Seja Bem Vindo! - Cursos Online SP

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Seja Bem Vindo!
Curso
Educação para o pensar
www.CursosOnlineSP.com.br
Carga horária: 20hs
1. O PENSAMENTO – UMA DEFINIÇÃO
2. O PENSAMENTO – UMA CONDIÇÃO HUMANA
3. O PENSAMENTO COMPLEXO
4. FILOSOFIA – EDUCAÇÃO PARA O PENSAMENTO
5. FILOSOFAR – EDUCAR PARA O PENSAR
6. FILOSOFIA – UM ESTADO DE ESPÍRITO
7. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS
8. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS II
9. EDUCAR PARA O PENSAMENTO ÉTICO, ESTÉTICO E
POLÍTICO
10. A EDUCAÇÃO MORAL
11. EDUCAÇÃO PELA ÉTICA
12. EDUCAÇÃO PELO DIÁLOGO
13. POR QUE ENSINAR FILOSOFIA ?
14. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR
15. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR II
16. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR III
17. ENSINAR A FILOSOFAR
18. FOLOSOFAR – UMA NOVA CONCEPÇÃO DE MUNDO
19. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO
20. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E JOGOS
1. O PENSAMENTO – UMA DEFINIÇÃO
O pensamento é um recurso humano essencial, que carece
de aperfeiçoamento permanente através da educação,
buscando incentivar as pessoas, especialmente as crianças
e os jovens, a exercerem um pensamento reflexivo,
rigoroso,
crítico,
profundo,
criativo,
cuidadoso,
contextualizado e autocorretivo; por isso se propõe uma
reforma do ensino que contemple o desenvolvimento do
pensamento
de
ordem
superior.
Neste
conceito
de
pensamento excelente está presente o desenvolvimento
das
habilidades
encontram
básicas
nas
de
crianças,
pensamento
mas
que
que
já
devem
se
ser
cultivadas na direção de sua otimização. O que ele
denomina de habilidades de pensamento é um conjunto de
atividades mentais que serve ao pensamento crítico,
criativo e cuidadoso: serve ao pensar bem; serve ao
pensamento de ordem superior que exige, além do domínio
e bom uso das habilidades de pensamento, o emprego de
critérios e de boas razões, profundidade, abrangência de
compreensão quanto ao contexto ou contextos a que se
refere,
exige
rigor,
pede
autocorreção,
exige
se
ver
e
se
acompanhar no seu próprio processar-se (metacognição),
convida a dar-se conta da complexidade das relações que
identifica ou que estabelece e reconstrói e exige ser
reflexivo.
2. O PENSAMENTO – UMA CONDIÇÃO HUMANA
Lipman afirma que o pensamento é função específica do
espírito humano e comporta processos complexos, pois o
“pensar é o processo de descobrir ou fazer associações e
disjunções”; que inexistem realidades simples, que “O
universo
é
feito
de
complexos
como
moléculas,
as
cadeiras, as pessoas e as idéias”; que esses complexos se
ligam uns com os outros e, cada coisa somente faz sentido
dentro de complexos ou de contextos. Para ele, o
significado do “complexo encontra-se nos relacionamentos
que este tem com os outros complexos”; assim como cada
ser ou evento, encontra sentido no contexto onde se dá ou
ocorre.
Assim,
inventado
tem
“cada
seu
relacionamento
significado”,
descoberto
havendo
ou
grandes
significados construídos a partir dos grandes sistemas de
relacionamentos entre os complexos. O mesmo se pode
dizer de cada coisa, objeto ou fenômeno: cada qual tem
seu significado nos relacionamentos de que participa. Mais
adiante, ele esclarece que o pensamento complexo ou
pensamento de ordem superior é capaz de produzir novas
relações
a
partir
do
que
conhece,
pois,
“inclui
o
pensamento recursivo, o pensamento metacognitivo, o
pensar
autocorretivo”
e
ainda,
inclui
as
formas
de
“pensamento que envolvem a reflexão sobre sua própria
metodologia.” (1995, p. 43). Além de crítico ele é,
também, criativo. Se o aspecto crítico do pensar é
constatativo e esclarecedor do que ocorre, o seu aspecto
criativo é o que impulsiona o novo e, portanto, as
possibilidades de transformação. O pensamento não pode
ser apenas constatativo, é também, inovador. E, se
temperado
pelo
cuidado
ganha
dimensão
instrumento e fomento de humanização.
maior
de
3. O PENSAMENTO COMPLEXO
O pensamento de ordem superior ou complexo, explica
Lipman (ibid., p. 42), envolve mais um componente: ao
sustentar
convicções,
é
preciso
estar
ciente,
simultaneamente, das razões e dos fundamentos sobre os
quais elas se baseiam. Esse componente do pensar
apresenta grande complexidade, por conta das próprias
suposições
e
implicações,
das
razões
e
provas
que
sustentam as conclusões a que se chega ao pensar.
Segundo
o
filósofo
norte
americano:
O
pensamento
complexo leva em consideração a sua própria metodologia,
seus próprios procedimentos, sua própria perspectiva e
ponto de vista. O conhecimento complexo está preparado
para reconhecer os fatores que são responsáveis pelas
tendências, preconceitos e auto-ilusões. Ele inclui pensar
sobre seus procedimentos ao mesmo tempo em que, pensa
sobre seu tema principal. (LIPMAN, 1995a, p. 42) Na
sociedade complexa e dinâmica de hoje o domínio de um
pensar de ordem superior é instrumento fundamental de
realização de todas as pessoas. Daí a sua proposta de uma
educação
para
desenvolvimento.
o
pensar
Lipman
que
contemple
praticamente
só
o
seu
escreve
propondo caminhos para uma nova educação que ele, por
vezes, denomina de reflexiva ou de paradigma educacional
reflexivo. Sua proposta decorre de uma ontologia, de uma
axiologia e principalmente de uma teoria do conhecimento,
esta última mais bem explicitada em seus escritos.
4. FILOSOFIA – EDUCAÇÃO PARA O PENSAMENTO
Ao se ouvir a palavra “filosofia” imagina-se, muitas vezes,
estar diante de um conjunto de teorias sem sentido, sem
relação com o cotidiano. Alguns dirão: “A filosofia é coisa
de louco” ou “é coisa de gente que não tem mais nada o
que fazer”. Estaria mesmo a filosofia distante do cotidiano?
Seriam os filósofos seres lunáticos preocupados com coisas
absurdas? O que teríamos a ver com a filosofia? Algumas
pessoas afirmam que a Filosofia é a Ciência com a qual e
sem a qual o mundo permanece tal e qual. Bobagem! A
Filosofia não é Ciência, pelo menos não como se entende a
Ciência hoje. Mas, por exemplo, a Química, essa coisa
fabulosa que permitiu produzir sandalinhas de plástico e
outras coisas mais, surge da tentativa dos Filósofos
Renascentistas de relacionar as partes ao todo, utilizandose da Astrologia e da Alquimia. E a Física, responsável
pelos motores potentes e pela aerodinâmica dos carros,
surge da busca de uma explicação para a phisis - palavra
grega que compreende a natureza em movimento e
permanência.
As
Ciências
estão,
de
alguma
forma,
relacionadas à Filosofia porque o objeto da Filosofia é a
própria reflexão, o retorno do pensamento a si mesmo
para indagar o que são as coisas. O que é a Ciência, a
Arte, o mundo, o homem, enfim, o que somos nós, como
pensamos? Mas... para quê isso?
5. FILOSOFAR – EDUCAR PARA O PENSAR
Qualquer pessoa pode agora estar em um dilema pensando
se quer ficar na festa com o cara ou a garota mais bonita
da escola ou com aquela que nem é tão bonita, mas é uma
ótima companhia. Neste momento a pessoa terá que voltar
o pensamento para si mesmo, perguntando o que significa
mais para ela: uma boa companhia ou a beleza? Não
importa qual a resposta. O que importa é o processo de
reflexão que o conduziu a esta pergunta. É provável que a
pessoa nem chegue a uma resposta e fique na festa com
quem aparecer primeiro. Existe também a possibilidade
dela se lamentar por um bom tempinho pela sua atitude. O
desfecho desses dilemas é variado, mas o processo de
reflexão é bastante comum em várias situações. O que
pensar de uma área do conhecimento e da ação humana
que é classificada por um de seus expoentes como
“perturbadora da paz”? Ou ainda que o que se busca
através da mesma é a “verdade total”, “que o mundo não
quer”? Para tornar ainda mais complicada a questão, que
tal imaginar que a “verdade” que se busca pode e deve ter
“múltiplas significações”? A propósito... O que é verdade? E
que área do conhecimento tão complexa, contraditória e
provocante é essa tal de filosofia?
6. FILOSOFIA – UM ESTADO DE ESPÍRITO
Filosofia é mais do que simplesmente uma “área do
conhecimento e da ação humana”. Filosofia é um estado de
espírito.
Demanda
a
todo
o
momento
vibração,
movimento, oxigenação. É feita a base de leitura (de
mundo), reflexão, intercâmbio, intensidade. O ato de
educar
pode
sociabilizar,
adquirir
ensinar,
diversos
clarear,
significados:
modelar,
formar,
conscientizar,
integrar. São tantas as implicações dessa ação, ao mesmo
tempo
simples
e
complexa,
que
constantemente
se
pergunta pelo seu sentido como se não fosse mais possível
reconhecer o traçado no entrecruzamento das linhas como
de um bordado. Do universo caótico do avesso vai, aos
poucos, se configurando as formas no lado direito. A linha
que fura o tecido busca o caminho como quem procura um
objetivo que só pode se revelar gradualmente num
processo criativo. Exatamente por isso que educar é
também criar. Ação que exige cuidado, intencionalidade,
mas que, sobretudo, transcende a si mesma desvelando a
riqueza múltipla do humano. Em busca de uma definição
do homem, o filósofo presenteia com a impossibilidade da
definição, de um modelo único do humano. A diversidade
humana é fruto da imersão no universo de representações
que se cria socialmente - o da cultura e da linguagem.
7. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS
Educar é quase sempre perguntar qual ser humano se quer
formar. Formar é colocar na forma, moldar. Mas também
pode ser dar forma. Mas, se for analisada a própria
dimensão humana há de se perceber que há formas de dar
forma que vão além das formas (dos moldes). Foi assim
que no contato com a natureza e com a cultura que se
conseguiu dar formas diversas e múltiplas ao mundo. E
não apenas dar e criar formas, mas atribuir-lhes sentido.
Transmitir formas e sentidos (informar), transfigurá-las
(transformar). A transformação só é possível, pois no
humano reside à possibilidade de avaliar as ações, pensar
o
próprio
processo
do
pensar:
investigar,
prever,
problematizar, julgar, etc. Assim se aprende o que é bom
ou não, bonito ou feio, justo ou injusto. Aprende-se e
continua aprendendo, pois neste processo contínuo não é
possível acomodar as molduras que se tem à complexidade
da vida que se transforma a cada instante. Dito de outra
forma, o que alguns vêem como crise de valores pode
indicar apenas a necessidade de se pensar na inadequação
ou adequação das molduras para os fins que se almeja.
Isso
remete,
invariavelmente,
à
reflexão
sobre
uma
educação para valores.
8. EDUCAR – AS FORMAS MÚLTIPLAS II
Como educar para valores se um vaso sanitário em um
canto de um museu pode ser entendido como arte, como
expressão do que era sublime e belo? Como educar para
valores se a desonestidade é entendida como ordem
natural da sobrevivência? Se a desigualdade guia a ação da
justiça? A perplexidade e a indignação que envolve essas
questões podem conduzir à tendência de se resgatar
princípios universais que imaginamos estarem esquecidos
ou adormecidos na educação dos jovens e crianças, tais
como
solidariedade,
honestidade...
Todavia,
nenhum
princípio moral por mais bem intencionado, fundamentado
e sedimentado poderia transformar por si mesmo as ações,
pelo simples fato de que tais valores não são entidades,
mas criações que surgem da necessidade humana de viver
e conviver, da necessidade do homem de pensar-se a si
mesmo. Não é a toa que os Parâmetros Curriculares
Nacionais
emprestam
da
filosofia
os
elementos
que
permitiriam delinear um conceito de cidadania.
9. EDUCAR PARA O PENSAMENTO ÉTICO, ESTÉTICO E
POLÍTICO
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais a cidadania
deve ser entendida em três dimensões: ética, estética e
política. Estética no sentido do exercício de sensibilidade;
ética no sentido de construção de identidade autônoma e;
política, visando à participação democrática através do
acesso aos bens culturais e naturais. Desenvolver a
sensibilidade, a identidade autônoma e a participação
democrática é o desafio da educação que coincide com o
desafio de devolver ao homem sua própria imagem: de ser
que cria, avalia e transforma. A possibilidade de mediação
entre o vivido e o pensado tem na arte um lugar
privilegiado. A síntese criativa, a comunhão entre o sujeito
e natureza tem no sentimento a via de acesso da
experiência
estética.
O
sentimento
provocado
pela
experiência estética alarga as fronteiras do vivido, de um
mundo que se descortina em profundidade na medida em
que é possível extrair o objeto do seu contexto e o
relacionar a um horizonte único.
10. A EDUCAÇÃO MORAL
Sartre afirma: A obra jamais se limita ao objeto pintado,
esculpido ou narrado; assim como só percebemos as coisas
sobre
o
fundo
do
mundo,
também
os
objetos
representados pela arte aparecem sobre o fundo do
universo. Se o pintor nos apresenta um campo ou vaso de
flores, seus quadros são janelas abertas para o mundo
inteiro (...) O objeto estético é propriamente o mundo, na
medida em que é visado através dos imaginários, a alegria
estética acompanha a consciência de que o mundo é um
valor, isto é, uma tarefa proposta à liberdade humana.”
Ora, se a arte alarga o sentido e o sentimento do mundo é
porque a liberdade se impõe como marca do que o homem
é e faz. No exercício dessa liberdade é que se avalia o que
lhe serve ou não para a convivência, formulam-se regras,
estabelecem-se modelos de conduta que se permitam a
vida em sociedade. A esse conjunto de valores, normas,
regras denomina-se moral. A moral prescreve o que se
deve ou não se deve fazer diante dos diferentes grupos
sociais a que pertencemos. Sendo assim, é comum o
homem guiar suas ações pelo reconhecimento social do
grupo em que se está inserido. Nessas relações se aprende
o que é bom ou mal, certo ou errado, justo ou injusto. Por
isso, afirmava Aristóteles que somente o exercício de bons
hábitos entre os jovens poderia moldar o caráter voltado
para
as
virtudes,
ou
seja,
a
educação
moral
seria
fundamental para a formação do caráter e da identidade.
11. EDUCAÇÃO PELA ÉTICA
É importante considerar que a identidade também se forma
na diversidade. Família, escola, meios de comunicação de
massa expõem crianças e jovens a modelos de conduta
diversos
e,
por
constantemente
vezes,
apresenta
contraditórios.
escolhas
é
Se
a
preciso
vida
saber
distinguir qual a melhor forma de agir, essa é a tarefa da
ética enquanto reflexão da moral. Se a moral é o exercício
do dever, a ética é o exercício do querer consciente de
suas
implicações
e
conseqüências.
Não
se
trata
de
doutrinar, mas de buscar formas de favorecer a autonomia
moral. Em outras palavras, mais do que ensinar o certo ou
errado seria preciso criar condições para que crianças e
jovens possam pensar por si mesmas as condições e
consequências de suas escolhas. Favorecer o diálogo é um
importante
instrumento
para
passar
da
conduta
heterônoma para a autônoma. Na conduta heterônoma se
age guiado pela força do que se espera de outrem. Neste
caso, é fácil de entender porque na ausência da autoridade
crianças, jovens e adultos apresentam comportamentos
considerados imorais ou não adequados. Investigar e
compreender porque a saúde dentária é importante é
diferente de escovar os dentes quando a mãe manda.
12. EDUCAÇÃO PELO DIÁLOGO
No diálogo investigativo o exercício da racionalidade se dá
entre os envolvidos e não apesar dos envolvidos. O
comprometimento dos membros de um grupo com uma
situação
verdadeiramente
problemática
implica
na
necessidade de se admitir os conflitos, avaliá-los e buscar
soluções; portanto, de exercitar a autonomia do pensar.
Ora, se a moral apresenta valores, avaliar os valores,
aprender a valorar é fundamental para a investigação ética
que tem um espaço promissor no diálogo. Todavia, essa
aparente sequência lógica não implica a rigidez de uma
ordem ou a fragmentação de passos. Ora, se conceituar é
organizar redes de significado, para conceituar precisa-se
comparar, inferir, deduzir, enfim, usar os elementos
presentes tanto no processo de investigação como no de
raciocínio. Antes essa sequência só poderia auxiliar na
compreensão que o esforço educativo no sentido de
desenvolver as habilidades cognitivas não se limita ao
treino de capacidades do pensar, mas ao esforço de pensar
o processo de investigação e produção do conhecimento. O
treino da habilidade de observar, necessária ao processo
de investigação, não faz de ninguém um investigador,
assim como o treino de chutes no gol, não é capaz de
garantir a competência para jogar futebol.
13. POR QUE ENSINAR FILOSOFIA ?
Uma vez que a história sempre se repete, cabe também, à
filosofia – inserida na educação escolar - formar educandos
capazes
de
filosofar;
se
de
comprometerem
estarem
em
com
busca
o
da
processo
do
verdade;
de
questionarem o que está pré-estabelecido, não permitindo
que
as
más
idéias
tomem
destaques
e
prevaleçam
manipulando a ação das pessoas; de formar cidadãos que
respeitam e trabalham para que o respeito ao outro seja
garantido – respeito em todos os níveis e que atenda as
necessidades de uma pessoa para ser considerada cidadã,
ou seja, que possa “viver decentemente”. Para que este
processo aconteça, é importantíssimo o papel do professor
de filosofia, uma vez que é ele quem coordenará todo o
trabalho de reflexão filosófica, que neste caso, envolve a
questão
da
CIDADANIA.
Tais
discussões
podem
ser
inseridas no próprio material desenvolvido pelo professor e
podem
partir
de
exemplos
do
dia-a-dia
como
cita
Dimenstein em seu livro O Cidadão de Papel: “Cidadania é
o direito de ter uma idéia e poder expressá-la. É poder
votar em quem quiser sem constrangimento. É processar
um médico que cometa erro. É devolver um produto
estragado e receber o dinheiro de volta. É o direito de ser
negro sem ser discriminado, de praticar uma religião sem
ser
perseguido.”
E mais: “Há detalhes que parecem insignificantes, mas
revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho
no trânsito, não jogar papel na rua, não destruir telefones
públicos.”
14. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR
O professor poderá trazer para a realidade dos educandos
atitudes aparentemente simples e, refletir filosoficamente
sobre elas, inserindo questões como o que faz com que as
pessoas joguem ou não o papel na rua; quais as
conseqüências de se jogar o papel na rua; de onde vem
esse costume; o que se pode fazer para se ter uma postura
diferente; se quando se tem atitudes como esta está-se
cooperando com o direito de cidadania das pessoas que
vivem no mesmo bairro, enfim, no mesmo país e por que
não, como fica nesta situação a questão do responsável
pela limpeza do quarteirão (provavelmente um gari) em
relação à sua cidadania. Se necessário, partir para a
investigação analisando os prós e contras, as novas
possibilidades... Ainda em relação às atitudes do dia-a-dia
perante o tema da CIDADANIA, é interessante também
para esta reflexão, o que aponta Elizabeth Maia Bório,
quando expõe que “em inúmeras ocasiões, por exemplo, os
brasileiros, dão demonstrações de que falta o senso
comunitário. Em assembléias de condomínio, comparecem
poucos moradores para resolver questões que são de
todos.
Também
não
se
sente
co-responsável
pela
conservação do edifício onde mora ou da praia que é
pública, e lá joga papéis, plásticos e latas.”
15. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR II
Elizabeth Maia Bório que “Em razão do baixo nível de
educação do povo brasileiro, da perda de suas tradições e
raízes culturais, da fraca capacidade de organização das
classes subalternas para defesa de seus interesses e da
pequena
participação
confirmamos,
como
na
vida
povo,
a
política
força
do
do
país,
individualismo
crescente na sociedade moderna. Esse individualismo
dificulta
uma
convivência
em
que
possam
reinar
a
igualdade, a justiça e a fraternidade.” Pode parecer que
não, mas refletir sobre atitudes do dia-a-dia é um dos
caminhos para a conscientização, capaz de proporcionar
mudanças na prática que atualmente anda tão banalizada,
inclusive no que se refere ao tratamento em relação a uma
outra pessoa humana. Em razão disto, nas aulas de
filosofia
ou
mesmo
num
trabalho
interdisciplinar,
utilizando-se do aspecto filosófico, o professor-educador
poderá criar condições para que o aluno reflita sobre suas
próprias atitudes, de forma que possa confrontar a sua
ação com as normas da sociedade, bem como sobre a
atitude das pessoas da sociedade (grupo) em relação ao
seu aspecto individual e o dos outros; aprendendo então, a
lidar com seus direitos e deveres juntamente com o grupo
em que convive.
16. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO PARA O
PENSAR III
No
processo
de
conscientização
através
da
reflexão
filosófica, para a efetivação da cidadania para todos, capaz
de levar à mudança da prática a nível da relação social,
não se poderá esquecer da importância e necessidade do
enfoque moral e ético, como norteadores desta reflexão.
Para tal, ressalta-se que num primeiro momento, cabe aos
educadores resgatar, ou seja, “trazer à tona” (fazer
conhecer) o que é a moral e a ética, seus “papéis”, como
funcionam, etc.; para que a partir deste estudo possa ser
desenvolvida
tal
reflexão.
É
pertinente
enfocar
esta
importância, porque nos dias atuais aumenta cada vez
mais
os
péssimos
exemplos
(corrupções
nos
cofres
públicos, descaso com a pessoa do outro, diferentes tipos
de
opressão
desabrigados,
drogas...)
plenamente
e
abusos
famintos
que
sua
e
impedem
cidadania;
que
geram
miseráveis,
as
não
milhares
de
refugiados
em
pessoas
deixando
de
viverem
parâmetros
capazes de levar as crianças e jovens a agirem e
acreditarem que vale a pena ter um comportamento
diferente, que vale a pena e é possível oferecer boas
condições de vida para todas as pessoas.
17. ENSINAR A FILOSOFAR
Em relação à questão moral, Vázquez afirma que a “(...)
ética, como ciência da moral, não pode conceber a mesma
como dada de uma vez para sempre, mas tem de
considerá-la como um aspecto da realidade humana
mutável com o tempo”. Justamente por isso, pelo fato de
ser a moral mutável, é necessário ensinar as crianças (e o
educador em primeiro lugar) a pensar, a refletir eticamente
os seus atos e os dos outros em relação à convivência em
comunidade, tendo em mente que a minha existência
envolve e afeta outras pessoas, pois o que faço, com
certeza, repercutirá – uma hora ou outra - na vida da
sociedade; na vida daquele que convive comigo, ao meu
lado ou mesmo a quilômetros de distância. A partir dessa
consciência de vida em comunidade, cabe então, uma
reflexão que leva a uma nova postura na ação, e assim,
poderiam os educadores sentirem-se mais tranquilos em
relação ao seu papel de filósofo, uma vez que estaría
ensinando as pessoas a filosofar, pois como disse Kant,
“não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar”.
18. FOLOSOFAR – UMA NOVA CONCEPÇÃO DE
MUNDO
Como foi enfocado anteriormente, foi o filosofar que abriu
asas para uma nova maneira de conceber e encarar o
mundo.
Vale
a
pena
lembrar
que
esta
consciência
filosófica, do bem pensar - em busca da verdade, não cabe
somente à filosofia (como disciplina), mas a todo educador,
que deve ser também filósofo. Daí a possibilidade e a
necessidade de envolver todas as disciplinas do currículo
escolar, bem como a educação familiar neste trabalho
reflexivo, para que a cada dia mais aconteça para todos a
efetivação da cidadania e assim, num futuro bem próximo,
todos terão a oportunidade de viver decentemente.
19. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO
As técnicas, em suas diferentes formas e usos, constituem
um dos principais agentes de transformação da sociedade,
pelas implicações que exercem no cotidiano. Estudiosos do
tema mostram que escrita, leitura, visão, audição, criação
e aprendizagem são capturados por uma informática cada
vez mais avançada. Nesse cenário, insere-se mais um
desafio para a escola, ou seja, o de como incorporar ao seu
trabalho, apoiado na oralidade e na escrita, novas formas
de comunicar e conhecer. Por outro lado, também é fato
que o acesso a calculadoras, computadores e outros
elementos tecnológicos já é uma realidade para parte da
população, embora ainda muito pequena. Pode, a princípio,
parecer esse recurso, o mais distante da Educação para o
Pensar, mas se o objetivo de Lipman é formar habilidades
para despertar a criticidade do aluno, esse recurso é
profícuo no intento de ensinar-lhes a "selecionar", refletir e
questionar as informações veiculadas pelo computador, por
exemplo, evitando que ele se torne um agente passivo de
informações questionáveis e capacitando-o a decodificá-las
e inseri-las em sua realidade.
20. EDUCAÇÃO PARA O PENSAR E JOGOS
Para as crianças pequenas, os jogos são ações que elas
repetem sistematicamente, mas que possuem um sentido
funcional; isto é, são fontes de significados e, portanto,
possibilitam
compreensão,
geram
satisfação,
formam
hábitos que se estruturam num sistema. Essa repetição
funcional
também
deve
estar
presente
na
atividade
escolar, pois é importante no sentido de ajudar a criança a
perceber
regularidades.
Eis
aí,
um
dos
meios
mais
profícuos para o trabalho com Educação para o Pensar e a
Comunidade de Investigação. Esse recurso pode auxiliar no
desenvolvimento das habilidades ilustradas por Lipman: As
áreas de habilidades mais relevantes para os objetivos
educacionais são aquelas relacionadas com os processos de
investigação,
processos de
raciocínio, organização
de
informações (formação de conceitos) e tradução. (apud
Lorieri,
1996,
p.
4)
É importante ressaltar o papel dessas habilidades na
educação. A comunidade de investigação desenvolve, além
destas habilidades, a socialização e o respeito pelas idéias
do outro, fator este extremamente crucial para o jogo.
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