Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DE ALGORITMOS EVOLUCIONÁRIOS APLICADOS AO PROJETO DE ESTRUTURAS DE TRANSMISSÃO COMPACTAS COM MÚLTIPLOS CIRCUITOS João Antônio de Vasconcelos1 , Ricardo de Souza Ribeiro1 , Douglas Angelo Teixeira1,2 , Marcos Felipe de Oliveira Ribeiro1 , Edino Barbosa Giudice Filho3 1 Universidade Federal de Minas Gerais Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha - 31270-901 Belo Horizonte, MG, Brasil. 2 Instituto Federal do Norte de Minas Gerais Rua Dois, 300 - Village do Lago I - 39404-058 Montes Claros, MG, Brasil. 3 CEMIG Distribuição S.A. Av. Barbacena, 1200 - Santo Agostinho - 30190-131 Belo Horizonte, MG, Brasil. [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO Este trabalho apresenta a modelagem do problema de otimização de estruturas de linhas de transmissão aéreas compactas com múltiplos circuitos e a comparação do desempenho de diversos algoritmos evolucionários na solução deste problema. A formulação desenvolvida adota objetivos que representam algumas características avaliadas pelas concessionárias de energia elétrica, no momento do projeto de torres de transmissão, além das restrições determinadas por norma. Um método de tomada de decisão também é aplicado para auxiliar na geração da população inicial e para ordenar as soluções obtidas por cada algoritmo. Emprega-se uma análise estatística dos resultados para definir quais algoritmos são mais apropriados para tratar da otimização das estruturas compactas. A partir das avaliações realizadas, observou-se que os algoritmos baseados em estimativa de distribuição e evolução diferencial apresentaram maior eficiência. PALAVRAS CHAVE. Linha de Transmissão Aérea, Otimização, Análise Estatística. Tópicos: EN - PO na Área de Energia, OC - Otimização Combinatória, EST - Estatística ABSTRACT This work presents the modeling of the problem of optimization of compact overhead transmission line structures with multiple circuits and the comparison of the performance of different evolutionary algorithms in solving this problem. The developed model adopts goals that represent some characteristics evaluated by electric companies at the time of project of transmission towers, as well as standard determined constraints. A decision-making method is also used to assist in the generation of the initial population and sorting the solutions for each algorithm. Statistical analysis is applied to the results to determine which algorithms are best suited to deal with the optimization of compact structures. Based on the evaluations, it was observed that the algorithms based on estimation of distribution and differential evolution had higher efficiency. KEYWORDS. Overhead Transmission Line, Optimization, Statistical analysis. Paper topics EN - OR in the Energy Area, OC - Combinatorial Optimization, E - Statistics 867 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. 1. Introdução A necessidade de se transmitir grandes quantidades de energia em alta tensão, dentro de centros urbanos, se tornou uma realidade na sociedade atual. Contudo a área disponível para transmissão se limita basicamente às faixas de passagem de linhas de transmissão já presentes. Assim, busca-se construir novas linhas que ocupem estreitos corredores ao longo do seu percurso. Para tanto, uma possível alternativa são as linhas de transmissão que utilizam estruturas compactas com múltiplos circuitos. Além de ter uma maior capacidade de transmissão, também ocupam estreitas faixas de passagem. O principal desafio no projeto destas torres é selecionar e posicionar os condutores e cabos de proteção sem violar as restrições determinadas por norma. Assim, são definidos sete objetivos e nove restrições na modelagem do problema para auxiliar na busca por soluções factíveis e eficientes. Foram utilizados oito algoritmos evolucionários para otimizar a escolha e a posição dos condutores. As soluções obtidas pelos algoritmos foram comparadas entre si, a fim de identificar qual algoritmo apresenta soluções mais eficazes. Além da etapa de otimização aplicou-se um método de tomada de decisão para auxiliar na formação da população inicial das estruturas e na ordenação das soluções. Após trinta execuções de cada algoritmo empregaram-se testes estatísticos para verificar a eficiência das implementações realizadas. Por fim, apresentou-se a solução que obteve a maior nota com suas funções objetivo, características e posicionamento dos condutores e cabos de proteção. Na Seção 2 é apresentada uma breve descrição do problema e sua formulação matemática. Na Seção 3 são apresentados os algoritmos de otimização utilizados, bem como a metodologia de tomada de decisão adotada. Na Seção 4 são apresentados e discutidos os resultados experimentais. Finalmente, na Seção 5 são apresentadas as conclusões do trabalho. 2. Descrição do Problema O problema a ser tratado é a otimização de estruturas de transmissão de energia elétrica compactas com múltiplos circuitos. Para tanto, é necessário selecionar e posicionar os condutores e cabos de proteção de forma a reduzir a faixa de passagem ocupada pela linha de transmissão. As tensões utilizadas em cada circuito da torre serão de 138 ou 230 kV. Cada estrutura suportará de 2 a 4 circuitos com potências independentes. Neste trabalho, entende-se por potências independentes as potências transmitidas na mesma estrutura, mas que possuem origens e destinos diferentes. Por questões de segurança da manutenção em linhas vivas, os circuitos de tensão mais elevadas são posicionados acima dos circuitos com tensão de menor amplitude. Os circuitos considerados podem ser simples ou duplos. As potências transmitidas em circuitos duplos possuem uma mesma subestação de origem e outra de destino e transportam a mesma potência. A Tabela 1 apresenta as possibilidades de transmissão com relação aos circuitos de cada estrutura, em que “S” representa um circuito simples e “SS” representa dois circuitos simples ou um duplo. Tabela 1: Possíveis configurações dos circuitos nas torres. 138 kV S SS S SS 230 kV S S SS SS A base de dados utilizada no processo de otimização é composta de setenta e seis condutores CAA de diversas seções transversais e vinte e seis cabos para-raios. Além das informações sobre os cabos utilizados, compreende também as possíveis alternativas topológicas e os parâmetros ambientais, regionais e estruturais de entrada necessários à realização dos cálculos. Quanto à configuração de um circuito, a mesma é indicada no banco de dados por “H” para horizontal, “V” para vertical, “D” para delta e “Di” para delta invertido. O número de condutores 868 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. por feixe pode variar de 1 a 4 subcondutores. Para circuitos duplos a configuração da geometria dos cabos, o número de cabos por feixe e o tipo de condutor de um circuito são idênticos. Foram utilizadas 37056 alternativas topológicas distribuídas conforme a Tabela 2. A Figura 1(a) apresenta uma das possíveis estruturas que estão presentes no banco de dados, e representa uma topologia V-V-V-V com um condutor para os circuitos de 138 kV, dois condutores por feixe para os circuitos de 230 kV e dois cabos guarda. Tabela 2: Relação do tipo do circuito e possíveis alternativas topológicas. S - um circuito à esquerda de 138 kV e a direita de 230 kV. SS - dois circuitos à esquerda de 138 kV e a direita de 230 kV. Circuito Alternativas Topológicas S-S SS - S S - SS SS - SS 1152 5184 5120 25600 A seguir serão descritas as características da solução do problema e os objetivos e restrições utilizadas para avaliar os indivíduos. 2.1. Solução As soluções ou indivíduos geradas neste trabalho foram codificadas com parâmetros e variáveis de otimização, que são utilizadas nos cálculos das funções objetivo e de restrição. Os parâmetros são divididos em conjuntos discretos e reais, em que a alternativa topológica é discreta e as coordenadas do centro do círculo, de cada feixe de condutores, reais. Quando se define a alternativa topológica, define-se também o número de condutores por feixe de cada circuito. O conjunto de variáveis de otimização reais é composto pelos raios de feixe e alturas adicionais. Já as variáveis de natureza discreta são formadas pelos tipos de condutores e o cabo guarda. Assim, o número de variáveis de otimização para o problema é dado por (1): nv = 3 · npi + 1 (1) em que npi é o número de potências independentes do problema considerado. Figura 1: (a) Modelo de indivíduo ou solução para o problema. Todos os circuitos estão dispostos na vertical. (b) Espaço de busca para posicionar os condutores, em que, ccf representa as coordenadas do centro do feixe, rmin e rmax representam os raios mínimo e máximo para o posicionamento dos condutores, respectivamente. 869 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. Uma solução (x) para o problema é apresentada em (2). Ela é formada pela alternativa topológica at e pelos vetores de coordenadas dos centros de cada feixe (ccf ), de alturas adicionais (had ), dos raios dos feixes (rf ) e do tipo de condutor de cada circuito e o cabo guarda (cc). x = {at, ccf , had , rf , cc} (2) O posicionamento espacial de cada condutor é realizado dentro de um espaço de busca circular, definido por um raio e as coordenadas espaciais que definem o centro do círculo do feixe. A definição das coordenadas do centro do círculo de cada feixe deve satisfazer às restrições de distância entre cabo e solo para o condutor mais baixo e às de distâncias mínimas entre duas fases e entre fase e terra. Isto para cada nível de tensão, calculadas conforme apresentado em [EPRI, 2008]. Por fim, os condutores são posicionados com base em um plano definido pelos eixos horizontal e vertical, cuja origem é a interseção do plano ao nível do solo com o plano ao centro da torre, como mostra a Figura 1(b). O valor das alturas adicionais pode variar de 0 a 20 m. Já o raio de cada feixe, que auxilia no posicionamento dos condutores, pode variar de 3 a 20 vezes o diâmetro do condutor posicionado. Após a definição do raio do feixe, os condutores são posicionados conforme apresentado na Tabela 3. Cabe ressaltar que optou-se em posicioná-los de forma simétrica para facilitar a utilização de espaçadores comerciais. Tabela 3: Determinação do ângulo inicial e ângulo entre condutores para cada número de condutores por feixe. Condutores por feixe Ângulo Inicial Ângulo entre cabos 1 2 ◦ ◦ 0 0◦ 0 180◦ 3 4 ◦ 30 120◦ 45◦ 90◦ 2.2. Objetivos e Restrições Para avaliar se uma determinada solução é promissora são considerados sete objetivos: minimização da altura da torre, maximização da ampacidade excedente, minimização do custo, minimização das perdas dos condutores, minimização do esforço mecânico na estrutura, maximização da potência característica e minimização da faixa de passagem. As funções objetivo são identificadas de f1 (x) a f7 (x), respectivamente. Para verificar se determinada solução é factível são consideradas as restrições de carga de ruptura do cabo, ampacidade do condutor, efeito corona, rádio interferência, ruído audível, distâncias de segurança conforme NBR5422, campo elétrico e magnético, distância de segurança entre circuitos e espaço de busca para o posicionamento do condutor. Essas restrições são definidas de g1 (x) a g9 (x), respectivamente. Assim, o problema de otimização é formulado conforme proposto em [Vasconcelos et al., 2015]: min FO(x) = {f1 (x) , . . . , f7 (x)} s.a : G(x) = {g1 (x) , . . . , g9 (x)} x = {at, ccf , had , rf , cc} ∈ X A altura da torre e a faixa de passagem são dadas por estrutura, então possuem apenas um valor. As demais funções objetivo são formadas por um vetor com uma posição para cada potência independente. O custo, as perdas e os esforços mecânicos são obtidos pela soma das contribuições de cada circuito da torre. Já os objetivos f 2 (x) e f 6 (x) são obtidos pela soma do inverso do valor da ampacidade excedente e da potência característica por circuito, respectivamente. Isto é feito, para 870 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. que ao minimizá-las obtenha-se a maximização da ampacidade excedente e da potência característica da estrutura. A minimização da altura da torre permite diminuir o custo da fundação, o gasto para sua construção e diminuir a ação dos ventos na mesma. A altura é definida como sendo a altura do cabo de proteção. A segunda função objetivo busca maximizar a ampacidade excedente nos cabos condutores, isto é, a diferença entre a corrente máxima (ampacidade) que o feixe de condutores pode transmitir e a corrente elétrica para transmitir a potência nominal do circuito. A ampacidade dos cabos é calculada para cada um dos condutores a partir de dados do condutor e das condições ambientais do local onde a linha será construída, conforme [CIGRE, 2014]. A minimização do custo dos condutores auxilia na busca por soluções com reduzido custo dos cabos. Calcula-se o custo em função da massa do cabo para 1 km de comprimento de linha e do preço por unidade de massa. A minimização das perdas dos condutores considera as perdas provenientes do aquecimento dos cabos (efeito Joule) e as perdas relacionadas à ionização do ar em volta do condutor (efeito corona), [Maruvada et al., 1989]. É definida por quantos kW de perdas ocorrem por km de linha. A minimização dos esforços mecânicos nas estruturas são calculados considerando as estruturas de suspensão. O vento influencia as linhas de transmissão exercendo uma pressão sobre os condutores, que é proporcional à velocidade do vento e resulta em uma força perpendicular ao eixo longitudinal dos cabos [Labegalini et al., 1992]. Combinado com o peso do próprio condutor por unidade de comprimento, chega-se em uma força resultante, a qual deseja-se minimizar. A maximização da potência característica visa aumentar a capacidade de transmissão da linha. Valores típicos de impedância e potência característica de linhas de transmissão convencionais são apresentadas por [Kiessling et al., 2003]. Estes valores variam com o número de condutores e com o nível de tensão do circuito. Assim, é possível aumentar a capacidade de transmissão com a variação do número de condutores e com o tipo de condutor de cada circuito. A minimização da faixa de passagem é determinante para o projeto de uma linha de transmissão compacta. Ela deve ser calculada levando-se em conta o balanço dos cabos devido à ação do vento, efeitos elétricos e magnéticos e o posicionamento das fundações de suportes e estais. Elas podem ser obtidas tanto para estruturas com condutores dos dois lados da torre quanto apenas em um dos lados da estrutura, [ABNT, 1985]. As funções de restrição são definidas de modo que as soluções atendam às normas técnicas e especificações exigidas pela concessionária de energia elétrica. É o conjunto de restrições que define o espaço viável de busca, e assim quando uma solução não atende a esse conjunto, ela é penalizada durante o processo de otimização. As restrições são definidas por circuito, caso em que se tem um vetor de restrições, ou para a estrutura como um todo, caso em que há apenas um valor. Após calcular todas as restrições, é possível determinar a penalidade atribuída à solução, a qual mensura o quanto a solução em análise viola uma ou mais restrições apresentadas. Quando uma solução não viola nenhuma das restrições, ela é dita factível. Durante o processo de otimização, principalmente no início, algumas restrições são violadas devido ao grande número de restrições a serem atendidas pela solução. Assim, é realizado o cálculo da função de penalidade externa P (x) atribuída à solução que viole alguma restrição, de acordo com (3). Optou-se por este tipo de penalidade por penalizar a função objetivo apenas na região inviável. O valor de P (x) nada mais é do que o somatório dos quadrados das violações de todas as restrições utilizadas no problema. P (x) = N res X {max [0, gj (x)]}2 (3) j=1 871 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. 3. Otimização e Tomada de Decisão O problema a ser otimizado, conforme descrito na capítulo anterior, é na verdade um problema de tomada de decisão e otimização com muitos objetivos. Isto o torna complexo e necessita de uma implementação especial para sua solução. Inicialmente, serão escolhidas as alternativas topológicas promissoras via tomada de decisão. Esta etapa reduz a complexidade do problema de otimização, uma vez que o número de alternativas topológicas cresce com o aumento do número de potências independentes. Em seguida é realizada a otimização evolucionária do problema restrito com muitos objetivos. Uma subpopulação inicial é construída a partir de cada topologia selecionada na etapa anterior. O conjunto de subpopulações forma a população inicial para o algoritmo. Após o término do processo de otimização haverá um conjunto de soluções eficientes. Neste momento, é aplicada novamente a tomada de decisão para ordenar as soluções. 3.1. Algoritmos de Otimização Diferentes algoritmos de otimização e variações foram testados nesta metodologia. 3.1.1. Algoritmo DE/EDA O algoritmo DE/EDA é constituído a partir dos algoritmos “Differential Evolution”(DE) e o algoritmo “Estimation of Distibution Algorithm”(EDA). Características do Differential Evolution (DE) No geral, a ideia básica do DE é adaptar a busca ao longo do processo evolutivo de modo a balancear convergência e diversidade, uma vez que a magnitude de variação dos vetores é proporcional à diversidade da população. Dessa forma, no início do processo evolutivo a variação é grande, uma vez que os indivíduos se encontram distantes uns dos outros e na medida em que o processo evolutivo se aproxima do final, a população converge para uma pequena região e a variação se torna pequena. Como consequência desse processo, a busca adaptativa beneficia o processo evolutivo ao proporcionar uma busca global com grandes variações no início e uma busca local ao final do processo, a qual tem por objetivo refinar as soluções encontradas [Xue et al., 2005]. Na literatura existem diferentes implementações do algoritmo DE para problemas multiobjetivo. Na proposta de Sun et al. [Sun et al., 2005], cada indivíduo pi da população corrente gera um novo indivíduo auxiliar p0i como mostra a equação (4) a seguir: p0i = (F + 0, 5) · pbest + (F − 0, 5) pi + F K X (pkia − pkib ) (4) k=1 Na qual pbest se trata do melhor indivíduo da população corrente; (F + 0, 5) representa a intensidade da influência do indivíduo pbest , K é o número de vetores de perturbação, F é a escala da pertubação, e pkia e pkib são indivíduos distintos escolhidos aleatoriamente na população corrente. Então, um novo indivíduo é formado a partir de uma escolha das variáveis de pi e p0i . Nessa escolha, para cada variável, é gerado um número aleatório entre 0 e 1. Se esse for menor que uma constante CR, é tomada a variável de p0i para formar o novo indivíduo, caso contrário a variável de pi . Esse procedimento é realizado para os N indivíduos pi para se gerar novos N indivíduos. Características do Estimation Distribution Algorithm (EDA) O EDA, basicamente, obtém novas soluções a partir de um modelo probabilístico que caracteriza a distribuição de soluções promissoras. Dada uma população de soluções P op (t) na geração t, o algoritmo EDA executa os passos mostrados a seguir: • Seleção: São selecionadas M soluções promissoras de P op (t) para formar a população de pais Q (t) a partir do método de seleção por truncamento. 872 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. • Modelagem: É construído um modelo probabilístico p (x) baseado na informação estatística extraída das soluções em Q (t). • Amostragem: Amostram-se novas soluções de acordo com o modelo probabilístico p (x). • Substituição: Substitui-se, completamente ou em partes, as soluções em P op (t) pela novas soluções amostradas para formar a nova população P op (t + 1). Uma das maiores questões do EDA é como selecionar os indivíduos pais [Sun et al., 2005]. Um dos métodos mais utilizados é a seleção por truncamento. Nessa seleção os indivíduos são ordenados de acordo com os valores de suas funções objetivo e apenas os M melhores indivíduos serão selecionados como pais. Outra questão é como construir o modelo de distribuição probabilística p (x). Esse pode ser, por exemplo, uma distribuição Gaussiana, um modelo de mistura de Gaussianas, um histograma ou, como escolhido, um modelo Gaussiano com matriz de covariância diagonal (MG/MCD). Neste, a função densidade conjunta da k-ésima geração é escrita como mostram as equações (5) e (6): pk (x) = n Y N (xi ; µki , σik ), (5) i=1 N (xi ; µki , σik ) 1 1 =√ e2 2πσi xi −µi σi 2 . (6) Em 5, a função densidade de probabilidade n dimensional conjunta é fatorizada como um produto de n univariadas funções de distribuição normal independentes. No caso, para cada variável na k-ésima geração, existem dois parâmetros a serem estimados: a média µki e o desvio padrão σik . Esses parâmetros são estimados como mostra as equações (7) e (8), nas quais (xk1,i , xk2,i , . . . , xkM,i ) são os valores da i-ésima variável das M soluções pais selecionadas na k-ésima geração. µki = Xki M 1 X k = xt,1 , M (7) t=1 v u M 2 u1 X k xkt,i − Xki . σi = t M (8) t=1 Métodos de Seleção para sobrevivência do Algoritmo DE/EDA O método de seleção para sobrevivência escolhe os indivíduos que integrarão a população na próxima geração do algoritmo. Método de seleção para sobrevivência “Torneio Binário” No processo de seleção baseado em torneio binário é realizado um embaralhamento aleatório dos indivíduos dentro da população. Cada indivíduo participará de dois torneios com outros indivíduos da população corrente, de forma aleatória. Primeiramente, são realizadas comparações entre os índices de violação de restrição dos indivíduos. Se uma solução viola menos as restrições ela será selecionada para a próxima população. Em caso de empate no valor do índice de violação de restrição, serão consideradas as relações de dominância entre os indivíduos. Assim, são comparados todos os objetivos dos indivíduos. Se o indivíduo A domina o indivíduo B, ou seja, possui ao menos um objetivo com valor menor e não é superado nos demais, ele será selecionado. Caso os dois indivíduos sejam não dominados será aplicado o método de tomada de decisão para atribuir uma nota a eles. A solução que obtiver maior nota é selecionada. Método de seleção para sobrevivência do algoritmo NSGA III Outro método de seleção adotado foi aquele do algoritmo de otimização NSGA III, conforme [Deb e Jain, 2014]. 873 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. 3.1.2. Algoritmos DE e EDA Também foram implementados de forma individual os algoritmos DE e EDA, com as mesmas variações dos métodos de seleção apresentadas para o algoritmo híbrido DE/EDA, conforme apresentados na seção anterior. 3.1.3. Algoritmo MOEA/DD O algoritmo MOEA/DD (Evolutionary Many-Objective Optimization Algorithm Based on Dominance and Decomposition) [Li et al., 2015] incorpora estratégias do NSGA III e do MOEA/D a fim de se obter melhor qualidade para os resultados finais. 3.1.4. Algoritmo MOPSO No algoritmo PSO, cada solução candidata é chamada de “particle”(partícula) e a população de soluções de “swarm”(enxame). Um PSO básico atualiza uma partícula xi na geração t de acordo com a equação (9) a seguir [Nebro et al., 2009]: ~xi (t) = ~xi (t − 1) + ~vi (t) (9) Na qual o termo ~vi (t) é a velocidade, dada por (10): ~vi (t) = w · ~vi (t − 1) + C1 · r1 · (~xpi − ~xi ) + C2 · r2 · (~xgi − ~xi ) (10) Nessa equação ~xpi é a melhor solução que a partícula i já conheceu, ~xgi é a melhor solução global já encontrada no processo de otimização, também conhecida como “leader” (líder ou guia), w é a ponderação da inércia da partícula, a qual controla o “trade-off” entre a exploração global e a local, r1 e r2 são duas distribuições normais de números aleatórios na faixa [0, 1] e C1 e C2 são parâmetros específicos que controlam o efeito das influências cognitiva e global. Para controlar a velocidade da partícula são definidos limites inferior e superior que a velocidade pode atingir. Para identificar o melhor valor que determinada partícula atingiu utiliza-se o torneio binário entre a solução xi e a solução xi−1 . Isto é realizado a cada geração e para todas as partículas do enxame. Em seguida é realizada a classificação das partículas em fronteiras. As partículas não dominadas são arquivadas em uma população externa e é calculada a distância de multidão destas partículas. Esta população pode ter no máximo o tamanho do enxame. Os indivíduos são ordenados pelo valor decrescente da distância de multidão. São eliminados os indivíduos com menor distância de multidão e que excedem o tamanho máximo da população externa. A melhor solução global é obtida dentre as soluções presentes na população externa. Utilizando-se o método de tomada de decisão, atribui-se uma nota a cada partícula. A solução com maior nota é definida como líder da geração corrente. 3.2. Tomada de Decisão No processo de tomada de decisão implementou-se o SMARTS (Simple Multi-Attribute Rating Technique using Swings) [Parreiras et al., 2006]. Nesse método, para se determinar a nota de uma solução candidata, é utilizado um procedimento que atribui diferentes pesos a funções de pertinência definidas a partir dos objetivos adotados, onde a soma dos pesos tem valor unitário. Assim, tendo em vista que na modelagem matemática do problema há sete objetivos, deve-se avaliar a importância de cada um deles em relação aos demais para a determinação dos pesos, dentro do contexto de cada projeto de linha de transmissão. Para se realizar o cálculo das funções de pertinência para uma dada solução xi , primeiramente atribui-se para cada objetivo um valor correspondente à avaliação da função pseudo-objetivo φn (xi , rp ), definida em 11. Nesta expressão rp , é um parâmetro de penalidade e P (xi ) é uma função de penalidade dada em 3. O valor de P (xi ) é definido como o somatório das violações de todas as restrições utilizadas no problema. Note que quanto menor o valor de φn (xi , rp ) melhor é a solução, uma vez que deseja-se minimizar fn (xi ) e P (xi ) é nulo quando todas as restrições são satisfeitas. φn (xi , rp ) = fn (xi ) + rp · P (xi ) (11) 874 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. O cálculo da função de pertinência un (xi , rp ) para cada um dos n objetivos é realizado conforme 12. Para isto, tomam-se os valores máximos e mínimos para cada um dos n pseudoobjetivos. Note que quanto menor o valor de φn (xi , rp ) maior será o valor de un (xi , rp ). O conjunto Φn é definido como o conjunto de todas as funções pseudo-objetivos φn (xi , rp ) avaliadas para cada solução candidata. un (xi , rp ) = max[Φn ] − φn (xi , rp ) max[Φn ] − min[Φn ] (12) Após o cálculo de todas as pertinências, faz-se o somatório da multiplicação do peso de cada objetivo (wn ) pela função de pertinência un (xi , rp ) em cada solução candidata i, conforme 13. Assim, obtém-se a nota final Ui (xi , rp ) de cada solução candidata, onde uma solução com maior nota é preferível em relação a uma solução de menor nota. Isso torna possível ordenar as soluções candidatas da melhor até a pior conforme os pesos atribuídos no método. Nobj Ui (xi , rp ) = X wn · un (xi , rp ) (13) n=1 4. Resultados experimentais Para classificar os desempenhos dos algoritmos no problema proposto, são realizadas uma série de comparações estatísticas. Definiram-se quatro arranjos experimentais, ou blocos, em que cada um corresponde às diferentes quantidades de potências independentes. Cada bloco tem sua execução repetida 30 vezes para cada algoritmo de otimização, um valor usual para testes que assumem normalidade. O nível de significância de todos os experimentos foi definido como α = 5%, equivalente a um nível de confiança 1 − α = 95%. A Tabela 4 detalha os blocos experimentais. Tabela 4: Detalhamento dos blocos experimentais. Bloco Experimental 1 2 3 4 Potência Independente (MVA) 138 kV 230 kV 1 2 1 2 145 145 145 145 145 145 300 300 300 300 300 300 Alternativas topológicas Subpopulação Repetições por algoritmo 44 21 30 Para todos os experimentos utilizou-se o mesmo conjunto de pesos w = {0,30; 0,05; 0,25; 0,25; 0,05; 0,05; 0,05}. Ao final de cada execução, o melhor indivíduo, de acordo com a metodologia de tomada de decisão, é armazenado. O conjunto formado por todos os melhores indivíduos de cada execução é novamente ordenado com o uso da metodologia de tomada de decisão, para atribuição de um valor de nota a cada um. A Figura 2 mostra a silhueta da melhor solução encontrada por todos os algoritmos, e a Tabela 5 apresenta os valores das funções objetivo desta solução. A Figura 3 apresenta a nota média obtida por cada algoritmo, para cada bloco. De forma qualitativa, ela sugere que, para todos os blocos experimentais, há uma diferença significativa entre a média das notas obtidas pelos algoritmos MOEA/DD e MOPSO e os demais algoritmos. Para verificar essa conclusão, foi utilizado o teste estatístico ANOVA (Análise de Variância). Tomando como hipótese nula a igualdade da média da nota dos algoritmos e como hipótese alternativa a desigualdade, o teste rejeita a hipótese nula quando o valor p obtido é menor que o nível de significância α previamente estabelecido. 875 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. OPGW 36S M13. 4T C10AG H 2c ondut or es Wa x wi ng H 2c ondut or es Chi c k a dee Tabela 5: Detalhamento da solução. Potência Independente fobj Di 1c ondut or S wi f t Di 1c ondut or Pel i c a n 138 kV 1 f1 f2 f3 f4 f5 f6 f7 207,34 40384,67 117,36 4391,85 56,06 230 kV 2 1 24,64 69,79 331,96 32493,09 54141,59 159,86 200,77 3840,70 7004,33 54,15 183,46 12,42 2 68,63 36321,01 299,19 5732,13 187,23 Figura 2: Silhueta da solução encontrada. MOEA/DD Nota média 0.70 EDA EDADE 0.68 MOPSO DE 0.66 NSGA3_EDA 0.64 NSGA3_DE NSGA3_EDADE 1 2 3 4 Bloco Experimental Figura 3: Nota média de cada algoritmo por bloco experimental. Realizado, o teste de fato aponta, a um nível de confiança de 95%, que há uma diferença estatisticamente significativa entre os desempenhos comparados, tendo o valor p = 1,29e−10 obtido sido muito menor que o nível de significância α = 0,05. O teste ANOVA não indica porém onde estão as diferenças de desempenho. Essa determinação pode ser feita a posteriori utilizando o teste estatístico de Tukey, que agrega os diferentes blocos experimentais e indica, para cada par de algoritmos, se há diferença de desempenho estatisticamente significativa. Graficamente, para cada par de algoritmos X-Y, são traçados intervalos de confiança de 95% do valor da diferença das médias de desempenho. Se o intervalo de confiança engloba o valor 0, não há como determinar se há diferença de desempenhos. Caso o intervalo seja em sua inteireza maior do que 0, diz-se que o algoritmo X tem melhor desempenho do que Y, com nível de confiança de 95%. Analogamente, se o intervalo estiver completamente abaixo de 0, diz-se que o algoritmo Y é melhor do que X. A Figura 4 mostra o resultado do Teste de Tukey. O teste indica que, para o problema proposto, os algoritmos MOEA/DD e MOPSO possuem desempenho pior que os demais, não havendo diferença estatisticamente significativa entre os desempenhos dos demais algoritmos. Tanto o teste ANOVA quanto o teste de Tukey tomam como premissas para sua realização que há normalidade, igualdade de variâncias (homocedasticidade) e independência dos resíduos. Essas premissas devem portanto ser verificadas para justificar a adoção destes testes estatísticos. A premissa de normalidade dos resíduos é verificada graficamente através de um gráfico quantil-quantil dos resíduos, conforme Figura 5. Caso a distribuição dos resíduos seja normal, espera-se que eles estejam distribuídos dentro da área pontilhada, como de fato estão. A homocedasticidade dos resíduos é verificada através do teste estatístico de Fligner- 876 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. B−A C−A D−A E−A F−A G−A H−A C−B D−B E−B F−B G−B H−B D−C E−C F−C G−C H−C E−D F−D G−D H−D F−E G−E H−E G−F H−F H−G ( ( ) ( ( ( ) ( ( ( ( ( ) ) ( ) ) ) ( ( ( ( ( −0.02 ( ( ) ) ) ( ) ( ) ) ) ) ) ( ) ) A = MOEA/DD B = EDA C = EDADE D = MOPSO E = DE F = NSGA3_EDA G = NSGA3_DE H = NSGA3_EDADE ) ) ) ( ) ) ) ( ( ) ( ( ( ) ( ) 0.00 ) 0.02 Diferença das médias Quantis Observados Figura 4: Comparação todos contra todos por teste de Tukey. 0.005 0.000 −0.005 −2 −1 0 1 2 Quantis Teóricos Figura 5: Verificação da premissa de normalidade dos resíduos. Kileen. Este teste aponta diferença de variâncias quando o valor p obtido é menor do que o nível de significância α. Como valor p = 0,888 obtido é muito maior do que o nível de significância α = 0,05, verifica-se esta premissa. Já a premissa de independência dos resíduos é característica inerente à metodologia proposta. Cada execução parte de um estado inicial aleatório, que independe de execuções anteriores, não havendo nenhuma relação entre duas execuções diferentes e os resultados por elas encontrados. 5. Conclusões O problema de otimização de linhas de transmissão compactas com múltiplos circuitos foi modelado como um problema de muitos objetivos, contemplando diferentes objetivos de interesse das concessionárias do setor de energia. Pela natureza do problema, que é complexo e envolve inúmeras variáveis, reais e discretas, algoritmos evolucionários de otimização mostram-se adequados para sua resolução. Devido à grande quantidade de objetivos, diferentes soluções incomparáveis entre si podem ser encontradas, fazendo-se necessário um método de tomada de decisão para ajudar na escolha da melhor solução encontrada por uma determinada execução. Diferentes algoritmos evolucionários foram implementados, visando se determinar qual deles melhor adapta-se ao problema. Dos oito diferentes algoritmos testados, concluiu-se que os 877 Anais do XLVIII SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional Vitória, ES, 27 a 30 de setembro de 2016. algoritmos evolucionários MOEA/DD e MOPSO tiveram pior desempenho que os demais algoritmos, que tiveram desempenhos estatisticamente similares entre si. A metodologia estatística proposta mostrou-se adequada para a comparação de algoritmos. Assim, para trabalhos futuros, poderiam ser investigados novos operadores para os algoritmos evolucionários implementados que sejam mais adequados ao problema modelado, e a metodologia poderia ser utilizada para compará-los aos algoritmos anteriormente implementados. Agradecimentos Os autores agradecem à CEMIG Distribuição, FAPEMIG, CNPq e Capes pelo suporte financeiro. O software utilizado na geração dos resultados se chama LION e foi desenvolvido no âmbito do P&D D528 em parceria com a CEMIG/FAPEMIG/ANEEL no Laboratório de Computação Evolucionária da UFMG. Referências ABNT, N. 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