Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 1 SISTEMA MUSCULAR O músculo é o único tecido do corpo humano capaz de produzir FORÇA, i.e.; BIOMECÂNICAMENTE, O MÚSCULO É A ÚNICA ESTRUTURA ATIVA DO CORPO TIPOS DE MÚSCULOS (~ 40 % DA MASSA CORPORAL) • LISO (involuntário) þ vísceras e paredes dos vasos sanguíneos • CARDÍACO (involuntário) þ músculo do coração • ESQUELÉTICO (voluntário) þ ~ 215 pares de músculos esqueléticos CARACTERÍSTICAS BIOMECÂNICAS 1. EXTENSIBILIDADE e ELASTICIDADE:: capacidade de aumentar o seu comprimento e capacidade de retornar a seu comprimento original após a deformação 2. IRRITABILIDADE: capacidade de gerar tensão quando estimulado (potenciais de ação) 3. CAPACIDADE DE GERAR TENSÃO þ ALAVANCAS þ TORQUES MUSCULARES O Movimento humano no cotidiano são possíveis através da produção de FORÇA pelos músculos agindo em sistemas de alavanca no esqueleto = Geração de TORQUES Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ESTRUTURA MUSCULAR 2 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 3 ESTRUTURA E FUNÇÃO DO MÚSCULO 4 O m. esquelético é constituido por unidades estruturais de tamanho decrescente. Unidade básica (célula) - fibras musculares (50 µm diam., 10 cm comp.) 4As fibras musculares contém estruturas menores = MIOFIBRILAS. Envolvendo as miofibrilas há o citoplasma da célula muscular = sarcoplasma (túbulos T) 4Miofibrilas são formadas por unidades ainda menores = SARCÔMEROS, as unidades contráteis do m. esquelético. (miosina - filamento espesso, actina - filamento fino) Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 A UNIDADE MOTORA Coordena a contração de todas as fibras MOTONEURÔNIO + FIBRAS MUSCULARES Cada inervação é feita por uma sinapse localizada nas placas motoras ESQUEMA DA UNIDADE MOTORA 4 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 5 UNIDADES MOTORAS CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS / UM contração contração contração lenta rápida a rápida b Tipo I Tipo IIa Tipo IIb velocidade de LENTA RÁPIDA RÁPIDA contração resistência à fadiga força da UM capacidade oxidativa capacidade glicolítica ALTA MODERADA BAIXA BAIXA ALTA ALTA MÉDIA ALTA BAIXA BAIXA ALTA MAIS ALTA 4 NÃO SÃO INTERCAMBIÁVEIS 4 POPULAÇÃO NL 50% RÁPIDA E 50% LENTA (geneticamente determinada) 4Dependendo do músculo, maior composição de fibras de CR (atividades velocidade, potência e rapidez) ou de CL (alta resistência e F) Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 6 ARQUITETURA DO M. ESQUELÉTICO O arranjo das fibras musculares relativo ao eixo de geração de força ÂNGULO DE PENAÇÃO - ângulo entre o arranjo das fibras musculares e o eixo longitudinal do músculo (paralelas ou oblíquas) fibras paralelas: sartório, reto abdominal, bíceps do braço fibras oblíquas: tibial posterior, reto da coxa, deltóide Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 7 4 Qto > ângulo < F total, independentemente da F das fibras F total (componente vertical da força) = F fibras . cos α 4 Fibras Oblíquas - < F efetiva para movimentar grandes amplitudes, mas como > # fibras por unidade de volume, pode gerar mais Força Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 8 REGULAÇÃO DO MOVIMENTO 4 Músculos bi ou poli articulados. Desvantagens: são incapazes de se encurtarem ou estirarem até uma distância suficiente para produzir um movimento completo em todas as articulações atravessadas simultaneamente. • AGONISTA - Músculo principal na contração muscular. Agonista primário e acessório. Ex.: Na flexão do cotovelo, o m. braquial e o m. bíceps do braço são agonistas primários, o m. braquiorradial, m. extensor radial longo do carpo e o m. pronador redondo são agonistas acessórios. • ANTAGONISTA - Músculo que oferece resistência à contração muscular. opõe-se a um movimento. Gera torque em oposição àquele gerado pelo agonista. • FIXADOR - Imobiliza uma articulação para realizar o movimento de outra articulação. Ex.: o m. rombóide fixa a escápula para movimentar somente o braço. • NEUTRALIZADOR - Evita a ação indesejada quando um m. agonista realiza o movimento. Ex.: O m. bíceps do braço produz tanto flexão do cotovelo quanto supinação do antebraço. Se apenas a flexão do cotovelo é desejada o m. pronador redondo age como neutralizador na supinação do antebraço. Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 9 SINERGIA MUSCULAR Ligações entre estruturas neuro-músculo-esqueléticas antômica e funcionalmente independentes que atuam de forma cooperativa como uma unidade. (BERNSTEIN, 1967) Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 10 AÇÃO MUSCULAR : O ESTADO DA ATIVIDADE MUSCULAR CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES MUSCULARES Exercício Ação Muscular ESTÁTICO ISOMÉTRICA DINÂMICO CONCÊNTRICA EXCÊNTRICA Comprimento Relação muscular Tmusc - Tres NÃO MUDA TMUSC = TRES ENCURTA TMUSC > TRES ALONGA TMUSC < TRES A CLASSIFICAÇÃO É FEITA COM BASE NAS CARACTERÍSTICAS EXTERNAS DO MÚSCULO MODELO ESQUEMÁTICO DE UMA CONTRAÇÃO MUSCULAR ISOMÉTRICA (LIEBER, 1992) NA VERDADE, NÃO EXISTE UMA CONTRAÇÃO ISOMÉTRICA PURA Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 11 AÇÃO ISOTÔNICA Por causa da variação na vantagem mecânica em função do ângulo da articulação, da diferença de capacidade de desenvolver força máxima com mudança do comprimento e velocidade, nenhuma ação dinâmica de um músculo em exercício envolve desenvolvimento de força constante. Portanto, o termo isotônico é inadequado para a descrição de um exercício humano. termo correto : AUXOTÔNICO AÇÃO ISOCINÉTICA Durante um exercício dinâmico, há movimentos lineares do centro de rotação na articulação e no tendão, por exemplo. Por esta razão, o termo isocinético é inadequado pra descrever uma contração muscular. Ainda que os movimentos de máquinas de exercício ou ergômetros possam ser controlados a uma velocidade constante, não há garantias que os músculos estão se contraindo com velocidade constante. Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 12 VANTAGEM MECÂNICA NA AÇÃO MUSCULAR A FORÇA MUSCULAR UTILIZADA PARA REALIZAR UM MOVIMENTO VARIA EM FUNÇÃO DO ÂNGULO DA ARTICULAÇÃO MODELO ESQUEMÁTICO DE AÇÕES MUSCULARES EM FUNÇÃO DO ÂNGULO ARTICULAR Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 PRINCÍPIO DO TAMANHO As fibras musculares são recrutadas numa ordem crescente de tamanho, por que fibras maiores apresentam maior limiar de excitação. TAMANHO DA FIBRA ñò TIPO DE FIBRA Recrutamento das fibras musculares: 13 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 14 RELAÇÃO FORÇA X ÁREA DA SECÇÃO TRANSVERSA DO MÚSCULO O efeito mais evidente do treinamento de força, além do próprio aumento da força do indivíduo, é o aumento do tamanho do músculo. A força máxima que um músculo pode gerar é proporcional à área da secção transversa do músculo (28 a 90 N/cm2) Mas, muitos outros fatores afetam a força máxima que o músculo pode gerar: • arquitetura do músculo • • • • velocidade de contração, comprimento do músculo adaptação do sistema nervoso fatores fisiológicos fatores ambientais Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 ADAPTAÇÃO NEURAL E MUSCULAR DURANTE O TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA (SALE, 1988) 15 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 ADAPTAÇÃO DO MÚSCULO À SOBRECARGA 16 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 17 FORÇA x ÁREA DA SECÇÃO TRANSVERSA SOBRECARGA MUSCULAR CRÔNICA ò HIPERTROFIA ò GANHO DE FORÇA O efeito mais evidente do treinamento de força, além do próprio aumento da força do indivíduo, é o aumento do tamanho do músculo. Capacidade do músculo produzir força é proporcional à sua área de secção transversa (28 a 90 N/cm2) Mas, muitos outros fatores afetam a força máxima que o músculo pode gerar: • • • • • arquitetura do músculo velocidade de contração, comprimento do músculo adaptação do sistema nervoso fatores fisiológicos fatores ambientais Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 RELAÇÃO FORÇA COMPRIMENTO DO SARCÔMERO 18 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 COMPRIMENTO MÚSCULO X 19 TENSÃO RELAÇÃO FORÇA - VELOCIDADE DE CONTRAÇÃO Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 FORÇA X VELOCIDADE CAPACIDADE DO MÚSCULO DE GERAR TENSÃO É INVERSAMENTE PROPORCIONAL A SUA VELOCIDADE DE CONTRAÇÃO EFEITO DA TEMPERATURA 20 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 RELAÇÃO COMPRIMENTO X FORÇA X VELOCIDADE DO MÚSCULO ESQUELÉTICO 21 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 EXTENSIBILIDADE E ELASTICIDADE EXTENSIBILIDADE: COMPONENTE ELÁSTICO EM PARALELO (CEP) ELASTICIDADE: COMPONENTE ELÁSTICO EM SÉRIE (CES) 22 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 23 MODELO ESQUEMÁTICO DO TECIDO MUSCULAR (HILL, 1950) • COMPONENTE CONTRÁTIL (CC) : Filamentos de Actina e Miosina • COMPONENTE ELÁSTICO EM SÉRIE (SEC): Tendões + titina Armazenagem de energia elástica • COMPONENTE ELÁSTICO EM PARALELO (PEC): Endomísio + Perimísio + Epimísio Resistência a tensão produzida por forças externas Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 MODELO DO TECIDO MUSCULAR Modelo de HILL foi sendo desenvolvido a partir da incorporação de novas estruturas 24 Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 25 RELAÇÕES NEUROMUSCULARES ÓRGAOS TENDINOSOS DE GOLGI 4receptores sensoriais estimulados pela presença de tensão ativa no músculo. 4inibem o desenvolvimento de tensão no músculo e excita o músculo antagonista. 4Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva FUSOS NEUROMUSCULARES 4 receptores sensoriais estimulados pela presença de estiramento no músculo. 4reflexo de estiramento ou miotático: os fusos neuromusculares promovem a excitação do músculo estirado. Apostila didática / Sistema Muscular – Profa. Isabel de C. N. Sacco / 2001 26 CICLO DE ESTIRAMENTO - ENCURTAMENTO (STRECH-SHORTENING CYCLE) (KOMI, 1984) A COMBINAÇÃO DE AÇÕES EXCÊNTRICAS E CONCÊNTRICAS FORMA UM TIPO NATURAL DE FUNÇÃO MUSCULAR CHAMADO CICLO DE ESTIRAMENTOENCURTAMENTO O ciclo é uma maneira econômica de se realizar um movimento e é a base dos movimentos humanos.