outras especialidades. O presente estudo teve como objetivo avaliar o
efeito da efetividade do tratamento ortodôntico em pacientes com comprometimento
periodontal, mediante revisão da literatura. Para a realização do estudo, inicialmente foi
realizada uma busca bibliográfica nos sítios da PUBMED e EBSCO, onde a palavrachave “tratamento ortodôntico/ ortodontic treatment” foi cruzada com “doença
periodontal/ periodontal disease”. Foram selecionados estudos com enfoque no
tratamento ortodôntico em adultos com comprometimento periodontal. Frente aos
achados da literatura, conclui-se que o sucesso das intervenções ortodônticas e
periodontais
dependem
da
realização
de
um
planejamento
multidisciplinar,
considerando principalmente a presença de inflamação, a qualidade do suporte ósseo, o
tipo de movimento, a força a ser aplicada, a colaboração do paciente e a manutenção
periodontal e ortodôntica durante todo o tratamento.
Palavras-chaves: Ortodontia; adultos; doença Periodontal.
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ABSTRACT
Martelli RM. Orthodontic treatment of adult patients with periodontal involvement.
Dissertação Mestrado, UNIFEB, 30p., 2015
For a long time, the orthodontic treatment was restricted almost exclusively to young
patients, and the treatment in adults was unusual and considered by some as unfeasible.
Currently, due to the increased longevity of the population, has increased a lot the
number of adult patients who are looking for orthodontic treatment. Regardless of the
reason, orthodontics in these patients requires an approach of its own, because there is a
demand for adult patients with periodontal problems seeking orthodontic treatment for
aesthetic reasons, or at the request of other specialties. The present study aimed to
evaluate the effect of orthodontic treatment effectiveness in patients with periodontal
involvement, through review of the literature. For the study, was initially carried out a
bibliographic search in PUBMED and EBSCO websites, where the keyword
"orthodontic treatment" was crossed with "periodontal disease". Studies were selected
with a focus in orthodontic treatment in adults with periodontal involvement. Front of
the literature findings, it is concluded that the success of orthodontic and periodontal
interventions depend on the establishment of a multidisciplinary planning, considering
mainly the presence of inflammation, bone support quality, the type of movement, the
force to be applied, the cooperation of the patient and the periodontal and orthodontic
maintenance throughout the treatment.
Keywords: Orthodontics; adults; periodontal disease.
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INTRODUÇÃO
A perda de suporte periodontal pode ocasionar a migração patológica dos dentes,
resultando em alongamento da coroa dental, afastamento e inclinação vestibular dos
dentes incisivos, rotação e inclinação de pré-molares e molares, ocasionando problemas
de oclusão (Zachrisson, 2005). O tratamento ortodôntico, nesses casos, visa a
movimentação desses dentes para posições que possibilitem a estabilização dos
elementos dentais, o alívio de interferências e contatos oclusais prematuros, a
diminuição de defeitos ósseos, o re-alinhamento dos dentes no arco, facilitando a
higienização, melhorando a estética e o prognóstico da dentição.
Devido a esses fatores, há um maior interesse de indivíduos adultos pelos
benefícios da Ortodontia (Carraro & Jimenez-Pellegrin, 2009; Pithon, Bernardes, 2005),
além de ser crescente a busca da população, em geral, pela preservação de sua dentição
natural. Contudo, o tratamento ortodôntico realizado de forma inadequada em pacientes
periodontais pode, certamente, contribuir para um futuro colapso dos tecidos de suporte
periodontal (Finkbeiner et al., 1997; Bassani et al., 2001; Cirelli & Cirelli, 2003). Isso
acontece devido a uma combinação de fatores, tais como presença de inflamação, força
ortodôntica acentuada e trauma oclusal, os quais podem desencadear destruição mais
acelerada dos tecidos de suporte periodontal (Zachrisson, 2005). Dessa forma, é
considerado clinicamente essencial que o tratamento periodontal, com a redução e o
controle do biofilme bacteriano, seja realizado antes do tratamento ortodôntico.
Adicionalmente, os pacientes devem ser motivados e acompanhados quanto à higiene
bucal, durante todo o tratamento ortodôntico (Zachrisson, 1986).
Observações clínicas e radiográficas (Costa et al., 2002; Nishi et al., 2011)
confirmam e levam a acreditar que todo o paciente, seja ele saudável ou portador de
doença periodontal, pode ser submetido a um tratamento ortodôntico, desde que os
princípios básicos sejam executados e mantidos. Assim, a cooperação interdisciplinar,
periodontia e ortodontia podem transformar pacientes que apresentam problemas
dentários e gengivais esteticamente não atraentes, em pessoas com um sorriso bonito e
com saúde bucal, tornando-as clinicamente mais sociáveis (Matheus, Kokich, 2001;
Cirelli, Cirelli, 2003; D’ornellas et al., 2003; Zachrisson, 2005).
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OBJETIVO
O presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito da efetividade do
tratamento ortodôntico em pacientes com comprometimento periodontal, mediante
revisão da literatura.
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MATERIAIS E MÉTODO
Para a realização do estudo, inicialmente foi realizada uma busca bibliográfica
nas bases de dados eletrônica da PUBMED e EBSCO, onde a palavra-chave
“tratamento ortodôntico/ ortodontic treatment” foi cruzada com “doença periodontal/
periodontal disease”. Essa busca foi completada de forma manual em revistas
especializadas, anais de congressos científicos, capítulo de livros com abordagem do
assunto, especialmente em língua portuguesa. Foram selecionados estudos revisionais e
clínicos que analisaram a utilização do tratamento ortodôntico em dentes com
comprometimento periodontal.
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REVISÃO DA LITERATURA
Os artigos selecionados datam a partir de 1977 e serão apresentados sob forma
cronológica. Foram incluídos estudos de revisão da literatura, estudos experimentais em
animais e em humanos.
Ericsson et al. (1977) realizaram um estudo em cães e demonstraram que, na
presença de biofilme bacteriano e inflamação gengival, a movimentação ortodôntica
aumenta a taxa de destruição do periodonto de inserção e que os movimentos
ortodônticos de inclinação e/ ou intrusão dos dentes nesses casos, podem causar a
formação de bolsas periodontais.
Comparando a reação dos tecidos de suporte dos dentes em frente à aplicação de
forças extrusivas e intrusivas em dentes de macacos adultos, Melsen (1986) verificou
um aumento na altura do osso alveolar nos dentes submetidos ao movimento de
extrusão, e manutenção na altura deste osso durante um movimento de intrusão. O autor
concluiu que a intrusão pode constituir um método terapêutico viável no tratamento
ortodôntico de adultos com uma condição periodontal saudável. Adicionalmente, o
autor acrescenta que na realização do tratamento ortodôntico, o controle do biofilme
dental é um fator imprescindível para obtenção de sucesso terapêutico.
Artun e Urbye (1988) pesquisaram a perda de suporte ósseo em 24 pacientes em
tratamento ortodôntico para correção de migração dental patológica na mandíbula. Os
pacientes foram radiografados antes e após realização do tratamento ortodôntico. Os
pacientes foram submetidos a tratamento periodontal prévio, sendo avaliadas altura e
perda óssea alveolar . A maioria dos pacientes apresentou pouca ou nenhuma perda
óssea. Perda óssea foi apresentada em apenas um paciente. Não foi encontrada relação
entre a perda óssea inicial e a massa óssea durante o tratamento ortodôntico.
Boyd et al. (1989) fizeram um estudo longitudinal em três grupos de pacientes,
sendo adultos com comprometimento periodontal, pacientes com saúde periodontal e
adolescentes. Todos os pacientes foram submetidos ao tratamento ortodôntico. Foram
avaliados quanto aos parâmetros periodontais de índice de placa (IPl),
índice de
sangramento gengival (ISG), sangramento à sondagem (SS) e profundidade de
sondagem (PS). Durante o tratamento ortodôntico os adolescentes apresentaram
frequência de inflamação periodontal e de placa supra-gengival estatisticamente maior
que os adultos (p < 0,05), após a remoção do aparelho ortodôntico, não houve diferença
estatisticamente significância nos dados clínicos entre os grupos avaliados.
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Finkbeiner et al. (1997) estudaram os efeitos
nos tecidos periodontais das
bandas ortodônticas, demonstrando que tais bandas induzem periodontite e que a
proservação demonstrou maturação da porção das raízes, mobilidade e recessão
gengival. Concluíram que a interação Ortodontia–Periodontia é de extrema importância
para uma correta evolução do tratamento.
Nelson e Artun (1997), propondo estudar a evolução, prevalência e severidade
da perda óssea alveolar em pacientes ortodônticos adultos, observaram 343 pacientes
com idades entre 20 e 70,1 anos. Radiografias periapicais padronizadas dos dentes
anteriores superiores e telerradiografias foram tomadas antes e após o tratamento
ortodôntico. O movimento dentário foi calculado a partir de medições de traçados
sobrepostos de pré-tratamento e pós-tratamento com cefalogramas e foi analisada a
perda óssea alveolar. Verificaram que a perda óssea foi comum nos dentes anteriores,
com média de 0,74mm por dente. Em 36% dos casos, houve perda óssea em uma ou
mais superfícies maior ou igual a 2 mm. Não foi encontrada associação entre o nível de
perda óssea e a duração do tratamento, ou quantidade de movimentação horizontal e
vertical.
Ong et al. (1998) comentando a inter-relação entre a periodontia e o tratamento
ortodôntico de pacientes adultos, afirmaram que a saúde periodontal é essencial para
algumas formas de tratamento dental e por isso, os pacientes adultos precisam manter
uma instrução de higiene bucal regular e manutenção periodontal periódica, para
assegurar tecido gengival saudável, durante o tratamento ortodôntico ativo, e que existe
a necessidade de um monitoramento clínico desses pacientes, pelo ortodontista.
Re et al. (2000) avaliaram a efetividade da terapia cirúrgica e não-cirúrgica na
manutenção da saúde periodontal após o tratamento ortodôntico. O tratamento cirúrgico
foi realizado em 267 pacientes afetados por doença periodontal severa, enquanto que
128 pacientes foram submetidos a tratamento não-cirúrgico. Exames periodontais
incluindo profundidade de sondagem e presença do sangramento à sondagem, foram
realizados no início e aos 2, 4, 6, 10 e 12 anos do término do tratamento ortodôntico.
Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os valores antes e
após tratamento ortodôntico. Os autores concluíram que o tratamento ortodôntico não é
uma contraindicação na terapêutica de adultos com periodontite severa e que nesses
casos a ortodontia melhora as possibilidades de salvamento e restauração de uma
dentição deteriorada.
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Mathews e Kokich (2001) analisaram os problemas periodontais em pacientes
tratados ortodonticamente. Os aspectos periodontais clínicos avaliados foram
profundidade de sondagem proximal dos dentes molares superiores, presença de furcas,
presença de apinhamento dental em área de caninos e laterais inferiores, presença e
altura de gengiva inserida. Radiografia interproximal foi utilizada para avaliar altura da
crista óssea. Os autores verificaram que a presença de gengiva inserida menor que 2
mm, deve ser avaliada pelo periodontista, antes do início da terapia ortodôntica.
Bassani et al. (2001) analisando a inter-relação entre a periodontia e a
ortodontia, verificaram que as modificações do osso alveolar podem ser reabsorções e
aposições. As reabsorções ocorrem no lado de pressão, onde o ligamento está sendo
comprimido durante o tratamento ortodôntico. As aposições de maneira inversa
acontecem no lado de tensão, onde o periodonto encontra-se distendido e, portanto,
exercendo uma força de tração sobre o osso alveolar. Em decorrência dessas forças, os
dentes podem ser induzidos a diversos movimentos ortodônticos, como inclinação,
verticalização, translação, torque, rotação, extrusão e intrusão. A movimentação de
dentes com o periodonto reduzido, mas saudável, portanto, é uma alternativa possível e
que não tem potencial para causar a perda de inserção adicional, porém a movimentação
em dentes com inflamação acarreta um risco aumentado de perda de inserção
periodontal, sendo indispensável o tratamento periodontal prévio. Os autores salientam
que as bandas ortodônticas são indiscutivelmente um fator dificultador no controle da
placa, mas deve ficar claro que a simples presença do dispositivo ortodôntico não é
capaz de gerar perdas de inserção conjuntiva em pacientes saudáveis.
Choze et al. (2002) numa revisão de literatura, verificaram a importância da
intrusão ortodôntica como coadjuvante na reabilitação periodontal de dentes com
suporte reduzido. A literatura pesquisada foi consensual ao afirmar a importância do
tratamento ortodôntico, por meio dos pequenos movimentos ou movimentação dentária,
como uma conduta importante auxiliar para dentes com suporte reduzido pela evolução
da doença periodontal. Concluiu-se também que esses movimentos só deverão ser
realizados através de forças leves e controladas e em um periodonto livre de inflamação
e/ou infecção.
Costa et al. (2002) avaliaram a perda óssea alveolar pré e pós-tratamento
ortodôntico por meio de uma série de radiografias periapicais. Foram avaliados 30
pacientes na faixa etária entre 15 e 30 anos, submetidos a tratamento ortodôntico
corretivo, com duração mínima de 1 ano e máxima de 4 anos. A média de perda óssea
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alveolar, encontrada após o tratamento ortodôntico foi de 1,05mm. Em um total de 300
cristas ósseas que foram avaliadas, 46,3% apresentaram redução do nível ósseo alveolar
e 43,70% apresentaram-se sem alterações. Em virtude de algumas alterações (distorções
radiográficas, erupção incompleta, extrações dentárias ou substituição por implantes),
10% dos registros não puderam ser avaliados. Ao somarem a média de reabsorção
radicular e a perda óssea alveolar, observaram uma perda de sustentação periodontal
considerável ao final do tratamento, em relação à situação periodontal inicial.
Concluíram que o profissional deva informar seus pacientes quanto às possíveis
alterações periodontais que poderão surgir em virtude do tratamento ortodôntico e que
exames radiográficos periódicos de monitoramento durante o tratamento ortodôntico
devem ser requeridos para identificar alterações precocemente.
D’Ornellas et al. (2003) discorreram sobre a conduta ortodôntica perante o
paciente adulto acometido de doença periodontal. O protocolo de tratamento consiste no
controle periodontal antes, durante e após a colocação do aparelho, sendo que o início
da ortodontia deverá ser 6 meses após o término da periodontia. Sobre as indicações,
relatam a facilidade do tratamento restaurador, melhoramento da saúde periodontal e o
estabelecimento de uma proporção coroa-raiz favorável, numa orientação vertical,
fazendo com que as forças oclusais sejam no longo eixo do dente. As contra-indicações
incluem presença de placa, dentes com prognóstico questionável com perda de inserção
atingindo o terço apical, envolvimento de furca avançado e formas avançadas de
periodontite. As vantagens da ortodontia para esses pacientes seriam melhoras na
função, higienização, redução de cargas não axiais, ganho de inserção, redução de
defeito ósseo, restituição da oclusão incisal, melhor anatomia periodontal, aumento do
selamento labial e melhora da estética. Como desvantagem, os autores concluíram que
os dentes poderiam voltar à posição original, formação de abscessos periodontais,
dificuldade de higienização, recessão gengival, reabsorção radicular e óssea, mudança
da placa bacteriana de supra para subgengival e ainda a necrose pulpar. O período de
reativação deve ser de 3 a 4 semanas, podendo ser mudado de acordo com o caso do
paciente. Existem limites inerentes ao tratamento desses pacientes, como a escolha de
uma adequada ancoragem e, assim, o tratamento nessas circunstâncias visa ao
restabelecimento estético e funcional somente dos dentes migrados, não tendo a
pretensão de ser uma terapia ortodôntica corretiva total.
Garat et al., analisaram em 2005, a resposta óssea de ratos com periodontite a
diferentes forças ortodônticas, e colocam que o tratamento ortodôntico corrige a
15
migração patológica e que um estudo histomorfométrico contribuiu para melhorar o
planejamento do tratamento, otimizando os resultados. Eles concluíram que as forças
ortodônticas quando controladas, melhoraram a qualidade óssea de suporte desses
animais.
Brunsvold (2005) observou que um fato frequente em pacientes com
periodontite moderada e severa, é que esses pacientes apresentaram como consequência
a migração dental patológica e consequente procura pelo tratamento periodontal. A
prevalência de migração patológica variou entre 30,03% a 55,8%. Sua etiologia parece
ser multifatorial, e tanto a perda óssea como o aspecto oclusal, contribuem como um
importante fator etiológico. Forças labiais, de língua e de bochecha, também podem
causar a migração dental patológica, assim como hábitos deletérios e a pressão
produzida a partir de tecidos inflamatórios dentro de bolsas periodontais. Por ser a
extrusão uma forma comum de migração patológica, observações clínicas apoiam a
teoria de que as forças de erupção, às vezes, desempenham também um papel na
etiologia da migração patológica. O autor concluiu que muitos casos de migração
patológica poderiam ser evitados através do diagnóstico precoce e tratamento da doença
periodontal, concomitante à eliminação de fatores oclusais e de hábitos bucais.
Pithon e Bernardes (2005) afirmaram que o tratamento ortodôntico em pacientes
adultos se tornou uma rotina nos consultórios ortodônticos. Os autores relataram que
muitos adultos apresentam doença periodontal e perdas dentárias, dificultando ainda
mais o tratamento ortodôntico. Entretanto uma das vantagens do tratamento ortodôntico
em adultos é o controle da placa bacteriana, pois os mesmos tendem a ser mais
colaboradores no controle da higiene bucal. Adicionalmente, o acompanhamento por
parte do periodontista durante todo o tratamento para a realização da manutenção da
saúde periodontal e o controle das forças ortodônticas por parte do ortodontista é
imprescindível para o sucesso do tratamento.
Em 2006, Papa et al. realizaram um estudo com 110 jovens com idade entre 20 a
35 anos, avaliando a associação entre anomalias ortodônticas e condições periodontais.
Os autores verificaram que o apinhamento está condicionado à severidade periodontal.
Na relação inter-arcos, a mordida aberta é mais susceptível de induzir morbidade em
relação ao periodonto. Esse estudo fornece indicações sobre a utilidade da ortodontia
para a preservação da condição periodontal .
Bollen (2008), considerando que muitos pacientes procuram o tratamento
ortodôntico para melhoria da estética, apresentando mal alinhamento dos dentes
16
anteriores, realizaram revisões sistemáticas, na primeira revisão encontrou uma
correlação entre a presença da maloclusão e a doença periodontal: quanto maior a
maloclusão, mais severa a doença periodontal. Na segunda revisão foi identificada uma
ausência de evidências confiáveis dos efeitos do tratamento ortodôntico na saúde
periodontal.
Pias e Ambrósio (2008), propuseram um estudo de revisão, para discutir a
respeito da viabilidade e eficácia da intrusão ortodôntica, como forma de reduzir os
defeitos infra-ósseos provocados pela doença periodontal. As conclusões obtidas foram
que os movimentos ortodônticos de intrusão podem ser realizados em casos de
migração dentária patológica e extrusão, desde que a inflamação periodontal tenha sido
tratada, necessitando assim de uma ação multidisciplinar. A técnica do arco segmentado
é a recomendada em virtude da sua habilidade em desenvolver forças leves (5 a 15 g) e
contínuas, que, quanto maior o defeito ósseo, menores devem ser as forças aplicadas e
maiores os intervalos entre as ativações ortodônticas. A associação de enxertos ósseos
previamente à movimentação apresentam resultados favoráveis.
Em uma revisão de literatura sobre o tratamento ortodôntico em pacientes com
o periodonto de inserção reduzido, Carraro e Jimenez-Pellegrin (2009) verificaram que
a doença periodontal é a causa da perda dos tecidos de sustentação, resultando em
migrações patológicas dentárias, comprometimento da estética e da função mastigatória,
principalmente em adultos. Deve-se, para esses pacientes, relacionar fatores de risco,
como: estresse, doenças sistêmicas, fumo, osteoporose, e predisposição genética, e estes
devem ser controlados antes do início do tratamento.
O uso de forças leves e mais
próximas ao centro de resistência são fatores importantes no controle da movimentação.
Para o defeito horizontal, o melhor tratamento é o movimento puro de intrusão e, nos
defeitos verticais, o mais indicado é a extrusão, pois o osso alveolar tende a acompanhar
o movimento dentário no sentido oclusal; entretanto, se tiver envolvimento de furca, o
movimento poderá exacerbar o problema periodontal. A idade não é um fator limitante,
contudo o prognóstico esta relacionado ao grau do comprometimento periodontal. O
tempo de contenção deve ser determinado individualmente, considerando a maloclusão
inicial, o biótipo facial, a quantidade de periodonto de inserção presente e o tipo de
movimento realizado.
Gkanditis et al. (2010) realizaram uma revisão sistemática sobre a inter-relação
ortodontia/periodontia no tratamento integrado, tendo em vista o contínuo aumento de
pacientes adultos procurando o tratamento ortodôntico, o que leva o ortodontista a
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enfrentar pacientes com problemas periodontais. Salienta que as considerações estéticas,
como margens gengivais irregulares e problemas funcionais originários da doença
periodontal inflamatória, devem ser consideradas no planejamento do tratamento
ortodôntico. A literatura consultada assegura que em casos de periodontite severa, a
ortodontia pode aumentar as possibilidades de conservar e restaurar uma dentição
deteriorada.
Nishi et al. (2011) avaliaram periodontalmente a adaptabilidade após a utilização
de dois modelos de contenção fixa. A contenção reta e a contenção modificada foram
comparadas entre si, na relação acúmulo de placa e na ocorrência de inflamação
gengival. Também foram confrontadas a adaptabilidade do paciente e o conforto.
Participaram 19 voluntários com bons alinhamentos e sem doença periodontal. Após 3
meses de contenção, foi feito o questionamento sobre adaptação, conforto e facilidade
de higienização e qual desenho favoreceu o acúmulo de alimentos. A adaptação foi
melhor para a contenção reta e para a melhor higienização foi escolha a contenção
modificada.
Maia et al. (2011a) verificaram, também através de uma revisão de literatura, as
alterações periodontais após a instalação de aparelho ortodôntico. Encontraram que a
aparatologia ortodôntica pode apresentar um potencial para causar, indiretamente,
alterações periodontias, devido ao acúmulo de biofilme em função da dificuldade de
manutenção da higiene bucal adequada na presença de bandas e bracktes. A conclusão
dessa revisão foi de que a colocação de aparelhos ortodônticos, em pacientes com
periodonto saudável, leva a um acúmulo de biofilme e inflamação gengival,
influenciando a composição da microbiota subgengival indiretamente, em um curto
período de tempo, após o início da ortodontia, porém são condições reversíveis em
pacientes com boa higiene bucal. Já uma situação clínica mais avançada, requer
intervenções cirúrgicas e um programa de controle de manutenção adequado. Na
presença de retrações gengivais, se o dente apresentar um tecido gengival espesso e a
posição dentária estiver proeminente, não há necessidade de terapia adicional,
entretanto, se a quantidade de gengiva insuficiente estiver associada a um dente que será
vestibularizado, a necessidade de um enxerto gengival, antes da ortodontia, deve ser
avaliada.
Maia et al. (2011b) fizeram uma revisão de literatura sobre questionamentos
constantes em relação ao papel da ortodontia no aparecimento de lesões periodontais e
os estudos mostraram que pacientes com periodonto sadio e inflamação controlada,
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podem ser tratados ortodonticamente, já que, em condições de saúde periodontal, a
ortodontia não resulta em significativa perda de inserção. A correção ortodôntica por
outro lado, pode favorecer o tratamento de defeitos infra-ósseos, pois estimula a
aposição óssea, podendo diminuir a dimensão do defeito ósseo. A técnica regenerativa,
se necessária, para tratamento de defeitos infra-ósseos deve ser realizada anteriormente
à ortodontia, fornecendo uma pré-condição mais favorável para o tratamento
ortodôntico, já que esse não ocasiona nenhum efeito negativo ao novo aparato.
Concluem que, a terapia ortodôntica por si só, não leva à formação de problemas
periodontais. Os benefícios da interação ortodontia e periodontia dependem de um
planejamento adequado com comunicação entre os profissionais durante todo o
tratamento ortodôntico.
Gusmão et al. (2011) avaliaram em pacientes encaminhados para o tratamento
periodontal, as condições dos tecidos periodontais em relação aos dentes mal
posicionados, como giroversão, apinhamento, e mesialização de molar, e concluíram
que os dentes mal posicionados atuaram negativamente para a saúde periodontal, sendo
a ortodontia um importante tratamento para a saúde dos tecidos periodontais. O estudo
de Gusmão (2011) teve a finalidade de avaliar pacientes encaminhados para tratamento
periodontal a fim de identificar e relacionar as anomalias de posição dentária com a
condição periodontal. Foram atendidos 90 indivíduos entre 15 a 69 anos. Os parâmetros
periodontais analisados foram sangramento à sondagem (SS), perda de inserção clinica
(PIC) e profundidade de sondagem (PS). Visualmente foram encontradas giroversão
(86,7%), apinhamento dental (52,2%), molar mesializado (48,9%). Periodontalmente, os
pacientes apresentaram sangramento gengival (100%), recessão gengival (48,9%),
hiperplasia (54,4%) e 28,9% de casos de periodontite crônica. Foi possível concluir que
os dentes mal posicionados contribuem para um comprometimento da saúde do tecido
periodontal, e fica evidente que um tratamento interdisciplinar entre ortodontia e
periodontia melhora a condição bucal do paciente.
Santos & Mollo (2012) avaliaram através de uma revisão de literatura, os
aspectos clínicos relacionados à eficácia do tratamento de intrusão ortodôntica em
dentes comprometidos periodontalmente, pois as sequelas de uma periodontite avançada
podem se apresentar tanto como problemas de migrações dentárias, bolsas infra-ósseas,
destruição óssea alveolar até a extrusão de elementos, principalmente de incisivos
superiores. A movimentação ortodôntica intrusiva é uma proposta de tratamento eficaz
19
para eliminar defeitos infra-ósseos e extrusões, desde que a doença periodontal esteja
controlada e o paciente apresente controle de higiene adequado.
Melo et al. (2012) avaliaram através do estado periodontal de segundos molares
bandados, os fatores de risco para alterações periodontais em pacientes adultos durante
o tratamento ortodôntico, usando o índice de sangramento gengival (ISG). A amostra
consistiu de 100 pacientes adultos, divididos em dois grupos, com idade e sexo
correspondentes: o primeiro grupo recebeu ortodontia corretiva com aparelhos fixos e
bandas cimentadas nos quatro segundo molares e o segundo e grupo controle, sem
história prévia de tratamento ortodôntico. Os indivíduos do grupo de ortodontia
mostraram um ISG significativamente maior do que do grupo controle. As faixas de
segundos molares dos pacientes adultos durante o tratamento ortodôntico mostraram
mais sinais de inflamação gengival do que os de indivíduos não tratados. Além disso,
principais fatores de risco identificados incluíam a presença de placa bacteriana e a
presença de bandas com margens subgengivais.
Xie et al, relataram em 2014, caso clinico de um adulto, gênero masculino com
22 anos de idade, com periodontite severa e migração dentária patológica, que procurou
tratamento ortodôntico. O tratamento foi realizado com o controle e direção das forças
ortodônticos, e interação do tratamento periodontal e ortodôntico. O trauma oclusal
resultante da migração dentária patológica foi melhorado após 22 meses de ortodontia,
foi conseguida uma oclusão estável, e o agravamento da periodontite foi contido. A
estética facial e a auto-confiança do paciente foram melhoradas, assim como pôde ser
visto nas radiografias periapicais neoformação de osso trabecular, em algumas regiões
onde a reabsorção tinha sido grave. Este relato de caso mostra que a reabsorção do osso
alveolar pode ser prevenida e que o tratamento ortodôntico multidisciplinar de um
paciente periodontal com migração dentária patológica é eficaz e útil.
20
DISCUSSÃO
Observa-se um aumento contínuo de pacientes adultos na procura do tratamento
ortodôntico, e esse fato ocorre pela crescente busca da população em geral, pela
preservação da dentição natural, bem como pelo aparecimento de problemas funcionais
e estéticos (Pithon, Bernardes, 2005; Carraro, Gimenez-Pellegrin, 2009; Gkantidis et al.,
2010). Esses fatos fazem com que o ortodontista atual atenda pacientes com diferentes
graus de doença periodontal e suas sequelas, como um periodonto reduzido em suas
dimensões.
Com a preocupação de esclarecer e orientar os ortodontistas ao atenderem
clinicamente esses pacientes, inúmeros estudiosos tem buscado verificar a inter-relação
do tratamento ortodôntico com o periodontal, procurando determinar se o tratamento
ortodôntico traz benefícios para os pacientes adultos periodontalmente comprometidos
(Maia et al., 2011a; Xie et al., 2014).
As vantagens da ortodontia para esses pacientes seriam melhoras na função,
higienização, redução de cargas não axiais, ganho de inserção, redução de defeito ósseo,
restituição da oclusão incisal, melhor anatomia periodontal, aumento do selamento
labial e melhora da estética (Bassani et al., 2001). No entanto, parece não existir dúvidas
quanto aos benefícios do tratamento ortodôntico nos pacientes com o periodonto
reduzido (Nelson & Artun, 1997; Cirelli & Cirelli, 2003; Gkanditis et al., 2010; Maia et
al., 2011a; Maia et al., 2011b; Cirelli et al., 2013), sendo que esses benefícios podem se
manter ao longo do tempo (Re et al., 2000).
Assim, Ericsson et al. (1977) concluíram que, na presença de biofilme
bacteriano e inflamação gengival, a movimentação ortodôntica aumenta a taxa de
destruição do periodonto de inserção. Da mesma forma, Bassani et al.
(2001)
afirmaram que a movimentação em dentes com inflamação, acarreta um risco
aumentado de perda de inserção periodontal.
Zachrisson (1986), analisando as implicações clínicas da inter-relação
Ortodontia e Periodontia, conclui que, o elemento chave no tratamento ortodôntico de
pacientes adultos com doença periodontal, é a redução ou eliminação de acúmulo de
biofilme dental e da inflamação gengival. Por essa razão, esse tratamento deve dar
ênfase nas instruções de higiene bucal, no planejamento e instalação do aparelho
ortodôntico e na manutenção da saúde bucal periódica realizada durante o tratamento.
21
Essas preocupações se justificam em virtude de que, a movimentação
ortodôntica realizada com a presença de placa e doença periodontal pode aumentar a
taxa de destruição do periodonto de inserção (Ericson et al.,1997; Bassani et al.,2001;
Costa et al., 2002; Cirelli & Cirelli, 2003; Maia et al., 2011b).
Cirelli e Cirelli, (2003) analisaram a indicação e os riscos do tratamento
ortodôntico no tratamento periodontal, e ressaltaram que a ortodontia, no planejamento
do tratamento periodontal, amplia a oportunidade de um melhor prognóstico para a
manutenção da dentição permanente, com a correção de maloclusões, favorecendo o
psicológico e a mecânica para um controle adequado de placa bacteriana. Outras
situações frequentes em pacientes com problemas periodontais são os molares
inclinados mesialmente em direção a espaços desdentados, que geralmente apresentam
bolsa infra-óssea e defeito ósseo angulado na face mesial, mas a verticalização dentária,
por meio de ortodontia, tem apresentado resultados bastante favoráveis nesses casos.
Salientam os autores, que a prática da ortodontia é capaz de causar algumas alterações,
tais como gengivite e hiperplasia, irritação mecânica da banda, irritação química pelo
cimento, impacção entre o arco e o tecido gengival, maior dificuldade de higienização e
aumento da profundidade de sondagem. Assim, concluem que o paciente periodontal
apenas deve iniciar a ortodontia após a fase de tratamento da doença, e se inserido em
um programa de terapia de suporte, pois, nessas condições, os riscos de complicações
periodontais são praticamente nulos, mediante os benefícios que o tratamento integrado
periodontia-ortodontia traz ao paciente.
Gusmão et al. (2005) verificaram que as principais razões para o tratamento
ortodôntico são as maloclusões e, dentre as relacionadas com possíveis danos aos
tecidos periodontais, estão os dentes mal posicionados, como apinhamento, diastemas e
giroversões, mordida aberta ou cruzada, trespasse horizontal e/ou vertical acentuados.
As maloclusões levam ao aumento das forças mecânicas, podendo exceder a tolerância
dos tecidos periodontias, ocasionando o trauma oclusal. Essas desarmonias juntamente
com a placa bacteriana, contribuem para a instalação de gengivite marginal crônica,
hiperplasia gengival, recessão gengival e periodontite crônica. Os autores concluíram
que a gengivite marginal crônica é a forma mais comum de doença periodontal
associada à ortodontia, quando há ausência de programas específicos de controle de
placa bacteriana.
22
O tipo de movimentação ortodôntica também pode acarretar danos ao
periodonto, fato observado por Finkbeiner et al. (1997), ao estudarem os efeitos das
bandas ortodônticas, que induziram ao aparecimento de recessão gengival, periodontite
e mobilidade.
Bassani et al. (2001) relatam que as bandas ortodônticas são, indiscutivelmente,
um fator dificultador no controle da placa, podendo propiciar o estabelecimento de uma
microbiota subgengival diferenciada. Maia et al. (2011a) vem confirmar as observações
de Bassani et al. (2001) ao afirmarem que a aparatologia ortodôntica pode apresentar
um potencial para causar alterações periodontias, devido ao acúmulo de biofilme em
função da dificuldade de manutenção da higiene bucal adequada na presença de bandas
e bráquetes (Melo et al., 2012). Por essa razão, existe uma preocupação quanto ao tipo
de aparelho indicado, e assim Carraro e Jimenez-Pellegrin (2009) indicam o aparelho
fixo, sendo preferível nos molares, tubo à banda, pois essas retêm mais placa,
provocando inflamação nos tecidos periodontais, que podem ser temporárias e
reversíveis, caso os limites biológicos sejam respeitados.
Segundo Zachrisson (2005), antes do início da terapia ortodôntica, deve-se
verificar a espessura buco-lingual do osso e dos tecidos moles, especialmente na área
que vai sofrer pressão, devido à ortodontia. Caso a espessura seja pequena, faz-se
necessária cuidadosa orientação de higiene bucal, antes, durante e após o tratamento,
com o objetivo de reduzir o risco de recessão. Por outro lado indicam que o tempo de
espera entre o tratamento periodontal e a colocação do aparelho ortodôntico, deve ser de
2 a 6 meses, dependendo da motivação do paciente quanto à higienização bucal e,
também, para que ocorra a reparação óssea.
. D’Ornellas et al. (2003) discorreram sobre a conduta ortodôntica perante o
paciente adulto acometido de doença periodontal, preconizando o controle periodontal
antes, durante e também após a colocação do aparelho. Salientam que o início da
ortodontia deverá ser 6 meses após o término da periodontia, concordando com Cirelli e
Cirelli (2003) e Zachrisson (2005), que também sugerem que o tempo de espera entre o
tratamento periodontal e a colocação do aparelho ortodôntico, deve ser de 2 a 6 meses,
dependendo da motivação do paciente quanto à higienização bucal e, também, para que
ocorra a reparação óssea.
23
Melsen (1986), conclui que o tratamento ortodôntico não resulta em diminuição
do nível do osso marginal, em macacos periodontalmente saudáveis, providos de
inflamação gengival controlada. Acrescenta que na realização do tratamento
ortodôntico, o controle da placa bacteriana, fator primário para prevenção da doença
periodontal, é relevante para se obter sucesso terapêutico.
Choze et al. (2002)
afirmaram que a literatura pesquisada foi consensual ao afirmar a importância do
tratamento ortodôntico, como uma conduta importante auxiliar para dentes com suporte
reduzido pela evolução da doença periodontal enfatizando que os movimentos só
deverão ser realizados em um periodonto livre de infecção e/ou inflamação.
Kajiyama et al (1993) relatam que a tração ortodôntica (INGBER 1974) tem
como finalidade diminuir defeitos infra ósseos ou aumentar a coroa clínica. É realizada
em um curto período de tempo, questões de semanas, pois há ausência de tecidos duros
na direção do movimento e apenas os tecidos moles que suspendem os dentes estão
distendidos, e durante o tracionamento ortodôntico ocorrem modificações nas estruturas
periodontais
Pias e Ambrósio (2008) discutindo a respeito da viabilidade e eficácia da
intrusão ortodôntica como forma de reduzir os defeitos infra-ósseos provocados pela
doença periodontal, recomendam a técnica do arco segmentado, em virtude da sua
habilidade em desenvolver forças leves (5 a 15 g) e contínuas, e que, quanto maior o
defeito ósseo, menores devem ser as forças aplicadas e maiores os intervalos entre as
ativações ortodônticas.
Maia et al. (2011b), concluem que os pacientes tratados periodontalmente
podem fazer uso da ortodontia, pois ela favorece o tratamento dos defeitos infra-ósseos,
porque estimula a aposição óssea, podendo assim diminuir a dimensão de defeitos
ósseos. Contudo, o paciente deve ser tratado anteriormente à ortodontia, e é de
fundamental importância, para o sucesso, que haja um bom diagnóstico prévio e uma
comunicação entre os profissionais durante todo o tratamento ortodôntico.
Cirelli et al. (2013) confirmaram que a movimentação ortodôntica pode ser
realizada, independente da idade do paciente, desde que o periodonto esteja saudável.
Recomendam que especialmente nos pacientes de periodonto reduzido, a doença
periodontal deve ser eliminada previamente ao início do tratamento ortodôntico, e a
saúde alcançada, deve ser mantida durante todo o tratamento.
Essa manutenção da saúde periodontal durante o tratamento ortodôntico é
considerada como fator essencial para o sucesso do tratamento (Ong et al., 1998; Costa
24
et al., 2002; Cirelli & Cirelli, 2003; D’ornellas et al., 2003; Zachrisson, 2005; Pithon,
Bernardes, 2005; Santos & Mollo., 2012). Para que isso se efetive é necessário que haja
uma real integração entre periodontistas e ortodontistas, e que uma comunicação entre
esses profissionais seja constante, como sugerem Mathews e Kokich (2001), Pithon e
Bernardes (2005), Maia et al., (2011b) e Cirelli et al. (2013).
Assim é importante que com as informações do periodontista, o ortodontista
realize um planejamento adequado do tipo de tratamento ortodôntico proposto, e da
construção do aparelho ortodôntico (Zachrisson, 1996). Choze et al. (2002) enfatizaram
que os movimentos ortodônticos só deverão ser realizados através de forças leves e
controladas para dentes com suporte reduzido pela evolução da doença periodontal.
D’Ornellas et al. (2003) salientam que existem limites inerentes ao tratamento desses
pacientes, como a escolha de uma ancoragem adequada e que o período de reativação
deve ser de 3 a 4 semanas, podendo ser mudado de acordo com o caso do paciente.
Pithon e Bernardes (2005) concluíram que para o sucesso do tratamento ortodôntico em
adultos com perdas dentais e com doença periodontal, um dos itens importantes é o
controle das forças ortodônticas por parte do ortodontista, estando em concordância com
Garat et al. (2005).
Carraro e Jimenez-Pellegrin (2009) também recomendam o uso de forças leves e
mais próximas ao centro de resistência, fatores importantes no controle da
movimentação. A literatura consultada nos leva a sugerir que os melhores resultados são
obtidos nas mecânicas que utilizam forças leves e com controle das linhas de ação
dessas forças.
Nishi et al. (2011) avaliaram
periodontalmente a adaptabilidade após a
utilização de dois modelos de contenção fixa. A contenção reta e a contenção
modificada foram comparadas entre si, na relação acúmulo de placa e na ocorrência de
inflamação gengival. O resultado é que não houve diferença significativa para índice de
placa e índice de sangramento no período de 3 e 6 meses entre a contenção reta e a
modificada. A adaptação do paciente foi melhor para a reta, mas a melhor higienização,
incluindo o uso do fio dental, foi para a da contenção modificada.
Cirelli et al. (2013) comentaram que, apesar da doença periodontal ser tratável,
as sequelas geradas devido à perda de tecidos periodontais, prejudicam as funções do
sistema estomatognático e afetam a estética, sendo importante, nesses casos, uma
terapia multidisciplinar, onde a associação com a ortodontia pode contribuir para
melhorar as condições estética e funcionais. Assim, nos pacientes comprometidos
25
periodontalmente, um planejamento conjunto do ortodontista com o periodontista deve
ser feito para que se obtenha uma terapia apropriada e segura. Os autores lembram que,
estudos clássicos confirmam que a movimentação ortodôntica pode ser realizada,
independente da idade do paciente, desde que o periodonto esteja saudável.
Recomendam assim, que, especialmente nos pacientes de periodonto reduzido, a doença
periodontal deva ser eliminada previamente ao início do tratamento ortodôntico, e a
saúde alcançada, seja mantida durante todo o tratamento.
Cirelli et al. (2013) sintetizam esses itens, ao recomendarem que
especialmente nos pacientes de periodonto reduzido, a doença periodontal deve ser
eliminada previamente ao início do tratamento ortodôntico, e a saúde alcançada, seja
mantida durante todo o tratamento.
Para que esses benefícios sejam alcançados, de acordo com Zachrisson
(1996) e Pithon e Bernardes (2005), três itens importantes devem ser observados, a
instrução da higiene oral e motivação do paciente para enfrentar o tratamento, o
planejamento e construção do aparelho ortodôntico, para um controle das forças
aplicadas pelo ortodontista, acompanhamento por parte do periodontista durante todo o
tratamento ortodôntico.
26
CONCLUSÃO
Com base na literatura revisada pode-se concluir que:
1. A movimentação ortodôntica realizada com a presença de biofilme dental e doença
periodontal pode aumentar a taxa de destruição do periodonto de inserção.
2. Nos pacientes de periodonto comprometido, a doença periodontal deve ser tratada
previamente ao início da terapia ortodôntica.
3. O tratamento ortodôntico nos pacientes com periodonto alterado pode gerar vários
benefícios, tais como: re-equilíbrio da oclusão, diminuição de defeitos infra-ósseos,
verticalização e alinhamento de dentes, facilitando a higienização e restabelecendo a
estética do sorriso.
4. Os melhores resultados do tratamento ortodôntico são obtidos nas mecânicas
ortodônticas que utilizam forças leves e com controle das linhas de ação dessas
forças em pacientes com doença periodontal.
5. É necessário que haja uma real integração entre periodontistas e ortodontistas,
previamente ao tratamento ortodôntico para um planejamento, e que essa
comunicação permaneça constante durante todo o tratamento ortodôntico de
pacientes com doença periodontal.
27
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