Seja Bem Vindo! Curso Educação para o pensar www.CursosOnlineSP.com.br Carga horária: 20hs 1. O PENSAMENTO – UMA DEFINIÇÃO 2. O PENSAMENTO – UMA CONDIÇÃO HUMANA 3. O PENSAMENTO COMPLEXO 4. FILOSOFIA – EDUCAÇÃO PARA O PENSAMENTO 5. FILOSOFAR – EDUCAR PARA O PENSAR 6. FILOSOFIA – UM ESTADO DE ESPÍRITO 7. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS 8. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS II 9. EDUCAR PARA O PENSAMENTO ÉTICO, ESTÉTICO E POLÍTICO 10. A EDUCAÇÃO MORAL 11. EDUCAÇÃO PELA ÉTICA 12. EDUCAÇÃO PELO DIÁLOGO 13. POR QUE ENSINAR FILOSOFIA ? 14. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O PENSAR 15. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O PENSAR II 16. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O PENSAR III 17. ENSINAR A FILOSOFAR 18. FOLOSOFAR – UMA NOVA CONCEPÇÃO DE MUNDO 19. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO 20. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E JOGOS 1. O PENSAMENTO – UMA DEFINIÇÃO O pensamento é um recurso humano essencial, que carece de aperfeiçoamento permanente através da educação, buscando incentivar as pessoas, especialmente as crianças e os jovens, a exercerem um pensamento reflexivo, rigoroso, crítico, profundo, criativo, cuidadoso, contextualizado e autocorretivo; por isso se propõe uma reforma do ensino que contemple o desenvolvimento do pensamento de ordem superior. Neste conceito de pensamento excelente está presente o desenvolvimento das habilidades encontram básicas nas de crianças, pensamento mas que que já devem se ser cultivadas na direção de sua otimização. O que ele denomina de habilidades de pensamento é um conjunto de atividades mentais que serve ao pensamento crítico, criativo e cuidadoso: serve ao pensar bem; serve ao pensamento de ordem superior que exige, além do domínio e bom uso das habilidades de pensamento, o emprego de critérios e de boas razões, profundidade, abrangência de compreensão quanto ao contexto ou contextos a que se refere, exige rigor, pede autocorreção, exige se ver e se acompanhar no seu próprio processar-se (metacognição), convida a dar-se conta da complexidade das relações que identifica ou que estabelece e reconstrói e exige ser reflexivo. 2. O PENSAMENTO – UMA CONDIÇÃO HUMANA Lipman afirma que o pensamento é função específica do espírito humano e comporta processos complexos, pois o “pensar é o processo de descobrir ou fazer associações e disjunções”; que inexistem realidades simples, que “O universo é feito de complexos como moléculas, as cadeiras, as pessoas e as idéias”; que esses complexos se ligam uns com os outros e, cada coisa somente faz sentido dentro de complexos ou de contextos. Para ele, o significado do “complexo encontra-se nos relacionamentos que este tem com os outros complexos”; assim como cada ser ou evento, encontra sentido no contexto onde se dá ou ocorre. Assim, inventado tem “cada seu relacionamento significado”, descoberto havendo ou grandes significados construídos a partir dos grandes sistemas de relacionamentos entre os complexos. O mesmo se pode dizer de cada coisa, objeto ou fenômeno: cada qual tem seu significado nos relacionamentos de que participa. Mais adiante, ele esclarece que o pensamento complexo ou pensamento de ordem superior é capaz de produzir novas relações a partir do que conhece, pois, “inclui o pensamento recursivo, o pensamento metacognitivo, o pensar autocorretivo” e ainda, inclui as formas de “pensamento que envolvem a reflexão sobre sua própria metodologia.” (1995, p. 43). Além de crítico ele é, também, criativo. Se o aspecto crítico do pensar é constatativo e esclarecedor do que ocorre, o seu aspecto criativo é o que impulsiona o novo e, portanto, as possibilidades de transformação. O pensamento não pode ser apenas constatativo, é também, inovador. E, se temperado pelo cuidado ganha dimensão instrumento e fomento de humanização. maior de 3. O PENSAMENTO COMPLEXO O pensamento de ordem superior ou complexo, explica Lipman (ibid., p. 42), envolve mais um componente: ao sustentar convicções, é preciso estar ciente, simultaneamente, das razões e dos fundamentos sobre os quais elas se baseiam. Esse componente do pensar apresenta grande complexidade, por conta das próprias suposições e implicações, das razões e provas que sustentam as conclusões a que se chega ao pensar. Segundo o filósofo norte americano: O pensamento complexo leva em consideração a sua própria metodologia, seus próprios procedimentos, sua própria perspectiva e ponto de vista. O conhecimento complexo está preparado para reconhecer os fatores que são responsáveis pelas tendências, preconceitos e auto-ilusões. Ele inclui pensar sobre seus procedimentos ao mesmo tempo em que, pensa sobre seu tema principal. (LIPMAN, 1995a, p. 42) Na sociedade complexa e dinâmica de hoje o domínio de um pensar de ordem superior é instrumento fundamental de realização de todas as pessoas. Daí a sua proposta de uma educação para desenvolvimento. o pensar Lipman que contemple praticamente só o seu escreve propondo caminhos para uma nova educação que ele, por vezes, denomina de reflexiva ou de paradigma educacional reflexivo. Sua proposta decorre de uma ontologia, de uma axiologia e principalmente de uma teoria do conhecimento, esta última mais bem explicitada em seus escritos. 4. FILOSOFIA – EDUCAÇÃO PARA O PENSAMENTO Ao se ouvir a palavra “filosofia” imagina-se, muitas vezes, estar diante de um conjunto de teorias sem sentido, sem relação com o cotidiano. Alguns dirão: “A filosofia é coisa de louco” ou “é coisa de gente que não tem mais nada o que fazer”. Estaria mesmo a filosofia distante do cotidiano? Seriam os filósofos seres lunáticos preocupados com coisas absurdas? O que teríamos a ver com a filosofia? Algumas pessoas afirmam que a Filosofia é a Ciência com a qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual. Bobagem! A Filosofia não é Ciência, pelo menos não como se entende a Ciência hoje. Mas, por exemplo, a Química, essa coisa fabulosa que permitiu produzir sandalinhas de plástico e outras coisas mais, surge da tentativa dos Filósofos Renascentistas de relacionar as partes ao todo, utilizandose da Astrologia e da Alquimia. E a Física, responsável pelos motores potentes e pela aerodinâmica dos carros, surge da busca de uma explicação para a phisis - palavra grega que compreende a natureza em movimento e permanência. As Ciências estão, de alguma forma, relacionadas à Filosofia porque o objeto da Filosofia é a própria reflexão, o retorno do pensamento a si mesmo para indagar o que são as coisas. O que é a Ciência, a Arte, o mundo, o homem, enfim, o que somos nós, como pensamos? Mas... para quê isso? 5. FILOSOFAR – EDUCAR PARA O PENSAR Qualquer pessoa pode agora estar em um dilema pensando se quer ficar na festa com o cara ou a garota mais bonita da escola ou com aquela que nem é tão bonita, mas é uma ótima companhia. Neste momento a pessoa terá que voltar o pensamento para si mesmo, perguntando o que significa mais para ela: uma boa companhia ou a beleza? Não importa qual a resposta. O que importa é o processo de reflexão que o conduziu a esta pergunta. É provável que a pessoa nem chegue a uma resposta e fique na festa com quem aparecer primeiro. Existe também a possibilidade dela se lamentar por um bom tempinho pela sua atitude. O desfecho desses dilemas é variado, mas o processo de reflexão é bastante comum em várias situações. O que pensar de uma área do conhecimento e da ação humana que é classificada por um de seus expoentes como “perturbadora da paz”? Ou ainda que o que se busca através da mesma é a “verdade total”, “que o mundo não quer”? Para tornar ainda mais complicada a questão, que tal imaginar que a “verdade” que se busca pode e deve ter “múltiplas significações”? A propósito... O que é verdade? E que área do conhecimento tão complexa, contraditória e provocante é essa tal de filosofia? 6. FILOSOFIA – UM ESTADO DE ESPÍRITO Filosofia é mais do que simplesmente uma “área do conhecimento e da ação humana”. Filosofia é um estado de espírito. Demanda a todo o momento vibração, movimento, oxigenação. É feita a base de leitura (de mundo), reflexão, intercâmbio, intensidade. O ato de educar pode sociabilizar, adquirir ensinar, diversos clarear, significados: modelar, formar, conscientizar, integrar. São tantas as implicações dessa ação, ao mesmo tempo simples e complexa, que constantemente se pergunta pelo seu sentido como se não fosse mais possível reconhecer o traçado no entrecruzamento das linhas como de um bordado. Do universo caótico do avesso vai, aos poucos, se configurando as formas no lado direito. A linha que fura o tecido busca o caminho como quem procura um objetivo que só pode se revelar gradualmente num processo criativo. Exatamente por isso que educar é também criar. Ação que exige cuidado, intencionalidade, mas que, sobretudo, transcende a si mesma desvelando a riqueza múltipla do humano. Em busca de uma definição do homem, o filósofo presenteia com a impossibilidade da definição, de um modelo único do humano. A diversidade humana é fruto da imersão no universo de representações que se cria socialmente - o da cultura e da linguagem. 7. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS Educar é quase sempre perguntar qual ser humano se quer formar. Formar é colocar na forma, moldar. Mas também pode ser dar forma. Mas, se for analisada a própria dimensão humana há de se perceber que há formas de dar forma que vão além das formas (dos moldes). Foi assim que no contato com a natureza e com a cultura que se conseguiu dar formas diversas e múltiplas ao mundo. E não apenas dar e criar formas, mas atribuir-lhes sentido. Transmitir formas e sentidos (informar), transfigurá-las (transformar). A transformação só é possível, pois no humano reside à possibilidade de avaliar as ações, pensar o próprio processo do pensar: investigar, prever, problematizar, julgar, etc. Assim se aprende o que é bom ou não, bonito ou feio, justo ou injusto. Aprende-se e continua aprendendo, pois neste processo contínuo não é possível acomodar as molduras que se tem à complexidade da vida que se transforma a cada instante. Dito de outra forma, o que alguns vêem como crise de valores pode indicar apenas a necessidade de se pensar na inadequação ou adequação das molduras para os fins que se almeja. Isso remete, invariavelmente, à reflexão sobre uma educação para valores. 8. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS II Como educar para valores se um vaso sanitário em um canto de um museu pode ser entendido como arte, como expressão do que era sublime e belo? Como educar para valores se a desonestidade é entendida como ordem natural da sobrevivência? Se a desigualdade guia a ação da justiça? A perplexidade e a indignação que envolve essas questões podem conduzir à tendência de se resgatar princípios universais que imaginamos estarem esquecidos ou adormecidos na educação dos jovens e crianças, tais como solidariedade, honestidade... Todavia, nenhum princípio moral por mais bem intencionado, fundamentado e sedimentado poderia transformar por si mesmo as ações, pelo simples fato de que tais valores não são entidades, mas criações que surgem da necessidade humana de viver e conviver, da necessidade do homem de pensar-se a si mesmo. Não é a toa que os Parâmetros Curriculares Nacionais emprestam da filosofia os elementos que permitiriam delinear um conceito de cidadania. 9. EDUCAR PARA O PENSAMENTO ÉTICO, ESTÉTICO E POLÍTICO Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais a cidadania deve ser entendida em três dimensões: ética, estética e política. Estética no sentido do exercício de sensibilidade; ética no sentido de construção de identidade autônoma e; política, visando à participação democrática através do acesso aos bens culturais e naturais. Desenvolver a sensibilidade, a identidade autônoma e a participação democrática é o desafio da educação que coincide com o desafio de devolver ao homem sua própria imagem: de ser que cria, avalia e transforma. A possibilidade de mediação entre o vivido e o pensado tem na arte um lugar privilegiado. A síntese criativa, a comunhão entre o sujeito e natureza tem no sentimento a via de acesso da experiência estética. O sentimento provocado pela experiência estética alarga as fronteiras do vivido, de um mundo que se descortina em profundidade na medida em que é possível extrair o objeto do seu contexto e o relacionar a um horizonte único. 10. A EDUCAÇÃO MORAL Sartre afirma: A obra jamais se limita ao objeto pintado, esculpido ou narrado; assim como só percebemos as coisas sobre o fundo do mundo, também os objetos representados pela arte aparecem sobre o fundo do universo. Se o pintor nos apresenta um campo ou vaso de flores, seus quadros são janelas abertas para o mundo inteiro (...) O objeto estético é propriamente o mundo, na medida em que é visado através dos imaginários, a alegria estética acompanha a consciência de que o mundo é um valor, isto é, uma tarefa proposta à liberdade humana.” Ora, se a arte alarga o sentido e o sentimento do mundo é porque a liberdade se impõe como marca do que o homem é e faz. No exercício dessa liberdade é que se avalia o que lhe serve ou não para a convivência, formulam-se regras, estabelecem-se modelos de conduta que se permitam a vida em sociedade. A esse conjunto de valores, normas, regras denomina-se moral. A moral prescreve o que se deve ou não se deve fazer diante dos diferentes grupos sociais a que pertencemos. Sendo assim, é comum o homem guiar suas ações pelo reconhecimento social do grupo em que se está inserido. Nessas relações se aprende o que é bom ou mal, certo ou errado, justo ou injusto. Por isso, afirmava Aristóteles que somente o exercício de bons hábitos entre os jovens poderia moldar o caráter voltado para as virtudes, ou seja, a educação moral seria fundamental para a formação do caráter e da identidade. 11. EDUCAÇÃO PELA ÉTICA É importante considerar que a identidade também se forma na diversidade. Família, escola, meios de comunicação de massa expõem crianças e jovens a modelos de conduta diversos e, por constantemente vezes, apresenta contraditórios. escolhas é Se a preciso vida saber distinguir qual a melhor forma de agir, essa é a tarefa da ética enquanto reflexão da moral. Se a moral é o exercício do dever, a ética é o exercício do querer consciente de suas implicações e conseqüências. Não se trata de doutrinar, mas de buscar formas de favorecer a autonomia moral. Em outras palavras, mais do que ensinar o certo ou errado seria preciso criar condições para que crianças e jovens possam pensar por si mesmas as condições e consequências de suas escolhas. Favorecer o diálogo é um importante instrumento para passar da conduta heterônoma para a autônoma. Na conduta heterônoma se age guiado pela força do que se espera de outrem. Neste caso, é fácil de entender porque na ausência da autoridade crianças, jovens e adultos apresentam comportamentos considerados imorais ou não adequados. Investigar e compreender porque a saúde dentária é importante é diferente de escovar os dentes quando a mãe manda. 12. EDUCAÇÃO PELO DIÁLOGO No diálogo investigativo o exercício da racionalidade se dá entre os envolvidos e não apesar dos envolvidos. O comprometimento dos membros de um grupo com uma situação verdadeiramente problemática implica na necessidade de se admitir os conflitos, avaliá-los e buscar soluções; portanto, de exercitar a autonomia do pensar. Ora, se a moral apresenta valores, avaliar os valores, aprender a valorar é fundamental para a investigação ética que tem um espaço promissor no diálogo. Todavia, essa aparente sequência lógica não implica a rigidez de uma ordem ou a fragmentação de passos. Ora, se conceituar é organizar redes de significado, para conceituar precisa-se comparar, inferir, deduzir, enfim, usar os elementos presentes tanto no processo de investigação como no de raciocínio. Antes essa sequência só poderia auxiliar na compreensão que o esforço educativo no sentido de desenvolver as habilidades cognitivas não se limita ao treino de capacidades do pensar, mas ao esforço de pensar o processo de investigação e produção do conhecimento. O treino da habilidade de observar, necessária ao processo de investigação, não faz de ninguém um investigador, assim como o treino de chutes no gol, não é capaz de garantir a competência para jogar futebol. 13. POR QUE ENSINAR FILOSOFIA ? Uma vez que a história sempre se repete, cabe também, à filosofia – inserida na educação escolar - formar educandos capazes de filosofar; se de comprometerem estarem em com busca o da processo do verdade; de questionarem o que está pré-estabelecido, não permitindo que as más idéias tomem destaques e prevaleçam manipulando a ação das pessoas; de formar cidadãos que respeitam e trabalham para que o respeito ao outro seja garantido – respeito em todos os níveis e que atenda as necessidades de uma pessoa para ser considerada cidadã, ou seja, que possa “viver decentemente”. Para que este processo aconteça, é importantíssimo o papel do professor de filosofia, uma vez que é ele quem coordenará todo o trabalho de reflexão filosófica, que neste caso, envolve a questão da CIDADANIA. Tais discussões podem ser inseridas no próprio material desenvolvido pelo professor e podem partir de exemplos do dia-a-dia como cita Dimenstein em seu livro O Cidadão de Papel: “Cidadania é o direito de ter uma idéia e poder expressá-la. É poder votar em quem quiser sem constrangimento. É processar um médico que cometa erro. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem ser perseguido.” E mais: “Há detalhes que parecem insignificantes, mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones públicos.” 14. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O PENSAR O professor poderá trazer para a realidade dos educandos atitudes aparentemente simples e, refletir filosoficamente sobre elas, inserindo questões como o que faz com que as pessoas joguem ou não o papel na rua; quais as conseqüências de se jogar o papel na rua; de onde vem esse costume; o que se pode fazer para se ter uma postura diferente; se quando se tem atitudes como esta está-se cooperando com o direito de cidadania das pessoas que vivem no mesmo bairro, enfim, no mesmo país e por que não, como fica nesta situação a questão do responsável pela limpeza do quarteirão (provavelmente um gari) em relação à sua cidadania. Se necessário, partir para a investigação analisando os prós e contras, as novas possibilidades... Ainda em relação às atitudes do dia-a-dia perante o tema da CIDADANIA, é interessante também para esta reflexão, o que aponta Elizabeth Maia Bório, quando expõe que “em inúmeras ocasiões, por exemplo, os brasileiros, dão demonstrações de que falta o senso comunitário. Em assembléias de condomínio, comparecem poucos moradores para resolver questões que são de todos. Também não se sente co-responsável pela conservação do edifício onde mora ou da praia que é pública, e lá joga papéis, plásticos e latas.” 15. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O PENSAR II Elizabeth Maia Bório que “Em razão do baixo nível de educação do povo brasileiro, da perda de suas tradições e raízes culturais, da fraca capacidade de organização das classes subalternas para defesa de seus interesses e da pequena participação confirmamos, como na vida povo, a política força do do país, individualismo crescente na sociedade moderna. Esse individualismo dificulta uma convivência em que possam reinar a igualdade, a justiça e a fraternidade.” Pode parecer que não, mas refletir sobre atitudes do dia-a-dia é um dos caminhos para a conscientização, capaz de proporcionar mudanças na prática que atualmente anda tão banalizada, inclusive no que se refere ao tratamento em relação a uma outra pessoa humana. Em razão disto, nas aulas de filosofia ou mesmo num trabalho interdisciplinar, utilizando-se do aspecto filosófico, o professor-educador poderá criar condições para que o aluno reflita sobre suas próprias atitudes, de forma que possa confrontar a sua ação com as normas da sociedade, bem como sobre a atitude das pessoas da sociedade (grupo) em relação ao seu aspecto individual e o dos outros; aprendendo então, a lidar com seus direitos e deveres juntamente com o grupo em que convive. 16. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O PENSAR III No processo de conscientização através da reflexão filosófica, para a efetivação da cidadania para todos, capaz de levar à mudança da prática a nível da relação social, não se poderá esquecer da importância e necessidade do enfoque moral e ético, como norteadores desta reflexão. Para tal, ressalta-se que num primeiro momento, cabe aos educadores resgatar, ou seja, “trazer à tona” (fazer conhecer) o que é a moral e a ética, seus “papéis”, como funcionam, etc.; para que a partir deste estudo possa ser desenvolvida tal reflexão. É pertinente enfocar esta importância, porque nos dias atuais aumenta cada vez mais os péssimos exemplos (corrupções nos cofres públicos, descaso com a pessoa do outro, diferentes tipos de opressão desabrigados, drogas...) plenamente e abusos famintos que sua e impedem cidadania; que geram miseráveis, as não milhares de refugiados em pessoas deixando de viverem parâmetros capazes de levar as crianças e jovens a agirem e acreditarem que vale a pena ter um comportamento diferente, que vale a pena e é possível oferecer boas condições de vida para todas as pessoas. 17. ENSINAR A FILOSOFAR Em relação à questão moral, Vázquez afirma que a “(...) ética, como ciência da moral, não pode conceber a mesma como dada de uma vez para sempre, mas tem de considerá-la como um aspecto da realidade humana mutável com o tempo”. Justamente por isso, pelo fato de ser a moral mutável, é necessário ensinar as crianças (e o educador em primeiro lugar) a pensar, a refletir eticamente os seus atos e os dos outros em relação à convivência em comunidade, tendo em mente que a minha existência envolve e afeta outras pessoas, pois o que faço, com certeza, repercutirá – uma hora ou outra - na vida da sociedade; na vida daquele que convive comigo, ao meu lado ou mesmo a quilômetros de distância. A partir dessa consciência de vida em comunidade, cabe então, uma reflexão que leva a uma nova postura na ação, e assim, poderiam os educadores sentirem-se mais tranquilos em relação ao seu papel de filósofo, uma vez que estaría ensinando as pessoas a filosofar, pois como disse Kant, “não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”. 18. FOLOSOFAR – UMA NOVA CONCEPÇÃO DE MUNDO Como foi enfocado anteriormente, foi o filosofar que abriu asas para uma nova maneira de conceber e encarar o mundo. Vale a pena lembrar que esta consciência filosófica, do bem pensar - em busca da verdade, não cabe somente à filosofia (como disciplina), mas a todo educador, que deve ser também filósofo. Daí a possibilidade e a necessidade de envolver todas as disciplinas do currículo escolar, bem como a educação familiar neste trabalho reflexivo, para que a cada dia mais aconteça para todos a efetivação da cidadania e assim, num futuro bem próximo, todos terão a oportunidade de viver decentemente. 19. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO As técnicas, em suas diferentes formas e usos, constituem um dos principais agentes de transformação da sociedade, pelas implicações que exercem no cotidiano. Estudiosos do tema mostram que escrita, leitura, visão, audição, criação e aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. Nesse cenário, insere-se mais um desafio para a escola, ou seja, o de como incorporar ao seu trabalho, apoiado na oralidade e na escrita, novas formas de comunicar e conhecer. Por outro lado, também é fato que o acesso a calculadoras, computadores e outros elementos tecnológicos já é uma realidade para parte da população, embora ainda muito pequena. Pode, a princípio, parecer esse recurso, o mais distante da Educação para o Pensar, mas se o objetivo de Lipman é formar habilidades para despertar a criticidade do aluno, esse recurso é profícuo no intento de ensinar-lhes a "selecionar", refletir e questionar as informações veiculadas pelo computador, por exemplo, evitando que ele se torne um agente passivo de informações questionáveis e capacitando-o a decodificá-las e inseri-las em sua realidade. 20. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E JOGOS Para as crianças pequenas, os jogos são ações que elas repetem sistematicamente, mas que possuem um sentido funcional; isto é, são fontes de significados e, portanto, possibilitam compreensão, geram satisfação, formam hábitos que se estruturam num sistema. Essa repetição funcional também deve estar presente na atividade escolar, pois é importante no sentido de ajudar a criança a perceber regularidades. Eis aí, um dos meios mais profícuos para o trabalho com Educação para o Pensar e a Comunidade de Investigação. Esse recurso pode auxiliar no desenvolvimento das habilidades ilustradas por Lipman: As áreas de habilidades mais relevantes para os objetivos educacionais são aquelas relacionadas com os processos de investigação, processos de raciocínio, organização de informações (formação de conceitos) e tradução. (apud Lorieri, 1996, p. 4) É importante ressaltar o papel dessas habilidades na educação. A comunidade de investigação desenvolve, além destas habilidades, a socialização e o respeito pelas idéias do outro, fator este extremamente crucial para o jogo.