Proteção Auditiva Moderna e Aparelhos Auditivos Modernos Eles Podem Funcionar Bem Juntos Por Robert M. Ghent, Jr., Au.D. Honeywell Safety Products. Introdução Você alguma vez se deparou com um trabalhador com problemas de audição que mostrasse resistência para utilizar proteção auditiva durante o serviço? As Normas Sobre Ruídos, OSHA, não são diferentes para trabalhadores com ou sem deficiência auditiva, ou aqueles que utilizam ou não aparelhos auditivos. Uma quantidade estimada de 10 milhões de trabalhadores americanos sofre perda permanente da audição em razão do ruído ocupacional. Este número aumenta anualmente, com o envelhecimento da força de trabalho. Entre os trabalhadores que usam aparelhos auditivos, dois equívocos comuns são: Supor que, como já possuem deficiência auditiva, eles não são afetados pelo ruído, e; Supor que seus aparelhos auditivos podem ser usados como proteção auditiva. Nenhum destes argumentos é válido. Referente ao primeiro argumento, a maioria dos indivíduos com deficiência auditiva possui uma perda auditiva "neurossensorial". Uma vez que este tipo de perda auditiva ocorra, ela não poderá ser restaurada, e o nível de audição ainda existente pode ser perdido. Aparelhos auditivos não restauram a audição; eles apenas fazem uso da audição residual. Quanto maior for o nível de audição utilizável, melhor eles funcionarão. É por isso que é extremamente importante proteger a audição residual. Quanto ao segundo argumento, frequentemente ouve-se: "Vou apenas desligar meus aparelhos auditivos, e é como estar com tampões nos ouvidos." A maioria dos encaixes de aparelhos auditivos é ventilada, o que significa que há uma passagem permitindo que o barulho de fora da orelha chegue ao tímpano. Como com qualquer dispositivo de proteção auditiva, quando há uma passagem para vazamento de som, o dispositivo não é mais eficaz. Além disso, como a maioria dos aparelhos auditivos e moldes auriculares personalizados são feitos de acrílico duro e não podem mudar a sua forma, por isso muitas vezes há vazamento de som adicional causado por movimentos da mandíbula. Por último, a OSHA tem abordado esta questão sucintamente: "Aparelhos auditivos não são protetores auditivos." 1 OSHA (Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA) (1970). 29 CFR 1910.95, Registro Federal. 2 OSHA (Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA) (2005). Safety & Health Information Bulletin — Hearing Impaired Workers [SHIB 12-27-2005]. Washington, D.C.: OSHA. 3 OSHA (Administração de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA) (2005). Safety & Health Information Bulletin — Innovative Workplace Safety Accommodations for Hearing-Impaired Workers [SHIB 07-22-2005]. Washington, D.C.: OSHA. A Luta de Trabalhadores com Deficiência Auditiva Sem aparelhos auditivos, os trabalhadores com esta deficiência estão em desvantagem porque a atenuação proporcionada pelo uso de EPIs (tampões ou abafadores) é adicionada à sua perda auditiva. No entanto, ainda é possível cumprir os regulamentos, proteger a audição residual dos trabalhadores e acomodar necessidades regulares de comunicação. Para tanto, os profissionais de segurança devem estar cientes de três coisas: • A OSHA incentiva os trabalhadores que utilizam aparelhos auditivos a continuar usando-os e usar abafadores apropriados sobre eles, contanto que a exposição a ruído durante as 8 horas de média ponderada de tempo do trabalhador não exceda os limites admissíveis. • A maioria dos aparelhos auditivos modernos está disponível com recursos como programas para vários ambientes acústicos, tecnologia para compreensão da fala no ruído, e algoritmos para mitigar o chiado (retorno acústico) que muitas vezes ocorre quando os aparelhos auditivos estão cobertos ou curvados para dentro. • Os dispositivos de proteção auditiva também estão disponíveis com tecnologias destinadas a melhorar a comunicação de voz ao mesmo tempo em que protegem a audição. O profissional de segurança tem a oportunidade de esclarecer para a gestão da empresa a respeito das acomodações ditadas pelos requisitos de comunicação e segurança dos trabalhadores com deficiência auditiva, e orientar o trabalhador na seleção de proteção auditiva (provavelmente abafadores) que garanta o melhor resultado com aparelhos auditivos Para se obter melhores resultados, no entanto, o audiologista do funcionário deve estar envolvido no processo de otimização dos aparelhos auditivos para uso com abafadores. Para a perda auditiva neurossensorial, os aparelhos auditivos modernos aplicam a maior parte da amplificação para sons suaves. Para uma pessoa com deficiência auditiva, sons altos ainda soam alto, e não precisam de muita amplificação. Quase todos os algoritmos de aparelhos auditivos modernos são projetados para ajudar os usuários de aparelhos auditivos a perceber uma variação dinâmica mais "normal" (a variação de suave para alto): sons suaves que não podiam ser ouvidos antes, agora são audíveis (mas suaves), e sons altos ainda são altos, porque é assim como eles são percebidos naturalmente. Os algoritmos de aparelhos auditivos são projetados para a audibilidade da fala e outros sons do dia-a-dia — não para o ruído industrial. Em um ambiente industrial com muito ruído, mesmo se o ruído estiver ligeiramente abaixo do nível de ação, é fácil ultrapassar os limites de exposição com aparelhos auditivos. Avanços na Tecnologia de Aparelhos Auditivos Aparelhos auditivos modernos são maravilhas tecnológicas. Microfones direcionais e múltiplos programas de escuta são características padrão nos mais básicos aparelhos auditivos digitais. Alguns modelos incluem microfones "inteligentes", redução digital de ruído e cancelamento de retorno. Implementadas corretamente, essas tecnologias podem funcionar em harmonia com o abafador usado por um funcionário com deficiência auditiva. Alguns aparelhos auditivos podem incluir tecnologias adicionais para melhorar a comunicação com ruído. Uma entrada direta de áudio, por exemplo, ignora o microfone do aparelho auditivo por meio de um conector no aparelho auditivo. Ele pode receber sinais de áudio de rádios, telefones, tocadores de MP3, receptores FM em miniatura e outros dispositivos de comunicação. Um projeto mais recente é a conectividade Bluetooth®, que permite que aparelhos auditivos possam se comunicar sem a necessidade de fios com outro dispositivo Bluetooth com o qual eles estejam emparelhados. Em todos esses casos, os aparelhos auditivos podem muitas vezes ser usados sob abafadores enquanto informações em áudio são enviadas para os aparelhos auditivos via wireless ou através de um cabo fino. Alguns aparelhos auditivos são posicionados atrás da orelha e outros recebem ajuste personalizado para o canal auditivo e/ou concha da orelha. No passado, os aparelhos auditivos usados na parte de trás da orelha eram grandes e pouco atraentes. Seu tamanho significava que eles poderiam ter maior potência e também tinham mais controles e recursos, mas eles também interferiam no uso de abafadores. Avanços recentes na tecnologia de aparelhos auditivos reduziram o tamanho destes aparelhos, enquanto continuaram incluindo muitos recursos avançados. Como resultado, este tipo de aparelho agora é o modelo mais popular de aparelho auditivo, e têm maior possibilidade de funcionar bem com abafadores. Aparelhos auditivos personalizados também estão melhores do que nunca, do maior modelo, para ouvido, até o de menor tamanho, inteiramente inserido no canal. Agora há aparelhos auditivos pequenos e sem personalização que se encaixam profundamente no canal auditivo e utilizam uma nova tecnologia de bateria, permitindo que eles permaneçam na posição por vários meses. Avanços na Tecnologia de EPIs A tecnologia de EPIs também avançou significativamente. Os abafadores são a escolha mais lógica para funcionários que usam aparelhos auditivos. Entre esses estão incluídos modelos passivos (ou seja, sem circuitos), que atenuam o ruído uniformemente em todo o espectro de frequência. Quando se trata de trabalhadores com deficiência auditiva, isto é importante porque abafadores em modelos-padrão atenuam altas frequências melhor do que baixas frequências, e tornam sons de fala importantes suaves demais para esses trabalhadores. Sons de baixa frequência (como a maioria dos ruídos) mascaram sons de alta frequência (como a fala) com maior facilidade. Essa difusão ascendente da ocultação também é reduzida com abafadores de atenuação uniforme. Um estudo da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, também observou as diferenças na compreensão de fala em ruído entre abafadores de modelo padrão e abafadores com atenuação uniforme. Os resultados sugerem que abafadores com atenuação uniforme podem melhorar a comunicação com ruído para os funcionários de audição normal e com deficiência auditiva, especialmente quando o ruído ambiente estiver abaixo de 90 dB SPL. Trabalhadores com deficiência auditiva podem receber o benefício da comunicação pela fala significantemente melhorada, ao mesmo tempo em que protegem a sua audição quando usam aparelhos auditivos sob abafadores com atenuação uniforme. Os abafadores estão disponíveis com circuitos de comunicação. Modelos ativos (ou seja, com circuitos movidos a bateria) incorporam microfones integrados às vias auriculares e conectores para dispositivos de áudio externos, como rádios, ligações de comunicação direta ou tocadores de MP3. Há um controle de volume para ajustar o som amplificado do exterior das vias auriculares e os sinais da entrada de áudio externa, mas os circuitos limitam a saída dos dispositivos eletrônicos a 82 dBA. Os microfones modelo estéreo ajudam a preservar os sinais de localização, para que orientação espacial e percepção situacional sejam mantidas. Outros sistemas ativos são concebidos como soluções integradas para ruído elevado. Tais sistemas possuem proteção auditiva e comunicação integrada à interface do canal auditivo. Esses sistemas incluem conexões de rádio e microfones estéreo no nível da orelha para conversas face a face e auxílio à percepção situacional. Testes de ajuste e dosimetria de ouvido também são integrados. As comunicações são melhoradas com uma redução automática de ruído, projetada para ser utilizada com ruído contínuo, intermitente e impulsivo. Esforço em Equipe Há muitas maneiras em que os EPIs e aparelhos auditivos modernos podem funcionar em conjunto, e não é necessário ser um especialista em aparelhos auditivos para acomodar funcionários com deficiência auditiva. Apenas utilizar produtos com vários recursos, no entanto, não garante um desempenho desejável. Muitos dos benefícios derivados de aparelhos auditivos avançados estão relacionados à habilidade do profissional que os equipou. O audiologista do funcionário com deficiência auditiva deve estar envolvido como um membro da equipe, para que seja possível obter os melhores resultados. Quando se encontrar com o audiologista, o funcionário deve levar o abafador — e qualquer outro equipamento de proteção pessoal que possa causar preocupações funcionais, como um respirador ou capacete — que deverá ser utilizado juntamente com os aparelhos auditivos. Um audiologista capacitado pode auxiliar com uma variedade de soluções, incluindo a programação de aparelhos auditivos com múltiplos programas com configurações específicas para o uso com abafadores, e facilitar soluções de comunicação adicionais, conforme apropriado. Esta colaboração também irá adicionar um recurso importante para a rede do profissional de segurança, e servirá para fortalecer uma cultura de prevenção da perda de audição em indústrias e profissões. Aparelhos auditivos e os EPIs auditivos funcionam bem juntos quando um aproveita os melhores recursos do outro. Seguem abaixo algumas orientações práticas para encontrar uma solução para a maioria dos funcionários com deficiência auditiva que trabalham com ruído: 1. Caso o funcionário não precise se comunicar usando proteção auditiva, então os aparelhos auditivos devem ser removidos, e qualquer abafador ou protetor de ouvido apropriado deverá ser usado. 2. Caso o funcionário esteja constantemente colocando e removendo os abafadores, e não precise se comunicar enquanto utiliza proteção auditiva, o funcionário então pode desligar os aparelhos auditivos e usar os abafadores por cima deles. Os aparelhos auditivos podem ser ligados novamente quando os abafadores forem removidos. Enquanto o excesso de proteção não for uma preocupação, os abafadores podem ser usados sobre os aparelhos auditivos enquanto estes estiverem desligados. 3. Caso o funcionário precise usar aparelhos auditivos sob abafadores para se comunicar, poderá ocorrer retorno acústico dos aparelhos auditivos. A maioria dos aparelhos auditivos de maior qualidade possui um algoritmo de cancelamento de retorno, que o audiologista do funcionário pode otimizar para o uso com abafadores. abafadores com vias auriculares mais profundas também podem ajudar a reduzir o retorno acústico, mas vias auriculares mais profundas geralmente significam maior atenuação, e podem resultar em excesso de proteção. 4. Se o funcionário precisa usar aparelhos auditivos sob abafadores para se comunicar, use abafadores com atenuação uniforme. Abafadores com atenuação uniforme estão disponíveis com vias auriculares de diversas profundidades. 5. Caso a atenuação de um abafadores com atenuação uniforme seja muito baixa para o nível de ruído, ou se mesmo utilizando-o ainda for muito difícil comunicar-se, então abafadores de comunicação eletrônica podem precisar ser usados por cima de aparelhos auditivos configurados para um aumento apropriado (a observação sobre o retorno acústico ainda se aplica). A redução de ruído é útil para melhorar a compreensão da fala quando há ruído. Isto é especialmente importante para o trabalhador com deficiência auditiva que já tem dificuldades para compreender o que lhe é falado. Nem todos os algoritmos de redução de ruído de aparelhos auditivos são projetados para melhorar a compreensão da fala. Colabore com o audiologista para avaliar a eficácia dos algoritmos de redução de ruído de aparelhos auditivos. 6. Caso o funcionário tenha uma leve perda de audição, abafadores eletrônicos poderão amplificar a fala sem o uso de aparelhos auditivos. No entanto, abafadores eletrônicos nunca devem ser usados como um substituto geral para aparelhos auditivos corretamente ajustados. 7. Para requisitos de comunicação especializados, considere o uso tecnologias como FM ou Bluetooth, conforme disponível e apropriado. O audiologista pode frequentemente encontrar uma solução ideal com estas tecnologias. Uma solução integrada de comunicações x EPIs para ruído elevado deve ser considerada em ambientes especialmente desafiadores. 8. Caso o nível de ruído seja tão elevado que a comunicação se torna impossível, então os aparelhos auditivos devem ser removidos, e os EPIs de encaixe adequado devem ser usados, devendo ser apropriados para o nível e tipo de ruído ao qual o funcionário está exposto. 9. Caso uma proteção dupla seja necessária, aparelhos auditivos jamais devem ser substituídos por abafadores devidamente selecionados e de encaixe adequado sob protetores. 10. Caso a comunicação seja fundamental para um trabalho, mas a perda de audição do funcionário seja muito grave para permitir que ele se comunique com aparelhos auditivos usados sob abafadores, então transferi-lo para um serviço mais apto poderá ser uma ação válida e sensata. E, se espera, que a gestão os use como um meio para mitigar o risco de perda auditiva ocupacional. Para maiores informações entre em contato com a Honeywell através do 0800 8881114, pelo email: [email protected] ou visite o website www.honeywellsafety.com/br