UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Nádia Rodrigues Soares Marinho Cuidados de Enfermagem durante a hemotransfusão: Uma revisão narrativa FLORIANÓPOLIS (SC) 2014 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Nádia Rodrigues Soares Marinho Cuidados de Enfermagem durante a hemotransfusão: Uma revisão narrativa Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Opção Urgência e Emergência do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista. Profa. Orientadora: Maria Bettina Camargo Bub FLORIANÓPOLIS (SC) 2014 3 FOLHA DE APROVAÇÃO O trabalho intitulado Cuidados de Enfermagem durante a hemotransfusão: Uma revisão narrativa, de autoria da aluna Nádia Rodrigues Soares Marinho, foi examinado e avaliado pela banca avaliadora, sendo considerado APROVADO no Curso de Especialização em Linhas de Cuidado em Enfermagem – Área Urgência e Emergência. _____________________________________ Profa. Dra. Maria Bettina Camargo Bub Orientadora da Monografia _____________________________________ Profa. Dra. Vânia Marli Schubert Backes Coordenadora do Curso _____________________________________ Profa. Dra. Flávia Regina Souza Ramos Coordenadora de Monografia FLORIANÓPOLIS (SC) 2014 4 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 01 2 MÉTODO................................................................................................................... 03 3 DEFINIÇÕES BÁSICAS........................................................................................ 04 4 PERÍODOS DA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA...................................................... 06 4.1 Período pré-transfusional....................................................................................... 07 4.2 Período transfusional............................................................................................ 07 4.3 Período pós-transfusional...................................................................................... 08 5. OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA HEMOTRANSFUSÃO PRÁTICA TRANSFUSIONAL SEGURA – Grupo ABO...................................................... 09 6. RESPONSABILIDADES TÉCNICAS E ÉTICAS DA ENFERMAGEM NA HEMOTRANSFUSÃO............................................................................................. 10 7. HEMOVIGILÂNCIA........................................................................................... 12 8 EFEITOS ADVERSOS E COMPLICAÇÕES........................................................ 14 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 19 10 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 21 5 LISTA DE TABELAS Tabela 1. PRÁTICA TRANSFUSIONAL SEGURA – Grupo ABO........................... 09 Tabela 2. REAÇÕES LEVES...................................................................................... 16 Tabela 3. REAÇÕES MODERADAMENTE GRAVES............................................ 16 Tabela 4. REAÇÕES POTENCIALMENTE FATAIS.............................................. 17 i RESUMO No Brasil, durante as duas últimas décadas, a Hemoterapia experimentou transformações extraordinárias na qualidade do atendimento, principalmente a partir dos anos 1990, quando houve mudanças profundas quanto à sua prática assistencial. Trata-se de uma pesquisa de método qualitativo, do tipo revisão narrativa da literatura, com o objetivo de conhecer os cuidados de enfermagem a serem realizados durante o Processo Transfusional, a fim de aplicá-los futuramente na minha prática profissional. Busca da literatura ocorreu a partir da Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando os descritores: transfusão, hematologia, cuidados de Enfermagem, hemovigilância e assistência de Enfermagem. Foram pesquisadas as bases de dados LILACS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane, Scielo, BDENF. Os critérios utilizados para a seleção dos artigos foram: artigos completos disponíveis eletronicamente, nos idiomas português, inglês ou espanhol; artigos que abordam a temática enfermagem e hemoterapia. Foram também consultadas outras fontes, como exemplo, livros, dissertações e teses de pósgraduações Stricto Sensu, bem como a legislação acerca do tema, as diretrizes da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e do Colégio Brasileiro de Hemoterapia e as Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem. Os dados foram organizados e analisados, resultando nos seguintes temas: definições básicas, indicação e períodos da transfusão sanguínea, OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA HEMOTRANSFUSÃO – prática transfusional segura – grupo ABO; responsabilidades técnicas e éticas da enfermagem na hemotransfusão; Hemovigilância; e, efeitos adversos e complicações da transfusão. Palavras-Chave: Hemoterapia. Hemotransfusão. Enfermagem. 1 INTRODUÇÃO Atualmente a hemoterapia é uma das alternativas terapêuticas mais efetivas no tratamento de determinadas enfermidades, e na reposição de hemocomponentes e hemoderivados essenciais à manutenção da vida (ANACLETO; SOMAVILLA, 2010). Hemocomponentes e hemoderivados são produtos distintos. Os hemocomponentes são produtos gerados um a um nos serviços de hemoterapia, a partir do sangue total, por meio de processos físicos (centrifugação, congelamento). Já os hemoderivados são produtos obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma por processos físico-químicos. (BRASIL, 2010). A Hemoterapia é uma especialidade da área da saúde que envolve conhecimentos específicos relativos ao emprego terapêutico do sangue. É reconhecida como um dos ramos mais recentes da ciência de laboratório, considerando-se que os grupos sanguíneos foram descobertos somente há cerca de 80 anos, e alguns deles foram identificados apenas nos últimos 30 anos (FLORIZANO; FRAGA, 2007, p. 283). Conforme Fraga e Florizano, (2007), a Hemoterapia vem sendo estudada há muito tempo, passando por várias fases, evoluindo rapidamente e apresentando uma grande perspectiva futura. Mesmo assim, sua história pode ser dividida em dois períodos. No primeiro, basicamente empírico, foi marcado por um grande número de mortes. No segundo, já científico, ocorreu a partir da descoberta dos grupos sanguíneos. Por longos anos, os serviços de Hemoterapia foram relegados ao esquecimento. Foram mal gerenciados, não eram fiscalizados pelos governos, e não tinham normas ou projetos definidos para o seu desenvolvimento. Entretanto, com o surgimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – SIDA/AIDS, estas irregularidades foram causas de interdições de várias instituições (BRASIL, 2004). No Brasil, a Hemoterapia experimentou extraordinárias transformações na qualidade da assistência nas duas últimas décadas. Na base deste expressivo avanço, encontra-se o impacto representado pela transmissão da SIDA/AIDS no processo de transfusão sanguínea, que compeliu modificações radicais do sistema vigente, criando novos paradigmas de atendimento para contemplar ações de aprimoramento de recursos materiais e humanos, a fim de garantir a segurança transfusional. 2 À Vigilância Sanitária compete licenciar os estabelecimentos de saúde dos estados e municípios. Porém, a inspeção no País ainda é precária, a distribuição dos serviços de saúde públicos e privados é desigual para os diferentes segmentos da população, além da incorporação tecnológica sem a devida consideração do potencial de riscos (COVAS, 2007 apud MENDES, 2007). Todavia, desde 2004, os bancos de sangue passaram a ser regidos pela Resolução da Diretoria Colegiada – RDC, no. 153, de 14 de junho do mesmo ano, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA (BRASIL, 2004). A medicina transfusional, segundo Mota et al (2007), é um complexo procedimento subordinado ao trabalho de vários profissionais. Para realizá-lo com segurança, cada um deles depende não só de seus próprios conhecimentos e habilidades, mas também dos de toda a equipe e da eficiência do sistema. De acordo com Ferreira et al, (2007), ainda que os profissionais de enfermagem exerçam um papel fundamental na segurança transfusional, eles não devem apenas administrar hemoderivados, mas também conhecer suas indicações, providenciar a checagem de dados importantes para a prevenção de erros, orientar os pacientes sobre o processo transfusional, detectar, comunicar e atuar nos atendimentos às reações, documentando todo o procedimento. Com essa mesma compreensão, Martinez et al (2007) afirmam que a atuação destes profissionais pode minimizar significativamente os riscos do paciente que recebe transfusão se o gerenciamento do mecanismo ocorrer com a efetividade necessária. É válido ressaltar que profissionais sem conhecimentos em Hemoterapia e sem habilidades suficientes podem provocar complicações e danos relevantes. A partir da experiência enquanto profissional de saúde (técnico de Enfermagem do Hemocentro do Rio Grande do Norte e graduada em Enfermagem) eu venho observando que, durante a assistência na hemotransfusão, os atendentes cometem não conformidades facilmente detectáveis, além de não seguirem padrões ou diretrizes sobre o assunto, ou seja, percebe-se que os profissionais adotam práticas diferentes, embora realizem o mesmo procedimento. Essa realidade me causa inquietação e me conduziu ao seguinte questionamento: quais são os cuidados de enfermagem a serem realizados durante o Processo Transfusional? 3 2. METODOLOGIA Para responder a tal questionamento, busquei na literatura conhecimento que fundamentasse o cuidado durante o processo transfusional com o propósito de aplicar os resultados na minha prática profissional. Inicialmente escolhi o tema e selecionei o eixo central; defini as informações, avaliei e selecionei os estudos incluídos na revisão bibliográfica e, por fim, sistematizei interpretei os resultados. O período de busca das informações foi de 2013 a 2014. Neste período foi consultado o portal web Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME), no qual estão indexadas as bases de dados internacionais: LILACS, MEDLINE, Biblioteca Cochrane, Scielo, BDENF. Foram utilizados descritores controlados da Biblioteca Virtual em Saúde, Descritores em Ciências da Saúde, tais como: Transfusão, Hematologia, Cuidados de Enfermagem, Hemovigilância e Assistência de Enfermagem. Os critérios utilizados para a seleção dos artigos foram: artigos completos disponíveis eletronicamente, nos idiomas português, inglês ou espanhol; artigos que abordam a temática enfermagem e hemoterapia. Na busca inicial encontrei 1852 artigos. Com o propósito de refinar a busca foram utilizadas as palavras-chave: Hemoterapia, Hemotransfusão, Enfermagem. Este fato restringiu o número de artigos para 42, foram selecionados 38 por atenderem aos questionamentos e objetivos deste estudo. Foram também consultadas outras fontes, como exemplo, livros, dissertações e teses de pós-graduações Stricto Sensu, bem como a legislação acerca do tema, as diretrizes da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e do Colégio Brasileiro de Hemoterapia e as Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem. O levantamento de referências teve como critério de inclusão artigos que estivessem disponíveis na íntegra e indexada, publicada entre o período de 2004 a 2014. Em relação à bibliografia, foram incluídas edições datadas no período de 2000 a 2014. Os artigos encontrados foram numerados, conforme a ordem alfabética, e os dados organizados a partir da definição das informações a serem selecionados dos artigos. 4 3 DEFINIÇÕES BÁSICAS O ato de transfusão é de total responsabilidade da equipe médica, porém os cuidados com a transfusão e o processo são encargos do enfermeiro. O enfermeiro deve participar da equipe multiprofissional, procurando garantir uma assistência integral ao doador, receptor e familiar, assistindo a todos de forma integral (Almeida, et al, 2011). Em relação aos cuidados de enfermagem na Hemotransfusão podemos utilizar como referência, tabelas que incluem as possíveis reações adversas e os respectivos cuidados e intervenções necessárias que competem ao profissional enfermeiro e à equipe de enfermagem – técnicos e auxiliares de enfermagem. De acordo com Florizano e Fraga (2007), a medicina transfusional vem assumindo um papel de extrema importância na medicina moderna. Dentre os aspectos que contribuíram para o avanço da hemoterapia no Brasil, podemos citar a economia, o desenvolvimento da genética molecular e biotecnologia, a terapia celular, a inovação de equipamentos, a automação e computação e os sistemas da qualidade. É diante desse quadro de técnicas auxiliadoras que o processo da Hemoterapia aprimora-se e evolui gradativamente, acompanhando os avanços da ciência e tecnologia. A fim de delimitar e esclarecer a definição de Hemoterapia, é fundamental definir alguns de seus termos e elementos próprios e recorrentes, o que faremos nesta parte do trabalho. Conforme já mencionamos anteriormente, hemocomponentes e hemoderivados são produtos distintos. Também como já mencionado, hemocomponentes são produtos gerados um a um nos serviços de hemoterapia, a partir do sangue total, por meio de processos físicos (centrifugação, congelamento). Já os hemoderivados são produtos obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma por processos físico-químicos. (BRASIL, 2010). A primeira das definições abrange o ramo da Hematologia, que, segundo Junqueira et al (2005), configura-se como o estudo do sangue e dos tecidos formadores das células sanguíneas. Ela é responsável pela análise dos elementos celulares, como por exemplo, hemácias, leucócitos, plaquetas suspensas no seu meio líquido, o plasma sanguíneo, e também pelo estudo das funções desses componentes no organismo e das doenças primárias do sangue e dos tecidos hematopoiéticos. 5 Os Hemoderivados correspondem a todos os produtos obtidos a partir do plasma fresco, os quais são submetidos aos processos físicos (centrifugação) e químicos. (LOMBA, M.; LOMBA, A. 2006, p. 133). Os Hemocomponentes são produtos oriundos do sangue total passando apenas pelo processo físico (centrifugação). (BRASIL, 2004, p. 16). Hemovigilância é mais um dos conceitos básicos. Conforme Lelis et al (2005), a Hemovigilância é um sistema de avaliação e alerta da cadeia transfusional, cuja ação consiste em rastrear os hemocomponentes, a fim de revelar em quem foram transfundidos, em que quantidade, e se causaram alguma reação. O propósito é prevenir o aparecimento ou recorrência de incidentes. Há três tipos de doação. A Doação Autóloga é aquela realizada pelo próprio paciente, destinada a cirurgias eletivas, nas quais haja a necessidade de uma potencial transfusão, como é o caso de uma cirurgia ortopédica. (CONCEIÇÃO, 2004). Nesse caso, as doações são realizadas de 4 a 6 semanas antes da cirurgia. As Doações Voluntárias, segundo Nettina (2007), são aquelas designadas a abastecer os Bancos de Sangue e utilizadas em qualquer paciente que esteja precisando de transfusão sanguínea. E por último, a Doação Dirigida é efetivada por familiares ou amigos de um paciente, quando é identificada aquela bolsa de sangue para o paciente específico (BRUNER; SUDDARTH e SMELTEZER, 2005, p. 980). A Terapêutica Transfusional é mais um elemento expressivo na Hemoterapia. Triulzi (2002) define-a como a transfusão sanguínea e de seus hemocomponentes para pacientes necessitados. Para frisar sua importância, é interessante salientar que o sangue restaura a capacidade de transporte de oxigênio e promove expansão de volume. A indicação primária dessa técnica é para o tratamento de pacientes com sangramento ativo e que tenham perdido mais que 25% do total de seu volume sanguíneo. 6 4. PERÍODOS DA TRANSFUSÃO SANGÜÍNEA No contexto de indicação e períodos da transfusão sanguínea, foi verificado que os profissionais de enfermagem são os principais responsáveis pela assistência prestada na Hemotransfusão, tendo como parâmetro a prevenção e o controle das reações adversas, o conhecimento de todos os períodos transfusionais – coleta de amostra de sangue do paciente para que o banco de sangue realize os testes de compatibilidade, conferência dos dados de identificação, vigilância dos eventos adversos da hemotransfusão e, ao término da administração de hemocomponentes, observação do paciente para detectar possíveis reações adversas. A transfusão sanguínea é um processo que mesmo sendo realizado de acordo com todas as normas técnicas preconizadas, envolve um grande risco sanitário para o paciente, por conta da ocorrência de incidentes transfusionais potenciais. Para que esses riscos sejam minimizados é necessário: administrar corretamente a bolsa de sangue; o enfermeiro, enfermeira e sua equipe, precisam saber como agir, ou seja, agir de acordo com a Conduta do enfermeiro nas emergências transfusionais. Por exemplo, eles precisam saber que uma unidade e de concentrado de hemácias (CH) deve elevar o nível de hemoglobina em 1,0 g/dL em um receptor de 70 quilos e que não esteja com sangramento ativo. (Guia de produtos hemoterápicos) De acordo com Rached (2000), a indicação de transfusão de sangue e hemocomponentes deve ser orientada por uma série de parâmetros clínicos e laboratoriais que visam determinar o momento mais adequado para a realização da transfusão, de modo a beneficiar a evolução clínica do paciente. Rached ressalta que: [...] atualmente não se dispõe de um critério único e preciso para se indicar a transfusão de sangue e hemocomponentes, em particular transfusão de hemácias. Portanto, a dificuldade na obtenção de critérios objetivos ocorre por vários motivos, entre os quais podemos destacar: capacidade de adaptação de cada paciente; condições clínicas (idade, presença de insuficiência de órgãos e sistemas e doenças associadas); presença de perdas sanguíneas e procedimentos cirúrgicos complexos (cirurgia cardíaca, hepática, neurológica e transplantes). (RACHED, 2000, p. 285). 7 Nesse sentido, como determina Brasil (2004), os profissionais de enfermagem são os principais responsáveis pelos cuidados na transfusão sanguínea e, por este motivo, conhecer todas as etapas transfusionais – que incluem os processos pré, trans e pós-transfusional – de forma que os riscos adversos sejam minimizados ou ausentes durante os procedimentos transfusionais, uma vez que a Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde nos dá subsídios sobre todo o processo transfusional. A transfusão de Concentrado de Hemácias não se justifica quando: o hematócrito for superior a 30%, exceto nos casos com queda superior a 6% em 24 horas ou superior a 12% em 48 horas; o hematócrito entre 24% a 30% desde que não ocorram as seguintes alterações: queda do hematócrito superior a 6% nas últimas 24 horas; angina e dor torácica nas 24 horas que antecedem o ato transfusional; infarto agudo do miocárdio (IAM) até seis semanas antes da transfusão; perda de sangue superior a 1.000 mL antes da transfusão; eletrocardiograma indicando isquemia coronariana ou IAM. (Fernanda H. Razouk; Edna M. V. Reiche,2004) 4.1. Período pré-transfusional O período pré-transfusional compreende a etapa em que se coleta amostras de sangue do paciente para que o banco de sangue realize o teste ABO, Rh e de compatibilidade. (BRUNNER, SUDDARTH E SMELTEZER, 2005), As amostras devem ser identificadas com o nome legível e sem abreviações do receptor, do leito, da unidade de internação e do registro hospitalar. A solicitação enviada ao banco de sangue deve conter todas as informações exigidas na amostra, sem divergência de dados. 4.2. Período transfusional Ao receber a amostra sanguínea, é fundamental conferir o tipo de componente ou hemocomponente, os dados colhidos na fase anterior – nome do paciente, nome do hospital, leito, registro hospitalar, prova de compatibilidade, ABO e Rh –, bem como a quantidade a ser transfundida, a fim de realizar a punção venosa do paciente (veia calibrosa). (CINTRA, NUNES E NISHIDE, 2005). 8 4.3 Períodos pós-transfusional Cintra, Nunes e Nishide (2005) ressaltam que, ao término da administração dos hemocomponentes, deve-se proceder à verificação dos sinais vitais do paciente, lembrando-se de que reações adversas ocorrem também após o fim da transfusão, podendo o acesso venoso empregado durante a hemotransfusão ser reutilizado. Portanto, é indicado orientar o paciente e seus familiares quanto ao procedimento e aos possíveis sintomas relacionados. 9 5. OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA HEMOTRANSFUSÃO – PRÁTICA TRANSFUSIONAL SEGURA – Grupo ABO Todos os procedimentos relacionados à Hemotransfusão, de acordo com Razouk e Reiche (2004), expõem o receptor a sérias complicações, como por exemplo, a aquisição de doenças transmissíveis, reações transfusionais – hemolítica ou não – sensibilização imunológica, falha terapêutica, aumento no custo do tratamento e ansiedade gerada no paciente e nos familiares. Para a eficiência dos serviços de Hemoterapia, a participação de profissionais especializados é primordial, visto que se trata de um procedimento de alta complexidade e que requer cuidados durante todo o processo – que se inicia com a captação de sangue e é finalizada com a transfusão (ARAUJO; BRANDÃO; LETA, 2007). Dessa forma, afirma Bueno, Saci e Toma (2003), a atuação do enfermeiro assistencial durante o procedimento transfusional torna-se extremamente relevante, uma vez que proporciona intervenções específicas por meio da assistência integral e individualizada e de uma supervisão direta da equipe de enfermagem. Tais medidas proporcionam tratamento eficaz, melhor e mais rápida recuperação, além de números diminuídos na incidência de complicações. TABELA 1 – PRÁTICA TRANSFUSIONAL SEGURA – Grupo ABO Grupo Receptor Hemácias para transfusão Plasma para transfusão A A ou O A ou AB B B ou O B ou AB AB A, B, AB ou O Somente AB O Somente O O, A, B ou AB Fonte: (CONDUTAS PARA PRÁTICA CLÍNICA HEMOTERÁPICA) 10 6. RESPONSABILIDADES TÉCNICAS E ÉTICAS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA HEMOTRANSFUSÃO A equipe de Enfermagem é, ainda hoje, uma das áreas que mais oferecem oportunidades de trabalho. No entanto, é necessário que os profissionais estejam atualizados e atendam às exigências do mercado, que espera do enfermeiro uma postura crítica para perceber e assimilar tudo que é novo e necessário para o desenvolvimento adequado de sua atividade (SILVA; NOGUEIRA, 2006). De acordo com a resolução do Conselho Federal de Enfermagem – COFEN, É responsabilidade do enfermeiro realizar triagem clínica, consulta de enfermagem, captação de doadores, proporcionar condições para o aprimoramento dos profissionais de enfermagem atuantes na área, participar da elaboração de programas de estágio, treinamento e desenvolvimento de profissionais de enfermagem nos diferentes níveis de formação, participar da definição da política de recursos humanos, da aquisição de material e da disposição da área física, necessários à assistência integral aos usuários, assistir, orientar e supervisionar o doador, durante o processo hemoterápico nas possíveis intercorrências, elaborando a prescrição hemoterápica, avaliar e realizar a evolução do doador e do receptor junto à equipe multiprofissional (COFEN 306/2006, p.01-02). O COFEN (2006) determina que a área para atuação da enfermagem no campo de Hemoterapia consiste no manuseio de transfusões e coleta de sangue, com cuidado e qualidade, função esta que atualmente já é exercida por seus profissionais. Além disso, é muito importante que se detenha atenção e esforços na captação de doadores de sangue, com ações que demonstrem à sociedade os benefícios aos doadores e a importância desse ato de solidariedade. Segundo Silveira et al, (2005), o ato transfusional representa esperança de vida para um grande número de pacientes e, por isso, exigem qualificação da equipe de enfermagem, uma vez que a prática assistencial é complexa e desenvolvida para que seus fins sejam favoráveis à saúde do paciente. Barra e Corrêa (2007) defendem que os profissionais de enfermagem devem ser treinados e capacitados para atuarem de maneira ativa no processo de transfusão, captação de doadores, coletas, fracionamento, armazenamento e hemotransfusão. Percebe-se que, dentro de suas possibilidades, os enfermeiros vêm trabalhando de modo a preservar o bem-estar do paciente, seja ele doador ou receptor, agindo de forma respeitosa e levando em consideração os preceitos éticos e legais. Lenardit, Benetti e Tuoto (2003) afirmam que o enfermeiro executa e/ou supervisiona a administração e monitoração da infusão de hemocomponentes e 11 hemoderivados, detectando as eventuais reações adversas, registrando informações e dados estatísticos pertinentes ao doador e receptor, participando de programas de captação de doadores, e desenvolvendo pesquisas relacionadas à Hemoterapia e à Hematologia. Brandão e Araújo (2007) apontam que diante dos avanços da hemoterapia, a procura por cursos de especialização por parte dos profissionais de enfermagem cresceu relativamente, fazendo com que os atendimentos de Hemoterapia sejam executados com qualidade e eficiência. Os Serviços de Hemoterapia são normatizados pela Resolução da Diretoria Colegiada nº 153, de 14 de junho de 2004, e fiscalizados pela Vigilância Sanitária. Estes protocolos têm por finalidade determinar um padrão de funcionamento quanto à estruturação dessas instituições. (BRASIL, 2004) De acordo com Camargo e Santos (2008), a sistematização da assistência de enfermagem no procedimento transfusional e a criação de protocolos favorecem um atendimento de conforto, minimizam os erros e detectam possíveis reações adversas, além de assegurar a qualidade e a credibilidade do atendimento prestado, auxiliando os profissionais e fornecendo base científica acerca dos casos com os quais se deparam frequentemente. 12 7. HEMOVIGILÂNCIA A Hemoterapia, no Brasil e no mundo, tem se caracterizado pelo desenvolvimento e adoção de novas tecnologias, visando minimizar os riscos transfusionais, especialmente quanto à prevenção da disseminação de agentes infecto-contagiosos. Por este motivo, os governos têm investido nas políticas de controle de qualidade desses atendimentos (CARRAZZONE; BRITO; GOMES; 2004, p. 93). Conforme Pereima et al (2007), no País, existe uma rede de serviços públicos orientados a partir das normatizações estabelecidas pela Gerência Geral do Sangue, outros Tecidos, Células e Órgãos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A ANVISA é o órgão responsável pelo estabelecimento do regulamento técnico para os procedimentos hemoterápicos, incluindo a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento, o transporte, o controle de qualidade e o uso humano de sangue e seus componentes – obtidos do sangue venoso, do cordão umbilical, da placenta e da medula óssea. Segundo Teixeira e Lima (2005), os centros de Hemoterapia públicos comprovam a qualificação dos serviços, tanto no controle de acidentes de trabalho com os profissionais envolvidos quanto na qualidade dos atendimentos prestados à comunidade. Todavia, a importância da prevenção com o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIS1, descarte adequado de material perfuro cortantes, além da conscientização do trabalhador frente aos riscos à que estão submetidos, são fundamentais para o funcionamento adequado da Hemoterapia. A Hemovigilância, ou Sistema de Alerta, garante a segurança nos procedimentos atendidos pela Hemoterapia e organiza-se com o propósito de recolher e avaliar informações sobre os efeitos indesejáveis e/ou inesperados da utilização de hemocomponentes, a fim de prevenir o aparecimento ou recorrências dessas reações. Este sistema abrange ainda o processo de cadeia transfusional, objetivando principalmente a monitorização e a geração de ações para correção de eventuais Não-Conformidades. (BRASIL, 2004) Hervé et al (2006) relatam que o Sistema de Alerta envolve agravação à ocorrência de eventos adversos e sua prevalência em uma determinada população ou área geográfica de medição, de forma a estudar as características de tais intercorrências para notificar parceiros relevantes e protagonistas, elaborando registros associados da prevalência de incidentes no 1 Ex: capote, máscara descartável, luvas, etc. 13 processo de transfusão. A interpretação cuidadosa dos dados é parte do sistema de alerta e é essencial, mesmo na ausência de denominadores significativos, devendo se estabelecer claramente critérios de imputabilidade. A Hemovigilância preconiza que nos serviços de Hemoterapia e na rede hospitalar deve ser criado o Comitê Hospitalar de Transfusão (CHT), composto por médicos de diferentes especialidades, com o propósito de garantir reuniões periódicas para definir e avaliar a prática transfusional, que os recursos hemoterápicos estejam sendo apropriadamente aplicados. (COVAS, BORDIN e JUNIOR, 2007). Além disso, o CHT poderá convidar profissionais a participarem de determinadas conferências para buscar subsídios para serem aplicados a situações específicas. Apesar de se tratar de um comitê de avaliação de prática médica, devem participar outros profissionais envolvidos na atividade transfusional, como enfermeiros, biomédicos, administradores, entre outros. 14 8. EFEITOS ADVERSOS E COMPLICAÇÕES DA TRANSFUSÃO De acordo com Triulzi (2002), as transfusões de sangue podem causar efeitos adversos em aproximadamente 10% dos receptores. Em virtude desse risco, as transfusões devem ser administradas somente quando os benefícios superarem claramente as prováveis intercorrências. Segundo Brunner, Suddarth e Smeltzer (2005), qualquer paciente que receba uma transfusão sanguínea pode desenvolver complicações e, por isso, ele deve ser alertado sobre os perigos, benefícios, alternativas e consequências da recusa às transfusões. Varrastro (2005) define uma reação transfusional como todo e qualquer problema indesejável que ocorra durante ou após uma transfusão de sangue. Na mesma perspectiva, Triulzi explica que, Reações transfusionais agudas ocorrem durante ou dentro de 24 horas após a transfusão. A maior parte das reações graves ocorre precocemente, no início das transfusões. Em consequência, todos os pacientes devem ser monitorados cuidadosamente durante as transfusões, devendo qualquer sinal ou sintoma ser prontamente investigado. É importante reconhecer que as reações agudas podem ocorrer após o término da transfusão. Se ocorrer reação durante a transfusão de múltiplas unidades, a unidade que estiver sendo infundida não necessariamente será a causa da reação (TRIULZI, 2002, p. 88). Atualmente, ressalta Junior et al (2008), as transfusões de sangue são consideradas seguras, no entanto as complicações associadas às transfusões continuam a ocorrer e, com isso, os serviços de Hemoterapia devem estar atentos aos cuidados durante as transfusões, para que obedeçam os critérios da RDC e do Manual de Hemovigilância. Segundo Alberti, Vasconcellos e Petroianu (2006), não há relação no desenvolvimento de infecção nos pacientes com as transfusões sanguíneas, já que, com as novas técnicas de seleção e depuração sanguínea, bem como com o maior controle dos doadores e da Hemovigilância, houve um declínio dessas intercorrências. Todavia, como enfatiza Mota et al, 15 [...] vários fatores podem contribuir para aumentar as chances de o paciente experimentar uma complicação relacionada à transfusão. Isto inclui o tipo de componente que está sendo transfundido, as características do paciente, suas condições médicas, o uso de equipamentos inadequados, as soluções endovenosas incompatíveis, os procedimentos incorretos, erros ou omissões por parte da equipe que presta cuidados aos pacientes. Embora algumas reações sejam inevitáveis, a maioria das reações transfusionais fatais é atribuída a erro humano. (MOTA; MARTINEZ e SILVA, 2007 p.160 - 161). Silva, Martinez e Mota (2007) consideram que a transfusão de sangue e hemocomponentes não estão livres de riscos e complicações e algumas delas chegam a acarretar em sérios prejuízos aos receptores, podendo ser fatais. Entre as chamadas reações transfusionais, estão às hemolíticas agudas, as anafiláticas, as febris não hemolíticas, as complicações pulmonares, o desequilíbrio eletrolítico, as sepses bacterianas, a hipotermia, a doença do enxerto versus hospedeiro, alo imunização, a sobrecarga do volume, a sobrecarga de ferro e a imunossupressão. No entanto, Ângulo (2007) reforça que, geralmente, essas reações agudas são passíveis de prevenção. A Enfermagem, que acompanha o paciente em todos os momentos do ato transfusional, é a linha de frente nas ações para prevenir e controlar os riscos das intercorrências e nos cuidados durante os procedimentos transfusionais. “O Tratamento de Enfermagem é direcionado no sentido de evitar as complicações, reconhecendo de imediato quando elas se desenvolvem, iniciando prontamente as medidas para controlar qualquer complicação que aconteça.” (BRUNNER; SUDDARTH; SMELTEZER, 2002, p. 982). Segundo Ballester et al (2006) no Hospital Municipal Rodriguez Iluminado de Jaguey Grande, foram estabelecidas as notificações de reações transfusionais, a criação de um sistema de Sangue do Hospital - permitindo uma utilização mais eficiente dos componentes do sangue – e a criação de um Sistema de Alerta rápido para a tomada de decisões em um mínimo de tempo diante de complicações. Além disso, foi implementado um programa de formação contínua para os profissionais. Paralelo à capacitação dos profissionais, foi realizada uma campanha de recrutamento e retenção de doadores. Os resultados destas ações demonstram a eficiência do sistema: aumento da segurança transfusional através da redução das reações adversas (leves – quadro 2; moderadamente graves – quadro 3; potencialmente fatais – quadro 4) 16 Quadro 2 – Reações leves Sinais Sintomas Causa Possível Conduta Imediata 1. Parar a transfusão. 2. Comunicar ao serviço de Hemoterapia. Urticária/Eritema Prurido Alérgica 3. Uso de anti-histamínico, se necessário. 4. A transfusão pode ser reiniciada se não existirem outros/ sintomas. Fonte: Prática de Enfermagem de Nettina (2007). Quadro 3 – Reações moderadamente graves Sinais Sintomas Eritema Ansiedade Causa Possível Conduta Imediata Alérgica (moderadamente grave) 1. Parar a transfusão e manter o acesso venoso com solução salina. Urticária Prurido Rigidez Reações febris não2. Comunicar ao médico hemolíticas: anticorpos de do Serviço de leucócitos ou de Hemoterapia. plaquetas. Palpitações Febre Dispnéia leve 3. Pode ser necessário Anticorpos a proteínas anti-histamínico ou incluindo IgA. paracetamol. Agitação Cefaléia Taquicardia Fonte: Prática de Enfermagem de Nettina (2007). Possível contaminação 4. Investigação posterior e com pirogênico e/ou conduta de acordo com bactérias. parâmetros clínicos. 17 Quadro 4 – Reações potencialmente fatais Sinais Sintomas Causa Possível Conduta Imediata Rigidez Ansiedade Agitação Dor torácica Hemólise intravascular aguda (sangue errado). 1. Parar a transfusão e manter o acesso venoso com solução salina. 2. Comunicar ao médico. Taquicardia Dor no local da infusão Hipertensão Contaminação bacteriana e choque séptico. Angústia respiratória Sobrecarga de volume. Urina escura Dor lombar/dorsal Sangramento Anafilaxia Cefaléia Inexplicado (CIVD) Trali 3. A conduta imediata necessita: a) Fluido para hipotensão arterial. b) Oxigênio c) Epinefrina para anafilaxia d) Diurético para sobrecarga de volume. 4. Conduta posterior de acordo com a causa provável. Dispnéia Fonte: Prática de Enfermagem de Nettina (2007). As responsabilidades técnicas e éticas da Enfermagem na Hemotransfusão são de grande importância para a prática deste processo e a ANVISA é o órgão responsável pela vigilância nos serviços de Hemoterapia e o COFEN é o órgão responsável pelo estabelecimento das competências e atribuições do enfermeiro na área da Hemoterapia. Diante das determinações de competências de cada profissional da equipe de enfermagem para um procedimento seguro e eficaz, atento às possíveis intercorrências e 18 reações adversas em pacientes submetidos à hemotransfusão, temos a Hemovigilância, que se apresenta como um sistema de avaliação e alerta do processo da cadeia transfusional. Com essa técnica e com a qualificação dos profissionais envolvidos na Hemoterapia, é possível monitorar e gerar ações para correção de eventuais Não-conformidades, garantindo aos pacientes uma assistência de conforto, prevenção, eficácia e segura. 19 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste artigo de revisão, apresentei os cuidados da enfermagem na Hemotransfusão, a conceituação dos termos mais usados na Hemoterapia, enfatizando os regulamentos e determinações sobre os procedimentos hemoterápicos, incluindo a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento, o transporte, o controle de qualidade e o uso humano de sangue e seus componentes. Além disso, ressaltei o papel da Hemovigilância no processamento do sangue, as reações adversas na Hemotransfusão, identificando cada uma delas, e a responsabilidade técnica e ética da enfermagem no processo. Nesse sentido, sublinho a importância dos profissionais envolvidos no conhecimento das etapas do procedimento de hemotransfusão. O presente estudo evidencia os riscos envolvidos na transfusão de sangue e hemoderivados, salientando os procedimentos inadequados e as potenciais complicações, erros ou omissões da equipe de saúde na transfusão, como também a falta de especialização no processo. Dessa forma, entendo que a atuação do enfermeiro assistencial é extremamente relevante, uma vez que proporciona intervenções específicas por meio da assistência integral e individualizada e de uma supervisão direta da equipe de enfermagem. Essas medidas proporcionam tratamento eficaz, melhor e mais rápida recuperação, além da redução de complicações. Sobrelevo a importância de se focar nas deficiências encontradas nos serviços de Hemoterapia, ampliando, qualificando e assegurando um atendimento eficaz aos pacientes. É recomendável que as unidades de serviços de hemoterapia e hospitalares possam trabalhar a inclusão de protocolos do processo de hemotransfusão e a criação de Comitê Hospitalar de Transfusão (CHT), de modo que os profissionais envolvidos nesse procedimento venham a desenvolver as etapas dos cuidados de enfermagem com mais segurança, decrescendo a prevalência dos riscos de reações adversas. É necessário, entre outras medidas, rever a formação e a estrutura de treinamentos em serviço destes profissionais. Ao término desta revisão, considero possível orientar os profissionais de enfermagem acerca dos cuidados na hemotransfusão, uma vez que se dispõe de amplo conhecimento técnico e prático sobre o tema. Espero que este trabalho contribua e incentive novas discussões sobre o assunto abordado, a fim de colaborar com o desenvolvimento da 20 Hemoterapia e a consolidação do papel dos profissionais de enfermagem na atenção a pessoa em tratamento hemoterápico. 21 10 REFERÊNCIAS 1 - ALBERT, Luiz Ronaldo; VASCONCELLOS, Leonardo; PETROIANU, Andy. Influência da transfusão sangüínea no desenvolvimento de infecção em pacientes com neoplasias malignas do sistema digestório. Revista Arq. Gastroenteral, São Paulo, v. 43, n. 3, p.168-172, jun./set. 2006. 2 - ÂNGULO, Ivan de Lucena. Modern hemotherapy, ancient practies. 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