o congresso de viena e a santa aliança

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INSTITUTO GAYLUSSAC
Professor: Lincoln Marques
O CONGRESSO DE VIENA E A SANTA ALIANÇA
O CONGRESSO DE VIENA E SEU SIGNIFICADO
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A expansão das guerras napoleônicas representou o principal desafio lançado ao sistema de equilíbrio
europeu que caracterizou as relações internacionais nos séculos XVII e XVIII. Tal processo
expansionista significou o lado extremo das pretensões hegemônicas francesas.
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Mesmo definitivamente afastada a ameaça napoleônica, tornou-se necessário, para os reinos de
tradição absolutista, conter as idéias revolucionárias que ganharam fôlego na era napoleônica, visto
que, a expansão dos ideais revolucionários (liberalismo) respondia, em grande medida, a aspirações
sociais e políticas de vários povos europeus.
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O Tratado de Paris, assinado em 30 de maio de 1814, termina a guerra entre a França e a Sexta
Coligação, composta por Reino Unido, Rússia, Áustria, Suécia e Prússia. Ele também forçou a
abdicação de Napoleão I, que foi enviado em exílio para a ilha de Elba.
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Os representantes das potências que derrotaram a França reuniram-se em Viena, entre o final de
1814 e o início de 1815, com o objetivo de resolver as questões emergenciais do pós-guerra, como
também para decidir sobre o novo arranjo de poder que passaria a nortear as relações
internacionais.
IMPORTANTE: O Congresso de Viena reuniu-se de setembro de 1814, depois da primeira
abdicação de Napoleão, a junho de 1815. Não se dissolveu, portanto, durante a restauração
de cem dias do Império (Napoleão entra em Paris após escapar de seu exílio em Elba,
começando seu Governo dos Cem Dias, de 20 de março a 22 de junho de 1815).
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Os trabalhos realizados em Viena apresentavam como principais eixos norteadores: 1)
reinserir nas relações internacionais o princípio da legitimidade dinástica; 2) assegurar o
direito de intervenção para coibir o avanço dos ideais revolucionários; 3) criar mecanismos
para se evitar doravante os exercícios de hegemonia individual (princípio do equilíbrio de
poder).
Principais Decisões do Congresso:
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Compensações territoriais, produzindo um novo mapa da Europa: 1) A França saiu do
Congresso com um território um pouco maior do que o que possuía antes da Revolução. 2) A
Holanda anexou a Bélgica, como mecanismo para se prevenirem contra um eventual
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ressurgimento da hegemonia francesa. 3) A Prússia obteve a Renânia e parte da Saxônia. 4) A
Rússia obteve a Finlândia e uma parte expressiva dos territórios da Polônia. 5) A parte do
norte da Itália foi devolvida à Áustria. 6) A Inglaterra obtinha bases navais estratégicas no
mar do Norte, no Mediterrâneo e no Índico. 7) A Suécia incorporava a Noruega.
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O Congresso estabeleceu também a Confederação Germânica, reunindo 38 Estados soberanos.
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Todas as dinastias depostas ou ameaçadas pela revolução e pelas guerras napoleônicas foram
restauradas. Ex: França (Luis XVIII), Espanha (Fernando VII), Portugal (João VI).
IMPORTANTE: O sistema internacional que então emergia e que se desenvolveu nos anos
seguintes tinha características peculiares: consagrou uma nova ordem política européia,
sustentada pela Inglaterra e pela França (as ditas potências “liberais”) e pela Prússia,
Áustria e Rússia (as ditas potências conservadoras ou absolutistas). Outra característica da
nova ordem que se construiu em 1815 foi a ausência de guerras prolongadas entre grandes
potências, ainda que alguns conflitos regionais limitados tenham eclodido no período,
como a guerra entre a França e a Áustria de 1859, a Guerra da Criméia (1854-1856) entre
Rússia e coligação Anglo Franco Sarda e as guerras de unificação alemã nos anos de 1860.
Por outro lado, as guerras de conquista coloniais travadas, em geral, para dar espaço à
expansão imperialista européia, caracterizaram melhor os conflitos militares no grande
período da ordem de Viena.
A SANTA ALIANÇA
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A proposta que deu origem à Santa Aliança partiu do czar Alexandre I da Rússia. Em 26 de
setembro de 1815 o czar, o imperador Francisco I da Áustria e o rei Frederico Guilherme III da
Prússia assinaram esse tratado "em nome da Santíssima Trindade"; e, "segundo as regras da
caridade cristã". Esse compromisso de caráter conservador previa o "direito de intervenção"
contra qualquer manifestação nacionalista ou liberal.
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O chanceler austríaco Klemens Metternich deu à Santa Aliança as suas diretrizes: ela ficou sendo
o instrumento da reação européia para manter a França sob vigilância, reprimir os possíveis
movimentos revolucionários e liberais que viessem a surgir em qualquer ponto da Europa, e
abafar qualquer movimento de caráter separatista (de independência) ou nacional.
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A Inglaterra, por seu turno, viu na proposta reacionária do pacto da Santa Aliança uma
limitação potencial dos seus interesses políticos e econômicos em médio prazo, e propôs, em
alternativa, o pacto da Quádrupla Aliança, que foi firmado em 20 de novembro de 1815.
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A SUPREMACIA BRITÂNICA
A Inglaterra, após o “turbilhão” napoleônico, tornara-se entre as grandes potências do sistema,
sem dúvida, a “primeira potência”, pois, tinha mais poder e maior capacidade de ação do que as
demais. Aprendera a enxergar o equilíbrio diplomático europeu com os olhos de uma potência
global, preocupando-se com a sua própria expansão econômica em escala mundial, enquanto
as demais potências permaneceram obcecadas com a lógica das compensações territoriais na
Europa.
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A Inglaterra predominava, por volta do início do século XIX, no comércio internacional como
um país muito à frente das demais potências no processo de industrialização.
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O país tornou-se o centro do crescimento de uma economia global integrada a partir da
década de 1840, incorporando gradualmente as demais regiões do planeta em uma rede
comercial e financeira, integrada pelas melhorias crescentes dos transportes e das
comunicações transoceânicas, o que se deu em paralelo com a expansão do liberalismo
econômico e do neocolonialismo.
IMPORTANTE: Cabe destacar que o princípio de “equilíbrio de poder” resultante do
Congresso de Viena aplicava-se apenas no que se referia às questões internas da Europa,
pois, no nível internacional a posição hegemônica da Inglaterra era inconteste. Tal posição
britânica foi mantida até o final do seu período de apogeu econômico, ou seja, até o início da
década de 1870, quando teve início a grande depressão econômica.
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