64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 MARCADORES HISTOLÓGICOS DE SUSCETIBILIDADE AO VÍRUS DO ENDURECIMENTO DO FRUTO EM HÍBRIDOS INTERESPECÍFICOS DE Passiflora sp. (PASSIFLORACEAE) 1,3 2 2 3 3 Naira C. S. Barbosa *, Onildo N. de Jesus , Taliane L. Soares , Kelly R. B. Leite , Lazaro B. da Silva 2 Cristiane de J. Barbosa 1 2 3 Agência de Defesa Agropecuária da Bahia; Embrapa Mandioca e Fruticultura; Universidade Federal da Bahia; *[email protected] Introdução O maracujazeiro pode ser infectado por diversas viroses, porém o vírus do endurecimento dos frutos é o que predomina e o que causa os maiores prejuízos [4]. A virose do maracujazeiro é causada principalmente pelo Passion-fruit Woodiness vírus (PWV) e também Cowpea aphid-borne mosaic vírus (CABMV). Em razão das dificuldades de controle do vírus do endurecimento do fruto nessa cultura, a exploração da variabilidade genética em busca de resistência varietal é um dos grandes desafios da pesquisa. Nesse sentido, a hibridação interespecífica apresenta importante implicação dentro do programa de melhoramento de Passiflora na busca de genes de interesse, para a obtenção de plantas mais resistentes [2], visto que diferentes espécies apresentam diferentes graus de suscetibilidade a patógenos. O objetivo do trabalho foi identificar os marcadores histológicos de suscetibilidade ao vírus CABMV/PWV, em híbridos interespecífico de Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg. x Passiflora cincinnata Mast. Metodologia Como material genético utilizou-se plantas de três híbridos interespecíficos da primeira geração de retrocruzamento [(P. edulis f. flavicarpa x P. cincinnata) x P. edulis f. flavicarpa] do programa de melhoramento genético da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas-BA. Foi coletada a quinta folha de cinco ramos de cada genótipo com diferentes graus de suscetibilidade ao vírus (avaliação visual): um resistente, um intermediário e dois suscetíveis, além de cinco folhas de cada um dos parentais infectados. A infecção viral das plantas ocorreu naturalmente. Foram também coletadas folhas dos parentais sadios, obtidos de casa de vegetação. Para a montagem das lâminas histológicas, foram realizadas seções transversais à mão livre, com lâmina de barbear, da região mediana de cada folha. A coloração das seções foi feita com azul de Astra e safranina 9:1. As lâminas foram montadas com glicerina 50%, e fotomicrografadas em microscópio óptico Zeiss Axio Scope A.1, acoplado a câmera fotográfica. Resultados e Discussão As plantas contaminadas identificadas como suscetíveis, apresentaram mais alterações anatômicas causadas pelo vírus do que as plantas contaminadas resistentes. As características mais marcantes foram a organização dos feixes vasculares, o tamanho das células e a espessura proporcional dos tecidos parenquimáticos. Plantas mais suscetíveis apresentaram maior desorganização dos feixes vasculares, além de hipertrofia e hiperplasia das células do parênquima esponjoso, sendo estas últimas características comumente encontradas em plantas contaminadas por vírus [3]. Plantas de P. edulis f. flavicarpa sadias, identificadas como mais suscetíveis ao vírus, apresentam escassez de tricomas, menor espessura proporcional do parênquima paliçádico e feixes vasculares divididos em grupos. A presença de tricomas, maior espessura proporcional do parênquima paliçádico, e feixes vasculares mais unidos. Conclusões As características anatômicas observadas em P. edulis f. flavicarpa, suscetível ao CABMV em comparação com P. cincinnata, resistente ao vírus podem ser identificados como marcadores de suscetibilidade. Os híbridos suscetíveis,apresentaram-se mais semelhantes ao parental suscetível infectado. Agradecimentos À Agência Baiana de Defesa Agropecuária, pela concessão da bolsa; à Embrapa Mandioca e Fruticultura e Fapesb pelo financiamento do projeto. Referências Bibliográficas [1] Leão, R.M.K.; Peixoto, J.R.; Junqueira, N.T.V.; Resende. R.O.; Mattos, J.K.A. & Melo, B. 2006. Reação de progênies de maracujazeiro-azedo ao vírus do endurecimento do fruto (Cowpea aphid-borne mosaic virus – CABMV) em casa de vegetação. Bioscience Journal 22(2): 87-92. [2] Junqueira, K.P.; Faleiro, F.G.; Junqueira, N.T.V.; Bellon, G.; Ramos, J.D.; Braga, M.F.; Souza, L.S. 2008. Confirmação de híbridos interespecíficos artificiais no gênero Passiflora por meio de marcadores RAPD. Revista Brasileira de Fruticultura 30(1): 191-196. [3] Esau, K. 1967. Anatomy of plant virus infections. Annual Review of Phytopatology 5: 45-74. [4] Yuki, V.A.; Mizote, F.A.; Narita, N.; Hojo, H.; Delfino, M.A.; Oliveira, D.A. 2006. Epidemiologia do vírus do endurecimento dos frutos do maracujazeiro na região produtora da Alta PaulistaSP. Summa Phytopathologica 32: 19.