UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Enfermagem Josilene Aparecida Dos Santos Vanilde de Almeida Carvalho Canno CONHECIMENTO DE MULHERES UNIVERSITÁRIAS EM RELAÇÃO À IMPORTÂNCIA DO EXAME CITOPATOLÓGICO DE PAPANICOLAOU LINS–SP 2014 Josilene Aparecida Dos Santos Vanilde de Almeida Carvalho Canno CONHECIMENTO DE MULHERES UNIVERSITÁRIAS EM RELAÇÃO À IMPORTÂNCIA DO EXAME CITOPATOLÓGICO DE PAPANICOLAOU Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Enfermagem sob a orientação da Profª Ma. Taís Fernanda Maimoni Contieri Santana e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni. LINS – SP 2014 Santos, Josilene Aparecida. Canno, Vanilde de Almeida Carvalho Canno. Conhecimento de universitárias em relação a importância do S235c exame citopatológico de Papanicolaou / Josilene Aparecida dos Santos; Vanilde Rodrigo Luis Antonio. – – Lins, 2014. 98p. il. 31cm. Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Enfermagem, 2014. Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Taís Fernanda Maimoni Contieri Santana 1. Saúde da Mulher. 2. Exame Citopatologico de Papanicolaou. 3. Neoplasia do Colo Uterino. I Título. CDU 616-083 Josilene Aparecida Dos Santos Vanilde de Almeida Carvalho Canno CONHECIMENTO DE MULHERES UNIVERSITÁRIAS EM RELAÇÃO À IMPORTÂNCIA DO EXAME CITOPATOLÓGICO DE PAPANICOLAOU Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Auxilium, para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Aprovado em: _____/_____/_________ Banca Examinadora: Prof (a) Orientadora:Taís Fernanda Maimoni Contieri Santana Titulação: Mestre em Enfermagem pela UNESP de Botucatu. Enfermeira, Especialista em Saúde Mental. Assinatura:___________________________ 1ºProf Daniela da Silva Garcia__________________________________________ Titulação: Mestrado em Enfermagem_pela universidade de Guarulhos__________ Assinatura:___________________________ 2ºProf Fabiana Aparecida Monção Fidelis__________________________________ Titulação: Pós graduação em Administração dos Serviços de Saúde pela Unaerp de Ribeirão Preto Assinatura:__________________________ “O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.” Eleanor Roosevel Dedico este trabalho a Deus por mais esse sonho realizado, aos meus pais que mais do que me proporcionaram uma boa infância e vida acadêmica, formaram os fundamentos do meu caráter, obrigada por serem a minha referência de tantas maneiras. Josilene Agradeço... ...A vocês, queridos pais, o meu eterno agradecimento. Vocês são responsáveis por este momento tão marcante em minha vida. Por sua dedicação, pelo amor que me fez mais forte, fazendo entender que sou capaz de ir mais além. A vocês que desde o começo acreditaram, incentivando - me sempre a busca de novos conhecimentos, apoiando-me em minhas escolhas. Esta vitória também é de vocês. ...A todos da minha família que acreditaram em mim e que de alguma forma, incentivaram-me e contribuíram na constante busca pelo conhecimento. ...A uma pessoa especial que mesmo longe se faz presente, obrigada pelos conselhos, conversas, incentivo, preocupação, pelo carinho, obrigada por fazer parte de mais uma conquista especial em minha vida. A você, o meu muito obrigada, mesmo ciente de que quaisquer que sejam minhas palavras, jamais conseguirão expressar toda a minha admiração por ti. Obrigada Michel. ...As amigas e amigos por compreenderem meu sumiço, mas que sempre tiveram por perto dispostos a me ajudar, ouvindo minhas angústias e dividindo momentos alegres, Deus na sua infinita sabedoria cruzou nossos caminhos, possibilitando estas amizades sinceras, e verdadeiras. Sou muito grata por tê-los presente em minha vida. ...A minha turma de graduação, pela diversão, pelo aprendizado, pela convivência que auxiliou no meu amadurecimento e crescimento pessoal. Pessoas amigas, colegas, que durante esses anos de faculdade foram minha segunda família, dividindo sonhos, sorrisos e lágrimas...Obrigada sempre os levarei em minha memória. ...Em especial as minhas admiráveis amigas e companheiras da faculdade e estágio Mirelli e Verônica “Um sentimento natural, Que acontece com razão, É Deus quem escolhe, Quem vai se dar bem, A caminhada é igual, Seguindo a mesma direção, Pensando juntos nós vamos além, Lágrimas na vitória, Sempre na derrota ou glória, É luz na escuridão, Somos um só coração, Sempre vivo na memória, Faz parte da minha história, Nada vai nos separar, A amizade é tudo!, É se dar sem esperar ,Nada em troca dessa união, É ter alguém pra contar, Na indecisão, Nunca se desesperar, Sempre ali pra estender a mão, Maior valor não há, É feito irmão...Meus sinceros agradecimentos por tudo, foi um prazer dividir e compartilhar com vocês esses anos! ...A minha parceira de Monografia Vanilde, compartilhar com você esse momento tão importante é indescritível, mas saiba que sou muito grata pela paciência, companheirismo, dedicação, por tudo. Essa vitória é nossa!!“Quando o sorriso de um amigo lhe fizer feliz, você saberá que tornou-se amigo de verdade”. Meus sinceros agradecimentos e votos que seu futuro seja esplêndido. ...Agradeço a todos os professores por me proporcionar o conhecimento não apenas racional, mas a manifestação do caráter e afetividade da educação no processo de formação profissional, por toda dedicação. A palavra mestre, nunca fará jus aos professores dedicados aos quais terão sempre os meu eterno agradecimentos. Muito obrigada a todos! Agradeço a todos que direto ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigada. ...Agradeço imensamente a nossa ilustre orientadora Taís Por fazer do aprendizado não somente um trabalho, mas um contentamento. Por fazer com que nos sentíssemos pessoas de valor. Por nos ajudar a descobrir o que fazer de melhor e, assim, fazê-lo cada vez melhor. Obrigada por afastar o medo das coisas que pudéssemos não compreender, levando-nos, por fim, a compreendê-las. Obrigada por todo apoio, paciência e dedicação. Por ser pessoa digna de nossa total confiança e a quem podemos recorrer quando a vida se mostrar difícil. Obrigada por nos convencerem de que éramos melhores do que suspeitávamos. ...A nossa orientadora técnica Jovira obrigada pela paciência, orientações, ensinamentos durante esses anos. ...E finalmente agradeço a Deus por me proporcionar este momento junto dessas pessoas que tornaram minha vida mais afetuosa, além de ter me dado uma família maravilhosa e amigos verdadeiros. Agradeço-te por nunca me deixar esquecer de que mesmo em meio aos desertos, sou uma de suas favoritas. Deus que a mim atribuiu alma e missões pelas quais já sabia que eu iria batalhar e vencer, agradecer é pouco, por isso lutar, conquistar, vencer e ate mesmo cair e perder, o principal éviver, este é meu modo de agradecer sempre. Josilene Dedico a Deus, primeiramente, por ter me dado força durante esses cinco anos de curso, em. Por ter me iluminado nas decisões mais difíceis e por ter me guiado ao longo do curso. Ao meu marido, Idílio Miguel Carvalho Canno, pelo amor e compreensão sempre, me deixando mais tranquila nos momentos mais difíceis do curso. Dando-me apoio para seguir em busca de meus objetivos. A minha amiga Josilene, por todo o apoio, compreensão e carinho, sem os quais não teria concluído este projeto. VANILDE Agradeço... ...Primeiramente a Deus pela minha vida, força e graça concebida. ...Ao meu amor amigo e companheiro, Idílio, que colaborou infinitamente com a conclusão deste trabalho e curso. Esteve sempre presente, em todos os momentos ouvindo minhas dificuldades e preocupações. Obrigada pela compreensão, dedicação, carinho e auxilio. Amo você! ...Agradeço aos meus pais, meus primeiros mestres, Normindo e Wanderlina, por fazerem parte desta conquista e dividirem comigo as saudades e ausências da distancia que precisamos enfrentar. ...Aos meus filhos Alex e Álef, para que eles possam encontrar na sua trajetória de vida, um caminho que possa ser trilhado com amor e respeito. ...Aos meus enteados Idílio Junior e Ricardo por fazerem parte da minha vida neste meu trajeto tão importante. ... A minha neta Julia que muitas vezes escutou de mim estou muito ocupada com a faculdade, obrigada minha princesa por estar comigo neste longo percurso. ...A amiga Josilene que estive presente nos dias difíceis da nossa graduação, dividindo os problemas, as alegrias e colaborando com a conclusão dessa etapa da minha vida. ...À minha orientadora Taís Fernanda Maimoni Contieri Santana, pela sua disponibilidade, mesmo em período de férias, e incentivo que foram fundamentais para realizar e prosseguir este estudo. Saliento o apoio incondicional prestado, a forma interessada, extraordinária e pertinente como acompanhou a realização deste trabalho. As suas críticas construtivas, as discussões e reflexões foram fundamentais ao longo de todo o percurso. Não posso esquecer a sua grande contribuição para o meu crescimento. Eternamente grata por todo o apoio, pelos ensinamentos e dedicação durante esse ultimo ano que trabalhamos juntas. ...Aos profissionais e pacientes, que muito contribuirão com minha formação. ...Agradeço a nossa orientadora técnica Jovira obrigada pela paciência, orientações, ensinamentos durante esses anos. ...Agradeço a minha família obrigada por dar-me este grande exemplo de honestidade, caráter, hombridade e valor. Só vocês entendem o meu objetivo, o sumiço, a falta de tempo, o cansaço, a necessidade de isolamento. ...Aos docentes do curso de Enfermagem, pela convivência harmoniosa, pelas trocas de conhecimento e experiências que foram tão importantes na minha vida acadêmica/pessoal. E contribuíram para o meu novo olhar profissional. ... Especialmente aos docentes de estágio supervisionado Ludmila, Viviane e Paulo ao apoio, incentivos constantes e principalmente pelo carinho e companheirismo nos momentos em que a tarefa parecia grande, pesada demais, quase impossível, pude compartilhar de minhas angustias, inquietações e ansiedades. Obrigada! ...A todos os meus colegas do curso de Enfermagem, que de alguma maneira tornaram minha vida acadêmica cada dia mais desafiante. Peço a Deus que os abençõe grandiosamente, preenchendo seus caminhos com muita paz, amor, saúde e prosperidade. ...As minhas amigas de estagio Larissa, Luana, Hemilaine, Maria Helena e Janaína pela convivência harmoniosa, pelas trocas de conhecimento e experiências que foram tão importantes na minha vida acadêmica/pessoal. E contribuíram para o meu crescimento profissional. Obrigada! ... A todos os funcionários do Unisalesiano que de uma maneira ou de outra contribuíram este momento que me estimulou e fez-me acreditar mais ainda “de que nada é impossível”. Muito Obrigada! Vanilde RESUMO O exame de Papanicolau é um método eficiente e barato para a prevenção do câncer de colo uterino, sendo este o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sua prevenção está baseada no rastreamento da população feminina por meio da detecção precoce de lesões pré-cancerosas, no diagnóstico exato do grau da lesão e no tratamento. Neste contexto realizou-se uma pesquisa de abordagem quantitativa tendo como objetivo principal investigar o conhecimento das mulheres universitárias, de uma Universidade privada do município de Lins/SP, em idade fértil, quanto á importância da realização e do resultado do exame de Papanicolau. Utilizou-se para tal, a aplicação de questionário estruturado no mês de setembro de 2014. Os resultados apontaram para enfatiza sobre o câncer uterino e sua prevenção, discorre sobre a importância e vantagens do diagnostico precoce, e ainda da importância do incentivo por parte dos profissionais da área da saúde para que eles possam orientá-las e incentiva-las, pois somente com a realização periódica do exame podemos reduzir a mortalidade por câncer de colo uterino. Palavras-chave :Saúde da Mulher. Exame Citopatologico de Papanicolau. Neoplasia do Colo Uterino. ABSTRACT The papanicolau examination is an eficient and inexpensive method for the prevention of cervical cancer,this being the second type of cancer more common among women,this prevention is based on the tracking of the female population through early detection of initial cancer,the exact diagnosis of the degree of injury and treatment. In this context, a research conducted a quantitative approach with the main objective to investigate the knowledge of university women, a private university of lins/SP, in fertile age, as to the importance of the conduct and outcome of the papanicolau test. We used to do this, the application of a structured questionnaire in September 2014. The results pointed out the lack of university women regarding the realization of the Pap smear in relation to pre-examination care and the factors that lead to its realization. Thus further research is needed on this subject that emphasize on uterine cancer and its prevention, talks about the importance and benefits of early diagnosis, encourage professional health care so that they can mentor them and encourage them to realization only then will it reduce mortality from cervical cancer. Keywords: Woman’s Health. Cytopathplogic Papanicolau examination. Uterine Cervical Neoplasms. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Parto Normal......................................................................................... 20 Figura 2: Expulsão da Placenta........................................................................... 20 Figura 3: Genitália Feminina Externa.................................................................. 21 Figura 4: Estruturas da Mama............................................................................. 22 Figura 5: Estruturas Internas do Sistema Reprodutor Feminino......................... 23 Figura 6: Estrutura Feminina Interna.................................................................. 26 Figura 7: Ciclo Hormonal.................................................................................... 29 Figura 8: Ovário.................................................................................................. 30 Figura 9: Anatomia Reprodutora......................................................................... 31 Figura 10: Colo do Útero..................................................................................... 32 Figura 11: Técnica para Exame da Vagina e da Cérvice com Especulo............ 56 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Estimativas de novos casos de câncer 2014/2015 INCA.................... 36 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Quantidade de mulheres entrevistadas em função da respectiva idade. Tabela 02: Estado civil das mulheres entrevistadas. Tabela 03: Número de filhos por mulheres Tabela 04: Mostra a renda familiar das mulheres entrevistadas em relação ao salário mínimo Tabela 05: Relação entre mulheres x plano de saúde Tabela 06: Mostra a natureza do conhecimento das mulheres entrevistadas sobre o exame Papanicolau Tabela 07: Mostra indicativos patológicos que o exame Papanicolau aponta nos respectivos percentuais de resposta adquiridas. Tabela 08: Mostra tipos de resposta que os entrevistados apontam quanto aos cuidados antes da realização do exame Papanicolaou Tabela 09: Mostra respostas obtidas quanto à frequência para a realização do exame Papanicolau. Tabela 10: Mostra indicativos múltiplos que levam as mulheres a não realizarem o exame Papanicolau Tabela 11: Mostra as ações realizadas pelas mulheres após realização do exame. SIGLAS E ABREVEATURAS CIPD - População e Desenvolvimento das Nações Unidas DNA - Ácido Desoxirribonucleico DST- Doença Sexualmente Transmissível FIGO - Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia FSH- Hormônio Folículo Estimulante GnRH - Hormônio gonadotrófico HPV – Papilomavírus Humano INCA - Instituto Nacional de Câncer LH - Hormônio Luteinizante MS – Ministério da Saúde NIC - Neoplasia Intraepitelial Cervical OMS - Organização Mundial da Saúde PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher PNAISM - Política Nacional de Assistência à Saúde da Mulher RN- Recém Nascido SISCOLO - Controle do Câncer de Colo Uterino SUS - Sistema Único de Saúde SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................... 18 CAPÍTULO I – SISTEMA REPRODUTOR FEMININO....................................... 21 1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO........................................................................................................... 21 1.1 Características Anatômicas...................................................................... 24 1.2 Características Fisiológicas...................................................................... 27 1.3 Ciclo menstrual......................................................................................... 31 CAPÍTULO II - O CÂNCER DE COLO ÚTERO.................................................. 33 2 COLO DO ÚTERO.................................................................................... 33 2.1 Câncer....................................................................................................... 34 2.2 Câncer de colo uterino............................................................................... 39 2.3 Fatores Predisponentes............................................................................. 42 2.4 Prevenção e Tratamento............................................................................ 44 CAPÍTULO III - OS PROGRAMAS DE SAÚDEDE ATENÇÃO ÀSAÚDE DA MULHER........................................................................................................ 47 3 CONCEITO................................................................................................ 47 3.1 Programa de prevenção ao câncer de colo uterino................................... 51 3.2 Vacina contra o HPV como dispositivo de prevenção............................... 54 3.3 Exame Papanicolau como dispositivo de prevenção................................ 55 CAPÍTULO IV - ESTUDO DE CASO................................................................... 60 4.1 Pesquisa.................................................................................................... 60 4.2 Resultado e discussão............................................................................... 60 CONCLUSÃO...................................................................................................... 71 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO........................................................................ 72 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 73 APÊNDICE .......................................................................................................... 80 APÊNDICE B....................................................................................................... 82 ANEXOS ............................................................................................................ 88 19 INTRODUÇÃO O câncer de colo uterino (CCU) é uma doença de grande relevância mundial, sendo a mais comum em mulheres de algumas regiões, aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo. Segundo o INCA (2011), apenas em 2010, o CCU foi responsável por mais de 200 mil mortes no mundo, a maioria tendo ocorrido em países menos desenvolvidos. No Brasil, representa o segundo tumor mais frequente entre as mulheres. São estimados 17.540 casos novos de CCU em 2012, correspondendo a uma taxa de 17 casos por 100 mil mulheres. Uma boa rastreabilidade citológica, atrelada ao tratamento adequado pode contribuir significativamente na redução do câncer uterino. As diretrizes para o rastreamento do câncer de colo do útero recomendam a realização do exame citopatológico anualmente em mulheres com faixa etária entre 25 a 64 anos. O método principal e mais amplamente utilizado para rastreamento do câncer do colo do útero é o teste de Papanicolaou (exame citopatológico do colo do útero). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com uma cobertura da população-alvo de, no mínimo, 80% e a garantia de diagnóstico e tratamento adequados dos casos alterados, é possível reduzir, em média, de 60 a 90% a incidência do câncer cervical invasivo. A experiência de alguns países desenvolvidos mostra que a incidência do câncer do colo do útero foi reduzida em torno de 80%, sendo que o rastreamento citológico foi implantado com qualidade, cobertura, tratamento e seguimento das mulheres (W.H.O). Considerado um problema de saúde pública no Brasil, o câncer de colo de útero apresenta elevada taxa de incidência e mortalidade, contudo ele pode ser diminuído ou até mesmo curado se diagnosticado no início e, para isso, conta-se com a ajuda do programa Viva Mulher, criado em 1997, pelo Ministério da Saúde (M.S), que tem como objetivo reduzir a mortalidade e as consequências psicossociais que o câncer de colo de útero pode causar às mulheres brasileiras. Hoje, este programa já está presente em todas as 27 Unidades da Federação (BRASIL, 2011). O exame de papanicolau permite não só o diagnóstico de células alteradas para câncer, mas também outras enfermidades que acometem as mulheres. Muito se pondera sobre os motivos que levam as mulheres a não 20 realizarem ou até mesmo a nunca terem realizado este exame e sobre o desconhecimento de sua importância. Diante disso, as respostas, em sua maioria, são sempre as mesmas: alegam desconhecer o câncer, a importância da técnica de prevenção, referem-se ao medo da realização e do resultado do exame, vergonha, constrangimento, empregos e filhos, que dificultam a busca do atendimento em virtude do horário e ainda há os valores culturais que dificultam essa prática. Felizmente, é possível reduzir essas mortes com o exame de Papanicolau, que é o método mais indicado de prevenção que, por meio de esfregaço, detecta células precursoras do câncer de colo uterino. O exame de Papanicolau, embora acessível no Sistema Único de Saúde (SUS), parece distante da vivência de algumas mulheres (SILVIA et al, 2011). A detecção precoce de lesões pré-invasivas é, consequentemente, instrumento essencial para a diminuição da mortalidade por essa patologia, pois a curabilidade pode chegar a 100% e, na maioria das vezes, a resolução ocorrerá em nível ambulatorial (SILVIA et al, 2008 apud MATÃO et al, 2011) o que corrobora diante do conceito de que quase todas as mortes por câncer de cervical poderiam ser evitadas, se as mulheres e os profissionais de saúde aderissem às recomendações de rastreio e acompanhamento da patologia. (NELSON et al, 2009). Diante do exposto, surge o seguinte questionamento: Quais as razões para a baixa adesão de mulheres ao Papanicolau e por quais motivos, quando o realizam, não retornam ao resultado? Enquanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda cobertura de 85% da população feminina de risco, no Brasil não se ultrapassam tímidos 8% das mulheres com idade superior a 20 anos. (DAVIM et al, 2005 apud MATÃO, et al, 2011). Entretanto este problema está longe de ser resolvido, pois, dentro desta prática preventiva de saúde, muitas mulheres não realizam o exame periodicamente, fazendo apenas quando, na vigência de algum sintoma, dificultando assim o tratamento que, em muitos casos, não obtém o sucesso esperado. Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como objetivo investigar o conhecimento das mulheres em idade fértil, quanto à importância da realização e do resultado do exame de Papanicolau, relacionando-o com a baixa adesão. Tem como contribuição o aumento da demanda à realização do exame citopatológico, retornos frequentes ao resultado, bem como o incentivo às atividades de extensão dentro da 21 própria Universidade, para prevenção do câncer de colo uterino. Por fim estimular a educação em saúde e intensificar as políticas de atenção à saúde da mulher. Para demonstrar a veracidade ou não desses pressupostos, realizou-se uma pesquisa de campo, cujas técnicas e instrumentos são apresentados no capítulo IV. No Capítulo I, foi abordado o conhecimento sobre o Sistema Reprodutor Feminino, apresentando definições, conceitos, anatomia e a fisiologia do Sistema. O Capítulo II, versou sobre o Câncer de Colo Uterino, seu conceito, os fatores predisponentes e associados, prevenção e tratamento. No Capítulo III, apresentaram-se os Programas de Atenção à Saúde da Mulher, conceito, finalidade, funcionamento, legislação, um breve enfoque sobre o HPV e o exame citopatológico de Papanicolaou. Finalizando, o Capítulo IV abordou, por meio dos métodos, técnicas, instrumentos, a comprovação ou refutação da hipótese inicial do trabalho de pesquisa. Neste capítulo, foram apresentados os resultados dos dados estatísticos em forma de tabelas para análise do conteúdo e uma melhor visualização dos dados e suas relações com o tema. Para fechar as cortinas, espera-se que este estudo venha inquietar, por meio de suas proposições, o desenvolvimento de novos trabalhos e pesquisas nessa aérea, ainda carente por pesquisas. 22 CAPÍTULO I SISTEMA REPRODUTOR FEMININO 1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR FEMININO O organismo humano é constituído por estruturas que têm características peculiares e funções distintas, porém que dependem uma das outras para um sucesso orgânico e fisiológico. Nessa estrutura, cada órgão ou sistema do corpo humano têm suas atividades respectivas. É constituído por diversas partes que são inter-relacionadas, ou seja, uma depende da outra. Cada sistema é responsável por uma ou mais atividades. O sistema reprodutor feminino é formado pela vulva, vagina, útero, ovários, trompas e mamas. A vulva é o conjunto dos órgãos genitais externos da mulher. A vagina é um canal com revestimento fibromuscular, pelo qual escoa a menstruação e recebe o sêmen. O útero é dividido em duas partes: o colo, localizado no alto da vagina e o corpo, que dá origem à menstruação. As células reprodutoras secretam os hormônios estrógeno e progesterona. As Trompas de Falópio ligam os ovários ao útero. “O sistema reprodutor feminino consiste em estruturas pélvicas externas e internas, tem como principais funções produzir óvulos, secretar hormônios, nutrir e proteger o desenvolvimento do bebê durante os nove meses de gestação.” (BRUNNER & SUDDARTH, 2011, p. 1403) Sendo também responsável em cumprir diversos papéis importantes o sistema reprodutor feminino fornece local apropriado para a ocorrência da fecundação, o óvulo liberado entra na tuba uterina ou trompa de Falópio, em cujo terço superior deve ser fecundado pelos espermatozóides. Estes, ao serem lançados na vagina, nadam através do útero até a trompa. Um deles fertiliza o óvulo. A célula-ovo ou zigoto, assim formado, percorre a trompa até alcançar o útero, onde vai nidificar. A passagem do ovo pela trompa demora, normalmente, 04 ou 05 dias, tempo em que o zigoto já inicia suas primeiras divisões celulares, dando origem aos primeiros estádios embrionários. A parede muscular espessa do útero é chamada miométrio. Trata-se de um revestimento interno, intensamente vascularizado para aninhar o embrião, 23 chamado endométrio. A manutenção dessa vascularização durante toda a gravidez é garantida pela progesterona. Na gravidez, o contato mãe-feto se faz por um órgão chamado placenta, através da qual ocorre, por difusão, a passagem de alimentos, oxigênio e excreções, além de anticorpos. O hormônio oxitocina desempenha um papel importantíssimo na contração do útero, para a expulsão do feto, mostrado na figura 1. Após o nascimento do recém-nascido, ocorre a expulsão da placenta exemplificada na figura 2. Figura 1: Parto normal Fonte: blogspot, 2013 1 Figura 2: Expulsão da placenta Fonte: Youtube, 2013 2 1 http://fecundacion-embarazo-parto.blogspot.com.br/2013/01/fecundacion-embarazo-y-parto.html Acesso em 03/06/2014 2 http://www.youtube.com/Alumbramiento Placenta. Acesso em 03/06/2014 24 Pode ser observado que o aparelho genital feminino tem uma complexidade, tanto de estruturas como de função, assumindo características específicas nos diversos ciclos de vida da mulher. O aparelho genital é a parte terminal dos aparelhos digestivos e urinário estão alojados numa cavidade osteomuscular e fascial denominada pelve ou bacia. A pelve é constituída por dois ossos ilíacos unidos anteriormente entre si, através da síntese pubiana e posteriormente, pelo sacro, que também esta unida ao cóccix. A pelve maior pertence à região abdominal, a abertura inferior da pelve óssea encontra-se preenchida por um conjunto muscular e fascial denominado períneo. A escavação pélvica ou pelve menor cumpre uma missão protetora para a genitália interna ao mesmo tempo, graças à sua versatilidade, permite as importantes funções da cópula e da parturição. (HALBE, 2000, p. 350) Como define Brunner; Suddarth (2011, p. 1403), “a genitália externa (a vulva) inclui duas pregas teciduais espessas, chamadas de grandes lábios, e dois lábios menores de tecido delicado, denominados pequenos lábios”. As porções superiores dos pequenos lábios unem-se, formando uma cobertura parcial para o clitóris, um órgão altamente sensível, composto de tecido erétil. Entre os pequenos lábios, abaixo e posterior ao clitóris, está o meato urinário, a abertura externa da uretra feminina, que tem aproximadamente 03 cm de comprimento. Abaixo desse orifício, encontra-se uma abertura maior, o orifício ou intróito vaginal como mostra a figura 3. Em cada lado do orifício vaginal, encontra-se uma glândula vestibular (de Bartholin), uma estrutura com tamanho de um caroço de feijão que desemboca sua secreção mucosa através de um pequeno ducto. A abertura do ducto localiza-se dentro dos pequenos lábios, extremamente ao hímen. A área entre a vagina e o reto é chamada de períneo. Figura 3: Genitália feminina externa Fonte: Brunner & Suddarth, 2011. 25 Segundo o mesmo autor (2011), consideram-se ainda as glândulas mamárias como parte do sistema reprodutor feminino durante a gravidez e a lactação. Estas glândulas estão localizadas entre a segunda e a sexta costelas, sobre o músculo peitoral, desde o esterno ate a linha axilar media. Uma área de tecido mamário, chamado de cauda de Spence, estende-se para dentro da axila. Faixas fasciais, chamadas de ligamentos de Cooper, sustentam a mama sobre a parede torácica. A prega inframamária é uma crista de tecido adiposo na parte inferior da mama. De acordo com Brunner; Suddarth (2011), cada mama contém 12 a 20 lobos em forma de cone, os quais são constituídos de elementos glandulares (lóbulos ductos) e separados por tecido adiposo e tecido fibroso, que mantêm os lobos juntos. A figura 4 mostra a anatomia da mama totalmente desenvolvida. O leite é produzido nos lóbulos e, em seguida, é carregado através dos ductos até o mamilo. O colostro é a primeira secreção láctea produzida pelo seio materno, podendo ter uma coloração translúcida (transparente) ou amarelada. Por meio do colostro, a mãe transfere anticorpos para o recém-nascido. Figura 4: Estruturas da mama Fonte: Brunner; Suddarth, 2011. 1.1 Características Anatômicas O sistema reprodutor feminino é constituído de vários órgãos, conforme o que se descreve a seguir. As estruturas internas consistem na vagina, útero, ovários e 26 tubas uterinas, colo, corpo istmo exposto na figura 5. Figura 5: Estruturas internas do sistema reprodutor feminino Fonte: Brunner; Suddarth, 2011. Ovários: localizam-se na parte inferior da cavidade abdominal, um de cada lado do útero e abaixo das tubas uterinas, são duas gônadas sexuais femininas e estão envolvidos por um tecido conjuntivo denso. Possuem de 2,5 a 03 cm de comprimento; 1,4 a 1,6 cm de largura e 01 a 1,2 cm de espessura. A região cortical é responsável pela cor esbranquiçada do ovário, e revestido, em parte, por um epitélio simples que abriga os folículos ovarianos. A região medular é composta de tecido conjuntivo e fibras elásticas e abriga os resquícios embrionários. Contém vasos, linfócitos e nervos. Os ovários e as tubas uterinas em conjunto são referidos como anexos. Produzem óvulos e hormônios sexuais femininos: estrógenos e progesterona. Tuba uterina: são tubos musculares e flexíveis que se comunicam a cavidade peritoneal com a cavidade do útero para transportar os óvulos. Os espermatozóides que atravessam a vagina passam pela parede uterina pra atingir o óvulo, consequentemente pode ocorrer a fecundação. Cada tuba uterina tem aproximadamente 10 cm. Útero: é um órgão oco de paredes musculares grossas e contráteis que possui formato de pêra invertida de dimensão externas variáveis, entre 6,5 a 7,5 cm de comprimento e 03 a 04 cm de largura está situada entre a bexiga urinária e o reto. Comunica-se por um lado com a tuba uterina e por outro com a vagina. É dividido em quatro partes que são eles: corpo do útero, fundo do útero, istmo e colo 27 do útero. Corpo do útero: tem uma cavidade virtual (cavidade do útero), de forma triangular, que se afunila gradualmente à medida que se aproxima do istmo. Em secção sagital dessa cavidade, observa-se estreitamento dessa região em virtude da parede uterina anterior e posterior estarem quase em contato. Alterações traumáticas, após procedimentos cirúrgicos intempestivos ou processos infecciosos, podem levar à destruição da camada de revestimento dessa cavidade, o endométrio, acarretando na formação de sinéquias, que são, em alguns casos, responsáveis por infertilidade ou amenorréia. Istmo do útero: é uma porção estreita que tem cerca de 01 cm ou menos de comprimento. Essa pequena região é mal delimitada e se situa entre o colo e o corpo do útero. No final da gestação, essa área tem suas dimensões consideravelmente aumentadas, sendo denominado “segmento inferior”, e adquire importância funcional durante o trabalho de parto. Colo do útero: estende-se póstero-inferiormente e apresenta forma cilíndrica, com comprimento variável entre 2,5 e 03 cm. Em sua extremidade superior, tem continuidade com o istmo do útero. A extremidade inferior, cônica, termina fazendo protrusão na porção superior da vagina (porção vaginal do colo). Vagina: conduto muscular membranoso, que se estende desde o colo do útero até a vulva. É muito elástica e está coberta por uma pele fina, com muitas pregas. Anterior a ela, estão à bexiga e a uretra, e, posterior a ela, o reto. Por ela passam os fluxos menstruais e o feto na hora do parto. A entrada da vagina é protegida por uma membrana circular, o hímen, que fecha parcialmente o orifício vulva-vaginal e geralmente se rompe nas primeiras relações sexuais. Tem de 7,5 a 10 cm de comprimento e estende-se para cima e para trás a partir da vulva até a cérvice. Bexiga urinária: mesmo não pertencendo à genitália interna, a bexiga tem uma importância relevante, daí a sua inclusão neste capitulo. A bexiga urinária está atrás do osso pubiano. Devido à ausência da próstata no sistema reprodutor feminino a bexiga fica em nível mais abaixo da pelve. A relação íntima da bexiga com o útero e a vagina é de considerável importância clínica, o ápice da bexiga fica atrás da sínfise pubiana. A base, ou face posterior, está separada do reto pela vagina. A face superior relaciona-se com recesso retrovesical do peritônio e com o corpo do útero. As faces inferolaterais estão 28 relacionadas, anteriormente, com o coxim gorduroso retropubiano, a fáscia retropubiana e, mas lateralmente, com o músculo obturador interno e levantador do ânus. O colo da bexiga repousa sobre a face superior do diafragma urogenital. (HALBE, 2000, p.359) 1.2 Características Fisiológicas Ao se descrever a saúde feminina, há de se identificar alguns fatores importantes não apenas ligados ao fisiológico, mas também às aspirações e sentimentos de satisfazer as necessidades, mudar ou interagir com o ambiente, já que a mulher vem ganhando seu espaço na sociedade não apenas como progenitora, mas como trabalhadora em diversos setores. A saúde da mulher passou por muitas fases, desde a atenção voltada à saúde reprodutiva até a compreensão de aspectos que envolvem doenças e prevenção. Para um melhor esclarecimento sobre a saúde da mulher é necessário adentrar-se ao campo anatômico e fisiológico. Como já foram mencionadas as características anatômicas anteriormente, neste momento será abordada a fisiologia deste sistema. Segundo Di Dio (2002), as mamas são estruturas que se modificam anatomicamente nos diferentes períodos da vida da mulher. Possuem a função de lactação, produzir e secretar o leite sendo o principal nutriente para os recém nascidos, nos primeiros meses de vida e exercem o papel de estética e sexual. As tubas uterinas são responsáveis pelo transporte do óvulo em direção ao útero e proteção dos mesmos. Os ovários produzem os óvulos denominados de gametas femininos, possuem também a função hormonal, produzindo os hormônios sexuais femininos que agirão no controle dos caracteres secundários femininos. Já o útero é o sítio onde ocorre a nidação e a implantação da placenta onde o embrião será sustentado e protegido durante a gestação. Desempenha papel importante na hora do parto juntamente com a vagina. A vagina por sua vez, produz um ambiente de defesa, eliminando secreções uterinas para fora do corpo, sendo responsável pela cópula, recebe o pênis e o sêmen durante a ejaculação, coito e, na gestação, é um caminho para o feto durante o parto. 29 Figura 6: Estrutura feminina interna Fonte:Jornal Saúde, 2003. Os órgãos do sistema genital feminino desempenham as funções de fornecer os gametas femininos, de cópula, de fecundação, de receber alojar e manter o produto conceptual em desenvolvimento e da expulsão no parto. Além disso, as mamas são anexadas a esse sistema devido sua função de lactação para nutrir o lactente. (DI DIO, 2002 p 653) Este sistema foi segmentado em três, sendo os ovários ou gônadas responsáveis por secretar o estrógeno e a progesterona sendo que estes hormônios irão agir em vários órgãos, tais como: o hipotálamo, mamas, útero, ductos mamários e o endométrio. Segundo segmento se compõe pelas vias genitais, sendo a vagina um órgão copulador, que mantém seu ambiente ácido como forma de defesa que na hora do parto, forma o canal do parto junto com o colo do útero dilatado, e, por conseguinte, a vulva que protege o vestíbulo vaginal com sua formação labial junto com o monte da pube, armazena glândulas responsáveis pela lubrificação na hora do ato sexual e as mamas que têm como função principal a lactação, produzir e amamentar o concepto durante os primeiros meses de vida extra-uterina, bem como têm um papel estético e na sexualidade feminina. Órgãos sexuais primários são chamados de gônadas, que na mulher são conhecidos, mais especificamente, como ovário. Os ovários produzem gametas (óvulos), ou ovos, e produzem e secretam hormônios sexuais esteroides. A secreção dos hormônios sexuais femininos na puberdade contribui para o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e provocam as mudanças cíclicas nos órgãos sexuais secundários que são necessárias para a função de reprodução. (GRAAFF, 2003, p. 742) 30 Os órgãos sexuais secundários são conceituados, segundo Graaff (2003), como sendo aquelas estruturas essenciais para o sucesso da fertilização do óvulo, da implantação do blastócitos, do desenvolvimento do embrião e feto, e do parto. Os órgãos sexuais secundários incluem a vagina, os genitais externos, as tubas uterinas, útero e as glândulas mamárias. Hormônios são substâncias produzidas por glândulas e secretadas por tecidos especializados, com funções específicas e difundidos pela corrente sanguínea. (BASTOS, 1998) Hormônio Folículo-Estimulante (FSH): este é secretado pela hipófise gerando a proliferação das células foliculares ovarianas, estimula a secreção de estrógeno, levando as cavidades foliculares a desenvolverem-se e a crescer. Estas glândulas ovarianas produzirão o estrógeno. Hormônio Luteinizante (LH): quando o estrógeno alcança níveis aumentados, estimula por meio do hipotálamo, a secreção do hormônio luteinizante. Assim que este alcança seu pico, o ovário liberara o óvulo, o folículo ovariano então se transforma em corpo lúteo, que é responsável pela produção de progesterona. Estrógeno ou estrogênio é responsável por todo comportamento feminino, ou seja, a feminilidade age também sobre as células em seu crescimento, por induzi-las a se proliferar, atua na anatomia e no comportamento. Durante a puberdade, o estrogênio passa a ser importante na função do ciclo menstrual, sendo que o estradiol é o estrogênio envolvido na menstruação e o androstenediona na menopausa. Existem três estrogênios naturais: o estradiol, estriol e a estrona, que são produzidos pelos folículos ovarianos em maturação, eles atuam estimulando o crescimento do miométrio, preparando-o para o parto. Nas glândulas mamárias, eles agem estimulando o seu crescimento ajudam no relaxamento pélvico, na síntese púbica, para acomodar melhor o útero em expansão e, além disso, estimula a produção de progesterona. Durante a infância, o sistema genital feminino fica inativo e não secreta nenhum hormônio gonadotrópico praticamente. Já na puberdade, como se fosse um relógio biológico, indica que, a partir deste momento, o hipotálamo começa o produzir de forma cíclica os hormônios, inicialmente o FSH que vai agir estimulando as características de vida sexual na menina e, depois, mais tarde, secreta o LH, que agirá no controle do ciclo menstrual na mulher. 31 A puberdade é o início da vida reprodutiva. Na maioria das jovens, ocorre entre as idades de 11 e 16 anos. É a esse tempo que a jovem começa a apresentar os ciclos mensais da secreção de hormônios sexuais, culminando, ao fim de cada mês, na menstruação. (GUYTON; HALL, 2011, p. 509) Localizado na base cerebral, as duas glândulas pertencentes ao sistema endócrino, são responsáveis por toda atividade do sistema reprodutor feminino, sendo que essas glândulas produzem e secretam hormônios que agem diretamente em respectivos órgãos. O hipotálamo é designado a produzir o hormônio gonadotrófico (GnRH) que, por conseguinte, estimulará a adeno-hipófise, assim secretando o LH e FSH que, por sua vez, irão agir sobre as gônadas, favorecendo a produção hormonal de testosterona, estrógeno e progesterona. Para que haja a maturação folicular, é necessário o aumento dos níveis do LH e também do FSH, gerando o estímulo para a maturação folicular e, quando este está em processo de amadurecimento, começa a secretar estrógeno, que por sua vez prepara o útero para acolher o embrião, fazendo assim com que o endométrio fique mais espesso, com mais irrigação sanguínea e com mais muco. No momento em que o folículo se rompe, diminui o nível de estrógeno, e por ele ter ação inibitória sobre o LH e FSH, tem um pico, estimulando a liberação do óvulo no período de 16 a 24 horas depois, formando o corpo lúteo, que irá secretar a progesterona. Quando há fecundação o estrógeno e a progesterona continuam com níveis aumentados, o que irá inibir o hipotálamo e hipófise durante a gestação, mantendo os níveis de LH e FSH baixos, consequentemente a mulher ficará anovulatória neste período. Se não houver fecundação, o óvulo entrará em involução dentro de 72 horas, com os níveis de progesterona e estrógeno caindo, cessa-se o estímulo de manutenção de parede do endométrio, gerando a descamação caracterizada por menstruação. Logo o LH e o FSH, que se encontra em níveis baixos, começam a aumentar novamente, iniciando um ciclo novo. 32 Figura 7: Ciclo hormonal Fonte: Gobbi et al. (2013) (...) o hipotálamo libera a GNRH que estimula a adeno-hipofise; A adeno-hipofise libera pequenas quantidade de FSH e LH; As células foliculares produzem e secretam estrogénio, o estrógeno causa o espessamento do revestimento do útero. No meio do ciclo, uma onda de liberação de LH passa pela adeno-hipofise provocando a ovulação. Células foliculares tornam-se células do corpo lúteo, que secretam estrógeno e progesterona, o estrógeno continua estimulando o desenvolvimento do endométrio, a progesterona estimula o endométrio a se tornar mais glandular e mais vascularizado, o estrógeno e a progesterona inibem a secreção de FSH e LH pelo adeno-hipofise. Se o ovócito não for fertilizado, o corpo lúteo degenera. Quando as concentrações de estrógeno e progesterona diminuem, os vasos sanguíneos da camada basal do endométrio se contraem. A camada funcional do endométrio se desintegra e é eliminada como fluxo menstrual. A adeno-hipofise, que não está mais inibida, secreta novamente FSH e LH. O ciclo se repete. (GRAAFF, 2003, p. 742) 1.3 Ciclo menstrual É denominado de ciclo menstrual o processo de ações hormonais fisiológicas sob influência do estrógeno e progesterona, que ocorre no sistema reprodutor feminino mensalmente. Fase menstrual ou menstruação é caracterizada por uma descarga sangrenta de descamação e eliminação do endométrio, juntamente com o 33 muco que reveste o útero. O sangue é devido ao rompimento dos vasos sanguíneos que irrigam o endométrio, e outras secreções. A menstruação geralmente dura de três a sete dias, dependendo do organismo de cada mulher. O fluído menstrual passa da cavidade do útero, para o canal do útero, seguindo para a vagina e, assim sendo, eliminado para fora do corpo. Na fase proliferativa, que corresponde o período de reconstituição dos vasos sanguíneos e do endométrio durando de nove dias em media, já na fase secretora o endométrio volta a sua espessura normal, ficando preparado para receber o óvulo caso tenha fecundado, não havendo fecundação o endométrio regenera-se iniciando um novo ciclo. Figura 8: Ovário Fonte: Gonçalves, 2006. 34 CAPÍTULO II O CÂNCER DE COLO UTERINO 2 COLO DO ÚTERO O útero é um dos principais órgãos do sistema reprodutor feminino. Apresenta-se em duas partes: o corpo, tendo como função principal dar abrigo ao embrião, onde ele se desenvolverá durante toda gestação e o colo sendo o que liga o útero à vagina. Este é composto por dois tipos principais de células: as escamosas e as colunares. ”O colo do útero apresenta forma cilíndrica, com comprimento variável entre 2,5 e 3 cm. Em sua extremidade superior, tem continuidade com útero. A extremidade inferior, cônica, termina fazendo protrusão na porção superior da vagina (porção vaginal do colo)”. (BRUNNER; SUDDARTH, 2011, p. 1404) O colo do útero é a porção inferior do útero, onde se encontra a abertura do órgão, localizando-se no fundo da vagina. O colo do útero separa os órgãos internos e externos da genitália feminina, estando mais exposta ao risco de doenças e alterações relacionadas ao ato sexual. O colo uterino apresenta formato cilíndrico e possui uma abertura central conhecida como canal cervical, que liga o interior do útero à cavidade vaginal, local no qual ocorre a eliminação do fluxo menstrual e a entrada do esperma. É através do colo uterino que se dá a passagem do feto durante o parto vaginal. Figura 9: Anatomia reprodutora Fonte: Zelmanowicz, 2010. 35 Figura 10: Colo do útero Fonte: Instituto Fernandes Figueira, 1994. 2.1 Câncer Em latim, "câncer" significa caranguejo, essa denominação surgiu entre os gregos, que também designavam o animal e o tumor com a mesma palavra: "karkínos", de onde proveio a denominação “carcinoma”. Segundo Galeno, o legendário médico romano, o nome "câncer" foi dado à doença porque as veias intumescidas que circundam a parte afetada têm a aparência das patas de um caranguejo; outros atribuem o nome a uma metáfora é que o local do tumor é corroído dolorosamente como se um caranguejo o devorasse. (DICIONÁRIO, 2012) “Câncer é o nome genérico dado para um grupo de mais de 100 doenças malignas, tendo como principal característica o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo”. (INCA, 2014) Embora existam muitos tipos de câncer, todos começam devido ao crescimento desordenado (maligno) e fora de controle das células, que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo, o câncer também é conhecido como neoplasia. Este crescimento desordenado acontece devido a uma proliferação anormal de células do tecido, fugindo do controle total ou parcial do organismo com propensão a ter autonomia e se perpetuar, gerando efeitos agressivos sobre o enfermo. Tal acúmulo anormal de células de um tipo especifico pode levar ao impedimento fatal da função dos órgãos 36 ou tecidos afetados, podendo vir de uma proliferação aumentada ou da ausência de perda de células de um determinado compartimento. O câncer possui um alto poder de destruição de células normais, gerando células cancerosas, sendo espalhado por mutações genéticas. Apresenta-se como sendo um processo cinético, de carcinogênese, que se iniciou há vários anos atrás, desregulando uma função gênica. Conhecido como divisão celular, o processo de reprodução celular de um organismo em condições normais, este é controlado e ordenado, sendo responsável pela formação, crescimento e regeneração dos tecidos em um estado saudável. O corpo humano é composto por milhões de células. Essas células normais do corpo crescem, dividem-se e morrem de forma ordenada. Durante os primeiros anos de vida de uma pessoa, as células normais se dividem mais rapidamente, para permitir que a pessoa se desenvolva. Depois, na fase adulta, a maioria das células se divide apenas para substituir células desgastadas ou células que morrem ou ainda para reparar danos e, por inúmeras razões diferentes, algumas destas células passam por mudanças denominadas carcinogênes, podendo ser descrita morfologicamente como uma variação na maturação citoplasmática associada à anormalidades nucleares. Halbe (1993), descreve a carcinogênese como sendo um processo de múltiplos passos resultantes da ação de fatores genotóxicos e epigenéticos, levando as células a características aberrantes, comparadas com as normais, essas células perdem sua capacidade de controlar e limitar o próprio crescimento, multiplicando-se então desordenadamente e rapidamente. Em sua grande maioria, formam-se um tumor; outras acometem o sangue e órgãos hematopoiéticos, circulando integralmente por todos os tecidos onde eles se desenvolvem. Tumor é uma massa anormal de tecido, cujo crescimento é quase autônomo e excede os tecidos normais. Em contraste com a proliferação não neoplásica, o crescimento de tumores persiste após a interrupção dos estímulos que deram origem a mudanças. “Os tumores são classificados em duas categorias abrangentes: benignos e malignos; o tipo de neoplasia é baseado nas características de seu parênquima”. (ROBBINS; COTRAN, 2006, p.153) Segundo INCA (2014), emergindo como uma população de células com alteração extensa, o câncer passa por várias fases sendo: 37 a) A primeira chamada de estágio de iniciação, que envolve a exposição de uma célula a carcinógenos; estas células sofrerão efeitos que levarão a modificações em seus genes, alterando a resposta normal da célula ao seu microambiente. Nesta fase, não é possível detectar um tumor, pois as células se encontram geneticamente alteradas e preparadas para iniciar a ação no próximo estágio. b) O segundo estágio é chamado de promoção tumoral. Neste momento, que as células geneticamente alteradas se transformam em células malignas de forma lenta e gradual; os agentes promotores favorecem a conversão das mutações iniciais em permanentes antes de o ácido desoxirribonucleico (DNA) ser reparado, e aumentam a probabilidade de mutações. Mas, para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. A suspensão do contato com agentes promotores, muitas vezes, interrompe o processo. c) O terceiro estágio apresenta-se com o câncer já instalado, caracterizando-se pela descontrolada multiplicação de células alteradas, sem reversão, ocorrendo uma evolução e surgindo as primeiras manifestações clínicas, até atingir estágios finais do desenvolvimento do câncer caracterizados por mudanças nos genes associados à invasão e a metástase. Representada como a primeira etapa do processo de carcinogênes, a iniciação ocorre quando há contato com o carcinógeno, gerando mutações no ácido desoxirribonucleico (DNA) celular, não havendo reversão deste processo. Segue-se então, para a promoção, que se caracteriza por não responder aos mecanismos de controle do organismo e, por final, a progressão que representa a etapa em que as células malignas se desenvolvem em maior agressividade e potencial de invasão e disseminação. Carcinógeno é o termo usado para designar qualquer agente capaz de levar ao câncer. Os carcinógenos estão relacionados aos fenômenos de iniciação, promoção e progressão, e podem ser físicos, químicos ou biológicos. Eles podem atuar isoladamente em uma das fases da carcinogênese, ou podem ser capazes de atuar em todas as etapas, sendo neste caso classificados como carcinógenos completos, ou seja, substâncias que são capazes de induzir à iniciação, à promoção e a progressão. (BRASIL, 2002; OTTO, 2002; BRAIT, DELLAMANO, 2005b apud BRASIL, 2012) Sabendo-se que um carcinógeno é considerado qualquer substância, situação ou exposição que possa danificar o material genético, DNA, ou ainda qualquer substância ou agente que produz, induz o câncer, eles podem ser classificados em origem química e física. São caracterizados por compostos químicos ou radiações 38 que irão interagir diretamente nas bases do DNA, incluem-se aqui desde tabaco, conservantes de alimentos até a poluição atmosférica. Já a radiação, lesa o DNA suscetível, produzindo modificações na sua estrutura, provocando morte ou alterações permanentes que passam a burlar os mecanismos normais de controle do crescimento celular. Há dois tipos de radiação: a ultravioleta, que é exposição frequente ao sol e a ionizante eletromagnética que são minerais radioativos no solo, radiografias diagnósticas ou radioterapia e materiais radioativos sintéticos. Já os carcinógenos de origem biológica abrangem os vírus e as bactérias. Os vírus contribuem para uma carcinogênese pela infecção do DNA hospedeiro. Eles são capazes de provocar modificações nos proto-oncogenes e mutação celular. A idade e a condição imunológica afetam e interagem com a vulnerabilidade da pessoa exposta aos carcinógenos virais. Podem ser de ação lenta como, por exemplo, o papilomavírus humano (HPV) e o herpes ou ainda de ação rápida exemplo, o vírus do linfoma/leucemia de células T humana. Os hormônios promovem o processo de carcinogênese mediante a sensibilização de uma célula à agressão carcinogênica ou à modificação do crescimento do tumor. (HALBE, 1993) O organismo humano está frequentemente exposto a múltiplos fatores carcinogênicos, que podem apresentar efeitos aditivos ou multiplicativos entre si. No entanto, para que haja a formação do câncer, é necessário que haja predisposição individual, genética, somada à exposição aos fatores carcinogênicos, numa determinada dose e num determinado espaço de tempo. Halbe (1993, p. 223) define a carcinogênese como sendo termo que designa o processo de desenvolvimento de uma neoplasia, desde as alterações mais precoces no DNA que, supostamente, ocorrem em uma só célula ou em um pequeno grupo delas, até a formação de um tumor que pode destruir o organismo hospedeiro. A carcinogênese é, sem sombra de dúvida, um processo multifatorial induzido e modulado por inúmeros fatores endógenos e exógenos. Muito ainda há por descobrir e confirmar, sendo seu estudo de maior importância para a prevenção do câncer. Ainda há muito a se pesquisar e elucidar sobre seus estágios bastante complexos, estando a ciência apenas no início dessa investigação. No Brasil, as estimativas para o ano de 2014, serão válidas também para o ano de 2015 e apontam a ocorrência de aproximadamente 576.580 casos novos de câncer. 39 O câncer é um problema de saúde pública mundial. A O.M.S estimou que, no ano 2030, podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer. O maior efeito desse aumento vai incidir em países de baixa e média renda. Quadro 1: Estimativas de novos casos de câncer 2014/2015 INCA Tipo Masculino Feminino Total Próstata 68.800 - 68.800 Mama Feminina - 57.120 57.120 Colo de útero - 15.590 15.590 Traqueia, Brônquio e Pulmão 16.400 10.930 27.330 Cólon e Reto 15.070 17.530 32.600 Estômago 12.870 7.520 20.390 Cavidade oral 11.280 4.010 15.290 Laringe 6.870 770 7.640 Bexiga 6.750 2.190 8.940 Esôfago 8.010 2.770 10.780 Ovário - 5.680 5.680 Linfoma de Hodgkin 1.300 880 2.180 Linfoma Não Hodgkin 4.940 4.850 9.790 Glândula Tireoide 1.150 8.050 9.200 Sistema Nervoso Central 4.960 4.130 9.090 Leucemias 5.050 4.320 9.370 Corpo do Útero - 5.900 5.900 Pele Melanoma 2.960 2.930 5.890 Outras Localizações 37.520 35.350 72.870 Subtotal 203.930 190.520 394.450 Pele não Melanoma 98.420 83.710 182.130 Todas as Neoplasias 302.350 274.230 576.580 Fonte: Instituto Nacional de Câncer (2014). Quanto às causas do seu aparecimento, podem ser internas ou externas ao organismo e estarem ou não inter-relacionadas. Sabe-se que fatores causais como predisposição genética, irradiação e até mesmo alimentação, contribuem para desencadeá-lo, porém nenhum desses elementos, por si só, fornecem uma explicação suficiente para o surgimento da doença, é possível até a interação entre eles para aumentar a probabilidade da célula normal se transformar em maligna. (BRASIL, 1996; BRAGA, 2005 apud SILVA; AQUINO; SANTOS, 2008) 40 Como toda doença, alguns tipos de câncer têm cura e outros não. Tudo depende essencialmente do tipo de tumor e do estágio em que esse câncer se encontra. As possibilidades de cura estão diretamente relacionadas com tempo em que o tumor é detectado no paciente. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais chances de o tratamento dar certo. Se o diagnóstico for feito tardiamente, o índice de cura do câncer diminui e as complicações podem aparecer, mesmo depois do tumor ter sido tratado. Geralmente, o câncer necessita de um tratamento prolongado. A doença não tratada pode agravar-se, invadindo órgãos do corpo de maneira generalizada, impedindo o funcionamento normal do organismo, podendo evoluir para a morte. “No entanto, independente do tipo, todas as formas de tratamento deixam marcas no paciente, principalmente pelo fato do estresse emocional, decorrente de procedimentos terapêuticos, como a radioterapia e quimioterapia”. (PORTO, 2004) Mesmo os pacientes que não têm cura podem viver por muitos anos com boa qualidade de vida, com a doença controlada e tratada, como qualquer doença crônica. 2.2 Câncer de colo uterino Configura-se como sendo um importante problema de saúde publica, exercendo um peso importante na morbidade e mortalidade entre as mulheres, principalmente pela decorrência de grande exposição a fatores de risco, ambientais e pela significativa mudança de hábitos de vida da população “Com aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de 265 mil mulheres por ano”. (INCA, 2014) O câncer de colo do útero, câncer cervical ou câncer de colo uterino é caracterizado pelo crescimento anormal das células e sua replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, o que pode levar ao comprometimento do tecido subjacente (estroma), podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. (HALBE, 1993) O câncer cervical começa com alterações celulares que revestem o órgão e as lesões percursoras que são, normalmente, assintomáticas, nesses casos, o 41 achado mais comum é um exame de Papanicolau anormal, as células normais do colo do útero podem gradualmente desenvolver mudanças pré-cancerosas, que se transformam em câncer. Essas mudanças pré-cancerosas podem ser denominadas como neoplasia intra-epitelial cervical, lesão intra-epitelial escamosa ou ainda displasia. Estas alterações podem ser detectadas pelo exame anual de prevenção, o Papanicolau. Denominada zona de transformação, o local onde se encontram as células escamosas e as glandulares que cobrem o útero é o local este onde a maioria dos cânceres de colo de útero se inicia. Existem dois tipos principais de câncer do colo de útero, o carcinoma de células escamosas e o adenocarcinoma. Cerca de 80% a 90% dos cânceres cervicais são carcinomas de células escamosas. Outros tipos de câncer também pode se desenvolver no útero, entre os outros tipos estão o melanoma, sarcoma, e linfoma. (BRUNNER e SUDDARTH, 2011, p. 1464) As neoplasias invasivas do colo do útero são precedidas por um longo período de alterações celulares, de tal modo que elas podem ser evitadas. Essas alterações pré-invasivas do colo do útero, limitadas ao epitélio escamoso do órgão, denominam-se de neoplasia intraepitelial cervical (NIC), microscopicamente. Caracterizam-se por uma evolução que vai desde a simples atipia celular até graus mais severos de displasia ou de NIC, Montenegro (2008) descreve a displasia como uma organização anormal ou uma diferenciação desordenada de células ou tecidos descrevendo-a como sendo uma reação do epitélio a uma injúria, fazendo com que um epitélio normal sob estímulo sofra algumas alterações morfológicas, gerando as atipias celulares. Referindo-se ao colo uterino, o termo “displasia” é usado para descrever a desorganização do crescimento epitelial, ainda nesta fase inicial. Ela pode ser tratável e regredir, porém, se não tratada, persiste inalterada e evolutiva. “A NIC tem origem em células metaplásicas imaturas que se alteram, provavelmente, devido a uma associação de fatores: agentes oncogênicos, perturbações imunitárias e características epidemiológicas”. (HALBE, 1993, p.1789) Do ponto de vista cito - histopatológico, as NICs são classificadas em graus 1, 2 e 3 respectivamente NIC leve, moderada e grave ou carcinoma in situ, sendo 42 diferenciada de acordo com suas características: proporção, espessura do epitélio, o que ajuda no prognóstico. Quanto maior o grau da NIC, maior a espessura do epitélio e a proporção nele de células indiferenciadas. Assim, os graus 2 e 3 apresentam uma maior gravidade que o grau 1. Essas alterações teciduais podem substituir parte ou toda a espessura do epitélio cervical normal e devem, então, ser vistas como pré-malignas. O controle e tratamento podem evitar o câncer cervical do útero, porque ele é de evolução lenta, com longo período de desenvolvimento das lesões. O controle ginecológico periódico é de suma importância, porque permite ao médico detectar e remover essas alterações numa fase pré cancerosa. As NICs são classificadas em: NIC I: É caracterizada por uma discreta alteração da arquitetura epitelial as custas de proliferação de células imaturas ( basais ou no terço inferior do epitélio) , atipias celulares de discreta a moderada, coilocitose de moderada a intensa e maturação parcial com diferenciação e maturação citoplasmática (citoplasma eosinofílico e amplo) até as células superficiais, porém com núcleos volumosos e densos. NIC II: Neste caso, já observa-se que as alterações são mais pronunciadas, ou seja, maior acentuação da estratificaçaõ do epitélio (acantose), maior de despolarização e proliferação de células imaturas atípicas e menor grau de maturação citoplasmática, vista nos estratos superiores, coilocitose é menos frequente e as atipias nucleares mais pronunciadas. Geralmente os dois terços basais estão comprometidos pelas alterações acima descritas. NIC III: Observa-se uma grande alteração da arquitetura das três camadas do epitélio. As células exibem marcada redução da maturação, com perda de volume citoplasmático e aumento de volume nuclear. Os núcleos são hipercromáticos, de cromatina grosseira e de distribuição irregular. Podem ser observadas mitoses em toda a espessura do epitélio, a coilocitose não é mais normalmente observada. (PREFEITURA DE SÃO PAULO SAÚDE, 2014) Além da classificação das NICs, ainda existem sinais e sintomas que norteiam o diagnóstico para o câncer cervical, sendo: 1. 2. 3. 4. sinusiorragia; corrimento fétido; dor pélvica ou lombar (principalmente nos casos avançados); trombose venosa profunda pode ocorrer secundariamente ao edema, principalmente em lesões mais extensas; 5. invasão de bexiga ou reto podem causar constipação; e 6. hematúria, fístula e hidronefrose. (ROSSI; RIBEIRO; BARACAT, 2007, p.384) 43 Salientando que o quadro clínico de pacientes portadoras de câncer de colo do útero pode variar desde a ausência de sintomas, até quadros de sangramento vaginal após a relação sexual, sangramento vaginal intermitente, secreção vaginal de odor fétido e dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados da doença, detecção de tumor pelo exame periódico ginecológico. O câncer emerge como sendo uma doença de desenvolvimento lento e assintomático na sua fase inicial , apesar de várias políticas de saúde voltadas para a sua prevenção, diagnóstico e tratamento, o câncer de colo de útero continua sendo um das enfermidades que mais atinge as mulheres e as levam ao óbito em números significativos. 2.3 Fatores Predisponentes De acordo com o Instituto de Oncologia (2014), ter um fator de risco ou vários, não significa que alguém vá desenvolver o câncer. Muitas pessoas que desenvolvem a doença podem não apresentar nenhum fator de risco conhecido. Se uma pessoa com câncer do colo de útero tem algum fator de risco, muitas vezes é muito difícil saber o quanto esse fator pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença. Algumas pessoas com vários fatores de risco podem nunca desenvolver o câncer, enquanto outros, sem fatores de risco conhecido, poderão fazê-lo. Halbe (1993), destaca como sendo os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer cervical a precocidade de relações sexuais, múltiplos parceiros, parceiros de alto risco, doenças sexualmente transmissíveis, uso de anticoncepcionais orais, ainda o uso do tabaco, pessoas imunodeprimidas e a associação com o HPV. “Associação com infecção pelo Vírus Papiloma Humano (HPV) de alto risco (tipo 16 e 18) é observada em mais de 90% dos casos de câncer cervical invasivo”. (ROSSI; RIBEIRO; BARACAT, 2007, p.383) Segundo o Instituto de Oncologia (2014), os fatores predisponentes que podem tornar uma pessoa mais propensa a desenvolver câncer de colo de útero são: 44 a. Infecção pelo Vírus do Papiloma Humano - o fator de risco mais importante para o câncer de colo de útero é a infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV). b. Tabagismo - mulheres que fumam têm uma probabilidade duplicada de desenvolver câncer do colo de útero em relação àquelas que não fumam. Fumar expõe o corpo a muitos produtos químicos cancerígenos que afetam outros órgãos além dos pulmões. Estas substâncias prejudiciais são absorvidas pelos pulmões e transportadas na corrente sanguínea por todo o corpo, além do que fumar torna as defesas do sistema imunológico menos eficazes no combate a infecções pelo HPV. c. Imunossupressão - em mulheres com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) um pré-câncer do colo de útero pode evoluir para um câncer invasivo mais rápido do que o esperado. d. Infecção por Clamídia - a Clamídia é um tipo relativamente comum de bactéria, transmitida pelo contato sexual, que pode infectar o sistema reprodutivo. Esta infecção pode causar inflamação pélvica, levando à infertilidade. A infecção por clamídia geralmente não causa sintomas nas mulheres. e. Dieta - mulheres com dietas pobres em frutas e vegetais podem ter um risco aumentado para desenvolver câncer do colo de útero. As mulheres obesas são mais propensas de desenvolver adenocarcinoma do colo uterino. f. Pílulas Anticoncepcionais - existem evidências de que fazer uso de contraceptivos orais por um longo período de tempo aumenta o risco de desenvolver câncer do colo de útero, mas este risco tende a desaparecer depois de um tempo que a mulher pare de fazer uso dessa medicação. Entretanto, a questão de se os benefícios do uso das pílulas anticoncepcionais superam os riscos potenciais deve ser discutida entre a mulher e seu médico. g. Dispositivo Intra-uterino - estudos recentes detectaram que mulheres que jamais usaram um dispositivo intra-uterino (DIU) apresentaram um risco menor de desenvolver câncer de colo de útero. h. Múltiplas Gestações - mulheres que tiveram 3 ou mais gestações tem um risco maior de desenvolver câncer de colo de útero. Acredita-se que muitas dessas mulheres tenham relações sexuais desprotegidas, tornando-as mais expostas ao HPV. i. Idade - mulheres que tiveram a primeira gravidez, com menos de 17 anos, têm duas vezes mais chances de ter câncer do colo de útero do que as mulheres que engravidaram pela primeira vez após os 25 anos de idade. j. Situação Econômica - muitas mulheres de baixa renda, por não terem acesso adequado aos serviços de saúde, não fazem o exame de Papanicolau, logo não são rastreadas ou tratadas para précânceres ou cânceres de colo de útero. k. Histórico Familiar - uma pessoa com parentes de primeiro grau com diagnóstico de câncer de colo de útero terá um risco aumentado de desenvolver a doença de 2 a 3 vezes, em relação às pessoas que não tiveram nenhum caso de câncer do colo de útero na família. Segundo o INCA (2014), a existência de vários fatores associados, que estão relacionados ao desenvolvimento do câncer de colo uterino, estão diretamente 45 associado as condições sócio-econômicas, à grande variação de parceiros sexuais, parceiros com vida sexual promíscua, à quantidade de cigarros fumados, ao uso contínuo e prolongado de contraceptivos, à falta de higiene íntima, à nuliparidade ou multiparidade e início precoce da atividade sexual. 2.4 Prevenção e Tratamento O tratamento irá depender do estágio no qual se encontra a doença no momento do diagnóstico, devendo-se levar em consideração o tamanho, formato do câncer, idade, condições da paciente naquele momento, outras patologias e doenças preexistentes. Entre os tratamentos mais comuns para o câncer do colo do útero, estão a cirurgia, radioterapia e a quimioterapia. Para fins de diagnóstico e tratamento o Hospital de Câncer A.C.Camargo (2014), descreve o estadiamento como um sistema que os especialistas utilizam, para estabelecer a extensão da disseminação do câncer. Especificamente para o câncer de colo de útero usa-se o sistema de estadiamento da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), que classifica a doença em estágios de 0 a IV (zero a 4). Estágio 0: O tumor é um carcinoma "in situ", superficial, encontrado apenas nas células de revestimento do colo do útero e ainda não invadiu os tecidos mais profundos. Estágio I: O tumor invadiu o colo do útero, mas não se espalhou para outros órgãos. Estágio IA: é a forma mais inicial do estágio I, caracterizada por uma quantidade muito pequena de células cancerosas, que só podem ser vistas ao microscópio. Estágio IA1: a área invadida pelo câncer tem 3mm de profundidade e até 7 mm de largura. Estágio IA2: a área invadida pelo câncer tem entre 3 mm e 5 mm de profundidade e até 7 mm de largura. Estágio IB: neste estágio, geralmente o câncer pode ser visto sem a ajuda de um microscópio. Ele inclui também o câncer que já avançou mais de 5mm no tecido conectivo do colo do útero ou tem mais de 7mm de largura, mas só pode ser visto ao microscópio. 46 Estágio IB1: O câncer é visível, mas não tem mais de 4 cm. Estágio IB2: O câncer é visível e tem mais de 4 cm. Estágio II: O câncer não está mais restrito ao colo do útero, mas ainda se limita à região pélvica. Estágio IIA: O câncer atingiu a parte superior da vagina, mas não o terço inferior. Estágio IIB: O câncer atingiu o tecido vizinho ao colo do útero, o chamado tecido parametrial. Estágio III: O câncer se espalhou para a parte inferior da vagina ou para a parede pélvica e pode bloquear os ureteres, canais que levam a urina dos rins para a bexiga. Estágio IIIA: O câncer atingiu o terço inferior da vagina, mas não a parede pélvica. Estágio IIIB: O câncer atingiu a parede pélvica e/ou bloqueia o fluxo de urina para a bexiga. Estágio IV: É o mais avançado, em que o câncer atinge órgãos próximos ou de outras partes do corpo. Estágio IVA: O câncer se espalhou para a bexiga ou reto, que ficam perto do colo do útero. Estágio IVB: O câncer se espalhou para órgãos distantes, como os pulmões. Os tratamentos cirúrgicos são necessários em algumas situações que envolvem o câncer cervical pré-invasivo, nos estágios iniciais, como a conização e a histerectomia simples (remoção apenas do útero). Todavia, a importância de um acompanhamento rigoroso é enfatizada, visto que as lesões percursoras, quando não tratada por um período de tempo, pode evoluir para o câncer. (BRUNNER; SUDDARTH, 2011) Para lesões invasivas pequenas, menores do que 02 cm, devem ser consideradas as cirurgias mais conservadoras, evitando-se assim as complicações e morbidades provocadas por cirurgias mais radicais. Para os estádios 1B1, são tratadas com histerectomia radical e radioterapia, os IB2 e IIA volumosos (lesões maiores do que 4 cm), IIB, IIIA, IIIB e IVA, as evidências científicas atuais orientam para tratamento quimioterápico NACIONAL DE CÂNCER, 2012) combinado com radioterapia. (INSTITUTO 47 De acordo com Brunner e Suddarth (2011, p. 1465), é primordial: [..] efetuar um acompanhamento frequentes depois da cirurgia com um oncologista ginecológico, visto que o risco de recidiva é de 35% depois do tratamento para o câncer invasivo de colo do útero. A recidiva ocorre habitualmente nos primeiros 2 anos. Com frequência, as recidivas ocorrem no quarto superior da vagina, e a obstrução ureteral pode constituir um sinal. A perda de peso, o edema nas pernas e a dor pélvica podem constituir sinais de obstrução linfática e metástase. O cuidado de enfermagem a essas pacientes é complexo e exige a coordenação e a assistência por profissionais de saúde experientes. 48 CAPÍTULO III OS PROGRAMAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER 3 CONCEITO Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pelas Leis n.º 8080/90 (Lei Orgânica da Saúde) e nº 8.142/90, tendo a finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à saúde da população, tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas cobranças de dinheiro sob qualquer circunstância, o Sistema Único de Saúde (SUS) se caracteriza por ser um conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. O SUS é destinado a todos os cidadãos e é financiado com recursos arrecadados através de impostos e contribuições sociais, pagos pela população e compõem os recursos do governo federal, estadual e municipal. (MENDONÇA ARTNYZIA, 2009) Há algum tempo, a saúde era considerada apenas como a ausência de doenças, e a importância de se ter um corpo saudável, de realizar o autocuidado e de prevenir doenças, nem sempre fazia parte do cotidiano das mulheres, especialmente as das camadas mais pobres da população. Falando de prevenção das doenças, faz-se necessário relatar a dificuldade que as mulheres enfrentam para cuidar da sua própria saúde, porque, na maioria das vezes, estão cuidando da saúde dos outros, como os filhos, companheiros ou familiares. Sendo assim, a mulher ainda se mostra distante da prevenção de algumas doenças, seja por questões de gênero, pelo desconhecimento ou pela dificuldade de acesso aos serviços. No tocante à prevenção, tem-se, atualmente, uma preocupação do próprio governo que por meio das políticas publicas de saúde das mulheres, em enfatiza ações de promoção e prevenção de diversas doenças. “Em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), marcando, sobretudo, a ruptura conceitual com os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os critérios para eleição 49 de prioridades neste campo.” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009 p.16; apud BRASIL, 1984) Este então surge como resposta aos problemas de saúde e às necessidades da população feminina. Entre tantos objetivos, um deles foi o de promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e a ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. O novo programa para a saúde da mulher incluía ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação, englobando a assistência à mulher em clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no climatério, em planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de mama, além de outras necessidades identificadas a partir do perfil populacional das mulheres. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009, p. 17; apud BRASIL, 1984) A mulher, a partir deste momento, então, passa a ser vista em sua integralidade, como sujeito autônomo e participativo no processo de decisão para a formulação de políticas públicas, tendo em vista que, à medida em que é incluída nesse processo, há garantia do atendimento de suas reais necessidades, aumentando a qualidade da assistência. Somente dez anos após, os direitos reprodutivos das mulheres foram firmados internacionalmente na Conferência do Cairo, que foi uma Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento das Nações Unidas (CIPD), realizada no Cairo, Egito, de 5 a 13 de setembro de 1994 e reuniu 179 países. A CIPD é considerada um marco histórico, sendo o primeiro encontro global, no qual todos os aspectos da vida humana foram abordados de forma abrangente. O resultado da Conferência foi um Plano de Ação, uma agenda de compromissos comuns para melhorar a vida de todas as pessoas, por meio da promoção dos direitos humanos e da dignidade, apoio ao planejamento familiar, saúde sexual e reprodutiva, promoção da igualdade de gênero, promoção da igualdade de acesso à educação para as meninas, eliminação da violência contra as mulheres, além de questões relativas à população e proteção do meio ambiente. (PATRIOTA, 1994) O PAISM trouxe contribuições para a saúde das mulheres brasileiras, mas não atingiu a amplitude dos direitos da mulher à saúde. A partir das deficiências do 50 programa, este foi substituído pela Política Nacional de Assistência à Saúde da Mulher (PNAISM), numa tentativa de estabelecer ações mais amplas para as mulheres, de uma forma geral. Criado pelo M.S, no ano de 2004, o PNAISM mantém questões relativas à assistência integral à saúde da mulher, clínica ginecológica, no pré-natal, parto e puerpério, no climatério, no planejamento familiar, DST, câncer de colo de útero e de mama, o PNAISM se fundamenta nos princípios doutrinários do SUS (integralidade, universalidade e equidade) e na inclusão da discussão de gênero. (PAZ, SALVARO apud BRASIL, 2004) Ainda de acordo com os autores acima o PAISM deverá atingir as mulheres em todos os ciclos de vida, resguardadas as especificidades das diferentes faixas etárias e dos distintos grupos populacionais (mulheres negras, indígenas, residentes em áreas urbanas e rurais, residentes em locais de difícil acesso, em situação de risco, presidiárias, de orientação homossexual, com deficiência, dentre outras). Diante de todo cenário de políticas e programas voltados à saúde da mulher, vale ressaltar que em 2006 foi firmado um conjunto de reformas institucionais do SUS, pactuado em três esferas de gestão entre a união, estado e municípios, que foi denominado de Pacto Pela Saúde, tendo como objetivo promover a melhoria dos serviços ofertados à população e a garantia de acesso a todos. Sua adesão constitui um processo de cooperação permanente entre os gestores e negociação local, regional, estadual e federal. Na perspectiva de superar as dificuldades apontadas, os gestores do SUS assumem o compromisso público, da construção de um processo de pactuação de compromissos pela saúde, anualmente revisada, que tenha como base os princípios constitucionais do SUS, com ênfase nas necessidades de saúde da população e que implicará o exercício simultâneo de definição de prioridades articuladas e integradas sob a forma de três pactos: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS. (COOPERASUS, 2006) O Pacto pela Vida vem propor ações de intensificação para saúde da mulher, sendo constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde do país e das prioridades definidas pelos governos federal, estaduais e municipais. 51 Dentro do Art. 1º, as prioridades do Pacto pela Saúde, no componente Pacto pela Vida, para o biênio 2010 – 2011 envolvem diversas áreas, mais especificamente na saúde da mulher, enfatiza: II- controle do câncer de colo de útero e de mama; e IIIredução da mortalidade infantil e materna. (BRASIL, 2009) Segundo o Ministério da Saúde, (2009) são objetivos gerais da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: a. Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. b. Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie. c. Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. A integralidade passa a ser vista como resultado de uma atitude ética e técnica dos profissionais e uma adequação da estrutura dos serviços de saúde em seu todo, e a superação das desigualdades passa ser foco presente nas relações entre homens e mulheres, sendo incluído na agenda pública a questão de gênero. No Portal Brasil (2009), encontram-se objetivos específicos, o PNAISM, que aponta como prioridade desenvolver ações que garantam atenção humanizada às mulheres nas seguintes situações que envolvem sua saúde: a. mortalidade materna, com subdivisões que abrangem: precariedade da atenção obstétrica; abortamento em condições precárias, precariedade da assistência em anticoncepção; DST/HIV/Aids; b. violência doméstica e sexual; c. saúde de mulheres adolescentes; d. saúde da mulher no climatério/menopausa; e. saúde mental e gênero; f. doenças crônico-degenerativas e câncer ginecológico; g. saúde das mulheres negras; h. saúde das mulheres indígenas; i. saúde das mulheres lésbicas; j. saúde das mulheres residentes e trabalhadoras na área rural; e 52 k. saúde das mulheres em situação de prisão. Essas ações, em conjunto, favoreceram o controle de doenças evitáveis, a exemplo do câncer do colo do útero, principalmente com a ampliação das ações, dando um enfoque de gênero. Pode-se dizer que humanizar e qualificar as práticas de saúde é aprender e compartilhar saberes, reconhecer direitos, norteando-se por atitudes e comportamentos que reforcem o caráter da atenção à saúde como direito que melhore o grau de informação das mulheres em relação ao seu corpo e à sua condição de saúde, aumentando sua capacidade de realizar escolhas adequadas à sua realidade de vida no momento, que seja acolhida pela equipe de saúde, sendo ou não do seu conhecimento, que se interesse em resolver o problema dispondo do uso de novas tecnologias, visando diminuir o sofrimento causado pelo processo de adoecimento e morte dos pacientes e seus familiares. 3.1 Programa de prevenção ao câncer de colo uterino Dentre todos os tipos, o câncer do colo do útero é o que apresenta maior potencial de prevenção e cura. Pensando nisso foram desenvolvidas propostas que consiste no desenvolvimento e na prática de prevenção e estratégias que reduzam a mortalidade e as repercussões físicas, psíquicas e sociais do câncer do colo do útero. O Programa de Oncologia do Instituto Nacional de Câncer/Ministério da Saúde (Pro-Onco) foi criado em 1986 como estrutura técnicoadministrativa da, hoje extinta, Campanha Nacional de Combate ao Câncer. Com a Lei Orgânica da Saúde, em 1991, o Pro-Onco foi transferido para o INCA, tornando-se Coordenação de Programas de Controle de Câncer. Suas linhas básicas de trabalho eram a informação e a educação, com foco nos quatro tipos de câncer mais incidentes, entre eles o do colo do útero e o de mama. (INCA, 2014) Em termos de prevenção primária, o enfoque do programa concentra-se no controle das doenças sexualmente transmissíveis, considerado importante fator de risco para o câncer de colo, e prevenção secundária, que se concentra na realização periódica do exame de Papanicolau. Para o tratamento específico, propõe-se a formação de uma rede nacional integrada, com base em um núcleo geopolítico 53 gerencial, sediado nos municípios, a fim de assegurar acessibilidade ao sistema. Em 21 de junho de 1998, o Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo do Útero, através da Portaria GM/MS nº 3040/98. A primeira fase de intensificação ocorreu de agosto a setembro de 1998, com a adoção de estratégias para estruturação da rede assistencial, estabelecimento de um sistema de informações para o monitoramento das ações (SISCOLO) e dos mecanismos para mobilização e captação de mulheres, assim como definição das competências nos três níveis de governo. Nesta fase, mais de três milhões de mulheres foram mobilizadas para fazer o exame citopatológico. (INCA, 2014) O Sistema de Informações de Controle do Câncer de Colo Uterino (Siscolo), é um importante instrumento de avaliação e planejamento, por ser um sistema informatizado de entrada de dados desenvolvido pelo DATASUS, em parceria com o INCA, para auxiliar a estruturação do Viva Mulher, por coletar e processar informações sobre identificação de pacientes e laudos de exames citopatológicos e histopatológicos, fornecendo dados para o monitoramento externo da qualidade dos exames. A coordenação do programa foi oficialmente transferida para o INCA por meio da Portaria nº 788/99, de 23 de junho de 1999. Neste mesmo ano, foi instituído o Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero – SISCOLO - para monitoramento e gerenciamento das ações (Portaria nº 408, de 30/08/1999). (INCA, 2014) No Brasil, o rastreamento populacional é recomendado prioritariamente para mulheres de 25 a 60 anos, através do exame de Papanicolau, com periodicidade de três anos, após dois exames consecutivos normais, no intervalo de um ano. Para se obter um impacto significativo na mortalidade por câncer do colo do útero, a cobertura de rastreamento deve atingir 80% ou mais da população-alvo, o que é preconizado pela OMS, em suas políticas e diretrizes. (INCA, 2010) Em 18 de agosto de 1998, em um feito inédito no país, o Ministério da Saúde iniciou uma grande ação de mobilização social, por meio da qual mulheres de 35 a 49 anos de idade foram convidadas para comparecer à unidade de saúde mais próxima de suas residências, para serem submetidas ao exame citopatológico. Esta atividade, que se estendeu até 30 de setembro do mesmo ano, expandiu para todo o território nacional estratégias definidas a partir de um Projeto Piloto, ocorrido entre janeiro de 1997 e junho de 1998, do qual participaram 124.440 mulheres, residentes em seis localidades selecionadas. 54 Desde então, o Viva Mulher - Programa Nacional de Controle, do Câncer do Colo do Útero, conta com ações contínuas em todas as Unidades da Federação e na maioria dos municípios brasileiros. (BRASIL, 2002) No ano de 1997, foi lançado o Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama – Programa Viva Mulher, visando uma modificação na situação de morbi-mortalidade destes tipos de câncer tão comuns entre as mulheres brasileiras. Um dos objetivos do programa era o alcance de grupos mais vulneráveis, direcionando para estes, orientações mediante o enfoque de políticas e ações educativas, a fim de aumentar sua eficiência e efetividade. (BRASIL, 2013) O programa é resultado da evolução de iniciativas que começaram a ser organizadas e consolidadas a partir do Programa de Saúde Materno-Infantil e, expandiu-se consideravelmente, sempre visando atingir alta cobertura da população definida como alvo, tendo em vista que é o componente mais importante no âmbito da atenção primária, para que se obtenha significativa redução da incidência e da mortalidade por câncer do colo do útero. Contudo a realização periódica do exame citopatológico continua sendo a estratégia mais adotada para o rastreamento do câncer do colo do útero. Segundo o INCA (2014), para o controle do câncer do colo do útero, os objetivos são garantir o acesso ao exame preventivo com qualidade às mulheres na idade fértil e qualificar o diagnóstico e o tratamento das lesões precursoras desse câncer. Os componentes e ações principais do plano são: A. Fortalecimento da gestão regionalizada do Programa Nacional de controle do Câncer do Colo do Útero para acompanhamento e monitoramento das ações: Qualificar as equipes técnicas de gestão. Propor financiamento diferenciado para as ações de rastreamento e incentivo para a organização da gestão. B. Qualificação de equipes da Atenção Primária à Saúde para rastreamento: Desenvolver ações de Educação Permanente em Saúde para qualificação das equipes da Atenção Primária à Saúde. Garantir a coleta do exame citopatológico e demais ações do rastreio sob responsabilidade das equipes de Atenção Primária à Saúde, para mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos. C. Gestão da Qualidade dos Exames de Citopatologia: 55 Priorizar a realização dos exames em laboratórios com escala que garanta a expertise profissional e que seja custo-efetivo para implantação de Monitoramento Interno da Qualidade. Implantar gestão de qualidade dos laboratórios citopatológicos por meio do Monitoramento Interno e Externo de Qualidade e estabelecer uma política de certificação dos laboratórios. D. Garantia da confirmação diagnóstica e tratamento das lesões precursoras: Divulgar as Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero, visando à garantia de boas práticas clínicas e à padronização de condutas. Aprimorar as redes assistenciais para estruturação de serviços de diagnóstico e tratamento das lesões precursoras do câncer do colo do útero, prioritariamente nas regiões Norte e Nordeste. Implantar centros regionais de qualificação de ginecologistas para atuarem nas unidades de referência e prestarem assessoria na linha de cuidado do câncer do colo do útero. E. Comunicação e Mobilização Social: Produzir e difundir mensagens sobre detecção precoce do câncer do colo do útero para públicos diversos em diferentes mídias. Fortalecer o comitê de mobilização social com o objetivo de propor ações articuladas junto à sociedade e às instâncias de controle social no SUS. F. Informação epidemiológica e melhoria dos sistemas de informação e vigilância do câncer: Desenvolver a versão do SISCOLO em plataforma web para aprimorar o gerenciamento das ações. (BRASIL, 2014) 3.2 Vacina contra o HPV como dispositivo de prevenção O Papilomavirus Humano, conhecido como HPV, é um vírus que causa uma infecção, muito comum em mulheres sexualmente ativas, que, por vezes, pode ser assintomática. Na sua grande maioria, a infecção cervical pelo HPV é transitória e regride espontaneamente pelo próprio mecanismo de defesa do organismo que o expulsa após um período de tempo. O HPV forma um conjunto de mais de 150 tipos diferentes de vírus que são capazes de infectar pele e mucosas. Destes, 40 tipos podem infectar o trato genital, dos quais 12 são de alto risco e podem causar câncer, sendo eles (HPV tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59). (INCA, 2014, apud BRASIL 2014) Estima-se que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas irão adquiri-la ao longo de suas vidas. Aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos subtipos 16, 18 ou ambos. Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, 56 mesmo na presença da infecção pelo HPV. Ou seja, a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente, para o desenvolvimento do câncer cervical. (INCA, 2014) Segundo o INCA (2014), implantada no calendário vacinal pelo Ministério da Saúde (MS) 2014, a vacina tetravalente contra o HPV tem 98,8% de eficácia e imunizará meninas de 9 a 13 anos de idade. Ela protege contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero. A meta do M.S. é vacinar, pelo menos, 80% da população alvo para alcançar o objetivo de reduzir a incidência deste câncer nas próximas décadas no país. A vacinação, em conjunto com o exame de Papanicolau complementa-se com ações de prevenção deste câncer. Mesmo as mulheres vacinadas, quando alcançarem a idade preconizada, deverão realizar o exame preventivo, pois a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV. Até 2016, o objetivo do ministério é imunizar 80% do total de 5,2 milhões de meninas de 09 a 13 anos no país. Essa faixa etária foi escolhida porque, nela, a produção de anticorpos contra o HPV tem maior eficácia, pois meninas, nessa idade, não tiveram início da atividade sexual, que é quando essas futuras mulheres estão sob risco do vírus HPV. (INCA, 2014) 3.3 Exame Papanicolau como dispositivo de prevenção. Papanicolau é um teste realizado para detectar alterações ou lesões precursoras nas células do colo do útero. Esse exame é a principal estratégia, para diagnosticar doenças precocemente bem no início, como a infecção pelo HPV, antes que a mulher tenha sintomas. Pode ser feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados. O nome "Papanicolaou" é uma homenagem ao patologista grego Georges Papanicolaou, que criou o método. (BRASIL, 2011) Como define Fresquet (2005), George Papanicolaou Nicolas nasceu em 13 maio de 1883 em Kymi, na Grécia. Devido ao incentivo de seu pai, George foi para a escola de medicina e formou-se com uma "média" A, em 1904. Ele serviu como um cirurgião assistente no serviço militar até 1906. 57 Em 1907, Papanicolaou foi para Alemanha, fazer pós-graduação no Instituto Zoológico de Munique (maior centro de pesquisa zoológica, naquela época). Em 1920, Dr. Papanicolaou começou seu estudo da citologia vaginal do ser humano, depois de se familiarizar com as mudanças de citologia normal, encontrando alguns casos de malignidade, dizendo: "A primeira observação de células cancerígenas em um esfregaço do colo do útero foi uma das experiências mais emocionantes de minha carreira científica". Em 1928, ele publicou um artigo sobre os resultados do seu trabalho, intitulado "New Diagnóstico do Câncer". O jornal "New York World", disse, "Embora o Dr Papanicoloau não esteja disposto a prever o quão útil e eficaz é o novo método de diagnóstico no tratamento da neoplasia em si, parece provável que ele irá revelar-se útil na determinação do câncer das fases iniciais do seu crescimento, quando ele pode ser mais facilmente combatido e tratado. “Existe ainda a esperança de que as condições pré-cancerosas podem ser detectadas e controladas”. Em 1928, Dr. Papanicolaou se tornou um cidadão dos Estados Unidos e foi promovido a Professor Assistente de Anatomia da Universidade de Cornell. Em 1939, deu-se a reavaliação do esfregaço vaginal para a detecção de câncer, em New York Hospital todas as mulheres eram obrigadas a ter um esfregaço vaginal de rotina. Dr. Herbert Traut, patologista ginecológico, colaborou com a legitimação do potencial do diagnóstico do esfregaço vaginal, sendo publicado em 1943, os resultados e conclusões deste trabalho, tendo Diagnóstico de Câncer Uterino do esfregaço vaginal, com nomeação de exame de Papanicolau. No ano de 1954, o tratado global Dr. Papanicolaou foi publicado e intitulado "Atlas de citologia esfoliativa", que continha um resumo dos achados citológicos na saúde e na doença que envolve múltiplos sistemas orgânicos do corpo humano. Alguns dos muitos prêmios e honrarias que recebeu foram: Primeiro Prêmio da Ordem do AHEPA, como cientista Most Outstanding americano de ascendência grega, a Medalha de Honra da American Câncer Society, The Modern Medicine Distinguished Achievement Award para Membro Honorário de Obstétrico e Ginecológico da Sociedade de Atenas, Membro Honorário da New York Academy of Sciences; Permanente Consultor Honorário da Sociedade de Cirurgiões pélvica e títulos honorários da Universidade de Atenas, Turim e do Hahnemann Medical College. 58 Dr. Papanicolaou morreu em 18 de fevereiro de 1962 de insuficiência cardíaca e edema pulmonar, sendo enterrado em Nova Jersey. O objetivo do teste continua o mesmo, o exame de Papanicolau tem como estratégia detectar lesões precoces e fazer o diagnóstico da doença bem no início, antes que a mulher tenha sintomas. Pode ser realizado em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados. É fundamental que os serviços de saúde orientem sobre o que é o exame e sua importância da prevenção, pois sua realização periódica permite que o diagnóstico seja feito cedo e reduza a mortalidade por câncer do colo do útero. A realização do exame citopatológico de Papanicolau tem sido reconhecida mundialmente como uma estratégia segura e eficiente para a detecção precoce do câncer do colo do útero na população feminina e tem modificado efetivamente as taxas de incidência e mortalidade por este câncer. (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2014) Toda a mulher com vida sexual ativa ou não deve realizar o exame preventivo periódico, especialmente as que têm entre 25 e 59 anos, pelo menos uma vez ao ano. Após três exames anuais consecutivos normais, o teste de Papanicolau pode ser realizado com menor frequência, podendo ser, em mulheres de baixo risco, até a cada três anos, de acordo com a análise do médico, porém mulheres com pelo menos um fator de risco para câncer do colo uterino devem continuar se submetendo ao exame anual. (BRASIL, 2006) O exame citológico é simples, normalmente indolor e é ofertado gratuitamente pelo sistema público de saúde brasileiro em qualquer unidade básica SUS. Pode, no máximo, causar um pequeno desconforto que diminui, se a mulher conseguir relaxar e se o exame for realizado com boa técnica e de forma delicada. Para garantir um resultado correto, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) nos dois dias anteriores ao exame, evitar também o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à realização do exame. É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado. Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê sob orientação médica. (FIGUEIREDO, 2003) Para a coleta do material, a mulher fica na posição ginecológica (deitada, com os joelhos dobrados e as pernas afastadas) é introduzido um instrumento 59 chamado espéculo na vagina (conhecido popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato), o médico ou enfermeiro devidamente treinado faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero. A seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha. As células colhidas são colocadas numa lâmina para análise em laboratório especializado em citopatologia. (FIGUEIREDO, 2003) Entende-se que para melhorar e qualificar a assistência prestada aos usuários em todos os aspectos e em todos os níveis de atenção á saúde, é necessário que os profissionais estejam atentos as suas próprias ações. Nessa linha de considerações, percebe-se a responsabilidade do profissional de saúde, principalmente do enfermeiro, visto ser ele que, na maioria das vezes, realiza a coleta do esfregaço para o exame Papanicolau na assistência primária de saúde. Considera-se a amostra satisfatória quando apresenta células bem distribuídas, fixadas e coradas, enquanto que o material é tido como insatisfatório quando a leitura for prejudicada pela presença de sangue, piócitos, contaminantes externos, intensa superposição celular ou dessecamento e material acelular ou hipocelular. Faz- se necessário, então, considerar que a identificação de fatores de risco pode auxiliar no acompanhamento da mulher, uma vez que estes estão relacionados à sua saúde, ao estilo de vida. Destaca-se também a importância de avaliar outras situações que podem levar a riscos para a saúde da mulher, no que se referem ao câncer do colo do útero, tais como: a falta de orientação, a informação em tempo hábil, as dificuldades de acesso e adesão aos problemas, além das próprias inquietações psicológicas e sociais da mulher durante todas as fases da vida. No que tange a qualidade destes esfregaços se faz necessário uma educação continuada para que assim estes profissionais se mantém atualizados, garantindo a qualidade do serviço prestado. 60 Figura 12: Técnica para exame da vagina e da cérvice com espéculo. Fonte: Brunner; Suddarth, 2011, p. 1415. De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006) se o exame acusou: a. insatisfatório: repetir o exame; b. dentro dos limites de normalidade: controle anual ou trienal; c. alterações reativas: tratar o processo inflamatório, fazer reavaliação clinica, controle anual ou trienal; d. atípicas de significado indeterminado: seguimento e reavaliação clínica (colposcopia e biópsia, encaminhar ao nível secundário); e. efeito citopático compatível com HPV: seguimento com tratamento de acordo com o protocolo especifico; f. NIC-I: tratar O processo inflamatório geralmente associado, seguimento trimestral; g. NIC-II: reavaliação clínica, encaminhar ao nível secundário, seguimento trimestral; h. NIC-III: encaminhar para confirmação diagnóstica, seguimento a critério médico; e i. carcinoma escamoso e adenocarcinoma: encaminhar ao nível terciário (hospital). Independente desses resultados, a mulher pode ter alguma outra infecção que deverá ser tratada. Assim deve seguir o tratamento corretamente e, às vezes, pode ser preciso que o seu parceiro também receba o tratamento. Nesses casos, recomenda-se que ele vá ao serviço de saúde receber as orientações diretamente dos profissionais, pois os sintomas do câncer do colo do útero só aparecerão com a progressão da doença. 61 A mulher deve retornar ao local onde foi realizado o exame na data marcada, para saber o resultado e receber instruções, uma vez que tão importante quanto realizar o exame é buscar o resultado e apresentá-lo ao médico. Mais que identificar doenças sérias, o exame ginecológico é uma ótima oportunidade de conversar com o médico, para sanar dúvidas a respeito de câncer, menopausa dentre tantos outros problemas que afligem inúmeras mulheres. Através desse exame, muitas doenças podem ser descobertas prematuramente sendo possível um tratamento simples e menos agressivo à mulher, por isso é importante manter o Papanicolau na rotina de exames anuais. 62 CAPÍTULO IV ESTUDO DE CASO 4 PESQUISA Elaborou-se uma pesquisa descritiva e exploratória amparada no método quantitativo, utilizando como instrumento, o questionário estruturado (Apêndice A). Seguiram-se os preceitos éticos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), sendo aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), através do protocolo número 764.470 (Anexo B). Foram convidadas a participar da coleta de dados cento e cinquenta mulheres universitárias, maiores de 18 anos. Esta aceitação esteve condicionada ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), (Anexo A), o qual foi disponibilizado aos sujeitos pelos pesquisadores. A aplicação do questionário para as mulheres se deu em sala de aula em período letivo, mês de setembro com horário combinado com o coordenador e professores dos cursos escolhidos. Inicialmente, foi realizado o contato com os coordenadores dos cursos de Pedagogia, Psicologia, Fisioterapia, Estética, Direito, Administração e Educação Física, para constatação do número de mulheres matriculadas, sendo estimado cento e cinquenta participantes no total. Após este contato, foram distribuídos os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e foram agendadas as datas para coleta de dados em sala de aula, preferencialmente próximo ao horário de intervalo, com tempo médio de duração de 20 minutos. Neste momento, as pesquisadoras permaneceram nas salas de aula, para aplicar e recolher os questionários. Foram incluídas as mulheres, maiores de 18 anos, independentemente de já terem realizado ou não o exame de Papanicolau. Com os dados em mãos, foi realizada a análise estatística, uma vez que, para Minayo (1994), uma pesquisa quantitativa pode conduzir o investigador à escolha de um problema particular a ser analisado em toda sua complexidade. 4.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados abaixo foram extraídos do questionário aplicado às mulheres universitárias, no mês de setembro de 2014, no Centro Universitário Católico 63 Unisalesiano/Lins. Estão apresentados em forma de tabelas, para melhor visualização e entendimento. A discussão emergiu sobre as questões norteadoras, bem como atendem aos objetivos que têm, como foco central, o porquê de as mulheres não realizarem o exame de Papanicolau, bem como as variáveis que o envolvem este. As tabelas de 1 a 5 versam sobre o perfil sócio-econômico das entrevistadas e, a de 6 a 11, sobre o exame preventivo de Papanicolau. Tabela 1: Quantidade de mulheres entrevistadas em função da respectiva idade Números de Indivíduos 88 16 12 07 09 04 05 01 01 Variação de Idade (anos) 18 22 27 32 37 42 47 52 57 21 26 31 36 41 46 51 56 61 Total: 143 Fonte: Santos; Canno, 2014. A população abordada apresentou-se relativamente jovem, fato este que desperta a reflexão da necessidade de orientação e educação à saúde, visto que pesquisas apontam que mulheres pertencentes às faixas etárias mais jovens e as com mais idade foram as que menos realizaram o exame ginecológico de Papanicolau nos últimos três anos. (ALBUQUERQUE KM et al, 2009) Além desta faixa etária, percebe-se também uma dificuldade por parte das mulheres mais novas em realizar o exame Papanicolau, fazendo-o apenas depois de meses de iniciarem a atividade sexual e após uma variada troca de parceiros. Este fato também pode ser justificado, uma vez que o programa para prevenção do câncer de colo de útero, não intensifica a realização para um público jovem, ou seja, a cobertura proposta é a partir de 25 anos. Não sendo o bastante, ainda se têm as mulheres mais maduras que, à medida que ficam mais velhas, deixam de realizar o exame cada vez mais, fazendo com que essa clientela se torne um grupo de risco para esse tipo de câncer. Entretanto a prática do exame evidenciaria a maturidade e a responsabilidade pessoal pelo cuidado da saúde e do corpo. 64 Tabela 2: Estado civil das mulheres entrevistadas Números de Mulheres Estado Civil 88 57 Solteiras Casadas Total: 143 Fonte: Santos; Canno, 2014. O estado civil determina uma análise importante, uma vez que se sabe que o pico de incidência de câncer de colo de útero ocorre em mulheres entre 40 e 60 anos, com poucos casos na faixa etária abaixo de 30 anos. Acontece que a maioria dos exames de Papanicolau realizados e registrados no Programa Nacional de Combate ao Câncer de Colo de Útero e Mama corresponde a mulheres casadas. Esse fato pode estar relacionado à maior demanda por cuidados relativos à natalidade nessa fase da vida, pois estão inseridas no SISPRENATAL e, automaticamente, captadas pelo SISCOLO. (BRASIL, 2002). Tabela 3: Número de filhos por mulheres Números de Mulheres 110 29 04 Número de Filhos 0 1 3 0 2 Total: 143 Fonte: Santos; Canno, 2014. Os dados da tabela 03 revelam o baixo número de filhos entre as entrevistadas. Alguns aspectos relacionados ao ciclo de vida da mulher podem influenciar nas suas atitudes de prevenção em relação à neoplasia de colo uterino, como apontado em um estudo, observou-se que as mulheres que eram mães, relataram ter realizado o Papanicolau, em proporções maiores (69%), do que as que não tinham filhos (55%). Já com relação à constituição da família, constatou-se que o percentual de realização do exame foi mais frequente entre as mulheres que tinham famílias composta por cônjuge e filhos (72%). (SOUZA; FIORAVANTE, p. 06, 2003) Um estudo de Merighi, Harmano e Cavalcante, (2002), realizado sobre os fatores que influenciam a não-realização do exame preventivo, também encontrou 65 motivos que estavam associados ao papel da mulher no cuidado com a casa e os filhos, relacionados ao dia-a-dia, repleto de afazeres que socialmente se vêem como necessários, considerando as funções das mulheres que se somam às atividades de casa e ao papel de mãe e à condição de trabalhador fora de casa. Então observamos que entre possuir ou não filhos existem controvérsias na literatura científica, e não coaduna como fator decisivo na realização do exame de Papanicolau. Tabela 4: Renda familiar das mulheres entrevistadas em relação ao salário mínimo Números de Mulheres Números de Salários Mínimos 26 58 31 20 08 01 02 03 04 Não Responderam Total: 143 Fonte: Santos; Canno, 2014. O dado econômico traz grandes contribuições, para se organizarem as ações em saúde, uma vez que populações mais carentes economicamente acabam em situações de vulnerabilidade. Serra e Mota (2000) acreditam que o baixo poder aquisitivo é gerador de obstáculos à saúde e, consequentemente, pessoas que vivem em situação desprivilegiada financeiramente falando, não conseguem satisfazer suas necessidades básicas, incluindo o cuidado com a saúde. O acesso à assistência à saúde ainda está atrelado ao fator econômico, pois o dinheiro é necessário para a subsistência, sendo que o trabalho é essencial para adquiri-lo. Desta forma, em muitas esferas do mercado de trabalho, as mulheres necessitam de uma dupla carga, uma vez que na sociedade brasileira existe uma falta de equidade entre homens e mulheres, relacionada à questão salarial, estando esta em desvantagem. Esta informação se revela em um estudo do IBGE (2011), demonstrando que, em média, as mulheres brasileiras recebiam 70% das remunerações destinadas aos homens, mesmo no desempenho das mesmas funções e cumprindo carga horária semelhante. O salário médio do trabalhador homem era de R$ 1.962,97, enquanto 66 as mulheres tinham remuneração de R$ 1.561,12. No caso de mulheres negras, essa diferença é ainda mais acentuada. Ainda que as mulheres tenham desenvolvido um conjunto maior de estratégias, quanto ao estudo, a sua situação, na perspectiva de gênero, ainda está fragilizada. Vê-se que a desigualdade salarial é predominantemente uma questão de gênero e não apenas de diferença educacional. Quando se sabe que a proporção de mulheres chefes de família subiu de 27% em 2001 para 36% em 2012 (IBGE, 2012), a desigualdade salarial de gênero é extremamente incisiva, visto que a redução de renda impera negativamente para o sustento digno da família, fazendo, muitas vezes, a mulher esquecer-se do autocuidado e da prevenção de doenças e agravos à saúde, dedicando seu tempo apenas ao trabalho e à família. Tabela 5: Relação de mulheres com plano de saúde e sem o plano de saúde Números de Mulheres Respostas Obtidas 69 72 02 Sim Não Não responderam Total: 143 Fonte: Santos; Canno, 2014. A resistência ao exame preventivo se faz como o maior problema para o acesso a realização do mesmo, por ser um exame especifico da mulher, que precisa se deitar, expor as áreas intimas do corpo e ter um aparelho (espéculo) introduzido na vagina, para que, assim, o profissional da saúde consiga coletar o material, sendo que, neste momento, deve existir uma relação de alteridade entre paciente e profissional. Logo, uma mulher com plano de saúde, tem a oportunidade de escolher seu ginecologista, e de mudar, se não gostar do profissional, quando achar necessário. Moraes, et al, (2011), revelam, em seu estudo sobre acesso ao exame, que a chance de realizá-lo é 26,1% maior para mulheres com plano de saúde, quando comparadas às sem cobertura de plano de saúde, no nível de significância de 10%. Portanto uma questão relevante, que pode estar associada à baixa adesão à realização periódica de exames de prevenção de câncer de colo uterino, é possuir 67 ou não plano de saúde. (REYES-ORTIZET et al, 2008). Apesar da universalidade do SUS e seu princípio de acessibilidade, algumas regiões ainda ofertam escassos serviços de saúde, uma vez que muitos profissionais são mal remunerados e trabalham sem condições satisfatórias de estrutura, o que acaba interferindo na relação empática com as mulheres. Elas passam por exames de maneira rápida, sem que se faça um acolhimento necessário, causando, além do constrangimento, grande desconforto e bloqueio em relação ao exame e ao profissional. Passando por uma experiência traumática, o fator negativo ao exame se sobrepõe ao positivo, fazendo com que as mulheres não retornem a outras coletas ou até mesmo para saber o resultado. Tabela 6: Conhecimento das mulheres entrevistadas sobre o exame Papanicolau Número de Mulheres Natureza 110 31 02 Conhecem Ouviram falar Não responderam Total: 143 Fonte: Santos; Canno, 2014. Lamentavelmente as mulheres ainda desconhecem na íntegra o exame de Papanicolau, como demonstra 33%, na tabela 6 e. mesmo entre as que conhecem, não se pode garantir que realizam o exame. Estando na faixa etária de realizar a prevenção do câncer de colo uterino, ainda não compreendem o significado da prevenção, uma vez que somente o ato de realizar o exame é visto como método preventivo, pois elas desconhecem os fatores de risco envolvidos no câncer de colo uterino e os conhecimentos relacionados à educação em saúde, o investimento de orientações e esclarecimentos oportunizam que as mulheres voltem seus olhares, com maior compromisso, para questões relacionadas ao autocuidado, e exercitem seu papel de protagonistas na preservação de sua saúde. (RESSEL et al, 2013) As orientações sobre as práticas de educação em saúde devem estar voltadas sobre a importância do exame de Papanicolau, na triagem das lesões cancerígenas e ao mesmo tempo esclarecer que ele tem a função de triar/identificar 68 as lesões precursoras do câncer do colo uterino, possibilitando um tratamento precoce, diminuindo assim as consequências causadas pelo câncer. Entretanto vale ressaltar que o exame não previne o surgimento do câncer, sendo que, há necessidade de outras práticas de saúde para preveni-lo. No processo de educação em saúde, devem-se orientar adequadamente as mulheres acerca dos meios de prevenção contra o câncer do colo uterino e, assim, torná-las agentes multiplicadoras. Com relação à educação das mulheres, essa deve ser voltada para a conscientização de que não é necessário esperar por sinais da doença para procurar o serviço de saúde e realizar o exame de Papanicolau, pois essa doença iniciasse silenciosamente e sem sintomas definidos. Embora, muitas das lesões precursoras do câncer de colo uterino desapareçam, mesmo sem tratamento, uma significante parcela evolui para carcinoma invasor. (RACHO; apud BRENNA, et al, 2001; HAAS, et al, 2003 p. 259, 2007) Tabela 7: Mostra indicativos patológicos que o exame Papanicolau aponta nos respectivos percentuais de resposta adquiridas Indicativos Números de resposta % de resposta Câncer DST HPV Coceira genital AIDS Outros* Não sabem 105 82 76 52 35 09 09 28,6% 22,3% 20,7% 14,2% 09,5% 02,4% 02,4% 368 100% Total: Fonte: Santos; Canno, 2014. *Nota: escorrimento, candidíase e infecção no útero respondem ao item outros. Dados do Ministério da Saúde apontam que, apesar de as mulheres conhecerem o exame através do Posto de Saúde, ainda há uma má articulação entre estes serviços e os demais níveis de atenção, indefinição de normas e condutas, baixo nível de informações de saúde da população em geral e insuficiência de informações necessárias ao planejamento das ações de saúde, 69 constatado pela informação de que nem todas as usuárias conheceram a importância do exame. (BRASIL, 2006). Desta forma, nota-se que é preocupante a mulher apenas conhecer o que o exame indica, pois é possível que ela possa realizá-lo apenas na presença de algum sintoma ou desconforto, ao passo que deveria incorporá-lo como rotina anual de prática saudável nos cuidados com o corpo. Outro fator que nos chama atenção é o fato de as mulheres acharem que a AIDS é diagnosticada pelo exame de Papanicolau, a qual só pode ser detectada por exame laboratorial através de uma amostra de sangue. Fato este que revela a necessidade de educação em saúde, para melhores esclarecimentos a este grupo populacional. Tabela 8: Mostra o conhecimento das mulheres sobre os cuidados antes da realização do exame Papanicolau Tipos de resposta Conhecem Não realizam Não sabem Números de resposta 23 51 69 Total:143 Fonte: Santos; Canno, 2014. A tabela 8 demonstra que apenas 16,08% conhecem e realizam os cuidados antes da coleta do Papanicolau. Segundo Brasil (2006), para a realização do exame preventivo do colo do útero e a fim de garantir a qualidade dos resultados, recomenda-se não utilizar duchas ou medicamentos vaginais ou exames intravaginais . Deve-se, também evitar relações sexuais, anticoncepcionais locais e espermicidas nas 48 horas anteriores ao exame e, também, não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico. Recomenda-se aguardar o quinto dia após o término da menstruação. Em algumas situações particulares, como em um sangramento anormal, a coleta pode ser realizada. Quanto aos cuidados necessários antes do exame de Papanicolau, Davim et al, (2005), apontam a necessidade de uma intervenção educativa direcionada às 70 mulheres para os cuidados prévios à sua coleta, visto que a negligência interfere na realização do exame, bem como no seu resultado. Portanto esses cuidados referidos devem ser do conhecimento de todas as mulheres que o realizam.Negligenciar os cuidados implica uma amostra de material colhido insatisfatório, alterando o resultado e implicando na necessidade de uma nova coleta. Tabela 9: Mostra respostas obtidas quanto à frequência para a realização do exame Papanicolau Tipos de resposta Números de respostas % das respostas Anualmente Nunca Semestralmente Conforme indicação médica 73 32 22 16 51,0 22,4 15,4 11,2 143 100 Total: Fonte: Santos; Canno, 2014. Com base nos dados apresentados na tabela 9, percebe-se que a maioria das participantes desta pesquisa (77,6%), já realizaram o exame de prevenção cérvicouterino, dados próximos aos 80% preconizados pelo MS, lembrando que este é um dado local e que está muito além dos dados nacionais. Vale ressaltar que a mulher ainda é motivada à realização do exame pela presença de fatores de risco, como histórias prévias de câncer na família e a desconfiança nas relações conjugais, como a infidelidade do parceiro. As mulheres entendem o exame de Papanicolau como uma maneira de praticar o autocuidado e, em sua maioria, evidenciam preocupação e empenho em conhecer suas condições de saúde. No entanto, geralmente procuram os serviços de saúde em decorrência de algum sintoma. (DUAVY et al, 2007) A não realização desse exame foi apontada por Arcaro et al (2010) como: desconhecimento quanto à existência deste tipo de exame e/ou de sua utilidade; concepção de que câncer é uma doença fatal e que, portanto, não adianta realizar o exame para prevenção ou diagnóstico precoce do mesmo; dificuldade na relação médico-paciente; oposição do companheiro/marido à realização deste tipo de 71 exame; rejeição por parte da mulher por se tratar de um exame pélvico; longo tempo de espera até a obtenção do resultado do exame e idéia de que se trata de um exame de custo elevado. Os achados de Arcaro et al (2010) reforçam o cotidiano das unidades básicas de saúde, no que tange á oferta de serviços e acolhimento das mulheres frente à realização do exame, sem falar dos entraves e desafios que se mostram a todo tempo, sendo necessária a revisão e reflexão das práticas profissionais. Tabela 10: Apresenta os indicativos múltiplos que levam as mulheres a não realizarem o exame Papanicolau Indicativo Número de resposta Vergonha Medo Ignorância Falta de tempo Difícil acesso Outros Boa saúde Falta de dinheiro Não ter plano de saúde 120 89 67 37 21 16 15 15 12 Total:392 Fonte: Santos; Canno, 2014. Apontados por algumas mulheres como obstáculos para a realização do exame o medo da dor, de um resultado positivo, vergonha, receio relacionado ao profissional, desconhecimento sobre o exame, idade, fator socioeconômico. Encontra-se o medo do julgamento, por parte das pessoas ao seu redor, o que pode decorrer da idéia de que as mulheres só procuram consulta ginecológica quando acometidas por doenças sexualmente transmitidas. Esses sentimentos podem ainda ser atribuídos a fatores como idade e o curto tempo de atuação do profissional, pois esses dois fatores podem originar desconfianças sobre as habilidades técnicas deste profissional, o que, consequentemente, pode resultar na abstenção dessas usuárias nas UBS. (SANTOS; SOUZA, 2014, pag. 947) 72 Tabela 11: Mostra as ações das mulheres após a realização do exame Ações Números de respostas Esperar o local de coleta ligar, caso der alteração 23 Não é necessário se informar sobre o resultado, uma vez que o profissional faz o diagnóstico na hora da coleta. 02 Informar-se sobre o resultado e agendar retorno. 112 Não sabe informar 25 Total: 143 Fonte: Santos; Canno, 2014. Apesar de a maioria das entrevistadas se informarem sobre o resultado no retorno médico ou na unidade de saúde, algumas ainda não realizam o retorno. Encontram-se mulheres que transpassarem pelos estigmas do exame e o realizaram. Entretanto, infelizmente, não retornam ao serviço de saúde, para buscar o resultado e apontam como fatores impeditivos motivos relacionados à mulher, relacionados ao profissional e relacionados ao serviço que recebe grande ênfase. ...o medo pode acabar adquirindo um efeito contrário ao que deseja o discurso do risco, tornando-se muito mais um elemento restritivo à realização do teste de Papanicolau, pois vários estudos têm mostrado que sentimentos de medo em relação ao teste, à doença, à dor do exame ginecológico e ao recebimento de um resultado positivo são motivos comuns para a não realização do teste de Papanicolau. (PINHO, JUNIOR, 2003) A aparente falta de interesse das mulheres em buscar o resultado nem sempre é unilateral. Às vezes, não é oferecida, por parte do serviço, uma orientação clara sobre a importância do retorno para saber o resultado do exame e tirar/esclarecer possíveis duvidas que surjam. Nesse contato com a paciente, seria importante que o profissional aproveitasse a oportunidade e desconstruir crenças e atitudes negativas em relação ao teste, sua finalidade, o significado de seus resultados e ao próprio câncer cervical. Portanto o momento em que a mulher encontra o profissional é de singular importância. É imprescindível que esse profissional ofereça informações relevantes à prevenção do câncer e certifique-se de 73 que a mulher as compreendeu. Quando esse processo educativo acontece, viabilizase que a mulher compreenda o processo e complete o seu tratamento adequadamente, além de poder compartilhar informalmente seu aprendizado com familiares e amigos. 74 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Acredita-s que esta caminhada proporciona visibilidade ao tema, o qual chega à população por inúmeros canais de comunicação, que exercem papel educativo, independente de seu caráter formal ou informal. Tal percepção reforça a importância da educação em saúde, relacionada à aprendizagem e desenhada para ser alcançada, atendendo a população de acordo com sua realidade. Faz-se necessária, uma maior divulgação sobre a realização do Papanicolau como amplificador de prevenção e antecipação de rastreamento oncológico. Esta informação pode ser repassada por meio de panfletos, redes sociais, palestras entre outras. Especialmente, no meio acadêmico, sugere-se uma atividade educativa de extensão, à comunidade escolar, promovida pelos discentes de enfermagem, que contemple o universo da prevenção de câncer de colo uterino, com ênfase na realização do Papanicolau. As atividades educativas são dispositivos potentes de transformação de saberes e que geram multiplicadores de informação. A responsabilização por estas ações educativas deve ir além do seguimento escolar e da saúde, alcançando esferas sociais, políticas e econômicas. Face ao exposto, vale divulgar que um projeto aprovado no ano 2000, pela Câmara dos Deputados e encaminhado ao Congresso Nacional, dá direito a um dia por ano, para toda trabalhadora de empresa pública ou privada, fazer o exame Papanicolau, tornando obrigatória a prevenção do câncer ginecológico para a trabalhadora que ingressar no serviço público ou privado. São ações como estas, mesmo de caráter impositivo, que repercutem positivamente na saúde. Neste sentido, pode-se citar, como um bom exemplo a ser repetido, o fato de o município de Lins tornar obrigatório, a toda mulher, o exame de Papanicolau, para poder renovar os benefícios sociais adquiridos por ela. 75 CONCLUSÃO Diante ao exposto, pode-se concluir que o exame de Papanicolau, apesar de simples e ofertado pelo SUS, ainda encontra barreiras, estigmas e desconhecimento, para se efetivar como estratégia de prevenção à agravos a saúde da mulher. A despeito de iniciativas, datadas de 1940, que versam sobre o diagnóstico e tratamento do câncer do colo do útero, por meio de citologia e colposcopia, vê-se um grande avanço com a criação do SUS. Uma vez apoiado em princípios de promoção da saúde e tendo o INCA como responsável em formular políticas públicas de prevenção ao câncer, as quais buscam a diminuição da incidência de câncer de colo uterino e, com isso, vêm se efetivando no país. Apesar de se tratar de uma doença evitável e tratável, o câncer do colo do útero configura-se como sendo um grave problema de saúde pública, que afeta as mulheres de todas as classes sociais, mas principalmente a de menor nível socioeconômico e com dificuldades de acesso aos serviços de saúde, pois, embora ainda pareça muito distante da realidade de muitas mulheres, traçar perfis de morbimortalidade evitáveis e injustos, que refletem a iniquidade em saúde. Ações de incentivo e captação de mulheres ao exame devem fazer parte da agenda diária de profissionais comprometidos com a saúde, em todos os cenários em que atuam. Enfim, são muitas as dificuldades a serem vencidas, para aumentar a adesão das mulheres à coleta do exame de Papanicolau. É importante salientar que a assimilação da prática deste exame passa principalmente pela conscientização dos seus benefícios, pela sua eficácia e importância dos próprios gestores e de toda a equipe de saúde. 76 REFERÊNCIA A.C.CAMARGO CÂNCER CENTER. Colo do Útero. São Paulo, 2014. Disponível em: < http://www.accamargo.org.br/tudo-sobre-o-cancer/colo-do-utero/11//>. Acesso em: 20 jul. 2014. ALBUQUERQUE, KAMILA MATOS et al . Cobertura do teste de Papanicolaou e fatores associados à não-realização: um olhar sobre o Programa de Prevenção do Câncer do Colo do Útero em Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 25, supl. 2, 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2009001400012&lng=en&nrm=iso>. access on 27 Oct. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2009001400012. Arcaro, et al, 2010. Comparação dos resultados de exames preventivos e de rastreamento de câncer de colo do útero em mulheres brasileiras. Rev Inst Adolfo Lutz. São Paulo, 2010; 69(1):119-125. Disponível em: < file:///C:/Users/canno_000/Downloads/Artigo1265_Compara%C3%A7%C3%A3odos-resultados-de-exames-preventivos-e-de-rastreamento-de-c%C3%A2ncer.pdf//>. Acesso em: 20 jul. 2014. BASTOS. A.C. Ginecologia. 10. ed. São Paulo, 1998. BRASIL, Ministério da Saúde. Controle dos cânceres de colo de útero e da mama. Cadernos de atenção básica, nº 13. 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à Descentralização. Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Descentralizada. Diretrizes operacionais dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Brasília, 2006. pg. 76. BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência Integral à saúde da Mulher: bases de ação programática. Brasília, 2013. Disponível em:<http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/acoes-e-programas/saudeda-mulher/leia-mais-saude-da-mulher> Acesso em: 23 jul. 2104. BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes Gerais e Operacionais da Rede Cegonha. Rede Cegonha, 2011. Disponível emhttp://portal.saude.gov.br/portal/saude/gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=37082. Acesso em 24 jul. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Brasília, 2009. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_mulher_principios_ diretrizes.pdf>Acesso em: 23 jul. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Viva Mulher. Câncer do Colo do Útero: informações técnicogerenciais e ações desenvolvidas. Rio de Janeiro: INCA, 2002. Disponível em:< 77 http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/viva_mulher.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. As prioridades do Pacto pela Saúde, no componente Pacto pela Vida, para o biênio. PORTARIA Nº 2.669, DE 3 DE NOVEMBRO DE 2009. Disponível em:< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2009/prt2669_03_11_2009_comp.html >. Acesso em: 23 jul. 2014. BRASIL, 1996; BRAGA, 2005 apud SILVA; AQUINO; SANTOS, 2008. O paciente com câncer: cognições e emoções a partir do diagnóstico. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180856872008000200006/.> Acesso em: 20 jul. 2014. BRASIL, 2002; OTTO, 2002; BRAIT, DELLAMANO, 2005b apud BRASIL, 2012. Carcinogênese Física, Química e Biológica. Disponível em: < http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/23811/.> Acesso em: 20 jul. 2014. BRASIL, Ministério da Saúde. Divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto. Brasil, 22. Fev.2006. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0399_22_02_2006.html/>. Acesso em: 20 jul. 2014. BRASIL,1984; Ministério da Saúde, 2000. Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília: Ministério da Saúde, p16. 2004. Disponível em: < http://conselho.saude.gov.br/ultimas_noticias/2007/politica_mulher.pdf/.> Acesso em: 20 jul. 2014. BRENNA SMF, HARDY E, ZEFERINO LC, NAMURA I. Conhecimento, atitude e prática do exame de Papanicolaou em mulheres com câncer de colo do uterino. Cad Saúde Publica. 2001; 17(4):909-14. DOI: 10.1590/S0102311X2001000400024. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scieloOrg/php/reference.php?pid=S003489102009000500015&caller=www.scielosp.org&lang=en/.> Acesso em: 20 out. 2014. BRUNNER; SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 12. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. CESTARI, M.; ZAGO, M. M. F. Brasil A prevenção do câncer e a promoção da saúde: um desafio para o Século XXI. Rev Bras Enferm, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n2/a18.pdf> Acesso em: 21 jul. 2014. 78 COOPERASUS. Pactos Pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão. Pactuação de Compromissos pela Saúde, 2006. Boletim Virtual. Disponível em:< http://200.214.130.60:8080/cooperasus/boletim/bv06/mat01.htm>. Acesso em: 23 jul. 2014. DAVIM, R. M. B, et al . Conhecimento de mulheres de uma Unidade Básica de Saúde da cidade de Natal/RN sobre o exame de Papanicolau. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo , v. 39, n. 3, Sept. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342005000300007&lng=en&nrm=iso>. access on 25 Oct. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342005000300007. DICIONÁRIO, Etimológico. Câncer. Língua Portuguesa, 2012. Disponível em: < http://www.dicionarioetimologico.com.br/searchController.do?hidArtigo=2D00FFA994 4B07EA22953E0A257A5F95/.> Acesso em: 20 jul. 2014. DI DIO L. J. A. Tratado de anatomia sistêmica aplicada. 2. Ed. São Paulo: Atheneu, 2002. DUAVY, L. M, et al . A percepção da mulher sobre o exame preventivo do câncer cérvico-uterino: estudo de caso. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 12, n. 3, June 2007 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141381232007000300024&lng=en&nrm=iso>. access on 27 Oct. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232007000300024. FERNANDA; ARCARO, et al . Comparação dos resultados de exames preventivos e de rastreamento de câncer de colo do útero em mulheres brasileiras. Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.), São Paulo, v. 69, n. 1, 2010 . Available from <http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S007398552010000100017&lng=en&nrm=iso>. access on 27 Oct. 2014. FRESQUET. L. JOSÉ. Instituto de História da Ciência e da Documentação. CSIC-Universidade de Valência, 2005. Disponível em: <http://www.historiadelamedicina.org/papanicolau.htm/>. Acesso em: 20 jul. 2014. FRIGATO, S; HOGA, L. A. K. Assistência à mulher com câncer de colo uterino: o papel da enfermagem. Rev Bras Cancerol, 2003. Disponível em: <inca. Gov. BR http://www1.inca.gov.br/rbc/n_49/v04/pdf/ARTIGO1.pdf> Acesso em: 20 jul. 2014. GOBBI, A. et al, 2013. Ciclo hormonal. Fisiologia do Exercício, 2013. Disponível em:< http://fisioterapiafisioex.blogspot.com.br/2013/05/sistema-endocrinohormonios.html>. Acesso em 03/05/2014. GONÇALVES, F. S. APARELHO REPRODUTOR FEMININO. Disponível em: 79 <http://www.infoescola.com/biologia/aparelhoreprodutorfeminino/>Acesso em: 20 jul. 2014. GÓMEZ, I. Fecundación .Fecundación, Embarazo y Parto, 2013. Disponível em: < http://fecundacion-embarazo-parto.blogspot.com.br/2013/01/fecundacion-embarazoy-parto.html >. Acesso em: 10 mar. 2014. GUYTON; HALL. Tratado de Fisiologia Médica. 12 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011, p. 509. GRAAFF. KMV. Anatomia Humana. 6. Ed. São Paulo: Manole, 2003. HALBE; HANS. W. Tratado de ginecologia. 3. Ed. São Paulo: Roca, 2000. INCA (Brasil). O que é o câncer. Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:< http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=322>. Acesso em 03/05/2014. INCA (Brasil). Como é o processo de carcinogênese. Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2014. Disponível em:< http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=319>. Acesso em 03/05/2014. INCA, 2014, apud Ministério da Saúde 2014.IIncidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: < http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/d/.> Acesso em: 20 jul. 2014. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em:< http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/PROGRAMA_UTERO_internet.PDF>. Acesso em: 23 jul. 2014. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Exame Preventivo. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: < http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/colo_utero/detec cao_precoce/.> Acesso em: 20 jul. 2014. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância: Estimativa 2014. Rio de Janeiro: INCA, 2014. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/sintese-deresultadoscomentarios.asp> Acesso em: 20 jul. 2014. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Controle do Câncer do Colo do Útero. Rio de Janeiro: INCA, 2014. Disponível em:< http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/prog rama_nacional_controle_cancer_colo_utero/fatores_risco>. Acesso em: 23 jul. 2014. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero. Rio de Janeiro: INCA, 2014. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/Titulos/Nomenclatura_ colo_do_utero.pdf> Acesso em: 20 jul. 2014. 80 INCA. Instituto Nacional de Câncer. Estimativas de novos casos de câncer 2014/2015. Rio de Janeiro: INCA, 2014. Disponível em:< http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/Titulos/Nomenclatura_colo_do_utero.pdf > Acesso em: 20 jul. 2014. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Nomenclatura brasileira para laudos cervicais e condutas preconizadas: recomendações para profissionais de saúde. 3. ed. Rio de Janeiro: INCA, 2012. Disponível em:< http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/Titulos/Nomenclatura_colo_do_utero.pdf > Acesso em: 20 jul. 2014. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncologia. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncologia. Rio de Janeiro: INCA, 2011. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/prog rama_nacional_controle_cancer_colo_utero/historico_acoes> Acesso em: 23 jul. 2014. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Nomenclatura brasileira para laudos cervicais e condutas preconizadas: recomendações para profissionais de saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: INCA, 2006. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/Sistema_de_informacao_do_co ntrole_do_cancer_de_mama.pdf> Acesso em: 23 jul. 2014. INCA. Instituto Nacional de Câncer. Fatores de Risco do câncer do colo do útero. Rio de Janeiro, 2014. Disponível em: < http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/prog rama_nacional_controle_cancer_colo_utero/fatores_risco/.> Acesso em: 20 jul. 2014. INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA, 1994. Colo do útero. Associação Brasileira de Genitoscopia, Rio de Janeiro, 2009. Disponível em:< http://www.abgrj.org.br/sys/index.php?option=content&task=view&id=27&Itemid=13>. Acesso em 03/05/2014. INSTITUTO DE ONCOGUIA. Fatores de Risco do Câncer de Colo do Útero. Disponível em: < http://www.oncoguia.org.br/conteudo/cancer-de-colo-doutero/1370/31/>. Acesso em 03/05/2014. NSTITUTO DE ONCOGUIA. Estimativas de Câncer no Mundo. São Paulo, 12 mai. 2014. Disponível em: < http://www.oncoguia.org.br/conteudo/estimativas-nomundo/1706/1/.> Acesso em: 20 jul. 2014. JORNAL SAÚDE. Sistema Reprodutor Feminino. Saúde em Movimento, 2003. Disponível em: < http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_frame.asp?cod_noticia= 1220/>. Acesso em: 20 jul. 2014. 81 MENDONÇA ARTNYZIA. Sistema Único de Saúde. Construindo Conhecimento, 14. Jul. 2009. Disponível em: < http://fisioterapiafateci20082.blogspot.com.br/2009/06/sistema-unico-de-saude.html.> Acesso em: 20 jul. 2014. MERIGHI. M; HARMANO. L; CAVALCANTE. L. G. O exame preventivo do câncer cérvico-uterino:conhecimento e significado para funcionárias de uma escola de enfermagem de uma instituição pública. Rev Esc Enferm USP 2002; 36(3): 289-96. MORAES, et al, 2011. Relação entre plano de saúde e a realização do exame Papanicolaou: uma aplicação de escore de propensão usando um inquérito amostral complexo. Departamento de Estatística, Universidade Federal Fluminense: Rio de Janeiro. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v14n4/06.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2014. MONTENEGRO M.R; FRANCO M. Patologia processos gerais. 4. Ed, Atheneu. São Paulo, 2008. MATÃO, M. E. L, et al, 2011. Percepção de mulheres acerca do exame colpocitológico. Revista de Enfermagem do Centro Oeste Mineiro, 1(1) 47-58, jan./mar. 2011. NELSON et al, 2009. Qualidade e desempenho das colpocitologias na prevenção de câncer de colo uterino. Departamento de Medicina – DMD, Maringá, PR. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/ramb/v55n5/21.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2014. PATRIOTA. T. Relatório da Conferência Internacional sobre população e Desenvolvimento. Plataforma de Cairo, 1994. Disponível em:< http://www.unfpa.org.br/Arquivos/relatorio-cairo.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2014. PINHO, ADRIANA DE ARAUJO; FRANCA - JUNIOR, IVAN. Prevenção do câncer de colo do útero: um modelo teórico para analisar o acesso e a utilização do teste de Papanicolaou. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., Recife , v. 3, n. 1, Mar. 2003 . Available from.<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151938292003000100012&lng=en&nrm=iso>. access on 27 Oct. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/S1519-38292003000100012. PORTAL BRASIL. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: < http://www.compromissoeatitude.org.br/politica-nacional-de-atencao-integral-asaude-da-mulher/?print=1/.> Acesso em: 20 jul. 2014. PORTO. A. O. 2004, apud, SILVA; AQUINO; SANTOS. O paciente com câncer: cognições e emoções a partir do diagnóstico. Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S180856872008000200006/.> Acesso em: 20 jul. 2014. 82 PAZ, A. P. B.; SALVARO, G. I. J. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER: PROPOSTAS EDUCATIVAS EM FOCO. Santa Catarina – Brasil, 2011. Disponível em:< http://www.ujaen.es/revista/reid/monografico/n1/REIDM1art8.pdf> Acesso em: 24 jul. 2104. PREFEITURA DE SÃO PAULO SAÚDE. AME ITAQUERA PROTOCOLO COLPOSCOPIA NIC 4. Hospital Santa Marcelina de Itaquera. São Paulo, 20. Set, 2014. Disponível em: < http://extranet.saude.prefeitura.sp.gov.br/areas/crsleste/regulacao/protocolosarquivos/ame-itaquera/AME_Itaquera_Protocolo_Colposcopia_NIC_4.pdf/>. Acesso em 03/05/2014. RATTNER. D, 2014. Da Saúde Materno Infantil ao PAISM. Disponível em:<www.tempusactas.unb.br/index.php/tempus/article/download/.../1222> Acesso em: 24 jul. 2104. REYES-ORTIZET, ET AL, 2008. Desigualdades socioeconômicas na incidência e mortalidade por câncer: revisão de estudos ecológicos, 1998-2008. Saude soc, São Paulo , v. 22, n. 3, Sept. 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010412902013000300020&lng=en&nrm=iso>. access on 27 Nov. 2014. RESSEL, et al, 2013. Exame preventivo do câncer de colo uterino: a percepção das mulheres. av.enferm. [online]. 2013 vol. 31, n.2 ISSN 0121-4500. Similaridade: 0.466770. Disponível em:< http://www.scielosp.org/scieloOrg/php/similar.php?text=Conhecimento,%20atitude%2 0e%20pr%C3%A1tica%20do%20exame%20de%20Papanicolaou%20em%20mulher es%20com%20c%C3%A2ncer%20de%20colo%20&lang=pt>. access on 27 Nov. 2014. REZENTE, JORGE. Obstetrícia fundamental. 9. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. ROBBINS, COTRAN. Fundamentos de patologia: bases patológicas das doenças. 7. ed. 2006, p.153. ROSSI, P; RIBEIRO, R. M; BARACAT, E. C. Manual de ginecologia de consultório. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2007, p.384. SANTOS, R. C. Constrangimento dificulta prevenção dos cânceres de mama e colo do útero. Jornal da Unicamp, 2006. Disponível em: <http://www.saudeemmovimento.com.br> Acesso em: 21 jul. 2014. SANTOS. U. M; SOUZA. E. B. Papanicolaou: Diagnóstico Precoce ou Prevenção do Câncer Cervical Uterino. Revista Baiana de Saúde Pública: Salvador, 2014. Disponível em: http://inseer.ibict.br/rbsp/index.php/rbsp/article/viewFile/420/pdf_448>. Acesso: 25 de out, 2014. 83 SILVA, R. M. Mulheres submetidas a tratamento para câncer de colo uterinopercepção de como enfrentam a realidade. Revista brasileira de cancerologia, 2002. Disponível em: <http://www.ufjf.br/ppgpmi/files/2010/04/ Exemplo-deartigo.pdf> Acesso em: 21 jul. 2014. SOUZA. L. M; FIORAVENTE. E. Fatores Associados à Realização do Exame Preventivo Papanicolau pelas Mulheres do Estado de Minas Gerais em 2003. Cedeplar/UFMG, 2003. Disponível em: < http://web.cedeplar.ufmg.br/cedeplar/site/seminarios/seminario_diamantina/2008/D0 8A028.pdf>. Acesso em: 21 out. 2014. ZELMANOWICZ, A. M. CÂNCER DE COLO DO ÚTERO. ABC da Saúde, 2010. Disponível em: < http://www.abcdasaude.com.br/cancerologia/cancer-de-colo-doutero> Acesso em: 21 jul. 2014. VEGAS, D. Alumbramiento Placenta. Youtube, 2013. Disponível http://www.youtube.com/Alumbramiento Placenta>. Acesso em 03/06/2014. em:< W.H.O. Cancer Control. Knowledge into ation. WHO guide for efective pogrammes. Switzerland: WHO, 2007. Disponível em: cancer/modules/Prevention%20Module.pdf>. Acesso em: 10 de março, 2014. 84 APÊNDICE 85 APÊNDICE A - Roteiro de Entrevista Estruturada 1- CARACTERIZAÇÃO DAS PESQUISADAS 2.5. Existe algum cuidado necessário antes de realizar o exame de Papanicolau? Não ( ) Sim ( ) Não sei informar ( ) 1.1 Idade: _______ anos 1.2. Estado civil: Casada ( ) Solteira ( ) Viúva ( ) 1.3 Filhos: ( ) 0 ( )1-2 ( ) 3 ou mais 1.4. Renda familiar (em salários mínimos): 1 SM ( ) 2 SM ( ) 3 SM ( ) 4 SM ( ) 1.5 Plano de saúde: Sim ( ) Não ( ) 2- QUESTÕES SOBRE O EXAME DE PAPANICOLAU 2.1 Sobre o exame de Papanicolau: Conheço ( ) Já ouvi falar ( ) Desconheço ( ) 2.2. Você acha importante a realização do exame de Papanicolau? Não ( ) Sim ( ) Por que? _______________________________ 2.3. Qual(is) doença(s) ou problema(s) o exame de Papanicolau indica? ( ( ( ( ( ( ( ) coceiras no genital ) DST ) AIDS ) Câncer ) HPV ) Diabetes )Outras:______________________ 2.4. Com que frequência se realiza o exame de Papanicolau: De 6 em 6 meses ( ) Anualmente ( ) De 2 em 2 anos ( ) Raramente ( ) Nunca realizei ( ) Conforme a indicação do médico ( ) Não sei informar ( ) Se sim, qual_____________________ 2.6. Qual(is) fator(es) abaixo levam as mulheres a não realizar o exame de Papanicolau? ( ) Falta de dinheiro para pagar o exame ( ) Medo ( ) Vergonha ( ) Falta de tempo ( ) Desconhecimento ( ) Boa saúde ( ) Não ter plano de saúde, uma vez que este exame só é feito no consultório médico ( ) Não conseguir consulta na Unidade Básica de Saúde (Posto de saúde) ( ) Não ser necessário para mulheres que tem apenas um parceiro sexual ( ) Outros:____________________________ ____________________________ 2.7. O que deve ser feito após a realização do exame de Papanicolau? ( ) Esperar o local da coleta ligar se der alterações ( ) Não é necessário se informar sobre o resultado, uma vez que o profissional faz o diagnóstico na hora da coleta. ( ) Se informar sobre o resultado, para agendar retorno médico ( ) Não sei informar 81 APÊNDICE B - Gráficos referentes ao IV capítulo. Gráfico 1: Mostra o estado civil das mulheres entrevistadas. Estado Civil 40% Casadas 60% Solteiras Gráfico 2: Mostra a relação de número de filhos por mulheres. Números de Filhos 20% 3% Nenhum 01 a 02 77% 03 ou mais 82 Gráfico 3: Mostra a renda familiar das mulheres entrevistadas em relação ao salário mínimo. Relação de Salários Mínimos 14% 6% 18% 1 2 22% 3 40% 4 Não responderam Gráfico 4: Apresenta a relação entre mulheres x plano de saúde. Representação de Mulheres em relação a ter Planos de Saúde 2% 48% 50% Sim Não Não responderam 83 Gráfico 5: Apresenta a natureza do conhecimento das mulheres entrevistadas sobre o exame Papanicolau. Conhecimento a Cerca do Exame de Papanicolau 1% 22% Conhecem Ouviram Falar 77% Desconhecem Gráfico 6: Apresenta os indicativos patológicos que o exame Papanicolau aponta nos respectivos percentuais de resposta adquiridas. 120 Indicativos Patológicos 105 100 82 80 60 40 20 0 76 52 35 9 9 84 Gráfico 7: Mostra respostas obtidas quanto à frequência para a realização do exame Papanicolau. Frequência da Realização do Exame 11% 16% Anualmente 51% Nunca Semestralmente 22% Conf indicação médica Gráfico 9: Mostra tipos de resposta que os entrevistados apontam quanto aos cuidados antes da realização do exame Papanicolau. Saber das Mulheres em Relação ao Cuidado antes da Realização do Exame 16% 48% Sim 36% Não Não sabem 85 Gráfico 10: Mostra os indicativos múltiplos que levam as mulheres a não realizarem o exame Papanicolau. Fatores que Levam a não Realização do Exame 140 120 100 80 60 40 20 0 Gráfico 11: Mostra ações realizadas pelas pacientes após realização do exame. Ações apos o exame 14% 16% 1% Esperar o local ligar Não é necessario pois realiza o diagnostico na hora Se informar e agendar resultado Não sei informar 69% 86 ANEXOS 87 ANEXO A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO (Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS) I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL 1. Nome do Paciente: Documento de Identidade nº Sexo: Data de Nascimento: Endereço: Cidade: Telefone: U.F. CEP: 1. Responsável Legal: Documento de Identidade nº Sexo: Data de Nascimento: Endereço: Cidade: U.F. Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.): II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA 1. Título do protocolo de pesquisa: 2. Pesquisador responsável: Cargo/função: Inscr.Cons.Regional: Unidade ou Departamento do Solicitante: 3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo). SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR 4. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar): 5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: (explicitar) 6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar) 88 7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar) 8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar) 9. Duração da pesquisa: 10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em / / III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL 1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo. 2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento. 3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade. 4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa. 5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos decorrentes da pesquisa. Observações complementares. IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO 89 Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido (a) pelo pesquisador responsável e assistentes, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II. ________________________________ Assinatura ____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: ____________________________________ Testemunha Nome .....: Endereço.: Telefone .: R.G. .......: Local, / / . 90 91 92 93