PRATICANDO A MORFOLOGIA VEGETAL ATRAVÉS DAS PLANTAS MEDICINAIS NA ESCOLA ESTADUAL DR. PEDRO MASCARENHAS Silara Fatima Batista1, Cristiane Aparecida Ferreira Pires1, Gisele dos Santos Toledo Alves1, Márcia Cristina Gonçalves de Assis1, Nádia M. R. de Campos Velho2,Walderez Moreira Joaquim2 1 2 Bolsistas PIBID/CAPES/UNIVAP, Coordenadores Subprojeto Ciências/ PIBID/CAPES/UNIVAP Rua Tertuliano Delfim Jr, 181 - Jd. Aquarius São José dos Campos - SP Cep: 12246-001 nvelho@univap. Resumo- O projeto PIBID/CAPES/UNIVAP – Subprojeto Ciências visa propiciar aos licenciandos bolsistas experiências docentes através de parcerias com escolas da rede pública, interagindo os futuros docentes com alunos do Ensino Fundamental realizando através dessa experiência a formação de multiplicadores do conhecimento. Objetivou-se a partir de atividades práticas, promover a construção do conhecimento sobre morfologia vegetal através das plantas medicinais cultivadas nos canteiros da escola EE. Dr. Pedro Mascarenhas pelos alunos do 7º e 8º ano do Ensino Fundamental Anos Finais. Foram elaboradas atividades didático-pedagógicas sobre a morfologia da folha, caule, raiz e sementes das plantas medicinais escolhidas aleatoriamente pelos alunos, promovendo a observação, discussão, ilustração e classificação morfológica de cada órgão. Constatou-se que a partir da estratégia utilizada e após a aplicação das atividades, a construção significativa do conhecimento sobre a morfologia vegetal, além de um crescente interesse dos alunos nas plantas medicinais trabalhadas pelo projeto durante o ano letivo. Palavras-chave: Projeto PIBID/Capes, Morfologia vegetal, Educação ambiental, Plantas Medicinais. Área do Conhecimento: Educação Introdução O programa institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID/CAPES, visa oferecer aos graduandos dos cursos de licenciatura uma experiência de prática docente através de parcerias com escolas da rede pública, promovendo interação entre futuros docentes e alunos da educação básica participantes do projeto que se tornam multiplicadores do conhecimento (QUERUBINO et al.,2011). Na Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), os Licenciandos em Ciências Biológicas otimizam essa experiência proporcionada pelo PIBID, através do subprojeto de Ciências que utiliza as plantas medicinais para abordar diversos conteúdos botânicos pertinentes ao Ensino Fundamental. A aprendizagem significativa possibilita ao aluno relacionar o conteúdo aprendido com o conhecimento prévio existente, construindo relações com o cotidiano e aplicando-as em uma variedade de situações semelhantes (PIUS, 2009). Silva (2005) relata que as aulas de botânica no Ensino Fundamental, são sustentadas em exposições teóricas de livros didáticos, e suas ilustrações são constantemente confrontadas com autores que julgam necessário sua aliança com metodologias práticas, como aulas de campo e expositivas, objetivando uma aprendizagem significativa, e colocada de forma natural no cotidiano do aluno. Silva (2004) considera que mesmo uma sociedade urbano-industrial não deve ser uma limitação para a realização de aulas práticas, pois são indispensáveis no ensino da biologia, e sua ausência maximiza o anonimato da grande biodiversidade brasileira. Desenhos e esquemas são traduções da imagem visual, permitindo que estes sejam concretizados significativamente pelo aluno, sendo a forma de linguagem mais efetiva para o ensino da morfologia vegetal (PIAGET, 1990; FREINET, 1989). A Morfologia Vegetal estuda as formas externa das plantas, e teve por base a classificação de Linnaeus, e até alguns anos atrás era um ramo da medicina, sendo as plantas medicinais amplamente utilizadas na cura de diversas doenças (GEMMELL,1981;RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2001). Nesse âmbito considera-se o uso das plantas medicinais populares um objeto de estudo para o ensino da morfologia vegetal na educação básica. Metodologia Local de estudo e Público alvo O estudo foi realizado na Escola Estadual Dr. Pedro Mascarenhas, localizada na cidade de São XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 José dos Campos, onde alunos participantes do subprojeto ciências do 7º e 8º ano do Ensino Fundamental Anos Finais realizaram a construção de canteiros orientados pelos licenciandos bolsistas canteiros de plantas medicinais com as espécies: Pulmonária (Pulmonaria sp), Fortuna (Kalanchoe pinnata), Carqueja (Baccharis trimera), Hortelã (Mentha sp), Anador (Justicia pectoralis), Alecrim (Rosmarinus officinalis), Hortelã pimenta (Mentha sp), Capim limão (Cymbopogon citratus),Novalgina (Achillea millefolium), Penicilina (Alternanthera brasiliana),Canfora (Cinnamomum canphora), Alecrim (Rosmarinus officinalis, ErvaCidreira (Lippia sp), Confrei (Symphytum officinale), Cana-do-brejo (Costus spiralis) (Figura 1). A atividade de morfologia de folha propiciou a montagem de exsicatas elaboradas pelos alunos segundo as técnicas de Brun; Brun; Longhi (2012) e que foram preservadas para posterior montagem de material botânico da escola. Resultados As atividades propostas foram aplicadas em dias diferentes, promovendo a discussão entre os alunos. A parte teórica de todas as atividades sobre os órgãos das plantas foram ministradas de forma oral e dinâmica. A primeira atividade aplicada foi de morfologia da folha, pois é a parte da planta mais fácil de ser reconhecida pelos alunos. Foram usadas espécies medicinais dos canteiros da escola e também folhas comestíveis. As folhas escolhidas pelos alunos foram classificadas através da apresentação de esquemas quanto à forma do limbo, tipo de margem. Observaram-se também a partir do tipo de nervura as classes das angiospermas: monocotiledôneas e eudicotiledôneas. As exsicatas foram confeccionadas pelos alunos com plantas medicinais dos canteiros e guardadas na escola para futura montagem da coleção de exsicatas (Figura 2). Figura 1- Canteiro de Plantas medicinais da EE. Dr. Pedro Mascarenhas, construídos pelos alunos do Ensino Fundamental Anos Finais. Atividades de Morfologia Vegetal Foi elaborada uma atividade didáticopedagógica para cada órgão vegetal: folha, caule, raiz e semente, tendo como referência a classificação morfológica proposta por Gonçalves e Lorenzi (2011), e imagens dos órgãos obtidas pelo Google imagens. As atividades constituíramse de breve embasamento teórico, ilustrações coloridas dos órgãos, e proposta para elaboração de esquemas e classificação dos vegetais. Para a execução das atividades, os alunos escolheram aleatoriamente plantas dos canteiros e realizaram as atividades de morfologia da folha, caule e raiz. Para a atividade de semente utilizou-se espécimes da flor Hibisco (Hibiscus sabdariffa L.), do fruto maçã (Pirus malus, L.) e das sementes milho (Zea mays L.) e feijão (Phaseolus vulgaris L.). Figura 2 – Realização da atividade de morfologia da folha e confecção de exsicatas pelos alunos do Ensino Fundamental Anos Finais. A segunda atividade aplicada foi sobre morfologia do caule, também devido a facilidade de reconhecimento pelos alunos. Foram usadas plantas dos canteiros e de caules comestíveis. Os caules foram classificados de acordo com a consistência, porte (herbáceo ou sub-lenhos), tipo de desenvolvimento (aéreo e subterrâneo), presença ou não de adaptações e modificações, (acúleo, gavinha e espinho) (Figura 3). XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 eudicotiledôneas. Foram colocadas para germinar sementes de milho e feijão no canteiro e em algodão dentro de copos plásticos para que os alunos observassem e comparassem as diferenças na germinação das sementes quanto ao número das folhas primordiais, tipo de folha, tipo de raiz (Figura 5). Figura 3- Realização da atividade de morfologia do caule pelos alunos do Ensino Fundamental Anos Finais. Para a atividade da morfologia de raiz os alunos utilizaram raízes comestíveis. As raízes foram classificadas quanto ao tipo de sistema radicular, (pivotantes e fasciculadas), tipo de desenvolvimento (aéreas e subterrâneas), presença ou não de adaptações. O tipo de sistema radicular propiciou o aprendizado das classes das angiospermas (monocotiledôneas e eudicotiledôneas), conforme figura 4. Figura 4- Realização da atividade de morfologia da raiz pelos alunos do Ensino Fundamental Anos Finais. Para realização da atividade da morfologia de semente, foram abordados conceitos de flor e fruto para melhor entendimento da origem da semente e como é preservada na planta. Utilizaram-se flores existentes na escola, frutos e sementes comestíveis. Os alunos observaram as sementes verificando o número de cotilédones e, classificando-as como monocotiledôneas e Figura 5- Realização da atividade de morfologia e observação e comparação da semente de milho e feijão pelos alunos o Ensino Fundamental Anos Finais. Discussão Cruz; Furlan; Joaquim (2012) afirmam que o ensino de botânica nas escolas continua sendo uma análise descritiva e maçante de conteúdos tratados de forma rotineira e desestimulante tanto para alunos como para os professores, e que o ambiente escolar seria um local propício para o resgate de conhecimentos sobre plantas medicinais, podendo ser utilizadas como foco principal no ensino da morfologia vegetal. As atividades de morfologia vegetal propostas no subprojeto de Ciências tiveram como objeto de estudo as plantas medicinais cultivadas pelos alunos nos canteiros da escola que acompanham o desenvolvimento das plantas, procedimento que promove a sua valorização de modo geral. Os esquemas e desenhos estão intimamente ligados à compreensão do ensino da Biologia, principalmente da botânica, pois através deles o aluno coloca em prática o que idealizou através dos conceitos aprendidos. Todas as atividades foram baseadas na construção de esquemas, de maneira a fixar o conteúdo proposto, além de tornar as aulas mais prazerosas e dinâmicas (SILVA, 2004). Pereira; Lima; Costa (2011) relata que atividades nas quais os alunos podem sanar dúvidas com o material em mãos, contribui para o aprendizado significativo e forma multiplicadores XVI Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 do conhecimento. Nas atividades propostas os alunos tiveram a oportunidade de trabalhar a morfologia dos órgãos das plantas medicinais e comestíveis manipulando o material, observando, comparando, classificando e discutindo sobre as características encontradas, verificando-se a aquisição de conhecimentos a partir da estratégia proposta. A construção do conhecimento pode ocorrer de várias maneiras e diversos autores relatam a importância de uma reformulação no ensino, buscando novas metodologias que propiciem uma aprendizagem significativa. No ensino de Ciências, as atividades práticas são de fundamental importância para acrescentar interesse nos conceitos abordados pelo professor (QUERUBINO et al,2011; NETA et al,2010; SILVA et al, 2005). As atividades de morfologia vegetal despertaram nos alunos curiosidades e questionamentos sobre as plantas medicinais cultivadas nos canteiros, não só pela ação medicinal, mas também pela diferença de estruturas morfológicas que apresentam. Conclusão Através do subprojeto ciências/PIBID/CAPES/UNIVAP, os licenciandos bolsistas têm obtido experiências de práticas docentes, proporcionando estratégias que possibilitam a formação de alunos multiplicadores de conhecimento da botânica, através das plantas medicinais. Agradecimentos À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão das bolsas Edital nº 018/2010/CAPES, aos graduandos bolsistas e bolsistas-supervisores PIBID/CAPES, Diretoria de Ensino do Município de São José dos Campos e Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP. Referências BRUN, E. J.; BRUN, F. G. K.; LONGHI, S. J. Técnica de Coleta e Herborização de Material Botânico. Disponível em: http:// www.utfpr.edu.br. Acesso em: 14 de Agosto de 2012 CRUZ, L. P.; FURLAN, M. R.; JOAQUIM, W. M. O estudo de plantas medicinais no ensino fundamental: uma possibilidade para o ensino da botânica. 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