Instrumentação e Técnicas de Medidas Amplificadores e Circuitos Especiais Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 1 Controle de Versões 2013 Versão 1 – Instrumentação e Técnicas de Medidas (ITM) Com base nas notas de aula de COB783 e Op Amp Applications Handbook, Section 4, edited by Walt Jung (Newnes, 2006). Versção 1.1 – Ordem dos capítulos, equações mais comuns para linearização de termistor. Última alteração: 28/08/2013 Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 2 Índice 8 Amplificadores de Instrumentação...................................................................................................4 8.1 Amplificador Subtrator.............................................................................................................4 8.2 Amplificador de Instrumentação com Três Operacionais......................................................10 8.3 Amplificador de Instrumentação com Dois Operacionais......................................................11 8.4 Amplificador com Realimentação Ativa................................................................................12 8.5 Amplificador operacional de transcondutância (OTA)..........................................................13 8.6 Amplificador Isolador.............................................................................................................16 8.7 Amplificador chopper.............................................................................................................18 8.8 Amplificador Diferencial Completo.......................................................................................20 8.9 Amplificador de Ganho Programável (PGA).........................................................................21 9 Circuitos Especiais.........................................................................................................................22 9.1 Conversores Tensão Corrente.................................................................................................22 9.1.1 Outras topologias............................................................................................................22 9.2 Potenciômetro Digital.............................................................................................................26 9.3 Conversores AD e DA............................................................................................................26 9.4 Referências de Tensão e Corrente..........................................................................................28 Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 3 8 Amplificadores de Instrumentação 8.1 Amplificador Subtrator Os amplificadores de subtratores são circuitos que amplificam a diferença entre duas tensões, com uma elevada rejeição a sinais de modo comum e um ganho diferencial ajustável, funcionando de forma similar ao próprio AO, porém com ganhos menores. O amplificador subtrator (diferencial) básico é apresentados na Figura 8.1. A configuração permite alterar o ganho do amplificador mas a impedância de entrada é baixa. Figura 8.1: Amplificador diferencial básico Este amplificador pode ser estudado por superposição. a) para a entrada vcm e v 2 v O =(v CM +v 2 )⋅ R4 R2+R1 ⋅ ; R3+R4 R1 b) para a entrada formada por vcm e v 1 v O =− R2 ⋅(v +v ) ; R1 CM 1 c) somando as duas equações, e após algum algebrismo [ vO= ] R1⋅R4 −R2⋅R3 R R 1+R 2 / R1 ⋅v CM − 2⋅v 1 + 4⋅ ⋅v . R1⋅(R3 +R4 ) R1 R3 1+R 4 / R3 2 Se Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 4 R2 R3 = R1 R 4 então vO= R2 ⋅(v −v ) . R1 2 1 Observe que a influência de vcm é nula, se a razão entre as resistências R 2 e R1 for exatamente igual a razão entre as resistências R3 e R4. Para calcular a CMRR do subtrator em função da falta de casamento entre as resistências pode-se utilizar a equação 8.1 (Precision Matched Resistors Automatically Improve Differential Amplifier CMRR – Here’s How, Linear Technology). () () 1 ⋅(G+1) 2 CMRRR ≈ 1 ΔR ⋅ 2 R (8.1) A Tabela 8.1 mostra como o CMRR do circuito pode mudar com relação a tolerância dos resistores. Observe que para resistores com tolerância de até 0,1% o CMRR do subtrator é relativamente pequeno. A solução para este problema é integrar os resistores ou todo o circuito. Exemplos destes circuitos integrados são o AMP03, o AD628, AD629 da Analog Devices, e os INA149 e INA146 da Texas Instruments. Tabela 8.1: CMRR do subtrator em função da tolerância dos resistores Tolerância dos Resistores (%) 5 2 1 0,1 Acm subtrator (ganho 1) 0,1 0,04 0,02 0,002 CMRRsubtrator (ganho 1) 10x (20dB) 25x (27dB) 50x (33dB) 500x (54dB) A CMRR do circuito completo, levando em conta a influência da CMRR do amplificador pode ser obtida por CMRRR ONLY ≈ () () 1 ⋅(G +1) 2 () 1 1 1 ΔR ⋅(G+1)+ CMRRamp 2 2 R (8.2) Observe que a própria impedância da fonte pode causar um desbalanço nos resistores e diminuir a CMRR da configuração. Por esta razão é desejável uma topologia onde a impedância de Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 5 entrada seja extremamente elevada. A construção integrada deste amplificador também minimiza os erros entre as resistências e propicia um CMRR maior. Exemplo 1: Calcular o CMRR para um amplificador diferencial cujas relações de resistências são: R2=100·R1, e R4=101·R3. [ v 0= v 0= v 0= ] R 1⋅R 4−R 2⋅R3 R2 R4 1 R2 / R1 ⋅v CM − ⋅v 1 ⋅ ⋅v R1⋅ R3 R 4 R1 R3 1R 4 / R 3 2 101⋅R1⋅R3 −100⋅R1⋅R3 R1⋅ R3 101⋅R3 1100 ⋅v CM −100⋅v 1101⋅ ⋅v 1101 2 1 ⋅v −100⋅v 1 100 ,0098⋅v 2 102 CM CMRR= Ad 100 = =10200≈80 dB ACM 1/102 Exemplo 2: Calcular a função de transferência da topologia abaixo Considerando que a tensão na saída do amplificador de realimentação é v G , então v G =− RK ⋅v RG O O problema pode ser resolvido por superposição: com a entrada v 2 aterrada, a corrente pelos dois resistores da entrada positiva de A1 devem ser iguais, e v + deve ser zero, então Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 6 v1 v =− G R R substituindo a equação de v G temos v1 R − =− RK ⋅v RG O R logo v O= RG RK ⋅v 1 com a entrada v 1 aterrada, o potencial em v – é metade do valor de v 2 , e v + é metade da tensão v G v2 2 = vG 2 − = RK ⋅v RG O 2 então v O=− RG RK v2 logo v O= RG (v −v ) RK 1 2 O ganho é diretamente proporcional à RG, mas a impedância de entrada fica diminuída. Exemplo 3: Calcular a função de transferência da topologia abaixo Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 7 Este circuito pode ser redesenhado como ( ( v 1 =i 3⋅R2= v 2 =i 4⋅R2= i= e1 R1 − ) v eO + −i ⋅R2 R1 R2 ) e2 v − +i ⋅R2 R1 R1 v 1 −v 2 R Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 8 ( ( ) e2 v 1 e1 v e0 i= ⋅ − + −i− + −i ⋅R 2 R R 1 R1 R2 R 1 R1 i= R2 e 1 e 2 e 0 ⋅ − + −2⋅i R R1 R1 R 2 (e 1 −e 2 )⋅ i= ) R2 +e R1 0 2⋅R2 +R Reescrevendo novamente as equações v 1 =v−i 1⋅R 2=v− v 2 =v−i 2⋅R2 =v− i= e1 v − ⋅R2 R1 R1 e2 R1 − v ⋅R 2 R1 v 1 −v 2 R [ ] e1 v e2 v 1 i= ⋅ v− − ⋅R 2 −v − ⋅R 2 R R1 R1 R 1 R1 i= R2 ⋅ e −e R⋅R1 2 1 igualando as duas correntes i R2 e R1 0 R = 2 ⋅ e 2 −e 1 2⋅R 2 R R⋅R 1 e 1−e 2 ⋅ [ e 0= e 0= ] R2 R2 ⋅ 2⋅R2 R ⋅ e 2 −e1 R⋅R1 R1 2⋅R 2 R2 ⋅ 1 ⋅ e 2−e1 R1 R Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 9 8.2 Amplificador de Instrumentação com Três Operacionais O circuito clássico para amplificador de instrumentação, e que resolve todos os problemas apresentados é apresentado na Figura 8.2. Figura 8.2: Amplificador de instrumentação com três operacionais. O circuito pode ser resolvido por superposição. a) supondo v 2 aterrada, o potencial na entrada negativa do AO de baixo é zero, logo v O1=v 1⋅ R+R 3 ,e R v O2=−v 1⋅ R3 ; R b) supondo v 1 aterrada, o potencial na entrada negativa do AO de cima é zero, logo v O2=v 2⋅ R+R3 ,e R v O1=−v 2⋅ R3 ; R Como a saída do segundo estágio já foi calculada anteriormente e vale vO= R2 ⋅(v −v ) R1 2 1 então Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 10 vO= R2 R+2⋅R3 ⋅ ⋅(v 2−v 1) R1 R vO= R2 2⋅R3 ⋅ 1+ ⋅(v 2 −v 1) R1 R ( ) Esta topologia apresenta alta rejeição a tensões de modo comum, ganho elevado, ganho ajustável apenas com um resistor, impedância de entrada (diferencial e de modo comum) elevada em ambas as entradas. Além disto se o amplificador tiver ganho unitário, somente o offset dos amplificadores de entrada vão ser significativos na determinação do offset de saída. Se os amplificadores de entrada forem iguais o drift na saída do amplificador fica reduzido. Nesta configuração o primeiro estágio é responsável pelo ganho e o segundo estágio é responsável pelo CMRR e para que este valor seja elevado o amplificador de instrumentação é comercializado em um único integrado. Circuitos integrados com amplificadores de instrumentação alcançam CMRR maiores do que 100 dB (CMRR > 105), mas este valor costuma decair com a frequência. Exemplos clássicos de amplificadores de instrumentação integrado são o AD620, AD8221 da Analog Devices, o INA118 e o INA103 da Texas Instruments. 8.3 Amplificador de Instrumentação com Dois Operacionais Uma versão de amplificador de instrumentação com dois AO é apresentada na figura abaixo. A maior vantagem deste amplificador reside no uso de apenas dois AO mas esta também é sua maior desvantagem. Por apresentar caminhos diferentes para os sinais amplificados positiva e negativamente o sinal sofre diferentes atrasos e deslocamentos de fase nos dois caminhos. Como resultado o CMRR para sinais alternados é reduzido com relação ao InAmp de três AO. Assim como no amplificador subtrator tradicional, para que este circuito funcione apropriadamente é necessário que R1/R2 = R4/R3 o que significa que o CMRR também será dependente do perfeito casamento de valores entre os resistores. Para contornar este problema e o problema com o baixo CMRR em sinais alternados, este circuito pode ser encontrado integrado e, neste caso, suas características são ajustadas de fábrica para um desempenho superior. Exemplos deste circuito integrado são o AD627. O circuito com resistor RG permite o ajuste do ganho com a mudança de apenas um resistor evitando que o CMRR seja afetado. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 11 v O =v 2 – v 1⋅ 1 R4 2⋅R 4 R3 RG ou v O =v 2 – v 1⋅ 1 R4 R3 (sem o resistor RG). 8.4 Amplificador com Realimentação Ativa Uma outra topologia disponível é a do amplificador para recepção de sinais de alta frequência (Figura 8.3). Diferente dos outros amplificadores de instrumentação estes amplificadores utilizam uma topologia de realimentação ativa. Internamente este amplificador apresenta dois pares de entradas diferenciais sendo que usualmente uma delas é usada para a realimentação (dai o nome realimentação ativa). Uma das vantagens deste amplificador é que seu CMRR permanece elevado mesmo para sinais de frequência muito alta (alguns MHz) ao contrário dos amplificadores de instrumentação tradicionais onde o CMRR cai por volta de 100 a 10kHz, dependendo do ganho e do amplificador. A função de transferência deste amplificador é Vo= A⋅[(V 1 – V 2 ) – (V 3−V 4 )] A configuração clássica para uso deste amplificador é apresentada na Figura 8.4 e apresenta função de transferência igual à do amplificador não inversor. Figura 8.3: Amplificador Operacional de Recepção. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 12 Figura 8.4: Configuração clássica do amplificador de instrumentação para recepção. Exemplos deste amplificador são o AD8129 e AD8130 da Analog Devices e podem ser utilizados em conjunto com os amplificadores operacionais diferenciais completos. 8.5 Amplificador operacional de transcondutância (OTA) Este amplificador é muito comum em microeletrônica mas existem poucos integrados discretos disponibilizando funções de OTA. Como o próprio nome sugere este amplificador transforma a diferença entre as tensões de entrada em uma corrente de saída. Isto confere características bastante interessantes a este operacional que, por exemplo, pode ter sua saída ligada a saída de outro operacional do mesmo tipo sem problema de curto circuito. Em microeletrônica o OTA é utilizado para produzir filtros e acionar cargas capacitivas. Os modelos discretos apresentam uma terceira entrada, chamada de corrente de polarização, capaz de ajustar o ganho do amplificador. A função der transferência deste operacional é dado pela equação 8.3, alguns de seus símbolos são apresentados na Figura 8.5 e o circuito interno do CA3080 é apresentado na Figura 8.6. i o = Ag (v + −v – ) (8.3) Ag =gm=K⋅I B (8.4) onde Ag ou gm é o ganho do OTA, K é uma constante que depende do modelo e I B é a corrente de polarização). Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 13 Figura 8.5: Símbolo do amplificador de transcondutância (OTA). As principais aplicações para este tipo de amplificador são o controle automático de ganho, os multiplicadores e divisores de tensão, circuitos moduladores e filtros. Apesar disto este tipo de amplificador pode ser utilizado em praticamente todos os casos onde um operacional comum também é utilizado. Isto, entretanto, não consiste em nenhuma vantagem pois as características do OTA não o auxiliam nestas tarefas mais comuns. Como exemplos de OTA podemos citar o clássico CA3080, o LM13700 e o mais recente o CA3280. Os OTA práticos, inclusive os listados, sofrem limitações e problemas de polarização que dificultam seu uso, sendo importante a inclusão de componentes que teoricamente não seriam necessários. Os fabricantes explicam quais cuidados devem ser tomados com cada circuito. Normalmente os problemas dizem respeito a não linearidades do par diferencial de entrada. Como os OTA não precisam trabalhar realimentados a diferença entre as tensões de entrada não são zero e, infelizmente, o par diferencial só tem comportamento linear para valores de tensão de alguns milivolts. Circuitos com diodos e resistores são utilizados para expandir a linearidade dos componentes. Uma coletânea de circuitos de filtros utilizando OTA foi publicada no artigo Active Filter Design Using OTA: A Tutorial. Figura 8.6: Circuito interno do CA3080. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 14 Exemplo 1: Mostrar que os dois circuitos a seguir apresentam impedância de entrada (gm1·gm2·ZL) –1. Supor que todos os OTAs tem o mesmo ganho gm. Sugestão: calcule o equivalente Thévenin para os dois circuitos – para o circuito com entrada simples calcule apenas a corrente que entra pelo terminal v1 não nulo, para o segundo circuito determine a corrente em cada terminal e calcule a impedância pela diferença de tensão entre as entradas v1 e v2, observe que as correntes que entram nos terminais v1 e v2 são iguais em módulo e opostas em sentido. Exemplo 2: Mostrar que os dois circuitos abaixo apresentam impedância de entrada gm –1. Supor que todos os OTAs tem o mesmo ganho gm. Sugestão: calcule o equivalente Thévenin para os dois circuitos, da mesma forma que para a questão 1. Exemplo 3: Mostrar que os circuitos abaixo correspondem a dois amplificadores diferenciais e um somador (de diferenças de tensão). Supor que todos os OTAs tem o mesmo ganho gm. Sugestão: para o problema superior esquerdo e a direita use o equivalente dos exercícios anteriores, para o problema inferior esquerdo equacione o nó da entrada negativa do operacional. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 15 8.6 Amplificador Isolador Em muitos sistemas o ponto de medida deve ser isolado galvanicamente do restante do circuito amplificador. Nestes casos devemos utilizar técnicas de isolação entre a etapa de potência e a etapa de medição. Esta isolação pode ser obtida por intermédio de amplificadores isoladores. Estes amplificadores obtém a isolação com transformadores, com capacitores ou com opto acopladores. A relação de ganho varia de amplificador para amplificador mas o símbolo é comum a todos e pode ser visto na Figura 8.7. Figura 8.7: Símbolo do amplificador isolador. As principais aplicações para este tipo de amplificador encontram-se na área médica, na quebra de laços de terra e na diminuição dos efeitos causados por elevadas tensões de modo comum. Exemplos de amplificadores isoladores são o AD215 e o AD210 (com transformadores) da Analog Devices, o ISO124 e o ISO122 (com capacitores) da Texas Instruments e o HCPL-7850, HCPL-7851 da Avago. Outros integrados clássicos são o IS0103 e o ISO100 da Burr-Brown (ambos obsoletos e não recomendados para novos projetos). Os diagramas de blocos para estes amplificadores são apresentados nas figuras 8.8 e 8.9. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 16 Figura 8.8: Diagrama de blocos do AD215. Os fabricantes fornecem duas tensões de isolação, uma para tensões continuamente aplicadas e outra para tensões aplicadas por um curto período de tempo. A primeira tensão é menor do que a segunda e ambas podem variar em função da frequência e temperatura. A impedância de barreira situa-se em torno de 1012Ω. Note que alguns destes amplificadores apresentam transformadores e portanto não são um simples circuito integrado. Muitas vezes estes circuitos são modelos híbridos ou construídos com componentes discretos e encapsulados em um único invólucro. Observe também que os amplificadores isoladores necessitam de fontes de alimentação independentes para o “lado” do amplificador. Isto significa, inclusive, dois terras diferentes e não conectados. Estes amplificadores estão caindo em desuso e estão sendo substituídos por isoladores digitais, mais fáceis de serem produzidos. Leia mais em Move Over Iso Amp—Make The Switch To Digital Isolation. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 17 sadf Figura 8.9: Diagrama de blocos do amplificador IS0124. Com os novos isoladores cada vez mais simples e com menos recursos se torna necessário investir também em fontes de alimentação isoladas. Exemplos de conversores DC/DC são os E_T e F_T da Mornsun, com isolação de 3000Vdc em encapsulamento SMD, os AY_D e BY_D, da mesma fabricante com isolação de até 12000Vdc ou o ADUM6000 da Analog Devices com isolação de 5000Vdc. 8.7 Amplificador chopper Este tipo de amplificador foi desenvolvido a muito tempo (no fim dos anos 40, início dos anos 50), e antes de ser um tipo de amplificador ele é uma técnica de amplificação cujo objetivo é minimizar características indesejáveis de CC. O amplificador chopper utiliza técnicas de CA para desacoplar as baixas frequências devido a VOS e IB. A melhora mais notável se dá no drift com a temperatura de VOS e IOS. O amplificador chopper pode introduzir um fator de redução de 50 vezes nestes drift. A Figura 8.10 mostra um esquema simplificado de um amplificador chopper. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 18 Figura 8.10: Diagrama esquemático de um amplificador chopper. Na Figura 8.10 cada chave funciona como um modulador ou demodulador, uma vez que o sinal em sua saída é equivalente ao produto do sinal de entrada por uma onda quadrada. Observe que este é um sistema amostrado e como em todo sistema amostrado o espectro de frequências do sinal de entrada é copiado para frequências maiores. Como o sinal de modulação é uma onda quadrada o sinal de entrada é copiado em torno dos harmônicos ímpares da portadora. Após a chave, na entrada do amplificador (Vy) são somados ao sinal amostrado todos os ruídos e offsets que serão amplificados. Após a segunda chave o sinal está sincronamente demodulado (Vo) e retorna ao seu espectro original com copias em torno dos harmônicos pares da portadora. Os offsets são removidos pelo capacitor de saída. O espectro do ruído, por outro lado, será copiado em torno dos harmônicos ímpares da portadora. Agora, um filtro passa baixas reconstrói o sinal original na saída do amplificador chopper (Vout), filtrado todas as cópias espectrais de frequência elevadas. Como este é um sistema amostrado o sinal de entrada (Vin) deve ter frequência bem menor que a de chaveamento. Esta, por sua vez, é da ordem de centenas a milhares de Hz na maioria dos sistemas. Como exemplo de amplificador chopper estabilizado podemos citar o LTC1052 com VOS < 5µV e drift de 50nV/oC. Observe que os valores de offset e drift são tão baixos que podem ser necessários cuidados especiais na montagem do circuito. O efeito termopar causado por contatos de Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 19 metais diferentes pode produzir variações de tensão da ordem de 200nV/ oC, quatro vezes mais que drift do LTC1052. Assim, é interessante minimizar o número de chaves, soquetes, conectores e outros potenciais contatos problemáticos. Eletrostática e campos eletromagnéticos também podem ser fontes de problemas. O uso de transformadores, por exemplo, podem gerar alguns microvolts de tensão em trilhas de circuito impresso. Os amplificadores chopper, na forma como apresentado, estão em desuso e sua produção tem sido descontinuada. Novos amplificadores chamados de autozero (CAZ ou AZA) ou chopper estabilizados estão em produção. Diferente do chopper tradicional os sinais são amplificados por um canal CC, e um circuito adicional com chaveamento (chopper) é usado para remover offset e reduzir drifts. Estas características estendem a faixa de frequência do amplificador. Exemplos de modernos amplificadores de auto zero são o AD8571, TLC2654, OPA333. Para saber mais sobre estes amplificadores leia To Chop or Auto-Zero: That Is the Question, da Analog Devices ou AutoZero Amplifiers Ease the Design of High-Precision Circuits, da Texas Instruments. 8.8 Amplificador Diferencial Completo Amplificadores operacionais diferenciais completos são aqueles onde tanto a entrada quanto a saída são diferenciais (Figura 8.11). Estes dispositivos apresentam elevados valores de CMRR, provem baixa distorção harmônica e são aplicados na transmissão de dados a longa distância, entradas de conversores AD ou sempre que for necessário saídas complementares. Figura 8.11: Amplificador operacional completamente diferencial. O circuito típico para este tipo de amplificador é apresentado na Figura 8.12. Se R4/R3=R6/R5 a função de transferência é a mesma do amplificador subtrator porém com as saídas complementares. Outra configuração bastante comum é aquela que transforma um sinal simples em um sinal diferencial ( R4 =∞ , R3=0 e v –=0 ). Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 20 Figura 8.12: Amplificador subtrator. Exemplos destes amplificadores são o ADA4940 e ADA8131 da Analog Devices e o LTC1992 da Linear Technology LMH6550 da Texas Instruments. 8.9 Amplificador de Ganho Programável (PGA) Amplificadores com ganhos pré estabelecidos e que podem ser selecionados digitalmente. O tipo mais simples, apresentado na Figura 8.13, apresenta entradas digitais cuja lógica combinacional é capaz de selecionar um entre diversos ganhos possíveis (4 no caso do PGA103). Alguns circuitos mais sofisticados, como o MAX9939 apresentam uma interface serial (do tipo SPI) que permite programar diversos parâmetros do amplificador. Neste caso os ganhos podem ser programados entre 0,2 V/V e 157 V/V além de permitir a compensação de offset e oferecer recurso de shutdown para minimizar consumo. Outros recursos comuns, internos aos PGA são os multiplexadores (MUX) e seleção de ganhos binários ou para osciloscópio (x1, x2, x5, …). Também estão disponíveis circuitos para ganho variável, ajustados analogicamente (VGA) como o AD8338. Figura 8.13: Exemplo de Amplificador de Ganho Programável – PGA103 Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 21 9 Circuitos Especiais 9.1 Conversores Tensão Corrente Conversores tensão corrente são muito úteis para a implementação de fontes de corrente controladas por tensão. A topologia mais conhecida é a Howland, mostrada na Figura 9.1 e discutida no artigo A Comprehensive Study of the Howland Current Pump da Texas Instruments. Observe que a principal característica destes circuitos conversores tensão corrente, ou fontes de corrente, é que a corrente sobre a carga não depende da carga. Figura 9.1: Conversor Tensão-Corrente tipo Howland No circuito da esquerda, se retirarmos o resistor R, conectado a entrada vin, e o resistor RL, o equivalente Thévenin do circuito restante resulta em uma resistência negativa de valor -R. Substituindo o circuito pelo seu equivalente e a fonte vin em série com R pelo seu equivalente Norton, é fácil perceber que a corrente na carga, de cima para baixo, é igual a i RL= vin R Para o circuito da direita a corrente na carga, de cima para baixo, é igual a i RL=− vin R 9.1.1 Outras topologias Além das fontes de corrente apresentada na seção anterior, na seção sobre medidas em pontes, e nos exemplos resolvidos do primeiro capítulo, muitos outros circuitos são possíveis. A seguir apresenta-se uma fonte de corrente Howland modificada que permite o ajuste da corrente com a alteração de apenas 1 resistor. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 22 V 1−V V 1 =V − R2⋅ R1 V 2 −V V 2=V −R2⋅ R1 V 1 =V⋅ 1 V 2=V 1 i0 = V 1 −V 2 R R2 R1 R2 R1 −V 1⋅ −V 2⋅ R2 R1 R2 R1 R2 R2 R2 R2 1 = ⋅V⋅ 1 −V 1⋅ −V⋅ 1 V 2 R R1 R1 R1 R1 considerando que R << R2 io = R2 V 2−V 1 ⋅ R1 R Exemplo 1: Dado o circuito abaixo, calcule sua função de transferência i L= f vi . Considere os AO ideais. a) Estabeleça valores para os resistores R, R 3 e R4 de forma que o circuito forneça uma corrente máxima i L máx =1 mA para uma carga 0 ≤R L ≤10 K quando v i =−10 V . Considere R1 =R 2 =100 K e V CC =±12 V . Considere v i =0V . b) Calcule i L levando em conta a existência de uma fonte de tensão conectada a entrada positiva de A1 e uma fonte de corrente conectada a entrada positiva de A2. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 23 Solução: Análise do circuito: A 2 : forma um amplificador de ganho unitário (buffer); A3 : forma um subtrator junto com R3 ,R4 ; A1 : fornece a corrente de saída e é realimentado pelo subtrator através de R1 ,R 2 . Análise das realimentações de A1 : A1 recebe realimentação negativa (RN) através da entrada não inversora de A3 e realimentação positiva (RP) através de A 2 e da entrada inversora de A3 . Como o ganho dos dois caminhos do subtrator (entradas inversora e não-inversora) são iguais em módulo, a RN é mais forte, porque a RP ainda passa pelo divisor resistivo R-R L. Como resultado disto, o circuito possui realimentação negativa, o que permite o uso das técnicas estudadas. Função de transferência: R4 R⋅i L R3 , logo =0 R1 +R 2 v i⋅R2 +R 1 v −A = 1 i L=− R2⋅R3 ⋅v R1⋅R 4⋅R i a) Sendo i Lmáx =1 mA e R Lmáx =10K então v L Imáx =10 V (tensão máxima na carga) Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 24 R= v Omáx −v L Imáx , onde V Omáx é a máxima tensão de saída do AO. i Lmáx Como V CC =±12 V, podemos limitar, co segurança, V Omáx =11V . R= 11 V −10 V =1K 1 mA Como i L=− então R4 R3 R2⋅R3 ⋅v (a corrente independe de RL) R1⋅R 4⋅R i =− R 2⋅v i 100 K −10 =− =10 Ri⋅R⋅i 0 100 K⋅1K⋅1m assim podemos escolher, por exemplo, R 4=100K e R3 =10K b) O problema pode ser calculado por superposição: Efeito de VOS1: v os1 = R1 R4 ⋅ ⋅R⋅i L R1 +R2 R3 i L v os1 = R 1 +R 2 ⋅R3 v os1 R1⋅R4⋅R Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 25 Efeito de IB2: i L =i R−i b2 R4 R⋅i R R3 − vA = =0 R1 +R2 R1 1 i R=0 i L i b2 =−i b2 Portanto: i Ltot = R1 +R 2 ⋅R3 R1⋅R 4⋅R v os1 −i b2 9.2 Potenciômetro Digital Também conhecidos como digital POT, RDAC, ou digipot estes circuitos fornecem potenciômetros integrados com passo controlado digitalmente. Eles são uma alternativa para os circuitos PGA ou VGA e podem ser utilizados para produzir ajustes automáticos em circuitos de instrumentação. O modelo apresentado na figura abaixo pode ter seu potenciômetro ajustado inúmeras vezes até ser definitivamente programado pela queima de um fusível, como se fosse um potenciômetro mecânico com eixo colado após ajustes. 9.3 Conversores AD e DA Conversores AD (analógico para digital) e DA (digital para analógico) são muito comuns na interface entre os mundos analógicos e digitais. Estes componentes serão estudados em detalhes no Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 26 fim deste curso mas informações adicionais podem ser obtidas em The Data Convertion Handbook da Analog Devices. Basicamente estes componentes recebem sinais analógicos e os convertem para digital e vice-versa aplicando um fator de conversão determinado, normalmente por tensões de referência que devem ser fornecidas aos conversores. Estes circuitos normalmente operam com valores digitais positivos, em complemento de dois, complemento de um, bit sinal, código de Gray entre outros. As saídas e as entradas analógicas podem ser em tensão ou corrente. Os fatore de escala envolvidos nesta conversão normalmente fazem com que os máximos estejam analógicos e digitais correspondam aos valores das tensões de referência ou uma fração delas. A figura abaixo mostra um esquema simplificado destes componentes com codificação digital monopolar. VREF +FS (111...11) MSB Entradas Digitais N - Bits N - bits DAC Saída Analógica 0 ou -FS (000...00) LSB VREF MSB +FS (111...11) Saídas Dititais N - bits N - bits ADC Entrada Analógica 0 ou -FS (000...00) LSB Considerando um conversor operando com tensões positivas entre 0 e 10V e diferentes resoluções, a tabela abaixo mostra a resolução em bits, volts, %FS e em partes por milhão (ppm) ou dB (20·log x). Resolução (bits) 2N Resolução (10VFS) ppm (FS) %FS dB (FS) 2 4 2,5V 250.000 25 -12 4 16 625mV 62.500 6,25 -24 6 64 156mV 15.625 1,56 -36 8 256 39,1mV 3.906 0,39 -48 10 1.024 9,77mV 977 0,098 -60 12 4.096 2,44mV 244 0,024 -72 14 16.384 610μV 61 0,0061 -84 16 65.636 153μV 15 0,0015 -96 Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 27 18 262.144 38μV 4 0,0004 -108 20 1.048.576 9,54μV 1 0,0001 -120 22 4.194.304 2,38μV 0,24 0,000024 -132 24 16.777.216 596nV 0,06 0,000006 -144 9.4 Referências de Tensão e Corrente Circuitos de referência de tensão ou corrente estão disponíveis para gerarem valores bastante estáveis para alimentações de circuitos quando isto for crítico. A tabela abaixo mostra alguns destes integrados e suas características principais. Parâmetro Saída (V/mA) Drift c/ Tempo (10-6/1000h) Drift Térmico (10- 6/K) Regulação (V) (10-6/V) Regulação (I) (10-6/mA) Ruído (μVpp) (0,1- 10Hz) AD581L LM399A LT1021A MAX671C REF10A REF102C 10/10 6,95/10 10/10 10/10 10/20 10/10 25 20 15 50 50 5 5 0,6 2 1 8,5 2,5 50 10 4 50 100 100 50 3 25 1 800 10 40 6 6 50 30 5 Seleção de componentes do livro Sensors and Signal Conditioning Uma lista de referências fabricadas pela Linear Technology pode ser obtida no seu AN42 – Voltage Reference Circuit Collection. Instrumentação e Técnicas de Medida – UFRJ, 2013/1 28