Ministério da Saúde alerta passageiros contra o sarampo

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Surgimento de casos de sarampo deixa Brasil em
alerta
Autoridades em saúde adotam medidas para controle e não proliferação da
doença no país, exemplo de prevenção ao sarampo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 745 mil crianças em
todo o mundo morrem anualmente por causa do sarampo. O Brasil serve de
exemplo mundial no combate a essa grave doença. Graças às ações de vigilância
e de vacinação preventiva realizadas pelo Ministério da Saúde e secretarias de
saúde municipais e estaduais, desde 2000 não havia contaminação por sarampo
originária de casos no próprio país. Mas em julho deste ano, o sarampo voltou a
preocupar as autoridades de saúde brasileiras, com o registro de seis novos casos
da doença. Para controlar o sarampo e evitar sua proliferação, as autoridades de
saúde tentam identificar casos e realizam ações de vacinação.
Pelas investigações epidemiológicas realizadas, confirmou-se que a
contaminação das vítimas ocorreu após contato com um esportista brasileiro, que
se infectou ao participar de evento internacional nas Ilhas Maldivas, ao sul da
Índia, onde há epidemia da doença, conforme informações da Organização
Mundial da Saúde (OMS). Antes de chegar ao Brasil, o atleta passou também pela
Alemanha e Portugal.
A última epidemia de sarampo registrada no Brasil aconteceu em 1997,
com mais de 53 mil casos e 61 mortes. A vacinação das pessoas que tiveram
contato com os casos registrados este ano e a eficaz vigilância epidemiológica
conseguiram reverter o quadro de proliferação em pouco tempo. Os bons índices
atuais também foram alcançados nos demais países das Américas, que não têm
ocorrência de casos e surtos.
Essa realidade não é compartilhada por outros continentes. Casos de
sarampo ainda são comuns na Ásia, Europa e África. Segundo a OMS, a doença
ocorre com mais freqüência em países pobres. Mas o secretário de Vigilância em
Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, esclarece que o sarampo não se
restringe a esses lugares. Países desenvolvidos também registram alta incidência
da doença, como a Alemanha (seis mil casos por ano), França (dez mil) e Japão
(100 mil). “Esses países acabam atuando como exportadores do sarampo para
outras regiões”, afirma o secretário. Por esse motivo, o Ministério da Saúde
defende a continuidade das campanhas nacionais de imunização. “A vacinação
garante que, caso um turista ou migrante chegue infectado ao país, a fronteira
sanitária já estabelecida impeça a transmissão da doença. As doses das vacinas
estão disponíveis em unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS)”,
enfatiza Jarbas Barbosa.
Rota – Foi exatamente pela entrada no Brasil de uma pessoa vinda de região
endêmica que o sarampo voltou ao país. Estudos preliminares realizados em um
dos cinco casos contraídos em território nacional indicam que o vírus do sarampo
encontrado se assemelha ao que atualmente circula na Ásia.
Ao retornar da viagem internacional realizada entre os dias 31 de maio e
13 de junho, o esportista de 36 anos, já com sintomas iniciais da doença, fez uma
conexão em São Paulo com destino a Florianópolis, de onde partiu no dia seguinte
para a Bahia. Depois retornou para Florianópolis, em 17 de junho, com conexões
nas cidades de Brasília e São Paulo. Nesse último trajeto, ocorreu a transmissão
para um empresário de Santa Catarina e para uma criança residente em São
Paulo. Por sua vez, essa criança transmitiu o sarampo para o irmão menor. A
contaminação das duas ocorreu porque nenhuma delas havia sido imunizada pela
vacina contra o sarampo, por opção de seus responsáveis. Outro caso foi o de
uma empresária de 40 anos, não vacinada contra a doença, residente na região
metropolitana de Florianópolis. A empresária compartilhou a sala de espera do
setor de radiologia da mesma clínica em que foi atendido o empresário de Santa
Catarina, primeiro caso identificado no país.
Além desses dois irmãos de São Paulo e dos dois empresários de Santa
Catarina, um filho do esportista adquiriu a infecção, o que totaliza cinco casos
decorrentes do original.
Medidas para contenção do sarampo - Desde a confirmação do primeiro caso
de sarampo, o Ministério da Saúde, em conjunto com as secretarias estaduais e
municipais de Saúde, promove a investigação epidemiológica de todas as pessoas
que mantiveram contato com os infectados. Os suspeitos de contraírem a doença,
mesmo
sem
sintomas,
devem
procurar
o
departamento
de
vigilância
epidemiológica local. “A pessoa será avaliada por profissionais de saúde para
verificar se foi contaminada pela doença e receberá a vacinação, caso não tenha
sido imunizada antes”, explica Jarbas Barbosa.
Em Santa Catarina, todas as 438 pessoas que tiveram contato com o
empresário receberam a vacina. O Ministério da Saúde recomenda aos
profissionais de saúde de serviços públicos e privados que atenderam qualquer
paciente com os sinais e sintomas sugestivos de sarampo que comuniquem o fato
imediatamente à secretaria municipal de Saúde.
A situação de alerta contra o sarampo também intensificou a fiscalização
sanitária nos aeroportos, para impedir que a doença volte a se espalhar no país.
Entre as iniciativas tomadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), vinculada ao Ministério da Saúde, em conjunto às secretarias municipais
e estaduais de Saúde, está o rastreamento de casos suspeitos entre todos os
passageiros,
comissários,
tripulação
e
trabalhadores
aeroportuários
que
apresentaram febre e manchas vermelhas desde 14 de junho. Todas as listas de
passageiros encontram-se sob observação para garantir que nenhum caso passe
despercebido.
Os postos da Anvisa nos aeroportos cuidam da vacinação de todos os
trabalhadores ainda não protegidos contra o sarampo. Outra medida importante
para controlar o problema é o levantamento de informações sobre medicamentos
utilizados durante os vôos com passageiros que adoeceram. A agência quer saber
se há algum caso não identificado com os sintomas do sarampo.
Brasil promove imunização contra sarampo há mais de 30 anos
A vacinação rotineira de crianças representa a arma mais eficaz para
prevenção ao sarampo. Antes da existência da vacina, considerava-se o sarampo
incurável. Desde 1973, o Brasil promove a imunização contra a doença,
inicialmente em campanhas de vacinação estaduais e, a partir de 1981, em todo o
país. Para reforçar as ações contra a doença, em 1992 o Brasil implantou o Plano
Nacional de Eliminação do Sarampo.
A dose contra o sarampo faz parte da vacina tríplice viral (em conjunto com
as doses contra caxumba e rubéola), aplicada em crianças com 12 meses de vida.
A vacina específica protege 97% dos imunizados. As reações à vacina são febre,
coriza, tosse leve e discreta e, em 20% dos vacinados, erupção cutânea entre o 4º
e 12º dia após a aplicação da tríplice viral.
De cinco em cinco anos, o Ministério da Saúde também promove a
chamada “vacinação de seguimento” contra o sarampo, caxumba e rubéola. "A
proposta é completar a proteção das crianças e evitar o risco da importação do
sarampo", afirma Jarbas Barbosa.
O Ministério da Saúde se preocupa com pais ou responsáveis que por
alguma crença pessoal deixam de vacinar suas crianças, como ocorreu com duas
crianças de São Paulo. “As famílias que, por razões filosóficas ou religiosas não
vacinam as crianças, devem estar atentas aos danos que essa atitude pode
causar aos seus filhos e à comunidade”, adverte o secretário de Vigilância em
Saúde.
Em 2004, ano em que aconteceu mais uma edição da campanha especial,
foram aplicadas mais de 12,53 milhões de doses. De janeiro a maio deste ano,
1,68 milhão de pessoas foram vacinadas de rotina. O Brasil investiu no ano
passado mais de R$ 153,24 milhões em doses contra o sarampo. Este ano, o
investimento na compra dessas doses é de R$ 150 milhões.
A doença
O sarampo é a mais severa das chamadas doenças comuns da infância.
Além de complicações graves, pode causar a morte de três em cada mil
infectados. “As crianças desnutridas e lactentes muito jovens são as que mais
sofrem”, observa o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde,
Jarbas Barbosa. A redução pela metade das mortes provocadas pelo sarampo até
2005 é uma das Metas do Milênio estipuladas pelas Nações Unidas em 1999.
A doença viral e infecto-contagiosa é causada pelo vírus morbillivírus. O
contágio se dá por meio de gotículas de secreção respiratória, expelidas por tosse
ou espirro. A disseminação do sarampo pode ocorrer até mesmo pelo ar, com o
vírus ainda vivo, que permanece ativo por tempo longo no meio ambiente.
O período de incubação do sarampo, geralmente, é de oito a doze dias. A
transmissão inicia-se antes do aparecimento da doença e dura até o quarto dia
após o aparecimento de erupções na pele. Um simples exame interno da
bochecha pode identificar pontos branco-amarelados característicos do sarampo.
O diagnóstico sempre deve ser confirmado por um exame de sangue.
O vírus do sarampo se instala na mucosa do nariz para se reproduzir. Em
seguida, vai para a corrente sangüínea do doente. A indisposição que antecede a
manifestação da doença dura de três a cinco dias e se caracteriza por febre alta,
mal estar, coriza, conjuntivite, tosse e falta de apetite.
Não existe tratamento específico para o sarampo. Os cuidados são
voltados, na maioria das vezes, para a diminuição dos sintomas e para a
prevenção das complicações.
Relação de vôos percorridos pelo esportista brasileiro infectado:

RG 8707 - Lisboa para Guarulhos (SP)
Data: 14 de junho
Saída: 13h10
Chegada: 19h15

RG 2267 - Guarulhos/SP para Florianópolis (SC)
Data: 14 de junho
Saída: 21h30
Chegada: 22h40

RG 2266 - Florianópolis/SC para Guarulhos (SP)
Data: 16 de junho
Saída: 7h15
Chegada: 8h20

RG 2306 - Guarulhos/SP para Salvador (BA)
Data: 16 de junho
Saída: 9h15
Chegada: 11h35

RG 2329 - Salvador/BA para Brasília (DF)
Data: 17 de junho
Saída: 7h5
Chegada: 8h58

RG 2633 - Brasília/DF para Congonhas (SP)
Data: 17 de junho
Saída: 11h25
Chegada: 13h13

RG 2774 - Congonhas/SP para Florianópolis (SC)
Data: 17 de junho
Saída: 14h46
Chegada: 15h50
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